AVALIAÇÃO DE PRODUÇÃO, INCIDÊNCIA DE FERRUGEM E CERCÓSPORA EM POPULAÇÃO F2 DE Coffea arabica SUBMETIDAS À SELEÇÃO RECORRENTE
G.A.Souza ‐ Mestranda em Fisiologia Vegetal‐UFLA; A. Madeira ‐ Engenheira Agrônoma ‐ Epamig;
M.G.Ferreira ‐ Mestrando em Fisiologia Vegetal‐UFLA;, F. Cerqueira ‐ Mestrando em Fitotecnia ‐ UFLA; J.L.
Machado ‐ Graduanda em Agronomia (6° período) Departamento de Agricultura – Setor de Cafeicultura UFLA‐ janaine‐lopes@hotmail.com; S.P. de Carvalho‐Professor Departamento de Fitotecnia ‐ UFLA
O cafeeiro é uma planta perene, pertencente à família Rubiaceae e ao gênero Coffea.
Dentre as espécies conhecidas somente duas são exploradas comercialmente, Coffea arabica L., e Coffea canephora Pierre ex froehne, seus produtos são designados como café arábica e café robusta, respresentam cerca de 70 % e 30 % do mercado internacional, respectivamente (Fazuoli, 1986), as cultivares arábica apresentam qualidade de bebida superior à de robusta. O sucesso da cultura do café deve‐se, em parte, ao trabalho de melhoramento genético dessa cultura. As cultivares atualmente utilizadas comercialmente produzem cerca de quatro a cinco vezes mais do que a primeira cultivar, introduzida no país, de acordo com experimentos realizados comparando‐a com as cultivares Mundo Novo e Catuaí Amarelo (Matiello 2005), sendo o Brasil o país com maior número de pesquisas relacionadas ao melhoramento do café, contando com várias empresas de pesquisa. Grande parte da produção brasileira provém das cultivares Mundo Novo e Catuaí, suscetíveis à ferrugem alaranjada do cafeeiro, causada pelo fungo Hemileia vastratrix Berk. Et Br. Essa doença é considerada o principal problema fitossanitário da cultura e ocorre em quase todas as lavouras do país e pode ocasionar redução de até 50% da produção, em regiões com condições climáticas favoráveis e na ausência de medidas de controle (Zambolim et al. 1999). Como medida de controle mais utilizada tem‐se os produtos químicos, que embora eficientes oneram em muito o custo de produção, além de riscos a saúde a ao meio ambiente. Por essa razão buscam‐se atualmente métodos alternativos para controle da ferrugem. O café também sofre com a presença da cercosporiose, conhecida como mancha‐de‐
olho pardo, causada pelo fungo Cercospora coffeicola Berk & Cooke, esta doença assim como a ferrugem ocorre em todas as regiões cafeicultoras brasileiras (Godoy et al, 1995). Neste trabalho tem‐se a pretensão de identificar diferentes indivíduos dentre a população de Coffea arábica, que apresentem superioridade em relação à produtividade e menor sensibilidade à incidência de ferrugem e a cercóspora.
Foram Avaliadas 42 progênies de Coffea arábica L., plantadas em dezembro de 2002, na área experimental do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras. A metodologia aplicada é uma adaptação do modelo de seleção recorrente para cafeeiro proposta por Ramalho (1999). A população inicial foi obtida a partir de cinco grupos de genitores. Sendo quatro Catuaí (LCH‐2077‐2‐5‐02, LCH‐2077‐2‐5‐10, LCH‐2077‐2‐5‐17, LCH‐2077‐2‐5‐62, LCH‐
2077‐2‐5‐99), Icatú (MG‐3282, MG‐4040, MG‐4042, MG‐2942, MG‐2944, MG‐4040‐179, MG‐
4042‐222), Topázio MG‐5002 e Rubi MG‐1192, foram cruzadas seguindo esquema de um dialelo, no qual cada parental foi cruzado duas vezes. A cultivar Acaiá LCP‐474‐19 foi cruzada em outro dialelo com Catuaí (LCH‐2077‐2‐5‐17, LCH‐2077‐2‐5‐62, LCH‐2077‐2‐5‐62‐99), e com Rubi MG‐
1192. Foram obtidas 40 populações, e acrescentadas as cultivares testemunhas para a seleção das famílias dentro de cada população selecionada ( Catuaí vermelho LCH‐2077‐2‐5‐15, LCH‐
2027‐2‐5‐44, LCH‐2077‐2‐5‐144, LCH‐2077‐2‐5‐99, Mundo Novo LCP‐379‐19, LCP‐388‐17, Acaiá LCP‐474‐19, Icatu MG‐3282, MG‐2942, MG‐2944 e Rubi MG‐1192). A hibridação artificial entre estes materiais foi realizada em 1997 e as sementes F1 obtidas foram utilizadas para a formação das mudas, no viveiro de café do setor de cafeicultura da UFLA. As mudas obtidas foram plantadas em campo experimental do Departamento de Agricultura‐ Setor de Cafeicultura, da UFLA, em Lavras, Minas Gerais. Os híbridos foram plantados no campo em linha com espaçamento de 2,0m x 0,7m. A área apresenta solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, textura média com relevo levemente ondulado. A calagem, as adubações de solo e foliares estão sendo feitas de acordo com a 5° aproximação da CFSM. As sementes F2 foram coletadas em 2001 e a produção das mudas e seu plantio foram realizados em 2002, no Campus da Universidade, em parcelas com 25 plantas de cada material com quatro repetições, usando espaçamento de 2,0m x 0,5m. Em relação à produção, esta foi coletada e pesada, os dados transformados em produção em sacas/ha, em 2005 e 2006. Para avaliação de ferrugem foram coletadas 10 folhas por planta do terceiro ou quarto par, sendo cinco de cada lado da linha e no terço médio das plantas, totalizando 40 folhas. A incidência foi estimada pela contagem do número de folhas com sintomas da doença dividindo‐se pelo número total de folhas da amostra.
Para a cercóspora foi avaliada apenas presença e ausência em cada repetição. O delineamento experimental foi de blocos casualizados.
Resultados e conclusões
Estatisticamente pode‐se verificar que em relação à produção o tratamento 42 não diferiu dos tratamentos 40; 41; 39; 13; 3 e 35, mas foi inferior aos demais tratamentos. Não houve, em geral, diferença estatística entre a maioria dos tratamentos em relação à produção, mas nota‐se visualmente diferença na quantidade de sacas produzidas por hectare, sendo necessária a utilização dos dados de incidência de ferrugem e cercóspora para a identificação das plantas com as características desejadas. Na avaliação da incidência de ferrugem, esta foi menor nas cultivares 1; 12; 40 e 42 e maior nas cultivares 11; 9; 19 e 20. Para cercóspora as cultivares que apresentaram maior ocorrência foram 24; 40 e 8 e 35. Confrontando os dados de produção, incidência de ferrugem e cercóspora pode‐se identificar as plantas de maior potencial em relação as características avaliadas para sua permanência no programa de seleção, sendo as mais promissoras as cultivares 4; 6; 7; 8; 9; 12; 14; 18; 19; 21; 23; 25; 27; 32 e 37. Como resultado foi possível concluir que outros trabalhos buscando confirmar a escolha das plantas aqui consideradas mais promissoras são necessários, ressaltando ainda que para a incidência de
ferrugem e cercóspora foi encontrada uma variabilidade nos dados obtidos, o que possibilita a identificação e uma posterior seleção de plantas mais resistentes à essas doenças.