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APLICAÇÃO DE POLÍMEROS CONDUTORES NA PREPARAÇÃO DE TINTAS COM PODER ANTI- INCRUSTANTE PARA PROTEÇÃO DE EMBARCAÇÕES E ESTRUTURAS METÁLICAS

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APLICAÇÃO DE POLÍMEROS CONDUTORES NA

PREPARAÇÃO DE TINTAS COM PODER

ANTI-INCRUSTANTE PARA PROTEÇÃO DE EMBARCAÇÕES E

ESTRUTURAS METÁLICAS

Alessandra F. Baldissera1, Carlos A. Ferreira1*, Karine L. Miranda1, Christine Bressy2, André Margaillan2 1

LAPOL/PPGEM Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, Campus do Vale, Porto Alegre-RS – ferreira.carlos@ufrgs.br

2

MAPIEM/ISITV, Université du Sud de Toulon-Var, La Garde, France

O trabalho apresenta o desempenho de revestimentos antifouling obtidos a partir de tintas contendo polianilina com diferentes dopantes ou derivados de polianilina aplicados sobre um substrato metálico ou de PVC e comparados com tintas comerciais. As tintas foram processadas utilizando equipamento adequado visando a obtenção de produtos com qualidade equivalente aos disponíveis no mercado. Tanto a polianilina e seus derivados como as tintas contendo estes polímeros em sua formulação foram caracterizadas através de diferentes técnicas como espectroscopia de infravermelho, condutividade elétrica e microscopia eletrônica de varredura. A capacidade de resistir a incrustação foi avaliada por ensaios de imersão in situ em ambiente marinho. Algumas das tintas elaboradas contendo polianilina na sua formulação foram capazes de evitar a incrustação por organismos marinhos durante tempos similares aos apresentados pelas tintas comerciais.

Palavras-chave: Polímero condutor, Polianilina, Resina epóxi, Tinta, Proteção antifouling.

Application of conductive polymers in the preparation of antifouling paints for protection of vessels and metal structures

The paper presents the performance of antifouling coatings obtained from paints containing polyaniline with different doping or derivatives of polyaniline on metallic or PVC substrates and compared with commercial paints. The paints were prepared in particular equipment in order to produce paints with similar characteristics to those commercially available. The paints, the PAni and its derivatives were characterized with FT-IR spectrophotometry, electrical conductivity and scanning electron microscopy. The antifouling coatings performance was evaluated with immersion tests in marine environment. Some of the paints containing polyaniline were able to prevent the incrustation by marine organisms during times similar to those presented by commercial paints.

Keywords: Conductive polymers, Polyaniline, epoxy resin, paint, antifouling protection.

Introdução

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envolvido na utilização de outros métodos de proteção anti-incrustante de navios e estruturas para ambiente marítimo (métodos físicos como aplicação de painéis, tensão elétrica, UV, ultrasom, aquecimento, revestimentos hidrofóbicos a base de silicone, etc)[7] o método convencional com tintas teria sido abandonado.

Já há alguns anos, os materiais conhecidos como polímeros condutores eletrônicos vêm sendo empregados na fabricação de revestimentos protetores contra a corrosão de metais tanto na sua forma dopada quanto na forma desdopada.[8,9,10,11,12,13,14] Estes polímeros, quando em seu estado dopado e condutor, são capazes de proteger o aço contra a corrosão através de um mecanismo de proteção anódica (produção de uma camada de óxidos mistos de ferro de alto poder protetor) além de serem capazes, no caso de uma fratura no revestimento, regenerar a camada de óxidos metálicos. Foi relatado que estes polímeros apresentam, além desta capacidade de proteger metais contra a corrosão, também uma excelente potencialidade para emprego como agentes anti-incrustantes em tintas antifouling. Tintas contendo óxido cuproso mais polianilina (PAni) ou seu derivado sulfonado (SPAN), mostraram uma proteção antifouling muito mais efetiva que a tinta contendo unicamente óxido cuproso, fazendo supor um efeito sinérgico entre estes dois compostos.[15]

O objetivo deste trabalho foi produzir uma classe de tintas não convencionais contendo polímero condutor, caracterizar os produtos utilizando técnicas específicas da área de tintas e técnicas de análise de polímeros e realizar ensaios de imersão in situ para avaliar o desempenho dos revestimentos formados a partir dessas tintas frente ao fouling marinho.

