Ser ´
a que a vida teve um Criador?
A maioria das pessoas tem ideias mais ou menos intermedi´ a- rias entre esses conceitos opostos. O facto de vocˆ
e estar a ler esta brochura talvez indique que esse tamb´
em ´
e o seu caso. Tal- vez acredite em Deus e respeite a B´
ıblia. Mas, possivelmente, tamb´
em valoriza a opini˜
ao de cientistas influentes, com alta for- ma ¸c˜
ao acad´
emica, que n˜
ao acreditam que a vida foi criada. Se vocˆ
e tem filhos, talvez se pergunte como responderia se eles lhe fizessem perguntas sobre a evolu ¸c˜
ao e a cria ¸c˜ ao.
Qual ´
e o objetivo desta brochura?
Esta brochura n˜
ao visa ridicularizar os conceitos de funda- mentalistas ou dos que preferem n˜
ao crer em Deus. Em vez dis- so, esta publica ¸c˜
ao tem o objetivo de o levar a reexaminar a base de algumas das suas cren ¸cas. Apresenta uma explica ¸c˜
ao do re- lato da B´
ıblia sobre a cria ¸c˜
ao que vocˆ
e talvez nunca tenha con- siderado e, al´
em disso, enfatiza o motivo pelo qual as suas cren-
¸cas sobre a origem da vida s˜
ao importantes.
Vocˆ
e confia nas afirma ¸c˜
oes dos que dizem que n˜
ao existe um Criador inteligente e que a B´
ıblia n˜ ao ´
e confi´
avel? Ou opta por examinar o que a B´
ıblia realmente diz? Que ensinos s˜
ao dignos da sua confian ¸ca, da sua f´
e: os da B´
ıblia ou os dos evolucionis- tas? (Hebreus 11:1) E que tal examinar os factos?
Em que ´
e que acredita?
Muitos religiosos fundamentalistas acreditam que a Terra e tudo o que nela existe foram criados em seis dias de 24 horas, h´
a apenas alguns milhares de anos. Ao mesmo tempo, al- guns ateus defendem que Deus n˜
ao existe, que a B´
ıblia ´
e um livro de mitos e que a vida ´ e um produto de eventos casuais.
Capa:praiaerecife:˘DigitalVisionLtd/agefotostock
2 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
Associa ¸cao das Testemunhas de Jeov˜ a´ Rua Conde Bar˜
ao, 511 Alcabideche, Portugal
´ Indice
P´ AGINA 4
O planeta vivo
P´
AGINA 11
Quem fez o original?
P´
AGINA 18
Evolu ¸c˜ ao – mitos e factos
P´
AGINA 24
A ciˆ
encia e o relato de G´
enesis
P´
AGINA 29
Ser´
a que aquilo em que vocˆ
e acredita faz alguma diferen ¸ca?
P´
AGINA 30
Bibliografia
Esta publica ¸cao n˜ ao˜ e vendida. Faz´ parte de uma obra educativa b´
ıblica, mundial, mantida por donativos.
Para fazer um donativo, aceda a www.jw.org.
A menos que haja outra indica ¸cao,˜ os textos bıblicos citados s´ ao da˜ Tradu ¸cao do Novo Mundo da B˜ ıblia´ Sagrada.
Sera Que a Vida Teve Um Criador?´ Was Life Created?
Edi ¸cao de junho de 2018˜ Portuguese (Portugal) (lc-TPO) ISBN 978-85-7392-119-9
˘2018
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA Editoras
O planeta vivo
A vida na Terra nunca poderia existir se n˜
ao fosse uma s´
erie de felizes
“coincidˆ
encias”, algumas das quais eram desconhecidas ou pouco entendidas at´
e ao s´
eculo 20. Essas coincidˆ
encias incluem:
˛A localiza ¸c˜
ao da Terra na gal´
axia Via L´
actea e no sistema solar, bem como a
´orbita, a inclina ¸c˜
ao, a velocidade de rota ¸c˜
ao e a incomum lua do planeta
˛Um campo magn´
etico e uma atmosfera que servem de escudo duplo
˛Ciclos naturais que reabastecem e purificam o ar e a ´
agua do planeta Ao considerar cada um destes pontos, pergunte-se: ‘Ser´
a que as caracter´ ısticas da Terra s˜
ao produto do acaso ou de um projeto intencional?’
4 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
O “endere ¸co” perfeito da Terra
Quando vocˆ
e escreve o seu endere ¸co, que detalhes inclui? Talvez o pa´
ıs, a cidade e a rua. Para efeitos de compara ¸c˜
ao, diga- mos que a Via L´
actea ´ e o “pa´
ıs” da Terra;
que o sistema solar (o Sol e os seus plane- tas) ´
e a “cidade” da Terra; e que a ´ orbita da Terra no sistema solar ´
e uma “rua” da Terra. Gra ¸cas aos avan ¸cos na astronomia e na f´
ısica, os cientistas tˆ
em compreendi- do cada vez melhor as vantagens da nossa localiza ¸c˜
ao especial no Universo.
Para come ¸car, a nossa “cidade”, ou sis- tema solar, encontra-se na regi˜
ao ideal da Via L´
actea – nem muito perto, nem mui- to longe do seu centro. Essa “zona habit´
a- vel”, como os cientistas lhe chamam, con-
t´
em as concentra ¸c˜
oes rigorosamente certas dos elementos qu´
ımicos necess´ a- rios para sustentar a vida. Mais longe do centro, esses elementos s˜
ao demasiado es- cassos; mais perto, o ambiente ´
e perigoso demais devido `
a maior concentra ¸c˜ ao de ra- dia ¸c˜
ao potencialmente letal e de outros fa- tores. “Vivemos numa regi˜
ao nobre”, diz a revistaScientific American.1
A “rua” ideal:N˜
ao menos “nobre” ´ e a
“rua” da Terra, ou a sua ´
orbita na “cida- de”, o sistema solar. Essa “rua” – ou ´
orbi- ta – fica a cerca de 150 milh˜
oes de qui- l´
ometros do Sol, numa zona habit´ avel que ´
e limitada. Isso acontece porque, nes- sa zona, n˜
ao h´
a temperaturas extremas – nem demasiado frias, nem demasiado quentes. Al´
em disso, a trajet´
oria da Terra ´ e quase circular, mantendo-nos praticamen- te `
a mesma distˆ
ancia do Sol durante todo o ano.
Enquanto isso, o Sol ´
e a “central ener- g´
etica” perfeita. ´ E est´
avel, tem o tamanho ideal e emite a quantidade exata de ener- gia. Com boas raz˜
oes, tem sido dito que o Sol ´
e uma “estrela muito especial”.2 O “vizinho” perfeito: Se tiv´
essemos de escolher um “vizinho” para a Terra, n˜
ao Haveria alguma localiza ¸c˜
ao melhor para que existisse vida na Terra?
