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MÔNICA SILVA MIRANDA REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO CEARÁ: UM MODELO DE PREVISÃO PARA MUDANÇAS NA ALÍQUOTA DE CONTRIBUIÇÃO

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE – FEAAC

PROGRAMA DE ECONOMIA PROFISSIONAL – PEP

MÔNICA SILVA MIRANDA

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO CEARÁ: UM MODELO DE PREVISÃO PARA MUDANÇAS NA ALÍQUOTA DE

CONTRIBUIÇÃO

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MÔNICA SILVA MIRANDA

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO CEARÁ: UM MODELO DE PREVISÃO PARA MUDANÇAS NA ALÍQUOTA DE

CONTRIBUIÇÃO

Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Economia Profissional – PEP, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia do Setor Público.

Orientador: Prof. Dr. Guilherme Diniz Irffi

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

M644r Miranda, Mônica Silva.

Regime próprio de previdência social dos servidores do Estado do Ceará: um modelo de previsão para mudanças na alíquota de contribuição / Mônica Silva Miranda. – 2017.

38 f. : il. color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia,

Administração, Atuária e Contabilidade, Mestrado Profissional em Economia do Setor Público, Fortaleza, 2017.

Orientação: Prof. Dr. Guilherme Diniz Irffi.

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MÔNICA SILVA MIRANDA

REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DOS SERVIDORES DO ESTADO DO CEARÁ: UM MODELO DE PREVISÃO PARA MUDANÇAS NA ALÍQUOTA DE

CONTRIBUIÇÃO

Dissertação submetida à Coordenação do Programa de Economia Profissional – PEP, da Universidade Federal do Ceará - UFC, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia do Setor Público.

Aprovada em: 10 de novembro de 2017.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________ Prof. Guilherme Diniz Irffi (Orientador)

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________ Prof. Márcio Veras Corrêa

Universidade Federal do Ceará (UFC)

____________________________________ Prof. Glauber Marques Nojosa

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por ter me dado a oportunidade de crescer profissionalmente, fazer novos amigos, encontrar antigos e renovar minhas esperanças de dias melhores.

À Danielle Kubrusly, grande companheira de percurso, que nunca me deixou desanimar. À minha família pela paciência com as minhas ausências e, por fim, agradeço ao meu orientador professor Guilherme Irffi e aos demais membros da banca professores Márcio Veras e Glauber Nojosa.

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RESUMO

No intuito de reduzir o desequilíbrio financeiro no Regime Próprio de Previdência dos Servidores do Ceará – RPPS/CE, o Governo do Ceará editou a Lei Complementar nº 167/2016 com o objetivo de ampliar gradualmente a alíquota de contribuição patronal (de 22% para 28%) e dos servidores (de 11% para 14%) no período entre 2017 e 2019. Diante disso, esta dissertação utilizou técnicas de séries temporais para projetar o impacto da LC nº 167/2016 sobre a sustentabilidade do sistema previdenciário do Estado do Ceará durante o período de transição da alíquota. Em termos reais, as projeções indicam que a mudança nas alíquotas implicará em uma redução anual média de 9,89% no déficit previdenciário do Estado entre 2017 e 2019.

Palavras-Chave: Previsão. Lei Complementar nº 167/2016. RPPS. Previdência. SARMA.

(7)

ABSTRACT

In order to reduce the financial balance in social security of civil servants from Ceará state -

RPPS / CE, the Government of Ceará has issued Complementary Law nº 167/2016 with the objective of gradually increasing the tax pay of state (from 22% to 28 %) and of servants (from 11% to 14%) in the period between 2017 and 2019. In the light of this, this dissertation used the time series approach to project the impact of Complementary Law nº 167/2016 about the sustainability of the Ceará state's social security system during the transition period of the tax. In real terms, the projections indicate that the rate change will mean an annual average reduction

of 9.89% in the state's pension deficit between 2017 and 2019.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução do Quantitativo de Segurados do RPPS... 18

Figura 2 - Relação entre o Quantitativo de Segurados Ativos sobre Segurados Inativos.. 19

Figura 3 - Receitas Previdenciárias, Despesas Previdenciárias e Saldo Previdenciário.. 25

Figura 4 - Receitas Previdenciárias, Despesas Previdenciárias e Déficit Previdenciário (em termos anuais)... 26

Figura 5 - Função de Autocorrelação (FAC) e Função de Autocorrelação Parcial (FACP)... 28

Figura 6 - Correlograma dos Resíduos Estimados... 30

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Testes de Estacionariedade das séries... 27

Tabela 2 - Dez Modelos com Menores Valores de Critério de Informação de Schwarz... 28

Tabela 3 - Regressões Estimadas... 29

Tabela 4 - Testes sobre os Resíduos das Estimações... 30

Tabela 5 - Valores previstos, Valores Observados e Erro de Previsão Mensal – Receita Previdenciária... 31

Tabela 6 - Valores previstos, Valores Observados e Erro de Previsão Mensal – Despesa Previdenciária... 31

Tabela 7 - Desempenho Preditivo dos Modelos de Previsão... 32

Tabela 8 - Receita Previdenciária 2012-2016... 33

(10)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 9

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 12

2.1 Breve histórico... 12

2.2 Revisão de literatura... 13

3 REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO CEARÁ... 16

3.1 Sistema Único de Previdência Social do Estado do Ceará... 16

3.2 Quantitativo de segurados do RPPS/CE... 17

4 METODOLOGIA... 20

4.1 Base de dados... 20

4.2 Estratégia econométrica... 20

4.3 Projeções... 22

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 24

5.1 Análise das Receitas e Despesas Previdenciárias – RPPS/CE... 24

5.2 Modelo de previsão... 26

5.2.1 Estacionariedade das séries... 26

5.2.2 Etapa de identificação... 27

5.2.3 Etapa de estimação e de verificação... 29

5.2.4 Previsão para fora da amostra... 30

5.3 Projeções da receita e despesa do RPPS/CE... 32

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 35

(11)

1 INTRODUÇÃO

A economia nacional tem apresentado um cenário fortemente recessivo nos últimos anos, que atinge diretamente a capacidade de financiamento dos entes federados, isto é, Municípios, Estados, Distrito Federal e União. Nessa conjuntura, ampliou-se o debate sobre a necessidade de reformulação do sistema previdenciário, em especial a questão da sustentabilidade dos Regimes Previdenciários Próprios dos Servidores Estaduais.

Segundo os dados disponibilizados pelo Ministério da Previdência e Assistência Social para o ano de 2014, dos 26 estados que compõem o Brasil mais o Distrito Federal, vinte e três1 apresentavam valores referentes às despesas do Regime Próprio de Previdência dos

Servidores superiores às receitas (CAETANO, 2016).

