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EXERCÍCIO RESISTIDO: UMA VISÃO DENTRO DO AMBITO ESCOLAR

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Revista Portal Educação Física, Joinville-SC, v.1, n.1, 94 – 111, Nov. 2016. ISSN: 2526-0898

94 EXERCÍCIO RESISTIDO: UMA VISÃO DENTRO DO AMBITO ESCOLAR

Renan Moreira Souza1 Pedro Jorge Cortes Morales2

Resumo:O exercício resistido no âmbito escolar teve como objetivo geral verificar de que forma o exercício resistido para adolescentes na escola vem a trazer benefícios aos mesmos. A amostra foi representada por 23 alunos de 15 a 16 anos de ambos os sexos, matriculados no 1° e 2° ano do ensino médio no Colégio Francisquense localizado em São Francisco do Sul/SC.O instrumento de pesquisa utilizado foi o protocolo de avaliação física Fitnessgram (Sterling, 1977) que é um programa de educação e avaliação da aptidão física relacionada com saúde. A coleta de dados acontece a partir de alguns testes da bateria que compõe o Fitnessgram (total de 5 testes e o cálculo do IMC). Entre o pré e o pós-teste foram realizadas atividades físicas em forma de circuito, duas vezes na semana, num período de 60 dias. Estes foram compostos de atividades envolvendo força muscular, resistência, aptidão aeróbia e flexibilidade, atividades que trabalharam tais valências para averiguar melhorias nas mesmas. O programa de exercícios foi ajustado semanalmente mudando variáveis como volume e intensidade dos exercícios, fazendo assim com que os alunos se desafiassem cada vez mais nas aulas ministradas. Os dados obtidos foram analisados pela estatística descritiva e testados pelo teste “t de student” para p<0,05. Como principais resultados, obtiveram melhora significativa nos testes de aptidão aeróbia – vai e vem, no teste de resistência muscular localizada – abdominais e no teste de força superior – extensão de braços. Conclui-se que o exercício resistido no âmbito escolar, desde que bem planejado, pode sim trazer grandes benefícios a jovens adolescentes.

Palavras chaves: Exercício Resistido, Educação Física, Adolescentes, Âmbito Escolar.

Abstract: Resistance exercise in schools aimed to verify how resistance exercise for teenagers at school is to bring benefits to them. The sample was represented by 23 students 15-16 years of both sexes enrolled in the 1st and 2nd year of high school at the College Francisquense located in São Francisco do Sul / SC.The research instrument used was the evaluation protocol Physical Fitnessgram (Sterling, 1977) is an education program and evaluation of physical fitness related to health. Data collection takes place from some battery tests that make up the Fitnessgram (total of 5 tests and the IMC calculation). Between pre and post-test were performed physical activities in form of circuit, twice a week over a period of 60 days. These were made up of activities involving muscular strength, endurance, aerobic fitness and flexibility activities that worked such valences to ascertain improvements in them. The exercise program was adjusted weekly changing variables such as volume and intensity of exercise, thus causing students to defy increasingly taught in classes. Data were analyzed using descriptive statistics and tested by the test "t student" for p <0.05. The main results, achieved significant improvement in aerobic fitness tests - comes and goes, the test muscular endurance - and upper abdominal strength test - extension arms. That resistance exercise It is concluded in the school, if well planned, can indeed bring great benefits to young teenagers.

Keywords; Resistance Exercise, Physical Education, Teenagers, School Environment

1 Acadêmico do 4º ano do Curso de Educação Física da Univille

2 Professor Dr do Curso de Educação Física da Univille

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95 Introdução

Muito se fala de treinamento resistido ou treinamento de força dentro de ginásios e academias, porem pouco dentro do âmbito escolar, o exercício resistido, neste sentido, pode e deve ser trabalhado dentro da escola como parte do planejamento, pois o mesmo pode vir a trazer vários benefícios às crianças e adolescentes. Mas para que o programa seja bem feito, respeitando cada variável dentro do propósito devemos saber do que se trata.

