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Instrumento psicométrico para avaliação de qualidade de vida em adultos : escala de qualidade de vida (EQV)

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM EDUCAÇÃO FÍSICA

INSTRUMENTO PSICOMÉTRICO PARA AVALIAÇÃO DE

QUALIDADE DE VIDA EM ADULTOS: ESCALA DE

QUALIDADE DE VIDA (EQV)

Iama Marta de Araújo Soares

(2)

IAMA MARTA DE ARAÚJO SOARES

INSTRUMENTO PSICOMÉTRICO PARA AVALIAÇÃO DE

QUALIDADE DE VIDA EM ADULTOS: ESCALA DE

QUALIDADE DE VIDA (EQV)

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Mestre em educação Física.

Orientadora: Profa.Dra.Adriana Giavoni

(3)

“Há, verdadeiramente, duas coisas diferentes: saber e crer que se sabe. A ciência consiste em saber; em crer que se sabe está a ignorância’’ .

(4)

DEDICATÓRIA

(5)

AGRADECIMENTOS

Ao meu marido, Donaldson Resende Soares, pelo amor e cumplicidade ao longo de todos esses anos.

À Professora Dra. Adriana Giavoni, pela atenção, paciência e carinho irrestritos.

Aos amigos Marcus Vinícius, Ivanor Ranzi, Gislane Melo, Cristine Fontanive e Adriana Pederneiras, pelo incentivo e amizade em todos os momentos.

(6)

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS ... vii

ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS...viii

LISTA DE SIGLAS, NOMENCLATURAS E ABREVIATURAS ... ix

RESUMO... x

ABSTRACT ... xi

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ... 1

1.1.OBJETIVO GERAL... 3

1.2.OBJETIVOS ESPECÍFICOS... 3

CAPÍTULO 2 - REVISÃO DA LITERATURA ... 4

2.1. CONCEITO DE SAÚDE ... 4

2.2. QUALIDADE DE VIDA... 6

2.2.1. INSTRUMENTOS PARA A AVALIAÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA... 8

2.3. PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTALIDADE... 11

2.4. COMPORTAMENTOS DE RISCO À SAÚDE... 14

2.4.1. SEDENTARISMO E OBESIDADE... 16

2.4.2. HÁBITOS ALIMENTARES... 19

2.4.3. SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS LÍCITAS... 21

2.4.3.1.TABACO E TABAGISMO... 21

2.4.3.2.ÁLCOOL E ALCOOLISMO... 23

2.4.4. SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS ILÍCITAS... 25

2.4.5. HIPERTENSÃO ARTERIAL (HA) ... 27

2.4.6. ESTRESSE E DEPRESSÃO... 29

2.5. MODELO TEÓRICO DE "QUALIDADE DE VIDA" ... 31

CAPÍTULO 3 - METODOLOGIA ... 34

3.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 34

3.2. ELABORAÇÃO DOS ITENS... 34

3.3. VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO... 38

CAPÍTULO 4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 40

4.1. ESTRUTURA FATORIAL DA ESCALA DE QUALIDADE DE VIDA (EQV) ... 40

4.2. RELAÇÃO DA VARIÁVEL "SATISFAÇÃO COM A VIDA" (VD) COM A ESTRUTURA FATORIAL DA EQV (VI''S)..43

4.3. CORRELAÇÃO ENTRE OS FATORES DA EQV...45

4.4. NORMATIZAÇÃO DA EQV...50

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO ... 58

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 62

APÊNDICES ... 69

(7)

ÍNDICE DE FIGURAS

FIGURA 2.1 Representação do contínuo saúde... 4

FIGURA 2.2 Modelo teórico de qualidade de vida... 33

FIGURA 4.1 Representação do contínuo satisfação com a vida... 44

FIGURA 4.2 Representação espacial do construto qualidade de vida... 48

FIGURA 4.3 Representação do construto qualidade de vida... 49

FIGURA 4.4 Disposição dos vetores psicológico e comportamental... 50

FIGURA 4.5 Representação dos campos psicológico e comportamental... 51

FIGURA 4.6 Representação dos grupos principais que compõem os campos psicológico e comportamental... 52

FIGURA 4.7 Representação dos campos formados a partir dos cortes das medianas...

FIGURA 4.8 Representação do predomínio de um fator x magnitude dos fatores...

FIGURA 4.9 Representação de um sujeito com predomínio do fator psicológico sobre o fator comportamental ...

FIGURA 4.10 Distribuição dos sujeitos da amostra nos grupos... 53 54

55 56

(8)

ÍNDICE DE QUADROS E TABELAS

QUADRO 2.1 Estágios no desenvolvimento do WHOQOL –100... 9

QUADRO 2.2 Mortalidade proporcional (%) por faixa etária segundo grupo de causas–CID10... 11

QUADRO 2.3 Coeficiente de mortalidade(%) para algumas causas selecionadas por 100.000 hab... 12

QUADRO 2.4 Fatores de risco para doenças não-transmissíveis... 15

TABELA 3.1 Índice de concordância da análise de juízes (domínio psicológico)... 34

TABELA 3.2 Índice de concordância da análise de juízes (domínio sócio-econômico-cultural)... 35

TABELA 3.3 Índice de concordância da análise de juízes (domínio físico)... 36

TABELA 4.1 Itens e cargas fatoriais da escala EQV... 40

TABELA 4.2 Itens de consistência interna e percentuais de variância da EQV... 42

TABELA 4.3 Fatores da EQV x satisfação com a vida... 44

(9)

LISTA DE SIGLAS, NOMENCLATURAS E ABREVIATURAS

CF Carga Fatorial

DVCs Doenças Cardiovasculares

DC Doença Coronária

DM Diabetes Mellitus

EQV ENSP

Escala de Qualidade de Vida Escola Nacional de Saúde Pública

HÁ Hipertensão Arterial

HDL Lipoproteínas de Alta Densidade

IC Insuficiência Cardíaca

IMC Índice de Massa Corporal

INCA Instituto Nacional do Câncer

KMO Kaiser-Meyer-Olkin

LDL Lipoproteínas de Baixa Densidade

NHANES National Health and Nutrition Examination

Surveys

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DE SAÚDE

PAF Principal Axis Factoring

SPSS Pacote Estatístico para Ciências Sociais

SV Satisfação com a vida

VD Variável dependente

VIs Variáveis Independentes

(10)

RESUMO

Nas últimas décadas, o conceito de qualidade de vida tem emergido como um fator de destaque nas investigações relacionadas à saúde. Por este motivo, para melhor conhecer e comparar o estado de saúde das populações e delinear programas de intervenção, têm surgido diversos instrumentos que se propõem a avaliar o bem-estar e a qualidade de vida. No entanto, a maioria destes questionários não está validada às diferentes culturas. Além disso, o Brasil dispõe de poucos indicadores sobre a prevalência e a inter-relação de fatores comportamentais de risco à saúde, reforçando a necessidade de melhor mensurar a qualidade de vida da população brasileira. Neste sentido, este estudo teve por objetivo geral elaborar uma escala psicométrica para avaliação de qualidade de vida em adultos. Trata-se de uma pesquisa quantitativa, onde para a construção da escala Psicométrica para Avaliação de Qualidade de Vida (EQV) foram considerados três domínios: a) domínio psicológico; b) domínio sócio-econômico-cultural e c) domínio físico. Inicialmente foi elaborada uma escala de 05 pontos, composta por 68 itens, aplicada a 675 sujeitos adultos, sendo 63% do sexo feminino, 68,6% solteiros, com faixa etária média de 26,5 anos (DP = 6,68), com nível de escolaridade igual ou superior ao nível médio incompleto, residentes no Distrito Federal. Foram descartados os instrumentos que continham respostas duplas ou itens em aberto (n = 124), resultando em uma amostra final de 551 respondentes. A partir da análise estatística, o modelo foi redesenhado, surgindo um novo instrumento, com 23 itens. Nesta última versão, optou-se pela exclusão do fator religiosidade (Fator 3), devido à sua baixa consistência interna (0,71). As questões referentes à aplicação de um instrumento de qualidade de vida, ainda merecem estudos complementares, especialmente devido à estrutura multidimensional deste construto e subjetividade do tema, mas apesar das limitações encontradas, a partir da metodologia utilizada para o desenvolvimento do instrumento e cuidadosa análise estatística (compatível com as recomendações atuais para o processo de construção de um instrumento psicométrico) pode-se afirmar que a EQV representa um importante passo no estudo da qualidade de vida. Em conclusão, o presente trabalho iniciou o processo de validação de um modelo de escala psicométrica totalmente brasileiro, com o intuito de melhor se especificar ou compreender a relação dos sujeitos com situações cotidianas, auxiliando na manutenção e melhoria do estado vital “Saúde”.