Nessa linha, Caetano (2016) realizou uma síntese geral com relação à solvência dos regimes previdenciários estaduais e municipais do Brasil. Dentre os principais resultados, demonstrou-se que a relação despesa/receita dos regimes de previdência foi em média dois por um para as unidades federativas no período entre 2006 e 2013, porém, apresentando alta variabilidade. Por fim, o autor conclui que os déficits verificados possuem um caráter

sistemático e crônico, dificultando a obtenção de um equilíbrio financeiro no sistema.

Com relação ao Estado do Ceará, desde o ano de 2004 o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS – do Estado vêm apresentando saldos deficitários, expressando o descompasso entre o montante arrecadado para seu financiamento e os custos associados.

Referente ao último exercício, dados do Portal da transparência do Estado do Ceará2

demonstram que o total das Receitas Previdenciárias3 arrecadadas situaram-se em R$ 1,498

bilhão, enquanto as despesas totais se situaram na casa de R$ 2,491 bilhões, denotando uma necessidade de financiamento de aproximadamente R$ 993 milhões. Quantidade de recursos esta que é aportada pelo Tesouro do Estado.

A situação crítica do sistema previdenciário estadual cearense foi discutida por Simonassi, Koury e Matos (2016), onde se objetivou analisar a sustentabilidade da trajetória do

déficit previdenciário do RPPS/CE através da modelagem de uma função de reação fiscal4.

Segundo eles, o saldo previdenciário do Ceará foi diagnosticado insolvente para o período entre

1 Os únicos estados superavitários foram o Acre, Amapá, Rondônia e Tocantins.

2 Informações disponíveis no Relatório Resumido de Execução Orçamentária do Estado (6º bimestre/2016). Os valores são baseados nas previsões atualizadas disponibilizadas no anexo 4 do documento citado.

(12)

2003 e 2012, destacando-se que a trajetória ascendente dos custos previdenciários não foi acompanhada por elevações nas receitas, em contrapartida.

Logo, frente ao quadro de ascendência demográfica e temporal do déficit

previdenciário, reformas estruturais vêm sendo amplamente discutidas, tais quais as alterações no teto salarial e idade mínima para aposentadoria, que tem por objetivo alterar a trajetória de longo prazo do déficit primário. Por outro lado, o caráter gradual dessas medidas, dado a

existência de uma regra de transição, pode implicar em um baixo efeito no curto prazo, não corrigindo os desvios transitórios.

Assim, torna-se necessário a adoção de medidas políticas que sejam capazes de manter o equilíbrio financeiro e atuarial do Regime Próprio de Previdência dos Servidores do Ceará ao longo dos próximos anos, de modo a cumprir o que está previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)5.

Frente a este cenário, o Governo do Estado do Ceará editou a Lei Complementar n° 167, de 27 de dezembro de 2016, visando ampliar as alíquotas de contribuição patronal e dos servidores. Em termos objetivos, a LC nº 167/2016 alterou dispositivos do Art. 5º da Lei Complementar nº 12, de 23 de junho de 1999, ampliando, a partir do exercício de 2017, gradualmente de 11% para 14% a alíquota dos contribuintes previdenciários (1% a.a.) e de 22% para 28% a contribuição patronal (2% a.a.) até o ano de 2019.

Ao não promover alterações estruturais no regime previdenciário do Estado, a LC nº 167/16 não se consolida como um instrumento de adequação do sistema em um horizonte de longo prazo. No entanto, dado o impacto imediato sobre a capacidade de arrecadação do regime, a mesma visa contribuir para a estabilização do resultado previdenciário em um horizonte de curto prazo.

Diante disso, objetiva-se avaliar se a Lei Complementar nº 167/16 contribuirá para a redução do déficit previdenciário do Estado do Ceará em um horizonte de curto prazo.

Para tal, será realizado um estudo projetando as receitas e despesas futuras do RPPS do Estado do Ceará através de um método de séries temporais, considerando as alterações na alíquota de contribuição durante o período de 2017-2019 e, assim, simulando o efeito da LC 167/16 sobre a situação orçamentária do RPPS do Ceará.

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(14)

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Breve histórico

A Constituição Federal de 1988 representou um marco determinante na estrutura da previdência social brasileira ao estipular o sistema de seguridade social nos moldes recomendados pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e Convenção nº 102/1952 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), caracterizado como sistema de proteção social que a sociedade proporciona aos seus membros, mediante uma série de medidas públicas contra as privações econômicas e sociais, tais como enfermidades diversas, maternidade, acidente de trabalho, enfermidade profissional, emprego, invalidez, velhice e morte, assistência médica, etc. (GUIMARÃES, 2012).

O sistema previdenciário brasileiro se estrutura em três tipos de regime: Regime Geral de Previdência Social – de filiação obrigatória para os trabalhadores da iniciativa privada, administrado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) –, Regime de Previdência no Serviço Público – também de filiação obrigatória para os servidores públicos de cargos efetivos da União, dos Estados e dos Municípios – e Regime Complementar – de filiação facultativa e caráter privado e contratual –. O escopo do trabalho se restringe à análise do Regime de Previdência do Servidor Público ou Regimes Próprios de Previdência Social, como será abordado a seguir.

O Regime Próprio de Previdência Social (RRPS) é de filiação obrigatória para os servidores públicos de cargos efetivos da União, dos Estados e dos Municípios. A proteção social dos servidores públicos foi tratada, até a promulgação da Constituição de 1988, como uma extensão da política pessoal do Estado. Tratava-se de um prêmio a ser outorgado aos servidores, em retribuição às várias décadas de serviços prestados ao Estado.

(15)

O Sistema Único de Previdência Social do Estado do Ceará (SUPSEC) foi instituído pela Lei Complementar de nº 12, de 23 de junho de 1999 para assegurar, enquanto Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), respaldado na Constituição Federal, cobertura previdenciária aos servidores públicos titulares de cargo efetivo e equiparados para esse fim, e respectivos dependentes previdenciários.

A Lei Complementar nº 12/1999 estabelecia em seu art. 5º o valor da contribuição previdenciária dos contribuintes do SUPSEC na ordem de 11%, calculada sobre a totalidade da remuneração, dos proventos ou da pensão, e a contribuição especial patronal no valor de 22% sobre o valor total da base de cálculo da contribuição.

Porém, a Lei Complementar nº 167, de 27 de dezembro de 2016, oriunda da mensagem nº 8.073/16, prevê o aumento gradual no valor da contribuição previdenciária dos servidores públicos estaduais ativos, aposentados, militares da reserva remunerada, pensionistas e da alíquota especial de contribuição previdenciária até 2019.

Assim, a contribuição social do servidor público estadual ativo, de quaisquer dos Poderes do Estado, do Ministério Público e da Defensoria Pública, incluídas as autarquias e fundações, bem como dos militares, dos agentes públicos e dos membros de Poder aumentará para 12% em 2017, 13% em 2018 e se estabelecendo no valor de 14% em 2019, incidente sobre a totalidade da base de contribuição definida em Lei.