&Nasa/JPL/Caltech
O PLANETA VIVO 5
haveria melhor op ¸c˜
ao do que a Lua. O seu diˆ
ametro mede pouco mais do que um quarto do diˆ
ametro da Terra. Por isso, em compara ¸c˜
ao com outras luas do sistema solar, a nossa Lua ´
e excecionalmente gran- de em rela ¸c˜
ao ao planeta que ela orbita.
Mera coincidˆ
encia? Parece improv´ avel.
Por um lado, a Lua ´
e a principal respon- s´
avel pelas mar´
es, que desempenham um papel vital na ecologia da Terra. Al´
em dis- so, a Lua contribui para a estabilidade do eixo de rota ¸c˜
ao do planeta. Sem a Lua, fei- ta `
a medida, o nosso planeta seria como um pi˜
ao em baixa velocidade que acaba por tombar, ficando a girar de lado. O cli- ma, as mar´
es e outras condi ¸c˜
oes sofreriam mudan ¸cas catastr´
oficas.
A inclina ¸c˜
ao e a rota ¸c˜
ao perfeitas da Ter- ra:Gra ¸cas `
a inclina ¸c˜
ao da Terra, de apro- ximadamente 23,4 graus, temos o ciclo
das esta ¸c˜
oes do ano, temperaturas equilibradas e uma grande va-
riedade de zonas clim´ aticas.
“A inclina ¸c˜
ao do eixo do nos- so planeta parece ‘perfeita’”, diz o livro Rare Earth—Why Complex Life Is Uncommon in the Universe (Terra Rara – Por Que a Forma Comple- xa de Vida ´
E Incomum no Uni- verso).3
Tamb´
em “perfeita” ´
e a dura ¸c˜
ao do dia e da noite, resultante da rota ¸c˜
ao da Ter- ra. Se a velocidade de rota ¸c˜
ao fosse muito mais lenta, os dias seriam mais longos e o lado da Terra voltado para o Sol ficaria su- peraquecido, ao passo que o outro lado fi- caria congelado. Por´
em, se a rota ¸c˜ ao da Terra fosse mais veloz, os dias seriam mais
curtos, talvez tendo apenas algumas horas de dura ¸c˜
ao, e essa rota ¸c˜
ao veloz causaria ventanias implac´
aveis e outros efeitos no- civos.
Os escudos protetores da Terra
O espa ¸co ´
e um lugar perigoso, onde a radia ¸c˜
ao letal ´
e comum e os meteoroides s˜
ao um perigo constante. Mas o nosso pla- neta azul parece viajar atrav´
es dessa “gale- ria de tiro” gal´
actica com relativa seguran-
¸ca. Porquˆ
e? A Terra ´
e protegida por uma blindagem incr´
ıvel – um poderoso campo magn´
etico e uma atmosfera feita `
a medida.
O campo magn´
etico da Terra:O cen- tro da Terra ´
e uma bola girat´
oria de ferro fundido, que produz no nosso planeta um enorme e poderoso campo magn´
etico que se estende atrav´
es do espa ¸co. Esse escudo protege-nos da intensidade total da radia-
¸c˜ ao c´
osmica e das potencialmente mort´ ı- feras for ¸cas vindas do Sol. Estas incluem o vento solar, que ´
e uma corrente cons- tante de part´
ıculas energ´
eticas; erup ¸c˜ oes solares, que, numa quest˜
ao de minutos, li- bertam energia equivalente `
a de milhares de milh˜
oes de bombas de hidrog´
enio; e ex- plos˜
oes na regi˜
ao exterior, ou coroa, do Sol, que lan ¸cam milhares de milh˜
oes de
Magnetosfera:Nasa/SteeleHill;inclina¸c˜aodaTerra:baseadoemNasa/VisibleEarthimagery
6 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
toneladas de mat´
eria no espa ¸co. ´ E poss´
ı- vel observarmos sinais vis´
ıveis da prote ¸c˜ ao que recebemos do campo magn´
etico da Terra. Erup ¸c˜
oes e explos˜
oes na coroa so- lar causam auroras intensas, ou coloridas exibi ¸c˜
oes de luz vis´
ıveis na atmosfera supe- rior, perto dos polos magn´
eticos da Terra.
A atmosfera da Terra: Al´
em de nos manter a respirar, a atmosfera ´
e como um cobertor de gases que fornece prote ¸c˜
ao adicional. Uma camada externa da atmos- fera, aestratosfera, cont´
em uma variedade de oxig´
enio chamada ozono, que absorve at´
e 99% da radia ¸c˜
ao ultravioleta (UV). As- sim, a camada de ozono ajuda a proteger muitas formas de vida da radia ¸c˜
ao noci- va. Essas formas de vida incluem os hu- manos e os plˆ
anctones, dos quais depen- demos para a produ ¸c˜
ao de grande parte do nosso oxig´
enio. A quantidade de ozo- no estratosf´
erico n˜ ao ´
e fixa. Em vez disso,
´e vari´
avel, aumentando de acordo com o aumento da intensidade da radia ¸c˜
ao UV.
Portanto, a camada de ozono ´
e um escudo vers´
atil e eficiente.
A atmosfera tamb´
em nos protege de um bombardeamento di´
ario de detritos do es- pa ¸co – milh˜
oes de objetos cujo tamanho varia entre o de min´
usculas part´ ıculas e
o de blocos de pedra. A atmosfera quei- ma a vasta maioria desses objetos, que se tornam rastos de luz chamados meteoros.
Mas os escudos da Terra n˜
ao bloqueiam a radia ¸c˜
ao essencial `
a vida, como o calor e a luz vis´
ıvel. A atmosfera at´
e ajuda a dis- tribuir o calor ao redor do globo e, `
a noite, atua como um cobertor, diminuindo a ve- locidade de escape do calor.
A atmosfera e o campo magn´ etico da Terra s˜
ao realmente projetos maravilhosos que ainda n˜
ao s˜
ao bem entendidos. O mes- mo se pode dizer dos ciclos que sustentam a vida neste planeta.
Ser´ a mera coincidˆ
encia que o nosso planeta seja protegido por dois escudos vers´
ateis?
Aurora:fotografia:JanCurtis(http://latitude64photos.com);meteorito:ESA,Nasa
O invis´
ıvel escudo magn´
etico da Terra
Aurora boreal
A atmosfera protege-nos dos meteoros
Ciclos naturais que sustentam a vida
Se o suprimento de ar puro e de ´
agua tratada de uma cidade fosse cortado, e o seu sistema de esgoto fosse bloqueado, surgiriam rapidamente doen ¸cas e ha- veria mortes. Mas considere o seguinte: o nosso plane- ta n˜
ao ´
e como um restaurante, onde a reposi ¸c˜
ao de ali- mentos e suprimentos vem de fora para dentro e o lixo
´e levado de dentro para fora. O ar puro e a ´
agua limpa de que dependemos n˜
ao vˆ
em do espa ¸co, nem se envia para l´
a o lixo e outros res´
ıduos. Ent˜
ao, como ´ e que a Terra permanece saud´
avel e habit´
avel? A resposta: por causa dos ciclos naturais, como os da ´
agua, do carbo- no, do oxig´
enio e do nitrog´
enio (ou azoto), explicados e ilustrados aqui de maneira simples.
