• Nenhum resultado encontrado

Ruth First e a história das ciências sociais em Moçambique: o “ouro negro” e o trabalhador migrante nas minas sulafricanas

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2018

Share "Ruth First e a história das ciências sociais em Moçambique: o “ouro negro” e o trabalhador migrante nas minas sulafricanas"

Copied!
36
0
0

Texto

(1)

sociais em Moçambique: o “ouro

negro” e o trabalhador migrante nas

minas sul-africanas*

Diogo Valença de Azevedo Costa

D7ut7r e5 S7c1747g1a pe4a U61vers1dade Federa4 de Per6a5buc7 (UFPE). Pr7fess7r Ad2u6t7 III d7 Ce6tr7 de Artes, Hu5a61dades e Letras (CAHL) e Pr7fess7r Per5a6e6te d7 Pr7gra5a de Pós-Graduaçã7 e5 C1ê6c1as S7c1a1s: Des1gua4dades, dese6v74v15e6t7 e cu4tura, da U61vers1dade Federa4 d7 Re-cô6cav7 da Bah1a (UFRB). P7ssu1 pós-d7ut7rad7 pe4a U61vers1dade Federa4 de Per6a5buc7 e U61vers1tät Base4 (U61bas). Nesta ú4t15a, c757 b74s1sta da CAPES - Pr7c. 67 BEX 10774/13-0.

E6dereç7 e4etrô61c7: va4e6cad17g7@ufrb.edu.br 7u va4e6cad17g7@h7t5a14.c75

INTRODUÇÃO

(2)

6a c76d1çã7 de 7p7s1t7ra d7 reg15e d7 Apartheid – suas pr16c1pa1s 1de1as

67 ca5p7 da Ec76751a P74ít1ca e das C1ê6c1as S7c1a1s s7bre a f7r5açã7 e 7 dese6v74v15e6t7 d7 cap1ta41s57 su4-afr1ca67 e sua hege5761a 6a reg1ã7 da Áfr1ca Austra4. E5 1982, Ruth F1rst f71 assass16ada p7r u5a carta-b75ba re5et1da pe4as f7rças repress1vas d7 reg15e rac1sta.

A pr7p7sta d7 prese6te art1g7 é, 6esse se6t1d7, ap76tar a4gu5as 15p7rta6tes c76tr1bu1ções de Ruth F1rst para as c1ê6c1as s7c1a1s 57ça5-b1ca6as e afr1ca6as. C75 este 7b2et1v7, será a6a41sad7 7 seu 41vr7 c4áss1c7

Black gold: the Mozambican miner, proletarian and peasant (1983), frut7

d7s re4atór17s da pesqu1sa de ca5p7, a6ter17r5e6te refer1da, pub41cad7s e5 16g4ês e p7rtuguês (O mineiro moçambicano: um estudo sobre a exportação de trabalho), 67s a67s de 1977 e 79.

A esc74ha da pr15e1ra pub41caçã7 c1tada c757 f76te de a6á41se se deve a7 e6r1quec15e6t7 p7ster17r da 7bra c75 a c74eta de ca6ções e e6trev1stas d7s traba4had7res 51gra6tes e 516erad7res 57ça5b1ca67s1. E5 ter57s de suas c76tr1bu1ções para as C1ê6c1as S7c1a1s e5 M7ça5b1que, serã7 exa516adas as p7s1ções teór1cas, 5et7d74óg1cas e p74ít1cas de Ruth F1rst e sua equ1pe de pesqu1sad7res, debat1das e5 Black gold, estabe4ece6d7 aí c75parações

c75 a pr7duçã7 acadê51ca d7s represe6ta6tes da verte6te 5arx1sta da te7r1a da depe6dê6c1a 6a A5ér1ca Lat16a.

(3)

ch16esas e 16d1a6as que se expa6d1ra5 e5 d1reçã7 a países da A5ér1ca d7 Su4 e da Áfr1ca. A c76s1deraçã7 da 6atureza exata d7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” passa pe47 quest176a5e6t7 de sua atuaçã7 6as per1fer1as d7 s1ste5a e, aqu1, suger157s a4gu5as de suas part1cu4ar1dades 67 c76t16e6te afr1ca67.

Outr7 pr7pós1t7 c7415ad7 é d1scut1r a pert16ê6c1a da ut141zaçã7 de cert7s c76ce1t7s, pr7duz1d7s pe4as c1ê6c1as s7c1a1s 6as 16vest1gações s7-bre s7c1edades eur7pe1as, 67 estud7 de rea41dades afr1ca6as. Nesse estud7 p176e1r7 s7bre 7 traba4h7 51gra6te 6as 516as su4-afr1ca6as, Ruth F1rst se pergu6ta se aque4es traba4had7res 57ça5b1ca67s pr7ve61e6tes da pr7ví6-c1a de I6ha5ba6e ser1a5 pr74etár17s 7u ca5p76eses. Ma1s d7 que ace1tar 7u re2e1tar e5p1r1ca5e6te esses c76ce1t7s 67 c76text7 s7c1a4, p74ít1c7 e ec76ô51c7 da Áfr1ca Austra4, ser1a ta4vez 5a1s frutífer7 e re4eva6te u5 esf7rç7 de refl exã7 s7bre 7 recurs7 heuríst1c7 da c75paraçã7 c76ce1tua4 6as c1ê6c1as s7c1a1s. É se5pre u5 gra6de desafi 7 tra6sp7r c76ce1t7s e te7-r1as de s1tuações s7c1a1s basta6te específi cas para rea41dades rad1ca45e6te d1versas. Mu1tas vezes, esse exercíc17 p7de c76duz1r a graves equív7c7s e ar5ad14has, c757 7 de c76stru1r 15ag16ar1a5e6te ce6ár17s 16ex1ste6tes e5 deter516ad7s c76text7s h1stór1c7s. De 7utr7 4ad7, se cr1at1va e 7r1g16a45e6-te ree4ab7rad7, 7 exercíc17 de tra6sp7s1çã7 c76ce1tua4 p7der1a resu4tar e5 apr7fu6da5e6t7s e e6r1quec15e6t7s d7 própr17 pr7cess7 de te7r1zaçã7 6as c1ê6c1as s7c1a1s. Ser1a 7p7rtu67 quest176ar, 6esse se6t1d7, que 15p7rtâ6c1a as c1ê6c1as s7c1a1s pr7duz1das a part1r de e/7u s7bre “as Áfr1cas” ter1a5 para rec76s1derar as 5atr1zes eur7pe1as e 67rte-a5er1ca6as, 7c1de6ta1s3 das te7r1as c4áss1cas re4at1vas às d16â51cas 5u6d1a1s d7 cap1ta41s57 e das s7c1edades 57der6as. Ut141zadas 6a a6á41se de s1tuações d1versas, as te7r1as s7c1a1s p7de5 sa1r pr7fu6da5e6te 57d1fi cadas de 57d7 a dare5 c76ta de rea41dades 5a1s c75p4exas. O 41vr7 de Ruth F1rst serve c757 u5 p76t7 de part1da para 7 prese6te esf7rç7 crít1c7, e5 espec1a4 pe47 caráter c7s57p7-41ta de seu e6f7que 16terpretat1v7, cu2as refl exões – p7r tra6sb7rdare5 as fr76te1ras 6ac176a1s e reg176a1s da Áfr1ca Austra4 e superare5 as 4151tações de cert7s et67ce6tr1s57s 5et7d74óg1c7s das trad1ções eur7pe1as, c4áss1cas e 57der6as – expressa5 u5a ruptura 16te4ectua4 e p74ít1ca c75 as fr76te1ras 5e6ta1s 15p7stas pe4a a6t1ga part14ha 15per1a41sta d7 c76t16e6te afr1ca67.

Este art1g7 está d1v1d1d7 e5 quatr7 partes. Na pr15e1ra, é 16d1cad7 7 c76text7 h1stór1c7 de surg15e6t7 das c1ê6c1as s7c1a1s e5 M7ça5b1que, 47g7 após a I6depe6dê6c1a, e5 1975, d7 qua4 faz parte a própr1a escr1ta de 7 Ouro negro. Nesta parte, é f7ca41zada ape6as e5 416has 5u1t7 gera1s a pr15e1ra

(4)

A segu6da seçã7 é ded1cada à aprese6taçã7 das c76c4usões gera1s – ta1s c757 f7ra5 d1sp7stas e5 cada capítu47 d7 41vr7 – da pesqu1sa c77rde6ada p7r Ruth F1rst s7bre a exp7rtaçã7 de traba4had7res 57ça5b1ca67s de base ca5p76esa e rura4 para as 516as su4-afr1ca6as. Na terce1ra parte, sã7 apre-se6tadas h1póteses de traba4h7 para se 16vest1gar, atua45e6te, as re4ações e6tre a exp47raçã7 das 516as afr1ca6as e a repr7duçã7 d7 cap1ta41s57 e5 â5b1t7 5u6d1a4. Aqu1 é ab7rdad7 7 cas7 h1st7r1ca5e6te 5a1s próx157, 1st7 é, a exp47raçã7 de 7ur7 6a c1dade de Sad174a, 67 Ma41, suger16d7-se tratar-se de u5 pr7b4e5a crô61c7 67 c76t16e6te afr1ca67, que se repr7duz graças à d16â51ca da acu5u4açã7 de cap1ta4 67 p4a67 5u6d1a4. Na quarta e ú4t15a parte, apr7fu6da-se a d1scussã7 c76ce1tua4 s7bre as p7ss1b141dades de c75paraçã7 e6tre as rea41dades afr1ca6as e 7utr7s c76text7s s7c1a1s de países ce6tra1s e per1fér1c7s. Nas quatr7 partes, 16d1ca57s c757 estud7s específi c7s s7bre países afr1ca67s ser1a5 capazes de ree4ab7rar e prec1sar 67ções teór1cas das c1ê6c1as s7c1a1s, c757 a de cap1ta4 fi 6a6ce1r7. Esta é a questã7 teór1ca ce6tra4 que persegu157s 6este art1g7, estabe4ece6d7 c75parações e6tre 7 traba4h7 de Ruth F1rst e a s1tuaçã7 5a1s rece6te de 7utr7 país afr1ca67.

AS CIÊNCIAS SOCIAIS EM MOÇAMBIQUE: A LUTA

ANTICOLONIAL E O MOMENTO DE TRANSIÇÃO SOCIALISTA

O 5arc7 de surg15e6t7 das c1ê6c1as s7c1a1s pr7pr1a5e6te d1tas e5 M7ça5b1que se dá c75 a e5ergê6c1a d7 57v15e6t7 de 41bertaçã7 6ac17-6a4 e as guerras a6t1c74761a1s. Iss7 6ã7 s1g61fi ca a 16ex1stê6c1a, 67 perí7d7 c74761a4 a6ter17r, de u5 pe6sa5e6t7 crít1c7 e c76testatór17 e5 c76struçã7. A esse respe1t7, 7 h1st7r1ad7r Va4de51r Za5par761 67s f7r6ece exce4e6tes exe5p47s de te6tat1vas de pr7duz1r u5a perspect1va crít1ca c76tra 7 c747-61a41s57, c76t1das e5 per1ód1c7s c757 O Africano e O Brado Africano

(5)

descr1ções et67gráfi cas, à 5a6e1ra de re4at7s de fu6c176ár17s da 5etróp74e p7rtuguesa, c757 u5 5e17 de rec76hecer as característ1cas d7s p7v7s 7r1g1-6ár17s e sub2ugá-47s para 7 traba4h7 f7rçad7. A “c1ê6c1a s7c1a4” da e5presa c74761zad7ra será cu4t1vada p7r fu6c176ár17s e ad5161strad7res, age6tes de 51ssões re41g17sas fi 4a6tróp1cas (a exe5p47 de He6r1 Ju67d, da M1ssã7 Suíça) e 16te4ectua1s c757 J7rge D1as, u5 d7s defe6s7res da 1de747g1a freyriana do lusotropicalismo, que pr7cur7u adaptá-4a a7 que c76s1derava ser 7 “caráter

6ac176a4” p7rtuguês (MACAGNO, 2000). Apesar de seus 4151tes h1stór1c7s, ta4 “c1ê6c1a s7c1a4” de1x7u u5 4egad7 15p7rta6te de questões, d14e5as e 16terpretações que serã7 cr1t1cad7s e ress1g61fi cad7s pe47s 1deó47g7s da 4uta de 41bertaçã7 6ac176a4 e5 M7ça5b1que, de ac7rd7 c75 aqu147 que e6te6d1a5 ser a c76struçã7 de u5 “67v7 h75e5” e de 67v7s padrões de s741dar1edade s7c1a4, avess7s a7s part1cu4ar1s57s e à v174ê6c1a d7 c74761a41s57 p7rtuguês.

(6)

de cu6h7 57der67 se dá c75 a quebra da 5767p741zaçã7 d7 saber pe47s c74767s e represe6ta6tes da Metróp74e.

A guerra de 41bertaçã7 6ac176a4, e5 M7ça5b1que, ace4er7u esse pr7cess7 de quebra d7 5767pó417 de casta s7bre 7 c76hec15e6t7 e da hege5761a 1de74óg1ca c74761a41sta e, 6esse se6t1d7, c1t7 7 41vr7 Lutar por Moçambique, de Eduard7 M76d4a6e (1995[1969]), c757 7 pr15e1r7 esb7ç7

de a6á41se s7c174óg1ca 5a1s s1ste5át1ca da ec76751a, cu4tura e s7c1edade 57ça5b1ca6as. Nã7 se trata de u5a ab7rdage5 5arx1sta stricto sensu, p7r

5a1s que p7ster17r5e6te se te6ha 16te6tad7 47ca41zar a t7d7 cust7 7 pe6sa-5e6t7 p74ít1c7 de M76d4a6e de6tr7 d7 5arx1s57. Ve27-7 c757 u5a te6tat1va de 16terpretaçã7 7b2et1va da rea41dade s7c1a4 57ça5b1ca6a e d7s ca516h7s da guerra de 41bertaçã7 6ac176a4. A sua perspect1va é pred7516a6te5e6te a6t1c74761a4, c75 a4gu6s e4e5e6t7s de 16sp1raçã7 5arx1sta5 6as pr7p7stas p74ít1cas ava6çadas.

Nã7 ser1a de5ér1t7 d7 41vr7 ap76tar 6e4e a ausê6c1a de u5a 16sp1raçã7 5arx1sta 5a1s só41da. A 16terpretaçã7 e 7 des5ascara5e6t7 d7 c74761a41s57 p7rtuguês e5 M7ça5b1que sã7 h1st7r1ca5e6te exat7s e parece5 6ã7 ter s1d7 superad7s, e5 suas 416has gera1s, pe4a 16vest1gaçã7 h1st7r17gráfi ca atua4 5a1s r1g7r7sa, a qua4 d1spõe de 16ú5eras 7utras f76tes de 16f7r5açã7 e de u5a v1sã7 5a1s abra6ge6te d7s fat7s.

