Conhecim ent os e prát icas no uso do cat et er periférico int erm it ent e pela equipe de enferm agem1
Know ledge and pract ices in t he use of int erm it ent peripheral cat het er by t he nursing st aff Conocim ient os y práct icas en el uso de cat ét er periférico int erm it ent e por el personal de enferm ería
Ana Carolina Scarpel MoncaioI, Rosely Moralez de FigueiredoI I
1Trabalho de I niciação Científica ( Financiado pelo PI BI C/ UFSCar/ CNPq) desenvolvido no Curso de Enferm agem da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR).
I Enferm eira. Graduada pela Universidade Federal de São Carlos. Mestranda no Program a de Pós-Graduação em Enferm agem Fundam ent al da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o ( PPGEF/ EERP/ USP). E-m ail: scarpel@usp.br.
I I Enferm eira. Dout ora em Saúde Ment al. Docente do Depart am ento de Enferm agem da USFCAR. E-m ail: rosely@power.ufscar.br. RESUMO
A terapia por infusão é indispensável na prática diária da enferm agem e os cateteres periféricos são os m ais utilizados. Trata- se de um estudo prospectivo, quantitativo, realizado, com o obj etivo de identificar a freqüência, caracterizar o conhecim ento e as prát icas de ut ilização do cat et er periférico int erm itente ( CPI ) pela equipe de enferm agem . Os dados foram coletados por m eio de questionário e por observação sistem atizada dos procedim entos de infusão e m anutenção de CPI . Foram realizadas 41 visitas com 102 h de observação e entrevistados 39 profissionais de enferm agem . Com relação ao índice de acertos nos questionários, 35 ( 89,7% ) j ulgam necessário o uso de luvas durante o m anuseio dos CPI e 38 ( 97,4% ) referem à im portância da lavagem das m ãos. Os procedim entos foram observados em 95 cateteres, sendo que 85 ( 89,4% ) não foram salinizados; 81 ( 85,2% ) encontravam -se pérvios; em 66 ( 69,4% ) vezes os profissionais não usaram luvas; em 71 ( 74,8% ) não realizaram lavagem das m ãos e em 95 ( 100% ) não utilizaram álcool gel. Foi observado um descom passo entre o conhecim ent o teórico e o observado na prática. Há a necessidade de se estabelecer práticas de educação em serviço m ais eficazes e int egradas, const it uindo- se num im portant e instrum ent o de avaliação e controle da qualidade dos procedim entos realizados.
Descrit ores: Equipe de Enferm agem ; Cat eterism o Periférico; I nfecção Hospit alar; Lavagem de Mãos.
ABSTRACT
The infusion t herapy is indispensable in daily practical of nursing and t he peripheral cat heters are t he m ost . This prospect ive, quant it at ive study, aim ing to ident ify the frequency, characterizes the knowledge and practices of use of t he interm it tent peripheral cat heter ( CPI ) by t he nursing st aff. The dat a were collected t hrough a quest ionnaire and syst em at ic observat ion of the procedures of infusion and m aintenance of the CPI . Forty- one visits were m ade and 39 nursing professionals were interviewed, totaling 102 hours of observation. With regard t o the success rat e in t he questionnaires, 35 ( 89.7% ) j udged necessary wearing gloves when handling the CPI and 38 ( 97.4% ) related the im port ance of t he ablut ion of t he hands. The procedures were observed for 95 catheters: 85 ( 89.4% ) were not saline; 81 ( 85.2% ) were pervious; in 66 ( 69.4% ) events the professionals did not wear gloves; in 71 ( 74.8% ) events they did not carry out ablution of the hands; and in 95 ( 100% ) events they did not use alcohol gel. A disorder between the t heoret ical and pract ical knowledge was observed. I t is necessary to est ablish m ore effect ive, int egrated educat ion pract ices in service, consisting of an im portant evaluation instrum ent and control of the procedures perform ed quality. Descript ors: Nursing Team ; Catheterization Peripheral; Cross I nfection; Handwashing.
