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ESTUDO SOBRE OS INVESTIMENTOS DE PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL NO BRASIL

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ESTUDO SOBRE OS INVESTIMENTOS DE PRIVATE EQUITY E VENTURE CAPITAL NO BRASIL

Iris Mota Rodrigues¹ Thalita Pereira Caetano Campanholo²

RESUMO

O objetivo principal desse estudo foi identificar informações sobre os principais conceitos e a evolução dos fundos de investimentos em Private Equity e Venture Capital (PE/VC) no Brasil. A abordagem do problema de pesquisa é qualitativa e, quanto ao objetivo, o estudo caracteriza-se como exploratório descritivo. A coleta de dados envolveu a técnica de documentação indireta, particularmente dados de fontes secundárias, em razão da opção pela pesquisa bibliográfica. Foram analisados os relatórios feitos pela ABVCAP durante o ano de 2011 a 2015. Os resultados apontam que essa modalidade de investimento é importante para a abertura de capital e fomento do mercado financeiro. O Brasil apesar de apresentar crescimento de investimentos em PE/VC, ainda possui baixo percentual em relação ao PIB quando comparado a outros países desenvolvidos o que demonstra que ainda há espaço para desenvolvimento e crescimento desta atividade no país.

Palavras-chave: Private Equity; Venture Capital; Mercado Financeiro; Investimento.

¹ Graduanda do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Uberlândia – UFU. E-mail: iris_mrodrigues@hotmail.com

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1 INTRODUÇÃO

Como um dos segmentos do mercado financeiro, o Private Equity e Venture Capital (PE/VC) é uma atividade de intermediação financeira em que gestores captam recursos de investidores, para aplicar em ações ou títulos conversíveis de empresas em geral privadas. Para Rossi (2010, p.1), o “Private Equity (PE) é o investimento em empresas de capital fechado que apresentam alto potencial de crescimento e cujos investidores têm por característica atuar proximamente na gestão das empresas adquiridas”. Já o termo Venture Capital (VC) é geralmente utilizado para definir o investimento utilizado para financiar uma startup1,

garantindo a sobrevivência, expansão ou mudança de propriedade (COYLE, 2000).

A maioria dos autores utiliza o termo Venture Capital para indicar investimentos em empresas mais novas, com maior potencial de crescimento; e designa o termo Private Equity para investimentos em empresas mais maduras. Há também os que usam Private Equity para mencionar uma classe de investimentos da qual o Venture Capital faz parte. Neste sentido optou-se por usar no estudo ambos os termos: Private Equity e Venture Capital (PE/VC).

A palavra Private significa privado e Equity ação. Pode-se dizer que Private Equity seja um tipo de captação de recursos na quais investidores financeiros aceitam assumir com o alto risco de fornecer capital para uma empresa não negociada em bolsa de valores, almejando em troca, um retorno esperado mais elevado que o de outros investimentos. De acordo com Harper (2010), o termo “venture” significa arriscar a perda, visto que esse tipo de investimento está em empresas ainda recém-criadas.

O objetivo do investimento é ajudar as empresas a ampliar e atingir o seu potencial máximo. Segundo Sasso (2012) o objetivo dos fundos de PE/VC é melhorar o desempenho financeiro e econômico das companhias investidas e, com isso, obter um alto retorno na liquidação deste investimento, pois seus lucros advêm, principalmente, da diferença entre o valor de sua participação inicial e final na empresa investida, ou seja, ganho de capital.

Em vários países o PE/VC é uma importante fonte de capital para empresas inovadoras e com forte potencial de crescimento. O sucesso desta modalidade de financiamento está em possibilitar que investidores, de maneira rentável, supram capital para empresas de alto risco e sem histórico financeiro ou operacional. As empresas alvo do PE/VC apresentam necessidade de capital muito além de sua capacidade de endividamento e precisam investir somas consideráveis muito antes que venham a propiciar fluxo de caixa a seus investidores (SAHLMAN, 1990).