U5a ú61ca referê6c1a ser1a sufi c1e6te para 14ustrar 7 que acab7 de d1zer. O 51t7 d7 d1re1t7 h1stór1c7 de P7rtuga4 de c74761zar M7ça5b1que, p7r ter estad7 4á desde 7 sécu47 XVI, 67 16íc17 da expa6sã7 5arít15a cap1ta6eada pe4a pe6í6su4a 1bér1ca, é derrubad7 47g7 67 pr15e1r7 capítu47 c75 u5 est147 de exp7s1çã7 fra6c7 e d1ret7, se5 r7de17s 7u be4etr1s57, ap71a6d7-se e5 dad7s 7b2et1v7s, d7cu5e6t7s e 16f7r5ações h1stór1cas prec1sas. A h1st7r17-grafi a atua4, a exe5p47 de Pé41ss1er (2000), ve5 c76fi r5ar c75 16ú5er7s 7utr7s dad7s as teses a esse respe1t7, prese6tes e5 Lutar por Moçambique.

Escr1t7 para serv1r a7s pr7pós1t7s de pr7paga6da de guerra da FRELIMO (Fre6te de L1bertaçã7 de M7ça5b1que), 7 41vr7 6ã7 de1xa de assu51r u5a p7stura 7b2et1va d1a6te da rea41dade 57ça5b1ca6a e, 6esse se6t1d7, p7de ser c76s1derad7 7 5arc7 de e5ergê6c1a das c1ê6c1as s7c1a1s 57der6as 6u5 país e5 4uta pe4a sua 41bertaçã7 6ac176a4.

Ora, para essa v1sã7 7b2et1va da s7c1edade 57ça5b1ca6a deve ter c76tr1buíd7, e5 f7rte 5ed1da, a f7r5açã7 de Eduard7 M76d4a6e c757 c1e6t1sta s7c1a46. Mas é 7p7rtu67 sa41e6tar que a perspect1va a6t1c74761a4 c76t1da e5 Lutar por Moçambique – e6ra1zada 6as trad1ções h1stór1cas

(7)

16ter6ac176a4 da Áfr1ca Austra4 – c76st1tu1u u5 exce4e6te p76t7 de part1da, e5b7ra 6ã7 se6d7 pr7pr1a5e6te u5 escr1t7 5arx1sta, para a e4ab7raçã7 de u5a perspect1va 5ater1a41sta h1stór1ca 6ã7 d7g5át1ca 67 CEA (Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s), d7 qua4 Ruth F1rst ser1a a futura d1ret7ra de pesqu1sas e resp76sáve4 pe4a c77rde6açã7 de pr72et7s de 16vest1gaçã7. A416had7 p741t1ca5e6te a7 5arx1s57 e d1r1g1d7 pe47 27r6a41sta 5arx1sta, Aqu167 de Braga6ça, 7 refer1d7 Ce6tr7 dese6v74v1a pesqu1sas de ca5p7 7r1g16a1s, c75 5ét7d7s e téc61cas de 16vest1gaçã7 cr1at1v7s e 167vad7res, que passava5 5u1t7 476ge de repr7duz1r as teses trad1c176a1s s7bre 7s países c74761a1s e se51c74761a1s, ta1s c757 f7ra5 4egad7s pe4a h1st7r17grafi a 7fi c1a4 s7v1ét1-ca, a16da basta6te 16fl ue6te 67 perí7d7 da Guerra Fr1a, e6tre as décadas de 1960 e 70, 6as 6ações c75pr75et1das c75 a v1a s7c1a41sta de superaçã7 d7 subdese6v74v15e6t7.

Neste art1g7, 6ã7 há 4ugar para u5a descr1çã7 deta4hada d7 41vr7 de M76d4a6e, que atu7u c757 u5a espéc1e de 16te4ectua4-c74et1v7, e5 se6t1d7

gramsciano, a7 escrevê-47, p71s as teses aí exp7stas represe6ta5 a v1sã7 de

u5as das frações da FRELIMO e, de certa f7r5a, 7s a6se17s de 41bertaçã7 6a c76struçã7 de u5a 1de6t1dade 6ac176a4 57ça5b1ca6a. Cu5pre ape6as 5e6c176ar que a afi 61dade 5a17r e6tre esse 41vr7 e a pesqu1sa c77rde6ada p7r Ruth F1rst s7bre 7 516e1r7 57ça5b1ca67 ser1a 7 seu 16te6t7 de a4ca6-çar u5 c76hec15e6t7 7b2et1v7 d7 5u6d7 s7c1a4, para p7der tra6sf7r5ar a s7c1edade ex1ste6te.

Outra afi 61dade e6tre M76d4a6e e Ruth F1rst é que a5b7s p7ssuía5 f7r5açã7 e5 c1ê6c1as s7c1a1s e te6tava5 e5basar suas afi r5ações se5pre e5 referê6c1as e5pír1cas segura5e6te estabe4ec1das. N7 41vr7 Black gold,

p7r exe5p47, 7s dad7s estatíst1c7s sã7 e4ab7rad7s de f7r5a prec1sa e de6tr7 de u5a perspect1va crít1ca, às vezes suste6ta6d7 c76c4usões capazes de c76trad1zer aqu147 que ser1a esperad7 d1a6te d7 p76t7 de v1sta 1de74óg1c7 assu51d7 pe4a aut7ra e sua equ1pe de pesqu1sad7res. A7 5es57 te5p7, as 16ferê6c1as das a57stras c74etadas, a4us1vas à p7pu4açã7 das c1dades e reg1ões estudadas, sã7 se5pre fe1tas c75 caute4a e 7bedece6d7 a7s 4151tes de sua s1g61fi câ6c1a estatíst1ca. Esse 5es57 r1g7r 67 trata5e6t7 d7s dad7s 6ã7 é e6c76trad7 e5 Lutar por Moçambique, 7 que 6ã7 s1g61fi ca, a41, ausê6c1a de

(8)

afi r5ações, te7r1as e 6as suas te6tat1vas de desve6dar as te6dê6c1as h1stór1cas e5 curs7. O pe6sa5e6t7 a6t1c74761a4 de Eduard7 M76d4a6e e a perspect1va 5arx1sta de Ruth F1rst c76verge5 6a 1de1a de que 7 c76hec15e6t7 c1e6tífi c7 7b2et1v7 é u5 p7der7s7 16stru5e6t7 de tra6sf7r5açã7 s7c1a4.

Os 575e6t7s e5 que a5b7s e4ab7rara5 seus respect1v7s 41vr7s, e6-treta6t7, sã7 5u1t7 d1st16t7s. Apesar das referê6c1as p74ít1cas e 1de74óg1cas c75u6s, as d1fere6ças de 5ag61tude e5 suas fu6da5e6tações teór1cas, esc7p7 e5pír1c7 e v1sã7 pr7spect1va se deve5 a7 fat7 de as ex1gê6c1as c7g61t1vas de u5a c1ê6c1a s7c1a4 prat1cada 67s h7r1z76tes de c76struçã7 d7 s7c1a41s57 sere5 basta6te d1versas das de u5a 16terpretaçã7 s7c174óg1ca, a6tr7p74óg1ca 7u h1stór1ca, rea41zada 67s 5arc7s de u5a guerra a6t1c74761a41sta e e5pe6hada 67 esf7rç7 de 5a6ter a u61dade p74ít1ca da 4uta ar5ada.

C75 a asce6sã7 d7 part1d7 da FRELIMO a7 p7der de Estad7 e5 M7ça5b1que – 7 qua4 se depara c75 a d1fíc14 tarefa de ed1fi caçã7 6ac176a4, te6d7 e5 v1sta a c76struçã7 d7 s7c1a41s57 6u5 país c75 estrutura ec76ô-51ca, p74ít1ca, s7c1a4 e cu4tura4 de f7rte hera6ça c74761a4 –, esperava-se d7 c1e6t1sta s7c1a4 que e4e fi zesse a4g7 5a1s d7 que 2ust1fi car, c75 argu5e6t7s h1stór1c7s e s7c174óg1c7s, a 6ecess1dade da guerra a6t1c74761a4 e est1vesse d1sp7st7 a rea41zar d1ag6óst1c7s 7b2et1v7s da s1tuaçã7, a fi 5 de superar 7s d14e5as d7 cha5ad7 perí7d7 de tra6s1çã7, 6a superaçã7 d7 subdese6v74-v15e6t7. O Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s, 67 qua4 Ruth F1rst atu7u c757 v1ce-d1ret7ra e d1ret7ra de pesqu1sas, t16ha c757 7b2et1v7 p74ít1c7 c76tr1bu1r para a c76struçã7 d7 s7c1a41s57 e5 M7ça5b1que, pr7duz16d7 c76hec15e6-t7s c1e6tífi c7s úte1s para a c75pree6sã7 d7s 5eca61s57s de repr7duçã7 d7 subdese6v74v15e6t7 e, a part1r d1ss7, traçar p4a67s e estratég1as de superaçã7 das s1tuações de exp47raçã7 e p7breza7.

Ta4 esf7rç7 de c76struçã7 d7 que p7dería57s caracter1zar c757 u5a “s7c1747g1a c76creta” (FERNANDES, 1980) 67s a2uda a c75pree6der 7 caráter d7 c76hec15e6t7 pr7duz1d7 p7r Ruth F1rst e sua equ1pe de pesqu1-sad7res. Esse f71 7 t1p7 de s7c1747g1a que fl 7resceu 67s países e5 tra6s1çã7 a7 s7c1a41s57, 16te6s1va5e6te prat1cada e5 países c757 Rúss1a e P74ô61a. Era u5a espéc1e de s7c1747g1a descr1t1va, que 5u1tas vezes 7perava c75 recurs7s 16terpretat1v7s d7 5ét7d7 de exp41caçã7 fu6c176a41sta e da s7c1747g1a e5pír1ca, se5 que d1ss7 se fi zesse rec76hec15e6t7 púb41c7. A sociologia concreta pr7curava f7r6ecer dad7s 7b2et1v7s, capazes de 7r1e6tar a

(9)

resu4tad7s da pr7duçã7. N7 c76text7 de 41beraçã7 d7s países afr1ca67s d7s a67s de 1950, 60 e 70, a 16c7rp7raçã7 d7 s7c1a41s57 c757 u5a téc61ca de superaçã7 d7 subdese6v74v15e6t7 57t1var1a 7 cu4t1v7 das c1ê6c1as s7c1a1s e5 574des se5e4ha6tes a7s d7s países d7 b47c7 s7v1ét1c7.

Ressa4te-se que esse t1p7 de s7c1747g1a 5u1tas vezes sucu5b1u a te6tações d7g5át1cas de e6ca1xar 7s dad7s e5pír1c7s 6u5a ca51sa-de-f7rça teór1ca, sup7sta5e6te 5arx1sta, c75 c1tações r1tua1s d7s 5a6ua1s de 5ater1a-41s57 h1stór1c7 e d1a4ét1c7, be5 c757 referê6c1as 7br1gatór1as a7 pe6sa5e6t7 de Sta416 7u às f7r5u4ações 7fi c1a1s d7s part1d7s c75u61stas. Esse padrã7 aut7r1tár17 de pe6sa5e6t7 se repr7duz1u ta5bé5 e5 M7ça5b1que, afeta6d7 7 cu4t1v7 das c1ê6c1as s7c1a1s de 57d7 a e6quadrá-4as 6as p7s1ções 7fi c1a1s d7 part1d7 da FRELIMO. O que 6ã7 passava 5u1tas vezes de 5era s7c1747g1a e5pír1ca era c747cad7 c757 a6á41se d1a4ét1ca, a fi 5 de receber 4eg1t15açã7 p74ít1ca e 16te4ectua4 de6tr7 de reg15es aut7r1tár17s. Apesar de ta1s 4151tações, a “s7c1747g1a c76creta” ava6ç7u 5u1t7, e5 ter57s de pesqu1sa e5pír1ca e, qua6d7 s7ube 1r a4é5 das suas a5arras 1de74óg1cas, a4ca6ç7u ta5bé5 u5 grau c76s1deráve4 de c76hec15e6t7 16tegrad7 da rea41dade s7c1a4, 67s seus 5ú4t1p47s aspect7s, c75b16a6d7 ec76751a, s7c1edade, p74ít1ca e cu4tura. Os e6traves d7 perí7d7 de tra6s1çã7 era5 v1st7s de6tr7 de u5a perspect1va g47ba4, a qua4 pr7curava reve4ar as re4ações e6tre a c1dade e 7 ca5p7, a 16dústr1a e a agr1cu4tura, 7 47ca4, 7 reg176a4 e 7 16ter6ac176a4, be5 c757 as d1versas 16terpe6etrações e6tre 7 57der67 e 7 arca1c7, 7 67v7 e 7 ve4h7 67 pr7cess7 de tra6sf7r5açã7 s7c1a41sta da s7c1edade de c4asses.

(10)

RENA-MO (Res1stê6c1a Nac176a4 M7ça5b1ca6a). A Áfr1ca d7 Su4 represe6tava, 16d1reta5e6te, 7s 16teresses das p7tê6c1as hege5ô61cas d7 Oc1de6te, que t74erava5 seu reg15e aberta5e6te segregac1761sta, apesar de c76trár17 a7s

mores sagrad7s da c1v141zaçã7 cr1stã, 41vre e de57crát1ca, c757 u5 preç7

5e67r a pagar c76tra a expa6sã7 d7 c75u61s57; e a RENAMO se va41a d7 d1scurs7 da d1vers1dade ét61ca para 2ust1fi car sua part1c1paçã7 6a res1stê6c1a ar5ada c76tra 7 p7der da FRELIMO. De fat7, 7 s7c1a41s57 aut7r1tár17 que gu17u t7d7 u5 pr7cess7 de 57der61zaçã7 h757ge6e1zad7ra da s7c1edade 57ça5b1ca6a – c75 7 fi asc7 da c74et1v1zaçã7 agríc74a s15b741za6d7 as f7r-ças 16c76tr74áve1s da h1stór1a, que a própr1a rev74uçã7 6ac176a4 6ã7 p7der1a c76t7r6ar 7u sub5eter –, 16se6síve4 às d1fere6ças cu4tura1s de seus p7v7s 7r1g16ár17s, c75bat1das c757 resquíc17s de tr1ba41s57 e de cre6ças retrógradas, deu 5arge6s a que pr7p7stas p74ít1cas e 5141tares c757 as da RENAMO se t7r6asse5 capazes de c76qu1star adept7s e s15pat1za6tes. Qua4quer te6tat1va de c76struçã7 d7 s7c1a41s57 de6tr7 de ta1s c76d1ções se esg7tar1a 6as suas própr1as c76trad1ções 16ter6as e ter1a u5 fô4eg7 basta6te curt7.