Experimental

Preparação da PAni, desdopagem, dopagem com DBSA e sulfonação

A PAni-ES utilizada neste trabalho (PAni dopada com HCl), foi preparada de acordo com o procedimento clássico. A reação de polimerização da anilina foi realizada a temperaturas entre -4 e 0oC, durante 8 h. Uma solução consistindo de um agente oxidante [(NH4)2S2O8] em HCl 1 M foi

adicionada lentamente a uma segunda solução de HCl 1 M contendo o monômero, sob agitação constante. A PAni-ES obtida foi filtrada e o pó verde obtido foi lavado com água destilada e finalmente seco em estufa a 60°C, durante 24 h.

PAni-EB (PAni desdopada) foi obtida após o tratamento da PAni-ES em uma solução 0,1 mol.L-1 de NH4OH em água. Após 24 h sob agitação constante, a solução foi filtrada e o pó azul escuro foi

lavado com água destilada e seco em uma estufa a 60°C por 24 h.

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Para obtenção da SPAN, PAni-ES foi dispersa em 1,2–dicloroetano (DCE) e aquecida até 80oC. O ácido clorosulfônico (HSO3Cl) foi diluído em DCE (concentração 1,5 M) e gotejado lentamente na

solução contendo a PAni. A reação foi mantida por 5 h sob agitação e com um sistema de refluxo, para evitar a perda do DCE. A polianilina cloro sulfonada foi filtrada e dispersa em água, sendo aquecida à 100oC e mantida nesta temperatura por mais 4 h para promover a hidrólise. Finalmente o produto foi precipitado em acetona, filtrado sob vácuo e seco em estufa a 60oC durante 24 h.

Preparação das tintas contendo PAni

As tintas foram preparadas utilizando equipamento específico para esta finalidade e os componentes foram pesados conforme a formulação básica descrita na Tabela 1.

Tabela 1 – Composição utilizada para as tintas

Componente Formulação sem PAni Formulação com PAni

Resina epóxi em solução 27,7 25,1

Pigmentos (Cu2O + TiO2(a)) 47,9 34,7

PAni - 8,7

Carga 5,4 5,0

Solvente(b) 13,9 20,1

Aditivos de processo 5,1 6,4

(a) Cu2O – óxido cuproso; TiO2 – dióxido de titânio;

(b) Quantidade inicial de solvente utilizada para fazer a dispersão e moagem dos pigmentos.

Os pigmentos, PANi e carga foram dispersos na resina e nos aditivos usando um dispersor DISPERMAT N1 (BYK Gardner), com um disco Cowles acoplado, a uma velocidade de 5.000 rpm durante 30 min. Após, esferas de zircônio foram adicionadas à mistura e fez-se a moagem dos pigmentos até alcançar uma boa dispersão. Durante a moagem, aumentou-se a velocidade do dispersor para aproximadamente 8.000 rpm para aumentar o atrito das esferas com a mistura. Solvente também foi adicionado durante este processo. O tamanho das partículas, avaliado com um Grindômetro (BYK Gardner), permaneceu entre 6 e 7 Hegman (25 e 15 µm). Por fim fez-se a completagem da tinta, adicionando-se resina e solvente até alcançar a viscosidade desejada.

Preparação dos corpos de prova

As placas de aço SAE 1010, de dimensões (250x200x1)mm, foram previamente desengraxadas com xileno e as tintas aplicadas sobre o substrato utilizando pincel. Os corpos de prova foram então acondicionados em local livre de poeiras até completa secagem do revestimento. A espessura dos revestimentos foi avaliada após a evaporação do solvente a temperatura ambiente. As placas de PVC, de dimensões (200x150x8)mm, foram previamente desgastadas por processo abrasivo e desengraxadas com água e detergente e após com etanol. As diferentes formulações também foram aplicadas sobre o substrato utilizando pincel.