Treinamento de força, treinamento resistido ou treinamento com pesos podem ser definidos como sinônimos (RIEWALD, 2005). O treinamento resistido também pode ser definido como uma forma especializada de condicionamento usado para a habilidade de produzir ou resistir a uma força (RIEWALD, 2005; DOWSHEN, 2001).

É uma atividade esportiva que está ganhando muita popularidade entre crianças e jovens; por isso, motivo de discussões quanto aos benefícios entre pais, professores e médicos (RAFFERTY, 2005).

Conforme nos mostra Faigenbaum (2001), as crianças são estimuladas a participarem de atividades aeróbicas como natação e ciclismo, mas não são encorajadas a participarem de atividades de treinamento resistido. Isso se deve a idéias errôneas quanto às conseqüências do treinamento de força para crianças, que fazem as pessoas pensarem que o treinamento seja perigoso, principalmente, para a faixa etária estudada (DOWSHEN, 2001).

Alguns desses conceitos afirmam ser o treinamento de força inadequado para crianças, pois resultam em lesões ósseas, musculares e articulares, além de impedirem o crescimento normal (CARVALHO, 2004). Entretanto, na última década, os estudos apresentam evidências quanto à segurança e a eficácia dos programas de treinamento de força, para crianças e jovens, quando esses são devidamente planejados (HOFFMAN, 2002; FLECK, 1999; KRAEMER, 2001; FALK &

TENENBAUM, 1996) e bem orientados por profissionais habilitados na Educação Física (CONFEF, 2002). Assim, a utilidade do treinamento de força para crianças torna-se quase unanimidade entre os profissionais de saúde (LAVALLEE, 2002).

As últimas décadas tem apresentado uma revolução no conhecimento

científico e isso tem contribuído muito para que a informação seja uma ferramenta

muito valiosa no processo ensino aprendizagem. Os conhecimentos sobre as

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96 ciências básicas do exercício físico, e também sobre a importância da atividade física em promoção de saúde, intervenção terapêutica e reabilitação evoluíram em muito durante este processo. Entretanto, uma necessidade atual é a integração dessas áreas do conhecimento, para que possamos utilizar os exercícios físicos da forma mais eficiente e segura, em cada situação (FRONTERA, 2006). Talvez as mais substanciais mudanças de conceitos resultantes da evolução do conhecimento sejam as relativas aos exercícios resistidos, também conhecidos como exercícios contra resistência, exercícios de fortalecimento muscular, exercícios com pesos, e mais popularmente, musculação. A expressão “exercício resistido” decorre da tradução do inglês “resistance” ou “resistive” – “exercise” ou “training”.

Exercício resistido pode ser definido como contrações musculares realizadas contra resistências graduáveis e progressivas. A resistência mais comum são os pesos, mas também é possível utilizar resistência hidráulica, eletromagnética, molas, elásticos, gravitacional e outras. O treinamento físico é denominado treinamento resistido quando utiliza exercícios resistidos. A eficiência do treinamento resistido em estimular a integridade e as funções do aparelho locomotor tem sido demonstrada, e mais recentemente, os seus efeitos promotores de saúde cardiovascular e alto grau de segurança geral. Os estudos com pessoas idosas têm documentado a importância dos efeitos dos exercícios resistidos para melhorar a qualidade de vida por meio do alívio de dores articulares, maior independência funcional e melhora da auto-estima. A segurança musculoesquelética e segurança cardiovascular dos exercícios resistidos também têm sido demonstradas, mesmo diante de co- morbidades.

Os exercícios resistidos podem ser mais suaves do que caminhar. Atualmente um significativo corpo de evidências justifica a utilização dos exercícios resistidos para promoção de saúde, terapêutica e reabilitação (GRAVES, 2001; CHODZOKO- ZAJKO et AL. 2009).

A partir desta contextualização sentiu-se a necessidade de propor um estudo que busque verificar de que forma o exercício resistido para adolescentes na escola vem trazer benefícios aos mesmos.