Essas sã7 ape6as a4gu5as das pergu6tas, pre7cupações e d14e5as h1stór1c7s que Ruth F1rst e sua equ1pe de pesqu1sad7res se c747cara5 a7 rea41zare5 7 estud7 s7bre 7 516e1r7 57ça5b1ca67. O seu 7b2et1v7 6ã7 era f7r5u4ar u5a te7r1a gera4 s7bre a exp47raçã7 7u 5es57 4egar u5a 67va 16terpretaçã7 d7 cap1ta41s57 a part1r da 7bservaçã7 d7s ac76tec15e6t7s 6a Áfr1ca Austra4. N7 e6ta6t7, acred1ta57s que e4a tr7uxe c76tr1bu1ções teór1cas de re4ev7, que p7de5 ser c75paradas c75 as pesqu1sas rea41zadas p7r c1e6t1stas s7c1a1s 4at167-a5er1ca67s 47ca41zad7s 6a perspect1va crít1ca da te7r1a 5arx1sta da depe6dê6c1a.

A aut7ra 6ã7 se pre7cup7u e5 fazer c1tações r1tua1s de aut7r1dades 1de74óg1cas, a exe5p47 da fi gura 5ít1ca e her71ca de Sa57ra Mache4, se5pre ev7cada pe47s 1deó47g7s da FRELIMO para suste6tar seus própr17s p76t7s de v1sta; e 5es57 as categ7r1as 5arx1stas ut141zadas 67 41vr7 sã7 c747cadas de 57d7 7r1g16a4, se5pre 16te6ta6d7 reve4ar a espec1fi c1dade de M7ça5b1-que, 7u 5e4h7r, d7 pr7cess7 de reatua41zaçã7 da acu5u4açã7 pr151t1va de cap1ta4 6a Áfr1ca Austra4, cap1ta6ead7 pe4a Áfr1ca d7 Su4, e5 41gaçã7 c75 s1tuações c74761a1s d1versas de 7utr7s países.

(11)

e5 M7ça5b1que e seu 16íc17 estava v16cu4ad7 a u5a te6tat1va de ed1fi caçã7 d7 s7c1a41s57, de6tr7 das 4151tações de u5a s7c1edade subdese6v74v1da recé5 egressa d7 c74761a41s57. É cert7 que 7 CEA da U61vers1dade Eduar-d7 M76d4a6e pass7u p7r tra6sf7r5ações após 7 perí7Eduar-d7 de reestruturaçã7 da ec76751a 57ça5b1ca6a, 161c1ad7 e5 fi 6s da década de 1980 (MOSCA, 2005); e, h72e, seus 7b2et1v7s sã7 5u1t7 d1fere6tes daque4es que 4he f7ra5 7r1g16a45e6te atr1buíd7s c757 51ssã7, c76f7r5e se p7der1a de576strar c75 u5a 16vest1gaçã7 apr7fu6dada das 5uda6ças te5át1cas 6a rev1sta Estudos Moçambicanos, pr16c1pa4 pub41caçã7 v16cu4ada a7 Ce6tr7. N7ss7 pr7pós1t7

aqu1, e6treta6t7, é suger1r 7 c415a 16te4ectua4 da fase 161c1a4 d7 Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s, se5 pre7cupações de fazer u5 4eva6ta5e6t7 c75p4et7 de sua h1stór1a até 7s d1as atua1s.

A pesqu1sa s7bre 7 516e1r7 57ça5b1ca67 f71 rea41zada de6tr7 d7s 5arc7s 16st1tuc176a1s da d1sc1p416a “S7c1747g1a d7 dese6v74v15e6t7”, pe4a qua4 Ruth F1rst era resp76sáve4 (BRAGANÇA, O’LAUGHLIN, 2014). Ta4 d1sc1p416a era freque6tada p7r fu6c176ár17s d7s pr16c1pa1s órgã7s e 16stâ6c1as ad5161strat1vas d7 Estad7, c75 d1fere6tes 6íve1s de esc74ar1dade, e t16ha 7 7b2et1v7 de dar sup7rte a7 p4a6e2a5e6t7 das ações d7 g7ver67 da FRELIMO. Gra6de parte da equ1pe de pesqu1sad7res que part1c1para5 d7s traba4h7s de 16vest1gaçã7 de O ouro negro f71 recrutada 6esses quadr7s 16st1tuc176a1s. A

atuaçã7 de Ruth F1rst, 67 Ce6tr7 e 6a d1sc1p416a 5e6c176ada, teve se5pre 7 pr7pós1t7 de c76c141ar 7 e6s167 da te7r1a 6as c1ê6c1as s7c1a1s c75 a prát1ca de pesqu1sa. A despe1t7 das crít1cas que p7de5 ser fe1tas, h72e, a7s a416ha-5e6t7s 1de74óg1c7s d7 CEA, a pr7p7sta de u61r pesqu1sa, e6s167 e te7r1a 67s parece basta6te 167vad7ra, se a c75parar57s c75 as 7r1e6tações atua1s de 7rga61zaçã7 d7 e6s167 u61vers1tár17 das ex-c74ô61as p7rtuguesas, 16c4u16-d7 aí 7 Bras14. Na aprese6taçã7 16c4u16-d7 41vr7 Black gold, Ruth F1rst exp41c1ta 7

675e d7s pesqu1sad7res; ser1a 16teressa6te u5 estud7 que caracter1zasse 7 perfi 4 desse grup7 de 16vest1gad7res e rec76struísse 7 c76text7 acadê51c7 e p74ít1c7 e5 que se 16ser1a5. N7ss7 7b2et1v7 aqu1 é 5a1s 57dest7; 4151ta-se a d1scut1r a4gu5as das teses pr16c1pa1s da 7bra, 67 16tu1t7 de estabe4ecer c75parações c75 7utras s1tuações h1stór1cas, 5a1s atua1s, de exp47raçã7 d7 traba4h7 67 c76t16e6te afr1ca67.

(12)

acadê51ca, 5as pe47 esf7rç7 de 16tegrar ca5p7s d1st16t7s d7 c76hec15e6t7, da ec76751a à s7c1747g1a, passa6d7 pe4a h1stór1a e pe4a a6tr7p747g1a. Nã7 se p7de d1zer que O ouro negro, p7r exe5p47, é u5 41vr7 de s7c1747g1a. É

5a1s adequad7 s1tuá-47 67 ca5p7 da Ec76751a P74ít1ca; 5as a41 há ta5bé5 u5a s7c1747g1a e5but1da e p7de57s e6c76trar p76t7s de d1vergê6c1as c75 as te7r1as da 57der61zaçã7, 5u1tas vezes exp7rtadas d7 ce6tr7 cap1ta41sta para as per1fer1as.

N7 16tu1t7 de 16d1car a4gu5as das pr16c1pa1s c76tr1bu1ções teór1cas d7 41vr7 O ouro negro, passa57s, ag7ra, a exp7r suas teses ce6tra1s,

c75-para6d7 c75 e4e5e6t7s da te7r1a 5arx1sta da depe6dê6c1a, e6tã7 pr7duz1da 6a A5ér1ca Lat16a u5 p7uc7 a6tes, 6as décadas de 1960 e 70.

Nesse traba4h7, Ruth F1rst te5 a pre7cupaçã7 de se ap71ar 6a fu6da-5e6taçã7 e5pír1ca. Ass15, 6e6hu5a afi r5açã7 teór1ca de re4ev7 é fe1ta se5 a4usã7 às ev1dê6c1as c74etadas e 16terpretadas. N7 cas7 da te7r1a 5arx1sta da depe6dê6c1a, e5b7ra se p7ssa5 c76hecer as referê6c1as e5pír1cas de aut7res c75 gra6de capac1dade teór1ca – c757 Ruy Maur7 Mar1618 (2012), Vâ61a Ba5b1rra (2013) e The7tô617 d7s Sa6t7s (1991 e 2000) –, 7 traba4h7 de Ruth F1rst é 5u1t7 5a1s ex1ge6te. Essa d1fere6ça ta4vez se exp41que pe47 fat7 de ta1s pe6sad7res estare5 5a1s pre7cupad7s e5 a41cerçar u5a 67va v1sã7 crít1ca das s7c1edades cap1ta41stas per1fér1cas e5 c76exã7 c75 7s d16a51s57s d7 cap1ta41s57 5u6d1a4 c76tr74ad7 pe4as 6ações hege5ô61cas. Nesse traba4h7 de f7r5u4açã7 teór1ca, as ev1dê6c1as e5pír1cas p7der1a5, se5 grave pre2uíz7, ser parc1a45e6te 6eg41ge6c1adas.

(13)

O “OURO NEGRO” E O CAMPONÊS MOÇAMBICANO:

SUPEREXPLORAÇÃO E SUBIMPERIALISMO

O 41vr7 é u5a 7bra c74et1va, aprese6ta6d7 7s resu4tad7s de u5a a5p4a pesqu1sa e5pír1ca c77rde6ada pe4a 16vest1gad7ra su4-afr1ca6a Ruth F1rst. Levada a cab7 e5 1977, e5 M7ça5b1que, a 16vest1gaçã7 f7ca41z7u as c76d1ções de v1da d7s traba4had7res 51gra6tes 6as 516as da Áfr1ca d7 Su4. C75b16a6d7 pr7ced15e6t7s de pesqu1sa qua6t1tat1va, c75 dad7s re4at1v7s a7 fl ux7 de traba4had7res, c76trat7s, sa4ár17s, perí7d7 de c76trataçã7 etc., e e6trev1stas e5 pr7fu6d1dade, a 16vest1gaçã7 se v16cu4ava à te6tat1va de rec76struçã7 da ec76751a e s7c1edade 57ça5b1ca6as, após 7 tér5167 da guerra de 41bertaçã7, e5 1975, busca6d7 7r1e6tar c75 base e5pír1ca adequada as p74ít1cas s7c1a1s pr7ve61e6tes da 7pçã7 1de74óg1ca pe47 s7c1a41s57. Ass15, pr7curava exp41car, p7r exe5p47, c757 7s traba4had7res 57ça5b1ca67s 51gra6tes de 7r1ge5 ca5p76esa, passa6d7 pe4a exper1ê6c1a da pr74etar1-zaçã7 6as 516as su4-afr1ca6as e adqu1r16d7 67v7s c76hec15e6t7s téc61c7s, p7der1a5 ag7ra c76tr1bu1r para a 16dustr1a41zaçã7 de seu própr17 país? A caracter1zaçã7 d7 traba4h7 51gra6te e5 M7ça5b1que, para a Áfr1ca d7 Su4, te5 s1d7 u5a c76sta6te 6as pesqu1sas de vár17s aut7res (HARRIS, 1959; HARRIES, 1976; RITA-FERREIRA, 1991; ALLINA, 2013). Ta1s estud7s a4ta5e6te espec1a41zad7s serve5 de c76trap76t7 às c76c4usões gera1s c76t1das e5 Black gold e per51te5 ava41ar e5 que 5ed1da 7 41vr7 te5 c76s1stê6c1a

e5pír1ca, teór1ca e 5et7d74óg1ca. O que s16gu4ar1za, de cert7 57d7, a 7bra de Ruth F1rst é 7 esf7rç7 de s1tuar 7 traba4h7 51gra6te 6a 16terpretaçã7 da gê6ese e dese6v74v15e6t7 d7 padrã7 de acu5u4açã7 cap1ta41sta, de t1p7 c74761a4 e depe6de6te, que se estabe4ece dup4a5e6te e6tre M7ça5b1que e Áfr1ca d7 Su4. Trata-se de u5 pr7b4e5a d1fíc14 de equac176ar ape6as e5 ter57s teór1c7s, p71s e6v74v1a 7 7b2et1v7 prát1c7 de c76qu1star a adesã7 d7s traba4had7res 51gra6tes a7 pr7cess7 de c76struçã7 6ac176a4.

(14)

d7 Apartheid serv1a c757 u5a ca1xa de ress76â6c1a que a5p41ava as d1sputas

p74ít1cas, 1de74óg1cas, ec76ô51cas e 5141tares e6tre 7s d71s países.

O 41vr7 ev1de6c1a 7 e6ga2a5e6t7 p74ít1c7 da aut7ra e, a7 5es57 te5p7, é c76struíd7 de6tr7 das ex1gê6c1as d7 r1g7r acadê51c7. D1v1de-se e5 quatr7 gra6des partes. Na pr15e1ra, sã7 ab7rdadas causas e fat7res h1stór1-c7s da exp7rtaçã7 d7 traba4h7, e a6a41sada a s15b17se e6tre 7 c74761a41s57 p7rtuguês e as 6ecess1dades de acu5u4açã7 de cap1ta4 da 16dústr1a 516e1ra 6a Áfr1ca d7 Su4. Sã7 desve6dadas, aí, c76exões e6tre ta1s 6ecess1dades de acu5u4açã7, a fu6çã7 d7 7ur7 6a ec76751a cap1ta41sta 5u6d1a4, e5 suas ra51fi cações c75 a Eur7pa, p7r exe5p47, e a 15p7rtâ6c1a, para P7rtuga4, da 5a6ute6çã7 de u5 7bs74et7 reg15e de esp741açã7 e exp47raçã7 c74761a4 da f7rça de traba4h7. O c74761a41s57 p7rtuguês e5 M7ça5b1que era v1ta4 para a repr7duçã7 cap1ta41sta da Áfr1ca d7 Su4, 5es57 que, p7r vezes, h7uvesse d1vergê6c1as de 16teresses e6tre c74767s p7rtugueses e as gra6des c7rp7ra-ções su4-afr1ca6as v74tadas para a exp47raçã7 das 516as de 7ur7 e carvã7.

