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ESTUDO DE MÉTODOS PARA REGIONALIZAÇÃO DE VAZÃO

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ESTUDO DE MÉTODOS PARA REGIONALIZAÇÃO DE VAZÃO

Eduardo Lucena Cavalcante de Amorim1; Antonio Pedro de Oliveira Netto1;Eduardo Mario

Mendiondo2.

Resumo – O Brasil possui uma rede hidrológica instalada, principalmente, em grandes bacias hidrográficas, com isso, houve a necessidade de realizar estudos de regionalização de vazão, com esses dados, para bacias de menor porte, onde há escassez de informações. Para a realização desses estudos foram desenvolvidos alguns métodos de regionalização de vazão, como o Método tradicional, Método baseado na interpolação linear, Método proposto por Chaves et al (2002), Método da interpolação linear modificado e o Método Chaves modificado, os quais estarão sendo apresentados neste trabalho. Com base nos métodos de regionalização, foram analisados resultados de estudos realizados, em termos dos erros relativos médios, que possibilitam o entendimento do método mais indicado para o determinado estudo, com suas determinadas particularidades.

Abstract - Brazil possess an installed network hydrological, mainly, in great drainage basins, with this, had the necessity to carry through studies of regionalization of outflow, with these data, for basins of lesser transport, where it has scarcity of information. For the accomplishment of these studies some methods of regionalization of outflow had been developed, as the traditional Method, Method based on the linear interpolation, Method considered for Chaves et al (2002), Method of the linear interpolation modified and the Method Chaves modified, which will be being presented in this work. On the basis of the regionalization methods, had been analyzed resulted of carried through studies, in terms of the average relative errors, that more make possible the agreement of the indicated method for the determined study, with its determined particularities.

Palavras-chave – Regionalização de vazão, Métodos de regionalização.

1 Mestrando em Hidráulica e Saneamento e bolsista CNPq da Universidade de São Paulo/USP– Rua

Américo Jacomino Canhoto – 175 – Jardim Nova Santa Paula – São Carlos-SP. 13564-350, tel. (0**16) 3361-1508, eduardo@sc.usp.br , netto@sc.usp.br

2 Professor Doutor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da Escola de Engenharia de São

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INTRODUÇÃO

A crescente demanda de água para satisfazer a seus usos múltiplos tem contribuído para o aumento de seu consumo e, conseqüentemente, dos conflitos entre usuários em diversas bacias hidrográficas do Brasil. Neste sentido, é crescente a discussão sobre a melhor forma de gerenciar e normatizar o uso da água para atender a suas diferentes demandas como abastecimento humano e industrial, geração de energia, dessedentação animal, irrigação, entre outros.A humanidade passou por diversas crises e provavelmente uma das próximas decorrerá da escassez de água de qualidade. No Brasil, apesar da abundância relativa de água, sua distribuição geográfica e temporal acarreta conflitos entre os usuários em muitas regiões.

O aumento da demanda pelo uso da água ocasionou o aparecimento de demandas conflitantes, tornando, conseqüentemente, a gestão compartilhada e participativa essencial para o desenvolvimento sustentável. Em algumas sub-bacias, como a do Paracatu, situada na bacia do São Francisco, a implementação de vários projetos de irrigação sem a prévia quantificação do volume de água possível de ser usado, está causando sérios impactos ambientais e conflitos entre os usuários (RAMOS e PRUSKI, 2003).

De acordo com IBIAPINA et al. (1999), para o aproveitamento adequado dos recursos hídricos disponíveis no Brasil é fundamental conhecer o comportamento dos rios e seus regimes de variação de vazões, assim como os regimes pluviométricos das diversas bacias hidrográficas, considerando as suas distribuições espaciais e temporais, o que exige um trabalho permanente de coleta e interpretação de dados, uma vez que a confiabilidade torna-se maior à medida que as séries históricas ficam mais extensas.