Palavras-chaves: instrumentos psicométricos, qualidade de vida, bem-estar.

(11)

ABSTRACT

Over the last decades the concept of quality of life has emerged as an important factor in health-related studies. In order to improve and compare knowledge regarding the population’s state of health and to delineate intervention programs, a range of instruments have been designed for the evaluation of well-being and quality of life. Most of these questionnaires however are not applicable to multi-cultural environments. Brazil also has few indicators regarding the prevalence and inter-relationships of behavioural factors in terms of health risks, indicating the need for improvements in the measurement of the quality of life of the Brazilian population. The overarching objective of this study is thus to design a psychometric scale to be applied in the evaluation of the quality of life of adults. In order to construct this scale, the quantitative research on Quality of Life (EQV) looked at the following three areas: a) phsychological; b) socio-economic-cultural, and c) physical. Initially a 5 point scale was drawn up containing 68 items which were applied to a study group made up of 675 adult individuals, of which 63% were female and 68.8% single, the study group having an average of 26.5 years of age (DP = 6.68), with an average schooling equivalent or above unfinished high school, and resident in the Federal District. Questionnaires containing duplicated or non-responsive answers were discarded (n = 124) resulting in a final study group size of 551 respondees. Based on the results of the statistical analysis the model was then revised arriving at a new questionnaire with 23 items. In this final version, the religious factor (Factor 3) was excluded due to low internal consistancy (0.71). Questions with regard to how the instrument is applied still justify complementary studies, especially due to the multi-dimensional structure of this questionnaire and the subjectivity of the theme. However, even with the limitations encountered and based on the methodology used to develop the questionnaire and the careful statistical analysis (compatible with present recommendations for the building of psychometric questionnaires) the EQV represents an important step in the study of quality of life. In conclusion, this study initiates a process toward the validation of a totally Brazilian psychometric scale model,that is, improved specification and understanding of people’s daily lives, helping in the maintenance and inprovement of that vital state “Health”.

Key words: psychometric instruments, quality of life, well-being.

(12)

1. INTRODUÇÃO

Na atualidade, diversas pesquisas científicas têm evidenciado que, em qualquer sociedade, o processo saúde-doença está intimamente relacionado com uma rede multicausal, onde, além de aspectos genéticos e biológicos, causas subjetivas como a relação do homem com o meio-ambiente, formas de enfrentando das situações cotidianas e estilos de vida ganham destaque por interferirem diretamente na saúde, como fatores de risco (LOTUFO, 1998,FILHO, 2000,KANNEL, 2000,DANTAS, 2002, PÉREZ, 2002 & PITANGA, 2002).

A complexidade do estado vital “saúde” fomenta estudos sobre critérios para considerar objetivamente uma pessoa como sã, ou com uma qualidade de vida boa. Estas pesquisas buscam a identificação de fatores externos, na tentativa de minimizar a mortalidade por causas muitas vezes “evitáveis”. A literatura especializada reforça aspectos emocionais, atitudes e comportamentos habituais como fatores de risco ao surgimento de diversas doenças, convidando à reflexão sobre a inter-relação entre as emoções e as funções corporais.

Fatores modificáveis como inatividade física, fumo, dieta inadequada e uso excessivo de bebidas alcoólicas, por exemplo, estão intimamente relacionados às mortes prematuras por doenças crônicas não-transmissíveis. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2001), as doenças crônicas não-transmissíveis, especialmente as cardiovasculares e cérebrovasculares, são as principais causa mortis mundial, sendo responsáveis por 44,1% das mortes masculinas e por 44,7% das femininas, no continente americano.

(13)

Para se especificar ou compreender melhor a relação dos sujeitos com situações do dia-a-dia, a qualidade de vida deve ser valorizada em todas as esferas onde se desenvolvam atividades humanas, com o intuito de conhecer e comparar o estado de saúde das populações e melhor delinear programas de intervenção.

Nas últimas décadas, o conceito de qualidade de vida tem emergido como um fator de destaque nas investigações relacionadas à saúde, sendo muitos os instrumentos que visam avaliar o bem-estar e a qualidade de vida. No entanto, estes protocolos foram desenvolvidos, na sua maioria, nos Estados Unidos da América e Inglaterra não estando validados às diferentes culturas (FLECK et al., 1999). Além disso, as escalas de qualidade de vida têm sido aplicadas principalmente às populações enfermas cujas percepções do nível de saúde podem encontrar-se alteradas em função da doença.

(14)

1.1 Objetivo Geral

- Elaborar uma escala psicométrica para avaliação de qualidade de vida em adultos.

1.2 Objetivos Específicos

- Definir operacionalmente o termo “qualidade de vida”;

- Elaborar categorias que compõem o conceito de qualidade de vida construindo um modelo teórico;

- Estruturar itens para cada categoria procurando englobar as nuances que compõem cada categoria em um instrumento psicométrico;

- Validar o modelo teórico, a partir da estrutura fatorial obtida da análise dos itens que compõem o instrumento;

(15)

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1.Conceito de Saúde

Desde a década de 50, a Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde não apenas como a ausência de doença, mas como a situação de perfeito bem-estar físico, mental e social. Desta forma, ao tornar-se mais abrangente o conceito de saúde, passa-se a perceber que existem outros fatores a serem considerados, onde esta temática não pode ser analisada exclusivamente pelas estatísticas das doenças, mortalidade e morbidade (SEGRE & FERRAZ, 1997, DANTAS, 2002).

BOUCHARD (1990) conceitua saúdecomo uma condição humana com dimensões física, social e psicológica, caracterizada por um contínuo bipolar unidimensional. A saúde positiva estaria associada à apreciação da vida e resistência aos desafios do cotidiano, e a saúde negativa se associaria à morbi-mortalidade, em outras palavras, de um lado estaria a morte e do outro a saúde positiva (Figura 2.1)

Figura 2.1 - Representação do contínuo saúde (NAHAS, 2001)

( - ) Saúde: o contínuo ( + )

Morte----Doenças----Comportamentos de risco----Comportamentos positivos----Saúde

(16)

Segundo GONZALEZ REY (1997) a definição de saúde é considerada a partir de 04 (quatro) aspectos essenciais.

a - A saúde não se pode identificar com um estado de normalidade, pois a nível individual é um processo único e com manifestações próprias.

A saúde não é uma "média", é uma integração funcional que a nível individual se

alcança por múltiplas e diversas alternativas.

b - A saúde não é um estado estático do organismo, é um processo que constantemente se desenvolve, onde participa de forma ativa e consciente o indivíduo como sujeito do processo.

c - Na saúde se combinam de forma estreita fatores genéticos, congênitos, somato-funcionais e psicológicos. A saúde é uma expressão plurideterminada e seu curso não se decide pela participação ativa do homem de forma unilateral.

d - A expressão sintomatológica da enfermidade é resultante de um processo que precede o surgimento dos sintomas. A doença, como a saúde, é um processo que se define qualitativamente antes do surgimento dos sintomas, os quais não são mais do que um momento do desenvolvimento da doença.

“A saúde não é a ausência de sintomas, senão que um processo integral que

otimiza os recursos do organismo para diminuir sua vulnerabilidade diante dos diferentes

agentes e processos causadores da doença” (GONZALEZ REY,1997).

(17)

A saúde associada à qualidade de vida tem características que deve respeitar os objetivos de cada indivíduo. Pode-se dizer, que o conceito de saúde é dinâmico, onde modelos ou padrões preestabelecidos visam atender a preceitos sociais, mas se não atenderem aos objetivos e expectativas individuais, não terão significado (DANTAS, 2002).

2.2. Qualidade de Vida

A expressão qualidade de vida foi empregada pela primeira vez pelo presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, em 1964, ao declarar que “os objetivos não podem ser mantidos através do balanço dos bancos; eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que proporcionam às pessoas” (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL – disponível em < http://www.ufrgs.br/psiq/whoqol1.html >).

A partir de então, os conceitos operacionais relativos ao construto qualidade de vida começaram a ser delineados. No entanto, a definição de qualidade de vida não está especificada de forma clara e geralmente tem sido associada ao conceito de saúde, à ausência de doenças e bem-estar físico.

Na atualidade, são muitas as reflexões acerca da propriedade que o ser humano tem de elaborar as coisas e o conhecimento de si mesmo. Há que se entender o homem a partir da integração harmônica da visão biológica com as ciências sociais e com os aspectos de subjetividade e individualidade humana, pautada na riqueza da cultura, das decisões, motivações, comportamentos e todo o modo de existência.