Os ba1x7s sa4ár17s pag7s a7s traba4had7res 51gra6tes 57ça5b1ca67s era5, a7 5es57 te5p7, f76tes de d1v1sas para a 5etróp74e p7rtuguesa e 5e17s de baratea5e6t7 d7s cust7s de pr7duçã7 para as c7rp7rações su4--afr1ca6as, que c75b16ava5, a7 476g7 de t7d7 7 sécu47 XX, 7 5í6157 de traba4h7 qua41fi cad7, bra6c7, c75 a exp47raçã7 de gra6des c76t16ge6tes de traba4had7res 6egr7s afr1ca67s. U5a espéc1e de “cap1ta41s57 rac1a4” ref7rçava 7 própr17 reg15e segregac1761sta da Áfr1ca d7 Su4 e p7ss1b141tava-4he, p7r 5e17 da 16te6s1fi caçã7 d7 traba4h7, reba1xar 7 cust7 da 5ã7 de 7bra para u5 6íve4 16fer17r a7 das suas 6ecess1dades de repr7duçã7 c757 traba4had7res e de sua fa5í41a. A c75b16açã7 e6tre pr74etar1zaçã7 parc1a4 e ec76751a ca5p76esa – à qua4 7s 7perár17s das 516as c76t16uava5 v16cu4ad7s, p71s 67s 16terva47s e6tre u5 c76trat7 de traba4h7 e 7utr7 6a Áfr1ca d7 Su4 e4es ret7r6ava5 para suas casas e dura6te seu perí7d7 de ausê6c1a seus fa5141ares, esp7sas e fi 4h7s, assu51a5 7 4ab7r agríc74a – ta5bé5 per51t1a tra6sfer1r 7 custe17 da repr7duçã7 da 5ã7 de 7bra e de suas fa5í41as para 7s própr17s traba4had7res, a7 cu4t1vare5 be6s de c76su57 própr17s e/7u que pudesse5 ser ve6d1d7s 67 c75érc17 47ca4.

(15)

Ruth F1rst, 7 c74761a41s57 p7rtuguês f71 u5a espéc1e de “c74761a41s57 p7r pr7curaçã7” suste6tad7 p7r u5 Estad7 c74761a4 dup47, e5 que a esp741açã7 d7 traba4had7r era fe1ta pe47s ac7rd7s e6tre P7rtuga4 e Áfr1ca d7 Su4; esta ú4t15a d1tava a 5a17r parte das c76d1ções. Essa é u5a descr1çã7 exata e e5p1r1ca5e6te c76s1ste6te das teses de Ruy Maur7 Mar161 (2012) s7bre a c75b16açã7 e6tre superexp47raçã7 e sub15per1a41s57, 5as apa6ha6d7 u5a s1tuaçã7 c74761a4 típ1ca.

A segu6da parte d7 41vr7 traça 7 perfi 4 da f7rça de traba4h7 6as 516as su4-afr1ca6as. A aut7ra f7ca41za as 5uda6ças 6a 16dústr1a 516e1ra, 6a década de 1970, c75 as 167vações tec674óg1cas, be5 c757 as pressões para au-5e6t7 e reduçã7 da f7rça de traba4h7 v1v7 7u d7 cap1ta4 var1áve4 d1a6te das 7sc14ações d7 5ercad7 16ter6ac176a4. Sã7 ap76tadas ta5bé5 as c76d1ções adversas, 15p7stas a7s traba4had7res das 516as 67s c76trat7s assu51d7s, as estratég1as d7s órgã7s 7fi c1a1s da Áfr1ca d7 Su4 para 5a6ter c76sta6te 7 fl ux7 de 5ã7 de 7bra. Ade5a1s, 7 aspect7 sub2et1v7 da v1sã7 de 5u6d7 d7s 7perár17s é retratad7 6as 5ús1cas p7r e4es ca6tadas e 6as e6trev1stas c76ced1das a7s pesqu1sad7res.

Nessa parte d7 41vr7, sã7 c76trastadas de 57d7 7r1g16a4 a s1tuaçã7 7b2et1va d7s 7perár17s 516e1r7s e5 pr7cess7 de pr74etar1zaçã7 e as 5uda6ças e5 seus 57d7s de apree6der 7 5u6d7, a sua c76sc1ê6c1a e seu 4ad7 sub2et1v7. A aut7ra parece persegu1r qua4 ser1a 7 grau de c76s1stê6c1a dessa c76sc1ê6c1a de c4asse e5 f7r5açã7, a fi 5 de ass16a4ar e4e5e6t7s de 1de6t1fi caçã7 p74ít1ca de ta1s traba4had7res. E5b7ra 6ã7 este2a tã7 exp4íc1t7, 7 7b2et1v7 a45e2ad7 ser1a saber c757 essa f7rça 7perár1a 16c1p1e6te p7der1a c76tr1bu1r, c75 suas hab141dades e qua41fi cações téc61cas, para 7 pr7cess7 de 16dustr1a41zaçã7 e5 M7ça5b1que, e que t1p7s de sacr1fíc17s esses traba4had7res p7der1a5 assu51r, a6te 7 seu 6íve4 de c76sc1ê6c1a de c4asse e, ta5bé5, a part1r de suas asp1rações sub2et1vas e dese27s de c76stru1r u5a v1da 5e4h7r para suas respect1vas fa5í41as. Ou se2a, pr7curava-se saber que a4ter6at1vas 7 g7ver67 57ça5b1ca67 pós-I6depe6dê6c1a p7der1a 7ferecer a esses traba4had7res, te6d7 e5 v1sta 7 e6tus1as57 c75 a 41bertaçã7 rece6te d7 2ug7 c74761a4 e, a16da, as d1fi cu4dades de re7rga61zaçã7 da v1da ec76ô51ca e5 67vas bases.

(16)

u5 peque67 5ercad7 47ca4 para 7s pr7dut7s agríc74as; a pr7duçã7 para ex-p7rtaçã7, a6tes estabe4ec1da e5 bases c74761a1s; a agr1cu4tura de subs1stê6c1a, tud7 1ss7 é afetad7 e re7rga61zad7 pe4a pe6etraçã7 e 16te6s1fi caçã7 de u5a ec76751a 576etár1a. Esta, p7r sua vez, 6a 16terpretaçã7 de F1rst, t7r67u-se fu6c176a4 para a repr7duçã7 da própr1a ec76751a ca5p76esa e a5bas se t7r6ara5 c75p4e5e6tares. A d1st16çã7 esta6que e6tre trad1c176a4 e 57der67 fe1ta pe4as versões 5a1s d7g5át1cas da te7r1a da 57der61zaçã7 6ã7 caber1a 67 cas7 c76cret7 de M7ça5b1que. Ass15 c757 a te7r1a da depe6dê6c1a 6a A5ér1ca Lat16a d1rec1767u f7rtes crít1cas a essa v1sã7 reduc1761sta c76t1da 6as te7r1as da 57der61zaçã79 e 6as 1de747g1as dese6v74v15e6t1stas d7s a67s de 1950, 7 41vr7 de Ruth F1rst de576stra c75 u5a só41da e4ab7raçã7 e5pír1ca que esse 6ã7 ser1a 7 cas7 ta5bé5 e5 M7ça5b1que e, p7dería57s d1zer, para 7 c762u6t7 da Áfr1ca.

P7r fi 5, a quarta e ú4t15a parte d1sc7rre s7bre a 1de6t1fi caçã7 de c4asse dessa 5ã7 de 7bra 51gra6te. Seus 16tegra6tes ser1a5 pr74etár17s 7u ca5p7-6eses? Esse é 7 text7 5e67s exte6s7 d7 41vr7; p7ré5, s16tet1za as c76c4usões teór1cas 5a1s re4eva6tes d7 estud7. Ser1a 16teressa6te c75eçar a 4e1tura d7 41vr7 pe47 seu fi 6a4, 1st7 é, 4er 7 ú4t157 capítu47 e dep71s 1r desc7br16d7 c757 a aut7ra a4ca6ç7u u5a v1sã7 teór1ca 5a1s a5p4a da s7c1edade 57ça5b1ca6a.

D1ría57s que há 6a prese6te seçã7 da 7bra e4e5e6t7s de 167vaçã7 que p7der1a5 ser apr7ve1tad7s 6as te7r1as 5arx1stas da depe6dê6c1a, p71s se trata de u5 esf7rç7 de apree6sã7 da rea41dade, pr7duz1d7 67 c76text7 da tra6s1çã7 de u5 país afr1ca67 recé5-egress7 d7 c74761a41s57 e dete6d7, p7r 1ss7, pr7b4e5as e d14e5as e6fre6tad7s 67 pr7cess7 de c76struçã7 6ac176a4, agravad7s de 5a6e1ra exp76e6c1a4. U5 5arx1s57 de 15p7rtaçã7 6ã7 a2udar1a a res74ver 6e6hu5 d7s pr7b4e5as 1de6t1fi cad7s 67 41vr7. Desse 57d7, t7da a v1ta41dade teór1ca da 7bra se reve4a 6esta parte d7 traba4h7.

A4é5 de c76c4usões se5e4ha6tes às da esc74a 5arx1sta da depe6dê6c1a 6a A5ér1ca Lat16a10, a questã7 teór1ca c747cada p7r Ruth F1rst se reve4ava c757 u5 pr7b4e5a p74ít1c7 de re7rga61zaçã7 da ec76751a 57ça5b1ca6a e5 bases 6ã7 cap1ta41stas. Hav1a aí u5a c75p4eta s15b17se e6tre te7r1a e práxis

(17)

e suste6tar 7 pr7cess7 de 16dustr1a41zaçã7 e5 M7ça5b1que, as asp1rações 16d1v1dua1s d7s ca5p76eses e traba4had7res dever1a5 ser 4evadas e5 c76-ta, de 57d7 que 7 traba4h7 c77perat1v7 6as faze6das 6ã7 se t7r6asse a4g7 15p7st7, 7u c74et1va5e6te f7rçad7, a exe5p47 d7 que 7c7rrera e5 7utr7s países e5 tra6s1çã7 a7 s7c1a41s57. Se é 6a prát1ca p74ít1ca que se reve4a a f7rça da te7r1a, Ruth F1rst se 4a6ç7u a essa c7ra27sa tarefa h1stór1ca. E, se 7s ac76tec15e6t7s segu1ra5 7utr7s ru57s, 1st7 6ã7 se deve a u5 d1ag6óst1c7 fa4s7 da rea41dade 57ça5b1ca6a, 5as ta4vez, 2usta5e6te p7r esse d1ag6óst1c7 6ã7 ter s1d7 apr7ve1tad7 ser1a5e6te e 6ã7 ter s1d7 t75ad7 c757 pressup7st7 para se traçar 416has c76s1ste6tes de açã7.

O 41vr7 c4áss1c7 de Ruth F1rst te5 7 5ér1t7 de t7r6ar 5a1s prec1sas d1versas f7r5u4ações que p7de5 ser ret1radas das te7r1as 5arx1stas da de-pe6dê6c1a, v1s4u5bradas 6u5 cas7 c76cret7 específi c7, e5b7ra 6ã7 f7sse essa a 16te6çã7 da aut7ra. P7de-se fa4ar, ass15, de afi 61dades e4et1vas e6tre 7 Ouro negro e a te7r1a 5arx1sta da depe6dê6c1a. P7ré5, 7 5a1s 15p7rta6te

a destacar é que, supera6d7 6a prát1ca de pesqu1sa 7 c74761a41s57 5e6ta4, Ruth F1rst de576str7u ser p7ssíve4 pr7duz1r c76tr1bu1ções teór1cas 7r1g16a1s a part1r d7 d1á47g7 crít1c7 e e5 c76d1ções de aut76751a 16te4ectua4 c75 as 5atr1zes c4áss1cas e 57der6as das c1ê6c1as s7c1a1s 7r1g16ár1as da Eur7pa e Estad7s U61d7s. Na qua41dade de 16te4ectua4 5141ta6te d7 Part1d7 C75u61sta da Áfr1ca d7 Su4, Ruth F1rst 6ã7 desv16cu47u suas pre7cupações teór1cas de 7b2et1v7s de tra6sf7r5açã7 da rea41dade e5 d1reções 5a1s 1gua41tár1as. A7 ser c76v1dada para traba4har c757 d1ret7ra de pesqu1sas d7 Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s, a aut7ra era e6tã7 pr7fess7ra re675ada 6a I6g4aterra, te6d7 traba4had7 p7r se1s a67s 6a Durham University. E5b7ra 67ss7 16tu1t7

aqu1 6ã7 se2a 7 de rec76stru1r a tra2etór1a de Ruth F1rst, é 7p7rtu67 d1zer que seus escr1t7s c75pree6de5 desde 7 debate fe5161sta de sua ép7ca, passa6d7 p7r questões 5a1s específi cas da Áfr1ca d7 Su4 e, 16c4u16d7, de6tre 7utr7s assu6t7s, 7s pr7cess7s p74ít1c7s de g74pes de Estad7 67 c76t16e6te afr1ca6711.

(18)

a4qu1-51stas da c1ê6c1a ec76ô51ca c76te5p7râ6ea. O su7r e 7 sa6gue de 5u1ta ge6te t7r6a5 esse 7ur7 u5a 5ercad7r1a a16da 5a1s va47r1zada 6a ec76751a 16ter6ac176a4. Esse é 7 assu6t7 ab7rdad7 6a próx15a seçã7, pr7cura6d7-se estabe4ecer re4ações, a part1r d7 exe5p47 da c1dade de Sad174a, 67 Ma41, e6tre a especu4açã7 fi 6a6ce1ra 16ter6ac176a4 e a exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as afr1ca6as.

O “CAPITAL FINANCEIRO” E A EXPLORAÇÃO DO TRABALHO

NAS MINAS AFRICANAS

O 41vr7 de Ruth F1rst desperta 67ssa ate6çã7 para 7 pape4 da especu4açã7 fi 6a6ce1ra 6a exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as su4-afr1ca6as. A c75pree6sã7 da própr1a 67çã7 teór1ca de “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” p7de ga6har 5u1t7 c75 estud7s espec1fi ca5e6te v74tad7s para as rea41dades afr1ca6a e 4at167-a5e-r1ca6a. P7r 1ss7, a7 16vés de c76ce6trar a d1scussã7 6u5 cas7 part1cu4ar de c77peraçã7 Su4-Su4 – a exe5p47 da prese6ça da e5presa bras14e1ra Va4e, 67 67rte de M7ça5b1que –, 67ss7s quest176a5e6t7s e5 t7r67 da categ7r1a “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”, a part1r de Áfr1ca, 67s 4eva5 a estabe4ecer u5 para4e47 e6tre a exp47raçã7 d7 7ur7 6a Áfr1ca d7 Su4 67s a67s 1970 e a s1tuaçã7 da c1dade de Sad174a, 67 Ma41, e5 p4e67 16íc17 d7 sécu47 XXI. O 7ur7 c76t16ua a ser u5a das bases desse cap1ta4 fi 6a6ce1r7 e sua pr7duçã7 se re4ac176a d1reta5e6te c75 a exp47raçã7 d7 traba4h7, ass7c1ada a 5ét7d7s v174e6t7s de acu5u4açã7 pr151t1va basead7s 6a 5a1s-va41a abs74uta e e5 f7r5as de exp47raçã7 6ã7 espec1fi ca5e6te cap1ta41stas, caracter1zadas pe4a d1v1sã7 “rac1a4” d7 traba4h7 e pe4a v174ê6c1a p74ít1ca c76tra parce4as s1g61fi cat1vas da p7pu4açã7 afr1ca6a. U5 e6f7que exc4us1v7 s7bre 7s ce6tr7s hege5ô61c7s ser1a f7rç7sa5e6te 16c75p4et7 e 6ã7 dar1a c76ta dessa d16â51ca g47ba4.