Condutividade elétrica

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2400. O material a ser analisado foi pastilhado em formato cilíndrico com 25 mm de diâmetro e espessura variável.

Análises FT-IR

Para a análise dos polímeros condutores utilizou-se pastilhas do material com KBr. Os polímeros puros foram previamente moídos e secos para a confecção das pastilhas. Foi utilizado um espectrômetro FTIR Perkin Elmer modelo Spectrum 1000, faixa de comprimento de onda entre 4000-400 cm-1 e resolução espectral de 4 cm-1.

Teste de aderência

O teste foi realizado conforme a norma ASTM D3359-97[17] que avalia qualitativamente a aderência de uma ou mais camadas de tinta sobre sua base.

Medidas de espessura dos filmes

Para medir a espessura dos filmes utilizou-se o método de corrente difusa com uma unidade de medida Byko-test 7500 (BYK Gardner). As medidas foram repetidas 8 vezes e a média e o desvio padrão foram calculados.

Análise do comportamento antifouling das tintas

As placas revestidas com as diferentes formulações foram imersas próximo ao mar (TRANSPETRO – Petrobrás Transporte S.A), entre o rio Tramandaí e a praia de Imbé – RS/Brasil, para avaliar a incrustação de organismos marinhos. A salinidade neste local era de aproximadamente 2,5%. O poder anti-incrustante das tintas também foi avaliado no mar Mediterrâneo, com imersão das placas no Arsenal du Mourillon, Toulon – França (salinidade 3,5%).

Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

As análises foram realizadas em um microscópio eletrônico de varredura da marca JEOL modelo JSM-5800 Scanning Electronic Microscope, com um EDS (Energy Dispersive System) acoplado. Amostras dos revestimentos foram fraturadas utilizando nitrogênio líquido, depositados em um substrato de aço e metalizadas para posterior análise. A observação se deu no perfil das amostras.

Resultados e Discussão

Condutividade elétrica

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Análises FT-IR

As amostras de PAni foram submetidas à análise de FT-IR e para todas elas os espectros comprovaram a obtenção dos polímeros desejados e a interação com o dopante. A Figura 1 mostra os espectros de infravermelho para a PAni-EB, PAni-ES, PAni/DBSA e SPAN.

Figura 1 – Espectros de infravermelho (a) PAni-EB; (b) PAni-ES; (c) PAni/DBSA; (d) SPAN

No espectro da PAni-EB observam-se duas fortes bandas de absorção em 1586 cm-1 e 1495 cm-1 atribuídas ao estiramento das ligações C=C do anel aromático dos grupos quinóide (Q) e benzenóide (B), respectivamente. Nos espectros da PAni-ES e PAni/DBSA estas bandas se deslocam para regiões de menor número de onda (1560 e 1475 cm-1 e 1557 e 1479 cm-1, respectivamente) devido à criação de cargas positivas na cadeia do polímero evidenciando um comportamento característico de polímero dopado. Estes valores são semelhantes aos descritos na literatura por outros autores que também trabalham na área de polímeros condutores.[18,19] A banda presente no espectro da PAni-EB em 1376 cm-1 relacionada ao estiramento C-N das unidades QBQ desaparece completamente nos espectros da PAni-ES e PAni/DBSA, revelando que o processo de dopagem com a formação do polaron (C-N+)foi bastante efetivo. As bandas em 1030 cm-1 e 1004 cm-1 que estão presentes apenas no espectro da PAni/DBSA são atribuídas às ligações S=O do ácido sulfônico utilizado como dopante. No espectro da SPAN, também é possível observar as bandas em 1580 cm-1 e em 1477 cm-1 atribuídas ao estiramento das ligações C=C do anel aromático dos grupos Q e B. As bandas em 1070 cm-1 e 1019 cm-1 são atribuídas à deformação assimétrica e simétrica da ligação S=O, respectivamente. Em 813 cm-1 observa-se a deformação fora do plano do anel tri-substituído 1, 2 e 4. As bandas em 700 cm-1 e 603 cm-1 são atribuídas às ligações S-O e C-S, respectivamente.

