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Capítulo I O domínio feminino

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Academic year: 2021

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INTRODUÇÃO

A evolução beneficiou a espécie humana com uma sexualidade sem par. Nenhum animal sente e desfruta o sexo como os homens e as mulheres. O erotismo impregna e enriquece a nossa vida quotidiana: muitas das coisas que pensamos, dizemos e fazemos, por vezes mesmo de forma inconsciente, estão relacionadas com a sedução e os desejos eróticos. Os neurologistas dizem que o nosso cérebro está constantemente a ser acariciado (e excitado) por hormonas sexuais e outras substâncias do amor.

No entanto, apesar da sua omnipresença, a sexualidade humana está rodeada de uma infinidade de mitos e tabus que, em muitos casos, impedem a sua fruição plena e saudável.

Neste livro, recolhemos uma selecção de questões chave para entender como funciona o sexo, e quais as razões por que, algumas vezes, falha.

E.M.C.

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Capítulo I

O domínio feminino

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O que determina o sexo do embrião?

A partir da fecundação, ou seja, desde que o espermatozóide encontra o óvulo feminino, o sexo está

predeterminado pela sorte. Cada uma das células sexuais, ou gârnetas, contém 23 cromossomas, dos quais um é o cromossoma sexual, X ou Y. Enquanto o óvulo possui sempre um cromossoma X, o esperrnatozóide pode transportar um X ou um Y. Assim, é o gâmeta masculino que, em primeira instância, estabelece o sexo do futuro bebé: uma menina terá um par de cromossomas sexuais XX, enquanto o rapaz terá um par XY.

Qualquer erro nesta composição pode ser fatal. Por exemplo, o síndroma de Turner é uma doença que afecta as meninas, quando um dos cromossomas está ausente, parcial ou completamente; e o síndroma xyy é uma anomalia cromossómica que aparece nos bebés do sexo masculino. Os afectados tendem a ser altos e a apresentar problemas com a linguagem.

Durante as primeiras seis semanas de vida fetal, não existe qualquer diferença entre os embriões masculino e feminino, já que as células reprodutoras ainda não se diferenciaram. Na região embrionária de onde depois surgirão as pernas, aparece uma cavidade, que recebe o nome de “cloaca”, no qual desembocam o intestino, a bexiga e as futuras vias genitais: os canais de Wolff e os canais de Müller. Até à sétima semana, a cloaca divide- se em dois botões de carne, com o ânus atrás e, à frente, uma abertura onde surgem as primeiras pregas e marcas genitais.

Quando aparece o órgão genital feminino?

Ao terceiro mês de gravidez, o embrião converte-se em feto. Nas meninas, os canais müIlerianos formam as trompas de Falópio, o útero e o terço superior da vagina. Nos rapazes, estes canais degeneram, para deixar que outros esboços embrionários se diferenciem nos órgãos genitais masculinos internos.

O clítoris nasce do simples alargamento do denominado "tubérculo genital"; nos rapazes, este cresce até se transformar no membro viril. Os lábios menores derivam das pregas genitais, que permanecem separadas. Por seu lado, os maiores são originados a partir dos discos genitais, que se fundem para formar o monte de Vénus, ganhando gordura e ficando mais salientes. No feto masculino, o equivalente é o escroto.

Desta forma, a formação dos órgãos genitais internos e externos encontra-se completa à passagem do quarto mês de gravidez.

É verdade que a mulher apenas produz óvulos durante a sua vida fetal? Sim. Às vinte semanas de gravidez, cada feto feminino conta com seis a sete milhões de oócitos (células ovulares em desenvolvimento), mas nasce com apenas dois milhões. Na puberdade, já só restam entre 300 e 400 mil para amadurecer e converter-se em óvulos.

As centenas de milhares de oócitos que não completam o processo de maturação vão degenerando de forma natural e, após a menopausa não resta nenhum.

O que é a vulva?

A palavra designa a parte externa e mais visível do sexo feminino, que está situada entre a face interna das coxas. A vulva surge limitada à frente pela púbis, ou monte de Vénus, e atrás pelo períneo, região anatómica que separa o sexo feminino do ânus.

O monte de Vénus é coberto por uma zona triangular de pêlo, chamado "púbico", que oculta em parte os

elementos que compõem a vulva: os lábios maiores, os lábios menores, o clítoris, o orifício urinário, a entrada da vagina e as glândulas vulvares.

Para que servem os lábios maiores e menores?

Bastante volumosos, carnudos e comparáveis ao escroto dos homens, os lábios maiores formam duas dobras de

cada lado da entrada da vagina. Estendem-se por sete a oito centímetros, desde a púbis até ao períneo.

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Cobertos por uma pele idêntica à do resto do corpo, os lábios maiores possuem glândulas sebáceas, que segregam um

óleo. Após a puberdade, os lábios cobrem-se de pêlo que, por constituir uma muralha à frente da vagina, a protege de micróbios e contribui para a manutenção da sua humidade.

Localizadas dentro dos lábios maiores, encontram-se duas pregas alargadas de carne delicada, que têm o seu ponto de encontro no clitóris. Trata-se dos lábios menores, que podem ser muito pequenos ou medir um máximo de seis centímetros, o que faz com que, por vezes, cubram os lábios maiores. Ao contrário destes, os menores não têm grândulas sudoríparas ou sebáceas e são revestidos por uma membrana mucosa. Esta mantém-se húmida graças ao líquido dos vasos sanguíneos das camadas mais profundas, que atravessa o tecido. É precisamente esta profusão de vasos que lhe dá a cor rosada. Muito sensíveis ao tacto, pois dispõem de

abundantes fibras nervosas, os lábios menores desempenham um papel importante na excitação sexual. Mudam então de aspecto, incham e tomam-se mais vermelhos.

O clítoris é realmente maior do que parece?

Sigmund Freud disse que ele não é mais do que um órgão rudimentar, um pénis em miniatura cuja excitação conduz apenas a um prazer pobre, um pálido sucedâneo do orgasmo masculino. O pai da psicanálise estava duplamente enganado.

Em primeiro lugar, hoje sabe-se que o clítoris proporciona à mulher orgasmos que nada têm a invejar aos dos homens; e mais, a capacidade multi-orgásmica da mulher está ausente do seu companheiro. Para além disso, pensava-se que o seu comprimento total era de uns três centímetros, mas a médica australiana Helen O'Connell, do Royal Melbourne Hospital, descobriu que o clítoris mede quase dez centímetros e que se trata, de acordo com ela, de uma "massa de tecido piramidal profusamente enervado, cuja função é apenas dar prazer à sua dona".

Como funciona?

De certa forma, o clítoris é um pénis minúsculo que surge suspenso do osso pélvico a partir de uma pequena ligação. Apresenta-se como uma pequena proeminência carnuda, praticamente oculta pelos lábios menores. A sua parte visível é a glande ou glândula. Devido à sua delicadeza, toda a estrutura clitoridiana está protegida por um "capuz" de pele, que equivale ao prepúcio do membro viril.

Tal como o pénis, o clítoris tem no seu interior dois corpos cavernosos, umas estruturas erécteis com cerca de nove centímetros de comprimento, semelhantes a uma esponja. Em resposta ao estímulo sexual, estes corpos cavernosos enchem-se de sangue e, durante o acto sexual, pressionam a vagina, o que aumenta a sua sensibilidade durante a penetração.

A que se deve o odor característico da zona genital?

A resposta encontra-se nas glândulas vestibulares. A superfície dos lábios maiores está literalmente coberta por glândulas sudoríparas, que segregam suor, e por glândulas sebáceas, que produzem a gordura que lubrifica os pêlos púbicos. Estes dois tipos de glândulas conferem à vulva um cheiro específico, mais ou menos intenso, que muitas mulheres tentam eliminar sem êxito com perfumes e desodorizantes. No entanto, convém não esquecer que este odor di femina, que algumas mulheres consideram incomodativo, é na realidade um poderoso

estimulante erótico ao qual muitos homens são sensíveis.

Existem outra glândulas que têm também a tarefa de lubrificar a vagina durante o acto sexual. Referimo-nos às

glândulas de Bartholin, que se localizam ao longo dos grandes lábios, e às glândulas de Skene, próximas do

meato urinário, isto é, o orifício pelo qual flui a urina.

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Um hímen intacto é prova de virgindade?