A e4ab7raçã7 teór1ca da categ7r1a “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” 6ã7 é a4g7 estra6h7 às d1versas rea41dades afr1ca6as, p71s estas se v16cu4a5 à d16â51ca 5u6d1a4 e s7fre5 d1reta 7u 16d1reta5e6te as c76sequê6c1as 6egat1vas da 5u6d1a41zaçã7 d7 cap1ta4. Na verdade, a 6atureza exata d7 cap1ta4 fi 6a6ce1r7 e sua e4ab7raçã7 prec1sa, c757 categ7r1a a6a4ít1ca, e5 ter57s 5arx1stas, tê5 5u1t7 a ga6har c75 u5 e6f7que v74tad7 para a exp47raçã7 d7 traba4h7 67s países d7 c76t16e6te afr1ca67 e c75 as 67vas f7r5as de repr7duçã7 d7 c74761a41s57.

(19)

traba4h7 6as 516as de 7ur7 su4-afr1ca6as aqu1 a6a41sad7 e 7 cas7 da c1dade de Sad174a, 67 Ma41, 67s per51te 1de6t1fi car a4gu6s d7s pr16c1pa1s deter51-6a6tes da categ7r1a “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”. N7s ce6tr7s de estud7s afr1ca67s espa4had7s pe4a Eur7pa, ass15 c757 67s seus c76gê6eres s7bre A5ér1ca Lat16a e Or1e6te, a 1de1a é que 7 4ugar de pr7duçã7 da gra6de te7r1a se e6-c76tra 6as s7c1edades 7c1de6ta1s 57der6as, t1das c757 a4ta5e6te c75p4exas e d1fere6c1adas, e6qua6t7 Áfr1ca, A5ér1ca Lat16a, Ás1a, Leste Eur7peu etc., ser1a5 5eras 14ustrações que escapa5 à te7r1zaçã7 7u subt1p7s de s7c1edades que se afasta5 7u se apr7x15a5 d7s t1p7s sup7sta5e6te 5a1s ava6çad7s e dese6v74v1d7s.

Essa é u5a v1sã7 cô57da, que 7cu4ta 5eca61s57s de d7516açã7 67 p4a67 s15bó41c7 e cu4tura4, própr17s de g7ver67s e 6ações que se atr1bue5 u5a v7caçã7 15per1a4. Desve6dar as re4ações e6tre 7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”, a exp47raçã7 d7 7ur7 e5 Áfr1ca e a superexp47raçã7 d7s traba4had7res afr1ca67s, quest176a6d7 categ7r1as e4ab7radas c75 base 67 pe6sa5e6t7 Oc1de6ta4, 67 cas7 7 5arx1s57, é u5 5e17 de superar 4151tações c76ce1tua1s das c1ê6c1as s7c1a1s c76struídas 6u5a perspect1va eur7cê6tr1ca. Iss7 p7de ser fe1t7, c76tud7, se5 se abr1r 5ã7 da hera6ça crít1ca de ta4 pe6sa5e6t7.

Nesse se6t1d7, 5a17r prec1sã7 c76ce1tua4 da própr1a te7r1a 5arx1sta s7bre acu5u4açã7 de cap1ta4, 15per1a41s57 e cap1ta4 fi 6a6ce1r7 só p7derá ava6çar se as per1fer1as f7re5 16c7rp7radas 6essa te1a c75p4exa de 16tera-ções e 16fl uê6c1as recípr7cas. E5 ret7r67, u5a atuaçã7 p74ít1ca 67s países afr1ca67s c76tra a f75e de ave de rap16a d7 cap1ta4 16ter6ac176a4 5u1t7 sa1r1a ga6ha6d7 se, a7 16c7rp7rar57s Áfr1ca c757 f76te de pr7duçã7 de te7r1as s7c174óg1cas, 7s 5eca61s57s p74ít1c7s e 1de74óg1c7s de sua 16serçã7 des1gua4 6a d1v1sã7 16ter6ac176a4 d7 traba4h7 pudere5 ser desve6dad7s e c75bat1d7s pe4as f7rças s7c1a1s pr7gress1stas de seus respect1v7s países.

Mu1t7 e5 v7ga 67s a67s de 1970 6a A5ér1ca Lat16a e c75 ra51fi ca-ções ta5bé5 e5 Áfr1ca, a exe5p47 da 7bra de Sa51r A516 (1970; 1976), a te7r1a da depe6dê6c1a p7de ser h72e ut141zada para a6a41sar as d16â51cas ge7p74ít1cas, cu4tura1s e ec76ô51cas 16ter6ac176a1s e6tre 7s ce6tr7s e as per1fer1as, de u5 4ad7, e as própr1as tra6sf7r5ações d7s ce6tr7s cap1ta41stas 5a1s dese6v74v1d7s, que passara5 a f75e6tar suas per1fer1as 16ter6as, de 7utr7. O padrã7 de dese6v74v15e6t7 des1gua4 e c75b16ad7, e6tre d1fere6tes reg1ões, é ap76tad7, pe4a te7r1a da depe6dê6c1a, c757 característ1ca que se repr7duz h72e de f7r5a ace6tuada.

(20)

4ad7 67 cu4t1v7 das c1ê6c1as s7c1a1s e5 f7r5ações cu4tura1s per1fér1cas; 7u se2a, te6ta5-se c76stru1r te7r1as s7c174óg1cas 67 c76fr76t7 e6tre as 5atr1zes 7c1de6ta1s de pe6sa5e6t7 das c1ê6c1as s7c1a1s e a crít1ca dessas 5es5as 5atr1zes, a part1r d7 4ugar de fa4a de pesqu1sad7res s1tuad7s, 5u1tas vezes de f7r5a 5arg16a41zada, 6as per1fer1as d7 s1ste5a 5u6d1a4 de p7der.

Essa era a pr7p7sta d7s teór1c7s da depe6dê6c1a: cr1t1car te7r1as de gê6ese eur7pe1a, 67 cas7 7 5arx1s57, e, a part1r da crít1ca, 16ser1r as rea-41dades per1fér1cas 6a própr1a c76struçã7 teór1ca, de 57d7 a quest176ar 7 caráter parc1a4 e as 16sufi c1ê6c1as das c1ê6c1as s7c1a1s de 5atr1zes 7c1de6ta1s, 6u5 esf7rç7 de pr7curar 1r a4é5 e pr7duz1r u5 t1p7 de c76hec15e6t7 que abarcasse d1fere6tes s1tuações h1stór1cas.

Nã7 basta defe6der 67v7s 4ugares de fa4a e de pr7duçã7 de d1scurs7s c76trahege5ô61c7s, u5a c76qu1sta 16egáve4 das perspect1vas pós-c74761a1s; faz-se 6ecessár17 quest176ar p7r de6tr7 7s saberes eur7cê6tr1c7s hege5ô61c7s, e u5a das 5a6e1ras de fazer 1ss7 é de576stra6d7, 6ã7 só que 7 c76hec15e6t7 p7r e4es a4ca6çad7 se aprese6ta c757 16sufi c1e6te e d1st7rc1d7, 5as 16d7 a4é5 dessas 4151tações e pr7duz16d7 te7r1as 5a1s c76s1ste6tes e capazes de c75pree6der e art1cu4ar 6u5a v1sã7 de c762u6t7 7s ce6tr7s e as per1fer1as c75p76e6tes d7 s1ste5a. Os teór1c7s 5arx1stas da depe6dê6c1a traba4hara5 e5 ta1s d1reções. E6c76tra57s essa 5es5a 7r1e6taçã7 67 41vr7 Black gold, de

Ruth F1rst. Apesar de suas raízes eur7cê6tr1cas, 7 5arx1s57 se tra6sf7r57u e5 ar5a teór1ca e p74ít1ca d7s p7v7s sub5et1d7s à d7516açã7 c74761a4 e 15per1a41sta, est15u4a6d7 pesqu1sas h1stór1cas c757 Os jacobinos negros,

de Cyr14 L176e4 R7bert Ja5es (2000). Esse h1st7r1ad7r, v16cu4ad7 à IV I6-ter6ac176a4, f71 ta5bé5 u5 defe6s7r d7 6ac176a41s57 afr1ca67, ap71a6d7 7 pr7cess7 p74ít1c7 da 16depe6dê6c1a de Ga6a. A7 se apr7x15ar da s1tuaçã7 c76creta d7s países afr1ca67s e 4at167-a5er1ca67s, a a6á41se 5arx1sta ter516a p7r ga6har 15p7rta6tes subsíd17s para cr1t1car e superar 7s fu6da5e6t7s eur7cê6tr1c7s de sua v1sã7 de 5u6d7 7r1g16a4.

U5 grave equív7c7 ser1a c76s1derar que 7 dese6v74v15e6t7 cap1ta41sta, 1st7 é, a ge6era41zaçã7 da f7r5a de exp47raçã7 pe4a 5a1s-va41a re4at1va, aca-bar1a p7r e41516ar f7r5as pr151t1vas da exp47raçã7 cap1ta41sta, a 5a1s-va41a abs74uta, 7u 5es57 fazer desaparecer f7r5as 7utras de exp47raçã7, 6ã7 cap1ta41stas, c757 a d1v1sã7 “rac1a4” d7 traba4h7 e 57da41dades abertas e ve4adas de escrav1dã7 e/7u depe6dê6c1a serv14. As 4e1s de dese6v74v15e6t7 d7 57d7 de pr7duçã7 cap1ta41sta – ta1s c757 exp7stas p7r Marx e5 sua Magnum opus – repr7duze5, 6u5 p4a67 e4evad7 de abstraçã7, as suas te6dê6c1as 5a1s

(21)

c76duze5 à 16c7rp7raçã7 de 7utras deter516ações h1stór1cas, ec76ô51cas, p74ít1cas e cu4tura1s. É 15p7rta6te 4evar 1ss7 e5 c76ta p7rque as 4e1turas de O capital que se5pre pr7cura5 buscar c76fi r5açã7 7u refutaçã7 pe47s

fat7s, segu6d7 perspect1vas 4óg1c7-dedut1vas e 16dut1vas sã7 despr7v1das de se6t1d7. O 5ét7d7 d1a4ét1c7 de Marx 7ferece u5 5e17 de e4ab7rar 7 c76he-c15e6t7 das s7c1edades c76cretas e5 suas 5ú4t1p4as d15e6sões, p74ít1cas, s7c1a1s, ec76ô51cas, cu4tura1s, 1de74óg1cas e de qua1squer 7utr7s t1p7s. As categ7r1as c76t1das e5 O capital ser1a5, 6esses ter57s, p76t7s de part1da

4óg1c7s, ep1ste574óg1c7s, c1e6tífi c7s e 5et7d74óg1c7s; ass15, se s1tua5 6u5 grau e4evad7 de abstraçã7 e ge6era41zaçã7, apesar de p7ssuíre5 u5 c76teú-d7 h1stór1c7 c76cret7, p71s se5 a ex1stê6c1a 5es5a c76teú-d7 57c76teú-d7 de pr7duçã7 cap1ta41sta ta1s 67ções teór1cas 6u6ca ter1a5 s1d7 15ag16adas 67 â5b1t7 da ec76751a p74ít1ca. A caracter1zaçã7 das c4asses s7c1a1s será, 67s h7r1z76tes desta argu5e6taçã7, basta6te d1fere6te, c76f7r5e 7 6íve4 de abstraçã7 este2a s1tuad7 6a abra6gê6c1a teór1ca de O capital, de u5 4ad7, 7u a 16te6çã7 se2a

7 estud7 de f7r5ações s7c1a1s específi cas e c76cretas, c757 7 própr17 Marx aprese6t7u e5 41vr7s c757 O 18 Brumário de Luís Bonaparte (2005), de

7utr7. Nesse se6t1d7 6ã7 se p7de d1zer que haver1a c76trad1çã7 67 fat7 de que, 67 pr15e1r7 41vr7, Marx ter1a de4151tad7 as re4ações e6tre três c4asses s7c1a1s, cap1ta4, traba4h7 e re6da da terra, e6qua6t7 67 segu6d7 as c4asses se d1vers1fi ca5 e5 67breza, gra6de burgues1a, peque6a burgues1a, pr74etár17s, ca5p76eses e, a16da, lumpenproletários. O que há de d1fere6te aí sã7 7s

6íve1s d1vers7s, c75p4e5e6tares e 16terdepe6de6tes de abstraçã7 e c76creçã7 das categ7r1as 4óg1cas e h1stór1cas. É 6esses ter57s que se deve ava6çar 67 esf7rç7 de c75pree6sã7 d7 dese6v74v15e6t7 cap1ta41sta 67s países afr1ca67s, faze6d7 us7 de categ7r1as teór1cas, 6a te6tat1va de sucess1va e s15u4tâ6ea apr7x15açã7 de suas rea41dades c76cretas.

A s1tuaçã7 part1cu4ar da c1dade de Sad174a, 67 Ma41, represe6tar1a ta4 exe5p47 h1stór1c7 de vár1as 7utras s1tuações de repr7duçã7 da p7breza, d7 subdese6v74v15e6t7, p74u1çã7 d7 5e17 a5b1e6te e de dese6v74v15e6t7 des1gua4 e c75b16ad7 e5 t7r67 da extraçã7 de 7ur7 e superexp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as afr1ca6as. O re4at7 d7 cas7 de Sad174a é f7r6ec1d7 p7r G144es Labarthe e5 L’or africain: pillages, trafi cs & commerce internatio-nal (2007), cu2as 16f7r5ações sã7 aqu1 apr7ve1tadas c757 sugestões para

a4gu5as h1póteses 5a1s gera1s de pesqu1sa s7bre a exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as afr1ca6as.