(18)

condições objetivas materiais e sociais a elementos de felicidade e satisfação pessoal, por exemplo. A definição de qualidade de vida está intimamente relacionada às categorias sociológicas e psicológicas que compreendem nível de vida, desenvolvimento econômico, condições de vida e estilo de vida.

Neste sentido, diversos pesquisadores têm buscado uma concepção mais abrangente do termo qualidade de vida. Definir qualidade de vida concorre a parâmetros mais amplos, refere-se a um movimento dentro das ciências humanas e biológicas na busca de valorizar mais que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou o aumento da expectativa de vida (FLECK et al., 1999).

MINAYO (2000) considera como qualidade de vida boa ou excelente aquela que ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos possam desenvolver o máximo de suas potencialidades, sejam estas: viver, sentir ou amar, trabalhar, produzindo bens e serviços, fazendo ciência ou artes.

A Organização Mundial de Saúde definiu qualidade de vida como a percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações (FLECK et al., 1999).

Segundo ALLEYNE (2001), qualidade de vida é uma idéia difícil de se fazer precisa, enquanto de um lado relaciona-se com características objetivas, de outro trata de reações mais subjetivas como a dor e a esperança, por exemplo.

(19)

O surgimento e o desenvolvimento do conceito de qualidade de vida para intervir na enfermidade, na saúde e bem-estar, reflete um progresso para a humanidade. A busca de informações acerca das condições de vida das sociedades, instituições, família e indivíduos, são as conseqüências que podem, de fato, colaborar para a promoção da saúde das pessoas (PÉREZ, 2002).

2.2.1. Instrumentos para avaliação de qualidade de vida

A preocupação com o conceito “qualidade de vida” e a sua íntima ligação com a atual definição de saúde tem motivado a comunidade científica a desenvolver instrumentos de avaliação deste constructo.

Os delineamentos que servem de referência para o desenho dos instrumentos, consideram diversos aspectos metodológicos na evolução da qualidade de vida: inicialmente deve-se avaliar o objetivo do instrumento (a que tipo de população será aplicado); posteriormente, define-se o instrumento em função de sua capacidade de discriminação, descrição e predição da qualidade de vida; em um terceiro momento serão formulados e selecionados as questões de maior relevância, o conteúdo, o sentido biológico e a viabilidade de adequação a diferentes culturas (VELARDE-JURADO & ÁVILA-FIGUEROA, 2002b).

(20)

mesmo ao invés de serem auto-aplicados (TAMANINI, D’ANCONA, BOTEGA & NETTO JR, 2003).

O modelo proposto pela OMS, denominado WHOQOL-100, objetivou a mensuração de qualidade de vida em uma perspectiva transcultural. Este instrumento está disponível em mais de 20 (vinte) idiomas, inclusive em português. O WHOQOL-100 é um instrumento que possui seis domínios (psicológico, físico, nível de independência, relações sociais, ambiente e espiritualidade), onde cada domínio é constituído por facetas que são avaliadas por quatro questões, ou seja, o instrumento é composto por vinte e quatro facetas específicas e uma faceta geral que inclui avaliação global de qualidade de vida (FLECK et al.,

1999). Os estágios para o desenvolvimento do WHOQOL-100 são apresentados no Quadro 2.1.

Estágio Método Produto Objetivos

1) Clarificação do conceito

Revisão por experts

internacionais

- Definição de qualidade de vida - Definição de um protocolo para o estudo

Estabelecimento de um consenso para uma definição de qualidade de vida e para uma abordagem internacional da avaliação de qualidade de vida

2) Estudo piloto qualitativo

- Revisão por experts - Grupos focais - Painel escrito de experts e leigos

- Definição de domínio e subdomínios

- Elaboração de um conjunto de questões

Exploração do conceito de qualidade de vida através das culturas e geração de questões

3) Desenvolvimento de um Piloto

Administração do WHOQOL piloto em 15 centros para 250 pacientes e 50 normais

- Padronização de um questionário de 300 questões

Refinamento da estrutura do WHOQOL. Redução do conjunto de questões.

4) Teste de campo Aplicação em grupo homogêneo de pacientes

- Estrutura comum de domínios - Conjunto de 100 questões - Escala de respostas equivalentes nas diferentes línguas

Estabelecimento de propriedades psicométricas do WHOQOL.

Quadro 2.1 - Estágios no desenvolvimento do WHOQOL-100 (Grupo WHOQOL,1995)

(21)

Para a aplicação da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial da Saúde, foram selecionados 250 pacientes provenientes de quatro grandes áreas médicas (psiquiatria, clínica, cirurgia e ginecologia) de um hospital de Porto Alegre/RS e 50 voluntários-controles. Embora o WHOQOL-100 tenha apresentado boa consistência interna, na maioria dos domínios, medidos pelo coeficiente α de Cronbach, foi observado que o domínio 6 (espiritualidade/religião e crenças pessoais) obteve nível de significância limítrofe. Como este instrumento propõe-se a avaliar a qualidade de vida de uma forma geral, pode-se supor que este domínio, devido à baixa precisão, não seja adequado para a aplicação em pacientes, cuja percepção de saúde possa estar afetada por uma doença grave. O fato de todos os domínios apresentarem um coeficiente de correlação significativo remete necessariamente à questão de que não há sentido em somar itens relativos aos diversos domínios em situações que envolvam o processo saúde-doença. E, apesar deste instrumento ter apresentado características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante, validade de critério, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste, as características culturais regionais, diferenças sócio-culturais e peculiaridades de algumas situações específicas merecem ser estudadas em profundidade para a abrangência a que este se propõe (FLECK et al., 1999).

(22)

contribuição significativa para explicar a variância observada na faceta qualidade de vida na versão breve (FLECK et al., 2000).

2.3. Principais causas de mortalidade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, as doenças cardiovasculares (DCVs) são responsáveis por 12 milhões de óbitos/ano em todo o mundo. Dados do perfil de mortalidade no Brasil indicam que as DCVs representam 34% dos óbitos do país, sendo aproximadamente 1/3 devido à doença isquêmica do coração (MINISTÉRIO DA SAÚDE - Disponível em:<http://www.saude.gov.br>).

Segundo o MINISTÉRIO DA SAÚDE (2000), em Brasília/DF, as doenças circulatórias são a segunda maior causa de mortalidade proporcional (16,7%), em sujeitos na faixa etária entre 20 a 49 anos, com a tendência de manutenção dos níveis de mortalidade relativa por estas enfermidades nos próximos 20 anos (Quadros 2.2 e 2.3)(MINISTÉRIO DA SAÚDE - Disponível em:<http://www.saude.gov.br>).

Grupo de Causas Menor 1 1 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 49 50 a 64 65 e

mais Total

I.Algumas doenças infecciosas e

parasitárias 4.0 14.2 5.3 1.4 2.5 8.5 6.6 5.0 6.2

II. Neoplasias (tumores) 0.1 6.7 8.8 8.6 4.0 12.9 25.4 20.3 16.6 IX. Doenças do aparelho circulatório 0.3 2.5 3.5 5.7 3.6 16.7 36.3 43.0 28.1 X. Doenças do aparelho respiratório 4.9 10.8 1.8 1.4 1.5 4.1 5.9 10.7 7.0 XVI. Algumas afecções originadas no

período perinatal 56.4 - - - 4.6

XX. Causas externas de morbidade e

mortalidade 3.9 29.2 63.2 72.9 81.1 42.0 8.5 3.3 19.5

Demais causas definidas 30.3 36.7 17.5 10.0 7.3 15.8 17.5 17.6 18.0

Total 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0 100.0

(23)

Causas do Óbito 1996 1997 1998 1999 2000

Aids 11.6 8.5 6.7 6.8 6.1

Neoplasia maligna da mama (/100.000 mulheres) 8.9 9.6 10.0 9.6 10.7 Neoplasia maligna colo útero (/100.000 mulheres) 3.2 5.2 4.4 4.7 4.7

Infarto agudo do miocárdio 17.0 16.7 18.1 17.7 18.8

Doenças cerebrovasculares 36.4 37.3 40.1 40.6 36.5

Diabetes mellitus 12.7 13.6 14.9 14.1 16.6

Acidentes de transporte 37.3 30.3 26.6 26.8 25.5

Agressões 33.8 32.7 32.9 33.4 33.5

Quadro 2.3 - Coeficiente de Mortalidade (%) para algumas causas selecionadas por 100.000 habitantes.