O ciclo da ´
agua:A ´ agua ´
e essencial para a vida. Sem ela, morrer´
ıamos em poucos dias.
O ciclo da ´
agua distribui ´
agua doce e limpa ao redor do planeta. Envolve trˆ
es est´
agios.(1)A energia solar suspende a ´
agua na atmosfera pela evapora ¸c˜
ao.(2)A condensa ¸c˜
ao dessa ´ agua purificada produz nuvens.(3)As nuvens, por sua vez, produzem chuva, granizo ou neve, que caem no solo prontos para nova evapora ¸c˜
ao, completando assim o ciclo. Quanta ´
agua ´ e reci- clada por ano? Segundo estimativas, o suficien- te para cobrir uniformemente a superf´
ıcie da Terra com quase 80 cent´
ımetros de ´ agua.4
Os ciclos do carbono e do oxig´
enio:Como vocˆ
e sabe, para viver, ´
e preciso respirar, inalar oxig´
enio e exalar di´
oxido de carbono. Mas, com incont´
aveis milhares de milh˜
oes de humanos e animais a fazer a mesma coisa, porque ´
e que a atmosfera nunca fica sem oxig´
enio, nem satura- da de di´
oxido de carbono? A resposta tem a ver com o ciclo do oxig´
enio.(1)Num incr´
ıvel proces- so chamado fotoss´
ıntese, as plantas absorvem o di´
oxido de carbono que n´
os exalamos e usam- -no com a energia solar para produzir hidratos de carbono e oxig´
enio.(2)Ao inalarmos oxig´ e- nio, completamos esse ciclo. Toda essa produ-
¸c˜
ao de vegeta ¸c˜
ao e de ar respir´
avel acontece de modo limpo, eficiente e silencioso.
1 3
2
Di´ 1 oxido de carbono 2
Oxig´ enio
8 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
Reciclagem perfeita
Os humanos, com toda a sua tecnolo- gia avan ¸cada, geram anualmente incont´
a- veis toneladas de lixo t´
oxico n˜
ao recicl´ a- vel. No entanto, a Terra reciclatodoo seu lixo de modo perfeito, por meio de enge- nhosos processos qu´
ımicos.
Como ´
e que vocˆ
e acha que surgiram os sistemas de reciclagem da Terra? “Se o ecossistema da Terra tivesse realmente evolu´
ıdo por mero acaso, teria sido impos- s´
ıvel alcan ¸car um n´ ıvel t˜
ao perfeito de har- monia ambiental”, diz Michael A. Corey, escritor de religi˜
ao e ciˆ
encia.5 Concorda com esta conclus˜
ao?
Como responderia?
˛Acha que as caracter´
ısticas da Terra s˜
ao produto de um projeto intencional? Em caso afirmativo, quais dos factos acima ´
e que considera mais convincentes?
˛Como responderia `
a afirma ¸c˜ ao de que a Terra n˜
ao ´
e nada de especial, de que ´
e apenas mais um local onde a evolu ¸c˜
ao poder´
a ter ocorrido?
Stockbyte/GettyImages
O PLANETA VIVO 9
O ciclo do nitrog´
enio (ou azoto):A vida na Terra tamb´
em depende da produ ¸c˜ ao de mol´
eculas orgˆ
anicas, como as prote´
ınas.(A)Para produzir essas mol´ eculas, ´
e preciso nitro- g´
enio. Felizmente, esse g´
as constitui quase 80% da atmosfera. Os raios convertem o nitrog´ e- nio em compostos que as plantas podem absorver.(B)As plantas incorporam esses compos- tos em mol´
eculas orgˆ
anicas. Por isso, os animais que comem essas plantas tamb´ em absorvem nitrog´
enio.(C)Por fim, quando as plantas e os animais morrem, os compostos ni- trogenados que existem neles s˜
ao decompostos por bact´
erias. Esse processo de decomposi-
¸c˜
ao liberta o nitrog´
enio que ´
e devolvido ao solo e `
a atmosfera, completando o ciclo.
78% da atmosfera da Terra ´
e composta de nitrog´
enio
Mol´ eculas orgˆ
anicas A
Bact´ erias
B
Compostos nitrogenados
C Bact´
erias
Solo:Descobriu-se que 100 gramas de solo, por si s´
o, podem abrigar 10 milesp´
eciesde bact´
erias,7sem fa- lar do n´
umero de micr´
obios. Algumas esp´
ecies foram encontradas quase trˆ
es quil´
ometros abaixo da superf´ ıcie do solo!8
Ar:Al´
em dos p´
assaros, morcegos e insetos que voam pelo ar, a atmosfe- ra est´
a cheia de p´
olen e de outros es- poros, bem como de sementes e, em certas regi˜
oes, de milhares de tipos de micr´
obios. A diversidade de vida microbiana no ar “rivaliza com a diver- sidade de micr´
obios no solo”, diz a re- vistaScientific American.9
´Agua:Os oceanos ainda s˜ ao um grande mist´
erio, pois, para estudar as suas profundezas, os cientistas, mui- tas vezes, precisam de usar tecnolo- gia dispendiosa. At´
e os recifes de co- ral, que s˜
ao relativamente acess´ ıveis e j´
a foram muito explorados, talvez abriguem milh˜
oes de esp´
ecies ainda n˜
ao conhecidas.
Ser´
a que essa espantosa variedade de vida surgiu por acaso? Muitos con- cordariam com o poeta que escreveu:
“Quantas s˜
ao as tuas obras, ´ o Jeov´
a!
Fizeste-as a todas com sabedoria. A terra est´
a cheia dos teus trabalhos.”1
— Salmo 104:24.
1Na B´
ıblia, o nome de Deus ´ e Jeov´
a.
— Salmo 83:18.
Vida fervilhante
Ningu´
em sabe quantas esp´ ecies existem na Terra. As estimativas va- riam entre 2 e 100 milh˜
oes.6Qu˜ ao abundante e diversificada ´
e a vida no nosso planeta?
Bact´ erias subterrˆ
aneas
P´ olen
An´ emona
Bacterias: Penn State University, laborat´ orio de Jean Brenchley, e com per-´ missao de Springer Science˜ Business Media: extremofilos, inusitadas amos-´ tras ultramicrobacterianas de um profundo nucleo de gelo groneland´ esˆ representam uma nova especie sugerida,´ Chryseobacterium greenlandense sp. nov., janeiro de 2010, Jennifer Loveland-Curtze; polen:´ ˘Fotosearch
10 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
11
Quem fez o
original?