RESUMEN
La terapia por infusión es indispensable en la práctica diaria del equipo de enferm ería y los catéteres periféricos son los m ás utilizados. Se trata de un estudio prospectivo y cuant it at ivo, con el obj et ivo de ident ificar la frecuencia, caracterizar el conocim ient o y las práct icas de la ut ilización del cat éter periférico int erm itente (CPI ) por los equipos de enferm ería. Los datos fueron recogidos por m edio de un cuestionario y por la observación sistem atizada de los procedim ientos de infusión y m anutención de CPI . Se realizaron 41 visitas con 102 horas de observación y se entrevist aron 39 profesionales de la enferm ería. Con relación al índice de aciert os en los cuestionarios, 35 (89,7% ) j uzgan necesario el uso de guant es durant e el m anoseo de los CPI y 38 ( 97,4% ) m encionan la im port ancia del lavado de las m anos. Los procedim ientos fueron observados en 95 catéteres, siendo que 85 ( 89,4% ) no fueron salinizados; 81 ( 85,2% ) se encontraban desobstruidos; en 66 ocasiones ( 69,4% ) los profesionales no usaron guantes; en 71 veces no realizaron el lavado de las m anos y en 95 ( 100% ) no ut ilizaron alcohol en gel. Se observó una divergencia entre el conocim ient o t eórico y lo observado en la práct ica. Hay la necesidad de establecer prácticas de educación en servicio m ás eficaces e integradas, const it uyendo un im port ante inst rum ent o de evaluación y cont rol de la calidad de los procedim ientos realizados.
I N TRODUÇÃO
A terapia por infusão é um a parte indispensável da m edicina m oderna e indispensável na prática
diária da enferm agem( 1). Ela com preende um
conj unt o de conhecim ent os e t écnicas que incluem desde a adm inistração de soluções e m edicam entos no sistem a circulatório, até os cuidados com os cateteres ( m anutenção, salinização, troca de
cobertura e descart e)( 2). Os dispositivos intravenosos
m ais com um ente utilizados para esse fim no
am biente hospitalar, são os cateteres periféricos( 3).
Estudos m ostram que na prática diária da enferm agem , dois terços das suas atividades são
relacionados à terapia intravenosa( 2- 4).
Assim , pode- se ter um a dim ensão da relevância do t em a nas at ividades do profissional de enferm agem , envolvendo ainda outros aspect os com o erro de m edicação, punções endovenosas, questões sobre dosagens e diluições, falta de rigor asséptico ( incluindo lavagem das m ãos) e a ut ilização
adequada de insum os e m ateriais( 5). Além disso, ao
considerar as etapas que envolvem a instalação, infusão e m anutenção de um cateter periférico deve-se levar em conta aspect os de deve-segurança, tanto para o paciente com o para os profissionais inseridos na equipe de saúde.
As principais com plicações infecciosas para o paciente são: flebite, infecção do sítio de inserção do cateter, extravasam ento de solução e bacterem ia
relacionada ao cateter( 3). Já para o profissional de
enferm agem os riscos são de possível exposição aos vírus das Hepatites B e C e Aids por m eio de m anipulação de m at erial pérfuro- cortante e de contato de pele e m ucosa com sangue pot encialm ent e cont am inado( 6- 8).
Nessa situação a adoção das precauções padrão é fundam ent al para garantir a segurança do paciente e a redução dos riscos ocupacionais para os
profissionais de enferm agem( 9- 10). O m onit oram ent o,
a prevenção e a det ecção precoce das com plicações advindas da terapia endovenosa são de
responsabilidade do enferm eiro( 5), um a vez que est e
responde legalm ente por toda a assistência de enferm agem( 11).
Entre os m ét odos de adm inistração de terapia de infusão é freqüent e a ut ilização da infusão interm itente. Nessa form a o paciente recebe m edicam ento endovenoso em períodos específicos de t em po, a int ervalos variados, devendo o cat et er perm anecer pérvio entre um a adm inistração e outra, sendo então cham ado de Cat et er Periférico I nterm itente ( CPI ) . Para a m anut enção da perm eabilidade do cat eter esse necessita ser lavado ( “ flush” ) entre um a m edicação e outra e ao final do procedim ent o. Esta lavagem , conhecida com o “ salinização” consiste em adm inistrar, sob pressão positiva, solução salina ( Soro fisiológico a 0,9% ) logo após o t érm ino da infusão da m edicação.
