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VELHICE E ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DA PSICOLOGIA ANALÍTICA TESE DE DOUTORADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

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MARIA APARECIDA MELLO

VELHICE E ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DA

PSICOLOGIA ANALÍTICA

TESE DE DOUTORADO EM PSICOLOGIA CLÍNICA

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MARIA APARECIDA MELLO

VELHICE E ESPIRITUALIDADE NA PERSPECTIVA DA

PSICOLOGIA ANALÍTICA

Tese de Doutorado apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como exigência parcial para obtenção do Título de Doutora em Psicologia Clínica - Núcleo Psicossomática e Psicologia Hospitalar, sob orientação da Profa. Dra. Ceres Alves de Araújo.

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Velhice e Espiritualidade na Perspectiva da Psicologia Analítica

Tese apresentada à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutora em Psicologia Clínica.

Tese Defendida e aprovada em _____/_____/________

BANCA EXAMINADORA:

Prof. Dr._________________________________Instituição:____________________ Julgamento:______________________________Assinatura:____________________

Prof. Dr._________________________________Instituição:____________________ Julgamento:______________________________Assinatura:____________________

Prof. Dr._________________________________Instituição:____________________ Julgamento:______________________________Assinatura:____________________

Prof. Dr._________________________________Instituição:____________________ Julgamento:______________________________Assinatura:____________________

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Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Tese, por processo de fotocopiadoras ou eletrônicos.

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Dedico esta Tese de Doutorado aos meus pais, sinônimo de coragem, perseverança e dedicação que, apesar das adversidades da vida, são exemplos de um processo de envelhecimento bem sucedido.

Ao Henrique e Gustavo, pela paciência, confiança e amor...

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O meu agradecimento especial à minha orientadora Dra. Ceres Alves de Araújo, que durante quase 10 anos de convivência, sempre foi cuidadosa, generosa, partilhando ao longo dessa jornada valiosas descobertas e inquietações, contribuindo constantemente com meu aprimoramento profissional, me ensinando a fazer ciência com rigor e seriedade .

À Dra. Mathilde Neder, grande mulher, grande cientista, fonte de inspiração. Obrigado pelo acolhimento pessoal e profissional, é uma honra conviver e partilhar a vida com você.

À Dra. Maria Teresa Nappi Moreno, obrigado pelo carinho e pela contribuição na realização deste trabalho e grande ajuda no meu percurso profissional.

Ao Dr. Luiz Fernando Aguiar, a minha profunda gratidão pelo apoio, incentivo e valiosas contribuições científicas no meu percurso profissional.

Ao Dr. Nairo de Souza Vargas, muito obrigado pela disponibilidade e contribuições científicas no exame de qualificação.

Ao Dr. Ênio José da Costa Brito, muito obrigado pelo incentivo, por suas preciosas sugestões no Exame de qualificação, grande Mestre.

À Dra. Terezinha Calil Padis Campos, obrigado pelo apoio, parceria no meu aprimoramento profissional.

À Dra. Maria Cecília Roth, obrigado pelas colaborações ao longo da realização deste trabalho.

Ao Dr. Luiz Gonzaga Leite, minha eterna gratidão por aceitar participar da banca, por ter acreditado na minha capacidade técnica desde o início, me convidando para trabalhar na sua equipe.

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Ao Delmiro e Carla, obrigado pelo acolhimento, generosidade e contribuição para realização deste estudo.

Minha eterna gratidão a todos os professores do Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar em especial à Dra. Denise Ramos, obrigado pelo incentivo... por me guiarem no caminho da ciência.

À minha família, muito obrigado pela compreensão nos momentos de ausência, no Mestrado e agora no Doutorado. Obrigado pela força e principalmente por me ensinarem desde criança o valor e importância da educação, da ciência.

Aos meus irmãos Rafael, João, Socorro, Paulo, Antônio, Mário e Francisco (in memoriam) pelo incentivo, mesmo à distância.

Ao Dr. Pedro Augustto de Santana Jr (in memoriam), a Dra. Marcília Collor (in memoriam), obrigado pelos lindos momentos de ternura e contribuições no meu aprimoramento profissional.

Ao meu irmão Francisco (in memoriam), obrigado por nos fazer refletir sobre o verdadeiro sentido da palavra Espiritualidade.

Aos amigos da PUC Manuela Reis, Luana, Rita Rosa, Ivelise Fortim, Fabíola Matarazzo, Ana Rios, Mariléia, Karina Castrezana, Karol, Sideli, Agatha, Camila, Bárbara, Rosa, Letícia, Patrícia, Maura, Ângela Bley, Reinalda, Perison, Renata, Irith, Roberto, Flávia, Ana Bonilha, Maria Cristina, Eliane e tantos outros que caminharam juntos.

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Graduados em Psicologia. Ao Erivelton, pelo trabalho gráfico.

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Nossa idade, velho ou moço, pouco importa Importa é nos sentirmos vivos e alvoroçados Mais uma vez, e revestidos de beleza, a exata Beleza que vem dos gestos espontâneos e do Profundo instinto de subsistir enquanto coisas Em redor se derretem e somem como nuvens Errantes no universo estável. Prosseguimos. Reinauguramos. Abrimos olhos Gulosos a um sol diferente que nos acorda Para os descobrimentos. Esta á a magia do tempo Esta é a colheita particular que exprime no Cálido abraço e no beijo comungante, no Acreditar na vida e na doação de vivê-la em Perpétua criação E já não somos apenas finitos e sós.

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RESUMO

Esta Tese de Doutorado é resultado da pesquisa "Velhice e Espiritualidade na Perspectiva da Psicologia Analítica" realizada no Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar da PUC-SP. Foi utilizado os métodos quantitativo e qualitativo na análise dos resultados. O objetivo geral do estudo foi compreender a percepção do idoso acerca do processo de envelhecimento e da vivência da espiritualidade nessa fase da vida. Esta pesquisa foi realizada com uma amostra de 100 idosos, a média de idade é de 74,8 anos. A coleta dos dados foi realizada em duas instituições que prestam assistência à população idosa na cidade de São Paulo e na Grande São Paulo. Os instrumentos utilizados na coleta de dados foram: Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), traduzido e adaptado por Bertolucci e cols. (1994); Entrevista Semiestruturada, elaborada pela pesquisadora; Escala de Bem-Estar Espiritual (SWB Scale), de Ellison & Paloutzian (1982), traduzida da língua inglesa para língua portuguesa por Mello (2010). Os resultados gerais das narrativas dos participantes indicam que o sentido da velhice está relacionado ao suporte social do núcleo familiar, saúde e vigor físico, participação em atividades grupais, autonomia para novas aprendizagens, qualidade de vida e espiritualidade, experiência/maturidade/sabedoria. Já o sentido da espiritualidade na velhice foi associado ao contato íntimo com Deus/oração, sintonia com o universo, fé, amor ao próximo, capacidade para os enfrentamentos e velhice como momento de viver plenamente a espiritualidade. Quanto à distribuição dos resultados da Escala de Bem-Estar Espiritual, 51% da amostra tem senso de bem-estar espiritual alto e 49% senso de bem-estar espiritual moderado. Concluímos esta pesquisa considerando que para grande maioria dos idosos, a velhice é caracterizada como momento propício para vivenciar a espiritualidade, elemento essencial no processo de individuação, ampliação de consciência, auto-transcendência, encontro do si-mesmo.