Metrick e Yasuda (2010), os fundos de PE/VC mantidos por uma instituição gestora destacaram que o investimento não representa apenas uma “entrada” de recursos na companhia, pois, o ciclo de vida deste processo é na maioria dos casos inferior a 10 anos.

Os fundos implantam uma maior transparência nos processos de gestão das empresas investidas, porque sabem que em acordos futuros sua reputação será avaliada na construção de novas parcerias. O fator motivacional deste mercado é o fato dos investidores desejarem obter retornos de longo prazo acima daquele que é observado no mercado acionário. E isso impulsiona a disponibilização de recursos para serem investidos nos fundos de PE/VC (TAVARES, 2008).

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De acordo com Sahlman (1990), uma característica distinta nesta modalidade de investimento, é que os gestores de PE/VC participam da gestão das empresas investidas, influenciando nas decisões internas e na governança corporativa, constatando a importância de selecionar gestores experientes.

No Brasil a estrutura legal para este tipo de investimento está amparada nos Fundos de Investimentos em Participações (FIP), regulados pela CVM através da Instrução CVM nº. 391/2003. Os FIP congregam recursos de um ou mais investidores para aplicações de longo prazo, geralmente, tais recursos são direcionados para empresas não listadas em Bolsa de Valores, porém, após alguns anos, os investidores passam para um estágio seguinte caracterizado pela saída com venda das ações na Bolsa de Valores (RIBEIRO, 2005).

A atividade começou a tomar sua forma atual nos Estados Unidos, na segunda metade do século XX. Bons relatos da história e do desenvolvimento inicial do PE/VC podem ser encontrados em Gompers e Lerner (2001) e Fen, Liang e Prowse (1997). Segundo os autores nos Estados Unidos, os investimentos em PE/VC foram os responsáveis por alavancar negócios que atualmente representam empresas de maior valor no mercado mundial o que é um indicativo da relevância do setor. Pode-se destacar, nos Estados Unidos, Fedex, Apple, Microsoft, Walmart, Home-Depot, Google, Amazon, Intel e Starbucks. No Brasil, temos como exemplo a Brahma (hoje incorporada à Ambev), TAM, ALL Logística, a Natura, entre outras.

Diante do exposto, o problema de pesquisa é: os fundos de Private Equity e Venture Capital têm aumentado no Brasil e contribuído para abertura de capital das companhias? Para responder o problema proposto, o objetivo deste estudo é proporcionar um entendimento sobre os principais conceitos desse modelo de instrumento financeiro, sua evolução e importância para a abertura de capital e fomento do mercado financeiro.

Para se atingir o objetivo proposto o estudo buscou referências em pesquisas bibliográficas, com base em material já elaborado por livros e artigos científicos tendo como tema central os fundos de Private Equity e Venture Capital. A presente pesquisa não busca esgotar todas as implicações que envolvem o tema, mas, sim, visa a contribuir para que se fomentem a discussão e a busca por incentivo a essa modalidade de investimento.

A relevância é evidenciar um tema relativamente novo na produção acadêmica, mas que está em amplo desenvolvimento na atualidade, pois a dinâmica do mercado financeiro possibilitou nos últimos anos grandes avanços econômicos no país. Como justificativa para a realização desta pesquisa pode ser identificada a necessidade de que se fundamentem nessa temática com mais celeridade e amplitude devido ao aumento do volume de empresas que abriram o capital advindo dos fundos de Private Equity e Venture Capital, considerando que essa forma de investimento poderá influenciar o desenvolvimento de mercado de capitais e o progresso da economia.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

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contábil, tendo como foco a relevância da informação contábil (FAMA, 1970; HOUTHAUSEN; VAFEAS, 2000; WATTS, 2001; LOPES, 2002).

Gioilelli (2008) identificou que as companhias financiadas por fundos de (PE/VC) possuem melhor qualidade de informação contábil (medida pelo nível de gerenciamento de resultados contábeis) do que aquelas que não contaram com esta forma de financiamento, encontrando evidências de que as organizações de PE/VC influenciam de forma positiva as práticas de governança corporativa das empresas que receberam investimentos.

