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III SIMPÓSIO NACIONAL DE EMPREENDEDORISMO SOCIAL ENACTUS BRASIL

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Academic year: 2022

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O INCENTIVO DO ESTADO NA FORMALIZAÇÃO DO MICROEMPREENDEDOR:

ANÁLISE DOS EFEITOS DA LEI COMPLEMENTAR Nº 128/2008

Bruno Maia Ferreira1 2 – Políticas públicas e empreendedorismo social 5 – Empreendedorismo e desenvolvimento social

Resumo

O presente artigo tem a proposta de analisar o papel do Estado no incentivo ao microempreendedor, fazendo uma análise da Lei Complementar nº 128/2008 responsável pela implementação da personalidade jurídica do MEI (Microempreendedor Individual), compreendendo os benefícios e obrigações do empresário, como também qual o processo de formação. Para isso será levantado referencial teórico do papel do Estado frente demandas da sociedade e a responsabilidade constitucional dele no tocante ao tema. Também serão considerados dados para observar a receptividade da nova figura jurídica pela sociedade civil, além de utilizar de estudos regionais de constituições de MEI’s e de seus efeitos.

Palavras-chave: microempreendedor, MEI, Estado, formalização, benefícios.

Abstract

This article has the proposal to analyze the role of the State in the incentive to microentrepreneur analyzing Law n° 128/2008 responsible for implementing the legal personality of the MEI (Individual Microentrepreneur), understanding the benefits and obligations of the entrepreneur, as well as what is the training process. To this end, a theoretical reference will be made to the paper of the State in the face of societys demands and its constitutional responsibility for the subject. It will also be considered data to observe the receptivity of the new legal figure by civil society, as well as using regional studies of the implementation of the MEI and it effects.

Key-words: microentrepreneur, MEI, State, formalzation, benefits.

Graduando em Direito, Universidade Federal Do Pará - UFPA (brunomaiaf12@gmail.com).1

INTRODUÇÃO

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A relevância do tema proposto reside na própria finalidade do Estado Democrático de Direito, que, de acordo com Streck e Morais (2014), é a busca pela efetiva transformação do status quo da sociedade para uma situação de mais igualdade e de possibilidades de desenvolvimento pessoal.

Papel importante na evolução da sociedade é ocupado pela atividade empreendedora.

Pois, de acordo com as considerações de Baggio e Baggio (2015), não é possível uma evolução na economia de um Estado sem que em suas bases existam condições para atuação dos empreendedores, já que são eles os responsáveis pela criação de produtos e oferecimento de serviços, além da geração de emprego e giro de capital.

Nesse cenário, o estudo de como acontece o fomento ao empreendedor é crucial para analisar se o Estado cumpre efetivamente seu fim. O artigo em questão visa fazer uma análise da legislação que instituiu a Personalidade Jurídica do Microempreendedor Individual (MEI) e quais foram as consequências dela, fazendo um levantamento de teórico e de estudos de casos.

POLÍTICAS PÚBLICAS E EMPREENDEDORISMO

Bobbio (1992) afirma que a governabilidade do chefe de governo depende do atendimento das reivindicações da sociedade civil. Nesse sentido, a população, de acordo com as suas necessidades, forma as demandas do Estado (input), que devem responder por meio de atos estatais (output). Posto isto, como política pública é o “Estado em ação” (GOBERT, MULLER, 1987 apud HÖFLING et al 2001), é por meio dela que o Estado deve responder às demandas que lhe são impostas.

Sob esse prisma, tem-se que a população possui uma demanda: condições para conquistar sua independência financeira. Logo, o Estado tem o dever de buscar modos para facilitar que a sociedade consiga sua fonte de renda. É nesse cenário que se observa a tentativa de uma formalização do pequeno empresário por meio da criação da figura do Microempresário individual (MEI), com ela objetiva-se efetivar uma política pública para essa classe, visando uma melhor condição da mesma, melhorando sua posição dentro do mercado competitivo e consequente crescimento do lucro.