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ABSTRACT

This PhD Thesis is the result of research "Old Age and Spirituality in Perspective of Analytical Psychology" performed at Department of Psychosomatics and Hospital Psychology from PUC-SP. The quantitative and qualitative methods were used for analysis of the results. The general objective of the study was to understand the perception of the elderly on the aging process and the experience of spirituality in this phase of life. This research was conducted with a sample of 100 elderly people, and average age of 74.8 years. Data collection was conducted in two institutions that assist the elderly in the city of São Paulo and metropolitan region of São Paulo. The instruments used in data collection were: Mini-Mental State Exam (MMSE), translated and adapted by Bertolucci et al. (1994), Semi-Structured Interview, developed by the researcher; Spiritual Well-Being Scale (SWB Scale), Paloutzian & Ellison (1982), translated from English to Portuguese by Mello (2010). The general results of the narratives of the participants indicate that the meaning of old age is linked to the social support of the family, health and physical vigour, participation in group activities, autonomy to new learning, life quality and spirituality, experience / maturity / wisdom. The sense of spirituality in old age was linked to close contact with God / prayer, harmony with the universe, faith, love of neighbor, coping capacity and old age as a time to live fully spirituality. Regarding to distribution of Spiritual Well-being Scale results, 51% of the sample has a moderate sense of spiritual well-being and 49% high sense of spiritual well-being. We conclude this research considering for most of the elderly, aging is characterized as a propitious moment to experience spirituality, an essential element in the individuation process, consciousness expansion, self-transcendence, encounter with the oneself.

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Paulo - Bresil, 2012.

RÉSUMÉ

Cette Thèse de Doctorat est le résultat de la recherche"Vieillisse et Spiritualité dans la Perspective de la Psychologie Analytique" réalisée dans le Noyau de Psychosomatique et Psychologie Hospitalière de la PUC-SP. Les méthodes quantitative et qualitative a été utilisée dans l’analyse des résultats. L’objectif général de l’étude a été celui de comprendre la perception de la vieillesse des gens du 3e âge à propos du procès de vieillissement et de l’expérience de la spiritualité dans cette phase de la vie. Cette recherche a été réalisée avec un échantillon de 100 personnes âgées dont la moyenne d’âge est de 74,8 ans. La réunion des données a été réalisée dans deux institutions qui donnent support aux gens âgés dans la ville de São Paulo et dans le Grand São Paulo. Les outils utilisés dans la collecte des données ont été: Mini-examen de l’État Mental (MEEM), traduit et adapté par Bertolucci et cols. (1994); Interview Demie-structurée, élaborée par la chercheuse; Échelle de Bien-être Spirituel (SWB Échelle), de Ellison & Paloutzian (1982), traduite de la langue anglaise vers la langue portugaise par Mello (2010). Les résultats généraux des récits des participants indiquent que le sens de la vieillesse est relié au support social du noyau familial, santé et vigueur physique, participation dans les activités de groupe, autonomie pour des nouveaux apprentissages, qualité de vie et spiritualité, expérience/maturité/sagesse. Mais le sens de la spiritualité dans la vieillesse est relié au contact intime avec Dieu/prière, syntonie avec l’univers, foi, amour aux semblables, capacité pour franchir et vieillisse comme moment de vivre pleinement la spiritualité. En ce qui concerne les résultats de l’Échelle de Bien-être Spirituel, 51% de l’échantillon ont le sens du bien-être spirituel élevé et 49% le sens du bien-être modéré. On conclut cette recherche prenant en considération que pour la grande majorité de vieillards, la vieillesse est caractérisée tel qu’un moment propice pour vivre la spiritualité, élément essentiel dans les processus d’individualisation, ampliation de conscience, auto-transcendance, rendez-vous avec soi-même.

(13)

Gráfico 1: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação ao Sexo...76

Gráfico 2: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Faixa Etária...77

Gráfico 3: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação ao Estado Civil...77

Gráfico 4: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Escolaridade...78

Gráfico 5: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Religião...78

Gráfico 6: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Religião: Praticante...79

Gráfico 7: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Atividade Profissional...79

Gráfico 8: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação ao Número de Filhos...80

Gráfico 9: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Com Quem Mora...80

Gráfico 10: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Renda (Salário Mínimo)...81

Gráfico 11: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Avaliação do Estado de Saúde...82

Gráfico 12: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Escala de Bem Estar Espiritual...88

Gráfico 13: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Escala de Bem Estar Religioso...89

Gráfico 14: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação a Escala de Bem Estar Existencial...89

Gráfico 15: Nuvem de Pontos – Resultados da Análise Fatorial de Construção de Agrupamento (Cluster) dos 100 participantes da amostra...90

Gráfico 16: Resultados da Análise Fatorial de Construção de Agrupamento (Cluster) dos 100 participantes da amostra, referente à Escala de Bem-estar Espiritual, Religioso e Existencial...94

Gráfico 17: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de Agrupamento (Cluster), referente a Escala de Bem-Estar Espiritual...95

Gráfico 18: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de Agrupamento (Cluster), referente a Escala de Bem-Estar Religioso...95

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Tabela 1: Categorias e Subcategorias Temáticas da questões abertas (14 e 15)...83 Tabela 2: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

Agrupamento (Cluster), referente ao Sexo...90 Tabela 3: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

Agrupamento (Cluster), referente a Faixa Etária...91 Tabela 4: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

Agrupamento (Cluster), referente ao Estado Civil...91 Tabela 5: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

Agrupamento (Cluster), referente a Escolaridade...92 Tabela 6: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

Agrupamento (Cluster), referente a Religião...92 Tabela 7: Distribuição dos Resultados da Frequência da Análise Fatorial de Construção de

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1 – INTRODUÇÃO...17

2 - OBJETIVOS DA PESQUISA...20

2.1 – Objetivo Geral...20

2.2 – Objetivos Específicos...20

3 – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...21

3.1 – Conceituando o Processo de Envelhecimento Humano/Velhice...21

3.1.1 – Refletindo Acerca do Envelhecimento Bem-Sucedido...23

3.1.2 – Pesquisas sobre Envelhecimento/Longevidade na Atualidade...25

3.1.3 – O Impacto Demográfico do Envelhecimento no Brasil...28

3.1.4 – O Processo de Envelhecimento do Cérebro e a Neurogênese...30

3.1.4.1 – Reabilitação Cognitiva em Gerontologia e Neurogênese...33

3.1.4.2 – Estratégias de Estimulação da Neurogênese no Idoso: Contribuições da Prática de Atividades Físicas...34

3.1.4.3 – O Complexo Cérebro-Mente: Psicoterapia e Neurociência...35

3.1.4.4 – Estratégias de Estimulação da Neurogênese no Idoso: Contribuições da Psicoterapia...36

3.1.5 – O Processo de Individuação na Velhice: Contribuições da Psicologia Analítica...37

3.2 – Conceituando Espiritualidade e Religiosidade...45

3.2.1 – Espiritualidade e o Processo de Individuação...47

3.3 – Promoção de Saúde na Velhice...51

3.3.1 – Resiliência na Velhice...51

3.3.1.1 – Reflexões Acerca de Fatores de Risco e Fatores de Proteção na Velhice...53

3.3.1.2 – Resiliência e Promoção de Saúde na Velhice...57

(16)

4.2 – Participantes da Pesquisa...67

4.3 – Local de Coleta dos dados da Amostra...67

4.4 – Instrumentos de Pesquisa...67

4.4.1 – Mini Exame do Estado Mental (MEM)...69

4.4.2 – Entrevista Semi-Estruturada...69

4.4.3 – Escala de Bem-Estar Espiritual...70

4.5 – Procedimentos de Pesquisa...73

4.5.1 – Seleção da Amostra...73

4.5.2 – Duração e Sequência de Aplicação dos Instrumentos...73

4.5.3 – Previsão de Análise dos Dados...73

4.6 – Cuidados Éticos...74

5 – RESULTADOS...76

5.1 – Caracterização da Amostra...76

5.1.1 – Dados Sócio Demográficos...76

5.1.2 – Resultados dos Dados da Amostra Referentes as Questões Abertas da Entrevista Semiestruturada...82

5.1.2.1 – Respostas dos Participantes Referentes a Categoria Temática 1 - Sentido da velhice...83

5.1.2.2 – Respostas dos Participantes Referentes a Categoria Temática 2 - Espiritualidade na velhice...86

5.1.3 – Resultados da Escala de Bem-Estar Espiritual...88

5.1.4 – Distribuição da Frequência dos Resultados da Análise Fatorial de Construção de Agrupamento (Cluster)...90