É notável destacar as características que diferem o PE/VC de outras atividades de intermediação financeira. Na realização do Primeiro Censo Brasileiro de Private Equity e Venture Capital foram aplicados alguns critérios para identificar a atividade de PE/VC. Esses critérios, conforme reproduzidos por Ribeiro (2005), foram:

“… i) realizam aportes em ações ou títulos conversíveis em ações; ii) as empresas alvo dos investimentos não são cotadas em bolsa de valores no momento do primeiro aporte; iii) os gestores dos fundos são ativos em termos de monitoramento e influência na gestão do negócio ou no desenho da governança corporativa; iv) os investimentos são feitos com expectativa de saída; e [v)] possuem profissionais responsáveis pela gestão do negócio.” Sobre o item i) acima, é significativo elucidar que os títulos conversíveis são utilizados principalmente como forma de forçar a liquidação da empresa caso a mesma mostre resultados ruins. Os gestores, de fato, desejam continuamente converter os títulos em ações. Logo, pode-se dizer que os aportes de PE/VC são realizados em ações de empresas não listadas em bolsas de valores. O resultado disso é que há pouca liquidez dos investimentos.

Essa insuficiência de liquidez é basicamente repassada para as cotas dos fundos de PE/VC. Se um investidor desejasse sacar seus recursos antes do final do fundo, i) os gestores poderiam encontrar dificuldades para obter o dinheiro necessário; ii) seria difícil definir o valor de saída.

Sahlman (1990) enunciou os três problemas principais de um investidor de PE/VC ao analisar e realizar seu investimento. Em primeiro lugar vem identificar investimentos que trarão o retorno esperado; o segundo, elevar ao máximo a chance de que a empresa seja administrada de modo a conseguir o maior retorno ao seu investimento, ou seja, tornar mínimo os chamados custos de agência, termo convencionado por Jensen e Meckling (1976); e o terceiro, minimizar o valor presente dos custos operacionais vinculados ao seu investimento, até mesmo garantindo a sua própria saída.

Uma característica comum existente no investimento na modalidade PE/VC está relacionada ao fato de que se trata de participações privadas de longo prazo de maturação, realizadas em empresas de capital fechado ou aberto, aliada a um processo de participação na gestão do negócio ou de seu monitoramento. Outra importante característica desse investimento é sua orientação para a “saída” em prazos longos, também conhecido como desinvestimento (LOPES E FURTADO, 2006).

Nesta lógica, geralmente, os investidores alocam seus recursos em novos negócios colaborando com equipe de administração (gestores) até o momento em que a investida está pronta para abrir seu capital, isto é, vender ações para o público e buscar novas oportunidades (BODIE E MERTON, 1999).

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da empresa investida por outra empresa com atividade semelhante (integração horizontal) ou complementar (integração vertical); 3) venda para outro investidor (secondary sale): venda de parte ou totalidade da participação detida pelo veículo de PE/VC para outro investidor (normalmente outro fundo de PE/VC); 4) recompra pelo empreendedor (buy back): compra das ações dos investidores de PE/VC pelos demais acionistas da empresa investida e 5) liquidação total dos ativos (write-off/down): desconstituição da empresa investida e liquidação de todos seus ativos.

A saída por IPO geralmente a mais bem sucedida. Em seu trabalho sobre rentabilidade em PE/VC, Gompers (1995) encontra que em média a taxa anual de retorno para os investimentos de PE/VC com saída por IPO é de 60% enquanto que para aqueles feitos por meio de venda estratégica é de 15%. Para o autor a abertura de capital, venda estratégica e venda para outro investidor são os tipos de saída mais eficientes e lucrativos.

Megginson e Weiss (1991), analisando o ambiente americano, concluíram que a presença do PE/VC nas empresas diminui os custos de abertura de capital, contribuindo para maximizar o resultado. Além disso, estes autores apuraram que os investidores vendem uma parcela significativa das suas participações na empresa após a abertura de capital em bolsa de valores.