A contribuição social dos aposentados e militares da reserva remunerada e reforma, bem como dos respectivos pensionistas de quaisquer dos Poderes do Estado, incluídas suas autarquias e fundações aumentará para 12% em 2017, 13% em 2018 e se estabelecendo no valor de 14% em 2019, incidente sobre a parcela que ultrapassar o limite máximo de contribuição e benefício do Regime Geral de Previdência Social (RGPS). Já a alíquota especial de contribuição previdenciária será de 24% em 2017, 26% em 2018 e se estabelecerá em 28% em 2019, sobre o valor total da base de cálculo da contribuição.

2.2 Revisão de literatura

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da elevação da expectativa de vida da população, quanto em termos do aumento de concessão de benefícios sem a devida contrapartida.

Caetano (2016) realizou um diagnóstico estruturado em uma sequência de etapas sobre a sustentabilidade de longo prazo dos RPPS de estados e municípios brasileiros. O autor aponta a fragilidade do RPPS em relação à previdência complementar fechada, uma vez que o total de ativos financeiros acumulados na previdência complementar fechada é capaz de pagar quase vinte anos de despesa, enquanto os ativos financeiros do RPPS suportam apenas um ano e meio do dispêndio total. Essa situação é ainda mais vulnerável em treze dos 26 estados e o Distrito Federal, no qual não contam com ativos suficientes para o pagamento de um exercício financeiro. Não somente há poucos ativos acumulados, como, em termos de fluxo de caixa, a despesa anual é o dobro da arrecadação dos estados e 45% superior nas capitais. Por seu turno, a situação se inverte em relação aos municípios do interior, onde a arrecadação suplanta a despesa.

A partir desse quadro, foram simuladas reformas previdenciárias utilizando-se de um modelo matemático único para todos os estados e municípios com RPPS. Caetano (2016) conclui que reformas ambiciosas, como o fim das aposentadorias especiais para professores e militares sem regra de transição, não causam alívio significativo nas contas públicas.

A simulação de uma reforma com imposição de idade mínima unificada de 60 anos, com a extinção definitiva da paridade e cálculo da aposentadoria para todos pela média, junto com a reposição de 70% para aposentadorias e pensões mostrou não ser possível eliminar o

déficit, mas o tornaria mais administrável (CAETANO, 2016). Assim, ressalta-se a necessidade

de adoção de medidas de pouca aceitação popular, mas necessárias à sustentação das contas públicas e à própria sobrevivência do regime previdenciário.

Bispo (2008) analisou a sustentabilidade dos RPPS dos municípios do estado da Bahia, a partir dos perfis da situação financeira e atuarial municipal e concluiu que a possibilidade de manutenção dos RPPS municipais encontra-se comprometida, constituindo-se um sério entrave ao alcance do equilíbrio das contas públicas dos municípios. Sendo assim, ele aponta que a situação constatada tende a se agravar caso sejam mantidos os parâmetros legais, as formas de gestão e o cenário de crise econômica atualmente verificada. O cenário delineado leva a concluir que os RPPS pesquisados não são capazes de contribuir com o equilíbrio fiscal dos municípios que os abrigam, pelo contrário, constituem-se em sério entrave ao mesmo.

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restrição orçamentária intertemporal, do equilíbrio financeiro dos RPPS dos estados e do Distrito Federal e da análise de um cenário futuro de equilíbrio. Os dados utilizados foram dados reais das Avaliações Atuariais e dos Demonstrativos Previdenciários fornecidos pelos RPPS ao Ministério da Previdência Social no período 2005 – 2011. Deste modo, ele conclui que o equilíbrio financeiro é mais viável através do acréscimo nas receitas, cuja política de curto prazo poderia ser direcionada, por exemplo, para o aumento das alíquotas de contribuição previdenciária dos entes patrocinadores e dos segurados. Ressalta-se, ainda, a necessidade de se implementar novas reformas previdenciárias no sentido de viabilizar o equilíbrio financeiro dos RPPS no longo prazo.

Simonassi, Koury e Matos (2016) investigaram o grau de sustentabilidade da trajetória do déficit previdenciário do RPPS/CE durante o período de 2003 até 2012. Os autores

construíram um modelo de restrição orçamentária intertemporal da previdência do estado para avaliar a hipótese de que o déficit previdenciário tem seguido uma trajetória de insolvência nos

últimos anos. Dentre os principais resultados, observa-se que o saldo previdenciário do Estado do Ceará foi verificado com insolvente entre o período de 2003 e 2012. Os autores destacaram que o resultado observado se deveu à trajetória ascendente dos custos previdenciários que não foram acompanhados em contrapartida pelo aumento das receitas, inexistindo uma política ativa para sanar este problema durante o período citado.

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3 REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL DO ESTADO DO CEARÁ

Este capítulo se dedica a apresentar um panorama geral do Regime Próprio de Previdência Social do Estado do Ceará – RPPS/CE. A primeira seção contempla uma discussão sucinta sobre as regras básicas do plano de benefícios e custeios do regime previdenciário dos servidores estaduais. Posteriormente, são apresentados os números referentes ao quantitativo de segurados no RPPS/CE e sua dinâmica ao longo dos últimos anos.

3.1 Sistema Único de Previdência Social do Estado do Ceará

O Sistema Único de Previdência Social do Estado do Ceará – SUPSEC – foi instituído pela Lei Complementar nº 12, de 23 de junho de 1999, do Estado do Ceará, no intuito de aplicar aos servidores públicos titulares de cargo efetivo o Regime Próprio de Previdência Social – RPPS/CE (CEARÁ, 2017).

Em termos gerais, os princípios básicos que disciplinam o RPPS/CE (idade mínima para aposentadoria, tempo de contribuição, tempo de cargo e carreira) são estabelecidos pelo art. 40 da Constituição Federal6, onde se dispõem sobre a idade mínima para aposentadoria,

tempo de contribuição, tempo de cargo e carreira, entre outros. Dessa forma, a adoção de reformas previdenciárias no âmbito estadual necessita estar em consonância com a Constituição Federal, havendo, assim, certa rigidez em tais regimes.

Do ponto de vista gerencial, o SUPSEC é operacionalizado através de três diferentes fundos contábil-financeiros: o PREVMILITAR, FUNAPREV e o PREVID.

O fundo PREVMILITAR destina-se à cobertura dos benefícios previdenciários de todos os militares estaduais, bem como de seus respectivos dependentes previdenciários (CEARÁ, 2017).

Já o FUNAPREV destina-se aos servidores titulares estaduais que ingressaram à função até a data de 31 de dezembro de 2013. Destes, as condições de elegibilidade para aposentadoria foram estabelecidas pela EC n° 20/1998, designando para homens a idade mínima de 60 anos e tempo mínimo de contribuição de 35 anos, e para as mulheres a idade mínima de 55 anos e tempo mínimo de contribuição de 30 anos. Acrescenta-se às regras supracitadas a carência mínima de 10 anos no serviço público e de cinco anos no cargo de aposentadoria para ambos os sexos. Destaca-se a regra de transição, a qual permite idades de

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aposentadoria inferiores à regra permanente, para aqueles servidores que ingressaram no RPPS/CE em período anterior à promulgação da EC 20/1998.