6 – DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...97

6.1 – Discussão e Análise dos Resultados dos Dados Sócio-Demográficos...97

6.2 – Discussão e Análise dos Resultados da Entrevista Semiestruturada...100

6.3 – Discussão e Análise dos Resultados da Escala de Bem-Estar Espiritual e das Subescalas de Bem-Estar Religioso e Bem-Estar Existencial...113

(17)

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...124

9 – ANEXOS...135

Anexo I - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...136

Anexo II – Mini Exame do Estado Mental (MEEM)...138

Anexo III – Entrevista Semi-Estruturada...139

Anexo IV – Escala de Bem Estar Espiritual (SWB Scale)...141

Anexo V – Termo de Compromisso do Pesquisador...142

Anexo VI – Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa...143

Anexo VII – Autorização para tradução e adaptação para língua portuguesa da Escala de Bem-Estar Espiritual, concedida pelos autores...144

Anexo VIII – Declaração de Fidelidade da Tradução do Documento Original em Português...146

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1 – INTRODUÇÃO

O presente estudo se insere no Núcleo de Psicossomática e Psicologia Hospitalar, como exigência para obtenção do título de Doutora em Psicologia Clínica. Muitos foram os caminhos trilhados até o ingresso neste núcleo, da graduação em Psicologia às especializações em Psicologia Hospitalar, Neuropsicologia e Psicossomática. Entretanto, desde a graduação tinha como grande sonho e projeto de vida fazer o mestrado e doutorado, pensando na possibilidade de amadurecimento no campo teórico/prático, uma vez que tanto a pesquisa, como a atuação como professora universitária, sempre fizeram parte do meu desejo de atuação profissional, apesar de gostar muito da prática clínica.

Em virtude da minha prática clínica e hospitalar junto à clínica geriátrica, tive o privilégio de me relacionar profissionalmente, enquanto Psicoterapeuta, com pessoas idosas, as quais compartilharam seus anseios, medos, esperanças, alegrias e incertezas frente a esta fase da vida. Também dando aula como professora convidada na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no curso “Universidade Aberta da Maturidade”, pude me apaixonar pela temática do envelhecimento humano. A partir destas experiências, surgiu o interesse de dedicar a pesquisa da minha Tese de Doutorado ao estudo da Velhice e Espiritualidade na Perspectiva da Psicologia Analítica.

O envelhecimento humano, prolongamento da vida, antes inspiração de qualquer sociedade, hoje uma realidade mundial e como podemos verificar, acentuado fenômeno brasileiro.

Brandão & Mercadante (2009), referem que o envelhecimento humano é um processo vital, natural e inerente à condição biológica de todo ser vivo, do nascimento até a morte, processo que foi sendo acrescido de número de anos, devido ao desenvolvimento das sociedades e das ciências. Em termos biológicos, é o processo ligado ao ciclo vital, no qual são consideradas como “normais” as alterações e perdas, físicas, psicológicas e sociais, ligadas à passagem do tempo, marcadas por datas do calendário.

(19)

A partir do crescimento do número de idosos no Brasil e no mundo, outro aspecto de grande interesse e acentuado crescimento nos meios acadêmicos são os estudos relacionando qualidade de vida e velhice . Sabemos que definir qualidade de vida não é tarefa fácil, devido à amplitude do termo, dificuldade de definição e complexidade. Contudo, conforme Vecchia et al. (2005), qualidade de vida no idoso está relacionada com auto-estima e com bem-estar pessoal/espiritual. Engloba uma série de aspectos que envolvem a capacidade funcional, o nível sócio-econômico, o estado emocional, a interação social, a atividade intelectual, o autocuidado, o suporte familiar, o próprio estado de saúde, o estilo de vida, satisfação com atividades diárias e a espiritualidade.

No que se refere à espiritualidade, os estudos das neurociências têm contribuído demasiadamente para o desenvolvimento e aproximação desta interface (saúde/espiritualidade/qualidade de vida), pois têm demonstrado através de pesquisas a importância da espiritualidade nos enfrentamentos da vida, num sentido tanto terapêutico como preventivo. Sousa et al. (2002) postula que estudos que correlacionam a espiritualidade e achados neurocientíficos demonstram consistentemente a estreita associação entre modificações neuroelétricas e neuroquímicas relacionadas à saúde física/psíquica. É sabido que o bem-estar espiritual é uma das dimensões de avaliação do estado de saúde, junto às dimensões físicas/psíquicas e sociais, portanto a espiritualidade de uma pessoa pode afetar o somático, o psíquico (complexo cérebro/mente) e suas relações sociais.

Neste estudo, buscamos traçar um paralelo entre a vivência da velhice e a expressão da espiritualidade. O termo espiritualidade foi utilizado de acordo com Koening et. al. (2001), que conceitua este fenômeno (espiritualidade) como algo que faz parte de todo desenvolvimento humano no sentido de busca pessoal, de compreensão de perguntas e respostas para as questões fundamentais e importantes como o sentido da vida, a relação com o sagrado e com o transcendente. Nesse caminho, esta experiência pode levar ou não ao desenvolvimento de rituais religiosos e a busca por pertencimento a uma comunidade.

Para Jung (2007 [1958]. P. 11), a religião seria então uma atitude do espírito humano, função psíquica natural ao homem, que possibilita transcendência, psicologia do homo religiosus, do homem que considera e observa cuidadosamente certos fatores que agem sobre ele e sobre seu estado geral. Para ele, este fenômeno estaria mais vinculado à espiritualidade do que a prática ou filiação a qualquer credo religioso ou instituição religiosa.

(20)

econômico, cultural e, principalmente, na área da saúde. Diante dessa nova realidade, é importante a reflexão e implementação de políticas públicas de saúde adequadas para essa população, que tenham como principal objetivo a promoção de saúde nessa fase da vida. Desta forma, se torna imprescindível a interface Psicologia e Gerontologia na tríade Assistência, Ensino e Pesquisa, contribuindo para o aprofundamento no estudo das características e experiências específicas da velhice, visando intervenções no âmbito biopsicossocial, junto à população idosa.

(21)

2 – OBJETIVOS DA PESQUISA

2.1 – Objetivo Geral

- Compreender a percepção do idoso acerca do processo de envelhecimento e da vivência da espiritualidade nessa fase da vida.

2.2 – Objetivos Específicos

- Verificar a percepção do idoso acerca do seu processo de envelhecimento.

- Verificar a percepção do idoso acerca da espiritualidade, relacionada aos enfrentamentos nesta fase da vida.

(22)

3 - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 – Conceituando o Processo de Envelhecimento Humano / Velhice

Para fundamentação teórica nessa parte da tese foram privilegiados na revisão de literatura conceitos, autores, pesquisadores de grupos de pesquisa das áreas de geriatria e gerontologia do Brasil, tendo em vista especificidades da população estudada, como fatores culturais e econômicos do nosso país.

Atualmente, em todo o mundo, há um crescente aumento da população idosa, conforme demonstram os numerosos estudos estatísticos, sócio-demográficos e epidemiológicos. Este fenômeno requer desafios dos órgãos governamentais, e da sociedade devido às demandas próprias do envelhecimento populacional.

O que se pode afirmar com segurança é que no século XX produziu-se uma verdadeira revolução da longevidade, que tende a se perpetuar por várias décadas, tornando-se ainda maior no século XXI. Ressalta-se que o aumento da longevidade sempre foi almejado pelos seres humanos, desde os primórdios da civilização... Portanto, é importante promover envelhecimento ativo (PAPALÉO NETTO, 2007).

O envelhecimento humano deve ser compreendido como um processo multifatorial, multidimensional, regido por várias questões como gênero, situação biológica, econômica, política, psicológica, histórico-cultural, influenciando e sendo influenciado de maneira objetiva/subjetiva, por padrões de saúde tanto individual quanto coletivos, no desenvolvimento biopsicossocial/espiritual da sociedade, ou seja, num movimento dialético (MELLO, 2011).