Est e procedim ent o visa prevenir a form ação de trom bos e fibrina, evitar o contato de drogas incom pat íveis ( quando da infusão de m ais de um item m edicam ent oso no m esm o horário) , garant ir a infusão de todo o m edicam ento que possa ter ficado no sist em a, além de evitar ret orno sangüíneo m ant endo o cat et er pérvio para a próxim a infusão. Para possibilitar a salinização existem diversas opções de obturadores, ou sej a, tam pas que fecham o cateter im pedindo o retorno venoso, porém perm item a infusão do m edicam ent o.
Algum as instituições utilizam solução heparinizada para m anutenção da perm eabilidade dos acessos venosos periféricos, tem a esse que ainda
gera cont rovérsias( 1). Exist em est udos m ost rando que
não há diferença, est at ist icam ent e significant e, ent re o uso da solução isotônica de cloreto de sódio e da solução contendo heparina em cateteres periféricos para garantir sua perm eabilidade. A solução fisiológica seria m ais vant aj osa devido à inexist ência de riscos para o paciente, incom patibilidade com drogas e a dim inuição de gastos hospitalares com
fárm acos adicionais para a m anut enção de um CPI( 3).
Há na literatura relatos sobre com o as variáveis e os tipos de sistem as de infusão, a utilização de sistem as fechados ou não, tipos de conectores e treinam ento da equipe de enferm agem podem
influenciar nas taxas de com plicações do CPI( 2- 5,12).
Ent ret ant o não foram encont rados t rabalhos que discut issem com o se dá à prát ica de ut ilização e m anutenção de perm eabilidade em cat eter periférico interm itente.
Assim , pontuam - se alguns aspectos relacionados aos procedim entos invasivos, em especial, a cat et erização venosa periférica, os quais j ustificam a relevância desse est udo, t ais com o:
x Com pete ao profissional de saúde buscar,
const ant em ent e na literat ura, a at ualização do conhecim ento e respostas aos seus questionam entos. O cuidado do paciente com CPI é nort eado por m eio de protocolos estabelecidos por estudos nacionais e
int ernacionais, ou guidelines, e em
determ inadas situações, por opinião ou experiência clínica dos profissionais da área( 3);
x O conhecim ento dos fat ores de risco para
infecção e a conscientização dos profissionais de saúde, perm ite a im plem entação de m edidas efetivas de prevenção e cont role( 7,10,12).
A expectativa nesse m om ento é de difundir o conhecim ento acerca do cuidado de enferm agem na
m anut enção do CPI . Desta form a, buscou- se,
aplicabilidade na assistência em prol da qualidade do cuidado a saúde.
Tendo com o base às considerações acerca dos aspectos técnico- científicos de enferm agem na m anutenção do CPI , questiona- se: Com o está sendo realizado o cuidado de enferm agem na m anut enção do Cat et er Periférico I nt erm itent e? Exist e discrepância entre a prática com o cuidado esperado com base nas evidencias científicas?
Assim sendo, o presente estudo tem por obj etivo identificar a frequência, caracterizar o conhecim ent o e as práticas de utilização do CPI pela equipe de enferm agem de um hospital geral de m édio porte do int erior paulist a.
MATERI AL E MÉTODOS
Trata- se de um estudo prospectivo, quantitativo, realizado no período de agosto de 2005 a j ulho de 2006, com a população de t écnicos e auxiliares de enferm agem de três unidades de internação de um hospital geral de m édio porte ( com 100 leitos destinados ao SUS) , localizado no int erior do est ado de São Paulo.
O proj eto foi aprovado pelo Com itê de Ética em Pesquisa com Seres Hum anos da Universidade Federal de São Carlos ( UFSCar - Parecer núm ero 057/ 05) e todos os participantes ( suj eitos) da pesquisa assinaram o Term o de Consent im ent o Livre e Esclarecido.