Uma rede hidrométrica, composta de postos pluviométricos e fluviométricos, dificilmente cobre todos os locais de interesse necessários ao gerenciamento dos recursos hídricos de uma região. Sempre existirão lacunas temporais e espaciais que precisarão ser preenchidas com base em metodologias apropriadas. No Brasil, segundo ANA (2003), existe, em média, uma estação fluviométrica para cada 2.013 km2 e devido aos altos custos de implantação e manutenção da rede hidrométrica torna-se importante a otimização das informações disponíveis, visto que a grande maioria dos postos fluviométricos estão localizados predominantemente no curso d’água principal das bacias hidrográficas.

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transferência pode abranger diretamente as séries de vazões e, ou, precipitações, ou até mesmo determinados parâmetros estatísticos relevantes, tais como: média, variância, máximos e mínimos ou, ainda, equações e parâmetros relacionados com estas estatísticas.

A regionalização de vazões é uma técnica utilizada para transferir informações espacialmente, buscando explorar ao máximo os dados disponíveis numa determinada área geográfica. Os estudos de regionalização desenvolvidos geralmente utilizam as vazões existentes, quando estas informações são representativas; no entanto, quando os dados são deficientes, a regionalização fica comprometida (OBREGON et al., 1999; SIMMERS, 1984; MOSLEY, 1981).

A regionalização de vazões é uma técnica utilizada para suprir a carência de informações hidrológicas em locais com pouca ou nenhuma disponibilidade de dados, sendo considerada uma ferramenta de grande importância no gerenciamento dos recursos hídricos. Os modelos de regionalização de vazões buscam uma melhor estimativa das vazões em seções que não possuem medições fluviométricas, não sendo recomendada a utilização destes modelos em seções que possuem medições, pois os mesmos não substituem as informações reais (SILVA JÚNIOR et al., 2002). Dentre os métodos mais utilizados de regionalização de vazões mínimas está o uso de equações de regressão regionais ajustadas com base em características fisiográficas e climáticas das bacias, aplicadas dentro de regiões hidrologicamente homogêneas previamente definidas (ELETROBRÁS, 1985).

JUSTIFICATIVA

A humanidade já passou por diversas crises, como de epidemias, de alimentos e de petróleo; provavelmente, as próximas serão de energia e de disponibilidade de água de boa qualidade. A crise de disponibilidade de água afetará a irrigação e será afetada por ela. Já surgem disputas pela água: o uso para irrigação, para hidrelétricas e para consumo humano e industrial. A implantação de vários projetos de irrigação, sem a prévia quantificação da vazão possível de ser usada, tem acarretado, em algumas bacias, falta de água para as áreas situadas a jusante. Tem-se chegado ao extremo da total falta de água para o consumo humano, animal e da fauna, causando sérios impactos ambientais e conflitos entre os usuários.

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A regionalização hidrológica é um instrumento eficaz em estudos de planejamento e administração de recursos hídricos, possibilitando a obtenção de variáveis hidrológicas, como vazões máximas, mínimas e médias de longo período, de maneira simples e rápida, de acordo com a agilidade que a administração dos recursos hídricos requer para suas decisões.

Como já foi discutido, entende-se por regionalização hidrológica, ou mais especificamente regionalização de vazões, o conjunto de procedimentos e métodos estatísticos que visam explorar ao máximo os dados existentes numa região, buscando-se permitir a estimativa da vazão num local com ausência ou insuficiência de dados. Por meio da regionalização, visa-se permitir, por exemplo, a obtenção indireta das vazões em seções em que faltem dados ou onde, por fatores de ordem física ou econômica, não seja possível a instalação de estações hidrométricas. A estimativa é realizada com base em modelos de cálculo das vazões, que se demonstram estatisticamente aplicáveis a qualquer seção fluvial da bacia considerada.