(22)

exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as afr1ca6as. Ora, a percepçã7 de que esse cap1ta4 é v74át14 e a4ta5e6te r7tat1v7 pr7duz a 14usã7 de que e4e p7ssu1 u5a ex1stê6c1a autô675a, 5ág1ca e fet1ch1sta, d7516a6d7 a v1da ec76ô51ca 5u6d1a4. O p17r pesade47 de Marx ter1a ga6had7 v1da 6a ex1stê6c1a d7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”, p71s e4e e4eva à e6és15a p7tê6c1a 7 grau de fet1ch1s-57 d7 pr7cess7 de va47r1zaçã7 d7 cap1ta4 e das 5ercad7r1as. Caber1a a7s ec76751stas e6c76trar 5a6e1ras de d75est1car ta4 “ser 16d75est1cáve4”, c75 as p74ít1cas de a2uste fi sca4 e equ14íbr17 das c76tas púb41cas, de51ssões sa6ead7ras e 7utras 5ed1das austeras para 7s traba4had7res e 7 c762u6t7 das ca5adas p7pu4ares. A verdade, p7ré5, é que a rede de p7der d7 cap1ta4 fi 6a6ce1r7 p7ssu1 sua 7r1ge5 e 6atureza rea4 6a exp47raçã7 d7 traba4h7 e 6a extraçã7 da 5a1s-va41a d7 traba4had7r. Esse cap1ta4 ta5bé5 se a415e6ta das te6tat1vas c76sta6tes de tra6sfer1r para 7 traba4h7, cada vez 5a1s, 7s cust7s de sua aut7 repr7duçã7, ta1s c757 7s p4a67s pr1vad7s de prev1dê6c1a e saúde, fu6d7s de p7upa6ça c75 7s qua1s 7s especu4ad7res p7de5 sa1r 4ucra6d7 e5 suas 7perações 6as b74sas de va47res. P7r 1ss7, a 6atureza d7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” fi cará 5a1s ev1de6te se f7re5 rea41zad7s estud7s s1ste5át1c7s para perceber suas re4ações c75 a exp47raçã7 d7 7ur7 6as 516as da Áfr1ca.

O 7ur7, esse “516era4 6evrá4g1c7” (LABARTHE, 2007, p. 13), esteve ass7c1ad7 67 perí7d7 da Guerra Fr1a à 16dústr1a 6uc4ear da c7rr1da ar5a-5e6t1sta, u5a rea41dade que a16da c76t16ua e5 p4e67 v1g7r. “A4gu5as das 5a17res 5u4t16ac176a1s d7 7ur7 sã7 ta5bé5 at1vas 6a extraçã7 de urâ617. Nã7 é u5 acas7 que se e6c76tre u5 g1ga6te 6uc4ear fra6cês, Areva, 6a pesqu1sa e exp47raçã7 d7 7ur7, 67 Sudã7 e C7sta d7 Marfi 5” (idem, p. 20). Apesar de

seus us7s d1vers1fi cad7s, p7r exe5p47 6a 16dústr1a 51cr7e4etrô61ca, 7 7ur7 c76t16ua a represe6tar a reserva ú4t15a de r1queza d7s países e esse 5eta4 se c76serva c757 a 7b2et1vaçã7 d7 traba4h7 s7c1a4. “Nas f7r5as de 416g7te, de barras 7u 271as, e4e c76st1tu1 7 va47r-refúg17 p7r exce4ê6c1a da p7upa6ça pr1vada, e5 t7d7s 7s c76t16e6tes” (idem, p. 13). As 271as e re4óg17s

(23)

extraçã7 d7 7ur7 é 5a1s u5 fat7r de p74u1çã7 a5b1e6ta4. O que au5e6ta 7 va47r desse 5eta4 67bre 6ã7 é a sua rar1dade, pe47 que gera45e6te se argu-5e6ta c75 base 6a 4e1 da 7ferta e da pr7cura, 5as a exp47raçã7 excess1va d7s traba4had7res que part1c1pa5 d1reta5e6te de sua pr7duçã7. N7 cas7 da c1dade de Sad174a, 67 sud7este d7 Ma41 – u5 exe5p47 que c76fi r5a t7d7s 7s 7utr7s 6as de5a1s s7c1edades e países afr1ca67s – as 5u4t16ac176a1s d7 7ur7 e 7s ba6c7s 16ter6ac176a1s sã7 atraíd7s para a exp47raçã7 desse 5eta4 dev1d7 a7 ba1x7 va47r da 5ã7 de 7bra, à ausê6c1a de regu4açã7 e fi sca41zaçã7 das 4e1s traba4h1stas, a u5a 4eg1s4açã7 a5b1e6ta4 bra6da e, p7r fi 5, a7s fav7res e va6tage6s 5útu7s tr7cad7s e6tre 7s d1ret7res das e5presas estra6ge1ras e 7s p7deres púb41c7s 47ca1s. A c7rrupçã7 está 16crustada 6essas e5presas 5u4t16ac176a1s, 5u1tas de4as c75 5atr1z 67 5u6d7 eur7peu c1v141zad7, e c75 ra51fi cações g47ba1s e cap1ta4 16ter6ac176a41zad7. C75 va6tage6s tã7 absurdas, que be1ra5 à 16se6s1b141dade c75 suas c76sequê6c1as 67c1vas 5a1s ev1de6tes – c757 au5e6t7 de: dese5preg7, a4c7741s57, pr7st1tu1çã7, f75e, p7breza, v174ê6c1a etc. –, 6ã7 é 6e6hu5a surpresa que se c76s1ga aufer1r 4ucr7s extra7rd16ár17s 6a extraçã7 d7 7ur7. Nesse 5eta4 se s741d1fi ca 7 padrã7 5a1s extre5ad7 de exp47raçã7 da f7rça de traba4h7 d7 cap1ta41s57 c76te5p7râ6e7. O 7ur7 é, p7rta6t7, a e6car6açã7 d7 traba4h7 v1v7 6a f7r5a de 5eta4 prec17s7 e, p7r c76segu16te, e4e ta5bé5 represe6ta 7 c762u6t7 das re4ações s7c1a1s resp76sáve1s pe4a sua pr7duçã7.

Apesar da superaçã7 d7 padrã7-7ur7 e sua subst1tu1çã7 pe47 padrã7-dó-4ar, dev1d7 à 6atureza 5es5a de sua pr7duçã7 e a7 seu 4ugar pr1v14eg1ad7 6a especu4açã7 5u6d1a4, u5a 5a17r qua6t1dade de reserva e5 7ur7 represe6ta 7 d75í617 que cada país, reg1ã7 7u e5presas 5u4t16ac176a1s p7ssue5 s7bre a expr7pr1açã7 e exp47raçã7 d7 traba4h7 a4he17. Para se c75pree6der e5 ter57s h1stór1c7, c76cret7s a própr1a 57v15e6taçã7 d7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”, seu caráter paras1tár17 e sua rede 5u6d1a4 de p7der, é prec1s7 e5pree6der 16vest1gações 5a1s específi cas, v74tadas para a exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as de 7ur7 afr1ca6as. Essa ta4vez se2a a f76te pr16c1pa4 d7 cap1ta4 fi 6a6ce1r7 especu4at1v7 e, para 7btê-47, se faz 6ecessár17 c75b16ar f7r5as d1versas de exp47raçã7, cap1ta41stas e 6ã7 cap1ta41stas. G144es Labarthe (idem, p. 31) c1ta

d1vers7s cas7s de 57rte p7r excess7 de esf7rç7 fís1c7, c76ta516açã7 das águas p7r 5ercúr17, e d7 ar pe4a p7e1ra resu4ta6te da extraçã7 de 7ur7. Iss7 se deve à exp47raçã7 excess1va d7 traba4h7 p7r 5e17 de extraçã7 da 5a1s-va41a abs74uta. Ade5a1s, 7 s1ste5a de exp47raçã7 d7 traba4h7 6a c1dade de Sad174a re4e5bra 57de47s típ1c7s d7 apartheid, c75 7 cap1ta41s57 se serv16d7 d7

(24)

e 5es57 as rações de 4e1te e5 pó sã7 d1fere6tes segu6d7 a c7r da pe4e?” (Ibidem). A7 5es57 te5p7, a dre6age5 desses recurs7s 6atura1s aprese6ta

a d15e6sã7 de u5 verdade1r7 b7t15 c74761a4 e de part14ha 15per1a41sta e6tre as gra6des 5u4t16ac176a1s. A 516a de 7ur7 de Sad174a está ass15 d1v1d1da: a IAMGOLD, e5presa ca6ade6se, é ac1761sta 5a27r1tár1a 2u6t7 c75 a A6-g47G74d, su4-afr1ca6a, cada u5a d1sp76d7 de 38% das ações, da SEMOS (S7c1edade de Exp47raçã7 das M16as de Our7 de Sad174a); 7 Estad7 5a416ês d1spõe ape6as d7 5í6157 4ega4 para 41berar 7 acess7 à exp47raçã7, 1st7 é, 18%; 7 Ba6c7 Mu6d1a4, e6fi 5, c76tr74a 7s 6% resta6tes (idem, p. 24-25). O

pr15e1r7 grup7 de h1póteses suste6ta, p7rta6t7, que estud7s 5a1s acurad7s e te7r1ca5e6te fu6da5e6tad7s s7bre a exp47raçã7 d7 7ur7 afr1ca67 – da qua4 a 5a17r parte da p7pu4açã7 d7s países pr7dut7res 2a5a1s 1rá 7bter qua1squer va6tage6s d7s 4ucr7s aufer1d7s pe4a at1v1dade 516erad7ra – a2u-darã7 a c75pree6der 7s d16a51s57s d7 cap1ta41s57 c76te5p7râ6e7 e5 sua d15e6sã7 fi 6a6ce1ra.

U5 segu6d7 grup7 de h1póteses d1z respe1t7, 5a1s d1reta5e6te, às s7c1edades afr1ca6as e a7 t1p7 de cap1ta41s57 6e4as estabe4ec1d7. C75 as dev1das espec1fi cações h1stór1cas e deter516ações c76ce1tua1s, as te7r1as da depe6dê6c1a c76struídas a part1r da A5ér1ca Lat16a, e de aut7res 67rte--afr1ca67s, c757 Sa51r A516, p7de5 ser ret75adas c757 p76t7 de part1da para a c75pree6sã7 da exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as de 7ur7 afr1ca6as. As c1rcu6stâ6c1as re4atadas – a4us1vas à c1dade de Sad174a – sã7 típ1cas e se repr7duze5 de f7r5a 5a1s 7u 5e67s se5e4ha6te 6as de5a1s 47ca41dades afr1ca6as pr7dut7ras de 7ur7. E4as cr1a5 s1tuações de dese6v74v15e6t7 des1gua4 e c75b16ad7, e5 que a geraçã7 de r1quezas se dá c75 a pr7duçã7 s15u4tâ6ea da p7breza abs74uta e re4at1va, 2á basta6te exp41cadas pe4as te7-r1as da depe6dê6c1a, e5 ter57s de re4ações s7c1a1s cap1ta41stas 67s â5b1t7s ec76ô51c7, p74ít1c7 e 1de74óg1c7. Ta1s te7r1as prec1sar1a5, 67 e6ta6t7, ser atua41zadas e 5a1s espec1fi cadas para dar c76ta d7s d1fere6tes c76text7s afr1ca67s. A d1scussã7 c76ce1tua4, a segu1r, sugere a4gu6s ca516h7s de c757 categ7r1as e4ab7radas e5 c76d1ções s7c1a1s d1st16tas p7de5 ser apr7ve1tadas para a c76struçã7 de u5a s7c1747g1a das s7c1edades afr1ca6as.

PROLETÁRIOS E CAMPONESES EM ÁFRICA?

(25)

Ruth F1rst. Sã7 c76trap76t7s c75 7s qua1s te6de57s a c76c7rdar. P7ré5, esta57s 5a1s 16teressad7s, aqu1, 6a questã7 ep1ste574óg1ca de c757 traba-4har c75 c76ce1t7s tra6sp4a6tad7s de c76text7s s7c1a1s be5 d1st16t7s e6tre s1. Esta pre7cupaçã7 f71 ta5bé5 d7s “afr1ca61stas”, 6a década de 1970. C4aude We4ch, p7r exe5p47, 16dagava 67 16íc17 de art1g7 escr1t7 e5 1977 se “ex1ste5 ca5p76eses e5 Áfr1ca” (WELCH, 1977, p. 1). O se6t1d7 da pergu6ta te5, 6a prese6te seçã7, 7 pr7pós1t7 de quest176ar a va41dade da tra6sp4a6taçã7 – para as rea41dades per1fér1cas d7s países afr1ca67s, as1át1c7s e 4at167-a5er1ca67s – de categ7r1as teór1cas pr7duz1das 7r1g16ar1a5e6te e5 s1tuações h1stór1cas de u5 c76text7 s7c1a4 basta6te específi c7 e part1cu4a-r1zad7, 7 passad7 eur7peu de tra6s1çã7 a7 cap1ta41s57; e5 part1cu4ar, 67s refer157s às 67ções de “pr74etár17” e “ca5p76ês”.

O que 7 pr74etár17 e 7 ca5p76ês eur7peus d7s sécu47s XVIII, XIX e XX ter1a5 e5 c75u5 c75 7s pr74etár17s e ca5p76eses afr1ca67s que e5erge5 c75 a part14ha 15per1a41sta da Áfr1ca, 7u c757 se c7stu5a des1g6ar 5a1s freque6te5e6te, c75 7s se51pr74etár17s e cu4t1vad7res afr1ca67s? A questã7 c76duz a s1g61fi cat1v7s 15passes, p71s a própr1a defi 61çã7 da categ7r1a “ca5p76ês” 2á 6asceu e5 5e17 a p74ê51cas 16ter516áve1s. Os ca5p76eses represe6tar1a5 u5a rea41dade tra6s1tór1a e6tre 57da41dades pré-cap1ta41stas de pr7duçã7 e 7 cap1ta41s57 57der67? A7 5es57 te5p7, a ex1stê6c1a d7 ca5pes16at7 depe6d1a da ex1stê6c1a de duas 7utras categ7r1as s7c1a1s, a re6da da terra e 7 se6h7r de terras. Nã7 have6d7 6e5 u5 6e5 7utr7, 6ã7 se p7der1a fa4ar de ca5pes16at7 e esse ser1a 7 cas7 d7s países afr1ca67s. C757 fa4ar de ca5p76eses e5 Áfr1ca, se ex1ste5 chefes trad1c176a1s que c75a6da5 a p7sse c75u61tár1a da terra, 15ped16d7 a e5ergê6c1a de pr7dut7res que traba4he5 16d1v1dua45e6te a terra, rac17c16a6d7 e5 ter57s de ret7r67 ec76ô51c7? E6fi 5, 6ã7 haver1a u5a s1tuaçã7 de c4asse, baseada 6u5a 5es5a p7s1çã7 67 5u6d7 da pr7duçã7 ec76ô51ca, que atestasse a prese6ça d7 ca5p76ês afr1ca67. Era5 esses 7s ter57s das resp7stas 6egat1vas à pergu6ta pr7p7sta p7r C4aude We4ch (1977, p. 1-5). O equív7c7 de ta1s 5a6e1ras de se resp76der à questã7 res1de 6a te6dê6c1a a c76s1derar 7s c76ce1t7s c757 c71sas estát1cas e que p7de5 ser 7bservadas d1reta 7u 16d1reta5e6te 67 5u6d7 e5pír1c7.