Entre os mamíferos, só a hiena e a toupeira partilham com a mulher uma fina membrana de tecido conjuntivo que fecha parcialmente a entrada da vagina. A sua elasticidade e espessura variam de mulher para mulher, mas a sua perfuração permite sempre o fluxo da menstruação.

Na mulher virgem, a também chamada "membrana da virgindade" pode cobrir por completo o orifício, mas em geral rodeia-o como um anel apertado. Existe a crença popular de que a mulher que o conserva intacto jamais teve relações sexuais, tal como a de que a melhor prova da virgindade é que a penetração seja difícil, faça sangrar e provoque dor. Pois bem, a verdade é que uma mulher pode ter uma vida sexual activa e conservar o hímen intacto, ou, pelo contrário, ser virgem e já não o ter assim.

O hímen pode rasgar.se por acidente?

Dada a sua fragilidade, o hímen pode rasgar-se acidentalmente. Está demonstrado que os tampões distendem progressivamente o hímen e acabam por alargar o orifício. Pode dizer-se o mesmo da prática regular da equitação, da dança ou de desportos violentos.

No entanto, também existe a situação oposta. A elasticidade do hímen é tal que, por vezes, permanece intacto após várias relações sexuais. Mais: há casos de mulheres grávidas com o hímen intacto. Logo, nem mesmo os médicos podem afirmar se uma mulher já teve ou não relações sexuais pela simples observação da membrana vaginal.

Para que serve o hímen?

Não se sabe. Alguns especialistas sugerem que a existência do hímen não se deve a mais do que a uma protecção contra as infecções durante a infância.

De qualquer forma, à falta de benefício biológico conhecido, o hímen adquiriu um valor simbólico que só serviu para discriminar o sexo feminino. Em algumas sociedades, o chamado "virgo" era considerado uma garantia da honra feminina, e as mulheres eram obrigadas a demonstrar com sangue a sua virgindade durante a noite de núpcias.

Actualmente, já não é considerado nem um valor nem uma garantia de pureza, salvo nos países muçulmanos e entre certas culturas nas quais este mito ainda está profundamente arreigado.

Quais são os órgãos genitais internos?

Na mulher, os órgãos genitais internos formam um aparelho que se inicia nos ovários, encarregues da libertação dos óvulos, e continua no oviducto (trompas de Falópio), a antecâmara onde acontece a fertilização do óvulo. Na sua continuação surge o útero, o lugar onde o embrião se converte em feto, e que acaba no canal cervical, a vagina, que permite o nascimento do bebé perfeitamente desenvolvido.

Que aspecto tem a vagina?

Na mulher adulta, a vagina é um canal elástico, com nove a doze centímetros de comprimento. As suas paredes anteriores e posteriores normalmente tocam-se entre si, para que não fique qualquer espaço na vagina excepto quando se dilata, o que acontece durante uma relação sexual ou um exame ginecológico.

Vistas a partir do interior, as paredes vaginais são de cor rosa, lisas, elásticas, quentes (37° C) e húmidas. O terço inferior é rodeado por um anel muscular que controla o seu diâmetro, enquanto o restante se une por cima destes músculos e pode dilatar-se com facilidade. Estas qualidades permitem à cavidade vaginal alargar durante o coito, deixando entrar o pénis, alcançando os cinco centímetros de diâmetro, e dilatar vários centímetros sob o efeito da excitação erógena.

Não obstante, a sua verdadeira flexibilidade e resistência só se revela verdadeiramente durante o parto,

momento em que chega a dilatar-se até chegar aos 12 centímetros, para permitir a passagem do bebé.

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Por que está sempre húmida?

As paredes vaginais estão cobertas por uma mucosa que facilita a lubrificação da vagina. As duas paredes estão em constante actividade: elas eliminam as células mortas da mucosa, assegurando assim uma perpétua

renovação celular. Esta escamação produz um líquido de cor esbranquiçada, cuja acidez protege a vagina de bactérias nocivas. Por outro lado, as glândulas de Skene e Bartholin, sob o estimulo da excitação sexual, segregam um líquido lubrificante, sem o qual o coito poderia ser doloroso e susceptível de irritar a frágil mucosa vaginal.

É verdade que a vagina está cheia de micróbios?

Tal como o resto das cavidades corporais, a vagina é dotada de uma flora microbiana natural, que a protege dos germes mais virulentos. Alguns dos habitantes vaginais, como o lactobacilo ou bacilo de Döderlein, são

necessários para a saúde do órgão. Estas bactérias libertam ácido lácteo, substância que mantém um ambiente de acidez permanente.

Se é verdade que esta acidez propicia o aparecimento de fungos, que originam micoses, não o é menos que constitui uma excelente protecção contra a maior parte dos microrganismos patogénicos.

Existe um ponto G?

Contrariamente ao que muitos pensam, a vagina é muito pobre em receptores sensoriais e, por conseguinte, pouco sensível à estimulação sexual. Todos os sexólogos coincidem em afirmar que a principal zona erógena feminina é a vulva e, em concreto, o clítoris. No entanto, há especialistas e mulheres que defendem a existência de uma zona na parede frontal da vagina que é terrivelmente sensível ao estímulo erótico. Referimo-nos ao chamado "ponto G", descrito pelo primeira vez pelo sexólogo alemão Gräfenberg, que lhe deixou a inicial do seu nome.

Os seus defensores afirmam que não se trata de um ponto, mas sim de uma zona de 0,75 a três centímetros de diâmetro, situada na união da bexiga com a uretra, ao nível da face anterior da vagina. A estimulação deste ponto anatómico, que terá certas parecenças embrionárias com a próstata masculina, proporcionará uma sensação especialmente voluptuosa.

Para que serve o útero?

Com forma de pêra invertida, o útero, ou matriz, é um órgão muscular oco, destinado a alojar o óvulo fecundado durante o seu desenvolvimento. Suspensa por meia dezena de ligamentos, a matriz está situada mesmo acima da parte superior da vagina, entre a bexiga urinária, pela frente, e o recto, por trás.

As propriedades elásticas e de resistência uterinas são assombrosas: no estado normal, a capacidade do útero corresponde a uma colher de sopa, enquanto no final da gestação pode albergar um bebé com vários quilos, uma placenta de 500 gramas e até dois litros de líquido amniótico.

A matriz está dividida em duas partes: o colo uterino, ou cérvix, e o corpo principal. Este último, que é constituído por uma cavidade triangular coberta por uma mucosa chamada "endométrio" , cresce para albergar o feto. As suas paredes musculares também se contraem durante o parto, com o fim de impulsionar o bebé pelo fibroso colo uterino e pela vagina.

Posso sentir o meu colo uterino?

Sim, basta introduzir os dedos até ao fundo da vagina. Aí encontrará um montículo de consistência firme e

elástica, com uns quatro centímetros de diâmetro e uma depressão no centro. Trata-se do orifício cervical, uma

pequena abertura que permite a passagem para o colo uterino. Este contém um canal que é, simultaneamente, a

conduta por onde flui a secreção menstrual para o exterior, a entrada de esperma para o útero e a barreira que

impede a passagem de bactérias para o aparelho reprodutor.

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Para além disto, o canal do colo está coberto de glândulas que libertam uma mucosidade espessa e impenetrável para os espermatozóides, até ao momento em que os ovários libertem um óvulo. Durante a

ovulação, a sua consistência altera-se, para que os espermatozóides que tentam encaminhar-se para as trompas possam chegar à célula reprodutora feminina.

Para que servem as trompas?

Com um comprimento de seis a doze centímetros, as trompas de Falópio são duas condutas que partem de cada um dos lados do fundo do útero para se unirem ao ovário correspondente. O extremo de cada uma delas dilata- se e adopta a forma de um "funil", cuja utilidade é recolher o óvulo quando este for libertado pelo ovário. Para sermos exactos, os ovários não estão ligados às trompas, encontram-se apenas muito próximos delas, suspensos de um ligamento.

Se a união entre o óvulo e o espermatozóide tem êxito, o ovo daí resultante é alimentado, protegido e transportado pela trompa em questão. Os cílios (prolongamentos semelhantes a pestanas que se movem em vaivém) das células que cobrem esta conduta, bem como as correntes líquidas que circulam no seu interior, empurram este embrião até à matriz, a uma velocidade de três centímetros por dia.

O que é o ovário?