(23)

Chamamos de “envelhecimento” o conjunto de alterações que ocorrem progressivamente na vida adulta e que, frequentemente, mas não sempre, reduzem a viabilidade do indivíduo (VARGAS, 2009, p. 26).

Quanto a definição concreta da velhice do ponto de vista cronológico, atualmente, a Organização Mundial de Saúde define a pessoa com idade igual ou superior a 60 anos como idosa nos países em desenvolvimento e nos países desenvolvidos, a partir dos 65 anos. Entretanto Papaléo Netto (2007),acredita que a velhice deve ser abordada de maneira ampla, não podemos enxergá-la somente pelo prisma biofisiológico, é importante conhecer os problemas ambientais, sociais, culturais, econômicos e de saúde que interagem no processo de envelhecimento. É imprescindível essa visão global do envelhecimento enquanto processo, e da velhice enquanto singular/individual.

O mesmo conceito da velhice como processo singular é referido por Yuaso & Papaléo Netto (2009); a velhice é uma fase do ciclo vital que tem como característica básica o fato de ser multifacetada, vivida de várias maneiras e que tem dependência extrema de vários fatores responsáveis pelo processo de envelhecimento, tais como fatores biológicos, psicológicos, sociais, econômicos e culturais. Contudo, a predominância de um ou mais fatores faz com que a velhice seja vivida como um processo singular-individualizado.

Nem sempre é possível estabelecer o limite entre senescência e senilidade, ou seja, entre manifestações peculiares do envelhecimento normal e as decorrentes de processos mórbidos comuns em idosos. Isso se deve de um lado ao fato das pessoas idosas não se apresentarem com quadros floridos, isto é, com manifestações clássicas, observáveis em indivíduos jovens (YUASO & PAPALÉO NETTO, 2009, p. 10).

(24)

3.1.1 –Refletindo acerca do Envelhecimento Bem-Sucedido

Quando se estuda envelhecimento humano, é necessário o reconhecimento da heterogeneidade desse processo, ou seja, as várias formas de se vivenciar a velhice e de envelhecer num processo de senilidade e senescência . Neste contexto também é importante validar os efeitos adversos do avançar da idade, como também o conceito de “normalidade” e “patologia”. Foi justamente a dificuldade em categorizar neste processo o que é “normal” ou “patológico” (senescência/senilidade) que levou Rowe e Kahn (1987), a dividir o envelhecimento em dois tipos: o envelhecimento bem-sucedido ou saudável e o envelhecimento usual ou comum.

O termo “velhice bem-sucedida” surgiu na gerontologia dos anos 60 e atualmente tem sido muito utilizado entre os estudiosos, entretanto não há uma definição única, tendo em vista os vários fatores intrincados neste processo. Este termo está atrelado à:

- Possibilidade das vivências das potencialidades do indivíduo para o alcance do bem estar físico, psicológico e social, considerado ideal pelo mesmo e pelo seu grupo de idade;

- Manutenção funcional e ao aperfeiçoamento dos vários domínios nas esferas biopsicossociais como a capacidade física e de manter relações interpessoais;

- Utilização dos recursos cognitivos e recursos tecnológicos, para compensação dos declínios que acompanham o processo de envelhecimento (FREIRE, 2001 e 2007; NERI, 2001; QUEIROZ & NETO, 2007; PAPALEO NETTO, 2007; ARANHA, 2007).

Na velhice bem-sucedida, os fatores de risco e sua importância na vida podem ser minimizados. Percebe-se também uma maior manutenção de um estado funcional referente à capacidade de realização das atividades básicas de vida diária, como também a preservação da independência e autonomia; a preservação da participação nas atividades relacionadas à comunidade, família, ou seja, uma vida social ativa. Também torna-se evidente a preservação de papéis sociais e da capacidade de ressignificar, reconstruir e manter sua produtividade. É notório o senso de auto-estima, a sensação de satisfação com a vida e a capacidade de enfrentamento e adaptação dos limites funcionais próprios da velhice (QUEIROZ & PAPALEO NETTO, 2007).

(25)

“A manutenção da saúde física e mental até os anos mais avançados da velhice é vista como ideal de bem-estar pessoal e de aspiração familiar e social, dados os altos custos da velhice disfuncional. Aos poucos os cientistas e também os leigos, vão se dando conta que o envelhecer não implica, necessariamente, doença e afastamento, e de que o idoso tem potencial para mudança e reservas de desenvolvimento inexploradas, podendo chegar a chamada velhice bem-sucedida... Uma das informações mais importantes derivada da pesquisa sobre velhice bem sucedida é que a estrutura da personalidade se mantém na velhice e seus mecanismos de adaptação ficam preservados.” (FREIRE, 2007).

A mesma autora ainda refere que usualmente as reflexões sobre o envelhecimento tem um tom de preconceito predominantemente pessimista. Por muitos anos foi visto como sinônimo de doenças, solidão, decrepitude, pobreza e proximidade da morte. Este discurso também era foco na área da geriatria e gerontologia, contudo o envelhecimento deve ser visto como um processo natural que pode ter doenças associadas ou não, decorrentes dessa faixa etária. É indiscutível neste sentido processos de mudanças, perdas visíveis e inevitáveis, internas e externas, pois o organismo fica mais vulnerável, mas estas perdas que são naturais ao processo não são nem se transformam necessariamente em doenças. O idoso é: “Um indivíduo constituído na e por estas três instâncias biopsicossociais, ou seja, uno e múltiplo. Sujeito da genética e da história, do tempo e no tempo” (p. 25).

Para Vargas (2009), o envelhecimento será bem sucedido quando o indivíduo possuir baixa suscetibilidade a doenças, elevada capacidade funcional (física e cognitiva), postura ativa perante a vida e a sociedade, boa capacidade de adaptação às mudanças objetivas e subjetivas. Contudo, nossa sociedade por não ter modelos e nem tampouco padrões de comportamento esperados para esta faixa de idade, ainda não está preparada para lidar com esses “novos velhos” diferente dos antigos. É importante ressaltar que de maneira geral esses “novos velhos” têm mais saúde, mais disposição, apresentando melhores condições físicas e mentais, o que facilita uma vida mais rica, criativa e prazerosa.

Em nosso país, os idosos ainda são pessoas com possibilidades menores de uma vida digna, dada não apenas à imagem social da velhice, vista como época de perdas, incapacidades, decrepitude, impotência, dependência, mas também, pela situação objetiva de aposentadoria insuficiente, analfabetismo, oportunidades negadas, desqualificação tecnológica, exclusão social. Pelo menos da maioria. Mesmo em condições tão adversas, encontramos idosos que se sentem felizes, e se dizem contentes com suas vidas (PASCHOAL, 2006, p.147).

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Olha estas velhas árvores, mais belas Do que as árvores moças, mais amigas, Tanto mais belas quanto mais antigas, Vencedoras da idade e das procelas...

O homem, a fera e o inseto, à sombra delas Vivem, livres da fome e de fadigas:

E em seus galhos abrigam-se as cantigas E os amores das aves tagarelas.

Não choremos, amigo, a mocidade! Envelheçamos rindo. Envelheçamos Como as árvores fortes envelhecem,

Na glória de alegria e da bondade, Agasalhando os pássaros nos ramos, Dando sombra e consolo aos que padecem! (Olavo Bilac)

3.1.2 – Pesquisas sobre Envelhecimento/Longevidade na Atualidade

Patrício et. al. (2008) realizaram um estudo intitulado “O Segredo da Longevidade, segundo as percepções dos próprios longevos” com uma amostra de 30 ex-ferroviários da estrada de ferro Sorocabana. Segundo este critério, foram identificados como longevos aqueles com idade igual ou superior a 74,8 anos, residentes no município de Botucatu em 2002. Para coleta dos dados, foi utilizada uma entrevista semi-estruturada. O objetivo desta pesquisa foi ampliar a compreensão sobre os possíveis fatores associados ao aumento da longevidade humana através do relato e análise de dados oriundos da investigação. Para análise das entrevistas, foi utilizada a técnica de grounded theory.