O fato de ser limitada a disponibilidade hídrica de uma bacia hidrográfica, aliado ao crescente aumento da demanda motivado pelos mais variados usos e impulsionado pelo desenvolvimento econômico, exige a adoção de critérios de gestão capazes de minimizar os inevitáveis conflitos pelo uso da água. Para que a gestão seja adequada, requer-se o conhecimento dos diferentes segmentos do ciclo hidrológico, notadamente da precipitação e da vazão. Com isso, e considerando-se a importância de se verem atendidas as regiões com ausência ou escassez de dados fluviométricos, desenvolveu-se vários estudos de construção de modelos matemáticos de regionalização de vazões em diversas bacias hidrográficas brasileiras.

REGIONALIZAÇÃO HIDROLÓGICA

A regionalização de vazões é uma técnica utilizada para suprir a carência de informações hidrológicas em locais com pouca ou nenhuma disponibilidade de dados, sendo considerada uma ferramenta de suma importância no gerenciamento dos recursos hídricos. Os modelos de regionalização de vazões buscam uma melhor estimativa das vazões em seções que não possuem medições fluviométricas, não sendo recomendada a utilização destes modelos em seções que possuem medições, pois os mesmos não substituem as informações reais (SILVA JÚNIOR et al., 2002).

A regionalização pode ser realizada nas seguintes situações:

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b) quando uma função hidrológica, como a curva de permanência ou de duração, a curva de regularização, a curva de intensidade-duração-frequência, entre outras, é determinada numa região com base em dados hidrológicos existentes; e

c) quando os parâmetros de uma função ou modelo matemático são determinados pela sua relação com características físicas das bacias, a partir do ajuste de um modelo com base em dados observados em algumas bacias representativas.

Os modelos hidrológicos são ferramentas utilizadas para melhor entender e representar o comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica. A aplicação destes modelos é limitada pela heterogeneidade física da bacia e dos processos envolvidos no ciclo hidrológico, o que tem propiciado o desenvolvimento de um grande número de modelos (TUCCI et al., 2002).

Com o aumento da disponibilidade de computadores a partir do final da década de 1950, criaram-se condições que propiciaram um acelerado processo de desenvolvimento de modelos hidrológicos baseados em conceitos físicos, em substituição aos modelos até então existentes e que utilizavam somente métodos de indicadores estatísticos (TUCCI, 1998). O aumento da disponibilidade de computadores também possibilitou o aprimoramento dos próprios métodos baseados em indicadores estatísticos devido à automação dos processos envolvidos na aplicação destes métodos.

Os modelos hidrológicos são divididos em dois grandes grupos: determinístico e estocástico. Chow, citado por TUCCI (1998), define que se o modelo considera a chance de ocorrência das variáveis, ou seja, utiliza o conceito de probabilidade este é dito estocástico, entretanto se o modelo considera um processo definido que não esteja baseado no conceito de probabilidade, o modelo é dito determinístico.

A regionalização de vazões é uma técnica utilizada para transferir informações espacialmente, buscando explorar ao máximo os dados disponíveis numa determinada área geográfica. Os estudos de regionalização desenvolvidos geralmente utilizam as vazões existentes, quando estas informações são representativas; no entanto, quando os dados são deficientes, a regionalização fica comprometida (OBREGON et al., 1999; SIMMERS, 1984; MOSLEY, 1981).

Em estudos desenvolvidos por EUCLYDES et al. (2001) e BAENA (2002), o processo de regionalização da vazão mínima mostrou-se exaustivo, porém simples, dependente apenas da disponibilidade de dados e de ferramentas computacionais adequadas, além de recursos humanos qualificados.

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dessas metodologias. Como alternativa, eles propõem um método que parte da razão de área de drenagem comumente usado em estimativa de vazões regionais, e generalizam soluções para interpolação e extrapolação de vazões mínimas em diferentes situações da bacia, dependendo da posição relativa do ponto de interesse em relação aos postos fluviométricos mais próximos. O erro médio obtido entre os valores calculados pelo método proposto e os valores observados de 45% foi significativamente inferior ao obtido pelo método tradicional de 289%. Além disso, o índice de eficiência de Nash & Sutcliffe, no caso do método proposto, foi 15% superior ao do método tradicional.