Um programa de treinamento resistido deve ser recomendado para crianças e

adolescentes, desde que seja parte de um programa bem delineado de atividade

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97 física que incluam outras atividades que desenvolvam outras capacidades como a aptidão cardiorrespiratória, flexibilidade, agilidade e equilíbrio.

Para que o treinamento resistido seja seguro e eficaz, para crianças, algumas orientações devem ser seguidas (FAIGENBAUM, 2003; AAP, 2001):

1. Programa compatível ao nível de desenvolvimento das crianças - é importante que as atividades escolhidas sejam compatíveis com as capacidades das crianças. As atividades apropriadas para crianças, iniciantes em treinamento resistido, são os exercícios calistênicos, exercícios pliométricos, peso do próprio corpo, cordas elásticas e bolas de medicinais leves.

2. Instrução dirigida por profissionais qualificados - programas de treinamento devem ser conduzidos por instrutores qualificados, professores e treinadores que entendam os princípios fundamentais de exercícios resistidos e a individualidade de criança e adolescentes. Supervisão minuciosa, instrução apropriada à idade e um ambiente seguro para os exercícios são requisitos fundamentais.

3. Iniciar o programa com exercícios simples e aumentar a carga gradualmente - programas de treinamento resistido para crianças e adolescentes podem ser executados em 2 (duas) ou 3 (três) sessões por semana, em dias não consecutivos.

Para iniciantes cada sessão deve ter apenas 1 (uma) série com exercícios simples, em um período de 3 (três) a 4 (quatro) semanas, e somente após conseguir a técnica adequada dos exercícios passar para 2 (duas) séries com exercíci os multiarticulares.

Quando as orientações e instruções são claras para o trabalho com exercícios resistidos seja seguro e eficaz temos que nos preocupar com o porquê e para que estejam realizando tais exercícios dentro do âmbito escolar.

A força muscular é uma capacidade física solicitada na maioria das atividades físicas. É a base para toda atividade corporal, não existindo movimento que não use força (CUNHA, 1996).

Atividades esportivas e recreativas são, obviamente, caracterizadas pelo

movimento e são modelos de atividades físicas que fazem parte das aulas de

educação física, no entanto, as mesmas, geralmente, não têm magnitude suficiente

para melhorarem a aptidão física relacionada à saúde (GUEDES, 2001). Portanto,

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98 devido à importância da força para crianças os programas de treinamento resistido devem ser parte do planejamento das aulas de educação física, visto os benefícios decorrentes.

Embora, a influência do treinamento resistido para crianças escolares sabe-se que a escola apresenta várias limitações como: tempo efetivo de aula, recursos materiais, instalações, números de alunos por turma, grande número de objetivos, entre outros. Contudo, essas limitações não devem ser impeditivas, já que existem outros meios pelos quais a força possa ser desenvolvida na escola, tais como os exercícios pliométricos e calistênicos (CUNHA, 1996).

Todavia, deve-se salientar que o treinamento de força não deve ser a única atividade ou o foco principal das aulas de educação física, mas deve fazer parte de um programa de condicionamento total (KRAEMER, 2001).

Alguns princípios biológicos são de extrema importância para que o programa de treinamento seja de total segurança a quem aplica e quem o faz, tais como a sobrecarga exercida, intensidade, volume de treinamento entre outros.

A sobrecarga a fim de se obter adaptações positivas, o organismo humano deve ser submetido a cargas de treinamento superiores ao estimulo que ele esteja acostumado. Ex: aumento do volume, intensidade, frequência, variação.

Uma vez cessada a oferta de estímulos ao corpo o condicionamento físico ira diminuir e retornar a condição encontrada antes do período do treinamento.

(CUNHA, 1996).

As adaptações decorrentes do treinamento são especificas em relação ao tipo de atividade, volume e intensidade dos estímulos. Mas devemos nos ater a individualidade biológica, cada um de nós possui características individuais que determinam o ritmo e o grau de adaptação a um programa de treinamento.

É importante se observar que crianças podem melhorar a força com cargas e intensidades que não sejam excessivas. Assim, qualquer atividade de força em que a carga seja maior do que o habitual se apresenta como um estímulo suficiente para melhora efetiva da força de crianças, em suas diferentes expressões (CARVALHO, 2004).