Especialmente nos grandes centros urbanos, a partir da década de 60, as doenças cardíacas: doença coronária (DC), hipertensão arterial (HA) e insuficiência cardíaca (IC), assumiram um papel preponderante nas causas mortis da população metropolitana, sendo na atualidade, consideradas como um grave problema de saúde pública. Em estudo comparativo entre a causa mortis por doenças do coração em 8 capitais brasileiras com boa qualidade de informação (Belém, Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre) foram encontradas altas taxas de mortalidade para doenças coronárias, principalmente em mulheres, em valores iguais ou superiores aos encontrados na Europa e nos Estados Unidos (LOTUFO, 1998).

Inúmeras pesquisas demonstram que as enfermidades cardiovasculares têm a sua etiologia em uma rede multicausal, dos quais apresentam-se como fatores de risco primários: a hipercolesterolemia, a hipertensão arterial e o hábito de fumar; outros fatores relacionados estão associados à dieta, à obesidade e ao estresse (HERNÁNDEZ et al., 1997). MORRIS & MCKEOWN (1945) apud PITANGA (2002) foram alguns dos primeiros pesquisadores a estudarem sobre este grupo de doenças, identificando como os principais fatores de risco para o desenvolvimento destas: a) estilo de vida, b) meio ambiente e c) aspectos sociais.

(24)

circulantes. Valores altos de LDL colesterol no plasma têm uma forte associação com a formação da aterosclerose (RODRIGUES et al., 1999).

A artéria coronária previamente afetada pela aterosclerose é acometida lentamente e progressivamente pelo crescimento de placas ateromatosas até que haja a oclusão trombótica, ocorrendo então, a diminuição do fluxo sangüíneo coronário (isquemia miocárdica). A progressão da lesão ateromatosa até a formação do trombo é um processo complexo e multifatorial e na maioria dos casos, quando uma placa ateromatosa se fissura, se rompe ou úlcera, causa a oclusão total da artéria coronária produzindo o infarto (QUIROZ et al., 1999).

Diversos estudos têm demonstrado que a aterosclerose começa na infância e que no adulto jovem já são possíveis observar placas fibrosas e lesões avançadas pela contínua acumulação de lipídios. As lesões avançadas podem aparecer por volta dos 20 anos de idade aumentando rapidamente em extensão e prevalência (CHIANG-SALGADO et al., 1999).

Dentre os clássicos fatores de risco para a aterosclerose temos: hipertensão arterial, fumo, história familiar, sedentarismo, diabetes mellitus, colesterol elevado do sangue e níveis reduzidos de lipoproteínas de alta densidade. O controle do colesterol, principalmente o LDL-colesterol, reduz os eventos coronários, a necessidade de revascularização do miocárdio e, principalmente, a mortalidade (FILHO, 2000).

2.4. Comportamentos de risco à saúde

(25)

tabagismo, alcoolismo, estresse e depressão, representem um problema de saúde pública global.

COLOMBO (1997) considera o estilo de vida como um conjunto de decisões individuais que afetam a saúde e sobre os quais se pode exercer certo grau de controle, ou seja, as decisões e os hábitos pessoais que são maus para a saúde, criam riscos para o próprio indivíduo, resultando em enfermidades ou morte.

Segundo NAHAS (2001), o estilo de vida é o conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas. Sendo assim, fatores positivos e negativos no estilo de vida individual, comprovadamente afetam a saúde e o bem-estar, a curto ou longo prazos. E, embora as gerações atuais tenham mais vantagens em relação às passadas (modernos recursos na medicina e condições de vida, em geral, superiores às de um século atrás), ainda estão distantes do modelo de homens saudáveis que se pode alcançar.

(26)

Fatores de risco Lipídicos Não-lipídicos

Modificáveis (controláveis)

Hipercolesterolemia Hipertrigliceridemia

Lipoproteína de alta densidade diminuída

Sedentarismo/obesidade Hábitos alimentares

Uso de substâncias psicoativas (drogas lícitas e ilícitas)

Hipertensão arterial

Estresse emocional e depressão (fatores psicossociais)

Potencialmente não-modificáveis

História familiar prematura Sexo

Faixa etária

Quadro 2.4 - Fatores de risco para doenças crônicas não-transmissíveis

Estudos têm demonstrado que o estilo de vida passou a ser um dos principais determinantes da saúde de indivíduos, grupos e comunidades, especialmente devido à alta prevalência de comportamentos de risco “evitáveis” ou “modificáveis” (exógenos), relacionadas à mortalidade precoce (GIANNOTI, 2002). MARTINS et al. (1996) pesquisando a prevalência de dislipidemias e outros fatores de risco para doenças cardiovasculares em grupos populacionais (n = 1.049), no município de Cotia/SP, constatou que, embora os riscos aumentem com a idade (p<0,01), são significantemente mais altos para os homens nas faixas etárias inferiores a 50 anos (p<0,01). Neste estudo, os componentes de risco modificáveis sugeriram uma diferença qualitativa entre os sexos nas faixas etárias abaixo de 40 anos de idade, onde prevaleceram, entre os homens, o etilismo, o tabagismo, o sedentarismo e o consumo de alimentos aterogênicos (proteína animal, colesterol e gorduras saturadas), enquanto que nas mulheres foram mais comuns, as dislipidemias.

(27)

OMS (1999), dentre os fatores de risco comportamentais, o tabagismo é a principal causa de enfermidades evitáveis e incapacidades prematuras na atualidade. CHIANG-SALGADO et al.

(1999) avaliando a prevalência de fatores de risco cardiovascular em universitários assintomáticos (18 a 25 anos), encontrou níveis de risco lipídico em 29,2% dos casos para colesterol total, 16,2% para lipoproteína de baixa densidade (LDL-colesterol) e 5% de lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol). Entre os fatores de risco não-lipídicos mais freqüentes estavam o tabagismo com 46,1% e o sedentarismo com 60,8%. A obesidade, a hipertensão arterial e os antecedentes familiares alcançaram 1,9; 4,6 e 11%, respectivamente. Os resultados deste estudo mostraram uma alta prevalência de fatores de risco associados ao estilo de vida.

HERNANDÉZ et al. (1997) estudando os fatores de risco modificáveis no processo saúde-doença, constatou que em um grupo de trabalhadores de 18 a 65 anos, 26,3% das mulheres e 35,4% dos homens estavam acima do peso ideal, ou seja, apresentavam índice de massa corporal (IMC) maior que 25Kg/m2. Com relação ao hábito de fumar, 83,2% dos homens e 81,5% de mulheres eram fumantes. Em 20,6% dos homens e 19,2% de mulheres havia valores de tensão arterial diastólica maiores de 90 mmHg e em 21,5% dos homens e 15,4 % das mulheres apresentaram valores de tensão arterial sistólica acima de 140mmHg. Os valores encontrados para o hábito de fumar e a hipertensão arterial foram os fatores de risco, para doenças cardiovasculares, mais freqüentemente achados.

(28)

partir destas informações, pôde-se conjeturar que os estudantes da amostra estariam mais expostos ao cigarro como meio de aproximação entre pessoas (BARRÍA, QUEIROZ, NICASTRI & ANDRADE, 2000).

2.4.1. Sedentarismo e obesidade

A inatividade física é uma causa importante de reduzida qualidade de vida e morte prematura nas sociedades contemporâneas. Considera-se sedentário uma pessoa que tenha um estilo de vida com um mínimo de atividade física, equivalente a um gasto energético inferior a 500 Kcal/semana (NAHAS, 2001). Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, um dos principais inimigos da saúde pública é o sedentarismo. O atual estilo de vida é responsável por 54% do risco de morte por infarto e por 50% do risco de morte por derrame cerebral que constituem as principais causas de morte do país.

A prática regular de atividade física e níveis altos de aptidão física têm sido associados a uma menor morbimortalidade e uma melhor qualidade de vida relacionada à saúde. Um estilo de vida ativo é um dos fatores essenciais no combate às situações estressantes do cotidiano e às doenças do sedentarismo (COSTA, 2000).

(29)

submetido a um programa de atividade física que venha a oferecer esforços físicos mais intensos do que está normalmente acostumado em seu cotidiano, além de provocar estímulos com alguma regularidade apresentada de maneira progressiva (GUEDES, 1995).