Um método apresentado por SILVEIRA et al. (1998), para quantificação de vazão em pequenas bacias sem dados, baseia-se na combinação de um modelo “chuva-vazão” simplificado, com amostragem reduzida de vazões para obtenção de séries cronológicas contínuas de descargas (fluviograma), sintetizando informações produzidas somente por monitoramento convencional. A rápida interação com o meio, através de algumas medições locais, conduziu a boa avaliação da disponibilidade por meio de um modelo com dois parâmetros.

MÉTODOS DE REGIONALIZAÇÃO ESTUDADOS

Método Tradicional

Um dos métodos mais difundidos para a regionalização de vazões é o método tradicional, o qual é descrito pela ELETROBRÁS (1985a) e que consiste nas seguintes etapas: identificação de regiões hidrologicamente homogêneas e no ajuste de equações de regressão entre as diferentes variáveis a serem regionalizadas e as características físicas e climáticas das bacias de drenagem para cada região homogênea.

As características físicas da bacia mais utilizadas em estudos de regionalização de vazões são a área de drenagem, o comprimento do rio, a densidade de drenagem e a declividade média do rio principal. Pilgrim, citado por CATALUNHA (2004), salienta que dentre estas características, a área de drenagem é aquela que tem sido mais utilizada nestes estudos, sendo que esta variável geralmente possui boa correlação com as outras características físicas da bacia. SILVA et al. (2003) aplicaram o método tradicional para a regionalização das vazões médias, máximas e mínimas, e da curva de permanência na bacia do rio Grande, situada no Estado do Paraná, tendo evidenciado que a área de drenagem foi a variável que melhor explicou o comportamento das vazões.

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precipitações médias anuais, enquanto para a estimativa das vazões mínimas as precipitações mais utilizadas são: total anual, semestre mais seco e trimestre mais seco.

BAENA et al. (2002) estudaram o efeito de diferentes escalas cartográficas na determinação de características físicas da bacia do rio Paraíba do Sul, constatando a existência de uma influência expressiva da escala na rede de drenagem e pequeno efeito na área de drenagem. Desta forma, constataram que o uso da densidade de drenagem em modelos de regionalização pode acarretar grandes incertezas na estimativa das vazões, motivo pelo qual recomendam que o uso desta variável em modelos de regionalização de vazões deva ser evitado.

Em estudo de regionalização de vazões pelo método tradicional nas sub-bacias 46, 47, 48 e 49 do rio São Francisco, RAMEH et al. (2003) propuseram, além das variáveis físicas e climáticas comumente utilizadas em estudos de regionalização de vazões, a inserção de uma variável que representa a permeabilidade do solo, sendo esta variável obtida de mapas temáticos elaborados pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), mostrando que a inserção desta variável propiciou melhora expressiva no desempenho dos modelos. Assim, os autores concluíram que a inclusão de variáveis explicativas relacionadas com o processo de formação das vazões nos cursos d’águas é de extrema importância para estudos de regionalização.

Método baseado na interpolação linear

Esse método é descrito pela ELETROBRÁS (1985b), a qual obtém as vazões relativas à seção de interesse utilizando as vazões correspondentes às seções fluviométricas mais próximas. Assim, quando a seção de interesse encontra-se entre dois postos fluviométricos a vazão na seção de interesse é igual à vazão na seção de montante mais um incremento da vazão proporcional ao aumento da área de drenagem entre a estação de montante e a de jusante. Quando isto não acontece, ou seja, a seção de interesse está a montante ou a jusante de apenas um posto fluviométrico considera-se que a vazão específica das duas seções é igual, porém o autor recomenda que a aplicação desta metodologia somente deve ser feita quando a diferença das áreas de drenagem das duas seções analisadas é inferior a três vezes uma em relação a outra (ELETROBRÁS, 1985b).