Em anos recentes, cientistas e en- genheiros tˆem aprendido, no verda- deiro sentido da palavra, com as plantas e os animais. (J´
o 12:7, 8) Eles estudam e co- piam detalhes estruturais de v´
arias criaturas (um campo conhecido como biomim´
etica) para criarem novos produ- tos e melhorarem o desempenho dos j´
a existentes. Ao considerar os seguintes exemplos, pergunte-se:
‘Quem realmente merece o cr´ edito por esses projetos?’.
12 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
O que as barbatanas da baleia ensinam
O que ´
e que os engenheiros aeron´ auticos podem aprender da baleia-corcunda (ou ba- leia jubarte)? Pelos vistos, muita coisa. Uma baleia-corcunda adulta pesa cerca de 30 to- neladas – o peso de um cami˜
ao carregado – e tem um corpo relativamente inflex´
ıvel, com grandes barbatanas, que parecem asas.
Esse animal de 12 metros de comprimento
´e muito ´
agil debaixo de ´ agua.
O que mais intrigou os investigadores foi como esse animal de corpo inflex´
ıvel conse- gue nadar em c´
ırculos incrivelmente fecha- dos. Eles descobriram que o segredo est´
a no formato das barbatanas. A sua borda frontal n˜
ao ´
e lisa, como a asa de um avi˜
ao, mas ser- rilhada, com uma fileira de saliˆ
encias cha- madas tub´
erculos.
`A medida que a baleia desliza pela ´ agua, esses tub´
erculos aumentam a for ¸ca de sus- tenta ¸c˜
ao e diminuem a resistˆ
encia da ´ agua.
Como? A revista Natural History expli- ca que os tub´
erculos aceleram a passagem da ´
agua pela barbatana num fluxo girat´ orio suave, mesmo quando a baleia sobe em ˆ
an- gulos muito ´
ıngremes.10 Que aplica ¸c˜
oes pr´
aticas oferece essa descoberta? Ao que tudo indica, se as asas dos avi˜
oes fossem projeta- das de acordo com o formato da barbatana dessa baleia, n˜
ao precisariam de tantosflapsnem
de outros dispositivos mecˆ
anicos para al- terar o fluxo do ar. Tais asas seriam mais seguras e de manuten ¸c˜
ao mais f´
acil. John Long, especialista em biomecˆ
anica, acredita ser “bem prov´
avel” que, um dia, em breve,
“todos os avi˜
oes comerciais a jato tenham asas com saliˆ
encias parecidas com as das barbatanas da baleia-corcunda”.11
Imita ¸c ˜
ao das asas da gaivota
´E claro que as asas dos avi˜ oes j´
a imitam o formato das asas das aves. No entanto, recentemente, houve engenheiros que ele- varam essa imita ¸c˜
ao a novos n´
ıveis. “Inves- tigadores na Universidade da Fl´
orida”, pu- blicou a revistaNew Scientist, “constru´
ıram um prot´
otipo de uma aeronave comandada por controlo remoto, que tem a capacidade de planar, descer e subir rapidamente como uma gaivota”.12
Quando as gaivotas realizam as suas no- t´
aveis acrobacias a´
ereas, flexionam as asas nas articula ¸c˜
oes do cotovelo e do ombro.
Copiando o projeto dessa asa flex´ ıvel, “o prot´
otipo da aeronave, de 61 cent´ ımetros, usa um pequeno motor para controlar uma s´
erie de varas de metal que movem as asas”, diz a revista. Essas asas projetadas de modo inteligente permitem que a pequena aerona- ve plane e mergulhe entre edif´
ıcios altos. Al- guns militares est˜
ao ansiosos para desenvol- ver uma aeronave que tenha tal facilidade de manobra, a fim de a usarem na procura de armas qu´
ımicas e biol´
ogicas em grandes cidades.
Imita ¸c ˜
ao da perna da gaivota
A gaivota n˜
ao fica congelada, mesmo quando se mant´
em em p´
e no gelo. Como ´ e que essa ave conserva o calor do corpo? Par- te do segredo est´
a num sistema fascinante que existe em v´
arios animais que vivem em regi˜
oes frias – o “permutador de calor em contracorrente”.
O que ´
e um “permutador de calor em contracorrente”? Para entender isso, ima- gine dois tubos de ´
agua encostados um ao outro. Num deles corre ´
agua quente, e no outro, ´
agua fria. Se tanto a ´
agua quente como a fria flu´
ırem pelos tu-
bos na mesma dire ¸c˜
ao, cerca de metade do calor da ´
agua quente passar´
a para a fria.
Mas, se a ´
agua quente e a ´
agua fria flu´ ırem em dire ¸c˜
oes opostas, quasetodoo calor ser´ a transferido da ´
agua quente para a fria.
Quando a gaivota pousa no gelo, os per- mutadores de calor nas suas pernas aque- cem o sangue quando ele retorna das patas geladas. Os permutadores de calor conser- vam o calor no corpo da ave e impedem a perda de calor que seria provocada pelas pa- tas. Arthur P. Fraas, engenheiro mecˆ
anico e aeron´
autico, descreveu esse mecanismo como “um dos mais eficazes ‘permutadores de calor’ regenerativos do mundo”.13Trata- -se de um projeto t˜
ao sofisticado que tem sido copiado por engenheiros humanos.
Avi˜ao:KristenBartlett/UniversidadedaFl´orida
˘Fotosearch
O calor transfere-se, permanece no corpo O frio permanece nas patas
14 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
Quem merece o cr ´ edito?
A Agˆ
encia Espacial Norte-Americana (NASA) est´
a a desenvolver um robˆ o de m´
ultiplas pernas que anda como um escor- pi˜
ao, e alguns engenheiros na Finlˆ andia j´
a desenvolveram um trator de seis “pernas”
que pode transpor obst´
aculos como se fos- se um inseto gigante. Outros investigadores projetaram um tecido com pequenos flaps que imitam o modo como a pinha se abre e
se fecha. Esse tecido ajusta-se `
a temperatu- ra do corpo do utilizador. Um fabricante de autom´
oveis est´
a a desenvolver um ve´ ıculo que imita a surpreendente forma aerodinˆ
a- mica do peixe-cofre. Ainda outros investiga- dores estudam a capacidade de absor ¸c˜
ao de impacto das conchas dos moluscos abalone, com a inten ¸c˜
ao de fabricar coletes ` a prova de bala mais resistentes.