Durante visita da pesquisadora às unidades de internação foi realizada a coleta de dados em 3 etapas:
1. Levantam ento da taxa de pacientes internados naquele dia que faziam uso de t erapia int ravenosa e dent re est es os que utilizavam cateter periférico interm itente;
2. Observação e registro sistem atizados sobre tipo de cat et er, tipo de obturador, realização ou não de salinização/ heparinização, técnica de salinização/ heparinização, adesão às precauções básicas, condições do cateter e conduta adotada durante os procedim entos de infusão e m anutenção de cat eter periférico interm itente realizados durante a visita;
3. Aplicação de questionário aos profissionais de enferm agem das unidades caract erizando o conhecim ento e a opinião dest es profissionais sobre o t em a.
Os registros da observação foram feitos por procedim ent o, assegurando sigilo dos suj eitos. Após o período de coleta de dados foi realizada análise com estatística descritiva avaliando- se a frequência e porcentagem dos dados relativos às respostas dos profissionais e os provenientes da observação da m anipulação do cateter.
RESULTADOS E DI SCUSSÃO
Foram realizadas 41 visit as às unidades de int ernação, com 102 horas de observação, sendo que 221 pacientes estavam utilizando CPI . Esse núm ero representou 34,8% do tot al de pacientes com terapia int ravenosa. O procedim ent o de infusão e m anutenção de catet eres periféricos pôde ser observado em 95 pacientes, tendo em vista que para essa observação era necessário que o horário de adm inistração da m edicação coincidisse com o horário da visita da pesquisadora. Entre os 56 profissionais de enferm agem das unidades ( 10 técnicos e 29 auxiliares de enferm agem ) 39 deles concordaram em participar do estudo.
Todos os 95 ( 100% ) cateteres observados eram plásticos, sendo que os obturadores utilizados para fecham ent o do sist em a foram em 72 ( 75,8% ) o
disposit ivo de infusão m últipla e 23 ( 24,2% ) plug
adaptador.
O disposit ivo de infusão m últipla é am plam ent e ut ilizado para fecham ent o do CPI , ent ret ant o, originalm ente esse disposit ivo foi desenvolvido para perm it ir a infusão de várias soluções sim ult âneas e não funcionar com o obt urador. Ele é com post o por duas peças, um a pequena ext ensão que se abre em duas ou m ais vias e tam pas plásticas que fecham cada via do sistem a e devem ser rem ovidas e
substituídas por novas e estéreis a cada uso( 1,3,13). Já
o plug adapt ador, por sua vez, m antém o sistem a
fechado, não sendo necessário abrir ou fechá- lo com tam pas plást icas. Há um a grande variedade deles, sendo os m ais indicados os que dispensam o uso de
agulhas. Os tipos de plug disponíveis na instituição
do estudo necessitam de agulha m etálica para infusão do m edicam ento, o que oferece risco de
acidente perfurocortante( 1,3,13).
Para m anutenção da perm eabilidade do cat eter a instituição pesquisada padronizou apenas o uso de solução salina ( Solução fisiológica a 0,9% - SF 0,9% ) , port anto não se faz uso de solução heparinizada para m anut enção da perm eabilidade de cateter periférico no local.
Gráfico 1 : Problem as identificados durante adm inistração de soluções em cateter periférico interm itente. São Carlos, 2006.
A lavagem dos cat et eres ( “ flush” ) é indispensável para evitar a form ação de coágulos e fibrina, evitar o contato entre drogas incom patíveis e ainda garantir a infusão com pleta de toda a m edicação adm inistrada. Já as tam pas plásticas devem ser substituídas por novas e estéreis a cada
uso devido ao risco inerente de infecção( 1,3,13). Todas
as etapas envolvidas nesse processo estão bem estabelecidas na literatura e os profissionais de enferm agem devem estar fam iliarizados com elas.