Os programas de treinamento resistido podem ser realizados sem o uso de

aparelhos, sendo a intensidade dos exercícios determinada pelo peso do próprio

corpo. O número de sessões pode variar entre duas a três sessões semanais, em

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99 dias não consecutivos. Duas a três sessões semanais de treinamento de força têm se mostrado eficaz para obtenção de ganhos em força (FLECK, 1999; CARVALHO, 2004; FAIGENBAUM, 2003; DOWSHEN, 2001).

Programas de treinamento de força para crianças resultam em muitos benefícios (AAP, 2001). Entre estes benefícios o treinamento pode auxiliar na:

- Prevenção de doenças cardiovasculares e melhora do sistema cardiovascular;

- Redução e controle da pressão arterial;

- Redução do sobrepeso e obesidade infantil;

- Melhora das habilidades motoras básicas;

- Prevenção de possíveis lesões em atividades esportivas;

- Melhora da autoconfiança e da auto-imagem;

- Desenvolver cedo o bom equilíbrio postural;

- Eficiência do desempenho de tarefas motoras e habilidades esportivas;

- Na melhora do rendimento em testes de aptidão;

- Antecipação do desenvolvimento da coordenação e equilíbrio;

- Estabelecendo o interesse pela aptidão física por toda vida;

- Melhora da flexibilidade;

- Melhora do perfil lipídico do organismo;

- Desenvolver a massa muscular;

- Aumento da taxa metabólica.

Com o desenvolvimento do trabalho resistido em crianças e adolescentes podemos obter muitos benefícios relacionados a força, resistência e em geral a toda saúde do sujeito.

A participação de crianças em programas de treinamento de força regular resulta em diversos benefícios relacionados à saúde e ao desempenho, bem como melhoram as habilidades motoras e reduzem lesões em atividades esportivas e recreativas (BENJAMIN, 2003).

Segundo Faigenbaum (2003), alguns programas de treinamento resistido

para crianças ainda permitem dúvidas quanto à eficácia e segurança. Mas, em

programas devidamente prescritos e competentemente supervisionados têm-se

observado melhora nas variáveis relacionadas à saúde.

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100 Vários estudos demonstraram que jovens melhoraram significativamente no salto vertical e horizontal, na velocidade, agilidade e no arremesso de bola medicinal participando de programas de treinamento resistido (FALK & MOR, 1996;

FLANAGAN et al., 2002; LILLEGARD et al., 1997).

Conforme Bompa (2001), o corpo humano é construído em torno de uma estrutura óssea. A junção de dois ou mais ossos forma uma articulação, a qual é mantida unida por faixas apertadas de tecido conjuntivo, chamadas ligamentos. A estrutura esquelética é coberta por 656 músculos, aproximadamente 40% do peso corporal total. O tecido conjuntivo denso, chamado de tendões, prende ambas as extremidades do músculo ao osso. A tensão em um músculo é dirigida para o osso por meio do tendão. Quanto maior a força, mais forte a tensão nos tendões e ossos e, consequentemente, mais poderosamente o membro se move.

No caso de lesões deve-se fazer um comentário a parte devido suas implicações. Nos EUA, por exemplo, milhões de meninos e meninas participam em projetos esportivos escolares e/ou comunitários. Os números aumentam ano a ano, entretanto com o número maior de participantes, também aumentam o número de lesões relacionadas aos esportes (OUTERBRIDGE & MICHELI, 1995).

A hipertrofia muscular que ocorre naturalmente no período de crescimento dos adolescentes pode ser favorecida através da prática supervisionada de um programa de treinamento resistido, pode-se acrescentar ainda, outros benefícios proporcionados como: aumento da resistência muscular localizada, aumento da secreção de hormônios anabólicos e melhora do metabolismo dentre outros (RIEWALD, 2005).