Na atualidade, a obesidade é a doença do sedentarismo mais expressiva. Acredita-se que, aproximadamente 315 milhões de pessoas no mundo estejam classificadas como obesas e, esta patologia nutricional tem apresentado grande prevalência, não apenas nos países ricos, mas também nos países em desenvolvimento (FISBERG, 1995; CATERSON & GILL, 2002). Segundo estatísticas apresentadas pela Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (National Health and Nutrition Examination Surveys – NHANES), 50% da população norte-americana (em torno de 97 milhões de indivíduos), se encontra acima do peso ideal; a alimentação desregrada e a vida sedentária nos Estados Unidos da América contribuem para aproximadamente 300.000 mortes por ano (ADES & KERBAUY, 2002).

A obesidade é dos determinantes mais importantes de várias doenças crônicas não-transmissíveis, especialmente as enfermidades cardiovasculares e o diabetes mellitus tipo II. O desenvolvimento da obesidade está associado a uma rede multifatorial dos quais podemos citar: o estilo de vida, o meio ambiente e aspectos sociais como os mais representativos (HAGE,1998).

(30)

É indiscutível que o exercício físico unido a outros fatores como uma nutrição adequada e a eliminação de tabagismo e da obesidade, influenciam positivamente na qualidade de vida (PEREIRA, 1998), dessa forma, a atividade física é uma área relevante de investigação pela sua relação inversa com as doenças degenerativas. Organizações internacionais, tais como: Federação Internacional de Medicina Esportiva (International Federation of Sports Medicine), Associação Americana do Coração (American Heart Association), Organização Mundial de Saúde (World Organization of Health) e Colégio Americano de Medicina do Esporte (American School of Sports Medicine) têm enfatizado a importância da atividade física regular para a melhoria dos níveis de saúde individual e coletiva, em especial para a prevenção de doenças cardiovasculares (SILVA & MALINA, 2000).

2.4.2. Hábitos Alimentares

(31)

determinados pela organização da sociedade e os fatores psicológicos, que envolvem o comportamento humano (SCHWERTNER & MOREIRA, 1998; GOUVEIA, 1999).

A adoção de hábitos alimentares incorretos contribui para uma série de doenças debilitantes. Estudos epidemiológicos incluem dietas ricas em calorias, gorduras saturadas, colesterol e sal como fatores de risco envolvidos com a etiologia de diversas enfermidades (MAHAM & ESCOTT-STUMP, 1998).

Desde os anos 50, os lipídios, principalmente o colesterol, são responsabilizados como um dos fatores de risco mais importantes na produção de aterosclerose. Numerosos estudos epidemiológicos descrevem uma associação entre a elevada concentração plasmática de LDL-colesterol e o desenvolvimento de enfermidades cerebrovasculares, cardiovasculares e o aparecimento prematuro de aterosclerose (RODRIGUES et al., 1999; PEÑA, ILZAGUIRRE & ANGLÉS-CANO, 2001). Considera-se hipercolesterolemia, de acordo com o II Consenso Brasileiro de Dislipidemias (1996), quando o colesterol total e o LDL-colesterol são respectivamente > 240 mg/dl e > 160 mg/dl (FILHO, 2000).

A dieta dos brasileiros parece ser um elemento fundamental para se determinar suscetibilidade para aterosclerose e doenças isquêmicas do coração. CERVATO et al. (1997) analisando a dieta habitual de 557 sujeitos, em município do Estado de São Paulo, em termos de energia e macro-nutrientes, identificou que a contribuição de proteínas e lipídios encontra-se muito acima dos padrões recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que em apenas 5% da população estudada, a distribuição calórica e de colesterol na dieta estavam adequados. Nessa pesquisa, observou-se a prevalência de obesidade em 38% dos indivíduos, de dislipidemias em 26% e diabetes mellitus (DM) em 5%.

(32)

gordura saturada, colesterol, sal e açúcar significativamente maior (p<0,05) nos homens em relação às mulheres (GRIEP, CHOR & CAMACHO, 1998).

Para reduzir os níveis de lipídios no sangue, e, possivelmente, auxiliar na prevenção da cardiopatia coronariana, sugere-se mudanças importantes nos hábitos alimentares. O controle dietético inclui: redução do consumo de carnes, principalmente as carnes gordurosas; priorização para o consumo de leite e derivados desnatados; aumento da ingesta de frutas e vegetais; restrição ao uso de ovos, gorduras saturadas e outras fontes de colesterol dietético; e controle na ingestão de açúcares e doces em geral (CONNOR et al., 1989).

De um modo geral, as recomendações para tratamento primário e secundário dos fatores de risco para doenças circulatórias, prescrevem mudanças no estilo de vida, incorporação de uma alimentação saudável e exercícios físicos regulares, além do controle do peso; estas medidas são suficientes para tratar cerca de 90% das causas lipídicas (BERGMANN, 1997).

2.4.3. Substâncias Psicoativas Lícitas

2.4.3.1. Tabaco e Tabagismo

(33)

indivíduos que começam a fumar na adolescência e continuam fumando por duas décadas ou mais morrem 20 a 25 anos mais cedo que aqueles que nunca fumaram. São atribuídos a esse vício, 90% dos casos de câncer de pulmão, 86% de bronquite crônica e enfisema, 25% dos processos isquêmicos do coração e 30% dos cânceres extrapulmonares.

O hábito de fumar acelera os batimentos cardíacos, aumenta o risco de hipertensão e obstrução das artérias, promovendo assim, o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e de aterosclerose (CATALANO, CARZANIGE & LIBRETTI apud HERNÁNDEZ et al.,

1997). Alguns efeitos nocivos do uso do fumo no organismo humano são: perda de cabelos, catarata, formação de rugas, perda de audição, câncer de pele, deterioração dos dentes, enfisema pulmonar, osteoporose, úlcera gástrica e câncer, dentre outros. Com relação às doenças cardíacas, o fumo figura entre os principais fatores de risco associados; as doenças cardiovasculares relacionadas com o tabagismo matam mais de um milhão de pessoas por ano nos países em desenvolvimento e mais de 600.000 pessoas nos países desenvolvidos. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS, 2003), o tabagismo é a principal causa evitável de óbitos nas Américas, matando através de doenças crônicas.

(34)

na classe médica brasileira (n = 15.994) puderam constatar que, dentre a população de fumantes regulares (6,4%), a experimentação ocorreu entre 10 e 19 anos (72,6%), com distribuição semelhante entre os sexos. É importante ressaltar que esta pesquisa registrou maiores índices de não-fumantes entre as especialidades que possuem programas efetivos de controle do tabagismo (pneumologia, cancerologia, cardiologia e otorrinolaringologia).

A utilização do tabaco, em geral, não ocorre isoladamente; muitas vezes os dependentes utilizam outras drogas associadas, sendo a mais comum o álcool. Pesquisas confirmam a correlação positiva entre tabagismo e alcoolismo. No Brasil, um estudo por corte transversal, realizado em Porto Alegre/RS (n = 1.387), verificou a existência da correlação tabagismo-alcoolismo, encontrando uma associação estatística entre a dependência alcoólica e a tabágica (p<0,01), reforçando a necessidade de investimento na pesquisa no sentido de buscar as causas da dependência por estas drogas (CHAIEB & CASTELLARIN, 1998).

Alguns estudos epidemiológicos demonstram que o tabagismo é responsável por 75% dos casos de bronquite crônica; 80% dos casos de enfisema pulmonar; 80% dos casos de câncer de pulmão e 25% dos casos de infarto do miocárdio; essas doenças são denominadas tabaco-associadas. Os riscos do surgimento dessas patologias têm relação com a quantidade de cigarros consumidos e o tempo de tabagismo (ROSEMBERG, 1987).

2.4.3.2. Álcool e Alcoolismo

(35)

parece ser o hábito mais antigo do homem, data da pré-história; seu uso está associado a ritos religiosos e lhe são atribuídos diversos efeitos, dentre os quais: calmante, afrodisíaco e estimulante do apetite (CARDIM et al. apud OLIVEIRA, 1996).

O termo alcoolismo, como enfermidade, foi empregado pela primeira vez em 1849, na Suécia, pelo médico Magnus Huss Jenillek, que o definiu como a doença que inclui toda a bebida que cause dano ao indivíduo, à sociedade ou a ambos (TORRES, 2000). Segundo a OMS (1990), “alcoolismo” é uma doença de natureza complexa, na qual o álcool atua como fator determinante sobre causas psicossomáticas preexistentes no indivíduo e para cujo tratamento é preciso recorrer a processos profiláticos e terapêuticos de grande amplitude.

Neste contexto, o “alcoolismo” é considerado uma toxicomania; um estado psíquico, por vezes físico, resultante de uma interação entre um ser vivo e uma substância, sendo caracterizado pela compulsão por ingerir a droga continuamente ou periodicamente. O alcoólatra tende a aumentar progressivamente as doses ingeridas e, quando há a interrupção brusca da ingestão do álcool, manifesta-se um conjunto de sinais e sintomas físico-psíquicos que são característicos da “Síndrome de Abstinência de Álcool“. Os efeitos do álcool podem ser fatais (OLIVEIRA,1996).