Conforme os mesmos autores, após o término da coleta de dados, foi possível detectar fenômenos principais que geraram categorias de análise, que são:

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sendo extravagante, tendo um hábito alimentar saudável, relacionando-se bem com as pessoas e com a família);

- Categoria 2 – Habitat harmônico e sem poluição é positivo para a longevidade (bons estímulos da natureza geram vida, associação de instabilidade climática ao adoecimento); - Categoria 3 – Sentindo prazer nas ações realizadas;

- Categoria 4 –Envolvimento com o trabalho e ter renda para se sustentar (aposentadoria gerando desestímulo à vida, valorizando o conhecimento adquirido);

- Categoria 5 – Crendo na espiritualidade e na sorte; - Categoria 6 – Sendo, estando tranquilo e feliz;

- Categoria 7 – Possuindo fatores biológicos e genéticos favoráveis; - Categoria 8 – Controlando a própria saúde;

- Categoria 9 – Percebendo vários fatores associados.

Nesta pesquisa, um dado relevante foi a constatação de que os fatores da longevidade são inúmeros, como destacados pelos próprios longevos entrevistados, e de diferentes natureza, assim como constam na literatura científica. Nessa perspectiva, a abordagem do processo saúde-doença, associado à longevidade humana, necessita partir do princípio de que todos os componentes interagem e são interdependentes, constituindo um sistema aberto e dinâmico, que incorpora estoricidade e subjetividade dos aspectos psicossocioambientais.

Esta pesquisa nos permite refletir sobre a importância deste tipo de estudo, uma vez que as percepções do próprio sujeito de pesquisa, no caso os longevos, podem permitir um levantamento geral inicial que possibilitará o estudo subsequente de cada fator e sua interação com as demais variáveis na promoção da longevidade. As percepções e significados das coisas e dos acontecimentos, são construídos pelas relações dos indivíduos como meio ambiente determinado e ao longo da história que nele transcorre. Assim é justificável que estas percepções sejam determinadas em cada região e em função do tempo para que se obtenha o conhecimento amplo e correto, dos fatores envolvidos na longevidade. Sua aplicação na abordagem dos fatores psicológicos e sociais da longevidade se afigura, portanto, como promissor na geração de novos conhecimentos.

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aberta e um gravador para coleta dos dados. Os resultados obtidos através dos depoimentos apontaram o bem estar subjetivo na idade madura, relacionado a: vínculos positivos com os outros, alta aceitação, boa qualidade de vida, capacitação para o trabalho, otimismo e autonomia. Estes depoimentos permitiram compreender que pessoas otimistas e que possuem eventos genético-biológicos, sócio-históricos e psicológicos adequados se adaptam melhor às transformações trazidas pelo envelhecimento, ou seja, a um equilíbrio entre as perdas e os ganhos, o que pode proporcionar bem-estar e felicidade. Os pesquisadores também constataram que a dimensão familiar e a dimensão laboral são importantes fontes de felicidade.

Verificamos no resultado deste estudo que a velhice pode ser um período prazeroso, com projetos e realizações. Embora esteja diretamente ligada à qualidade de vida, a velhice pode ser um período de liberdade e de experiência acumulada, ocasionando maior grau de especialização e capacitação, com desenvolvimento de projetos de vida e de potencialidades.

Cupertino, Rosa & Ribeiro (2007) realizaram um estudo intitulado “Definição de envelhecimento saudável, na perspectiva de indivíduos idosos”. Para a realização do mesmo, utilizou-se uma amostra de 501 idosos, entrevistados no projeto Processos de Envelhecimento Saudável (PENSA), residentes na cidade de Juiz de Fora. A idade variou entre 60 e 93 anos de idade, com média de 72,65 anos, sendo 39% de idosos jovens (60 a 69 anos); 41% de idosos médios (70 a 89 anos) e 20% de idosos (acima de 90 anos). Quanto ao gênero, 71% foi constituída por mulheres. Para coleta de dados foi utilizada: entrevista semi-estruturada, que analisou as variáveis sócio-demográficas sexo e idade, e duas perguntas abertas sobra a definição de envelhecimento saudável.

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sobre o seu próprio envelhecimento e sobre as várias dimensões relacionadas ao processo de envelhecimento de forma a ampliar o conhecimento teórico das variáveis determinantes de um processo saudável de envelhecimento, contribuindo para melhorar a qualidade e eficácia do atendimento às necessidades da população idosa, levando em conta o contexto sócio-histórico da amostra.

Rebouças et. al (2008) realizaram outro estudo semelhante intitulado “Que Informações são Necessárias para o Conhecimento da Situação de Saúde do Idoso”. O objetivo da pesquisa foi avaliar por meio da internet, os dados sobre a saúde da população idosa existentes no sistema de informações brasileiro e sua correspondência com as estatísticas norte-americanas. Os dados brasileiros são do sistema de informações sobre mortalidade (SIM), do sistema de informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD do Ministério da Saúde), realizada em 1998 e em 2003, e do Inquérito Domiciliar sobre Comportamentos de Risco e Morbidade Referida de Doenças e Agravos não Transmissíveis de 2002 e 2003. Já os indicadores norte-americanos da publicação são provenientes do Supplement on Aging and Scond Supplement on Aging, Health and Retirement Study, National Health Interview Survey e National Long Term Care Survey. Os pesquisadores concluíram que existe grande quantidade de informações brasileiras para acompanhar a população idosa do país pela internet e com poucas exceções, há correspondência de informações sobre idosos brasileiros e norte-americanos.

3.1.3 – O Impacto Demográfico do Envelhecimento no Brasil

Os primeiros resultados definitivos do censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referem que o Brasil atualmente tem 190.755.790 pessoas. Esse dado demonstra um crescimento de quase 20 vezes da população brasileira desde 1872. Houve uma diminuição na proporção de jovens e aumento de idosos, levando ao alargamento do topo da pirâmide etária e mudança na representatividade dos grupos etários, principalmente da população acima de 65 anos (IBGE, 2010).

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172,7 idosos. Esse dado aponta também que a vida média do brasileiro em 2050 chegará ao patamar de 81 anos. Esse fenômeno é consequência das transformações da sociedade brasileira, de modo geral, na família, por conta da queda de fecundidade, avanços da tecnologia da saúde e diminuição das taxas de mortalidade.

Segundo Veras (2009), o número de idosos no Brasil passou de 3 milhões em 1960, para 7 milhões em 1975 e 20 milhões em 2008, aumento de quase 700% em menos de 50 anos.

Em nosso país, este aumento da longevidade é um fator atrelado à queda da natalidade, e à redução da mortalidade. Está mais relacionado ao desenvolvimento das biotecnologias na área da saúde, melhoria da qualidade de vida, portanto é um ponto fundamental viver muito e viver bem, neste sentido são necessários o envolvimento e responsabilidade coletiva frente a esta revolução demográfica mundial (BRANDÃO E MERCADANTE, 2009; ONU, 2007).

Com a queda da taxa de fecundidade e o aumento da expectativa de vida, nossa população está em franco processo de envelhecimento. Não existe mais a tradicional pirâmide populacional, com sua base constituída pelos indivíduos mais jovens; hoje a maioria dos indivíduos está na meia-idade, e o pico da pirâmide, antes estreito, alarga-se cada vez mais (VARGAS, 2009, p. 26).

Como podemos perceber, verificou-se, através do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o notório aumento do número de idosos na população como um todo. Contudo, não se pode esquecer que a maioria dos nossos idosos ainda vive num ambiente de risco e vulnerabilidade social, caracterizado pela pobreza e desigualdade social. Fatores econômicos, culturais e falta de acesso a serviços de saúde, em conjunto com a baixa aposentadoria, podem gerar situação de risco e vulnerabilidade social. Nesse sentido, as próprias políticas públicas da seguridade social reforçam a vulnerabilidade e o risco nessa fase da vida. Muito diferente do que seria ideal no que se refere à promoção da qualidade de vida e bem-estar social, ou seja, promoção de Resiliência (MELLO,2011).