É importante ressaltar que o treinamento resistido pode proporcionar a melhora da aptidão física em valências como força flexibilidade e hipertrofia. Os programas de treinamento de força para pré-púberes e adolescentes de ambos os sexos são bastante parecidos. Entretanto, algumas diferenças no desenvolvimento devem ser consideradas quando são estabelecidos os objetivos para meninos e meninas. Em meninos pré-púberes, a velocidade nos ganhos de força parece chegar ao pico seguindo o pico da velocidade do crescimento (FLECK, 1999; KRAEMER, 2001).

O fator mais importante para um programa de treinamento resistido é a

individualização. Aspectos como a maturação física e mental, nível de interesse,

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101 experiências anteriores e objetivos individuais devem ser observados quando se planeja um programa um programa de treinamento de força (ROBERTS, 2002).

Algumas orientações gerais são imprescindíveis para treinamento resistido.

Esses pré-requisitos são os seguintes:

1. Aquecimento;

2. Trabalhar todos os grandes grupos musculares;

3. Movimentos confortáveis;

4. Respiração regular (adequada);

5. Movimentos completos;

6. Repouso entre as séries;

7. Esfriamento;

8. Não perder de vista o progresso;

9. As crianças não devem fazer levantamentos máximos;

10. Brincadeiras devem ser desencorajadas, mas o treinamento deve ser divertido;

11. Lembrar que crianças devem competir consigo mesmo e não com outros.

Uma das vantagens em trabalhar com jovens e adolescentes está no fato de poder desenvolver atividades que possa parecer mais lúdicas, fato esse que se torna impossível quando falamos de adultos trabalhando contra a resistência.

Entretanto, para que resultados sejam alcançados é necessário ter coerência e equilíbrio na elaboração do programa de atividades.

É importante se observar que crianças podem melhorar a força com cargas e intensidades que não sejam excessivas. Assim, qualquer atividade de força em que a carga seja maior do que o habitual se apresenta como um estímulo suficiente para melhora efetiva da força de crianças, em suas diferentes expressões (CARVALHO, 2004).

Os programas de treinamento resistido podem ser realizados sem o uso de

aparelhos, sendo a intensidade dos exercícios determinada pelo peso do próprio

corpo. O número de sessões pode variar entre duas a três sessões semanais, em

dias não consecutivos. Duas a três sessões semanais de treinamento de força têm

se mostrado eficaz para obtenção de ganhos em força (FLECK, 1999; CARVALHO,

2004; FAIGENBAUM, 2003; DOWSHEN, 2001).

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102 O treinamento com duas sessões semanais tem demonstrado excelentes resultados no desenvolvimento de força em crianças, o que é excelente (FAIGENBAUM, 2003), tendo em vista que geralmente as aulas de educação física são em número de duas semanais.

Nos programas desenvolvidos com o peso do corpo recomendam-se séries com exercícios de 10 a 30 repetições (FLECK, 1999).

Os programas de exercícios de força devem ser organizados para parte superior e inferior do corpo e que solicitem todos os grandes grupos musculares (desenvolvimento geral). Exercícios de desenvolvimento geral são aqueles que desenvolvem membros inferiores (perna e coxa), ombros, peito, costas, exercícios para membros superiores (antebraço e braço), abdominais e lombares (CARVALHO, 2004; KRAEMER, 2001; FLECK, 1999).

Sendo assim, seguindo essas orientações é grande a probabilidade das crianças melhorarem a força e a resistência muscular, apresentando poucas probabilidades de risco a lesões.

Tendo em vista estes fatores como determinantes no desenvolvimento físico das crianças e jovens este estudo buscou verificar de que forma o exercício resistido para adolescentes na escola vem a trazer benefícios aos mesmos.

Materiais e Métodos

O estudo foi caracterizado como descritivo e quanto a abordagem classifica- se como quantitativo.

O instrumento de pesquisa utilizado foi o protocolo de avaliação física Fitnessgram (Sterling, 1977). Entre o pré e o pós teste foram realizadas atividades físicas em forma de circuito, duas vezes na semana, num período de 60 dias. A coleta de dados ocorreu de forma normal sendo possível perceber que os jovens se mostraram acessíveis e participativos nas atividades.