O ato de beber pode oferecer uma gratificação imediata através do efeito do álcool como modificador de humor, como um analgésico ou intoxicante, ou como facilitador da sociabilidade, a busca do alívio de uma tensão nervosa, da qual nasce o desejo patológico do tóxico. É, então, que a dependência física se instala (EDWARDS, 1998).

(36)

população do mundo, já consumiram bebidas alcoólicas alguma vez na vida (RODRIGUEZ, BALDO, CARDOSO & CRISLA, 2000).

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (1987), dentre os consumidores de bebidas alcoólicas, aproximadamente 10% desenvolvem o quadro de dependência. Nos Estados Unidos da América, o alcoolismo e o abuso de álcool constituem o principal problema de saúde em termos econômicos; estima-se que entre 25 e 40% dos leitos dos hospitais gerais daquele país estejam ocupados por pacientes vítimas de complicações causadas pela ingesta excessiva de álcool (OLIVEIRA, 1996).

Na atualidade, o consumo de álcool vem se constituindo um dos graves problemas sociais, devido à alta mortalidade associada ao consumo excessivo. O uso abusivo de álcool tem relação com 50% das mortes ocorridas em acidentes de trânsito e 30% dos homicídios, suicídios e ocorrências policiais a nível mundial. Além disso, o abuso de bebidas alcoólicas é responsável por 30% das admissões psiquiátricas, das quais 8% são psicoses, fazendo com que haja uma redução na expectativa de vida dos consumidores. Estudos comprovam que as conseqüências de “beber exageradamente” não são privilégio de países desenvolvidos. Em Cuba, um dos países com mais baixos índices de dependência por álcool da América Latina, entre 20 e 25% das mortes por acidentes estão vinculadas à ingestão de bebidas alcoólicas, e estes números vêm aumentando significativamente nos últimos 15 anos (TORRES, 2000).

A alta freqüência de problemas relacionados ao consumo excessivo de álcool salienta a existência do alcoolismo secundário, muitas vezes não diagnosticado, mascarado por patologias que são aceitas como o principal motivo de internação (GONÇALVES, 1998).

(37)

consumo”. Outras motivações importantes são: curiosidade, tensão psicológica, relaxamento e melhora da performance (BARRÍA, QUEIROZ, NICASTRI & ANDRADE, 2000).

2.4.4. Substâncias Psicoativas Ilícitas

Apesar do consumo de drogas psicoativas, lícitas e ilícitas, aparecerem desde os primórdios da humanidade, variando somente a quantidade, tipo e a forma de uso em determinada época ou momento histórico, pesquisas epidemiológicas recentes referem que o consumo destas substâncias é um grave problema de saúde pública brasileira (GUIMARÃES

et al., 2004).

Alguns estudos a respeito de substâncias psicoativas ilícitas utilizam-se de indicadores sociais indiretos para avaliar os níveis de prevalência de consumo dessas substâncias, no entanto, o consumo de drogas é um fenômeno mais complexo e não deve ser reduzido a uma faceta da dimensão social (MUZA et al.,1997). É consenso entre autores que a melhor estratégia para evitar este problema, que cresce a cada ano, está na aplicação de recursos voltados a esforços preventivos. ODO et al. (2000) refere que para a real eficácia da prevenção são necessárias três etapas distintas: a) indicar qual é a substância psicoativa (agente), b) verificar o ambiente (comportamento social) e c) analisar o hospedeiro (indivíduo consumidor).

Para SCHENKER & MINAYO (2004) o uso de drogas é uma forma de lidar com as situações problemáticas da vida, sendo a pesquisa sobre os fatores contextuais, de risco e de proteção, relevantes ao tratamento do uso indevido ou abusivo de drogas.

(38)

(2,6%) e a cocaína (1,6%). Em relação aos sexos, houve maior uso de maconha, cocaína e solventes pelo sexo masculino e de anfetamínicos e ansiolíticos pelo sexo feminino.

Ao comparar o consumo de substâncias psicoativas de acordo com classes sociais em uma amostra de adolescentes escolares de Ribeirão Preto-SP (n = 1.025), MUZA et al.

(1997) verificaram que existiram diferenças significativas na distribuição de substâncias psicoativas de uso ilícito pelas frações de classes, sendo a utilização destas mais freqüentes entre os jovens de classe social mais favorecida.

Neste sentido, acredita-se que o consumo de drogas é mais um sintoma de problemas em nosso país, onde a eficácia na minimização deste fenômeno parte da abordagem interdisciplinar e preventiva, com ações específicas a diferentes segmentos e faixa etária da sociedade.

2.4.5. Hipertensão arterial (HA)

(39)

Recentemente, novas diretrizes foram publicadas a respeito do manejo da hipertensão arterial, dentre as quais as brasileiras (agosto/2002), a norte-americana (maio/2003) e a européia (junho/2003). As diretrizes brasileiras e européias consideram como ótima a pressão arterial < 120/80 mmHg. A novidade nesta área do conhecimento diz respeito à inclusão do termo “pré-hipertensão” para as faixas de pressão arterial entre 120-139 mmHg de pressão sistólica e 80-89 mmHg de pressão diastólica, sugerido pelos brasileiros e europeus. Esta nova classificação diagnóstica tem sido questionada pela corrente norte-americana, uma vez que, efetivamente, não existem dados epidemiológicos que justifiquem a nomenclatura “pré-hipertenso”. No entanto, as diretrizes brasileiras e européias, são enfáticas na importância da análise do paciente como um todo, uma vez que não seria racional se abordar um paciente apenas baseado na sua pressão arterial, a presença dos demais fatores de risco tem implicância não só na classificação do paciente como hipertenso ou não, mas também na tentativa de indução de pré-hipertensos à adoção de hábitos de vida mais saudáveis (VIEIRA DA SILVA et al., 2004).

(40)

Em pesquisa desenvolvida com adultos jovens (n = 820) no município de Bambuí-MG, acerca da prevalência de hipertensão e fatores de riscos para doenças cardiovasculares, foi possível verificar uma associação significativa entre hipertensão e inatividade física (sedentarismo), hipercolesterolemia, hiperglicemia e hipertrigliceridemia. Não houve associação entre as variáveis sócio-econômicas. Este estudo reforça a necessidade de intervenções preventivas não somente para o combate à hipertensão, mas também aos demais fatores de risco para doenças cardiovasculares (BARRETO, PASSOS & FIRMO, 2001).

CAVALCANTI DA SILVA et al. (2004) ao investigarem os fatores de risco para doenças coronarianas em uma região pobre do noroeste do Paraná (n = 462), em indivíduos com idade média de 42 anos, encontraram uma alta prevalência de hipercolesterolemia (7%), hipertrigliceridemia (19%), hiperglicemia (11%), hipertensão (30%) e obesidade (16%). Os resultados obtidos neste estudo mostraram que a alta prevalência de hiperlipidemia, diabetes mellitus, hipertensão e obesidade resultam da detecção tardia dessas doenças ou de tratamento inadequado após o diagnóstico.

2.4.6. Estressee depressão

(41)

se manifestar é a capacidade do organismo de atender às exigências do momento, quer sejam de natureza positiva ou negativa (LIPP & TANGANELLI, 2002).

O estressepode ser originado de fontes externas e internas. As fontes internas estão relacionadas com a maneira de ser do indivíduo, tipo de personalidade e habilidade em conviver com as adversidades da vida. Os estressores externos guardam relação com problemas no trabalho, familiares, morte de amigos e/ou familiares, dificuldades financeiras, etc. Na maioria das vezes, não é o acontecimento em si que é estressante, mas a maneira como este é interpretado pela pessoa (LIPP & TANGANELLI, 2002). As reações orgânicas para as situações de estresse podem ser encaradas como desafios, ou seja, de forma positiva, ou conduzidas às tensões, interferindo negativamente na qualidade de vida das pessoas.

A relação do estado psicológico com conseqüências negativas no funcionamento físico é descrita desde a antiguidade. GALENO, em 2000 a.C., sugeria que mulheres melancólicas (depressivas) seriam mais susceptíveis a câncer de mama que mulheres mais dispostas. Hipócrates, século IV a.C., relatava sintomas de “melancolia” e, autores romancistas descreviam sintomas depressivos já no século XIX. Na atualidade, fatores estressores psicossociais e depressão têm sido associados com a diminuição da função imunológica e aumento da susceptibilidade a infecções e neoplasias (TAKEI & SCIVOLETTO, 1999, MARQUES et al., 2001).