A Emenda Constitucional nº 41, de 19 de dezembro de 2003, dispôs alterações no cálculo dos benefícios previdenciários e na regra de indexação das aposentadorias para aqueles que ingressaram após a referida data. Com respeito ao cálculo dos benefícios previdenciários, os servidores públicos titulares de cargo efetivo receberão o equivalente à média dos 80% maiores salários de contribuição do período de julho de 1994 até a data da concessão da aposentadoria, sendo o reajuste desta indexada pela inflação, quebrando o princípio da paridade com os servidores públicos titulares ativos (CAETANO, 2016).

O cálculo dos benefícios previdenciários dos servidores que ingressaram antes do advento da EC 41/2003 não sofrerá alteração compulsória, havendo a possibilidade de os mesmos aposentarem-se com proventos iguais ao último salário e terem seus benefícios reajustados em taxa igual à dos servidores ativos.

O fundo PREVID destina-se à cobertura dos benefícios previdenciários dos servidores públicos que ingressaram na carreira pública a partir da data de primeiro de janeiro de 2014 (CEARÁ, 2017). A Lei Complementar n° 123, de 16 de setembro de 20137, do Estado

do Ceará, a qual criou o regime de previdência complementar para aqueles que recebam acima do teto8 do Regime Geral de Previdência Social RGPS. A partir deste limite, estabeleceu-se

que o Governo Estadual contribuirá com o mesmo percentual do servidor até o limite de 8,5%. Em linhas gerais, a LC nº 123/2013 do Estado do Ceará fixou como limite máximo dos benefícios previdenciários concedidos pelo RPPS/CE o teto do RGPS.

Por fim, a alíquota de contribuição deve ser igual ou superior à estabelecida pela União, independente da data de ingresso dos servidores à carreira pública, destacando-se que os aposentados e pensionistas que recebem beneficios superiores ao limite fixado pelo RGPS devem contribuir sobre a parcela excedente.

3.2 Quantitativo de segurados do RPPS/CE

Assim como a grande maioria dos regimes previdenciários estaduais o RPPS/CE vem passando por um período de maturação, com o aumento do contingente de servidores aposentados e uma redução sistemática do número de servidores ativos. A figura 1 apresenta a

7 A base para a reforma na previdência estadual foi a Lei n° 12.618, de 30 de abril de 2012, a qual instituiu o regime de previdência complementar para os servidores públicos federais.

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dinâmica do quantitativo de segurados do RPPS/CE durante o período de 2011 até 20179,

observa-se uma queda acentuada no total de servidores ativos entre o período de 2013 e 2015 e em consequência disso um aumento na mesma grandeza do número de servidores inativos.

Figura 1 – Evolução do Quantitativo de Segurados do RPPS

Fonte: Elaborado pela autora

Observa-se que o total de segurados inativos e pensionistas passou de cerca de 52.500 em 2011 para a casa de 79.500 em 2017, representando uma taxa de crescimento de 6,91% ao ano. Já a quantidade de segurados ativos, reduziu-se de 81.762 em 2011 para 60.363, o que se traduz em uma taxa de decrescimento de aproximadamente -5,05% ao ano.

A partir da figura 2, observa-se que a taxa de servidores ativos sobre ativos decaiu de cerca de 2,25 servidores ativos para cada inativo em 2011 para 0,98 servidores ativos para cada ativo em 2017, indicando o fim da folga na relação.

Em síntese, a dinâmica observada no quantitativo de segurados do RPPS/CE confirma a maturação do regime previdenciário do Estado, indicando uma mudança no padrão demográfico do sistema. Aliado a isso, o aumento na expectativa de vida10 tende a ampliar a

pressão sobre as contas públicas estaduais, reduzindo a capacidade de financiamento do regime previdenciário estadual.

9 Quantitativo atualizado segundo as informações para agosto de 2017.

10 Segundo o IBGE, a expectativa de vida da população cearense chegou a 73,6 anos em 2015.

0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 90000

2011 2013 2015 2017

(21)

Figura 2 – Relação entre o Quantitativo de Segurados Ativos sobre Segurados Inativos

Fonte: Elaborado pela autora

0,00 0,50 1,00 1,50 2,00 2,50

(22)

4 METODOLOGIA

4.1 Base de dados

Diante do objetivo proposto a presente dissertação utiliza-se dos seguintes dados sobre o RPPS dos servidores públicos do Estado do Ceará: Receita Previdenciária; Despesa Previdenciária; e, Saldo Previdenciário. Todas as informações necessárias foram coletadas junto à SEPLAG – Secretária do Planejamento e Gestão do Governo do Estado do Ceará.

As séries são coletadas entre o período de 2012 a 2016, possuindo periodicidade mensal, havendo, portanto, 60 observações para cada variável. Para transformar as variáveis Receitas e Despesas Previdenciárias em termos reais, e assim permitir a comparação intertemporal das grandezas, será utilizado o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA

– (base fixa, jan/2012 = 1,00), disponibilizado no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

4.2 Estratégia econométrica

O ponto central do trabalho trata-se da análise da LC nº 167/2016 no que tange à alteração das alíquotas de contribuição social do servidor público estadual ativo para a obtenção de um equilíbrio fiscal no RPPS-CE no curto prazo.

Para atingir esse determinado fim, será ajustado um modelo de previsão a partir da abordagem de Box e Jenkins (1976), onde a partir deste será simulado o efeito das alterações nas alíquotas de contribuição dos servidores do Estado do Ceará sobre a situação orçamentária do Regime Próprio de Previdência Social dos servidores do Estado.

Os Modelos 𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑞) constituem-se em processos que permitem combinar componentes autorregressivos (𝐴𝑅) e componentes de média móvel (𝑀𝐴), sendo representados como:

𝑦𝑡= 𝛼𝑜+ ∑ 𝛼𝑖𝑦𝑡−𝑖 𝑝

𝑖=1

+ 𝜀𝑡+ ∑ 𝛽𝑗𝜀𝑡−𝑗 𝑞

𝑗=1

, 𝑖 = 1, … , 𝑝; 𝑗 = 1, … , 𝑞 𝑒 𝛽𝑜 = 1 (1)

(23)

unitário; ou seja, a série de tempo (𝑌𝑡) deve confirmar a propriedade de estacionariedade-ergodicidade. Por fim, os coeficientes 𝛼𝑖 e 𝛽𝑖 representam os pesos relativos dos valores passados e dos choques aleatórios, respectivamente, no modelo estimado.

Na prática, porém, séries temporais mensais de receitas e despesas frequentemente apresentam padrões periódicos, tais como sazonalidade. Nesse caso, pode-se adicionar ao modelo 𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑞) componentes autorregressivos sazonais (𝑃) e de médias móveis sazonais

(𝑄), e construindo os modelos 𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑞)(𝑃, 𝑄). Em suma, os parâmetros 𝑝 𝑒 𝑞 representarão os componentes não sazonais, enquanto os parâmetros 𝑃 𝑒 𝑄 serão representações dos componentes sazonais.

