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AED Parte V Análise Econômica da Responsabilidade Civil Teoria Econômica da Responsabilidade Civil

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Academic year: 2021

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Teoria Econômica da Responsabilidade Civil

“Mesmo que não haja culpa, a política pública exige que a responsabilidade seja fixada onde quer que ela reduza com a maior eficácia os riscos para a vida e a saúde inerentes a produtos defeituosos que cheguem ao mercado.”

Roger Traynor

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Teoria Econômica da Responsabilidade Civil

 As pessoas muitas vezes prejudicam umas às outras fazendo algo errado:

• Motoristas colidem nas ruas

• Um cidadão dá um soco na cara de outra pessoa

• Um dispositivo intra-uterino causa infertilidade permanente

• Um jornal dá uma notícia errada acabando com a reputação de alguém

 A vítima não pode intentar uma ação sob o direito contratual porque não houve quebra de promessa.

 Também não pode se basear no direito de propriedade,

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Essência Econômica da Responsabilidade Civil

 O direito de propriedade e o direito contratual possibilitam que as pessoas cooperem em relação a muitas espécies de dano que uma pessoa inflige a outra.  No entanto, há danos que os custos de barganha são

exageradamente altos que impedem totalmente a cooperação. Exemplos:

• Um homem acerta um soco em outro, quebrando-lhe o nariz, por acreditar que ele está tendo um caso com sua esposa.

• 3 caçadores num mato a procura de animais para abater. Um caçador atira, por acidente, no outro, causando cegueira permanente.

• Uma firma produz uma mercadoria que, normalmente, não causa prejuízos ao consumidor, mas, em algumas situações, pode ser prejudicial.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Essência Econômica da Responsabilidade Civil

 O direito da responsabilidade civil diz respeito a relações entre pessoas para as quais os custos de transação de acordos privados são elevados.

 A responsabilização civil é um instrumento de política pública disponível para internalizar externalidades criadas por altos custos de transação.

 A finalidade econômica da responsabilidade civil é induzir os autores e as vítimas de lesões a internalizarem os custos do dano (como no caso da empresa que sabe que seu produto pode gerar prejuízos ao consumidor).

 O autor deve internalizar o custo do dano, indenizando a

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Responsabilidade Civil na Legislação Brasileira

• A responsabilidade civil vincula-se à ideia de reparação do dano, de restabelecimento do equilíbrio.

• Art. 186 do Código Civil:

“Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda

que exclusivamente moral, comete ato ilícito.”

• A responsabilidade tem por base a comprovação da culpa do agente, que pode ser verificada pela constatação de imprudência, negligência ou imperícia no comportamento lesivo, havendo um nexo de causalidade entre a violação do direito causadora de dano e a conduta ilícita.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil na Legislação Brasileira

• Elementos relacionados à obrigação de ressarcir: 1. Conduta

• Para que exista a responsabilidade civil há a necessidade de ato realizado ou pelo próprio agente ou por ato de terceiro.

• A regra é a responsabilidade surgindo de ato praticado pelo próprio agente, porém, alguns atos realizados por terceiros também podem incidir responsabilidade contra pessoas que não agiram diretamente para a feitura do ato. Pode-se citar como exemplos: o pai responde pelos atos dos filhos menores que estiverem

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Responsabilidade Civil na Legislação Brasileira

• Elementos relacionados à obrigação de ressarcir: 2. Dano

• Não cabe indenização por exposição ao risco.

• A indenização eficiente não pode levar em conta apenas os danos tangíveis, como custo de tratamento médico, mas também danos emocionais, estresse, dor, enfim, tudo que diminua a utilidade da pessoa.

• A indenização perfeita significa uma quantia em dinheiro suficiente para deixar a vítima de um dano numa situação tão boa quanto a que ela estaria antes do dano e do dinheiro.

• Dificuldade: valoração subjetiva (quanto vale a dor de alguém ou pior, quanto vale a morte de um ente querido?)

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil na Legislação Brasileira

• Elementos relacionados à obrigação de ressarcir: 3. Nexo causal

• O réu precisa ter causado o dano (o ato ilícito tem que ter gerado o dano)

• Situação prática: Suponha que um carro enguice e pare sobre os trilhos de uma linha de trem porque seu carburador teve uma manutenção ruim. Há como responsabilizar alguém?

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Responsabilidade Civil Objetiva

• A junção desses três requisitos, conduta, dano e o nexo causal, é o que gera a chamada responsabilidade civil objetiva (causou dano a outrem, há a obrigação de repará-lo). Não há que se discutir se houve ou não culpa do agente.

• Art. 931 do Código Civil:

“Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem

independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.”

• Todo produto posto em circulação deve ter segurança suficiente para não acarretar danos a outrem, pois, se o contrário acontecer, surgirá o correspondente dever de reparar.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Responsabilidade Civil Subjetiva

• A responsabilidade civil subjetiva implica necessariamente a inclusão de um quarto pressuposto caracterizador:

o dolo ou culpa do agente causador

• Normalmente a indenização é devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, causar dano por negligência, imprudência ou imperícia.

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Teoria Econômica da Responsabilidade Civil

• A análise econômica da responsabilidade civil, em vez de se concentrar no ato ilícito civil, procura estudar os efeitos econômicos da responsabilização.

• O modelo se baseia nos elementos mais simples: o custo do dano e o custo de se evitar o dano.

• A probabilidade de um acidente (p) diminui com o aumento da precaução (x), logo a função p(x) é decrescente.

• O valor do prejuízo causado por um acidente é representado por A.