Os mecanismos de ação do estresse sob o ser humano têm sido objeto de estudo em nível internacional. Muitas pesquisas buscam identificar as conseqüências negativas do estresse no funcionamento físico e no bem-estar psicológico dos indivíduos.

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profissionais no desenvolvimento de distúrbios comportamentais, tais como: uso abusivo de álcool e drogas; sofrimento em relações interpessoais (divórcios e rupturas de relações afetivas); ansiedade, depressão e suicídio; insatisfação no trabalho, afastamentos e licenças, erros, excesso ou falta de confiança, ceticismo e perda de compaixão.

Um estudo visando identificar a prevalência de comportamentos de risco à saúde, percepção de estresse e auto-avaliação de saúde, em trabalhadores da indústria (n = 4.225), encontrou uma alta prevalência de pessoas (13,9%) que referiram níveis elevados de estresse e dificuldades para enfrentar a vida. Outros comportamentos de risco importantes foram o tabagismo (20,6%), sendo maior em homens (23,1%) em relação às mulheres (32,5%); o abuso de álcool (57,2% entre os homens e 18,8% entre as mulheres) e não realização de atividades físicas de lazer (67% das mulheres e 34,8% dos homens). Em torno de 15% de trabalhadores, relataram nível de saúde regular ou ruim (BARROS & NAHAS, 2001).

2.5. Modelo teórico de “qualidade de vida”

(43)

sendo os indivíduos de 20 e 49 anos, o grupo etário que apresenta maior prevalência de mortalidade associada aos fatores de risco evitáveis.

Devido à falta de consenso acerca do que significa de fato “qualidade de vida”, são muitos os problemas metodológicas envolvidos na construção de instrumentos de mensuração deste construto. É necessário contemplar, ao mesmo tempo, a subjetividade desta expressão com a facilidade de aplicação do instrumento e a maleabilidade de respostas pertinentes a diferentes situações. Sendo assim, o modelo teórico proposto neste estudo partirá de uma avaliação multidimensional constituída por fatores de riscos “evitáveis” ou “modificáveis” que levam à mortalidade precoce: sedentarismo; sobre-peso/obesidade; uso de drogas (lícitas e ilícitas); estresse emocional e depressão.

Na determinação dos domínios ou categorias para a construção de um modelo teórico de qualidade de vida, sugere-se agregar às condições biofisiológicas, enfoques religiosos, atividades de lazer, trabalho, renda e relacionamentos uma vez que, estas injunções sociais podem afetar a qualidade de vida do ser humano. Busca-se, portanto, uma estrutura multifatorial que satisfaça às necessidades humanas do dia-a-dia.

(44)

É certo que a percepção de qualidade de vida é relativa e tem dimensões ainda mais abrangentes que as expostas neste desenho, isto porque variam, também, de acordo com questões culturais, com suas simbologias, representações e crenças.

Para tanto, a mensuração da qualidade de vida poderá ser definida a partir de três categorias fundamentais, onde serão verificados os domínios: psicológico (estresse emocional e depressão), sócio-econômico-cultural (trabalho/renda, relacionamentos, lazer e espiritualidade) e físico (hábitos alimentares, sedentarismo, sobre-peso/obesidade, uso de drogas lícitas e ilícitas).

A Figura 2.2 apresenta os domínios e sub-domínios do modelo teórico proposto.

Qualidade de Vida

Domínio Psicológico

depressão

Domínio Sócio-econômico-cultural

trabalho

renda

Domínio Físico

hábitos alimentares

sedentarismo sobre-peso/

obesidade

uso de drogas lícitas e ilícitas lazer

espiritualidade relacionamentos estresse emocional

(45)

3. METODOLOGIA

3.1. Caracterização da Pesquisa

Trata-se de uma pesquisa quantitativa que visa validar uma Escala Psicométrica para Avaliação de Qualidade de Vida em Adultos, denominada de EQV.

A metodologia utilizada na construção desta escala será apresentada em duas etapas: a) elaboração das categorias e itens e b) validação da escala.

3.2. Elaboração das Categorias e Itens:

Os aspectos que compõem o construto “qualidade de vida” foram idealizados a partir do levantamento bibliográfico de literaturas científicas pertinentes ao assunto.

Para a elaboração dos domínios e sub-domínios que compõem o modelo teórico e que interferem direta ou indiretamente na qualidade de vida das pessoas foram definidos operacionalmente: a) domínio psicológico (contempla os aspectos da vida do respondente relacionados com estresse e depressão); b) domínio sócio-econômico-cultural (abarca aspectos que possam interferir na qualidade de vida do sujeito em circunstâncias relacionadas ao trabalho, renda, lazer, relacionamentos e espiritualidade) e c) domínio físico (trata de aspectos físicos e hábitos de vida que resultam em comprometimento de saúde física do indivíduo, tais como: alimentação, sedentarismo, sobrepeso/obesidade e uso de drogas lícitas e ilícitas). Os itens foram elaborados a partir da revisão da literatura, refletindo em conteúdo os domínios os quais se pretendia avaliar.

(46)

que compunham o modelo teórico. Em anexo havia a apresentação do modelo teórico tal qual o apresentado na página 31.

Considerando como desejável uma concordância igual ou superior a 60% para a manutenção do item no domínio, pode-se verificar, na análise de juízes, que de um total de 68 itens, 46 (67,65%) obtiveram um índice de concordância igual ou superior a 80%, em 18 itens (26,47%) a concordância foi igual a 60% e em 04 itens (5,88%) foi igual a 40%.

A Tabela 3.1 apresenta os itens e o índice de concordância dos juízes com relação ao domínio psicológico. O único item que obteve um índice de concordância inferior ao estipulado, “acordo cansado”, obteve alto índice de concordância (60%) como sendo pertinente ao domínio físico.

Tabela 3.1. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio psicológico Domínio Psicológico (itens) Concordância (%)

01 Venho chorando com maior freqüência 100%

02 Estou mais pessimista 100%

03 Sinto-me rejeitado pelos amigos e parentes 100%

04 Sinto dificuldade de desligar-me das preocupações do dia-a-dia 100%

05 Venho me sentindo mal (cansado e sem energia) 100%

06 Sinto dificuldade de concentração 80%

07 Irrito-me facilmente 80%

08 Sinto-me culpado(a) pelo rumo que minha vida levou 80%

09 Quero me isolar dos amigos e familiares 80%

10 Estou angustiado(a) sem motivo 80%

11 Sinto um vazio em minha vida 80%

12 Estou ansioso (a) sem motivo 80%

13 Minha vida está sem sentido 80%

14 Estou mais irritado ultimamente 80%

15 Sinto intensa solidão 80%

16 Sinto-me estressado com o trabalho 80%

17 Tenho me sentido mais infeliz ultimamente 80%

18 Ultimamente venho perdendo o apetite 60%

19 Estou mais disperso 60%

20 Tenho tido insônia 60%

21 Acordo cansado 40%

(47)

ou superiores a 60%, enquanto 2 itens (8,33%) não atingiram o índice desejável. As análises destes itens demonstraram que os mesmos distribuíram-se entre os fatores psicológico e físico.

Tabela 3.2. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio sócio-econômico-cultural Domínio sócio-econômico-cultural (itens) Concordância (%)

01 Tenho uma religião 100%

02 Estou empregado 100%

03 Faço parte da organização de culto(s) religioso(s) 100%

04 Com meu salário cobro minhas despesas e ainda sobra-me dinheiro ao final do mês 100% 05 Tenho horas dedicadas ao lazer ou descanso pelo menos uma vez por semana 100%

06 Estou descontente com meu salário 100%

07 Em meus horários livres quero estar com a minha família 100%

08 Com meu salário consigo cobrir as despesas que considero essenciais 100%

09 Nas horas de folga costumo sair (visitar amigos, passear, praticar esportes, dançar, etc...) 100%

10 Gosto das atividades que realizo no meu trabalho 80%

11 O meu dia está dividido em horas de trabalho, lazer e descanso 80%

12 Em meus momentos de lazer esqueço do trabalho 80%

13 Tenho amigos que confio em todos os momentos de minha vida (alegres e tristes) 80% 14 Freqüento reuniões religiosas (missas,cultos,grupos de oração,centros espíritas,etc...) 60%