Tal método é baseado no princípio de que a vazão na seção de interesse é obtida por uma relação de proporcionalidade entre as vazões e áreas de drenagem dos postos fluviométricos mais próximos. O método não necessita de definição de regiões hidrologicamente homogêneas, sendo, portanto, utilizadas as mesmas equações ao longo de toda a bacia hidrográfica.

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pela equação 1. Já quando a seção de interesse está situada num trecho de rio entre duas estações fluviométricas (caso 3), a vazão desconhecida é estimada pela equação 2.

z j m j m Z A A Q Q        = , , (1) ) ( j m m j m z m Z Q Q A A A A Q Q  −       − − + = (2) em que:

Qz = vazão na seção de interesse, m3s-1;

Qm,j = vazão no posto de montante ou de jusante, m3s-1;

Qm = vazão no posto de montante, m3s-1;

Qj = vazão no posto de jusante, m3s-1;

Az = área de drenagem na seção de interesse, km2;

Am,j = área de drenagem do posto de montante ou de jusante, km2;

Am = área de drenagem do posto de montante, km2;

Aj = área de drenagem do posto de jusante, km2.

A quarta situação (caso 4) é quando a seção de interesse está situada em um trecho de rio afluente cuja foz está entre dois postos fluviométricos situados em um rio de ordem superior. Neste caso aplicou-se uma combinação das outras duas situações descritas anteriormente, sendo primeiramente calculada a vazão (equação 2) na seção de confluência. Estimada a vazão na confluência dos rios aplicou-se a equação 1 para estimar a vazão na seção de interesse.

Método proposto por Chaves et. al. (2002)

Também com a finalidade de propor um método que seja condizente com a realidade

da maioria das bacias hidrográficas brasileiras, CHAVES et al. (2002)

desenvolveram metodologia de interpolação e extrapolação de vazões mínimas a qual apresenta soluções que dependem da posição relativa da seção de interesse em relação aos postos fluviométricos mais próximos, sendo as variáveis utilizadas para a estimativa das vazões nas seções de interesse a área de drenagem e as distâncias entre a seção de interesse e o posto fluviométrico considerado.

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distâncias entre as seções analisadas foram as variáveis independentes para o cálculo da vazão desconhecida.

Assim, quando a seção de interesse está situada a montante (caso 1) ou a jusante (caso 2) de um posto fluviométrico a metodologia é a mesma da interpolação linear, sendo, portanto, a vazão na seção de interesse calculada pela equação 1. Já quando a seção de interesse está situada num trecho de um rio entre duas estações fluviométricas (caso 3) a vazão desconhecida é estimada pela equação

                +       = j j j m m m z z A Q p A Q p A Q (3) Sendo:         + = j m j m d d d p (4)         + = j m m j d d d p (5) em que:

pm = peso relativo à estação de montante, adimensional;

pj = peso relativo à estação de jusante, adimensional;

dm = distância entre o posto de montante e a seção de interesse, km;

dj = distância entre o posto de jusante e a seção de interesse, km.

A quarta situação (caso 4) é quando a seção de interesse está situada em um trecho de rio afluente cuja foz está entre dois postos fluviométricos situados em um rio de ordem superior. Neste caso aplicou-se uma combinação das outras duas situações descritas anteriormente, sendo primeiramente calculada a vazão (equação 3) na seção de confluência. Estimada a vazão na confluência dos rios aplicou-se a equação 1 para estimar a vazão na seção de interesse.

Método da interpolação linear modificado

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relação entre os volumes precipitados. Desta forma, as equações 1 e 2 utilizadas no método baseado na interpolação linear passam a ser expressas pelas equações 6 e 7, respectivamente.