Quanto às condições dos cateteres no m om ento da infusão 81 ( 85,2% ) encont ravam - se pérvios. Dos 14 obstruídos, 7 ( 50% ) foram retirados e os dem ais, após lavagem com solução salina, foram ut ilizados. A conduta de lavagem de cateter periférico obstruído é questionável devido o risco de desprendim ento de t rom bos, ent ret ant o, essa quest ão não fez part e dos obj etivos desse trabalho. A obst rução em 14,7% dos cateteres observados pode ser explicada pela
ausência da salinização. I sso acarretou em m etade das vezes ( 7,3% ) um a nova punção, gerando desconfort o para o paciente, gasto de tem po, risco de exposição a sangue para a equipe e a elevação dos custos pelo uso desnecessário de outro cateter e conect or.
Outro aspect o registrado na observação foi à conduta da equipe quant o à lavagem de m ãos, uso de luvas e risco de exposição a sangue durante o procedim ent o de m anipulação do cateter. Um m ecanism o prim ário de redução do risco de transm issão de agentes infecciosos é a lavagem das m ãos, m edida fundam ental para reduzir o risco de
infecção cruzada entre pacientes( 12,14- 15).
Percebe- se a baixa adesão à lavagem das m ãos, ao uso de luvas e a não incorporação do uso do álcool gel, em bora esse estej a disponível na unidade ( Tabela 1) .
Tabela 1 : Condutas dos profissionais observadas no procedim ento de infusão e m anutenção de catet eres periféricos interm itentes. São Carlos, 2006.
Procedim ent os Sim N ão
N º % N º %
Uso de luvas 29 30,5 66 69,4
Lavagem das m ãos 24 25,2 71 74,8
Risco de respingo 7 7,3 88 92,7
Uso de álcool gel 0 0 95 100
A higienização das m ãos dim inui significativam ente o risco potencial de contam inação e de infecção cruzada, sendo a cont am inação pelas m ãos um a das causas m ais com uns de transporte de
patógenos( 1,14). É recom endado que se higienize as
m ãos por 15 a 20 segundos antes e após tocar
qualquer paciente( 3,14- 15). Essa m edida reduz o risco
de infecção do profissional de enferm agem e do pacient e.
Quant o à ut ilização de luvas, a m esm a é preconizada ao realizar qualquer procedim ento ligado à linha venosa fazendo parte das precauções padrão 83,5%
13,0%
3,5%
0,0%
Infusão
apenasdomedicamento
Tampinha
emlocalinadequado
e está am plam ente divulgado para todos os profissionais. Evidências m ostram que o seu uso dim inui o risco de exposição a sangue e dem ais fluidos corpóreos, bem com o o não uso aum ent a esse risco, ao m esm o t em po a lit erat ura m undial t em registrado a baixa adesão dos profissionais a essa
prática( 15- 16). Esse fato é atribuído, m uitas vezes, à
interferência da luva na habilidade para a realização do procedim ento ou na classificação do paciente
com o de baixo risco( 17). Estudos correlacionais sobre
o uso da precaução padrão m ostram que a não adesão está associada ao conhecim ento inadequado, esquecim ent o, sobrecarga de trabalho, conceito de
risco e o reforço dado por se visualizar colegas que
não adot am as precauções( 10,17).
Quant o à caract erização do conhecim ent o e opinião dos profissionais de enferm agem sobre o tem a 38 ( 97,4% ) respondeu j á terem m anipulado ( instalado ou adm inistrado m edicação) algum tipo de cat et er int erm itent e. Conform e esperado há quase um a unanim idade de respost as posit ivas reforçando com o é freqüent e esse procedim ent o no am bient e hospitalar.
Todos os participantes do estudo referem ter aprendido o procedim ento ( Tabela 2) em algum m om ent o da vida profissional.
Tabela 2 : Relato dos profissionais sobre o aprendizado do procedim ento de salinização de cateter periférico interm itente. São Carlos, 2006.
Onde aprendeu a fazer o procedim ent o N º
Não aprendeu 0
No curso 30
Com colegas 12
Com a chefia 2
* Cada profissional pôde responder m ais de um a alt ernat iva.
Por ser um procedim ento invasivo para o pacient e, realizado frequent em ent e e que expõe a equipe ao possível contato com sangue, requer rigor t écnico e avaliação cont ínua.