A natureza apresenta tantas ideias boas que os investigadores j´
a criaram uma base de dados onde se catalogam milhares de
sistemas biol´
ogicos diferentes. Os cientis- tas podem pesquisar nessa base de dados, a fim de encontrarem “solu ¸c˜
oes naturais para os seus problemas dedesign[ou projeto]”, diz a revistaThe Economist.Os sistemas na- turais mantidos nessa base de dados s˜
ao conhecidos como patentes biol´
ogicas. Em geral, o titular de uma patente ´
e uma pes- soa ou empresa que regista legalmente uma ideia nova ou uma m´
aquina nova. Sobre essa base de dados de patentes biol´
ogicas, The Economist diz: “Ao chamarem ‘paten- tes biol´
ogicas’ `
as geniais ideias biomim´ eti- cas, os investigadores est˜
ao, na realidade, a dizer que a natureza ´
e a leg´
ıtima detentora da titularidade dessas patentes.”14
De onde ´
e que a natureza tirou todas es- sas ideias brilhantes? Muitos investigado- res atribuiriam os engenhosos projetos evi- dentes na natureza a milh˜
oes de anos de um processo evolutivo de tentativa e erro.
Outros investigadores, por´
em, chegaram a uma conclus˜
ao diferente. O microbi´ olo- go Michael J. Behe escreveu no jornalThe New York Times, na edi ¸c˜
ao de 7 de feve- reiro de 2005: “A forte indica ¸c˜
ao da exis- tˆ
encia de um projeto [na natureza] per- mite um argumento simples e irrefut´
avel: se Quem ´
e o detentor das patentes da natureza?
Um prot´
otipo de um carro imita a surpreendente estabilidade e forma aerodinˆ
amica do peixe-cofre
O sonar dos golfinhos ´ e superior
`a imita ¸c˜
ao feita pelo homem
Peixe-cofreecarro:Mercedes-BenzUSA
QUEM FEZ O ORIGINAL? 15
algo parece um pato, anda e grasna como um pato, ent˜
ao, salvo esmagadora pro- va em contr´
ario, temos raz˜
oes para acre- ditar que se trata de um pato.” Qual foi a conclus˜
ao dele? “A existˆ
encia de um proje- to n˜
ao deve ser despercebida s´
o porque ´ e t˜
ao ´ obvia.”15
Certamente, um engenheiro que desenhe uma asa de avi˜
ao mais segura e eficiente me- rece o cr´
edito pelo seu projeto. Da mesma forma, quem inventa um tecido mais confor- t´
avel ou um carro mais eficiente merece o cr´
edito pelo seu projeto. Na verdade, um fa- bricante que copie um projeto alheio sem re- conhecer ou dar cr´
edito a quem o fez pode ser considerado criminoso.
Considere estes factos: investigadores al- tamente especializados copiam de modo ru- dimentar certos sistemas da natureza para resolver problemas dif´
ıceis de engenharia.
No entanto, alguns atribuem a genialidade de desenvolver a ideia original a uma evo- lu ¸c˜
ao n˜
ao inteligente. Isso parece-lhe razo´ a- vel? Se a c´
opia exige um projetista inteligen- te, o que dizer do original? Quem realmente merece mais cr´
edito: o mestre ou o aprendiz que imita os seus projetos?
Conclus ˜ ao l ´
ogica
Depois de examinarem as evidˆ
encias de que existe projeto na natureza, muitas pes- soas compartilham os sentimentos do escri- tor b´
ıblico Paulo, que disse: ‘As qualidades invis´
ıveis [de Deus] – mesmo o seu poder eterno e Divindade – s˜
ao claramente vistas desde a cria ¸c˜
ao do mundo, porque s˜ ao per- cebidas por meio das coisas feitas.’ — Roma- nos 1:19, 20.
Como responderia?
˛Parece-lhe l´ ogico acreditar que a maravilhosa engenharia que observamos na natureza ´
e fruto do acaso?
˛Como responderia ` a afirma ¸c˜
ao de que a vida apenasparece ter sido projetada?
Patadeumaosga:˘Fotosearch;beija-flor:LaurieExcell/Fogstock/agefotostock
Cientistas pesquisam a capaci- dade de absor ¸c˜
ao de impacto dos moluscos abalone
A osga consegue aderir `
as superf´ ıcies mais lisas, usando for ¸cas moleculares
16 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
Foi projetado?
Se a c´
opia exige um projetista, o que dizer do original?
Fibras
˛Tecnologia artificial:Okevlar ´
e uma fibra muito resistente que ´
e feita pelo homem e usada em produtos como coletes `
a prova de bala. ´
E produzido a altas temperaturas e com solventes perigosos.
˛Tecnologia natural:As aranhas orbitelas produzem sete tipos de seda. A mais re- sistente, conhecida como seda de fio es- trutural – oudragline–, ´
e mais leve do que o algod˜
ao, mas, proporcionalmente, ´ e mais forte do que o a ¸co e mais resistente do que okevlar. Se fosse ampliada para ficar do tamanho de um campo de futebol america- no, uma teia feita de seda de fio estrutural – com 1 cent´
ımetro de espessura e com 4 cent´
ımetros de espa ¸co entre os fios – poderia parar um avi˜
ao comercial em ple- no voo! As aranhas produzem essa seda ` a temperatura ambiente, usando ´
agua como solvente.
Vista microsc´ opica da secre ¸c˜
ao de seda de aranha
CopyrightDennisKunkelMicroscopy,Inc.
QUEM FEZ O ORIGINAL? 17
Navega ¸c ˜ ao
˛Tecnologia artificial:Alguns avi˜
oes comerciais tˆ
em sistemas de piloto autom´
atico computadoriza- dos que n˜
ao s´
o conduzem o avi˜
ao de um pa´
ıs para ou- tro, mas tamb´
em fazem a aterragem. O computador usado num sistema de piloto autom´
atico experimental
´e do tamanho de um cart˜ ao de cr´
edito.
˛Tecnologia natural:Com um c´
erebro do tamanho da ponta de uma caneta esferogr´
afica, a borboleta-monar- ca migra cerca de 3 mil quil´
ometros desde o Canad´ a at´
e chegar a uma ´
area muito espec´
ıfica de uma flores- ta no M´
exico. Essa borboleta orienta-se pelo Sol na sua viagem, ajustando o seu rumo de acordo com o movi- mento do Sol no c´
eu.
Lentes
˛Tecnologia artificial:Alguns engenheiros desenvolveram um olho artificial compos- to, com 8500 lentes, num espa ¸co do ta- manho de uma cabe ¸ca de alfinete. Essas lentes poderiam ser usadas em sensores de movimento de alta velocidade e em cˆ
amaras multi- direcionais ultrafinas.
˛Tecnologia natural:Cada olho da lib´
elula cont´ em cerca de 30 mil lentes. Essas lentes produzem ima- gens que se combinam para criar um amplo campo de vis˜
ao em mosaico. Os olhos compostos da lib´ elula s˜
ao sensores de movimento por excelˆ
encia.