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3.1.4 – O Processo de Envelhecimento do Cérebro e a Neurogênese

Com o processo de envelhecimento humano, o corpo apresenta alterações fisiológicas em diversos órgãos e sistemas, como por exemplo o sistema respiratório, sistema cardiovascular, sistema imunológico, sistema endócrino e sistema nervoso.

Em relação a este processo, Carvalho Filho (2007) postula que as células do corpo humano têm seu processo de envelhecimento com velocidades diferentes de acordo com o órgão a que pertencem. No que se refere ao sistema nervoso, as ciências neurológicas já sustentam a premissa de que o envelhecimento humano pode resultar na redução do peso e volume cerebral.

O mesmo autor ainda refere que redução de peso e volume também vem acompanhada de mudanças anatômicas em diversas estruturas do sistema nervoso. Essas alterações são percebidas no cérebro, devido à diminuição do peso, tendo em vista que o homem aos 70 anos de idade apresenta uma redução de 5% do peso do cérebro; já aos 90 anos este número sobe para 20%. Exames neurológicos demonstram que esta atrofia pode ser observada tanto na camada cortical como na substância branca. Diante disso, é esperado que no processo de envelhecimento do cérebro ocorra diminuição na liberação de neurotransmissores.

Sabemos que o cérebro enquanto organismo complexo depende de vários sistemas que funcionam de maneira simultânea e intermitente para responder as demandas fisiológicas de maneira adequada, é necessária a integração e controle de múltiplas atividades do: Sistema Endócrino (mensagens de natureza química, distribuídas pela corrente sanguínea através dos hormônios), e Sistema Nervoso (mensagens de natureza eletro-química são distribuídas pelo corpo por meio dos estímulos nervosos/neurônios, executando uma ação no corpo em centésimos de segundos).

Cada neurônio no cérebro humano tem na ordem de centenas a milhares de conexões. Frente a esta constatação, podemos pensar que o que nos une nos tornando unidade indiferenciada é a biologia, espera-se que todos os seres humanos tenham um cérebro (o órgão) e o que nos diferencia é a capacidade singular de construir e reconstruir redes neurais através das nossas vivências. Cada ser humano terá sua rede neural banhada de sentido e significado, pois o sistema nervoso é composto de milhões de neurônios, que se integram a partir da experiência humana construída através de inúmeros momentos de aprendizagem/vivências.

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neurobiológicas que a natureza e a educação se tornam um, num constante processo de construção e reconstrução.

Quando falamos de construir e reconstruir o cérebro, os neurônios são os nossos blocos básicos de construção e redes neurais são as estruturas que construímos e esculpimos (COZOLINO, 2006).

Diante dessas descobertas e com o avanço das ciências, das biotecnologias, a suposição da maioria dos cientistas na área da neurologia de que existia a possibilidade do nascimento de novas células nervosas em diversas áreas do cérebro de humanos adultos, foi comprovada e chamada de neurogênese, ou seja, o nascimento de novos neurônios. Para Kandratavicius et. al. (2007), desde o século XX, em vários centros de pesquisa em todo mundo, cientistas relatavam a possibilidade do processo de neurogênese no cérebro de mamíferos adultos. Contudo, havia uma dificuldade na comprovação desse fenômeno, essa dificuldade, juntamente com o posicionamento de alguns pesquisadores que não acreditavam nessa possibilidade, resultaram na expressiva demora na aceitação desse processo tão importante para a espécie humana.

Em relação ao conceito de neurogênese, Schaeffer (2010, p. 81) refere que:

O processo de neurogênese adulta compreende a proliferação de células-troncos e progenitoras neurais residentes e sua subsequente migração, diferenciação em neurônios maduros e integração funcional na rede neuronal pré-existente. Assim, a partir das duas zonas neurogênicas, novos neurônios migram na direção ao seus alvos finais em outras áreas cerebrais onde se diferenciam e integram aos circuitos locais.

Na neurociência da atualidade, existe a concordância sobre a existência do processo de neurogênese no cérebro adulto, em várias regiões como: giro dentado do hipocampo, zona periventricular, bulbo olfatório (KANDRATAVICIUS ET. AL., 2007). A descoberta desta capacidade do sistema nervoso pode ser confirmada em diversas regiões do cérebro, tais como neocórtex (pré-frontal, temporal e parietal), amídala, hipocampo, córtex periforme e substância negra, tanto em pesquisa com modelos experimentais in vitro e in vivo

(SCHAEFFER, 2010).

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Frente a esta nova descoberta, entendemos que a neurobiologia está vivendo uma constante mudança de paradigma no que se refere ao processo de plasticidade do cérebro de mamíferos adultos.

Segundo Ferrari (2001), um outro fator que permite um funcionamento adequado do cérebro é a capacidade de se regenerar. A plasticidade neural, que como o próprio nome diz, é a capacidade de regeneração neural que o cérebro tem, para amenizar perdas através da adaptação de estruturas dendríticas e funções do sistema nervoso nas interações com os estímulos internos e externos. É sabido que esta capacidade independe de idade cronológica, podendo ser estimulada em todo o ciclo vital humano, da infância à velhice. Este fenômeno pode contribuir muito na prevenção do processo de envelhecimento cerebral através das estratégias de estimulação do cérebro, como por exemplo a neuro-reabilitação, que estimula a capacidade de proliferação de novos neurônios e compensação de perdas de neurônios advindas desse processo, principalmente no idoso (SCHAEFFER, 2010).

As primeiras pesquisas sobre a plasticidade neural começaram por explorar o impacto de diferentes tipos de ambientes no desenvolvimento do cérebro. Nestes estudos, feitos primeiramente com ratos, os papéis dos ambientes enriquecidos tomou a forma de habitats mais diversos, complexos coloridos e estimulantes, enquanto que ambientes empobrecidos estavam invólucros monocromáticas relativamente vazias. Verificou-se que os animais criados em ambientes enriquecidos têm mais neurônios, mais conexões sinápticas entre os neurônios, um número maior de capilares sanguíneos e atividade maior de mitocôndrias (COZOLINO, 2006).

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3.1.4.1 - Reabilitação Cognitiva em Gerontologia e Neurogênese

Atualmente, uma das estratégias de estimulação do cérebro do idoso é a reabilitação cognitiva em gerontologia, que visa identificar condições normais ou patológicas no complexo cérebro/mente, com objetivo de estimulação cerebral (ABREU & TAMAI, 2006).

As mesmas autoras postulam que o envelhecimento do sistema nervoso acarreta alterações neurofuncionais que podem gerar limitações e prejuízos cognitivos no idoso em várias áreas prejudicando: atenção, linguagem, processamento visual, memória, raciocínio e funções executivas. Neste sentido, a terapia de reabilitação cognitiva individual ou em grupo, pode ajudar o idoso na manutenção e participação nas atividades diárias, possibilitando melhor qualidade de vida, senso de bem-estar, controle de si mesmo, desenvolvimento de competências, como também ampliação das estratégias para adaptação contínua nos enfrentamentos das situações da vida diária.

Schaeffer (2010) também refere que, atualmente, em todo mundo, cientistas estão buscando formas estratégicas de estimulação da neurogênese endógena no cérebro de adultos humanos, é consenso que uma das medidas mais eficazes é a atividade cognitiva. Vários estudos na área da neurobiologia demonstram mudanças na atividade cognitiva de pessoas idosas sadias que vivem ativamente num ambiente enriquecido, ou seja onde existe estimulações cognitiva e física em grupos ou individuais, que facilitam o aumento de novos neurônios maduros/neurogênese.