Os profissionais apontaram os m ateriais disponíveis na instit uição para a realização do procedim ent o com facilidade. Os dispositivos de infusão m últipla são conhecidos no hospit al com o
“ Polifix” referência a um nom e com ercial e plug
adapt ador por “ tam poninho” . Reconhecem com o
m aterial disponível para m anutenção de CPI em 32 vezes o “ Polifix” ; 18 o “ Tam poninho” ; 12 a torneirinha de 3 vias e 2 ainda registraram o item “ out ros” . A disponibilização de m at eriais adequados e a garantia de que todos da equipe tenham essas inform ações e recebam treinam ento específico é sem dúvida essencial.
Outra quest ão levantada é a identificação dos itens que o profissional considera adequado para a realização da salinização do cateter ( Tabela 3) .
Tabela 3 : Opinião dos profissionais de enferm agem sobre os itens considerados necessários para a realização
da salinização de cateter periférico. São Carlos, 2006.
I t ens necessários N º
Algodão com álcool 32
Seringa com soro 33
“ Tam poninho” 23
“ Polifix” 31
Tam pinhas estéreis 20
Óculos de proteção 5
Luvas 35
Máscara 5
* Cada profissional pôde responder m ais de um a alt ernat iva.
O it em luvas foi assinalado por ( 89,7% ) dos profissionais. Esse resultado não reflete o observado na prática, onde apenas 30,5% dos profissionais observados utilizaram luvas e nem sem pre as t rocavam ent re um pacient e e out ro.
O uso de luvas é um a barreira contra a exposição a sangue e a sua utilização dim inui de 35% a 50% o risco de exposição a patógenos veiculados
pelo sangue( 3,7,14). Entret ant o a não t roca das
m esm as entre um paciente e outro é, sem dúvida, fat or de risco para infecção.
Estudos têm m ostrado índices insatisfatórios do uso de luvas entre os profissionais de saúde. Apontam ainda ser esse um problem a enfrentado por várias instituições e que se deve intensificar atividades educativas visando sem pre à m udança de
com port am ent o( 5,18). As j ust ificativas para não se
usar as luvas vão desde a perda de t at o para se realizar os procedim ent os, incôm odo, reações
alérgicas, a falta de hábito, dentre outras( 5) .
referem “ lavar com soro” o cat et er; ( 41% ) 16 “ puncionar nova veia” e ( 56,4% ) 22 “ aspirar o cat et er com seringa” .
Pode- se observar que a grande m aioria dos profissionais ( 56,4% ) refere aspirar o cateter na tentat iva de desobstrução. A lavagem do cat et er com soro e a realização de um a nova punção foi apontada por 41% dos entrevistados. A m anutenção do cat et er pérvio é um dos obj et ivos da salinização. A t ent at iva de desobstrução do m esm o pode acarretar riscos para o paciente ( deslocam ento de trom bos) e para os profissionais ( respingo na face) e um a nova punção gera desconforto para o paciente e custos desnecessários.
Ao se perguntar sobre as vantagens da utilização desse sistem a fica clara a vantagem para a m obilização do paciente na opinião de 92,3% dos ent revist ados. A “ dim inuição do volum e infundido” tam bém apareceu em ( 25,6% ) 10 respostas, seguido de “ perder m enos a veia” em ( 35,8% ) das respostas 14 m arcações; “ dim inuição de custos” com ( 25,6% ) 10 registros e o item “ outros” assinalado 1 vez, fazendo referência à preferência pessoal dos pacientes. A utilização desses catet eres, além de
evitar a infusão de soro desnecessária, proporciona m aior independência, m obilidade e benefícios psicológicos ao paciente e propicia a m anutenção de
um a via de acesso para casos de em ergências( 3).
Em relação às possíveis com plicações o risco de flebite e infecção aparece nas respost as de 76,9% e 66,6% dos profissionais, respectivam ente. A flebite, em especial, é um a com plicação visível e evitável, sendo m uitas vezes associada à natureza das drogas adm inistradas, sua concentração e tem po de
perm anência do cateter( 19) e não propriam ente ao
fat o de ser um cat et er int erm itent e ou não.