A taxa interna de retorno é reconhecidamente a melhor medida para execução de veículos de PE/VC. Entretanto, dados sobre taxa de retorno de veículos de investimento ou de investimentos individuais constantemente são tratados com confidencialidade. Por outro lado, a forma da saída dos investimentos individuais normalmente torna-se de conhecimento público, permitindo a construção de medidas de desempenho baseadas nas formas de saídas. A forma da saída dos investimentos de PE/VC tem sido frequentemente usada como medida de desempenho (DAS et al. 2003).

No Brasil, Ribeiro (2005) conduziu um estudo empírico com 65 (sessenta e cinco) organizações gestoras de PE/VC no Brasil e apontou similaridades e diferenças entre o modelo brasileiro de PE/VC e o americano, com ênfase para os seguintes pontos em comum: predomínio das organizações independentes na gestão de investidores institucionais e a proximidade dos investimentos às empresas relacionadas às organizações gestoras.

Offa (2005) analisou os contratos financeiros entre empreendedores e gestores de fundos de PE/VC e constatou que no Brasil o processo de contratação financeira para as operações está baseado no Acordo de Acionistas, sendo este o principal instrumento contratual para regular a relação entre fundos gestores e empresas investidas, apurou também que os direitos previstos nos contratos com ações preferenciais conversíveis no mercado norte-americano podem ser assegurados no Brasil, quase em sua totalidade, via acordos de acionistas, desde que previamente acordados entre as partes.

Em países com este sistema jurídico, Lerner e Schoar (2005) concluíram que os fundos de PE/VC obtêm o controle da sociedade através da participação majoritária e compõem a maioria do conselho de administração. Tal constatação foi refutada por Silva (2010) ao analisar o controle acionário das companhias com investimentos de fundos de PE/VC que passaram por Oferta Pública de Ações na B3 (antiga BM&FBovespa), concluindo que a maioria (81,57%) das empresas analisadas possuem Acordo de Acionistas.

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essa decisão deverá ser tomada após serem atenciosamente analisados os custos e os benefícios do aporte.

Na literatura sobre PE/VC, foram apresentadas evidências de uma contínua adaptação destas entidades em cuidar dos problemas de agência, desenvolvendo mecanismos capazes de reduzir os conflitos e forçar o monitoramento através de instrumentos como acordos de acionistas, colaborando com a qualidade da informação contábil e ampliando a governança corporativa (SAHLMAN, 1990; GIOIELLI, 2008; SILVA, 2010). Desta forma, corroborando com as observações apontadas por Sahlman, no tópico a seguir, será discutida a relação entre os gestores e investidores.

2.1. ASPECTOS GERAIS SOBRE GESTORES E INVESTIDORES

Inicialmente, pode-se fazer uma relação entre o gestor e o agente clássico dos modelos teóricos. O gestor é, rudemente, um indivíduo com uma ideia de negócio, mas sem meio e recursos para programá-la. A falta de meios e recursos é superada pela participação de um investidor. A ideia de negócio, nesse caso, é a de comprar e desenvolver um empreendimento.

Como um banco comercial ou um administrador de outro fundo de investimento qualquer, um gestor de PE/VC une empreendedores sem recursos a investidores. Esse serviço de intermediação financeira existe e têm valor, pois os gestores de PE/VC colhem informações que permitem escolher e monitorar os investimentos.

Observa-se, nos IPO´s realizados na B3 (antiga BM&FBovespa), uma evolução do número de empresas investidas por fundos de Private Equity e Venture Capital (PE/VC). Ao aportarem recursos, os fundos de PE/VC adquirem participações nas empresas investidas, por meio de ações (ordinárias ou preferenciais), quotas de participação, debêntures conversíveis, opções, bônus de subscrição ou warrants2. Essas empresas passam a ser monitoradas pelos

gestores dos fundos de PE/VC que, por meio da participação ativa nos conselhos de administração e nas operações das companhias, resolvem ou minimizam alguns problemas centrais, que se caracterizam por grande assimetria de informação e problemas de agência (LERNER, HARDYMON, & LEAMON, 2009).

