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EDUCAÇÃO SUPERIOR E DIVERSIDADE: ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA. Mônica Desidério (PPED-IE-UFRJ e DINTER PPED-UEG)

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EDUCAÇÃO SUPERIOR E DIVERSIDADE: ENTRE O DISCURSO E A PRÁTICA

Marlene Barbosa de Freitas Reis (UEG) Mônica Desidério (PPED-IE-UFRJ e DINTER PPED-UEG)

Yara Fonseca de Oliveira e Silva (UEG)

Resumo: O estudo a seguir trata de discutir a diversidade humana no contexto das políticas públicas de educação superior no Estado de Goiás, sobretudo a partir da década de 1990, período fortemente influenciado pelas mudanças econômicas e sociais da época, evidenciando neste contexto o discurso da diversidade cultural e escolar na perspectiva da inclusão. A delimitação do tema é a diversidade veiculada nas políticas públicas educacionais, sendo o campo de estudo a Universidade Estadual de Goiás (UEG), e, especificamente, o Curso de Pedagogia da Unidade Universitária de Inhumas. O objetivo geral é analisar as políticas públicas sobre o atendimento e a promoção da diversidade humana e cultural na perspectiva inclusiva, no âmbito do ensino superior público. É resultado parcial de pesquisas de doutorado que estão sendo desenvolvidas e tanto a natureza do estudo como o objeto nos direciona para uma abordagem qualitativa e dentre o referencial teórico destacam-se Diniz (2000, 2001), Simionatto (1997), Dias Sobrinho (2005), Boaventura Santos (1995, 2003, 2004), Sacristán (2001), Tomaz Tadeu da Silva (2009), Coraggio (1996), Dourado e Catani (1999, 2003), Brzezinski (2006), Stiglitz (2002), Bobbio (1999), Hall (2006, 2009), e a exploração de documentos sobre políticas públicas voltadas para a perspectiva inclusiva proposta pela UNESCO (1990, 2002, 2009), além dos documentos oficiais que regem o funcionamento da Universidade Estadual de Goiás. A busca pela definição do papel da universidade na nova configuração da inclusão importa pelo fato dessa discussão possibilitar a escolha, a posição que a universidade adotará na atualidade uma vez que a humanidade apresenta novas necessidades sociais e econômicas. Nesse contexto, é importante argumentar que o Brasil e, especificamente o Estado de Goiás, precisa de instituições universitárias que correspondam às necessidades do seu grupo social que é diverso e tem direitos iguais mesmo tendo suas diferenças pessoais.

Palavras-chave: políticas públicas; diversidade; educação superior; inclusão INTRODUÇÃO

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especificamente, no Curso de Pedagogia da Unidade Universitária de Inhumas. A temática neste contexto será focalizada a partir da investigação acerca da possível garantia oferecida pela política educacional da UEG em relação ao atendimento à diversidade, entendida aqui, sobretudo como diferenças sociais e de cultura.

E é neste sentido que se pretende desenvolver um estudo a partir de reflexões sobre as políticas públicas educacionais do Estado de Goiás, na perspectiva da diversidade e da inclusão na educação superior pública, tema que vem ganhando destaque na contemporaneidade e nas discussões acadêmicas, e suas possíveis relações com a prática docente a partir do seguinte problema: em que medida os princípios da diversidade e da inclusão tem sido contemplados pela política educacional para a formação de professores?

Tem, pois, como objetivo geral analisar as politicas públicas sobre o atendimento e a promoção da diversidade humana e cultural na perspectiva inclusiva, no âmbito do ensino superior público, especificamente no curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Goiás – Unidade Universitária de Inhumas. Decorrentes deste objetivo geral, propõe-se como objetivos específicos identificar nos marcos legais internacionais, a proposta de formação de professores para a educação inclusiva e a articulação entre a realidade objetiva do processo de ensino-aprendizagem no curso superior de Pedagogia e conhecer a contribuição desse curso dentro do desenvolvimento do município/Estado goiano no contexto de inclusão educacional e social.

Acredita-se ser esta a relevância deste trabalho, pois discutir o papel e a responsabilidade social da universidade, sobretudo da universidade pública, é questão fundamental para o fortalecimento da sociedade civil a partir do debate crítico e do processo de intervenção e formulação de políticas públicas educacionais voltadas para a diversidade e para a educação inclusiva.

METODOLOGIA

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A natureza e o objeto nos direciona para uma abordagem qualitativa que tem como característica dar mais ênfase no processo e não no produto, o que permite uma compreensão mais ampla da realidade pelo pesquisador, pois seu contato é mais direto e estreito, atentando para o maior número possível de elementos presentes no objeto de estudo. (ANDRÉ e LUDKE, 2001).