De cor pérola, com forma oblonga e tamanho urn pouco menor do que urn ovo de galinha, os ovários são duas glândulas que desempenham um duplo papel na sexualidade da mulher. Por um lado, produzem todos os meses urn óvulo; por outro, segregam estrogénios e progesterona. Estas hormonas conferem à mulher o seu aspecto feminino, para além de manterem em bom estado os órgãos genitais, assegurarem os ciclos reprodutivos e supervisionarem a evolução da gravidez.

Os ovários funcionam durante toda a vida?

Não. Ao contrário dos testículos, que produzem ininterruptamente espermatozóides e hormonas masculinas, desde a puberdade até à morte do indivíduo, os ovários têm urna vida activa limitada. A sua tarefa biológica começa na mulher púbere e conclui-se com a menopausa.

Quais as semelhanças entre os ciclos da mulher e os dos outros símios?

O conjunto das modificações periódicas sofridas pelo ovário e pelos órgãos genitais, com o fim de preparar o organismo feminino para uma possível gravidez, recebe o nome de "ciclo menstrual". Este afecta a mulher desde a menarca, ou primeiro período, que surge por volta dos 13 anos, até à menopausa, que se manifesta pelos 50 anos. Não deve confundir-se a duração das regras (em média, de três a cinco dias), com o ciclo menstrual, que é o intervalo entre duas regras consecutivas.

Para evitar mal-entendidos, não usamos neste livro a palavra "período", que pode causar confusão entre a menstruação ou regra, sentido em que é habitualmente utilizado na nossa língua, e o período ou ciclo menstrual, a designação clínica utilizada para referir para o intervalo entre regras.

É curioso constatar que o ciclo menstrual é característico dos símios, pois só as suas fêmeas ovulam

espontaneamente, preparando o corpo para uma eventual gravidez. A ovelha, por exemplo, segue um ritmo que acompanha as estações do ano; na gata e na coelha, a ovulação é provocada pelo próprio coito.

O funcionamento do ciclo feminino é muito complexo, e é regulado a três níveis: o hipotálamo e a hipófise, estruturas cerebrais, são o centro de comando do sistema hormonal feminino, o qual assegura a perfeita coordenação entre os ovários, que segregam as hormonas, e os órgãos femininos, que as recebem.

O que controla o ciclo menstrual?

Como já se mencionou na resposta anterior, o funcionamento do ciclo mestrual depende de três elementos

situados em diferentes níveis orgânicos. No primeiro, está o cerebral, com duas das suas estruturas: a hipófise e

o hipotálamo. Situado na base do órgão pensante, este último é o centro da vida afectiva e inconsciente.

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O hipotálamo é sensível a todos os estímulos psíquicos. Entre as suas muitas funções, controla a produção de hormonas no organismo e rege um certo número de fenómenos complexos, como a regulação térmica, o apetite e as emoções. A intervalos regulares, que rondam os 90 minutos, liberta LHRH, uma hormona que estimula a estrutura cerebral situada justamente abaixo do hipotálamo. Trata-se da hipófise, uma glândula enorme que actua sobre os ovários mediante a intervenção de duas gonadotrofinas: a hormona de estimulação folicular (FSH) e a hormona luteínica. A primeira contribui para a maturação do folículo, o invólucro que contém o óvulo; a segunda permite que o folículo se parta e liberte a célula reprodutora até à trompa. Esta é a ovulação.

Paralelamente, já no segundo nível do ciclo, as células do folículo produzem estrogénios que são vertidos no sangue, para actuar sobre o útero, o colo uterino e a vagina. Estas hormonas fazem crescer a mucosa da cavidade uterina, ou seja:, o endométrio, estimulam a produção do muco cervical e mantêm a mucosa vaginal sã e vigorosa.

Depois da ovulação, a parede do folículo que libertou o óvulo modifica-se e pigmenta-se de amarelo. Passa então a chamar-se "corpo amarelo”, e começa a segregar sobretudo progesterona. Esta hormona, essencial para a mulher, só se apresenta neste momento do ciclo. Actua unicamente na presença dos estrogénios, mas contra- balançando a sua acção: reduz os edemas nos seios ou no útero, atrasa o nascimento e a multiplicação celular, toma mais espesso o muco cervical, ajuda a fechar o colo e, por fim, prepara o útero para uma possível gravidez.

Também se opõe ao efeito virilizante das hormonas masculinas sobre a pele.

O que provoca o humor instável das mulheres durante a menstruação?

Os neurologistas sabem que a progesterona possui uma acção sedante sobre os centros nervosos que controlam a sede, o apetite e o humor. Os seus efeitos traduzem-se numa espécie de tranquilidade psíquica e física, como se a hormona quisesse que a mulher se concentrasse unicamente na preparação de uma eventual gravidez.

As alterações de comportamento e humor que as mulheres frequentemente afirmam sentir durante a menstruação estão relacionadas, em grande medida, com um desequilibrio entre os estrogénios e a

progesterona. Esta também leva a que a temperatura do corpo suba uns décimos de grau durante a fase pós- ovulatória.

De que é constituído o líquido menstrual?

No final do ciclo menstrual, e na falta de implantação de um óvulo, a secreção de estrogénios e progesterona cai a pique. Isto dá lugar a uma cadeia de acontecimentos que desemboca na menstruação. O primeiro efeito da redução hormonal é que a rede de vasos sanguíneos que irrigam o endométrio sofre um longo espasmo. Este priva a mucosa de abastecimento sanguíneo, o que provoca a sua degradação e posterior desprendimento.

A massa de tecido e de sangue acumulado depois do relaxe do espasmo inicia as contracções do útero. Estes movimentos expulsam o conteúdo uterino pelo orifício cervical. Durante a menstruação, perdem-se de 50 a 100 mililitros de sangue, juntamente com mucosidades segregadas pelas glândulas uterinas, fragmentos de mucosa desvitalizados e células vaginais escamadas.

Quando sai do útero, a regra é um dejecto estéril e inodoro. É por permanecer algum tempo na vagina, que contém permanentemente bactérias, que adquire um cheiro algo desagradável.

As regras podem ser suprimidas para sempre?

Seguramente, este é o sonho da maioria das mulheres. No entanto, a interrupção do ciclo menstrual só é possível em determinadas situações médicas, como a endometriose e outras afecções ginecológicas agravadas pelo ciclo menstrual, bem como devido a doenças que afectam a coagulação de sangue.

Nestes casos, os ginecologistas administram às pacientes determinados preparados hormonais, eficazes e

seguros, ainda que não isentos de efeitos secundários, como os análogos de LHRH, os progestativos e o

danazol. Estes fármacos bloqueiam o funcionamento do ovário e impedem o crescimento da mucosa uterina.

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Por vezes, ocorre o inverso: os médicos têm de provocar a menstruação em pacientes que não têm ciclo nem regras. Nestas circunstâncias, pode prescrever-se uma combinação das duas hormonas femininas, os estrogénios e a progesterona.

Por que é que o sangue menstrual não coagula?

Na maioria dos casos, o líquido menstrual não forma coágulos, já que juntamente com a matéria necrótica endometrial se liberta fibrolisina, uma enzima que dissolve os coágulos e liquidifica o sangue.

Quais são os mitos mais frequentes sobre as regras?

Geração após geração, as mães transmitiram às suas filhas inibições, traumatismos e ideias erradas a respeito da menstruação. Trata-se de uma herança do passado, devido às grandes dúvidas que então havia sobre este processo fisiológico.

Eis algumas ideias tão comuns como falsas sobre a menstruação.

A regra é suja e mal-chei- rosa -A fama de sujidade é, obviamente, subjectiva. O sangue procede do útero, que, como já se disse, ées- téril. É possível que o odor do líquido menstrual provo- que aversão, mas uma boa higiene corporal evita todos os cheiros desagradáveis.

o A regra é purificadora - A menstruação, seja ou não abundante, não elimina qualquer impureza corporal.

o Há que evitar lavar o cabelo, fazer vinho ou maionese, tocar em plantas, etc. - São recomendações sem qualquer fundamento científico, como também é a proibição de praticar certos desportos.

o É mau tomar banho durante a menstruação - Não é verdade, ainda que os médicos desaconselhem os banhos de água muito fria, já que, se não se tem o hábito, isso pode implicar a constricção dos vasos uterinos.

o A perda de sangue produz fadiga - Salvo em casos patológicos, a quantidade de sangue menstrual, que equivale ao conteúdo de um copo, é rapidamente compensada pelo organismo.

o Nada de relações sexuais durante o período - Não há qualquer razão médica contra o contacto sexual duran- te a regra. Para mais, algumas mulheres preferem realizar o acto sexual durante o ciclo menstrual, porque assim não têm medo de engravidar, enquanto outras se sentem até mais excitadas. É um assunto de livre escolha do casal. A este respeito, resta dizer que, por causa do advento da sida e de outras

doenças sexual- mente transmissíveis, é de todo recomendável que o contacto sexual se dê com protecção.