Para identificar a ordem dos parâmetros 𝑝 𝑒 𝑞, que representam a ordem dos componentes não sazonais, e dos parâmetros 𝑃 𝑒 𝑄, que representam a ordem dos componentes sazonais, inicialmente serão inspecionadas as Funções de Autocorrelação (FAC) e das Funções de Autocorrelação Parcial (FACP) a fim de determinar um subconjunto candidatos a modelos de previsão.

Em seguida, para determinar o modelo 𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑞)(𝑃, 𝑄) que melhor se ajusta à trajetória temporal das variáveis será utilizado critério de informação de Schwarz (SBC), o qual realiza o processo de identificação a partir de:

𝑆𝐵𝐶 = 𝑇𝑙𝑛(𝑆𝑄𝑅) + 𝜃𝑙𝑛(𝑇) (2)

Onde 𝑆𝑄𝑅 é a soma dos quadrados dos resíduos, 𝜃 = (𝑝 + 𝑞 + 𝑃 + 𝑄 + 1) é o número de parâmetros estimados e 𝑇 é o número de observações temporais. A especificação selecionada será aquela que minimizar o critério de informação.

De posse das especificações para cada série temporal (Receita Previdenciária e Despesa Previdenciária), serão realizados testes sobre os resíduos estimados de modo a verificar se os mesmos seguem um processo de ruído branco. Para cumprir esse determinado fim são

inspecionados os correlogramas dos resíduos e realizados os testes de Bartlett’s e de Ljung -Box, os quais testam se os resíduos estimados dos modelos ARMA são ruídos brancos através da função densidade cumulativa dos resíduos e da análise de suas autocovariâncias, respectivamente.

Por fim, para verificar a performance preditiva dos modelos ajustados no tocante à previsão, serão utilizadas as medidas de Raiz do Erro Quadrático Médio (REQM), de Erro Absoluto Médio (MAE) e do Coeficiente de Desigualdade de Theil (TIC)11:

(24)

𝑅𝐸𝑄𝑀 = √1

𝑇 ∑ (𝑦𝑡− 𝑦̂ )²𝑡

𝑡+𝑛

𝑡=𝑡+1

(3)

𝑀𝐴𝐸 =1𝑇 ∑ |

𝑡+𝑛

𝑡=𝑡+1

𝑦𝑡− 𝑦̂ |𝑡 (4)

𝑇𝐼𝐶 = √1𝑇∑ (𝑦𝑡− 𝑦̂ )²𝑡

𝑡+𝑛 𝑡=𝑡+1

√1𝑇∑𝑡+𝑛𝑡=𝑡+1𝑦𝑡²+ √1𝑇 ∑𝑡+𝑛𝑡=𝑡+1𝑦̂²

(5)

Onde 𝑦𝑡 é o valor observado da série no período 𝑡, 𝑦̂𝑡 é a previsão passos à frente para a série temporal 𝑦.

4.3 Projeções

A partir dos modelos de previsão selecionados, serão realizadas projeções futuras para as séries temporais da Receita Previdenciária e Despesa Previdenciária para o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019.

Para mensurar o efeito das alterações graduais na alíquota de contribuição sobre o resultado previdenciário do Ceará no período de 2017 a 2019 serão realizadas duas etapas.

i) Determinação do peso relativo das contribuições previdenciárias (dos servidores e do Estado) como proporção da Receita Previdenciária total;

ii)Transformação dos valores mensais de Receita Previdenciária considerando a alteração gradual na alíquota, passando para 12% a contribuição dos servidores e 24% a contribuição patronal, em 2017; para 13% a contribuição dos servidores e 26% a contribuição patronal, em 2018; e 14% a contribuição dos servidores e 28% a contribuição patronal, em 2019.

(25)

𝑤 =∑2016𝑡=2012𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑑𝑒 𝐶𝑜𝑛𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑖çã𝑜𝑅𝑒𝑐𝑒𝑖𝑡𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑣𝑖𝑑𝑒𝑛𝑐𝑖á𝑟𝑖𝑎𝑡

𝑡 2016

𝑡=2012 (6)

Onde w indica o peso das contribuições previdenciárias na Receita Previdenciária do RPPS/CE. Em seguida, os valores mensais de Receita Previdenciária serão atualizados com base nas seguintes equações.

𝑅𝑒𝑐_𝑃𝑟𝑒𝑣̌ 𝑡= 𝑤 (0.120.11) 𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ 𝑡+ (1 − 𝑤)𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ , 𝑠𝑒 2017.1 ≤ 𝑡 ≤ 2017.12𝑡 (7)

𝑅𝑒𝑐_𝑃𝑟𝑒𝑣̌ 𝑡= 𝑤 (0.130.11) 𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ 𝑡+ (1 − 𝑤)𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ , 𝑠𝑒 2018.1 ≤ 𝑡 ≤ 2018.1𝑡 (8)

𝑅𝑒𝑐_𝑃𝑟𝑒𝑣̌ 𝑡= 𝑤 (0.140.11) 𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ 𝑡+ (1 − 𝑤)𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ , 𝑠𝑒 2019.1 ≤ 𝑡 ≤ 2019.1𝑡 (9)

Onde 𝑅𝑒𝑐_𝑃𝑟𝑒𝑣̌ 𝑡 representa as projeções da Receita Previdenciária ajustada às novas alíquotas de contribuição, e 𝑅𝑒𝑐 𝑃𝑟𝑒𝑣̂ 𝑡 representa os valores previstos a partir do modelo

(26)

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Neste capítulo realiza-se a análise empírica da sustentabilidade do regime previdenciário estadual do Ceará, utilizando o período de janeiro de 2012 até dezembro de 2016 para realizar a projeção das rubricas de Receita Previdenciária e Despesa Previdenciária entre 2017-2019.

As estatísticas descritivas são apresentadas e analisadas na primeira subseção, as quais relacionam ao estágio atual do gasto e da receita previdenciária. Em seguida, reserva-se a apresentação do modelo ajustado através dos modelos 𝐴𝑅𝐼𝑀𝐴, bem como à análise dos testes sobre os resíduos estimados, de modo a garantir a adequabilidade do modelo selecionado. E, por fim, na última subseção são apresentadas as previsões para os gastos e receitas da previdência do Estado e a discussão do impacto da Lei Complementar nº 167, de 27 de dezembro de 2016, sobre o saldo atuarial do RPPS do Ceará.

5.1 Análise das Receitas e Despesas Previdenciárias – RPPS/CE

Conforme já discutido nos capítulos anteriores, o RPPS/CE tem caráter contributivo, contemplando todos os servidores titulares de cargos efetivos, militares, agentes públicos e membros de Poder, dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, e Ministério Público Estadual (SEPLAG/CE, 2009).