O percurso para o desenvolvimento do estudo será guiado pela revisão da literatura sobre o tema, utilizando-se da pesquisa bibliográfica de acordo com leitura e análise dos trabalhos produzidos à luz dos estudos de Diniz (2000, 2001), Simionatto (1997), Dias Sobrinho (2005), Boaventura Santos (1995, 2003, 2004), Sacristán (2001), Tomaz Tadeu da Silva (2009), Coraggio (1996), Dourado e Catani (1999, 2003), Brzezinski (2006), Stiglitz (2002), Bobbio (1999), Hall (2006, 2009), entre outros, e a exploração de documentos sobre políticas públicas voltadas para a perspectiva inclusiva proposta pela UNESCO (1990, 2002, 2009), além dos documentos oficiais que regem o funcionamento da Universidade Estadual de Goiás.

Posteriormente, será realizada a pesquisa de campo. Em seguida será realizada a articulação dos pressupostos teóricos com o contexto empírico e os instrumentos de pesquisa serão questionários e entrevistas aplicados aos professores e acadêmicos do Curso Regular de Pedagogia, futuros professores, a fim de identificar nestes atores suas percepções e concepções acerca da diversidade e da formação oferecida e recebida no Curso. Portanto, ouvir os envolvidos diretamente no processo ensinar/aprender é condição fundamental para analisar as reais condições da política de formação de professores e sua afinidade com os princípios da diversidade, discurso tão reclamado nas práticas pedagógicas.

DISCUSSÃO

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sociedade nos mais diferentes âmbitos. Porém, a postura multicultural é um desafio, “podendo ser apresentada como um processo inacabado, em constante transformação, um exercício diário, pela dificuldade de conviver com as distintas identidades, mesmo sabendo-se que as mesmas estão presentes, direta ou indiretamente nas nossas vidas” (BARREIROS e MORGADO, 2002, p. 98).

Esta concepção tão estampada nos discursos oficiais tem, a cada dia, adquirido relevância na luta contra a discriminação e na defesa dos direitos sociais, o que é respaldado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), ao defender que todos os seres humanos têm direitos iguais, "sem distinção alguma de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação”. Entretanto, a expressão “diversidade” tem sido frequentemente empregada com múltiplos significados: na área social, física, emocional, ambiental, mas, sobretudo, cultural, no âmbito do reconhecimento das diferentes culturas.

No Brasil, no campo da educação superior, enquanto política de inclusão social, a diversidade tem tido seu destaque nas políticas de ação afirmativa. Em resposta à crescente pressão de movimentos sociais pela democratização do acesso ao ensino superior, especialmente do movimento negro, o Governo Lula lançou no primeiro semestre de 2004 o programa “Universidade para todos” (PROUNI) que preconiza uma ação afirmativa baseada em critérios raciais e sócio-econômicos, conforme análise de Santos (2005, p. 70), em sua obra A Universidade do século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da Universidade.

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prima para o reconhecimento do outro, para o diálogo entre os diferentes grupos sociais e culturais, para o favorecimento da construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças sejam dialeticamente incluídas (CANDAU, 2008, p. 23). Esta concepção denota uma necessidade urgente de romper com práticas educativas segregacionistas a favor de práticas inclusivas.

A proposta da educação inclusiva tem gerado discussões e provocado questionamentos entre os interessados pelo tema e os envolvidos diretamente com a prática pedagógica nos diferentes níveis de ensino. Tem, inclusive, gerado várias compreensões acerca do termo e da proposta alavancada pelas iniciativas da década de 90. O que se observa é que a ênfase tem sido dada ao Ensino Regular Fundamental e ainda são poucas as pesquisas e as experiências no âmbito do ensino superior que denotam práticas inclusivas e valorização das diferenças e das necessidades em todos os seus aspectos.

A proposta de uma formação no ensino superior que atenda aos princípios da inclusão sugere uma mudança estrutural dentro da universidade e com isso é possível identificar uma crise de paradigmas que cada vez mais vem exigindo um novo modelo educacional. O que interessa questionar é como a universidade tem tratado dessa questão em um sistema capitalista, que tem como condição inerente a desigualdade e a necessidade de ampliar sua produção no território com sua lógica destrutiva? O contexto globalizado apresenta para a década de 1990, características próprias de uma sociedade que tem como recurso fundamental o conhecimento e sua geração, bem como a possibilidade do acesso à informação e a crescente tecnologia que é direito de todo cidadão brasileiro.