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Capítulo II

O senhor dos músculos

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O que determina o sexo do homem?

Desde o princípio do século XX, sabe-se que os indivíduos são portadores de um jogo de cromossomas sexuais XX e XY, e que as gónadas embrionárias, ou seja, as glândulas produtoras de células reprodutoras, desenvolver- se-ão em ovário e testículo, respectivamente. O que não é tão claro são os mecanismos precisos que convertem uma gónada embrionária indiferenciada numa ou noutra glândula sexual.

Existe um gene da masculinidade?

Os genetistas acreditam actualmente que um gene conhecido como "factor determinante testicular" (TDF) controla a determinação do sexo masculino.

Há uma década, duas equipas de investigadores britânicos identificaram num cromossoma Y de ratos um pedaço de ADN que poderia estar directamente implicado neste processo. Trata-se do gene sry , cujo equivalente no homem é o SRY. Nesse mesmo ano, a equipa de Peter Goodfellow, de Londres, conseguiu transformar ratos do genótipo XX (quer dizer, fêmeas) em roedores macho. Para isso, micro-injectaram fragmentos genéticos que continham os genes sry e SRYem óvulos recémfecundados. Segundo os investigadores londrinos, estes resultados confirmaram que este gene é o TDF.

Como aparece o pénis no embrião?

Os passos seguintes à diferenciação das glândulas sexuais parecem ser mais claros. Estas, por sua vez, controlam a evolução posterior dos esboços dos órgãos reprodutores. Como foi mencionado no capítulo anterior, no embrião feminino os canais de Müller (canais genitais embrionários) formam as trompas de Falópio, o útero e o terço superior da vagina.

Nos rapazes, os canais degeneram para deixar que outros esboços se diferenciem nos órgãos genitais masculinos internos: o epidídimo (a parte superior do testículo), os canais deferentes e a vesícula seminal. O desenvolvimento destas estruturas é governado pelas hormonas segregadas pelo testículo fetal. Neste, as células de Sertoli produzem a hormona anti-mülleriana, que causa a regressão dos canais de Müller.

Outro grupo de células testiculares, as de Leydig, sintetizam testosterona, hor mona responsável pela

masculinização dos órgãos sexuais externos e pela estabilização do canal wolffiano, uma das estruturas renais do embrião.

Assim, aquilo que inicialmente estava destinado a ser um clítoris aumenta de tamanho até se constituir no membro viril, isto é, o pénis.

Quais são as partes anatómicas do pénis?

Os genitais externos do homem são compostos pelo pénis, que normalmente está flácido e encolhido, e pelos testículos, alojados numa bolsa denominada "escroto".

Toda a gente sabe que o pénis é o órgão que permite a relação sexual. De forma arredondada e coberto por uma pele muito fina ruja cor vai desde o rosa ao moreno, oculta no seu centro um canal de 16 a 20 centímetros de comprimento. Trata-se da uretra, via pela qual sai a urina, já que está unida à bexiga, e o esperma, durante a ejaculação.

O pénis é constituído por três partes claramente diferenciadas: a raiz, que está ligada à parede abdominal por um ligamento suspensor, o corpo, que é a zona central, e a glande. Esta formação carnuda de pele rosada e muito sensível surge coberta por uma prega chamada "prepúcio", e é presa na sua parte inferior por urna pequena "presilha", o freio. A glande, cuja forma faz lembrar um chapéu, possui no seu extremo uma perfuração que corresponde ao orifício da uretra, o meato.

Tanto a glande como o freio possuem inúmeras terminações nervosas, pelo que se assumem como as zonas

mais sensíveis do órgão masculino.

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É verdade que parece uma esponja por dentro?

Do ponto de vista anatómico, quase todo o corpo do pénis é um órgão formado por três espaços cilíndricos de tecido esponjoso, cobertos por uma camada de membrana. Os dois maiores, que recebem o nome de "corpos cavernosos", localizam-se de ambos os lados e por cima do terceiro, o corpo esponjoso, que envolve a uretra. É este, precisamente, que no seu extremo forma o engrossamento cónico que dá forma à glande. Quando estes três espaços se enchem de sangue, o pénis aumenta de tamanho e torna-se rígido.

Quais são as dimensões do pénis?

O tamanho do pénis varia de um indivíduo para outro, tal como o tamanho das orelhas ou do nariz. Para além do mais, o aspecto deste órgão em repouso não avança nenhuma informação sobre a virilidade do seu dono, devido à sua transformação pela erecção.

Dar dimensão a um pénis médio, ou nomal, não é fácil: há poucos dados fiáveis a nível internacional sobre este tema. Num estudo levado a cabo pelo sexólogo Alfred Kinsey, o mais pequeno media 3,8 centímetros e o maior 16,5 centímetros. No entanto, existe a possibilidade de estes números estarem distorcidos, já que foram os próprios voluntários a medir o comprimento do seu membro, e bem sabemos como os homens são pouco sinceros a este respeito.

A maioria dos andrólogos considera que um pénis erecto se encontra dentro da normalidade quando apresenta um comprimento entre os oito e os 16 centímetros desde a púbis à glande, e um diâmetro entre os quatro e os nove centímetros.

Como se mede?

Para que a medição do pénis seja correcta, o indivíduo tem de permanecer deitado de barriga para cima e deve pressionar suavemente o objecto de medida contra a púbis. Convém não esquecer que também existem grandes variações no mesmo indivíduo, que dependem do seu grau de relaxamento ou da quantidade de gordura que armazena na zona púbica, já que sob esta camada gordurosa esconde-se uma boa proporção do comprimento do pénis.

Será conveniente lembrar aos homens preocupados (ou mesmo obcecados) com a dimensão do seu pénis, e para sua tranquilidade, que o membro viril parece mais pequeno quando visto de cima, e mais ainda quando se tenta observá-lo escondendo a curvatura da barriga.

Afinal, o tamanho tem ou não tem importância?

Na nossa sociedade fálica, a virilidade parece determinada pelas medidas do órgão sexual: a convicção é de que pénis grandes proporcionam grandes prazeres. Esta relação leva a que o medo de possuir um pénis de

dimensões inadequadas seja a principal fonte de ansiedade e fracasso sexual masculinos.

É erradamente que se associa a capacidade sexual ao tamanho do pénis. Deve ficar claro que o funcionamento do órgão masculino é o mesmo, independentemente das suas medidas. No entanto, tal como muitos homens se sentem atraídos por uns peitos grandes, há mulheres que acham erótico e excitante um pénis mais avantajado.

A maior parte dos sexólogos assegura que o desejo feminino não está associado às dimensões do membro masculino, mas sim a muitos outros factores, que têm mais a ver com a afectividade. Será, talvez, relevante registar que os olhares das mulheres se dirigem mais aos glúteos, aos ombros, à cara e às mãos do que ao baixo ventre. Os homossexuais masculinos, esses sim, apreciam e valorizam o tamanho do sexo do companheiro.

Finalmente, há que assinalar que a vagina é uma cavidade virtual que se adapta ao tamanho daquilo que se

introduz ou passa por ela, seja um tampão, um pénis ou a cabeça de um bebé. É por isso que as proporções

fisiológicas de um pénis, num quadro de normalidade, são irrelevantes para o prazer feminino. Aliás, a vagina é

mais sensível na entrada do que no interior, o que pode fazer supor que muitas mulheres prefiram a grossura do

pénis ao seu comprimento.

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Para que serve o escroto?

O escroto é um saco de pele fina e enrugada, ligeiramente morena e peluda, que rodeia e protege os testículos.

O escroto também actua como um sistema de controlo térmico para os testículos, já que estes precisam de estar a uma temperatura ligeiramente inferior à corporal, pois isso favorece o desenvolvimento natural de esperma.

Os músculos cremáster da parede escrotal podem relaxar-se ou contrair-se, permitindo aos testículos estarem mais afastados do corpo, para arrefecerem, ou mais próximos, para ganharem calor e protecção. Os cientistas comprovaram que, em caso de perigo, o escroto faz com que os testículos subam até encostarem ao corpo.