Até o ano de 2016, o valor da contribuição previdenciária dos contribuintes do SUPSEC era estabelecido pelo art. 5º da Lei Complementar nº 12, de 27 de junho de 1999, o qual determinava a contribuição dos servidores na ordem de 11%, calculada sobre a totalidade da remuneração, dos proventos ou da pensão, e a contribuição especial patronal no percentual de 22% sobre o valor total da base de cálculo da contribuição.

Em adição a LC nº 12/1999, o Decreto nº 25.801/2000 estabelece fontes adicionais de receitas do regime previdenciário estadual, tais como transferências do tesouro do Estado, doações, transferências por meio de acordos e convênios e a renda de seu patrimônio (IPECE, 2015).

(27)

Analisando a trajetória ao longo do período amostral, observa-se que as despesas permaneceram em patamares superiores às receitas durante quase a totalidade dos meses observados12. Este descompasso implica na presença sucessivos déficits na balança do

RPPS/CE, destacando-se o mês de julho de 2016, no qual o sistema apresentou um resultado negativo na casa de R$ 156 milhões.

Figura 3 – Receitas Previdenciárias, Despesas Previdenciárias e Saldo Previdenciário*

-200,000 -100,000 0 100,000 200,000 300,000

I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV I II III IV

2012 2013 2014 2015 2016

Despesas Previdenciárias Receitas Previdenciárias Saldo Previdenciário

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: *Valores em milhares de Reais

Analisando a evolução em termos anuais, figura 4, a trajetória das rubricas de receitas e despesas, verifica-se um expressivo aumento no déficit previdenciário do regime estadual, passando de cerca de R$ 811 milhões em 2012 para R$ 927 milhões em 2016, representando um crescimento médio de 3.36% ao ano. Destaca-se que esse movimento possui efeitos deletérios sobre as contas públicas do Ceará, uma vez que a diferença entre o montante despendido e arrecadado é aportado pelo tesouro estadual.

(28)

Figura 4 – Receitas Previdenciárias, Despesas Previdenciárias e Déficit Previdenciário* (em termos anuais)

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: *Valores em milhares de Reais

5.2 Modelo de previsão

No intuito de realizar as projeções do resultado previdenciário estadual para o período entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019, a primeira etapa consiste na definição do modelo de previsão para representar a evolução temporal das contas de receita e despesa previdenciária do RPPS/CE. Para isto, utiliza a metodologia 𝐴𝑅𝑀𝐴 de Box e Jenkins (1976).

A abordagem 𝐴𝑅𝑀𝐴 consiste em um método univarida, que utiliza as informações defasadas da variável dependente para construir um modelo de previsão passoas à frente. Dentre as principais vantagens do método, podem-se destacar as boas propriedades preditivas em um horizonte de curto e médio prazo e a parcimônia do modelo, o qual evita a utilização de regressores exógenos, reduzindo a complexidade no processo de estimação.

5.2.1 Estacionariedade das séries

A formulação do procedimento de previsão a partir da abordagem de Box e Jenkins parte do pressuposto de que as séries são estacionárias, possuindo média finita e matriz de variância-covariância invariantes no tempo, com o nível autocovariância sendo função da distância entre as observações temporais.

R$,000 R$500,000 R$1000,000 R$1500,000 R$2000,000 R$2500,000

2012 2013 2014 2015 2016

R$1098,41619 R$1143,59833 R$1211,54156 R$1211,75927 R$1185,15772

R$1909,58010 R$2012,89691

R$2088,20370 R$2145,48263 R$2113,01470

R$811,16392 R$869,29858 R$876,66214

R$933,72336 R$927,85698

(29)

Posto isso, é necessário determinar a ordem de integração das séries (d) de modo a

torná-las estacionárias. Diante disto, a tabela 1 apresenta os resultados dos testes de raiz unitária, ADF e Phillips-Perron, realizados sobre as séries de receita e despesa previdenciária. Com base nos testes propostos, verifica-se que as séries se apresentaram estacionárias em nível

(𝑑 = 0), não sendo necessária a aplicação de transformações em seus valores.

Tabela 1 – Testes de Estacionariedade das séries

Teste de Raiz Unitária Especificação Despesa Receita

ADF*

(H0:Série com raiz unitária) Teste em Nível

- 4.36 (0.005)

- 10.282 (0.000) Phillips-Perron

(H0:Série com raiz unitária) Teste em Nível

- 14.37 (0.000)

- 10.228 (0.000)

Fonte: Elaborado pela autora

Notas: i) Todos os testes foram feitos levando em conta a presença de um intercepto e uma tendência; ii) Estatística t reportada com o respectivo p-valor entre parênteses; iii) * Escolha de defasagens, segundo o critério de Schwarz

5.2.2 Etapa de identificação

Discutida a ordem de integração das séries, a segunda etapa da abordagem de Box e Jenkins consiste na determinação dos parâmetros auto-regressivos e de médias móveis. A identificação de um subconjunto de possíveis versões dos modelos 𝐴𝑅𝑀𝐴 é realizada a partir da inspeção visual das funções de autocorrelações (FAC) e das funções de autocorrelações parciais (FACP), nesta etapa investiga-se também a possível presença de componentes sazonais.

Note pela figura 5 que a série de Receita Previdenciária apresenta decaimento exponencial tanto na FAC quanto na FACP, possuindo coeficientes estatisticamente significantes somente após 12 períodos, o que indica a presença de sazonalidade anual na série de Receita Previdenciária. Observe também que a FAC aponta sazonalidade na defasagem de número 24. Dessa maneira, sugere-se a utilização de modelos 𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴, o subconjunto a ser utilizado na delimitação do modelo ideal de previsão consiste em modelos

𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑑, 𝑞)(𝑃, 𝐷, 𝑄), onde 𝑝[0,2], 𝑞[0,3], 𝑃[0 𝑜𝑢 12]𝑒 𝑄[0 𝑜𝑢 12 𝑜𝑢 24].

Com relação à série de Despesa Previdenciária, observa-se uma dinâmica parecida, no entanto, a presença de coeficientes estatisticamente significantes na 6ª defasagem em ambas funções, indica que a sazonalidade pode possuir periodicidade semestral. Assim, a seleção do modelo ideal de previsão partirá da análise de versões 𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(𝑝, 𝑑, 𝑞)(𝑃, 𝐷, 𝑄) , onde

(30)

Figura 5 – Função de Autocorrelação (FAC) e Função de Autocorrelação Parcial (FACP)

Fonte: Elaborado pela autora

Uma vez indicado o subespaço amostral dos componentes, todos os modelos

𝑆𝐴𝑅𝐼𝑀𝐴 foram estimados utilizando as possíveis combinações 𝑝, 𝑞, 𝑃 𝑒 𝑄 em cada uma das

séries. Desta forma, foram estimados 48 modelos para a série de Receita Previdenciária e 108 especificações para a série de Despesa Previdenciária, totalizando 152 modelos estimados. A determinação do modelo ideal de previsão é realizada através do critério de informação de

𝑆𝑐ℎ𝑤𝑎𝑟𝑧 (𝑆𝐵𝐶).