Antes de respondermos a esta pergunta, h´
a algo que precisa de ser esclarecido. Mui- tos cientistas notaram que, com o tempo, os descendentes de seres vivos podem sofrer pequenas mudan ¸cas. Por exemplo, os huma- nos podem fazer o cruzamento seletivo de c˜
aes para que, mais tarde, os seus descen- dentes tenham pernas mais curtas ou pelo
mais longo do que os seus antepassados.1 Alguns cientistas associam o termo “microe- volu ¸c˜
ao” a essas pequenas mudan ¸cas.
No entanto, os evolucionistas ensinam que essas pequenas mudan ¸cas se acumula- ram lentamente ao longo de milhares de mi- lh˜
oes de anos e produziram as grandes mu- dan ¸cas necess´
arias para transformar peixes em anf´
ıbios, e criaturas simiescas em seres humanos. Essas supostas grandes mudan ¸cas s˜
ao definidas como “macroevolu ¸c˜ ao”.
Charles Darwin, por exemplo, ensinou
1Muitas vezes, as mudan ¸cas que os criadores de c˜
aes conseguem produzir resultam de falha gen´ etica.
Por exemplo, a baixa estatura dodachshund(conheci- do como c˜
ao salsicha) deve-se a uma falha no desen- volvimento normal da cartilagem, causando nanismo.
Evolu ¸c ˜
mitos e factos ao
“Assim como o calor do Sol ´
e um facto, tamb´
em a evolu ¸c˜ ao ´
e um facto”, afirmou o pro- fessor Richard Dawkins, um prestigiado cientista evolucionista.16Naturalmente, expe- riˆ
encias e observa ¸c˜
oes diretas provam que o Sol ´
e quente. Mas ser´
a que experiˆ encias e observa ¸c˜
oes diretas tamb´ em d˜
ao `
a teoria da evolu ¸c˜
ao o mesmo apoio inquestion´ avel?
Charles Darwin e o seu livro A Origem das Esp´
ecies
Darwin:dolivroOriginofSpecies,1902;livro:AbeBooks.com
EVOLU ¸C˜
AO – MITOS E FACTOS 19
que as pequenas mudan ¸cas observadas na natureza indicam que mudan ¸cas mui- to maiores – embora nunca observadas – tamb´
em s˜ ao poss´
ıveis.17 Para ele, algumas formas de vida originais – a que chamam formas de vida simples –, evolu´
ıram lenta- mente ao longo de vastos per´
ıodos de tem- po, por meio de “modifica ¸c˜
oes extremamen- te ligeiras”, para originarem os milh˜
oes de diferentes formas de vida que existem na Terra.18
Muitos acham que essa afirma ¸c˜ ao ´
e ra- zo´
avel. Eles perguntam-se: ‘Se podem ocor- rer pequenas mudan ¸cas dentro de uma esp´
e- cie, porque ´
e que a evolu ¸c˜ ao n˜
ao produziria grandes modifica ¸c˜
oes com o passar de pe- r´
ıodos longos?’1 Na realidade, por´ em, a teoria da evolu ¸c˜
ao baseia-se em trˆ
es mitos.
Considere o seguinte.
Mito 1. As muta ¸c˜
oes suprem a mat´ e- ria-prima necess´
aria para a cria ¸c˜ ao de novas esp´
ecies.O ensino da macroevolu-
¸c˜
ao baseia-se na suposi ¸c˜
ao de que as muta-
¸c˜
oes – mudan ¸cas aleat´
orias no c´
odigo gen´ e- tico de plantas e animais – podem produzir n˜
ao s´
o novas esp´
ecies, mas tamb´ em fam´
ılias inteiramente novas de plantas e animais.19
Os factos.Muitas das caracter´
ısticas de uma planta ou de um animal s˜
ao determina- das pelas instru ¸c˜
oes contidas no seu c´ odigo gen´
etico – o projeto, ou planta, presente no n´
ucleo de cada c´
elula.2 Os investigadores descobriram que as muta ¸c˜
oes podem pro- duzir altera ¸c˜
oes nos descendentes das plan- tas e dos animais. Mas ser´
a que as muta ¸c˜ oes podem realmente produzir esp´
ecies inteira- mente novas? O que ´
e que um s´
eculo de in- vestiga ¸c˜
ao no campo da gen´
etica revelou?
1Apesar de a palavra “esp´
ecie” ser usada com fre- quˆ
encia nesta sec ¸c˜
ao, deve-se notar que esse mes- mo termo, no livro b´
ıblico de G´ enesis, ´
e muito mais abrangente. Muitas vezes, aquilo que os cientistas classificam como evolu ¸cao para uma nova esp˜ ecie, na´ verdade, trata-se de uma varia ¸c˜
ao dentro da “esp´ ecie”
referida no relato de G´ enesis.
2Pesquisas mostram que o citoplasma da c´ elula, as suas membranas e outras estruturas celulares tam- b´
em desempenham um papel na forma ¸c˜
ao de um or- ganismo.
No final dos anos 30, os cientistas ado- taram com entusiasmo um novo conceito.
Eles j´
a achavam que a sele ¸c˜
ao natural – o processo pelo qual o organismo mais bem adaptado ao ambiente teria mais possibilida- de de sobreviver e procriar – poderia pro- duzir novas esp´
ecies de plantas por meio de muta ¸c˜
oes aleat´
orias. Portanto, eles presu- miam que a escolha artificial de muta ¸c˜
oes, ou seja, a escolha manipulada pelo homem, deveria ser capaz de fazer o mesmo, mas com mais eficiˆ
encia. “Espalhou-se a eufo- ria entre os bi´
ologos em geral e, em especial, entre os geneticistas e criadores de plan- tas e animais”, disse Wolf-Ekkehard L¨
onnig, cientista do Instituto Max Planck de Repro- du ¸c˜
ao Gen´
etica em Plantas, na Alemanha.1 Porquˆ
e a euforia? L¨
onnig, que j´
a passou cer- ca de 30 anos a estudar muta ¸c˜
oes gen´ eticas
1L¨
onnig acredita que a vida teve um Criador. Os seus comentarios nesta publica ¸c´ ao s˜ ao da sua autoria˜ e n˜
ao representam a opini˜
ao do Instituto Max Planck de Melhoramento Gen´
etico em Plantas.
Normal
Embora malformadas, as moscas-das-frutas continuam a ser moscas-das-frutas
As muta ¸c˜
oes podem produzir mudan ¸cas em plantas – como esta mutante com flores grandes –, mas apenas dentro de certos limites
Normal
20 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
em plantas, disse: “Esses investigadores pen- savam que tinha chegado a hora de revolu- cionar o m´
etodo tradicional de cria ¸c˜ ao de plantas e animais. Achavam que, por induzi- rem e selecionarem as muta ¸c˜
oes favor´ aveis, poderiam produzir plantas e animais novos e melhores.”20 De facto, alguns esperavam produzir esp´
ecies inteiramente novas.