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3.1.4.2 - Estratégias de Estimulação de Neurogênese no Idoso: Contribuições da Prática de Atividades Físicas

No cenário acadêmico atual vários cientistas têm contribuído com pesquisas que estudam estratégias de estimulação da neurogênese, é consenso que a prática de atividade física na velhice melhora atenção, memória, desempenho cognitivo geral, humor (diminui sintomas de ansiedade, depressão e estresse), aumenta o bem-estar psicológico e autoestima, melhora o sistema imunológico e a resistência à doenças, aumenta a circulação sanguínea cerebral, estimulando a eficácia das sinapses e o processo de neurogênese (ANTUNES et. al., 2006; BERTCHTOLD & COTMAN, 2002; DE VITTA, 2000; FRIES, 1990; MATTSON, 2000).

Cardoso et. al. (2007) realizou uma revisão de literatura com o objetivo de verificar o processo de envelhecimento do sistema nervoso/cérebro, e as contribuições da atividade física na diminuição das alterações cerebrais advindas do avanço da idade. Para este estudo foram revisados 30 artigos científicos, 09 nacionais e 21 internacionais, publicados entre os anos de 1993 e 2006, como também 21 livros publicados entre os anos de 1988 e 2003. Os autores chegaram às seguintes conclusões:

a) Do ponto de vista biológico, é natural o processo de envelhecimento do sistema nervoso, que ocorre em virtude de uma programação genética, aliada ao nosso relógio biológico. Entretanto, esse relógio pode ser retardado devido a hábitos e estilo de vida.

b) A atividade física é de extrema importância como fator moderador das alterações do envelhecimento atuando de forma positiva em diversos sistemas. No sistema nervoso, o exercício físico pode ajudar a regular e diminuir quadros de ansiedade e depressão.

c) Idosos fisicamente ativos apresentam melhor performance neurocognitiva e um processo de envelhecimento cerebral mais saudável do que aqueles que são inativos, que não praticam nenhuma atividade física. Portanto, “Os benefícios da melhora dos níveis de aptidão física no idoso podem garantirum envelhecimento cerebral mais saudável” (CARDOSO et. al., 2007).

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maior escolaridade. Os pesquisadores evidenciaram uma relação estatisticamente significativa entre atividade, nível de escolaridade e cognição.

A prática de exercícios físicos, a abertura interna e flexibilidade para o aprendizado e vivência do novo, podem ser considerados elementos estimulantes do processo de neurogênese; em contrapartida, vários estudos comprovam que a privação de sono, a ingestão permanente de álcool e o uso de substâncias psicotrópicas podem ser vistas como inibidores da neurogênese, tendo em vista que a neurogênese no cérebro adulto é modulada por mecanismos fisiológicos e patológicos.

3.1.4.3 - O Complexo Cérebro-Mente: Psicoterapia e Neurociência

Quando nos aproximamos do século XXI, a neurociência começou a nos fornecer ferramentas para explorar o que acontece no complexo cérebro-mente, tanto nos primeiros anos de vida do ciclo de desenvolvimento humano até a velhice.

Uma suposição básica e atual da neurociência e de algumas teorias psicológicas é que o funcionamento otimizado e a saúde mental estão relacionados com níveis cada vez mais avançados de integração, crescimento e complexidade neural, favorecendo alterações na conexão entre neurônios, expansão dos neurônios existentes e o crescimento de novos neurônios (neurogênese). Portanto, é imprescindível a discussão e reflexão da psicoterapia como uma estratégia de estimulação de neurogênese.

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3.1.4.4 - Estratégia de Estimulação de Neurogênese no Idoso: Contribuições da Psicoterapia

Não há dúvida que o cérebro humano cresce em resposta ao desafio e novas aprendizagens. Psicoterapia pode ser pensada como um tipo específico de ambiente enriquecido que promove o desenvolvimento social e emocional, integração neural, e processamento da complexidade .

No sistema nervoso quando uma ou mais redes neurais não funcionam de maneira adequada permanecem subdesenvolvidas, não reguladas ou subintegradas com outras áreas. Neste contexto, aparecem as queixas e sintomas que muitas vezes levam as pessoas a procurarem a terapia.

Como a psicoterapia muda o cérebro?

A forma como o cérebro muda durante a terapia vai depender das redes neurais envolvidss no foco do tratamento. Regulação das emoções, especialmente a modulação e inibição da ansiedade e do medo, permite processo cortical continuado em face de fortes emoções, possibilitando flexibilidade cognitiva em curso, aprendizagem e integração neuronal.

Os terapeutas trabalham para regulamentar e integrar as redes neurais, num processo que é essencialmente o oposto da dissociação cerebral, observado em reação à vivência do trauma em qualquer fase do desenvolvimento.

Neste processo, o terapeuta desempenha essencialmente o mesmo papel de um pai, providenciando o fornecimento e a modelagem das funções reguladoras do cérebro social. Como o afeto é repetidamente trazido para a relação terapêutica , o paciente gradualmente internaliza essas habilidades por esculpir as estruturas neurais necessárias para a auto-regulação.

Cozolino (2006) postula que a plasticidade neural, crescimento e integração no processo de psicoterapia seja estimulada através de:

a) Estabelecimento de um relacionamento seguro e confiante. b) Níveis de estresse leve a moderado.

c) Ativação das emoções e da cognição.

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- Tomarem consciência de aspectos de si mesmos que podem ser inconscientes; - Assumir riscos;

- Integração de pensamentos e sentimentos, tentando ajudá-los a estabelecer novas conexões entre os dois hemisférios;

- Alterarem a percepção de si e do mundo, incorporando uma nova consciência e incentivando uma melhor tomada de decisão.

A eficácia desse trabalho depende de vários aspectos, entre eles a sintonia empática que pode facilitar a sensação e o ambiente seguro e estrutural, levando os pacientes a tolerar a ansiedade de experiências temidas, Memórias e Pensamentos.

Neste processo, as redes neurais que são normalmente inibidas se tornam ativas e disponíveis para inclusão no processamento consciente. Narrativas co-construídas com terapeutas proporcionam um novo modelo para os pensamentos, comportamentos e de integração neural.

O entendimento cada vez maior da neurogênese no cérebro adulto pode significar uma revolução no conceito da plasticidade do cérebro de um mamífero adulto, além de ter grande importância para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas no tratamento de doenças neurodegenerativas e na possibilidade de promover a recuperação funcional de áreas lesadas do sistema nervoso central (KANDRATAVICIUS et. al., 2007, p. 119).

3.1.5 – O Processo de Individuação na Velhice: Contribuições da Psicologia Analítica

A vida e a morte, o envelhecer e o morrer, são realidades humanas expressas pela mítica, constituindo-se em condições arquetípicas, cujas compreensões concorrem para que cada um se conheça melhor (ALVARENGA, 2005, p. 94).

O envelhecimento deve ser visto como um processo onde todos nós seres humanos possamos aprender a escolher os caminhos, para que ao final da nossa existência, ao avaliar nossa vida, possamos encontrar respostas de satisfação, nos sentindo seres íntegros e realizados, com um lugar no mundo, onde ainda seja possível nos desenvolver de maneira ativa na sociedade, integrados à humanidade e ao cosmos (PASCHOAL, 2006).

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Esse processo citado por Alvarenga reflete o caminho do envelhecimento vivido com reflexão, análise e crescimento, ou seja, individuação.

No processo de desenvolvimento humano, nos deparamos com situações e experiências que podem ser configuradas como boas e ruins. Cada um de forma singular e ao mesmo tempo plural, vai se articulando, re-significando, vivenciando vida, morte e renascimento. Viver as polaridades vida e morte do ponto de vista físico/psíquico em todo percurso do desenvolvimento do ciclo vital quer seja na infância, adolescência, idade adulta ou velhice se traduz como o grande mistério e essência da vida, essa riqueza pode ser vivenciada nos confrontos diários objetivos e subjetivos. Nesse caminho, Jung faz a seguinte consideração:

Consciente e Inconsciente não constituem uma totalidade, quando um é reprimido e prejudicado pelo outro. Se eles tem de combater-se, que se trate, pelo menos, de um combate honesto, como o mesmo direito de ambos os lados. Ambos são aspectos da vida. A consciência deveria defender sua razão e suas possibilidades de auto-proteção, e a vida caótica do inconsciente também deveria ter a possibilidade de seguir o seu caminho, na medida em que a suportamos (JUNG, 2011, par. 522).