Ribeiro e Furtado (2005) ao celebrarem o contrato de constituição do fundo de PE/VC, gestores e investidores estão criando um vínculo de longo prazo. Na prática a duração média dos fundos fica entre sete e dez anos, em geral com possibilidade de extensão.

Os gestores do PE/VC se dispõem a participar da administração da empresa. Pode-se dizer que essa participação tem duplo objetivo: eles buscam criar valor, aproveitando-Pode-se para tanto de sua experiência em negócios e de suas redes de relacionamentos e buscam também operar para reduzir os problemas de agência entre investidores e empreendedor.

Ao financiarem projetos na modalidade de PE/VC os investidores se valem de práticas sofisticadas de seleção, governança e monitoramento, o que os diferem dos demais investidores típicos do mercado acionários. Esses tendem a participar mais da gestão das empresas, influenciando a tomada de decisão e estratégias, conseguindo assim mitigar os riscos e influenciar a probabilidade de sucesso e saída do negócio (SAHLMAN, 1990).

O comprometimento direto dos gestores com a administração agrega valor por várias

2No Brasil, o Warrant é um título de garantia, emitido pela empresa encarregada da guarda e conservação de

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razões. Segundo Gorman e Sahlman (1989), algumas das atividades desenvolvidas pelos gestores nas empresas são: (i) ajudar a obter financiamento adicional; (ii) planejamento estratégico; (iii) recrutamento de pessoal; (iv) planejamento operacional; (v) abrir contatos comerciais com fornecedores e clientes; e (vi) resolver problemas de compensação.

Quanto ao segundo objetivo, dividem-se as atividades desenvolvidas em três categorias, que correspondem às etapas do relacionamento com o empreendedor. Na etapa da decisão de investir, os gestores de PE/VC buscam informações sobre uma série de possíveis empreendimentos e analisam em detalhes aqueles que se destacam.

Ainda segundo os autores no meio dos empreendimentos inicialmente analisados, alguns chegam à etapa de negociação entre gestores e empreendedores. Nessa etapa os gestores buscam projetar contratos que tornem mínimo os problemas futuros de agência. Entre os recursos usados pelos gestores encontram-se: (i) títulos conversíveis em ações, (ii) realizar os aportes necessários em etapas, e (iii) reter alguns direitos de controle.

Depois de realizados os investimentos, os gestores seguem atuando. Eles vistoriam ativamente os investimentos, determinando se devem e quando realizar novos aportes, exercendo os direitos de controle que possuem e evitando abusos dos empreendedores. Todas essas atividades agregam valor para os investidores. Sem essa profissionalização dos gestores de PE/VC, os investidores não teriam acesso às mesmas oportunidades, nem teriam recursos de lidar com os problemas de agência existentes na relação com os empreendedores.

Por certo, os gestores se sobrepõem os investidores como principais na relação com os gestores e podem criar valor pela dedicação inerente e experiência acumulada nessa função. O que realmente ocorre é que a grande mudança para os investidores é que, ao invés de conhecer, monitorar e aconselhar diversos empreendedores, eles precisam apenas conhecer, monitorar e eventualmente aconselhar um grupo bem menor de gestores de PE/VC.

3 METODOLOGIA

A abordagem do problema de pesquisa é qualitativa. No que concerne ao objetivo, o estudo caracteriza-se como exploratório descritivo, pois visa identificar e analisar os fundos de investimentos de Private Equity e Venture Capital como alternativa de financiamento para as empresas. Segundo Gil (1999), a pesquisa descritiva possui como objetivo a descrição das características de determinada população ou de determinado fenômeno. O mesmo autor aborda que a pesquisa exploratória é desenvolvida no sentido de proporcionar uma visão geral acerca de determinado fato, e procura explorar um problema ou situação para prover critérios e compreensão.