Cientistas nos Estados Unidos, ´
Asia e Eu- ropa lan ¸caram programas de investiga ¸c˜
ao solidamente financiados que usavam m´
e- todos que prometiam acelerar a evolu ¸c˜
ao.
Depois de mais de 40 anos de intensa pes- quisa, quais foram os resultados? “Apesar dos enormes gastos financeiros”, diz o in- vestigador Peter von Sengbusch, “a ten- tativa de desenvolver variedades cada vez mais produtivas por meio de radia ¸c˜
ao [para causar muta ¸c˜
oes] mostrou ser um fiasco to- tal”.21L¨
onnig tamb´
em disse: “Nos anos 80, a esperan ¸ca e a euforia entre os cientis- tas acabou num fracasso global. O melho- ramento gen´
etico como um campo espec´ ıfi- co de pesquisa foi descontinuado nos pa´
ıses ocidentais. Quase todos os mutantes [...]
morriam ou eram mais fracos do que os es- p´
ecimes naturais.”1
Apesar disso, os dados agora dispon´ ıveis, depois de cerca de cem anos de pesquisa de muta ¸c˜
oes em geral e de 70 anos de me- lhoramento gen´
etico em especial, permitem que os cientistas tirem conclus˜
oes sobre a capacidade das muta ¸c˜
oes de produzir novas esp´
ecies. Ap´
os examinar as provas, L¨ onnig concluiu: “As muta ¸c˜
oes n˜
ao podem trans- formar uma esp´
ecie original [de planta ou animal] em outra totalmente nova. Esta con- clus˜
ao est´
a de acordo com o conjunto de to-
1Os experimentos com muta ¸c˜
oes revelaram vez ap´
os vez que o n´
umero de novos mutantes dimi- nuıa constantemente, ao passo que continuava a sur-´ gir o mesmo tipo de mutantes. Al´
em disso, menos de 1% das muta ¸c˜
oes em plantas foi selecionado para pesquisa adicional, e menos de 1% desse grupo foi considerado pr´
oprio para uso comercial. Contudo, ne- nhuma esp´
ecie inteiramente nova foi criada. Os re- sultados das tentativas de melhoramento gen´
etico em animais foram ainda piores do que os realizados em plantas, e o procedimento foi descontinuado por com- pleto.
das as experiˆ
encias e resultados sobre mu- ta ¸c˜
oes realizados no s´
eculo 20 e, tamb´ em, com as leis da probabilidade.”
Portanto, podem as muta ¸c˜
oes fazer com que uma esp´
ecie evolua para outra inteira- mente nova? N˜
ao, segundo as evidˆ encias.
As pesquisas de L¨
onnig levaram-no a con- cluir “que esp´
ecies geneticamente bem defi- nidas tˆ
em limites reais que n˜
ao podem ser anulados ou ultrapassados por muta ¸c˜
oes acidentais”.22
Pense nas implica ¸c˜
oes dos factos mencio- nados acima. Se cientistas altamente qualifi- cados n˜
ao conseguem produzir novas esp´ e- cies por induzirem e escolherem de modo artificial as muta ¸c˜
oes favor´
aveis, qual ´ e a probabilidade de um processo sem inteli- gˆ
encia fazer um trabalho melhor? A investi- ga ¸c˜
ao mostra que as muta ¸c˜ oes n˜
ao podem transformar uma esp´
ecie original em outra totalmente nova. Sendo assim, como, exata- mente, ´
e que a macroevolu ¸c˜
ao poderia ter ocorrido?
Mito 2. A sele ¸c˜
ao natural levou ` a cria-
¸c˜
ao de novas esp´
ecies. Darwin acredi- tava que aquilo a que ele chamou sele ¸c˜
ao natural favoreceria as formas de vida mais bem adaptadas ao ambiente, ao passo que as formas de vida menos adaptadas acabariam por se extinguir. Os evolucionistas moder- nos ensinam que, `
a medida que as esp´ ecies se espalharam e se isolaram, a sele ¸c˜
ao natu- ral preservou as esp´
ecies cujas muta ¸c˜ oes ge- n´
eticas as tornaram mais adaptadas ao novo ambiente. Eles especulam que, em resultado disso, esses grupos isolados, por fim, evolu´
ı- ram e deram origem a esp´
ecies totalmente novas.
Os factos.Conforme j´
a mencionado, as evidˆ
encias obtidas pelas pesquisas cient´ ı- ficas indicam claramente que as muta ¸c˜
oes n˜
ao podem produzir esp´
ecies de animais ou plantas inteiramente novas. Apesar disso, que provas ´
e que os evolucionistas apresen- tam para apoiar a sua afirma ¸c˜
ao de que a se- le ¸c˜
ao natural escolhe as muta ¸c˜
oes mais favo-
EVOLU ¸C˜
AO – MITOS E FACTOS 21
r´
aveis para produzir novas esp´
ecies? Uma brochura publicada em 1999 pela Academia Nacional de Ciˆ
encias, nos Estados Unidos, refere-se `
as “13 esp´
ecies de tentilh˜
oes estu- dadas por Darwin nas ilhas Gal´
apagos, ago- ra conhecidos como os tentilh˜
oes de Dar- win”.23
Nos anos 70, uma equipa de investiga ¸c˜ ao liderada por Peter e Rosemary Grant, da Universidade de Princeton, come ¸cou a es- tudar esses tentilh˜
oes e descobriu que, de- pois de um ano de seca nas ilhas, os tenti- lh˜
oes que tinham o bico ligeiramente maior sobreviviam com mais facilidade do que os de bico mais pequeno. Visto que a obser- va ¸c˜
ao do tamanho e do formato do bico ´ e uma das principais maneiras de classificar as 13 esp´
ecies de tentilh˜
oes, essas descober- tas foram encaradas como significativas. A brochura da Academia continua: “O casal Grant calculou que, se houvesse uma seca a cada dez anos nas ilhas, uma nova esp´
ecie de tentilh˜
ao poderia surgir dentro de apenas 200 anos, aproximadamente.”24
No entanto, a brochura da Academia n˜ ao menciona que, nos anos que se seguiram `
a seca, os tentilh˜
oes com bico mais pequeno
voltaram a dominar a popula ¸c˜
ao. Os investi- gadores descobriram que, conforme muda- va o clima na ilha, os tentilh˜
oes de bico mais longo dominavam num ano, mas, depois, quem dominava eram os de bico mais pe- queno. Eles perceberam, tamb´
em, que algu- mas das supostas esp´
ecies de tentilh˜ oes se cruzavam e produziam descendentes que so- breviviam melhor do que os seus progenito- res. Eles conclu´
ıram que, se esse cruzamen- to continuasse, poderia resultar na fus˜
ao de duas “esp´
ecies” numa s´ o.25 Portanto, ser´
a que a sele ¸c˜
ao natural real- mente criou esp´
ecies inteiramente novas?