Como são constituídos os testículos?

Há dois, em forma de pequenos ovos, que medem cerca de cinco centímetros de comprimento e três de largura, móveis e muito sensíveis. Em geral, não têm a mesma grossura e nem sempre estão à mesma altura: o

esquerdo descai mais do que o direito, algo que não tem nada de alarmante.

Os testículos são umas verdadeiras fábricas em miniatura. Por um lado, sintetizam testosterona, a principal hormona masculina, responsável pelo aspecto viril do homem; por outro, produzem gâmetas masculinos, ou seja, espermatozóides.

Cada testículo é constituído por até 900 túbulos seminíferos em espiral, muito comprimidos, cada um com um comprimento de mais de meio metro, em cujo interior se formam, precisamente, os espermatozóides.

Como se formam os espermatozóides?

Nos fetos e nos rapazes antes da puberdade, a rede de túbulos seminíferos, que entre os dois testículos compreende um total de meio quilómetro, aparece repleta de umas células esféricas, com dois jogos de cromossomas e pouco diferenciadas, denominadas "espermatogónias”. Aos 13 ou 14 anos, graças à secreção de um conjunto de hormonas, estas células germinais começam a dividir-se, para sofrer uma série de

transformações e passar por diferentes estados de maturação: espermatócitos de primeira e de segunda ordem, espermátides e espermatozóides maduros.

Durante todo este período da espermatogénese, ou seja, da produção de esperma, que dura uns 64 dias, as espermatogónias perdem um jogo de cromossomas, para assim passarem de diplóides a haplóides, e sofrem uma espectacular metamorfose. O resultado final é o espermatozóide, composto por uma cabeça, um corpo e uma cauda.

A cabeça, para além de conter o núcleo celular com o material genético (ADN), apresenta na sua parte posterior o acrossoma. Esta espécie de chapéu contém um conjunto de enzimas (hialuronidase e substâncias

proteolíticas) que permitem à célula sexual abrir caminho através das camadas protectoras do óvulo. A cauda, que efectua um enérgico movimento de vaivém, permite ao espermatozóide mover-se nas proximidades da célula reprodutora feminina no momento da fecundação. Os cientistas pensam que os espermatozóides sobem pelo aparelho reprodutor feminino imóveis, impulsionados por mecanismos a que são totalmente alheios.

Onde se armazena o esperma?

O par de testículos de um homem jovem produz diariamente uns 120 milhões de espermatozóides. Uma vez formados, estes abandonam o testículo e percorrem as condutas que saem deste órgão. Uma pequena quantidade deles pode ficar armazenada no epidídimo, um tubo em espiral com seis metros de comprimento, que desemboca no canal deferente. Este alarga-se para formar a ampola, imediatamente antes de a conduta penetrar no corpo da glândula prostática.

A maior parte dos espermatozóides concentra-se no mencionado canal deferente, ou na sua ampola. Aí podem

ficar armazenados durante pelo menos um mês. Durante este tempo, as células espermáticas são mantidas

numa espécie de letargia, propiciada por múltipIas substâncias inibidoras segregadas pelos próprios canais.

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Não obstante, com uma actividade sexual frequente, as reservas espermáticas por vezes não duram mais do que dois ou três dias.

De que é constituído o sémen?

Antes de serem ejaculados, os esperrnatozóides são banhados em diversos líquidos, para formar o sémen. Este é composto pelo líquido e esperma do tubo deferente (10 por cento do total), pelo fluido de consistência viscosa procedente das vesículas seminais (60%), pelo líquido pouco denso e pastoso da glândula prostática (30%) e por pequenas quantidades de muco segregado pelas glândulas de Cowper, que se localizam próximo do início da uretra.

O que é o líquido seminal?

Mais de metade do sémen, como já se mencionou, compõe-se de líquido seminal. Segregado pelas vesículas seminais, trata-se de um rnaterial mucóide rico em frutose, ácido cítrico e outras substâncias nutritivas necessárias para que os espermatozóides não morram de inanição durante a sua arriscada odisseia pelo aparelho reprodutor feminino.

Cada vesícula seminal, que é composta por um tubo glandular tortuoso, abastece tarnbém o ejaculado de gran- des quantidades de fibrinogénio e prostaglandinas. Destas últirnas, os cientistas pensam que reagem com o muco cervical para o tomar mais receptivo ao movimento dos espermatozóides através do colo do útero.

Para que serve a próstata?

Presente apenas no homem, a próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, que durante a emissão do sémen liberta um líquido pastoso e esbranquiçado, que contém iões de citrato, cálcio, iões de fosfato, uma enzima coagulante e profibrinolisina.

A natureza alcalina do líquido prostático leva os cientistas a pensarem que tem um importante papel na

fecundação. É preciso não esquecer que a mucosidade da conduta é ligeiramente ácida, o que é devido sobre- tudo ao ácido cítrico que contém. Algo idêntico sucede com as secreções vaginais, que têm um pH de 3,5 a 4.

Desta forma, o líquido prostático ajudaria a neutralizar esta acidez e, por conseguinte, a facilitar a movimentação dos espermatozóides. Estes só alcançam a sua máxima mobilidade quando o pH do líquido que os banha se eleva a 6 ou 6,5.

Por outro lado, a proteína coaguladora presente no líquido abastecido pela próstata leva a que o fibrinogénio da vesícula seminal forme um débil coágulo, que mantém o sémen nas regiões profundas da vagina, onde está situado o cérvix. Esta espécie de pasta dissolve-se nos 15 ou 30 minutos seguintes à ejaculação, devido à desintegração da profibrinolisina a partir da profibrinolisina prostática. As células espermáticas tornam-se então tremendamente móveis; é o momento de iniciar a subida até ao oócito, que espera, solitário, na trompa de Falópio.

Como se produz a erecção?

Perante o desejo sexual, ou sob o efeito de diferentes estímulos, reais ou imaginários, o pénis muda completamente de aspecto: fica mais comprido, alarga, endurece. A erecção é resultado de uma complexa interacção de impulsos neurológicos, vasculares, hormonais e psicológicos.

Os estímulos de prazer recebidos pelos sentidos provocam uma reacção do cérebro. Este envia sinais nervosos pela medula espinal, ao nível das vértebras sacras S2, S3 e S4, até ao pénis. Este impulso, que é mediado pelo sistema parassimpático, leva a que as artérias se dilatem e que o sangue possa passar para o interior dos corpos cavernosos.

No estado de flacidez, a maior parte do sangue que entra no pénis fá-lo através da artéria dorsal. No entanto, a

partir do momento em que é activado o reflexo da erecção, o fluxo sanguíneo orienta-se para as artérias

cavernosas. Destas, o fluido vermelho passa às artérias helicinas, e daqui para os corpos cavernosos.

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Como se mantém a rigidez?

O preenchimento por sangue dos corpos cavernosos recebe o nome de "tumescência", que se traduz no aumento do tamanho do membro. Para o manter rígido, é necessário que funcione um segundo mecanismo vascular: a retenção de sangue nos corpos cavernosos. Ao incharem, estas estuturas comprimem as suas paredes contra uma membrana resistente que as rodeia, a chamada "túnica albugínea". Esta compressão impede a drenagem de sangue, o que confere ao pénis a dureza e rigidez da erecção.

Tecnicamente, a erecção consiste na entrada de 140 a 160 centímetros cúbicos . de sangue por minuto nos corpos cavernosos, e para a sua manutenção é necessário um fluxo sanguíneo de 40 a 60 centímetros cúbicos por minuto. O líquido vermelho fica trancado no membro, expandindo-o, endurecendo-o e proporcionando-lhe a rigidez necessária para penetrar na vagina. Para o conseguir, o pénis necessita aproximadamente de 500 gramas de força.

Em termos gerais, o pénis mantém-se erecto até completar a ejaculação. Depois do orgasmo, os centros nervosos que iniciaram o processo eréctil invertem o seu mecanismo de acção, ou seja, restringem o fluxo sanguíneo.

A que se devem as erecções matinais?

As frequentes erecções experimentadas pelos homens ao acordar não têm nada a ver com a necessidade de urinar. Tão pouco têm necessariamente relação com sonhos eróticos. As chamadas "tumescências nocturnas"

produzem-se quando o acto de acordar coincide com uma fase do sonho conhecida como "movimentos oculares rápidos" (REM, da expressão inglesa “rapid eye movement”). Nesta fase, ocorrem erecções de forma fisiológica, que têm o objectivo de oxigenar o membro viril.