Processamento das tintas

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Tabela 2 – Nomenclatura das tintas obtidas no laboratório

Tinta Resina Epóxi Pigmentos

T1-EM Monocomponente Cu2O; TiO2

T1-EMPy Monocomponente Cu2O; TiO2; PyZn

T2-EMPAniEB Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni-EB

T2-EMPAniEBPy Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni-EB; PyZn

T3-EMPAniHCl Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni-ES

T3-EMPAniHClPy Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni-ES; PyZn

T4-EMPAniDBSA Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni/DBSA

T4-EMPAniDBSAPy Monocomponente Cu2O; TiO2; PAni/DBSA; PyZn

T5-EMSPAN Monocomponente Cu2O; TiO2; SPAN

T5-EMSPANPy Monocomponente Cu2O; TiO2; SPAN; PyZn

* A quantidade de PyZn (piritionato de zinco) utilizada nas formulações foi de 5%, calculada sobre a massa total da formulação.

Teste de aderência

Foram testadas todas as tintas preparadas no laboratório, o Primer e também a tinta comercial Intermarine (International®). Todas as placas receberam uma camada do Primer e após, duas demãos do acabamento anti-incrustante. A análise dos resultados foi feita segundo classificação descrita na norma ASTM D3359-97[17] e estão apresentados na Tabela 3.

Tabela 3 – Classificação do teste de aderência para os revestimentos

Amostra Classificação* Primer 5B Tinta Intermarine 1B T1-EM 3B T1-EMPy 4B T2-EMPAniEB 4B T2-EMPAniEBPy 4B T3-EMPAniES 4B T3-EMPAniESPy 5B T4-EMPAniDBSA 2B T4-EMPAniDBSAPy 0B T5-EMSPAN 4B T5-EMSPANPy 4B

*5B – 0% de área removida; 0B – mais de 65% de área removida

Observa-se que os revestimentos obtidos a partir das tintas preparadas no laboratório apresentaram melhor aderência que o revestimento formado a partir da tinta comercial Intermarine, com exceção da amostra T4-EMPAniDBSAPy (tinta onde utilizou-se PAni/DBSA e PyZn), que apresentou classificação 0B, ou seja, mais de 65% do filme foi removido. Esta baixa aderência pode estar associada à natureza e quantidade de surfactante (DBSA) utilizado para dopar a PAni, visto que a amostra T4-EMPAniDBSA também apresentou aderência inferior às outras amostras. O Primer apresentou uma classificação 5B, ou seja, nada do revestimento foi removido, indicando que a aderência do revestimento ao substrato metálico é excelente.

Análise do comportamento antifouling dos revestimentos Teste na água do rio Tramandaí (Imbé, RS – Brasil)

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branco, visto que não recebeu acabamento anti-incrustante. A placa 2 foi revestida com a tinta comercial Intermarine e utilizada como referência.

Tabela 4 – Tintas utilizadas nas placas de aço e espessura do filme seco da tinta antifouling usada como acabamento

Placa Tinta Espessura do acabamento (µm)

1 Primer - 2 Tinta Intermarine 30,3 ± 1,0 3 T1-EM 55,8 ± 1,5 4 T1-EMPy 63,6 ± 2,2 5 T2-EMPAniEB 35,1 ± 2,5 6 T2-EMPAniEBPy 55,1 ± 1,0 7 T3-EMPAniES 70,3 ± 2,3 8 T3-EMPAniESPy 46,8 ± 2,0 9 T4-EMPAniDBSA 50,0 ± 1,3 10 T4-EMPAniDBSAPy 52,9 ± 2,5 11 T5-EMSPAN 57,4 ± 1,5 12 T5-EMSPANPy 60,3 ± 2,5

A Figura 2 mostra o desempenho destes revestimentos frente ao fouling marinho.