É nessa conjuntura sócio-econômica que se discute a condição da educação superior, que se propõe a contribuir com o desenvolvimento do país. Sendo assim, ao reconstruir brevemente a trajetória da economia brasileira paralela a da educação, vê-se que é tardia a criação da universidade brasileira, pois até a década de 1930, o ensino superior se dava através de faculdades isoladas e privadas. Sendo assim, a universidade, em sua origem, teria o papel de elevar o nível da cultura em geral, atendendo tanto às necessidades das pessoas individualmente consideradas, como às necessidades sociais.

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desenvolvidos, sua produção bibliográfica estudada era em sua grande maioria construída em realidades que não eram próprias e a importação da ciência não fazia parte de sua cultura. Neste sentido, vê-se a semelhança do modelo educacional com o econômico, no sentido da dependência estrangeira. A exclusão de alunos de baixa renda do ensino superior público e gratuito é uma realidade que permeia sua origem e seu desenvolvimento.

Nestes termos, vale refletir sobre o que caracteriza uma universidade pública inclusiva, quais são os desdobramentos das políticas públicas educacionais neste setor e qual o papel do Estado no fomento e incentivo para a implementação destas políticas nas últimas três décadas, já que é evidente que a “crise institucional da universidade na grande maioria dos países foi provocada ou induzida pela perda de prioridade do bem público universitário nas políticas públicas e pela conseqüente secagem financeira e descapitalização das universidades públicas”. (SANTOS, 2005, p. 13)

Partindo do pressuposto de que todas as pessoas têm direito ao acesso e permanência no Ensino Superior, torna-se evidente a necessidade de se concretizar políticas de inclusão educacional, tendo em vista que a educação superior, sendo um bem público, é responsabilidade de todos os governos e deve, portanto, receber apoio econômico (UNESCO, 2009). Ademais, a qualidade do ensino se relaciona com a realidade social e com a forma com que tais políticas são pensadas.

CONSIDERAÇÕES (ainda não finais)

Como este projeto representa parte de pesquisas em doutoramento e encontra-se em andamento, como resultados esperados, pretende-encontra-se envolver as alunas no exercício da iniciação científica, além de contribuir para a construção da pesquisa na Universidade Estadual de Goiás, principalmente na Unidade Universitária de Inhumas; neste sentido, espera-se ainda que os trabalhos decorrentes desta pesquisa possam subsidiar artigos científicos para circulação no contexto acadêmico da produção científica afim, promovendo a articulação efetiva entre teoria e prática.

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ter ou desenvolver? Nesse contexto, é importante argumentar que o Brasil e, especificamente o Estado de Goiás, precisa de instituições universitárias que correspondam às necessidades do seu grupo social que é diverso e tem direitos iguais mesmo tendo suas diferenças pessoais. Assim, os sujeitos históricos têm condições dignas de se colocar em condições de igualdade com os ditos normais e conseguir maior autonomia em sua condição social.

No decorrer dessa investigação espera-se compreender a trajetória de um processo de mudança no campo educacional e, para tanto, o desenvolvimento e o grau desta mudança, implica debruçar-se sobre aspectos e fatores capazes de explicar suas nuances na situação econômica, social, política e cultural, pois neste caso, esses âmbitos se interpenetram.

REFERENCIAS

ANDRÉ, Marli E. D. A.; LÜDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 2001.

BARREIROS, Débora; MORGADO, Vânia. Multiculturalismo e o campo do currículo no Brasil: um estudo sobre a multieducação. In: OLIVEIRA, Inês B.; SGARB, Paulo (Orgs). Redes culturais, diversidade e educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2002. p. 93-108.

CANDAU, Vera M. Multiculturalismo e educação: desafios para a prática pedagógica. In: MOREIRA, Antônio Flávio; CANDAU, Vera Maria (Orgs). 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008. p. 13-37.

CASSIMIRO, M. R.; GONÇALVES, O. L. Rumos da Universidade Brasileira. Goiânia: UFG, 1986.

ONU-BRASIL. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em:

<http://www.onu-brasil.org.br>. Acesso em: 29 jul. 2010.

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SANTOS, Boaventura de Sousa. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. São Paulo: Cortez, 2005.

UNESCO. Conferencia mundial sobre la educación superior – 2009. Disponível em:

<http://www.unesco.org/education/wche 2009>. Acesso em: 9 ago. 2010.

UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos: satisfação das necessidades

básicas de aprendizagem. Jomtien, 1990. Disponível em:

<http://www.unesdoc.unesco.org>. Acesso em: 27 jul. 2010.

UNESCO. Declaração universal sobre a diversidade cultural – 2002. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org>. Acesso em: 27 jul. 2010.

Referências

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