Existe um equivalente masculino do ponto G?

Não se sabe. Se existir um ponto erógeno homólogo ao G feminino, então estará oculto no recto, concretamente à altura da próstata. Conhecido como ponto R, só pode ser alcançado através do ânus. Talvez por isso, no Oriente, um dos jogos sexuais mais apreciados pelo homem é que a sua parceira saiba estimular com os dedos esta glândula.

O que é a ejaculação?

Depois da erecção, e justamente no ponto mais alto da excitação sexual, tem lugar a ejaculação, que é a expulsão do esperma pelo pénis. Produz-se em três a seis sacudidelas violentas, cada uma delas fonte de um intenso prazer; o chamado "orgasmo”.

No decurso da fase orgásmica, a uretra da próstata abre-se, por um lado na bexiga e por outro no pénis. Cada uma destas aberturas está controlada por um esfíncter. Antes da emissão do sémen, estes dois músculos actuam como tampões que fecham hermeticamente a ureta prostáticaI que apenas se abre para os dois canais que transportam os espermatozóides produzidos pelos testículos e para as vesículas seminais, glândulas que proporcionam a matéria líquida e viscosa do esperma.

A uretra prostática, cheia já com três ou quatro centímetros cúbicos de sémen, sofre uma pressão considerável e abre-se para baixo, alcançando o meato, na extremidade do pénis. A força das contracções que impulsionam o esperma tem a sua razão de ser: permite depositar os espermatozóides no fundo da vagina, contra o orifício do colo.

O pénis deve estar sempre pronto a entrar em acção?

A erecção nem sempre se desencadeia em termos imediatos perante um estímulo erótico, já que o seu funcionamento é influenciado por numerosos factores relativos ao meio ambiente e ao próprio indivíduo.

Ter uma erecção significa apenas que se está a desencadear o mecanismo reflexo que normalmente, mas não

necessariamente, acompanha a excitação sexual. No entanto, é possível ter uma erecção sem estímulo erótico.

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O inverso também é verdade: o membro pode manter-se flácido ou perder a sua rigidez durante o encontro sexual.

A falta de erecção não significa que o homem careça de desejo sexual, que não esteja a sentir prazer sexual, que não esteja sexualmente excitado ou que a companhia não lhe seja agradável.

Estes são alguns dos mitos mais frequentes a respeito da erecção. Infelizmente, não são os únicos, como pode constatar-se na seguinte lista de falsas afirmações a propósito do assunto, que continuam a ouvir-se e ler-se com demasiada frequência:

o A satisfação feminina depende apenas do tamanho do pénis.

o A erecção é sinónimo de virilidade.

o Depois da ejaculação, o pénis não deve perder a rigidez.

o Os afrodisíacos aumentam o desejo sexual e, portanto, a potência da erecção.

o Atrás de um pessoa com disfunção eréctil há um assomo de homossexualidade.

o Com o passar dos anos, ganha-se poder de erecção.

o Os períodos de abstinência sexual produzem maiores erecções.

o A masturbação deforma o pénis.

o Os homens bem dotados e com boas erecções não podem ser estéreis.

o A mulher inveja o pénis masculino.

o Os negros têm um pénis maior.

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Capítulo III

Aula de alquimia

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Que importância tem o sexo na vida humana?

Disse Marvin Harris, em A Nossa Espécie (Our Kind), que "o sexo figura entre as principais motivações da acção humana e das forças selectivas da evolução cultural; tal como a fome, o sexo é simultaneamente uma pulsão e um apetite".

Não há dúvida de que o ser humano foi evoluindo morfológica e fisiologicamente até se converter num animal preferencialmente sexual. Ao contrário de outros primatas, grupo a que pertencemos, a raça humana não entra em "hibernação", o que significa que em nenhum momento deixa de estar sexualmente receptiva, pelo menos durante a maior parte da sua vida. Para além do mais, a sua actividade erótica não desaparece durante a gravidez e, após o parto, reaviva a sua vida sexual muito mais rapidamente do que qualquer outro primata. A sexualidade da mulher (e, portanto, a do homem) não está condicionada à ovulação.

Seguindo esta linha comparativa, nenhum dos nossos parentes evolutivos investe tanto tempo como o ser humano nos preparativos para a cópula e o acto sexual. Uma espécie de pequenos macacos realiza durante o coito uma média de 17 movimentos pélvicos em 22 segundos, com uns dez segundos prévios para o ajuste corporal. Os chimpanzés também não andam longe deste record: o macho efectua quatro a oito movimentos de ancas em sete ou oito segundos. No entanto, o primata humano dedica em média uns dez minutos a excitar o seu companheiro, mais um tempo similar para completar a cópula. Estes 20 ou 30 minutos são normalmente necessários para que a mulher atinja o clímax, ainda que o homem possa ejacular em poucos segundos, como acontece com os machos de outros primatas.

Por fim, no ser humano o sexo não é um mero instrumento para perpetuar a espécie, antes cumprindo uma primordial função social. A sexualidade é uma realidade que impregna a vida quotidiana; numerosos gestos comuns, conscientes ou inconscientes, têm uma finalidade erótica. No reino animal, "o sexo não se procura enfaticamente apenas como diversão, e raramente está separado da sua função de fertilização", explica Jerad M.

Diamond, no livro Porque é Divertido o Sexo? (Why Is Sex Fun? - The Evalution of Human Sexuality). Ainda que o autor anote que esta generalização admite excepções: o sexo está notariamente separado da reprodução em algumas outras espécies, como o chimpanzé pigmeu e os golfinhos.

Resumindo: o ser humano, independentemente da sua condição sexual, passa grande parte da sua existência a pensar em sexo, e a praticá-lo quando pode.

Onde nasce o desejo sexual?

Em 1986, o médico Gilbert Tordjman escreveu, na sua obra Le Plaisir au Feminin, uma definição bastante clara do desejo sexual. Nas suas páginas, pode ler-se que a líbido, ou apetite sexual, é "uma força propulsora, uma energia, um impulso de concupiscência, uma pulsação que empurra para a busca do prazer erótico".

A indiscutível riqueza da sexualidade humana nasce no cérebro. Se ao homem fosse retirado o córtex, uma fina folha de tecido neuronal exclusiva dos mamíferos e muito desenvolvida na nossa espécie, o seu comportamento sexual não seria muito diferente do de uma rã ou uma lagartixa, por exemplo.

As emoções mais arcaicas do sexo, ou seja, o interesse e a excitação sexual básica, são gerados no diencéfalo, ou cérebro primitivo, comum a todos os mamíferos, graças a uma estrutura conhecida como "amígdala". Por outro lado, as sensações de prazer e a inibição da conduta erótica são manejados pelo sistema límbico, um anel de elementos cerebrais inter-relacionados em volta do bolbo olfactivo, o órgão que processa os estímulos procedentes do olfacto.

Porém, são os três milímetros de espessura do córtex que conferem uma nova dimensão à sexualidade humana.

Razão, fantasia, emoção e aprendizagem misturam-se para dar lugar às peculiaridades do sexo humano,

capazes de pulverizar a sua parte mais arcaica.

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A química do amor tem alguma realidade?

Ninguém põe em dúvida o destacado papel desempenhado pelo estado psico-afectivo, pelo meio e pelos diversos estímulos no apetite sexual.

No entanto, poucos sabem que as nossas paixões eróticas estão à mercê de um punhado de hormonas sexuais e de umas substâncias químicas libertadas pelos neurónios, chamadas "neurotransmissores". De facto, o nosso cérebro, constantemente banhado por bátegas de hormonas sexuais, juntamente com os órgãos genitais, condiciona os desejos eróticos, a capacidade para seduzir e ser estimulado, a resposta sexual, a satisfação e, até, a fidelidade ao par. Neste sentido, os cientistas comprovaram que o grau de fidelidade entre uma

determinada espécie de roedores está condicionado pelos níveis corporais de pelo menos duas substâncias: a vasopresina e a oxitocina.