(26)

ape6as 67s países eur7peus, 7c1de6ta1s, 7 que se está 6ega6d7 16c76sc1e6te-5e6te, 6a verdade, é a prese6ça h1stór1ca da Áfr1ca 6a própr1a 57der61dade cap1ta41sta. A r1g7r, 6ã7 haver1a camponeses 67s países afr1ca67s, 5as u5a

v1da rura4 trad1c176a4, baseada 67 d75í617 d7s chefes ét61c7s 47ca1s. E5 M7ça5b1que, a de67516açã7 c74761a41sta dessa aut7r1dade é régulo. O

p7der desses chefes 47ca1s 15ped1r1a, ass15, a c76st1tu1çã7 5es5a de u5a c4asse de pr7dut7res c75 a p7sse 16d1v1dua4 de terras, cu27 traba4h7 estar1a sub5et1d7 a ví6cu47s de depe6dê6c1a pess7a4 e d1reta a7s se6h7res de terra. N7 cas7 de Áfr1ca, 7 p7der 6ã7 se c76ce6trava 6a terra; estava d1reta5e6te d1r1g1d7 a7s h75e6s. “Os afr1ca67s 5e6sura5 a r1queza e 7 p7der a6tes e5 h75e6s d7 que e5 acres; aque4es que exerc1ta5 7 p7der sã7 p7ssu1d7res de h75e6s e 6ã7 pr7pr1etár17s de terras” (HOPKINS apud WELCH, 1977,

p. 2). Ou se2a, u5 se6t15e6t7 qua4quer de s741dar1edade tr1ba4, pr151t1v7, 15ped1r1a a e5ergê6c1a h1stór1ca da categ7r1a ca5pes16at7. V1st7 que, de a4gu5a f7r5a, a extraçã7 de excede6te ec76ô51c7 dessa c4asse de pr7dut7-res d1ret7s – s7b as f7r5as, pr15e1r7, de traba4h7 c75pu4sór17 e, dep71s, de re6da-traba4h7 – estar1a 6a 7r1ge5 da tra6s1çã7 à 57der61dade cap1ta41sta, é c757 se a Áfr1ca est1vesse f7ra da h1stór1a 5u6d1a4 (7u 5e4h7r, eur7pe1a) a7 6ã7 deter ta4 p76t7 de part1da s7c1a4, ec76ô51c7 e p74ít1c7. Ass15, 7s 5es57s cr1tér17s c1e6tífi c7s de estud7 das s7c1edades 7c1de6ta1s 57der6as, eur7pe1as, 6ã7 ser1a5 vá41d7s para 7 estud7 de Áfr1ca.

E5 O ouro negro, Ruth F1rst ad7ta abu6da6te5e6te as categ7r1as

(27)

que p7der1a haver de 5a1s específi c7 e part1cu4ar ape6as se de1xa 16s16uar. Ta4vez, u5 esf7rç7 16terpretat1v7 – c76s1ste6te5e6te 5a1s v74tad7 para 7 trata5e6t7 a6a4ít1c7 das ca6ções e6t7adas pe47s traba4had7res 516e1r7s e pe4as suas fa5í41as, p7r exe5p47, pe4as esp7sas d7s traba4had7res 51gra6tes que per5a6ec1a5 67 ca5p7 – p7ss1b141tasse u5a v1sã7 5a1s deta4hada da c7s57v1sã7 desses se51pr74etár17s agr1cu4t7res. As e6trev1stas e5 pr7fu6-d1dade, p7r sua vez, p7der1a5 ter receb1d7 5a17r ate6çã7 e u5 trata5e6t7 5a1s deta4had7. O 5ater1a4 a6a41sad7 e5 O mineiro moçambicano p7der1a,

c75 7s recurs7s atua1s 5a1s s7fi st1cad7s da a6á41se d7 d1scurs7, exp41c1tar 67v7s h7r1z76tes e desc7bertas 6ã7 desbravad7s p7r Ruth F1rst e a equ1pe de 16vest1gad7res s7b sua c77rde6açã7. O 5a1s 15p7rta6te, c76tud7, é que 6a e4ab7raçã7 de O ouro negro a 1de1a 6ã7 era s15p4es5e6te tra6sp4a6tar

categ7r1as teór1cas e, s15, traba4har 7 c76teúd7 dessas 67ções 6as c76d1ções h1stór1cas 7r1g16a1s da Áfr1ca Austra4.

O traba4h7 de crít1ca c76ce1tua4 que se faz 6as c1ê6c1as s7c1a1s é, rad1ca45e6te, 7 5es57; se2a 6as 16vest1gações rea41zadas e5 re4açã7 a7 5u6d7 eur7peu e/7u às z76as per1fér1cas 6a própr1a Eur7pa, se2a 67s estud7s s7c174óg1c7s e a6tr7p74óg1c7s s7bre as per1fer1as da Ás1a, Áfr1ca e A5ér1ca Lat16a. A 6ecess1dade da 5u4t14atera41dade d7s c76ce1t7s é a 5es5a para captar rea41dades tã7 c75p4exas e d16â51cas, 6u5 cas7 e 67 7utr7. A d16â-51ca d7s pr7ced15e6t7s de traba4h7 e5 Áfr1ca 6ã7 p7de ser c75pree6d1da f7ra d7 c76text7 16ter6ac176a4, c757 u5a s7rte qua4quer de padrã7 s7c1a4 trad1c176a4 e 1s74ad7. Os e6f7ques et674óg1c7, a6tr7p74óg1c7, s7c174óg1c7 e h1stór1c7 p7de5 ser c75b16ad7s de 57d7 a a5p41are5 as perspect1vas s7bre 7b2et7s de estud7 6as d1versas rea41dades afr1ca6as. P7ré5, deve-se ter e5 5e6te que as s7c1edades afr1ca6as – há 5u1t7 te5p7, c757 67s traba4h7s de Ba4a6d1er (2014) – 6ã7 p7de5 ser v1stas c757 s15p4es s7c1edades agrár1as. E5 espec1a4, 7 pr7cess7 cada vez 5a1s 16te6s7 de 5u6d1a41zaçã7 d7 cap1ta4 t7r67u 6ecessár1as 16vest1gações que f7ca41ze5 a pe6etraçã7 d7 cap1ta41s57 67 ca5p7, e5 ter57s de deter516ações h1stór1cas 5a1s prec1sas a respe1t7 das f7r5as part1cu4ares de va47r1zaçã7 d7 cap1ta4 e5 Áfr1ca, a exe5p47 de Sa51r A516 (1977) e d7 própr17 traba4h7 de F1rst (1983) a6tes descr1t7.

(28)

dese6v74v15e6t7, 7 ve4h7 e 7 67v7, ev1ta6d7-se que ta1s d1c7t751as, 5u1-tas vezes 15prec1sas, se2a5 7ss1fi cadas e5 perspect1vas dua41s5u1-tas ríg1das. Nesse se6t1d7, p7de-se afi r5ar pert16ê6c1a 6a c75paraçã7 c76ce1tua4 e6tre as s7c1edades afr1ca6as, 4at167-a5er1ca6as, as1át1cas e eur7pe1as 67 que se refere a7 us7 de categ7r1as c757 “pr74etár17” e “ca5p76eses”. N7 e6ta6t7, essa c75paraçã7 deve estar e5basada 67 estud7 de s1tuações h1stór1cas c76cretas e 67 esf7rç7 c76sta6te de crít1ca teór1ca e 5et7d74óg1ca da hera6ça de1xada pe4as c1ê6c1as s7c1a1s c4áss1cas e 57der6as, c76struídas 67s 5a1s d1vers7s c76text7s 16te4ectua1s. O traba4h7 c75parat1v7 6as c1ê6c1as s7c1a1s é fu6da5e6ta4 para 7 dese6v74v15e6t7 e a crít1ca d7s c76ce1t7s, te6d7-se e5 5e6te que a va41dade h1stór1ca das categ7r1as de a6á41se 67s c76v1da a u5 exercíc17 c76sta6te de apree6sã7 das apr7x15ações e d1fere6ças e6tre as d1versas rea41dades c76t16e6ta1s e de países s1tuad7s 67s ce6tr7s e 6as per1fer1as d7 s1ste5a cap1ta41sta.

CONCLUSÕES

O 41vr7 de Ruth F1rst s7bre 7 traba4had7r 51gra6te 57ça5b1ca67 6as 516as da Áfr1ca d7 Su4 é u5 c4áss1c7 das c1ê6c1as s7c1a1s. A sua perspect1va se c76ce6tra 67 ca5p7 da Ec76751a P74ít1ca; p7ré5, seus h7r1z76tes teó-r1c7s e 5et7d74óg1c7s p7ssue5 15p7rtâ6c1a 5a1s abra6ge6te para as áreas da s7c1747g1a, a6tr7p747g1a, h1stór1a e c1ê6c1a p74ít1ca. P7r 1ss7 7 7b2et1v7 deste art1g7 é f7ca41zar a 7bra 67 c76text7 p74ít1c7 da 4uta de 41bertaçã7 de M7ça5b1que e de te6tat1va p7ster17r de ed1fi caçã7 de u5a s7c1edade 6ac176a4, e5 bases s7c1a41stas.

Essa c76textua41zaçã7 f71 6ecessár1a para c75pree6der 7 própr17 p76t7 de part1da das c1ê6c1as s7c1a1s 6esse país, c757 ta5bé5 exp4a6ar 7s resu4tad7s e as p7s1ções teór1cas e 5et7d74óg1cas de Ruth F1rst e sua equ1pe de pesqu1sad7res. De 1gua4 57d7, 7 41vr7 s7bre 7 516e1r7 57ça5b1ca67 p7de serv1r c757 u5a r1ca f76te de h1póteses para estud7s 5a1s atua1s s7bre d1versas rea41dades da Áfr1ca c76te5p7râ6ea. P7r essa razã7, f71 ava6çad7 u5 esf7rç7 de a5p41açã7 de perspect1va, f7ca41za6d7 a s1tuaçã7 específi ca da extraçã7 de 7ur7 e exp47raçã7 de traba4had7res afr1ca67s 6as 516as da c1dade de Sad174a, 67 Ma41. Suger1u-se que a atuaçã7 d7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” 6a reg1ã7 16te6s1fi ca a superexp47raçã7 d7 traba4had7r afr1ca67 e ref7rça as des1gua4dades 16ter6as de seus países, be5 c757 au5e6ta e5 6íve1s drást1c7s a p74u1çã7 d7 5e17 a5b1e6te, a5eaça6d7 a saúde das p7pu4ações 47ca1s.

(29)
(30)

* U5a versã7 resu51da d7 prese6te art1g7 f71 aprese6tada 67 s15pós17 te5át1c7 “P7r u5a h1stór1a da Áfr1ca e d7s afr1ca67s: d1vers1dades, debates e c75bates!”, de6tr7 d7 VII E6c76tr7 Estadua4 de H1stór1a (ANPUH--BA), rea41zad7 e5 Cach7e1ra e Sã7 Fé41x-BA, de 30 de sete5br7 a 03 de 7utubr7 de 2014.

1 U5a reed1çã7 5a1s rece6te d7 re4atór17 de pesqu1sa f71 preparada p7r u5a equ1pe de 16vest1gad7res da U61vers1dade Eduard7 M76d4a6e, e5 1998, c75 7 fi 5 de ser aprese6tada dura6te a rea41zaçã7 d7 V C76gress7 Afr7-Lus7-Bras14e1r7 e5 Maput7. Esta ed1çã7 c76té5 u5a tra6scr1çã7 5a1s c75p4eta de e6trev1stas e ca6ções, e5 re4açã7 a7s re4atór17s 7r1g1-6a1s; p7r 1ss7, e4a se apr7x15a 5a1s da traduçã7 16g4esa. A 57d1fi caçã7 5a1s substa6c1a4 6essa ú4t15a pub41caçã7 f71 a a5p41açã7 da b1b417grafi a, 6a qua4 16tr7duz157s referê6c1as, s1tua6d7, ass15, 7 cas7 específi c7 d7 traba4h7 51gra6te e5 M7ça5b1que 67 c76text7 h1stór1c7 5a1s abra6ge6te da Áfr1ca Austra4. A esse respe1t7, ver Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s (UEM), O 516e1r7 57ça5b1ca67: u5 estud7 s7bre a exp7rtaçã7 de 5ã7 de 7bra e5 I6ha5ba6e, Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s-UEM, Maput7, 1998. 2 A expressã7 “cap1ta4 especu4at1v7 paras1tár17” f71 t75ada de e5prést157 de Re16a4d7 Carca6h747 e Pau47 Na3ata61 (1999), que prefere5 ut141zá-4a e5 subst1tu1çã7 à expressã7 te7r1ca5e6te 15prec1sa de “cap1ta4 fi 6a6ce1r7”. E5 O Capital (MARX, 2008, p. 421), 6ã7 se e6c76tra exata5e6te a

ex-pressã7 capital fi nanceiro, traduçã7 equ1v7cada de Geldhandlungskapital,

que e5 ter57s 5a1s 41tera1s s1g61fi ca cap1ta4 de c75érc17 de d16he1r7. A c76fusã7 c76ce1tua4 6ã7 é 16s1g61fi ca6te, 2á que d1fi cu4ta a apree6sã7 das rea1s re4ações e6tre cap1ta4 pr7dut1v7 e 7 que se cha5a ge6er1ca5e6te de cap1ta4 fi 6a6ce1r7. Qua6d7 represe6tad7 de f7r5a tã7 gera4 e 15prec1sa, este ga6ha u5a ex1stê6c1a c76ce1tua4 autô675a e fet1ch1zada, 16te1ra5e6te c76trár1a à pr7p7sta teór1ca de Marx e5 sua crít1ca da ec76751a p74ít1ca. A expressã7 “cap1ta4 fi 6a6ce1r7” é 5u1t7 a5p4a, passa6d7 a 1de1a de e6v74ver t7da e qua4quer 7peraçã7 que resu4te e5 ga6h7s especu4at1v7s c75 base 6a c75erc1a41zaçã7 de d16he1r7. Nesse se6t1d7, 7 cap1ta4 a 2ur7s e 7 cap1ta4 fi ctíc17 deter1a5 7 5es57 estatut7 exp41cat1v7. Na perspect1va 5arx1sta, essas categ7r1as prec1sa5 estar c4ara5e6te defi 61das, e5 suas re4ações c75 7 cap1ta4 pr7dut1v7. A 1de1a de “cap1ta4 especu4at1v7 paras1tár17” a2uda a prec1sar 5e4h7r a 6atureza d7s 4ucr7s gerad7s a part1r da especu4açã7 e5 t7r67 d7 cap1ta4-d16he1r7: se5 pr7duz1r excede6te ec76ô51c7 e/7u 5a1s-va41a, e4e se apr7pr1a de parte dessa 5a1s-va41a e d7 excede6te gerad7 6a pr7duçã7. Esse cap1ta4 é v74át14 ape6as 6a aparê6c1a, p7rque especu4a c75 7 cap1ta4-d16he1r7 que se gera 6a própr1a at1v1dade pr7dut1va. N7 ca5p7 1de74óg1c7, 7 us7 que se faz dessa caracter1zaçã7 tã7 a5p4a e 15-prec1sa ser1a basta6te devastad7r para 6ações e5 4uta c76tra a p7breza, p71s a 1de1a de u5 cap1ta4 fi 6a6ce1r7 t7d7-p7der7s7 – c76tra 7 qua4 6ada se p7de fazer, s7b pe6a de perder 16vest15e6t7s e fi car e5 desva6tage5 67 ce6ár17 5u6d1a4 – te5 s1d7 a pr7paga6da 5a1s f7rte para desv1rtuar 7

(31)

d1rec176a5e6t7 das ec76751as 6ac176a1s para 7 ate6d15e6t7 das 6ecess1-dades da 5a17r parte de sua p7pu4açã7. D7 5es57 57d7, acred1ta-se que 7 cap1ta4 fi 6a6ce1r7 te6ha u5a ex1stê6c1a autô675a, qua6d7 6a verdade 7 seu 4astr7 rea4 p7ssu1 f7rtes re4ações c75 a exp47raçã7 d7s traba4ha-d7res e5 gera4; e, 67 cas7 e5 estud7, c75 a exp47raçã7 d7 traba4h7 6as 516as de 7ur7 e 7utr7s 5eta1s prec17s7s, esta6d7 7 c76t16e6te afr1ca67 d1reta5e6te v16cu4ad7 a ta4 at1v1dade. U5a das pre7cupações teór1cas d7 prese6te art1g7 é suger1r c757 a exp47raçã7 d7 traba4h7 e5 Áfr1ca e 6as per1fer1as d7 s1ste5a cap1ta41sta (A5ér1ca Lat16a, Leste Eur7peu etc.) f7r6ece u5a base segura para c75pree6der57s u5a 67çã7 tã7 c75p4exa c757 a de cap1ta4 fi 6a6ce1r7. Aqu1, as per1fer1as 6ã7 sã7 t75adas c757 5eras 14ustrações da te7r1a; e4as 67s per51te5, s15, dese6v74ver c75 5a17r pr7pr1edade deter516adas 67ções teór1cas.