(

z z

)

j m j m j m z A P A P Q Q        = , , , (6)

(

j m

)

m m j j m m z z m z Q Q P A P A P A P A Q Q  −       − − + = (7) em que:

Pm,j = precipitação média anual na área de drenagem do posto de montante ou de jusante,

mm;

Pz = precipitação média anual na área de drenagem do posto da seção de interesse, mm;

Pm = precipitação média anual na área de drenagem do posto de montante, mm;

Pj = precipitação média anual na área de drenagem do posto de jusante, mm.

Para a situação em que a seção de interesse está situada em um trecho de rio afluente cuja foz está entre dois postos fluviométricos situados em um rio de ordem superior, aplicou-se o mesmo procedimento do método original, porém usando as novas equações propostas neste método.

Método Chaves modificado

Tal método é baseado no mesmo princípio utilizado pela proposição do método da interpolação linear modificado, ou seja, considerando o processo físico de formação das vazões estas são mais dependentes dos volumes precipitados do que das áreas de drenagem. Assim, o método Chaves modificado consiste em inserir a variável precipitação média no método proposto por Chaves et al. (2002), sendo a vazão obtida na seção de interesse proporcional ao volume precipitado nas áreas analisadas. Desta forma, as equações 1 e 3 utilizadas no método de Chaves et al. (2002) passam a ser expressas pelas equações 6 e 8, respectivamente.

(

)

                +       = j j j j m m m m z z z P A Q p P A Q p P A Q (8)

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Para a aplicação das metodologias interpolação linear, Chaves et al. (2002), interpolação linear modificado e Chaves modificado, procedeu-se a estimativa das vazões nas seções correspondentes a cada um dos 21 postos fluviométricos estudados utilizando estas quatro metodologias visando a comparação do resultado obtido pelos procedimentos destas metodologias com os próprios valores estimados com base nas séries históricas. Para tanto, primeiramente observou-se no mapa da bacia a posição dos postos fluviométricos mais próximos à seção de interesse, sendo então procedido o enquadramento em uma das quatro situações previstas nos métodos.

APLICAÇÕES DOS MÉTODOS

Segundo estudos realizados por NOVAES (2005), onde foi analisado um modelo para a quantificação da disponibilidade hídrica na sub-bacia do Paracatu situada no Médio São Francisco, cerca de 92% encontram-se no Estado de Minas Gerais, 5% em Goiás e 3% no Distrito Federal (FERREIRA e EUCLYDES, 1997), tem como um dos objetivos principais comparar as vazões mínimas e média de longa duração estimadas por diferentes métodos de regionalização de vazões na bacia do Paracatu através dos erros relativos (ER) entre as vazões estimadas e observadas. Na realização do estudo analisou-se os dados hidrológicos pertinentes à precipitação média, vazão média de longa duração, vazão mínima com sete dias de duração e período de retorno de 10 anos (Q7,10) e vazões associadas às permanências de 95% (Q95%) em 21 estações fluviométricas situadas

na bacia do Paracatu no período de 1970 a 2000, pertencentes à rede hidrometeorológica da Agência Nacional de Águas (ANA).

Os resultados obtidos podem ser analisados na Figura 1.

0 5 10 15 20 25 30 35 Tradicional Interpolação linear Interpolação linear modif icado CHAVES et al, (2002) CHAVES modificado Métodos E rr o R e la ti v o ( % ) Q7,10 Q95% Qmld

Figura 1 – Gráfico comparativo dos métodos de regionalização de vazão para as vazões Q7,10, Q95%

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Estão apresentados os valores dos erros relativos entre as vazões estimadas e as calculadas para as vazões mínimas de sete dias de duração e período de retorno de 10 anos (Q7,10) estimados

pelas cinco metodologias de regionalização de vazões analisadas neste estudo: tradicional, interpolação linear, interpolação linear modificado, CHAVES et al. (2002) e CHAVES modificado.