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A coleta de dados envolveu a técnica de documentação indireta, particularmente dados de fontes secundárias, em razão da opção pela pesquisa bibliográfica. Na análise dos dados coletados, optou-se pela técnica de análise qualitativa. Foram analisados os relatórios feitos pela Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (ABVCAP) durante o ano de 2011 a 2015. O acesso aos relatórios foi via internet, as consultas foram feitas no próprio site da Associação.

A limitação da pesquisa no atual trabalho foi devido à falta de dados divulgados pela ABVCAP no ano posterior a 2015, o que impossibilita uma mais recente. A ABVCAP é uma entidade sem fins lucrativos em atividade desde o ano 2000, que visa o desenvolvimento da atividade de investimento de longo prazo no País, nas modalidades abrangidas pelos conceitos de Private Equity e Venture Capital.

Segundo o relatório disponibilizado pela ABVCAP em 2016, a amostra do estudo é composta por 260 gestoras de recursos dos fundos de PE/VC. As estatísticas apresentadas são baseadas em: (i) informações do ABVCAPData, ; (ii) informações reportadas pelos próprios gestores e (iii) informações públicas obtidas em diversas fontes e outras pesquisas incluindo dados apenas do capital comprometido alocado no Brasil.

O ABVCAPData é um sistema elaborado para consolidar dados sobre a indústria de FIP (Fundos de Investimento em Participação) e FIEE (Fundos de Investimento em Empresas Emergentes) e auxiliar a autorregulamentação desse mercado, assim como para dados da indústria de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP,2017).

De acordo com o estudo feito, os gestores que não preencheram as informações solicitadas via o ABVCAPData foram solicitados a preencher formulário eletrônico enviado por e-mail. As informações obtidas foram analisadas e comparadas com informações públicas na medida do possível. Análises cruzadas foram feitas para verificar possíveis inconsistências e confirmar informações recebidas, buscando que apenas operações no modelo de Private Equity e Venture Capital fossem consideradas (ABVCAP,2017).

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS DE PE/VC NO BRASIL

Nessa parte do trabalho, serão analisados os dados originados nas pesquisas bibliográficas do estudo da Indústria de Private Equity e Venture Capital no Brasil pela ABVCAP. O Brasil, em comparação, com os Estados Unidos e Europa, apresenta um mercado ativo nos investimentos de PE/VC muito mais recente, com algumas características similares tanto à dos EUA, quanto as da Europa, e também algumas particularidades. O país se beneficia de uma cultura fortemente empreendedora, e, como a Europa, de uma ampla quantidade de financiamentos e programas governamentais.

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11,8 14,9 17,6 13,3 18,5 2011 2012 2013 2014 2015

Gráfico 1: Números em bilhões de R$ de investimentos em PE/VC no Brasil.

Fonte: elaborado pelas autoras com base nas informações da ABVCAPData.

O número de investimentos em PE/VC seguiu aumentando de 2011 a 2013. Em 2014 houve uma queda de 24,4%. No entanto, no ano de 2015, foi o maior valor de investimento durante todo o período, o que elevou em 39,1% em relação ao ano anterior. No Gráfico 2 pode-se ver uma comparação entre 2014 e 2015 do valor investido em PE/VC no Brasil por setores. 8% 3% 12% 0% 16% 2% 29% 21% 4% 1% 1% 3% 5% 11% 3% 2% 38% 2% 10% 4% 11% 12% 2% 0% 2014 2015

Gráfico 2: Números dos investimentos em PE/VC no Brasil, por setor.

Fonte: elaborado pelas autoras com base nas informações da ABVCAPData.

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Saúde e Farmácia tiveram um aumento respectivamente de 1.100%, 266,67% e 137,50% de 2014 para 2015. Somados esses três setores, eles apresentaram um total de 61% dos investimentos em 2015.

No setor de saúde, um motivo para esse impacto foi o artigo 23 da lei 8080 em 2015, que permitiu a participação de capital externo em empresas brasileiras. Já nos setores de Agronegócio, Logística e Transporte e Óleo e Gás ocorreu às seguintes quedas respectivamente: 100%, 80,95% e 65,51%.