3 O ter57 “7c1de6ta4” é aqu1 ut141zad7 6u5 se6t1d7 5u1t7 a5p47, s1g61-fi ca6d7 a ass7c1açã7 que c75u5e6te se faz e6tre 7 adve6t7 h1stór1c7 da 57der61dade e a própr1a e5ergê6c1a das c1ê6c1as s7c1a1s. Essa ass7c1açã7 é gera45e6te p7s1t1va, p71s as c1ê6c1as s7c1a1s só p7der1a5 ter fl 7resc1d7 6u5 a5b1e6te s7c1a4 pr7píc17 a7 41vre debate de 1de1as p7ss1b141tad7 pe4a 41berdade 67s p4a67s ec76ô51c7 e p74ít1c7. Trata-se, 6a verdade, de u5a 1dea41zaçã7 et67cê6tr1ca d7 Oc1de6te, que desc76s1dera suas cr1ses, c76tra-d1ções e c76fl 1t7s 16ter67s, be5 c757 a própr1a d1vers1dade e p4ura41dade de seus países e reg1ões, 15pr7váve4 de ser descr1ta p7r u5a 1de6t1dade ú61ca e tã7 exc4us1va. Caber1a pergu6tar, 6esse se6t1d7, se 7 Naz1s57 e as d1taduras fasc1stas ser1a5 parte desse Oc1de6te 7u se a repressã7 d7 Exérc1t7 c74761a4 fra6cês c76tra a Argé41a estar1a de ac7rd7 c75 7s 1dea1s 7c1de6ta1s de 41berdade.

4 A6tó617 E6es (1848-1901) e4ab7r7u, e5 1893, u5 re4atór17 s7bre a Pr7ví6c1a de M7ça5b1que, 67 qua4 rec75e6dava c757 rece1ta de de-se6v74v15e6t7 a 15p7rtaçã7 de cap1ta1s estra6ge1r7s, c75b16ada c75 a exp47raçã7 d7 traba4h7 6egr7 (PÉLISSIER, 2000, p. 169-170). A4é5 d1ss7, cu5pre ressa4tar que A6tó617 E6es represe6ta, ta4vez, a expressã7 5a1s e4ab7rada d7 d1scurs7 2uríd1c7-67r5at1v7 que 7fi c1a41z7u a fi gura d7 16díge6a, se5pre e5 7p7s1çã7 à 1de1a de ass1514açã7, 1st7 é, d7 16díge6a c76vert1d7 à c1v141zaçã7. O pape4 das c1ê6c1as s7c1a1s era 2usta5e6te 7 de fac141tar essa tarefa: “[...] parece-5e que a pr7paga6da cr1stã e5 Áfr1ca prec1sa adaptar-se a7s caracteres, a7 estad7 16te4ectua4 e 57ra4 d7s p7v7s que se pr7põe c76verter, e que 7 pr7paga6d1sta carece de u5a educaçã7 espec1a4íss15a, d1r1g1da a7 5es57 te5p7 pe4a re41g1ã7 e pe4as c1ê6c1as s7c174óg1cas” (ENES apud MACAGNO, 2000, p. 35; c1taçã7 ret1rada

d7 re4atór17 de 1893).

5 Para u5 pa67ra5a gera4 da v1sã7 p74ít1ca de M76d4a6e, ass15 c757 para u5a d15e6sã7 5a1s exata das 16fl uê6c1as 5arx1stas e5 seu pe6sa5e6t7, ver Herbert Sh7re, Res1stê6c1a e rev74uçã7 6a v1da de Eduard7 M76d4a6e,

(32)

ed1çã7 da Rev1sta, e6c76tra5-se traba4h7s, de 7utr7s aut7res, a4us1v7s a Eduard7 M76d4a6e, de6tre 7s qua1s 7 de Teresa Cruz e S14va, que ressa4ta a 16fl uê6c1a da M1ssã7 Suíça 6a f7r5açã7 16te4ectua4 d7 futur7 d1r1ge6te da FRELIMO.

6 Para u5a v1sã7 5a1s a5p4a da f7r5açã7 de Eduard7 M76d4a6e c757 c1e6t1sta s7c1a4, ver L1v17 Sa6s76e, Eduard7 M76d4a6e a6d the s7c1a4 sc1e6ces, Vibrant, v. 10, 6. 2, 2013.

7 Para u5a v1sã7 5a1s gera4 d7 t1p7 de traba4h7 dese6v74v1d7 67 CEA da U61vers1dade Eduard7 M76d4a6e, ver Aqu167 de Braga6ça e Br1dget O’Laugh416, “O traba4h7 de Ruth F1rst 67 Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s: 7 curs7 de dese6v74v15e6t7”, in Marc7 M76da161 (7rg.), Sonhar é preciso: Aquino de Bragança: independência e revolução na África Portuguesa (1980-1986), Rec1fe: Ed1t7ra UFPE, 2014. A própr1a Ruth F1rst aprese6t7u

s16tet1ca5e6te sua perspect1va p74ít1ca e teór1ca de 4uta c76tra 7 subde-se6v74v15e6t7. A esse respe1t7, ver Ruth F1rst, Subdese6v74v15e6t7 e traba4h7 51gratór17, in Marc7 M76da161 (7rg.), op. cit., 2014. Para u5a

v1sã7 crít1ca s7bre 7 CEA da UEM, ver Chr1st1a6 Geffrey, Frag5e6ts d’u6 d1sc7ur du p7uv71r (1975-1985): du b76 usage d’u6e 5éc766a1ssa6ce sc1e6t1fi que, in Y. Gu144aud e F. Léta6g (7rgs.), Du social hors la loi: l’anthropologie analytique de Christian Geffray, Marse144e: IRD, 2009,

p. 58-72. Neste art1g7, se c76testa a própr1a ex1stê6c1a h1stór1ca e p74ít1ca da categ7r1a “ca5p76ês” e5 M7ça5b1que.

8 U5a c74etâ6ea d7s escr1t7s de Mar161 s7bre a depe6dê6c1a p7de ser c76su4tada e5 R7berta Traspad161 e J7ã7 Pedr7 Stéd14e (7rgs.), Ruy Mauro Marini: vida e obra, 2005. E, a16da, s7bre pub41cações atua1s da te7r1a

5arx1sta da depe6dê6c1a, ver Car47s Eduard7 Mart16s (2011).

9 A crít1ca a7 dua41s57 reduc1761sta das te7r1as da 57der61zaçã7 e a certas versões das te7r1as d7 dese6v74v15e6t7 f71 ava6çada, 6a década de 1970, p7r aut7res que se debruçara5 s7bre as rea41dades afr1ca6a e 4at167-a5er1ca6a. Ver, a esse respe1t7, Tetteh A. K7fi (1977) e Fra6c1sc7 de O41ve1ra (2003).

10 A segu16te passage5 de576stra a c75b16açã7 e6tre exp47raçã7 cap1ta41sta e f7r5as 6ã7 cap1ta41stas de exp47raçã7, u5 traç7 típ1c7 da depe6dê6c1a: “Nós te6ta57s 57strar c757 essas s7c1edades ca5p76esas, 476ge de c76st1tuíre5 u5 set7r ‘trad1c176a4’ d1st16t7 d7 ass15 cha5ad7 set7r ‘57der67’, c757 p7der1a caracter1zá-4as u5a te7r1a dua41sta, estava5 pr7fu6da5e6te 15br1cadas: a acu5u4açã7 p7r 5e17 d7 cap1ta4 516e1r7 6a ec76751a su4-afr1ca6a a4ta5e6te 16dustr1a41zada estava baseada 6a extraçã7 de traba4h7 dessas e de 7utras s7c1edades ca5p76esas 6a reg1ã7” (FIRST, 1983, p. 183).

(33)

ALLINA, Ér1c. S4avery by a6y 7ther 6a5e: Afr1ca6 41fe u6der C75pa6y Ru4e 16 C74761a4 M7za5b1que. Cadernos de Estudos Africanos, 25, 2013, p. 209-212.

AMIN, Sa51r. L’accumulation à l’échelle mondiale. Par1s: Éd1t176s

A6thr7p7s, 1970.

AMIN, Sa51r. O desenvolvimento desigual: ensaios sobre as formações sociais do capitalismo periférico. Sã7 Pau47: F7re6se, 1976.

AMIN, Sa51r. O cap1ta41s57 e a re6da fu6d1ár1a, in: AMIN, S.,

VER-GOPOULOS, K. (7rgs.). A questão agrária e o capitalismo. 2ª ed1çã7.

R17 de Ja6e1r7: Paz e Terra, 1986.

BALANDIER, Ge7rges. Sociologia da África Negra: dinâmica das mudanças sociais na África Central. L1sb7a/Lua6da: Ed1ções Pedag7/

Ed1ções Mu4e5ba, 2014.

BAMBIRRA, Vâ61a. O capitalismo dependente latino-americano. 2ª

ed1çã7. F47r1a6óp741s: I6su4ar, 2013.

BRAGANÇA, Aqu167 de; O’LAUGHLIN, Br1dget. O traba4h7 de Ruth F1rst 67 Ce6tr7 de Estud7s Afr1ca67s: 7 curs7 de dese6v74v15e6t7, in:

MONDAINI, M. (7rg.). Sonhar é preciso: Aquino de Bragança: indepen-dência e revolução na África Portuguesa (1980-1986). Rec1fe: Ed1t7ra

da U61vers1dade Federa4 de Per6a5buc7, 2014.

CARCANHOLO, Re16a4d7 A., NAKATANI, Pau47. O cap1ta4 especu4at1v7 paras1tár17: u5a prec1sã7 teór1ca s7bre 7 cap1ta4 fi 6a6ce1r7, característ1c7 da g47ba41zaçã7. Ensaios FEE, P7rt7 A4egre, v. 20, 6. 1, p. 284-304,1999. CENTRO DE ESTUDOS AFRICANOS-UEM. O mineiro moçambicano: um estudo sobre a exportação de mão de obra em Inhambane. Maput7:

CEA-UEM, 1998.

FERNANDES, F47resta6. A natureza sociológica da sociologia. Sã7

Pau47: Át1ca, 1980.

FIRST, Ruth. Black Gold: the Mozambican Miner, proletarian and peas-ant. Sussex/New Y7r3: The Harvester Press/ St. Mat16s’s Press, 1983.

FIRST, Ruth. Subdese6v74v15e6t7 e traba4h7 51gratór17, in: MONDAINI,

M. (7rg.). Sonhar é preciso: Aquino de Bragança: independência e revo-lução na África Portuguesa (1980-1986). Rec1fe: Ed1t7ra da U61vers1dade

Federa4 de Per6a5buc7, 2014.

HARRIES, Patr1c3 (1976), Lab7ur 51grat176 fr75 the De4ag7a Bay h16-ter4a6d t7 S7uth Afr1ca, 1852 t7 1895. The Societies of Southern Africa in the 19th and 20th centuries, v. 7, L76d76, ICS, 1976.

HARRIS, Marv16. Lab7ur e51grat176 a576g the M7za5b1que Th76ga: cu4tura4 a6d p741t1ca4 fact7rs. Africa, 29, 1959, p. 50-66.

GEFFRAY, Chr1st1a6. Frag5e6ts d’u6 d1sc7ur du p7uv71r (1975-1985): du b76 usage d’u6e 5éc766a1ssa6ce sc1e6t1fi que. In:GUILLAUD, Y.,

Referências

Documentos relacionados

Do amor," mas do amor vago de poeta, Como um beijo invizivel que fluctua.... Ella

parado, que de culpas noíTas nno cubris com eíTa Capa, mas que affeitos voiTos não defeubris! Oh como eilais amorofo quando mais injuriado,qucdiuinamente mudais as afron­ tas

Outro dos importantes funcionalistas ingleses e que trabalhare- mos em outra aula, é Radcliffe-Brown. Diferente de Malinowski, que se utiliza muito de explicações psicológicas,

O juramento que tinham dado e, mais do que isso, a lealdade de guerreiros godos não lhes consentiam abandonarem a irmã do seu capitão; não lho consentiria o fero cavaleiro negro,

— Sua filha, meu pai, a filha do capitão-mór Campelo nunca seria espôsa do homem que uma vez a insultou, ainda quando êle não se atrevesse a ameaçar-nos como o faz?. Mas nós

In this paper the results of the characterisation of five gypsum plaster samples from the second half of the XIX century belonging to the Arabian Room of the Bolsa Palace, located

Segundos os dados analisados, os artigos sobre Contabilidade e Mercado de Capital, Educação e Pesquisa Contábil, Contabilidade Gerencial e Contabilidade Socioambiental