No homem e na mulher, a substância biológica mais determinante para a líbido é a testosterona, hormona masculina segregada pelos testículos, os ovários e as glândulas supra-renais. Os efeitos da testosterona no apetite sexual estão cientificamente demonstrados. Por exemplo, a persistência do desejo sexual na mulher após a menopausa, com os ovários já inactivos, só se explica pela acção das glândulas supra-renais. Por outro lado, a redução de testosterona sanguínea, provocada por um desequilíbrio hormonal ou por um tratamento médico, leva a que a pessoa perca o interesse pelo sexo. Tanto é assim que a administração de testosterona amplia de forma espectacular o desejo erótico. O estradiol é outra hormona que, em caso de perda, afecta negativamente o apetite sexual da mulher.

Por último, um par de neurotransmissores desempenha um papel nada desdenhável no comportamento erótico:

a serotonina e a dopamina. Esta última é a responsável pela activação de qualquer acção positiva, ou seja, a motivação. É por isso que é indispensável para a paixão sexual, como ficou patente em diversas experiências clínicas. Uma equipa de investigadores canadianos demonstrou que a administração de apomorfina, substância que imita a acção da dopamina e aumenta o número de coitos em roedores, provoca no homem erecçães espontâneas. A serotonina, no entanto, poderia intervir para inibir a conduta sexual, uma vez saciado o desejo.

Qual o papel das feromonas na nossa sexualidade?

Desde há algum tempo, os zoólogos sabem que numerosas espécies, desde insectos a primatas superiores, produzem feromonas. Trata-se de substâncias químicas de natureza volátil libertadas pelos animais em períodos de fertilidade, para provocar uma resposta comportamental reprodutora no sexo oposto. A fêmea da mariposa- do-atlas, por exemplo, emite quantidades ínfimas de feromonas, que podem ser detectadas por um macho a oito quilómetros de distância.

Nos mamíferos, as feromonas soltam-se geralmente com o suor, e o facto de serem inodoras nada tem a ver com a sua tremenda capacidade para excitar o seu destinatário.

Em 1985, vários neurobiólogos demonstraram que os insectos e alguns anfíbios, tal como a maioria dos reptéis e mamíferos, possuem um órgão dedicado à captação destes sinais amorosos. Trata-se do órgão vomeronasal (OVN), estrutura que costuma localizar-se no nariz, mas que, diga-se de passagem, não pertence ao sistema olfactivo. Os cientistas questionaram-se então se esta espécie de sexto sentido também estaria presente no ser humano.

Em 1703, um cirurgião alemão descobriu em ambas as fossas nasais uma pequena depressão, que se prolongava por um tubo de dois a sete milímetros de comprimento. Os seus colegas não demoraram a afirmar que se tratava de um vestígio evolutivo do OVN, considerado então como um órgão acessório do olfacto, desenvolvido em alguns mamíferos, como os roedores.

Nos finais do século passado, vários grupos de cientistas analisaram em profundidade esta estrutura em

diferentes grupos de voluntários e chegaram à conclusão de que este órgão vomeronasal que se aloja nos

nossos narizes poderia actuar de forma subconsciente na atracção sexual. No entanto, muitos cientistas duvidam

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que o OVN humano seja na realidade um sexto sentido, já que até à data não foi possível demonstrar uma clara ligação nervosa entre esta estrutura e o cérebro.

O que são as zonas erógenas?

O prazer sexual não se limita ao clítoris, nas mulheres, e ao pénis, nos homens. A geografia corporal humana é, literalmente, semeada de pontos que despertam sensações voluptuosas sob uma simples carícia.

A delicada sensibilidade da pele é determinada pelos mais de 80 mil nervos ultrasensíveis e pelos 650 mil um pouco menos perceptíveis que estão ligados às camadas internas do corpo humano. Porém, estes interruptores do prazer não aparecem distribuídos de forma aleatória na pele, antes se concentram nas chamadas "zonas erógenas". Com este termo, criado por ele, o psicanalista Sigmund Freud quis assinalar que o prazer não se limita aos órgãos genitais, mas que também é perceptível noutras regiões da anatomia humana, desde as orelhas ao dedo grande do pé.

Para os sexólogos, uma zona erógena é uma porção de pele rica num tipo de receptores sensitivos, os corpúsculos de Krauser-Finger. Estes encontram-se distribuídos por todo o corpo, mas concentram-se precisarnente no clítoris e na glande do pénis.

Quais são os principais pontos erógenos na mulher?

Uma importante fonte de conflitos num casal é a ignorância que ambas as partes possam ter sobre as zonas sexualmente mais excitáveis do companheiro.

Quase todos os estudos coincidem em afirmar que a mulher costuma desfrutar mais do erotismo corporal do que o homem. Este normalmente explora as regiões erógenas mais conhecidas, que agilizam a chegada ao

orgasmo, como o clítoris, enquanto a mulher prefere entreter-se e desfrutar de carícias noutras zonas, não menos ardentes.

Eis os dez pontos corporais que mais prazer dão ao sexo feminino, segundo os especialistas, e pela ordem considerada mais vulgar:

1 - Clítoris.

2 - Grandes e pequenos lábios da vulva.

3 - Vagina.

4 - Períneo.

5 - Monte de Vénus.

6 - Glúteos e músculos.

7 - Mamilos.

8 - Ancas.

9 - Músculo central da nuca e pescoço (atrás e por baixo das orelhas).

10 - Costas (na região entre a coluna vertebral e as omoplatas).

Quais são as zonas erógenas masculinas?

A dezena de interruptores que ligam a paixão masculina são, por ordem de excitação, os seguintes:

1 - Pénis, sobretudo a parte inferior e a glande.

2 - Testículos.

3 - Períneo.

4 - Ânus.

5 - Próstata (só pode estimular-se através do ânus).

6 - Língua.

7 - Umbigo.

8 - Músculos da metade inferior das costas.

9 - Mamilos.

10 - Músculo central da nuca.

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O que sucede quando nos excitamos?

Tanto num como no outro sexo, a resposta sexual dá- se de acordo com uma série de mudanças fisiológicas que acontecem quando a pessoa recebe os estímulos que o seu cérebro qualifica como eróticos.

Desta forma, dá-se rédea solta à primeira fase do encontra erótico, o desejo. Pela mão deste chega a excitação sexual que, para além de ocasionar o estímulo da aproximação, do toque, do beijo e da carícia, proporciona uma série de alterações corporais. Pouco a pouco, estas vão-se acentuando, até deixarem a pessoa às portas do orgasmo.

A seguir, detalham-se as principais transformações fisiológicas experimentadas pelo homem e pela mulher.

Todas estas modificações são fenómenos reflexos, ou seja, involuntários, e acontecem durante a excitação, quer esta seja manual, coital ou oral.

Na mulher:

o Aparece o caracteristico rubor sexual, um avermelhamento da pele que cobre o estômago e a parte superior do abdómen.

o Entre dez e trinta segundos após o estímulo erótico, surge um líquido que humedece e lubrifica as paredes vaginais.

o O clítoris dilata-se e fica avermelhado e erecto.

o Os seios incham; os mamilos endurecem e alargam, e a auréola pigmentada escurece ainda mais.

o A vagina alarga-se na entrada e amplia-se em profundidade, até aos dez centímetros.

o Os lábios menores, cheios de sangue, dilatam-se e adquirem uma tonalidade mais escura.

No homem:

o A vasocongestão provoca a erecção do pénis.

o A coroa da glande adquire uma cor vermelho-violácea e os testículos sobem.

o As glândulas uretrais e bulbo-uretrais segregam muco, que flui através da uretra durante a cópula e ajuda à lubrificação durante o coito.

Na mulher e no homem:

O ritmo cardíaco acelera-se. O número de pulsações, que normalmente é de 70 a 80 por minuto, dispara até às 110 ou 120.

A pressão arterial sistólica, que começa aproximadamente a 120 mm, eleva-se até aos 250 mm.

As pupilas, os lábios, o nariz e os lóbulos das orelhas dilatam-se de forma apelativa.

A respiração torna-se cada vez mais ofegante; passa-se de 14 para 30 inspirações por minuto.

Por que doem os testículos durante a excitação?

Nesta fase, o escroto eleva-se e empurra os testículos até à parte externa do abdómen. Se a excitação se prolonga durante muito tempo, a pressão pode provocar o aparecimento de pequenas dores na zona testicular.

O que é o orgasmo?

O ponto alto do prazer sexual é acompanhado de sensações fortes e violentas, que literalmente electrocutam o corpo e a mente, até ao extremo de chegarem a provocar breves perdas de consciência. Não é de estranhar, portanto, que algumas pessoas se refiram a este momento de prazer como "la petite morte”.