H´ a d´
ecadas, o bi´
ologo evolucionista Geor- ge Christopher Williams come ¸cou a ques- tionar se a sele ¸c˜
ao natural tinha essa capa- cidade.26Em 1999, o te´
orico evolucionista Jeffrey H. Schwartz escreveu que a sele ¸c˜
ao natural pode ajudar as esp´
ecies a adaptarem- -se `
as mudan ¸cas de circunstˆ
ancias, mas n˜ ao cria nada novo.27
Na realidade, os tentilh˜
oes de Darwin n˜
ao est˜
ao a transformar-se em algo “novo”.
Ainda s˜
ao tentilh˜ oes. Ali´
as, o facto de se cruzarem entre si lan ¸ca d´
uvidas sobre os m´ e- todos usados por alguns evolucionistas para
Na melhor das hip´ oteses, os tentilh˜
oes de Darwin mostram que uma esp´
ecie pode adaptar-se `
as mudan-
¸cas clim´ aticas
Desenhosdebicos:dolivroJournalofResearches,deCharlesDarwin(1873);imagem:cortesiadaBiodiversityHeritageLibrary
22 SER´
A QUE A VIDA TEVE UM CRIADOR?
definir uma esp´ ecie. Al´
em disso, as informa-
¸c˜
oes sobre essas aves revelam que nem as academias cient´
ıficas de prest´ ıgio s˜
ao imu- nes a apresentar provas de maneira tenden- ciosa.
Mito 3. O registo f´
ossil prova mudan-
¸cas macroevolucion´
arias.A brochura da Academia Nacional de Ciˆ
encias, nos Esta- dos Unidos, passa a impress˜
ao de que os f´ os- seis encontrados pelos cientistas s˜
ao prova mais do que suficiente da macroevolu ¸c˜
ao:
“Foram descobertas tantas formas interme- di´
arias entre peixes e anf´
ıbios, entre anf´ ıbios e r´
epteis, entre r´
epteis e mam´
ıferos, e nas linhagens dos primatas, que, muitas vezes, se torna dif´
ıcil identificar categoricamente quando ocorre a transi ¸c˜
ao entre uma esp´ e- cie e outra.”28
Os factos.Essa declara ¸c˜
ao confiante fei- ta na brochura da Academia ´
e muito sur-
preendente. Porquˆ
e? Niles Eldredge, um evolucionista convicto, diz que o registo f´
os- sil n˜
ao mostra que houve um ac´
umulo gra- dual de mudan ¸cas, mas sim que, durante longos per´
ıodos, “pouca ou nenhuma mu- dan ¸ca evolucion´
aria se acumulou na maio- ria das esp´
ecies”.129 At´
e hoje, cientistas de todo o mundo j´
a desenterraram e catalogaram cerca de 200 milh˜
oes de f´
osseis grandes e milhares de milh˜
oes de microf´
osseis. Muitos inves- tigadores concordam que esse vasto e de- talhado registo mostra que todos os princi- pais grupos de animais surgiram de repente e permaneceram praticamente inalterados, com muitas esp´
ecies a desaparecerem t˜ ao repentinamente como surgiram.
1At´
e os poucos exemplos do registo f´
ossil que os investigadores apontam como prova da evolu ¸c˜
ao es- tao sujeitos a debate. Veja as p˜ aginas 22 a 29 da bro-´ churaA Origem da Vida – Cinco Perguntas Que Mere- cem Resposta, publicada pelas Testemunhas de Jeov´
a.
Acreditar na evolu ¸c ˜ ao ´
e um
“ato de f ´ e”
Porque ´
e que muitos evolucionistas de prest´
ıgio insistem que a macroevolu ¸c˜ ao ´
e um facto? Richard Lewontin, um influen- te evolucionista, escreveu, de forma fran- ca, que muitos cientistas est˜
ao dispostos a aceitar afirma ¸c˜
oes cient´ ıficas n˜
ao compro- vadas “porque j´
a [assumiram] outro com- promisso, um compromisso com o mate- rialismo”.1 Muitos cientistas recusam-se at´
e mesmo a considerar a possibilidade de que exista um Projetista inteligente, porque, como escreve Lewontin, “n˜
ao podemos per- mitir que a ciˆ
encia abra a porta `
a ideia de um Criador”.30
A respeito disso, a revistaScientific Amer- icancita as seguintes palavras do soci´
ologo Rodney Stark: “H´
a 200 anos que se propaga a ideia de que, para se ser cientista, ´
e preci- so manter a mente livre dos grilh˜
oes da reli- gi˜
ao.” Ele disse ainda que, nas universidades em que se faz investiga ¸c˜
ao, “os religiosos fi- cam calados”.31
Para aceitar como verdadeiro o ensino da macroevolu ¸c˜
ao, vocˆ
e tem de acreditar que os cientistas agn´
osticos ou ateus n˜
ao se dei- xam influenciar pelas suas cren ¸cas pessoais ao interpretar as descobertas cient´
ıficas.
Tem de acreditar que as muta ¸c˜
oes e a sele-
¸c˜
ao natural produziram todas as complexas formas de vida, mesmo que um s´
eculo de in- vestiga ¸c˜
ao tenha mostrado que as muta ¸c˜ oes n˜
ao transformaram nem sequer uma ´ unica esp´
ecie bem definida em outra inteiramente nova. Tem de acreditar que todas as criatu- ras evolu´
ıram de forma gradual de um an- cestral comum, apesar de o registo f´
ossil in- dicar de modo eloquente que as principais esp´
ecies de plantas e de animais surgiram de repente e n˜
ao evolu´
ıram para outras esp´ e- cies, mesmo ao longo de incont´
aveis eras.
Esse tipo de cren ¸ca parece basear-se em fac- tos ou em mitos? Realmente, acreditar na evolu ¸c˜
ao ´
e um “ato de f´ e”.
1O “materialismo”, neste sentido, refere-sea teoria` de que tudo no Universo, incluindo toda a vida, veio` a existˆ
encia sem nenhuma interven ¸c˜
ao sobrenatural.
De acordo com o registo f´
ossil, todos os prin- cipais grupos de animais surgiram de repente e permaneceram praticamente inalterados
˘JuanCarlosMu˜noz/agefotostock,ecortesiadoRoyalTyrrellMuseumofPalaeontology
Como responderia?
˛Como responderia
`a afirma ¸c˜
ao de que as provas da chamada microevolu ¸c˜
ao confirmam que a macroevolu ¸c˜
ao ocorreu mesmo?
˛Por que raz˜ ao ´
e significativo que o registo f´
ossil mostre que a maioria das esp´
ecies mudou muito pouco no decurso de longos per´
ıodos?