Alvarenga (2005) refere que na condição de ser humano, o que nos define em qualquer ciclo da vida, é a instauração da consciência, pois isso nos conduz e define o limite de tempo, do conhecer e do que pode ser conhecido, o limite do tempo de vida, daquilo que pode ser alcançado, atingido, qual a velocidade e a nossa resistência. Portanto, ter consciência nos define como ser humano com limites. Nesse sentido, quando se adquire consciência, se vive realidades inseparáveis como mortalidade e humanidade. Nesse sentido, Moreno (2007, p.128) também destaca que: "no nosso amadurecer há necessidade de entrarmos em contato com nossos conflitos interiores, em saber integrar elementos da nossa sombra em nossa consciência. Esta geralmente é uma parte difícil, que nos faz sofrer".

Na nossa sociedade dita contemporânea ou hipermoderna, percebemos que a questão da consciência coletiva do envelhecimento dentro do processo de individuação e seus caminhos ainda necessita de amadurecimento coletivo. Galiás refere que :

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“A individuação significa tender a tornar-se um ser realmente individual; trata-se da realização de si mesmo, no que tem demais pessoal e mais rebelde a toda e qualquer comparação” (JUNG, 1987, par. 355). Portanto, representa um aspecto de interesse central no conceito da Psicologia Analítica. O processo de individuação deve ser compreendido como o processo de desenvolvimento corporal, uma vez que o processo de amadurecimento psíquico, tal como o processo de desenvolvimento físico transcorre de modo natural, espontâneo e autônomo.

Jung (2011) refere que é muito comum a comparação do processo de individuação com o processo de crescimento de uma árvore, pois essa, em virtude de sua disposição embrionária natural fixa, consegue desenvolver uma tendência de evolução, da melhor forma possível, dentro de suas possibilidades. Não sabemos até que ponto esta meta ideal será alcançada ou não na natureza? Sabemos que esta meta não é independente, depende sobretudo de condições de desenvolvimento externo, com impedimentos e limites estabelecidos através dos nutrientes do solo, volume suficiente de água e sol, assim como condições climáticas.

Na individuação psíquica do homem, ao lado de condições de desenvolvimento externas, apreendidas de forma real, são os obstáculos e bloqueios intrapsíquicos que desempenham uma função importante. Déficits no âmbito das estruturas do eu e do si mesmo são tão importantes aqui como os conflitos neuróticos e as estratégias de defesa a eles inerentes... Aqui estão os limites do desenrolar-se autônomo da individuação. (ROTH, 2011, p. 199).

Como refere o mesmo autor, o processo de individuação deve ser entendido como uma tarefa que dura a vida toda, tarefa esta que tem o seu repouso nas forças dos arquétipos que fomentam o processo de desenvolvimento humano, que atua desde o nascimento até a fase mais tardia da vida.

Na fase mais tardia da idade de adulto, que alcança mais ou menos dos 55 aos 75 anos de idade, este processo continua. Aproximando-se da “sabedoria” pode-se abrir novas liberdades, frente a coerções impostas por funções. Pode dar-se uma retrospectiva sobre a vida que se levou até o presente, numa postura de introversão, e nascer uma relação para como todo. O arquétipo do “velho sábio” tem aqui sua tarefa central (ROTH 2011, p. 204).

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morte para Jung, nesse momento, pode vir expresso no símbolo do “barqueiro”, ganhando significado especial.

Para Alvarenga (2005, p. 102): “A individuação como processo, implica aprender a lidar com o limite do eu, pois o outro passará a compor o centro da consciência, numa condição coniuncito: eu-outro.”

O processo de individuação como busca imprescindível do conhecimento de si e do outro implicará sempre lidar com o limite da vida, do tempo da existência, suportabilidade da dor, fome, limite do eu, limite esse imposto pela constelação do outro o campo da consciência – limite do conseguimento de conhecimento. A mesma consciência que nos faz saber dos limites, finitudes, do perecível, do mortal nos faz também buscar tudo quanto é complementar, ou a polaridade oposta, busca o ilimitado, o imperecível, o imortal, o eterno (ALVARENGA, 2005, p.102).

A individuação é sinônimo de processo de transformação no desenvolvimento, produzido pelos conflitos de duas realidades fundamentais: o consciente e o inconsciente.

O processo de individuação na velhice, sob a perspectiva da psicologia do envelhecer na visão Junguiana, pode ser refletida a partir de vários eixos de articulação, com seus aspectos positivos e negativos. A articulação do eixo criança-velho ou Puer-Senex, no processo de individuação na velhice se apresenta de forma circular, nunca linear, como símbolo do Tao, pois o velho está em nós desde o início do novo, e no velho está oculto uma criança, no eterno processo de transformação do viver, na posição de eternos aprendizes do mistério que é a vida. Fugir disso pode tornar a vida frívola (MONTEIRO, 2008).

Já Hillman (1999) acredita que as dinâmicas relacionais Puer-Senex, criança-velho são aspectos que podem aparecer em vários estágios e fases da nossa vida, influenciando vários complexos. Portanto, nossos comportamentos pueris não estão relacionados exclusivamente com a nossa juventude, como também nossos comportamentos e qualidades senis não estão somente atrelados a velhice.

Monteiro (2008) refere que num processo de envelhecimento ativo e criativo é importante articular as dinâmicas arquetípicas relacionais da criança ou do Puer, tendo em vista que quando ativamos as dinâmicas arquetípicas da criança na velhice, nos tornamos aberto para o novo. “Isso significa que a medida que envelhecemos devemos cada vez mais ter a capacidade de re-significar nossas vivências, de nos re-encantar com a vida, em seu renovar dia a dia” (p. 55).

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do velho senil e inserindo na vivência da velhice aspectos de sabedoria. O processo de envelhecimento com vivências positivas, integra o arquétipo da criança e do velho.

Monteiro (2008) delineou alguns aspectos das dinâmicas arquetípicas do Puer-Senex

necessárias em qualquer fase da nossa vida, no processo de individuação, pois efetivamente tem importante função na fertilização da alma e da psique em todo o percurso do nosso desenvolvimento.

PUER SENEX

Rapidez...Lentidão Plasticidade Adaptativa...Conservação Eficiência...Sabedoria Independência...Discernimento Beleza Exterior...Beleza Interior

Investimento Erótico-sexual...Investimentona Polifonia de Eros Expansão no Mundo Externo...Expansão no Mundo Interno, self

Conquistas...Mediação Força Física...Força Espiritual Apego aos Bens...Desapego Reflexivo Ilusões Narcísicas...Autotranscedência Negação da Morte...Apresentação da Morte Papel Desempenhado: Empunhar a Espada...Erguer Pontes

Meta Almejada...Emancipação

A mesma autora postula que na velhice, a vivência dessas dinâmicas de maneiras polarizadas unilateralizadas de uma ou de outra pode levar ao perigo do aprisionamento. No

Senex, rigidez, objetividade e certezas absolutas. “Puer-Senex ou criança-velho formam um arquétipo de duas cabeças, dois lados da mesma moeda: um não deve existir sem o outro. Eles marcam o calendário da vida, e devem atuar sempre na psique em conjunto com tantos outros arquétipos” (p. 63).

Imagem

Figura 3: Relação entre qualidade de vida e conceito de saúde
Gráfico 2: Distribuição da Frequência dos Resultados  da Amostra em relação à Faixa  Etária  Faixas etárias  %  60 a 70 anos  36,0  71 a 80 anos  39,0  81 anos e mais  25,0  Total  100,0  N  100
Gráfico 5: Distribuição da Frequência dos Resultados da Amostra em relação à Religião
Gráfico  6:  Distribuição  da  Frequência  dos  Resultados  da  Amostra  em  relação  à  Religião: Praticante  Religião: Praticante  %  Sim  95,0  Não  5,0  Total  100,0  N  100
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