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É fundamental destacar o que o texto Constitucional diz a respeito da empresa de pequeno porte, observável no Capítulo I - Dos Princípios Gerais Da Atividade Econômica da Constituição Federal de 1988:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País.

Portanto, verifica-se que a obrigação do Estado frente a demanda de políticas públicas de auxílio ao microempreendedor é de caráter Constitucional vinculada ao princípio da Justiça Social.

LEGISLAÇÃO E BENEFÍCIOS

A Lei Complementar nº 123/2006 - Lei Geral da Micro e Pequena Empresa - estabelece as normas de tratamento diferenciado para Micro e Pequena Empresa, todavia a regulamentação do MEI só se deu com a Lei Complementar n°128/2008 ao adicionar ao corpo daquela legislação o artigos referentes a tal Personalidade Jurídica.

A Portaria CGSIM nº 16/2009 traz consigo os requisitos para caracterização do empresário compatível com a personalidade jurídica em questão:

Art. 2º Considera-se Microempreendedor Individual o empresário a que se refere o art. 966 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que atenda cumulativamente às seguintes condições:

I - tenha auferido receita bruta conforme estabelecido nos §§ 1º ou 2º do art. 18-A da Lei Complementar nº 123, de 2006;

II - seja optante pelo Simples Nacional;

III - exerça tão somente atividades permitidas para o Microempreendedor Individual conforme Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional;

IV - não possua mais de um estabelecimento;

V - não participe de outra empresa como titular, sócio ou administrador;

VI - possua até um empregado que receba exclusivamente um salário mínimo ou o piso salarial da categoria profissional.

Cabe destacar que o montante referido no inciso I é 60.000,00 reais. Tendo isso em vista, o processo de regularização da MEI é simplificado. O doutrinador Chagas (2017) destaca que a formalização da MEI é desburocratizada e digna de elogios. O procedimento é gratuito e feito todo via internet no endereço eletrônico do site do Portal do Empreendedor, em um único ato é obtido: CNPJ, inscrição na Junta Comercial, no INSS, e Alvará provisório de Funcionamento gerando um documento único chamado de Certificado de Condição de Microempreendedor Individual – CCMEI. Destaca-se a compatibilidade, durante todo esse

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procedimento, ao Princípio da Eficiência consagrado na Constituição Federal no seu Capítulo VII - Da Administração Pública, Art. 37, visto que além da simplicidade do registro, o endereço eletrônico fornece cursos e tira dúvidas sobre direitos, obrigações e exigências do MEI.

Dessa forma, o empresário, antes informal, já é capaz de usufruir dos benefícios da regularização, tais como: ter CNPJ, estar habilitado a participar de licitação, ter acesso a serviços bancários, poder emitir nota fiscal, apoio técnico do SEBRAE e tributos reduzido.

Quanto ao último benefício citado, ele é ao mesmo tempo a obrigação do microempreendedor. Ou seja, o pagamento do DAS – Documento de Arrecadação do Simples Nacional - é o dever para manutenção dos seus direitos, a taxa é fixa, permitindo o controle de gastos do empresário, seguindo o seguinte padrão: 5% do salário mínimo vigente + 5R$ de ISS, se atividade for serviço ou 1R$ de ICMS, se for comércio ou indústria.

EVOLUÇÃO E CENÁRIO ATUAL

No período entre a Lei Complementar 128/2009 começar a vigorar até o fim de 2017, observa-se um crescimento exponencial do número de MEI, conforme exposto na tabela abaixo produzida de acordo com os dados estatísticos disponibilizados no Portal do empreendedorismo.