Conforme pode ser observado pela tabela 2, as versões que minimizaram o critério de informação foram o 𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(1,1)(12,0) para a série de Despesa Previdenciária e o

𝑆𝐴𝑅𝑀𝐴(1,0)(12,0) no tocante à série de Receita Previdenciária.

Tabela 2 – Dez Modelos com Menores Valores de Critério de Informação de Schwarz

DESPESA PREVIDENCIÁRIA RECEITA PREVIDENCIÁRIA

SARMA (p, q)(P, Q) SBC SARMA (p, q)(P, Q) SBC

(1,1) (12,0) 23.08176 (1,0) (12,0) 23.73679

(1,2) (12,0) 23.11384 (1,1) (12,0) 23.7498

(1,1) (12,6) 23.15109 (2,1) (12,0) 23.79157

(1,1) (12,12) 23.16499 (1,2) (12,0) 23.794

(1,2) (12,6) 23.18094 (2,0) (12,0) 23.81074

(2,2) (12,0) 23.19688 (2,1) (12,12) 23.84687

(1,2) (12,12) 23.19691 (1,1) (12,6) 23.84949

(1,3) (12,0) 23.19700 (2,1) (12,6) 23.86502

(2,1) (12,6) 23.20535 (1,3) (12,12) 23.93007

(2,1) (12,12) 23.22165 (1,2) (12,6) 23.93514

(31)

5.2.3 Etapa de estimação e de verificação

Ajustados os modelos de previsão para as séries de receita e despesa, a etapa seguinte consiste na estimação dos coeficientes e análise dos resíduos dos respectivos modelos de regressão. Pela tabela 3 identifica-se que as séries apresentam coeficientes com sinais na mesma direção, no entanto, o modelo ajustado para a série de Despesa Previdenciária não apresentou significância estatística para o coeficiente 𝐴𝑅(1), assim como para o coeficiente

𝑀𝐴(1). Com relação aos coeficientes autorregressivos sazonal – SAR (12) –, observa-se uma

forte persistência do coeficiente periódico nas duas regressões, o que indica a forte presença de sazonalidade anual tanto na arrecadação quanto nos gastos da previdência.

Tabela 3 – Regressões Estimadas

Modelos Despesa Previdenciária Receita Previdenciária

Constante 96045.76* 168777.0*

(9281.87) (8497.371)

AR (1) -0.321* -0.214

(0.091) (0.649)

MA (1) -0.058

(0.725)

SAR (12) 0.759* 0.843*

(0.053) (0.0738)

Observações 60 60

R2 0.640 0.701

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: Estatística t entre parênteses / * Significante a um nível de 5%

(32)

Figura 6 – Correlograma dos Resíduos Estimados

Fonte: Elaborado pela autora

As estatísticas dos testes de Ljung-Box e de Bartlett’s corroboram ao resultado observado pelo correlograma dos resíduos, não rejeitando a hipótese nula de que ambos resíduos são estimativas de ruído branco.

Tabela 4 – Testes sobre os Resíduos das Estimações

Modelos Ljung-Box Estatística p-valor Estatística Bartlett’s p-valor

Receita Previdenciária 24.32 0.23 0.430 0.99

Despesa Previdenciária 26.40 0.15 0.514 0.95

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: Hipótese Nula: Não existe autocorrelação serial nos resíduos

5.2.4 Previsão para fora da amostra

Para verificar o desempenho preditivo dos modelos identificados pela abordagem

de 𝐵𝑜𝑥 𝑒 𝐽𝑒𝑛𝑘𝑖𝑛𝑠 será realizado uma previsão para fora da amostra com horizonte de previsão

de doze meses à frente. Assim, será utilizado a subamostra dentre janeiro de 2012 até dezembro de 2015 para realizar a projeção dos valores durante o período de 2016. Posto isso, são utilizadas métricas as quais comparam os valores previstos com os observados, de modo a inferir a capacidade preditiva do modelo ajustado para cada série.

(33)

no período inicial, no entanto, analisando a projeção do ano como um todo. Os valores estimados apresentaram boa aderência aos observados, havendo uma subestimação de 2.64% das receitas efetivamente arrecadadas.

Tabela 5 – Valores previstos, Valores Observados e Erro de Previsão Mensal – Receita Previdenciária

Data Valor Observado Valor Previsto Diferença

jan/16 72967.83 11169.16 -84.69%

fev/16 93335.82 74537.22 -20.14%

mar/16 87622.16 93247.62 6.42%

abr/16 86619.31 89268.67 3.06%

mai/16 87423.99 86050.76 -1.57%

jun/16 85146.60 84033.15 -1.31%

jul/16 85863.95 87897.75 2.37%

ago/16 80586.49 87563.99 8.66%

set/16 85591.06 90956.56 6.27%

out/16 87581.91 87360.47 -0.25%

nov/16 87382.19 89433.72 2.35%

dez/16 245036.34 272357.82 11.15%

Total 1185157.75 1153876.94 -2.64%

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: Valores em milhares de R$. *Diferença (%) = [(𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑃𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜−𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑂𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑂𝑏𝑠𝑒𝑟𝑣𝑎𝑑𝑜 )*100]

O modelo de previsão da série de Despesa Previdenciária apresentou um bom ajuste durante o período de análise. A maior diferença em termos percentuais (7.16%) foi observada em dezembro de 2016. O valor acumulado ao ano denota a qualidade de ajustamento do modelo de previsão, uma vez que o modelo superestimou a receita observada em apenas 0.49%.

Tabela 6 – Valores previstos, Valores Observados e Erro de Previsão Mensal – Despesa Previdenciária

Data Valor Real Valor Previsto Diferença (%)

jan/16 163173.4898 164039.5553 -0.53%

fev/16 161979.9666 169362.5596 -4.56%

mar/16 162532.3542 168943.1303 -3.94%

abr/16 161346.6293 167706.0751 -3.94%

mai/16 161424.6094 167111.6227 -3.52%

jun/16 162305.5537 166252.3505 -2.43%

jul/16 242358.4568 229593.2009 5.27%

ago/16 161541.7408 162922.4493 -0.85%

set/16 163144.1033 166969.186 -2.34%

out/16 163140.1267 166435.4285 -2.02%

nov/16 164088.3244 165650.0525 -0.95%

dez/16 245979.344 228375.9003 7.16%

Total 2113014.699 2123361.511 0.49%

Fonte: Elaborado pela autora

(34)

Por fim, para mensurar o desempenho preditivo das previsões realizadas, a tabela 7 apresenta o coeficiente de Raiz do Erro Quadrático Médio (REQM), do Erro Absoluto Médio (MAE) e o de Desigualdade de Theil (TIC).