Analisando os resultados para a Q7,10 na Figura 1, verifica-se que as cinco metodologias de

regionalização de vazões apresentaram erros relativos médios semelhantes, variando de 25,2%, mostrados na metodologia baseada na interpolação linear, a 30,4%, observado no método de CHAVES modificado.

Os valores apresentados dos erros relativos para os dados das vazões mínimas estimadas e as calculadas associada à permanência de 95% (Q95%) estimados pelas cinco metodologias de

regionalização de vazões analisadas neste estudo, evidencia-se na Figura 1 comportamento similar ao descrito anteriormente para a regionalização das Q7,10, sendo observados valores de ER de

menores magnitudes na estimativa das Q95% quando comparados com os obtidos na estimativa das

Q7,10, pois, sendo os valores das Q95% maiores, o denominador da equação para o cálculo do ER

torna-se maior tendendo, conseqüentemente, a reduzir o valor do próprio ER.

A Figura 1 mostra também, os valores dos erros relativos das vazões médias de longa duração (Qmld) estimados pelas cinco metodologias de regionalização de vazões analisadas neste

estudo. Analisando as cinco metodologias de regionalização de vazões apresentaram, como evidenciado para a Q7,10 e a Q95%, erros relativos médios semelhantes, variando de 9,6% obtido pela

metodologia de CHAVES modificado, a 13,0% obtido pelo método tradicional de regionalização de vazões. Os valores de ER para a estimativa da Qmld foram menores que os valores de ER para a

estimativa das Q7,10 e Q95%, pois as Qmld apresentam magnitude de variação menor que as vazões

mínimas, e também devido a magnitude dos valores da Qmld ser maior o que acarreta uma tendência

de diminuir os valores de ER.

Pela análise dos resultados obtidos tanto para a regionalização da Q7,10, quanto da Q95% e da

Qmld, evidenciou-se que o desempenho dos cinco métodos analisados não caracterizou diferenças

expressivas, mostrando que a utilização dos métodos baseados na interpolação e extrapolação de vazões não representou prejuízo em relação à metodologia tradicional. Também constatou-se que, para as condições estudadas, a inserção das modificações propostas nas metodologias de interpolação linear e CHAVES et al. (2002) não apresentou melhoria expressiva que justificasse a sua recomendação.

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qual foram avaliadas três metodologias de regionalização de vazões mínimas de referência (Q7,10

Q90 e Q95): 1) ELETROBRÁS (1985), tendo como princípio básico a utilização de equações de

regressão aplicadas a regiões hidrologicamente homogêneas; 2) CHAVES et al. (2002), que utiliza técnicas de interpolação e extrapolação automáticas em ambiente de sistemas de informações geográficas; e 3) vazão específica, que é calculada com base nas áreas de drenagem de postos fluviométricos localizados a montante e, ou, a jusante da seção onde se deseja calcular a vazão.

Com os resultados das vazões mínimas estimadas com base nas três metodologias e os valores de vazões observadas para os postos fluviométricos da bacia, foi avaliada a precisão das metodologias por meio da aplicação de dois índices: erro relativo e coeficiente de eficiência de Nash e Sutcliffe. Onde o autor pôde concluir que a melhor metodologia de regionalização de vazões mínimas de referência para a sub-bacia do rio Paranã foi a baseada na utilização de equações de regressão regionais, com erro relativo médio de 13,58% e coeficiente de eficiência de Nash e Sutcliffe médio de 0,97.

CONCLUSÕES

Para o estudo realizado por NOVAES (2005), não foram encontradas elevadas diferenças na aplicação dos cinco métodos de regionalização de vazões (tradicional, interpolação linear, interpolação linear modificado, CHAVES et al. (2002) e CHAVES modificado), tanto para as vazões mínimas com sete dias de duração e tempo de retorno de 10 anos (Q7,10), ou para a vazão

com permanência de 95% (Q95%) e a vazão média de longa duração (Qmld).

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Referências

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