Uma das estratégias mais comuns de saída dos investidores em operações de PE/VC é através do processo de abertura de capital de ações na bolsa de valores, conhecido pelo termo em inglês de IPO (oferta pública inicial). Em 2015 e 2016, as únicas empresas que fizeram IPO, são empresas que advém de Private Equity o que corrobora o aumento e importância dos fundos de PE/VC nos processos de IPO e fomento do mercado de capitais.

Ano Total de IPO Participação em PE/VC Representatividade

2011 11 8 73%

2012 3 1 33%

2013 10 6 60%

2014 1 1 100%

2015 1 1 100%

Tabela 1: Participação do PE&VC no total de IPOs no Brasil.

Fonte: elaborada pelos autores com base nas informações da B3 antiga BMF&Bovepa.

Através do último estudo feito pela EMPEA em 2015 (Emerging Markets Private Equity Association) em relação dos investimentos em PE/VC por PIB no mundo, o Brasil quando comparado a outros países ainda possui baixo destaque, mas temos potencial para aumentar essa modalidade de investimento.

Gráfico 3: Relação investimento em PE/VC por PIB no mundo.

Fonte: EMPEA.

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mesmo assim apresentaram números expressivos. Já 2015 foi um ano com valores significativos de transações e menor atividade de captação. Apesar da forte valorização do dólar perante o real, o percentual do capital disponível para investimento e despesas reduz percentualmente em relação ao capital comprometido total. Apesar do alto risco das incertezas do mercado e das dificuldades de se investir em um negócio de sucesso, investidores financeiros continuam procurando e executando investimento em PE/VC, até porque o retorno pode ser muito alto.

Nos próximos anos será possível verificar um estágio maduro dos fundos em PE/VC, incluindo o nascimento de mais gestoras, auxiliando principalmente, empresas de pequeno porte a alcançarem seu potencial máximo. A constante evolução do mercado de capitais também transformará este mercado cada vez mais interessante.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os fundos de PE/VC tendem a aprimorar as práticas de administração nas empresas investidas. Isso, por sua vez, deriva no aperfeiçoamento da gestão e no aumento dos lucros da empresa. As boas práticas de administração alinham os acionistas e gestores da companhia, de forma que as decisões sejam tomadas no melhor interesse da investida.

A decisão da empresa de aceitar, ou não, o aporte de capital por meio de um PE/VC é uma das decisões mais significativas que seus acionistas terão durante a existência da empresa, pois existem inúmeras vantagens para ela incorporar como sócio um investidor financeiro, mas essa decisão deverá ser tomada após serem atenciosamente analisados os custos e os benefícios do aporte. É importante ressaltar que o critério de seleção é rigoroso, não havendo espaço para informalidades.

Os mecanismos de saída representam os meios utilizados pelos fundos para realizar seus ganhos após determinado período de investimento em uma companhia, um dos requisitos essenciais para o sucesso de suas atividades. O Brasil apesar de vir apresentando crescimento de investimentos em PE/VC, ainda possui baixo percentual em relação ao PIB quando comparado a outros países desenvolvidos. Melhorias neste sentido são indispensáveis para que esta atividade cresça de forma ainda mais acelerada.

Iniciativas como as de Carvalho, Ribeiro e Furtado (2006), que receberam a denominação de Primeiro Censo Brasileiro sobre PE/VC, são importantes para uma melhor compreensão da dimensão e características do setor brasileiro de PE/VC. Outros estudos sobre o tema são necessários, principalmente aqueles que permitam analisar a evolução do setor brasileiro de PE/VC em comparação aos outros países.

Com esse estudo compreende-se que é possível assegurar que ainda há espaço para desenvolvimento e crescimento desta atividade no país, ou seja, causar um impacto positivo na economia do Brasil futuramente. As empresas que souberem aplicar e executar seus planos de negócios são excelentes candidatas a receber investimentos de fundos em Private Equity e Venture Capital.

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REFERÊNCIAS

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Referências

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