Descrição das atividades durante a coleta de dados: a) Capacidade aeróbica -

os alunos deverão percorrer a máxima distância possível, dentro do campo da

escola, na sua largura (20 metros), para um lado e para outro, sempre aumentando

a tua velocidade a cada minuto (corre 20 metros para um lado e 20 metros para o

outro, sabendo que a velocidade está aumentando; b) Aptidão muscular/abdominal -

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103 realizar o maior número de abdominais possíveis, até ao máximo de 75, ao ritmo de 20 repetições por minuto (ou seja, a cada 3 segundos executar um abdominal); c) Força e flexibilidade do tronco - em posição de decúbito ventral o aluno deverá elevar ao máximo o teu tronco, levantando o queixo do solo, mas sem fazer a extensão do pescoço; d) Flexibilidade de ombros - estando o aluno em posição ortostática, deverá hiperabduzir seus membros superiores até que as pontas dos dedos de ambas as mãos se toquem por trás das costas; e) Força superior - extensão de braços - o aluno deverá completar o maior número possível de extensões de braços, com determinada cadência; f) Composição corporal (Índice de Massa Corporal) - realizar a coleta da massa corporal total (peso na balança) e a medida da estatura (altura).

A coleta de dados foi realizada nas dependências do colégio Francisquense da cidade de São Francisco do Sul – SC, tendo sido realizada a primeira coleta na primeira semana de Agosto e a última na segunda semana de Outubro.

Os dados e as informações obtidas foram inseridas em uma planilha do Excel for Windows para serem analisados posteriormente pelo programa estatístico SPSS 16.0 onde foram obtidos os dados de frequência e medidas de tendência (media e desvio padrão) das variáveis, bem como a testagem do pré e pós teste com o teste “t de student” com p<0,05.

A população pesquisada foi composta de alunos do Colégio Francisquense da cidade de São Francisco do Sul -SC e a amostra foi composta de 23 escolares de ambos os gêneros, na faixa etária entre 15 e 16 anos, matriculados no 1° e 2° ano do ensino médio no Colégio Francisquense localizado em São Francisco do Sul/SC.

Os jovens foram convidados e a partir da confirmação do convite foi encaminhado o TCLE para os responsáveis autorizarem a participação na pesquisa. Este estudo teve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVILLE sob número 46152515.3.0000.5366.

Analise, Interpretação e Discussão dos Resultados

O treinamento resistido consiste em uma atividade voltada para o

desenvolvimento das funções musculares através da aplicação de sobrecarga e não

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104 apenas para desenvolver músculos como seguidamente encontramos nas mídias e redes sociais.

São vários os fatores importantes que devemos nos preocupar para que o programa de exercícios resistidos seja seguro e eficaz no âmbito escolar, tais como o período de maturação, volume, intensidade e acima de tudo a individualidade biológica, fator que determina como o planejamento será realizado e conduzido buscando-se resultados satisfatórios.

O programa se propôs a verificar como o exercício resistido poderia beneficiar alunos do ensino médio, em um período de 60 dias e os resultados foram:

Tabela 1- Relação de pré e pós teste com significância para p<0,05

Pré-teste Pós-teste Diferença Absoluta

Diferença Relativa (%)

média média

Vai e vem

54,608 56,217 1,608 2,86

Abdominais 57,782

60,391 2,608 4,32

Extensão

Braços 11,521 13,391 1,869

13,96

Fonte: Primária (2015)

Gráfico 1- Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de aptidão aeróbia Vai e vem

Fonte: Primária (2015)

Como podemos verificar no gráfico 1, ambos os generos se enquadram em

uma classificação de aptidão aeróbia saudavel. A analise do pré e pós teste nos

demonstra uma melhora na média geral de 1,5 (um percurso e meio) para o genero

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105 masculino, e uma melhora de 2,3 (dois percursos e 1/3) para o genero feminino. De acordo com a testagem do pré e pós-teste com o teste “t de student” com p<0,05, observamos uma melhora de 1,608 em diferença absoluta, e 2,86% em diferença relativa, conforme tabela 1.