Figura 2 - Aspecto das placas de aço revestidas e respectivo tempo (em semanas) de imersão em ambiente marinho (Imbé-Brasil)

Observou-se que na placa revestida somente com Primer, grande quantidade de Balanus[6] ou cracas aderiram sobre o revestimento com apenas 2 semanas de imersão. Com 9 semanas de ensaio esta placa estava totalmente incrustada. A placa revestida com a tinta comercial Intermarine, mostrou-se eficiente até aproximadamente 45 semanas de imersão. Após 53 semanas de imersão, apesar de alguns pontos de corrosão, observou-se a aderência de Balanus em todo revestimento. Para as formulações processadas no laboratório, pode-se observar que as tintas que apresentaram melhor desempenho foram T3-EMPAniESPy e T4-EMPAniDBSAPy, as quais continham PyZn na formulação. Os revestimentos mostraram-se eficientes durante as 53 semanas de imersão em ambiente marinho, sendo melhor do que o apresentado pela tinta comercial. Para as placas de aço revestidas com as tintas T5-EMSPAN e T5-EMSPANPy o desempenho anti-incrustante foi semelhante ao apresentado pela tinta comercial Intermarine.

Através da análise do comportamento antifouling dos revestimentos, observou-se que quando se adiciona PAni na forma condutora (PAni-ES, PAni/DBSA e SPAN) na formulação, o desempenho

Primer: 9a Intermarine: 53a T2-EMPAniEB: 20ª T4-EMPAniDBSAPy: 53ª T5-EMSPAN: 53ª T1-EM: 18ª T1-EMPy: 45ª T3-EMPAniES: 41ª T2-EMPAniEBPy: 41ª

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antifouling melhora. A combinação na formulação destes polímeros condutores com o PyZn leva a revestimentos tão bons ou melhores que aqueles obtidos pela tinta comercial avaliada. Portanto, é possível que a reação entre o cobre e a polianilina ocorra através da transferência eletrônica entre o íon cuproso (I) e a polianilina condutora, favorecendo a formação do íon cúprico (II), que é a forma biocida ativa que combate o fouling marinho. Este mecanismo é proposto pela seguinte reação:

Cu+ + PAni+ Cu2+ + PAni0

Teste no mar Mediterrâneo (Toulon – França)

Neste ensaio foram utilizadas placas de PVC, logo não foi necessário utilizar um revestimento de fundo para dar proteção contra corrosão. Todas as tintas processadas no laboratório foram avaliadas. Uma placa não recebeu revestimento e foi utilizada como branco e a placa utilizada como referência foi pintada com a tinta comercial self polishing Intersmooth 360 SPC (International®). Não foi possível medir a espessura dos revestimentos obtidos devido ao fato de o substrato utilizado não ser metálico, porém aplicaram-se duas demãos de tinta em cada placa. A Figura 3 mostra o desempenho de alguns dos revestimentos avaliados frente ao fouling marinho.

Figura 3 - Aspecto das placas de aço revestidas e respectivo tempo (em semanas) de imersão em ambiente marinho (Toulon-França)

Observou-se que os organismos marinhos que se desenvolvem e aderem às superfícies em contato com a água no mar Mediterrâneo são diferentes daqueles observados aqui no sul do Brasil. Na placa que não recebeu nenhuma pintura, observou-se além da adesão de algas, pequenos organismos brancos denominados Spirorbis[20] após 10 semanas de imersão. A placa revestida com a tinta comercial Intersmooth, apresentou grande quantidade de algas aderidas sobre o revestimento após 51 semanas de imersão, além de uma pequena quantidade de Spirorbis.