15 Tenho o apoio de minha família nas horas alegres e tristes 60%

16 Meu ambiente de trabalho é agradável 60%

17 Aproveito minhas horas de folga descansando (dormindo,vendo televisão,etc..) 60%

18 Estou satisfeito com minhas horas de lazer 60%

19 Estou satisfeito com a minha vida sexual 60%

20 Estou satisfeito com minha família 60%

21 Tenho excessiva carga de trabalho 60%

22 Tenho fé que Deus me auxilia em todos os momentos (alegres e tristes) 60%

23 A religião serve-me de apoio na superação de problemas 40%

24 Estou satisfeito com meu relacionamento amoroso 40%

(48)

Tabela 3.3. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio físico

Domínio físico (itens) Concordância (%)

01 Consumo bebidas alcoólicas mais que três vezes por semana 100%

02 Como carne de vaca ou carne de porco mais que três vezes por semana 100%

03 Sou fumante 100%

04 Consumo ovos (inteiros) mais que três vezes por semana 100%

05 Consumo manteiga, maionese, toucinho ou banha mais que três vezes por semana 100%

06 Mais que três vezes por semana consumo queijos amarelos 100%

07 Faço uso de medicação controlada 100%

08 Ultimamente tenho utilizado medicação para dormir 100%

09 Estou acima do peso 80%

10 Adiciono sal à comida 80%

11 Fico a maior parte do dia sentado(a) ou deitado(a) 80%

12 Como salada crua pelo menos uma vez ao dia 80%

13 As pessoas criticam a quantidade de bebida alcoólica que costumo beber 80%

14 Sinto que deveria diminuir a quantidade de bebida alcoólica 80%

15 Como salada cozida pelo menos uma vez ao dia 80%

16 Consumo frituras mais que três vezes por semana 80%

17 Consumo fruta três ou mais vezes ao dia 60%

18 Pratico exercícios físicos (caminhada, esportes, etc) pelo menos trinta minu três ou mais vezes por semana

60%

19 Meus amigos e familiares acham que preciso emagrecer 60%

20 Mais que três vezes por semana como embutidos (lingüiça, salsicha, mortadela, salame presunto)

60%

21 Quando bebo mudo meu jeito de ser (fico alegre demais, triste, agressivo(a), etc...) 60%

22 Uso drogas (maconha, cocaína, lança-perfume, etc...) 60%

23 Estou satisfeito(a) com meu peso 40%

Com o propósito de avaliar semanticamente os itens, foi elaborado o protótipo da Escala de Qualidade de Vida (EQV). Este foi aplicado no Campus I da Universidade Católica de Brasília, a 10 pessoas do sexo masculino e 10 do sexo feminino, entre 20 e 49 anos, residentes no Distrito Federal, durante o mês de junho de 2004. Os respondentes, após o convite de participação e breve descrição do propósito deste estudo, assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (apêndice II), seguindo os moldes do estudo final.

(49)

feitas alterações na escala, deixando para a análise fatorial a permanência ou não do item na escala.

3.3. Validação do Instrumento:

Após a análise semântica foi possível delinear o instrumento piloto, denominado Escala de Qualidade de Vida (EQV).

Este instrumento foi composto por 68 itens, subdivididos em 03 domínios (psicológico, sócio-econômico-cultural e físico), onde o respondente, utilizando uma escala de 05 pontos (sendo o escore 1 = “discordo totalmente” e o escore 5 = “concordo totalmente”), indicava o grau de sua concordância ou discordância em relação a cada item (apêndice III).

Com o objetivo de avaliar a satisfação do indivíduo em relação à sua vida atual foi elaborado um item, separadamente, acerca do seu grau de satisfação, utilizando-se uma escala de 05 pontos (totalmente insatisfeito; insatisfeito; nem satisfeito, nem insatisfeito; satisfeito e muito satisfeito). Foram incluídos ainda, dados demográficos como: idade, sexo, estado civil e escolaridade.

A escala foi aplicada durante os meses de junho, julho e agosto de 2004, a 675 sujeitos adultos, sendo 63% do sexo feminino, 68,6% solteiros, com faixa etária média de 26,5 anos (DP = 6,68) e nível de escolaridade igual ou superior ao nível médio incompleto, residentes no Distrito Federal. Foram descartados os instrumentos que continham respostas duplas ou itens em aberto (n = 124), resultando em uma amostra final de 551respondentes.

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própria pesquisadora e/ou por monitores, que sempre que solicitados pelo respondente, auxiliavam na interpretação dos itens, sem interferir na resposta. Foram preenchidos pelos mesmos o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”, informando acerca da importância da cooperação no preenchimento das respostas e a natureza científica do estudo.

Após a coleta de dados foi realizada a Análise Fatorial1, utilizando o programa estatístico para ciências sociais SPSS-versão 10.0 for windows para a análise dos dados.

Este trabalho foi submetido ao Comitê de Ética da Universidade Católica de Brasília em julho de 2004.

1

(51)

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados serão apresentados em seções com discussões concomitantes, cabendo ao final uma discussão global destes.

Para avaliar a validade do construto foi realizada a Análise Fatorial (Método

Principal Axis Factoring), inicialmente utilizando rotações oblíquas (Oblimin) e cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,40. A precisão de cada fator foi avaliada através do α de Cronbach.

4.1. Estrutura Fatorial da Escala de Qualidade de Vida (EQV)

Uma análise inicial foi realizada a fim de se verificar: a) se o construto era fatoriável e b) o número de fatores a serem extraídos. A análise dos Componentes Principais apresentou os seguintes resultados para a escala EQV: a) Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) = 0,83; b) Bartlett’s Test of Sphericity (2278) = 11256,42; p = 0,001; c) número de componentes (eigenvalue > 1,5) = 9 e d) variância total explicada pelos nove componentes: 41,16%.

O gráfico scree plot (utilizado como sinalizador na opção do número de fatores a serem extraídos) definiu a extração de três fatores, os quais explicavam 23,92% da variância total. Optou-se, portanto, pela extração de três fatores, sendo este o número de fatores esperados pelo modelo teórico. Utilizando-se o método Principal Axis Factoring (PAF), com rotações oblíquas e cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,40, observou-se na matriz de correlações entre os fatores que estes não apresentavam correlações entre si, segundo critérios estabelecidos por TABACHNICK & FIDELL (1996).

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através do método Principal Axis Factoring (PAF), com rotação varimax e cargas fatoriais iguais ou superiores a 0,40, foram extraídos três novos fatores para a EQV. A Tabela 4.1 apresenta os fatores extraídos, os itens que os compõem e suas, respectivas, cargas fatoriais (C.F) e a Tabela 4.2 demonstra os índices de consistência interna dos fatores (α de Cronbach) e a variância explicada para cada fator.

Tabela 4.1. Itens e cargas fatoriais da escala EQV

Fator 1 – Comportamental C.F.

01 Consumo bebidas alcoólicas mais que três vezes por semana 0,67

02 As pessoas criticam a quantidade de bebida alcoólica que costumo beber 0,64

03 Uso drogas 0,62

04 Sinto-me rejeitado por amigos e familiares 0,60

05 Minha vida está sem sentido 0,59

06 Faço uso de medicação controlada 0,57

07 Ultimamente tenho utilizado medicação para dormir 0,56

08 Sou fumante 0,55

09 Quero me isolar dos amigos e familiares 0,42

Fator 2 – Psicológico

01 Estou mais irritado ultimamente 0,62

02 Venho me sentindo mal (cansado e sem energia) 0,53

03 Sinto dificuldade de desligar-me de preocupações do dia-a-dia 0,52

04 Sinto um vazio em minha vida 0,49

05 Sinto intensa solidão 0,48

06 Acordo cansado 0,47

07 Sinto dificuldade de concentração 0,46

08 Estou ansioso sem motivo 0,44

09 Sinto-me culpado pelo rumo que minha vida levou 0,43

10 Irrito-me facilmente 0,42

11 Estou angustiado sem motivo 0,42

12 Estou mais pessimista 0,42

13 Tenho me sentido mais infeliz ultimamente 0,40

14 Venho chorando com maior freqüência 0,40

Fator 3 – Religioso

01 Freqüento reuniões religiosas (missas,cultos,grupos de oração,centros espíritas,etc...) 0,61

02 A religião serve-me de apoio na superação de problemas 0,50

03 Tenho uma religião 0,50

Imagem

Figura 2.2 – Modelo teórico de qualidade de vida
Tabela 3.1. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio psicológico Domínio Psicológico (itens)  Concordância (%)
Tabela 3.2. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio sócio-econômico-cultural  Domínio sócio-econômico-cultural (itens)  Concordância (%)
Tabela 3.3. Índice de concordância da análise de juízes em relação ao domínio físico
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Referências

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