• Assim, o prejuízo esperado é dado por p(x).A (que também é decrescente)

• Seja w o custo unitário da precaução. Consequentemente, w.x equivale à quantia total gasta com precaução.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Minimização dos custos sociais de acidentes

• Os custos sociais esperados de acidentes são dados por: CS = wx + p(x)A

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Minimização dos custos sociais de acidentes

• O nível de precaução é resultante tanto do esforço do autor quanto da vítima.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

13 • A eficiência exige que se minimizem os custos sociais esperados do acidente. • x* é o nível socialmente eficiente de precaução (nível de precaução que minimiza os custos sociais esperados do acidente).

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Exemplos de acidentes e precauções

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Incentivos para precaução – lado da vítima

• Já vimos como achar o nível eficiente de precaução, mas quais os incentivos necessários para obtê-lo?

• Vejamos primeiro o caso em que não há responsabilização. Assim, a vítima tem o custo da precaução e arca com o dano esperado:

wvxv + p(xv)A

• A vítima vai querer minimizar seus custos e, portanto, vai escolher x*

v (como anteriormente).

• A regra da ausência da responsabilização faz com que a vítima internalize os custos e benefícios da precaução, o que dá a ela incentivos para tomar precauções eficientes.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Incentivos para precaução - lado da vítima

• Vamos agora imaginar que o autor do dano seja objetivamente responsável e a vítima recebe indenização perfeita I=A. Assim, o total líquido de custos com que a vítima espera arcar é

CS = wvxv + p(xv)A - p(xv)I

• A vítima vai querer minimizar seus custos e, para tanto, tem que escolher um valor de xv que minimize wvxv.

• Já que xv não pode ser negativo, o mínimo ocorre quando a precaução é zero: xv=0.

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Incentivos para precaução - lado do autor do dano

• Considere que o autor do dano é sempre responsabilizado. Ele tem que pagar uma indenização perfeita I=A. Assim, o custo do autor do dano é

wcxc + p(xc)A

• O autor do dano vai querer minimizar seus custos e, portanto, vai escolher x*

c (como anteriormente).

• Com a regra da responsabilidade objetiva com indenização perfeita, o autor do dano internaliza custos e benefícios, escolhendo um nível de precaução eficiente.

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Incentivos para precaução - lado do autor do dano

• Por fim, com ausência de responsabilização. O prejuízo A recai sobre a vítima (o autor do dano não paga indenização). Os custos do autor do dano são somente:

wcxc

• O autor do dano vai querer minimizar seus custos e, portanto, vai escolher xc=0.

• A regra de ausência de responsabilização não dá ao autor do dano incentivos para tomar precauções.

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Incentivos para precaução - síntese • Como a ausência de responsabilização proporciona incentivos para a precaução eficiente por parte da vítima

• Como a

responsabilização

objetiva proporciona incentivos para a

precaução eficiente por parte do autor do dano

AED – Parte V – Análise Econômica da Responsabilidade Civil

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Uma regra de ausência de responsabilização é

preferível quando só a vítima pode tomar

precauções contra acidentes.

Uma regra de responsabilização objetiva é preferível

quando só ele pode tomar precauções

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Responsabilidade objetiva X subjetiva

• A estipulação de regras com responsabilidade objetiva tem crescido nos últimos tempos relativamente às regras com responsabilidade subjetiva. Por quê?

• É muito mais fácil provar o nexo causal do que provar a culpa.

• Exemplo: é muito mais fácil provar que a explosão de uma garrafa de Coca-Cola feriu um funcionário de um restaurante do que provar que o fabricante adota processos de engarrafamento negligentes.

• Se a responsabilização exige que a vítima prove a culpa,

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Danos causados por produtos de consumo

• O custo do fornecimento do refrigerante depende da produção e da responsabilização.

• O comportamento dos consumidores depende das informações que possuem, do direito da responsabilidade civil e do mercado de refrigerantes.

• Pressupomos que o preço de uma unidade de refrigerante equivale ao custo de produção mais o custo de responsabilização.

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Danos causados por produtos de consumo

Primeiro caso: consumidores perfeitamente informados com regra de ausência de responsabilização

• Os consumidores conhecem os custos esperados e sabem

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Danos causados por produtos de consumo

Primeiro caso: consumidores perfeitamente informados com regra de ausência de responsabilização

• Consumidores perfeitamente informados escolherão o produto mais eficiente sob uma regra de ausência de responsabilização.

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Danos causados por produtos de consumo

Segundo caso: consumidores imperfeitamente informados com regra de ausência de responsabilização

• Os consumidores não conhecem os custos esperados do

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Danos causados por produtos de consumo

Segundo caso: consumidores imperfeitamente informados com regra de ausência de responsabilização

• Os consumidores imperfeitamente informados não escolherão necessariamente o produto mais eficiente sob uma regra de ausência de responsabilização.

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Danos causados por produtos de consumo

Terceiro caso: consumidores imperfeitamente informados com regra de responsabilidade objetiva.

• A responsabilidade objetiva e a concorrência perfeita fazem com que o preço do refrigerante equivalha a seu

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Danos causados por produtos de consumo

Terceiro caso: consumidores imperfeitamente informados com regra de responsabilidade objetiva.

• Os consumidores imperfeitamente informados escolherão o produto mais eficiente sob uma regra de responsabilidade objetiva.

• Este exemplo oferece a justificativa básica para responsabilizar objetivamente os fabricantes pelo dano que produtos defeituosos causam aos consumidores: o preço da responsabilização será embutido no preço, direcionando os consumidores para a escolha eficiente, apesar de terem informações imperfeitas.

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Bibliografia

• COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Direito & Economia. Porto Alegre: Bookman, quinta edição, 2010.

Referências

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