Para um fisiólogo, o orgasmo é apenas a descarga explosiva da tensão sexual, que se produz numa série de

contracções rítmicas de determinados músculos, em concreto de três a 15 em cada 0,8 segundos. O número de

contracções ou palpitações é que dá valor qualitativo e quantitativo à experiência orgásmica: quanto mais

numerosas são, mais intensa é a satisfação do coito.

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Homens e mulheres vivem-no da mesma forma?

Não é fácil explicar o que se sente no orgasmo, já que é uma experiência subjectiva cuja qualidade varia de pessoa para pessoa. As mu Iheres entrevistadas por Master e Johnson, assim como por outros sexólogos, des- crevem todas mais ou menos o mesmo: em primeiro lugar, uma repentina consciência da sensualidade

localizada na região do clítoris, que irradia até mais acima, à pélvis; depois, uma sensação de calor intenso que invade a pélvis menor e que pode atravessar todo o corpo; por fim, palpitações produzidas por contracçães involuntárias dos chamados "músculos perivaginais", ou seja, os esfíncteres anal e vaginal.

O homem sente o orgasmo de forma distinta, já que a grande explosão é acompanhada pela ejaculação. De facto, os urologistas consideram que a emissão e a ejaculação são o culminar do acto sexual masculino. Na realidade, a ejaculação e o orgasmo são, do ponto de vista neurológico, contraditórios. Para começar; pertencem a dois sistemas nervosos diferentes. Para explicar de uma forma simples, pode dizer-se que a ejaculação é controlada pelo simpático, e o orgasmo pelo sistema nervoso parassimpático. Nor malmente, estes sistemas não actuam em uníssono, já que a actividade de um inibe a do outro. No entanto, no caso da ejaculação e do

orgasmo, aliam-se para dar prazer ao homem.

O orgasmo feminino é vaginal ou clitoridiano?

Foi Sigmund Freud quem lançou a dúvida. Para o pai da psicanálise, há dois tipos de orgasmos: o clitoridiano, que se consegue mediante a masturbação ou a manipulação do clítoris; e o vaginal, que surge durante o coito.

A doutrina freudiana provocou desnecessários sentimentos de inadequação sexual em três gerações de

mulheres. Master e Johnson demonstraram mais tarde que só existe um orgasmo feminino, cujo ponto de partida é o clítoris, e que se propaga progressivamente para a pequena pélvis e, depois, para o corpo todo. Não há orgasmo vaginal propriamente dito, já que a mucosa vaginal é muito pobre em terminações nervosas.

Qual é a diferença entre os orgasmos feminino e masculino?

Como já foi adiantado, o sexo masculino relaciona a ejaculação com o clímax, apesar de serem duas coisas bem distintas. Prova disto é que alguns homens têm orgasmos sem ejacular, enquanto outros ejaculam sem sentirem o prazer orgásmico. Apesar das suasnumerosas parecenças, os clímaxes masculino e feminino revelam algumas diferenças significativas:

o A mulher é capaz de ter orgasmos múltiplos, enquanto o homem, devido ao período de inacção mais ou menos longo por que passa a seguir ao clímax, não pode experimentar esta sensação. Porém, apesar de o orgasmo masculino poder considerar- se como um reflexo automático, no sentido em que, se se aperta o botão adequado, obtém-se a resposta desejada, William Hartmann, do Centro de Problemas Maritais e Sexuais, na Califórnia, considera que pelo menos 12 por cento dos homens poderiam sentir orgasmos múltiplos se conseguissem controlar a sua urgência ejaculadora. Entre 1970 e 1988, Hartmann monitorizou no seu laboratório os orgasmos de 469 mulheres e 289 homens voluntários. O maior número de clímaxes registados por este sexólogo foi de 134 numa hora para uma mulher e de 16 para um homem. Resta acrescentar que alguns homens .recorrem a certos truques para terem orgasmos múltiplos, como a pressão perineal e o coito interrompido, e às chamadas "técnicas tântricas” para atrasar o orgasmo ou experimentá-Io sem chegar a ejacular.

o Geralmente, o homem demora menos tempo para alcançar o orgasmo, mas a duração deste é menor do que o da sua companheira. De facto, a mulher necessita geralmente de um período de excitação mais prolongado do que o seu compa-heiro, mas o seu prazer pode durar mais tempo.

o A maioria dos sexólogos coincide em afirmar que a riqueza e a variedade do clímax feminino não tem

paralelo com a experiência orgásmica masculina, que nor malmente é muito mais precipitada e

monótona.

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O homem pode urinar durante a erecção?

Algumas mulheres temem que isto possa suceder, mas, na idade adulta, é impossível. A explicação está num músculo especial, concretamente um esfíncteI; que bloqueia a emissão de urina enquanto o pénis está erecto.

Só os bebés são capazes de tal façanha, como seguramente muitos pais já tiveram ocasião de verificar.

A ejaculação feminina existe?

Hipócrates afirmava que a mulher; tal como o seu companheiro evolutivo, transportava um sémen que, juntamente com o masculino, dava lugar ao feto. esta crença persistiu até ao século XVII. Mais recentemente, Master e Johnson negaram a existência da ejaculação feminina, dando-a como um mito que provinha de uma interpretação masculina e masculinizante da sexualidade feminina.

No entanto, os estudos levados a cabo em 1982 pelos psico-sexólogos norte-americanos Beverly Whipple e John D. Perry parecem indicar que entre 30 e 55 por cento das mulheres libertam de um jacto, pela uretra, durante o orgasmo, uns 150 mililitros de líquido. Em alguns casos, chegou a recolher-se um quarto de litro. A análise revelou que o ejaculado emitido pelas chamadas "mulheres fonte" não era nem urina, nem uma secreção das glândulas cervicais, nem suor vaginal, mas sim um fluido inodoro e incolor, rico em fosfatase ácida

prostática, ureia, creatinina e glucose. curiosamente, trata-se de uma composição parecida com a do sémen, mas sem o componente celulaI: Crê-se que este estranho fluido é fabricado pelas glândulas periuretrais, situadas na parede frontal da vagina, precisamente na zona do ponto G.

Há alguma forma de evitar a dor e o sangue no primeiro coito?

Se a abertura do hímen permite a passagem do pénis sem oferecer resistência, a mulher não tem por que sangrar na primeira relação sexual. Se o orifício é estreito, a penetração pode provocar pequenas lacerações no hímen, o que dá lugar a uma leve hemorragia, que desaparece ao fim de uns minutos. No caso excepcional de o sangramento ser muito abundante, basta colocar um lenço dobrado como uma bola à entrada da vagina por alguns instantes.

Quanto à dor, a sua presença ou não depende de dois factores: o estado do hímen e a experiência do companheiro. Uma penetração rápida provocará com toda a certeza incómodos à mulher, coisa que pode ser evitada se se dedicar algum tempo a despertar o seu desejo sexual; quanto mais intenso este for, mais ténue será a sensação dolorosa.

Para evitar sobressaltos desnecessários, os sexólogos recomendam que, antes de decidirem ter o primeiro contacto, as jovens explorem o seu órgão sexual, para conhecerem o tamanho do seu orifício vaginal. Isto faz-se introduzindo na vagina os dedos indicador e anelar ligeiramente separados. Se esta manobra for impossível ou dolorosa, nada como tomar nota do seguinte remédio caseiro: a mulher deve meter-se dentro de um banho de água quente e, com calma, tentar dilatar o tamanho da vagina.

Que forma adquire o pénis dentro da vagina?

As modernas técnicas de imagiologia médica estão a permitir aos sexólogos conhecer como se comportam o pénis e a vagina durante a penetração. Em finais de 1999, o professor Willibrord Weijmar Schulz e os seus colegas do Hospital Universitário de Groningen, na Holanda, convidaram oito casais para fazerem amor num sofisticado aparelho de ressonância magnética nuclear; com o propósito de obterem imagens dos órgãos genitais durante o acto.

As imagens obtidas provocaram um rombo em algumas crenças estabelecidas até então sobre a anatomia do

coito. Por exemplo, os investigadores holandeses descobriram que o pénis, na clássica posição do missionário,

não adopta, como se dizia, uma forma de S, antes faz lembrar um boomerang. Weijmar também descobriu que o

extremo do pénis pode chegar a dobrar-se 120 graus, até ficar paralelo à coluna vertebral da mulher.

Referências

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