Os profissionais de enferm agem envolvidos no proj eto dem onstraram possuir conhecim ento básico das com plicações que podem surgir com o uso dos cateteres de m odo geral. Não há consenso na literatura sobre o aum ento do risco de infecção pelo uso do CPI e os diferentes tipos de conectores. Fatores com o, técnica correta e uso adequado dos disposit ivos podem int erferir nesses result ados.
Outra quest ão analisada foi à opinião dos profissionais sobre quais cuidados devem ser t om ados na m anipulação do cateter ( Tabela 4) .
Tabela 4 : Opinião dos profissionais de enferm agem sobre os cuidados que devem ser tom ados ao se m anipular o cateter interm itente. São Carlos, 2006.
Cuidados na m anipulação N º
Lavar as m ãos 38
Trocar catet er a cada 72h 30
Usar luvas 31
Salinizar os cat et eres após uso 31
Usar m at erial individual 32
Mant er curat ivo seco 25
Usar m áscara 2
Salinizar cateteres que não estão sendo utilizados periodicam ente 17
* Cada profissional pôde responder m ais de um a alt ernat iva
Percebe- se que o conhecim ento teórico está adequado. A im portância da lavagem das m ãos e o uso de luvas são idéias bem concebidas entre os profissionais ( 97,4% ) 38 e ( 79,4% ) 31 afirm ações, respectivam ente, porém nem sem pre colocadas em prática, visto pelo núm ero apresentado nas observações ( 25,2% ) das vezes 24 profissionais lavaram as m ãos e ( 74,8% ) 71 não; ( 30,5% ) 29 usaram luvas e ( 69,4% ) 66 não. A substituição program ada de catet eres intravasculares foi proposta visando à prevenção de flebites e infecções relacionadas a cateteres. Alguns estudos indicam que a incidência de t rom boflebit e e a colonização bacteriana por cateteres se elevam quando eles são
deixados no local por m ais de 96 horas( 3,15,20).
Evidencia- se assim que as atividades educativas do profissional de enferm agem da instituição devem oferecer form as de reflexão para a atualização gerando m udanças de com port am ent o nesse t em a.
O CPI é caracterizado por um dispositivo no int erior de um vaso venoso e requer cuidados periódicos, dentre eles a salinização, haj a vista ser um procedim ento invasivo que faz a com unicação do sist em a vascular com o m eio ext erno. Os profissionais de enferm agem devem possuir com petência e desem penho adequado para realizar esse procedim ento, sem pre alicerçados no conhecim ento e nas habilidades desenvolvidas no decorrer dos seus respectivos cursos de form ação e no desenvolvim ent o da vida profissional.
CON CLUSÕES
Foram evidenciados problem as com o a baixa adesão à lavagem das m ãos ( 30,5% ) e ao uso de luvas ( 25,2% ) , m edidas necessárias para m anipular qualquer sist em a ligado a rede venosa. Out ro aspecto relevante foi a não salinização dos cateteres após a adm inistração da m edicação ( 89,5% ) . Essa prática aum enta o risco de exposição do profissional de saúde a sangue, e a obstrução do cateter gerando novas punções ou ainda a tentativa de desobstrução e seus riscos inerentes para o paciente.
Outro ponto identificado foi à utilização de disposit ivo de infusão m últ ipla ( com t am pas rem ovíveis) para fecham ento do sistem a em 78,8% dos catet eres com conseqüente uso inadequado das tam pas prot etoras, sendo colocadas em lugares inadequados, com o na m esa de cabeceira dos pacientes ou até m esm o no próprio leito.
A salinização propriam ente dita foi realizada em apenas 10,5% das vezes indicada sinalizando que a im portância de m anutenção da perm eabilidade do cateter não está incorporada na rotina diária da população de enferm agem estudada.
Há a necessidade de se estabelecer práticas de educação em serviço m ais eficazes e m edidas adm inistrativas de aquisição de m ateriais e insum os que cam inhem na m esm a direção. O valor das atividades educativas e do treinam ento constante dos profissionais da equipe constitui- se num im portante instrum ent o de avaliação e cont role da qualidade da assistência à saúde oferecida.
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Artigo recebido em 14.08.08.