Para as placas onde utilizou-se as tintas processadas no laboratório, observou-se que a placa revestida com a tinta T4-EMPAniDBSAPy, apesar de apresentar um grande descascamento do revestimento, as partes recobertas pela tinta sofreram adesão de algas e Spirorbis inferior ao apresentado por outros revestimentos imersos pelo mesmo período de tempo. O melhor desempenho anti-incrustante foi alcançado pela tinta T5-EMSPANPy, que apresentou somente a adesão de algas sobre o revestimento após 51 semanas de ensaio.

Insolúvel e Reduzido Insolúvel e Oxidada Solúvel e Oxidado Insolúvel e Reduzida Água do mar

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Microscopia eletrônica de varredura

Esta análise foi realizada com o objetivo de verificar a distribuição dos pigmentos utilizados na matriz da resina base da tinta. A morfologia dos revestimentos foi avaliada antes e após os ensaios de imersão in situ no rio Tramandaí. Todas as amostras analisadas antes do ensaio de imersão apresentaram imagens semelhantes. A Figura 4 mostra as fotomicrografias dos revestimentos obtidos a partir das tintas T1-EMPy e T5-EMSPAN, respectivamente. Para o revestimento formado a partir da tinta T1-EMPy (Figura 4a), pode-se ver, além dos grãos de Cu2O e as lamelas de talco,

os grãos de PyZn. Estes grãos possuem formato mais esférico que os grãos de Cu2O e medem em

torno de 5 µm. Na Figura 4b, cujo revestimento foi obtido a partir da tinta T5-EMSPAN, observa-se além dos grãos de Cu2O, que aparecem em menor quantidade, e as lamelas de talco, grãos maiores

atribuídos à polianilina sulfonada. O tamanho dos grãos de SPAN varia entre 10 e 15 µm.

Figura 4 – Fotomicrografia dos revestimentos (a) T1-EMPy e (b) T5-EMSPAN

A Figura 5 apresenta as fotomicrografias dos revestimentos formados a partir das tintas T1-EMPy e T3-EMPAniESPy após 53 semanas de imersão nas águas do rio Tramandaí. Na Figura 5a ainda é possível observar alguns grãos do biocida distribuídos na superfície mais interna do filme, próximos a uma fina camada de tinta formada pelo Primer. Observa-se que a difusão ocorreu, facilitando a liberação dos pigmentos, pois não existem mais grãos de biocida (Cu2O e PyZn) ao longo da

camada lixiviada.

Figura 5 – Fotomicrografia dos revestimentos (a) T1-EMPy e (b) T3-EMPAniESPy após 53 semanas de imersão

Na fotomicrografia obtida do revestimento formado pela tinta T3-EMPAniESPy (Figura 5b), nota-se que o revestimento comportou-nota-se de maneira similar ao obnota-servado para a tinta T1-EMPy. Além de visualizar-se uma matriz porosa formada pela resina, evidenciando que ocorreu a lixiviação dos pigmentos e carga para a interface com a água, também é possível observar pequena quantidade de

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grãos de Cu2O na parte mais interna do filme. Comportamento semelhante foi observado para os

revestimentos formados a partir das outras tintas processadas no laboratório.

Conclusões

Através da análise do comportamento antifouling realizados em ambiente marinho, tanto no Brasil como na França, pode-se observar que quando se adiciona PAni na forma condutora na tinta contendo somente óxido cuproso, o desempenho anti-incrustante melhora. A combinação destes polímeros condutores com o co-biocida PyZn leva a revestimentos tão bons ou melhores que aqueles obtidos por tintas comerciais. Logo, pode-se afirmar que a polianilina dopada (PAni-ES e PAni/DBSA) e na sua forma sulfonada (SPAN) podem ser utilizadas como aditivos em tintas anti-incrustantes, melhorando a eficiência antifouling destes revestimentos.

Agradecimentos

Os autores agradecem a CAPES (cooperação internacional CAPES-COFECUB) e CNPq (Edital Universal 2006) pelo apoio financeiro.

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Referências

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