Gráfico 2- Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de aptidão aeróbia muscular:

Resistência abdominal

Fonte: Primária (2015)

Como podemos verificar junto ao gráfico2, ambos os generos se enquadram em uma classificação de aptidão muscular em resistencia abdominal saudavel. A analise do pré e pós teste nos demonstra uma melhora na média geral de 2,6 (dois abdominais e meio) para o genero masculino, e uma melhora de 2,7 (dois abdominais e 0,7) para o genero feminino. De acordo com a testagem do pré e pós- teste com o teste “t de student” com p<0,05,observamos uma melhora significante de 2,608 em diferença absoluta, e 4,32% em diferença relativa, conforme tabela 1.

Gráfico 3 - Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de força e flexibilidade do tronco.

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106

Fonte: Primária (2015)

Como podemos verificar no gráfico 3, ambos os generos se enquadram em uma classificação de força e flexibilidade de tronco saudavel. A analise do pré e pós teste nos demonstra uma melhora na média geral de 0,4cm para o genero masculino, e uma melhora de 1,34cm para o genero feminino. De acordo com a testagem do pré e pós-teste com o teste “t de student” com p<0,05,observamos que não ouve significância no mesmo.

Gráfico 4 - Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de flexibilidade de ombros

Fonte: Primária (2015)

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107 Como podemos verificar no gráfico 4, ambos os generos se enquadram em uma classificação de flexibilidade de ombros saudavel somente após o pós teste. A analise do pré e pós teste nos demonstra uma melhora na média geral de 5% para o genero masculino, e uma melhora de 66,67% para o genero feminino. De acordo com a testagem do pré e pós-teste com o teste “t de student” com p<0,05,observamos que não ouve significância no mesmo.

Gráfico 5- Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de aptidão de força superior:

Extensão de braços

Fonte: Primária (2015)

Pode-se observar no gráfico 5 que, o genero masculino não se enquadrou no

padrão saudavel de acordo com o referencial do programa de testes no pré teste. No

pós teste ouve uma melhora se aproximando mais da zona saudavel porem ainda

não a atingindo. A analise do pré e pós teste nos demonstra uma melhora na média

geral de 1,75 para o genero masculino, e uma melhora de 2,67 para o genero

feminino. De acordo com a testagem do pré e pós-teste com o teste “t de student”

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108 com p<0,05, observamos uma melhora significante de 1,869 em diferença absoluta, e 13,96% em diferença relativa conforme tabela 1.

Gráfico 6- Análise pré e pós-teste ambos os gêneros no teste de composição corporal (IMC)

Fonte: Primária (2015)

O gráfico 6 nos mostra que, ambos os generos se enquadram em uma classificação composição corporal saudavel. A analise do pré e pós teste nos demonstra um aumento na média geral de 0,18 para o genero masculino, e uma diminuição de 0,32 para o genero feminino. De acordo com a testagem do pré e pós- teste com o teste “t de student” com p<0,05,observamos que não ouve significância no mesmo.

Como nos mostra todas as analises de dados entre pré e pós-teste

realizados, podemos afirmar que sim, o exercício resistido no âmbito escolar é de

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109 grande valia, pois obtivemos melhora significativa na aptidão aeróbia, resistência muscular localizada (abdominal) e força superior (extensão de braços), conforme a tabela 1.

Além dos testes que demonstraram significância na pesquisa, a mesma demonstrou pequena melhora também nos outros que por pouco não obtiveram significância na testagem onde o teste “t de student” com p<0,05 , pois também é notável a melhora postural, seguido de uma consciência corporal muito mais expressiva dos alunos.

Conclui-se que sim, o exercício resistido é benéfico para alunos do ensino médio dentro da escola, desde que bem planejado e orientado, trazendo melhoras expressivas em um período em que os mesmo irão passar para uma fase pós púbere, se tornando adultos.Analisado tal importância na melhora das qualidades físicas, na saúde dos alunos, e no desempenho esportivo devemos exercitar mais exercícios de força para que cada vez mais essa capacidade motora e também outras sejam desenvolvidas.

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Referências

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