Apesar de não serem diretamente comparáveis, as métricas indicam que o modelo de previsão para Despesa Previdenciária apresentou valores consideravelmente inferiores aos observados para a Receita Previdenciária. Com relação à adequabilidade das previsões, a métrica 𝑇𝐼𝐶 indicou que as previsões apresentam comportamento satisfatório, sendo instrumentos válidos para a realização das projeções dos valores da Receita e Despesa Previdenciária.

Tabela 7 – Desempenho Preditivo dos Modelos de Previsão

Métricas Despesa Previdenciária Receita Previdenciária

MAE 5923.684 20507.28

REQM 7568.472 11277.50

TIC 0.021190 0.093142

Fonte: Elaborado pela autora

5.3 Projeções da receita e despesa do RPPS/CE

Com base nos modelos ajustados através das etapas da seção anterior, realizou-se o exercício de previsão para as séries mensais de Receita e Despesa Previdenciária, projetando os valores mensais para o período de janeiro de 2017 a dezembro de 2019.

Posto que a Receita Previdenciária seja composta não só pela receita de contribuições relacionadas aos servidores ativos, mas também em função de transferências do tesouro do Estado, doações, transferências por meio de acordos e convênios e a renda de seu patrimônio (IPECE, 2015), o que torna necessário detalhar as fontes de Receita Previdenciária para investigar o impacto da elevação da alíquota de contribuição dos servidores e do Estado sobre o resultado previdenciário.

(35)

Tabela 8 – Receita Previdenciária 2012-2016

Receita Total Receita de Contribuição Proporção

R$ 6,944,803.10 R$ 3,471,180.09 49,94%

Fonte: Elaborado pela autora

Na figura 7 apresentada tanto os valores observados para o período 2012-2016 quanto às projeções realizadas para o intervalo 2017-2019, destacando-se a evolução do resultado previdenciário durante o período de análise. Todos os valores representam o resultado acumulado no ano.

Conforme pode ser visualizado na figura 7, as projeções indicam um movimento descendente no déficit previdenciário já a partir do ano de 2017, ao analisar os valores previstos para a Receita e Despesa Previdenciária, observa-se que este movimento seria efeito de um expressivo aumento nas receitas previdenciárias (de R$ 1.309 bilhões em 2016 para R$ 1.437 bilhões em 2017), ocasionado pelo aumento da alíquota de contribuição dos servidores (11% para 12%) e da contribuição patronal (22% para 24%). Os aumentos subsequentes na alíquota de contribuição em 2018 e 2019 devem impulsionar ainda mais as receitas, em decorrência disso, projeta-se que o Déficit Previdenciário se reduza para cerca de R$ 709 milhões em 2019, valor inferior ao observado em 2012.

Figura 7 – Receita Previdenciária, Despesa Previdenciária e Déficit Previdenciário*

Fonte: Elaborado pela autora

Nota: *Valores em milhares de Reais

A projeção da dinâmica das contas do RPPS/CE, tabela 9, apresenta que a majoração nas alíquotas de contribuição social do servidor público estadual ativo irá contribuir

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

R$ 1.098.416 R$ 1.143.598 R$ 1.211.542 R$ 1.211.759

R$ 1.185.158 R$ 1.309.700

R$ 1.437.209

R$ 1.564.956 R$ 1.909.580 R$ 2.012.897 R$ 2.088.204

R$ 2.145.483 R$ 2.113.015 R$ 2.165.580 R$ 2.220.064 R$ 2.274.214

R$ 811.164 R$ 869.299 R$ 876.662

R$ 933.723 R$ 927.857

R$ 855.880

R$ 782.855 R$ 709.257

(36)

para inversão no movimento ascendente do Déficit Previdenciário do Estado. Destaca-se que enquanto o Déficit Previdenciário anual aumentou, em média, em torno de 3.36% a.a. durante o período de 2012-2016, o mesmo deve apresentar uma taxa de crescimento de -8.95% a.a. durante o período de 2017-2019.

Com respeito à Despesa Previdenciária, as taxas de crescimento médias anuais observadas ao longo dos períodos 2012-2016 e 2017-2019 indicam que a rubrica deve manter o mesmo padrão de crescimento.

Os resultados projetados sugerem que a LC nº 167/2016 contribuirá para a redução sistemática do fluxo anual de déficit previdenciário do Estado do Ceará em um horizonte de

curto prazo – prazo de 3 anos. No entanto, projeta-se que mesmo em 2019, quando a alteração gradual for completamente estabelecida, o Déficit Previdenciário será superior a R$ 700 milhões.

Assim, projeta-se que a mudança na alíquota reduzirá o descompasso entre Receitas e Despesas Previdenciárias, não sendo, no entanto, suficiente para equalizar o sistema previdenciário do Estado.

Tabela 9 – Situação Atuarial do RPPS/CE*

Contas 2012-2016 Taxa de Crescimento* 2016-2019**

Receita Previdenciária 1.90% 9.26%

Despesa Previdenciária 2.53% 2.45%

Déficit Previdenciário 3.36% -8.95%

Fonte: Elaborado pela autora

(37)

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o início dos anos 2000, os regimes próprios de previdência das unidades da Federação vêm apresentando déficits sistemáticos e crônicos, adicionalmente a mudança na

estrutura etária da população brasileira deverá acentuar o desequilíbrio entre receitas e despesas, dificultando ainda mais o processo de equalização do sistema previdenciário.

Diante desse cenário, esta dissertação abordou a situação atual do Regime Próprio de Previdência Social dos servidores do Estado do Ceará, analisando o efeito da Lei Complementar nº 167, de 27 de dezembro de 2017, sobre o resultado previdenciário em um horizonte de curto prazo.

Por meio do instrumental de séries temporais projetou-se que o aumento da alíquota de contribuição reduzirá sistematicamente o déficit anual do RPPS/CE durante os anos de

transição, representando uma queda média de aproximadamente 9% a.a. no déficit da

previdência estadual.

Em termos quantitativos, estima-se que o déficit anual em 2019 será na casa R$ 709

milhões em 201913, sendo o valor inferior ao déficit observado em 2012 (R$ 811 milhões).

Assim, o aumento da alíquota representará um alívio na pressão das contas públicas do Estado do Ceará, a necessidade de aporte do Estado para financiar o descompasso entre a Receita e Despesa Previdenciária deve ser 25% menor em 2019, se comparado com o aporte necessário para o ano de 2016.

No entanto, cabe destacar, que apesar de ser apresentada como uma solução para redução do déficit previdenciário para os próximos anos, surtindo efeito no curto prazo, a LC

nº 167/2016 não garante a sustentabilidade do sistema previdenciário na medida em que negligencia os ajustes necessários ao sistema (adequação da idade mínima de aposentadoria, por exemplo), de forma a modelar o sistema às transformações demográficas e econômicas que ocorrerão a nível nacional e regional em um horizonte de médio e longo prazo.

(38)

REFERÊNCIAS

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TAFFAREL, Clarice; STAINZACK, Fabiano Jorge; DIAS, Ighor David; CAVALCANTE, Tomé Carlos do Rego. Aposentadoria especial no âmbito do regime próprio de

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