Fonte: adaptado de http://www.portaldoempreendedor.gov.br/estatisticas , 2018

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A motivação desses empreendedores em se formalizar é evidenciada em estudo realizado na cidade de Senhor do Bonfim-Ba por Lima Filho (2017):

a) 50% dos entrevistados colocaram como motivo fundamental a possibilidade de poder contribuir com o regime previdenciário, visto que na informalidade não o faziam e não teriam direito ao benefício;

b) 30% mencionou a baixa tributação e a facilidade a regularização;

c) 20% considerou a possibilidade de emitir nota fiscal, posto que parte das empresas contratantes de serviços exige tal documento.

A mesma pesquisa ainda responde outra questão: quem são as pessoas que decidem abrir uma MEI? 50% dos entrevistados já exerciam a atividade e apenas viram melhores possibilidades na formalização, todavia a outra metade era empregada (com ou sem carteira assinada) e resolveram exercer a atividade empreendedora após a oportunidade de fazer regularmente e com benefícios.

É de grande valia ressaltar os dados coletados por Klasen (2015) na cidade de São Lourenço do Sul. Nessa localidade a Prefeitura resolveu instaurar a chamada “sala do empreendedor” com o intuito de facilitar e orientar os empreendedores no momento de criação e formalização de suas empresas. Nesse sentido, na coleta de dados na sala supracitada, tem-se, no que diz respeito a formalização de MEI:

a) No período de agosto de 2009 a junho de 2011, no qual a sala ainda não realizava a abertura de MEI: houveram 138 MEI’s registradas na cidade.

b) No período de julho de 2011 a dezembro de 2014, quando a sala passou a funcionar:

houveram 634 MEI’s registradas na cidade, sendo 356 cadastradas na sala do empreendedor (56,16%).

Percebe-se então que além da flexibilização da formalização proposta com a criação da personalidade jurídica do Microempreendedor Individual, o fomento ao empreendedorismo realizado em âmbito local é preciso para colaborar com o crescimento da cultura empreendedora.

CONCLUSÃO

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As considerações levantadas pelo presente estudo permitem concluir que no Brasil o Estado percebeu os problemas da burocratização do microempreendedor e o consequente número alto de trabalhadores informais.

A Lei Complementar 128/2009 é a política pública que visa solucionar esse problema criando a espécie de Pessoa Jurídica voltada para o microempreendedor: a MEI. Percebe-se de acordo com os números colocados que a formalização vem em constante crescimento o que demonstra uma resposta positiva da sociedade civil em relação a medida.

Os estudos regionais na cidade de Senhor do Bonfim - Ba e São Lourenço do Sul - RS colaboram com o entendimento de que o cidadão consegue visualizar os benefícios da formalização. Todavia, a última cidade traz a tona uma questão relevante ao tema: o fomento ao empreendedorismo não pode se restringir ao âmbito da União, os Estado e Municípios de maneira coordenada necessitam auxiliar com disponibilização local de informações, incentivos e capacitações.

É possível concluir que a efetivação de políticas públicas que incentivam o empreendedor possibilita que ele colabore na evolução do status quo da sociedade com a evolução da economia. Além de efetivar a justiça social almejada no texto Constitucional.

Portanto, a criação da MEI foi de grande valia para esse objetivo, possibilitando melhores condições para formalização do microempreendedor, todavia, para potencializar esse efeito é interessante que os outros Entes Federativos além da União colaborem para esse desenvolvimento, com políticas regionais de encorajamento ao empreendedor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAGGIO, Adelar Francisco; BAGGIO, Daniel Knebel. Empreendedorismo: Conceitos e definições. Revista de empreendedorismo, inovação e tecnologia, v. 1, n. 1, p. 25-38, 2015.

BOBBIO, Norberto. Estado, governo e sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e terra, 1992.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>.

BRASIL, CGSIM. Resolução Nº 16, De 17 de Dezembro de 2009. Dispõe sobre o procedimento especial para o registro e legalização do Microempreendedor Individual.

Disponível em <http://www.sempe.mdic.gov.br/clientes/smpe/smpe/documentos/resolucao- no-16-de-17-12-2009-alterada-pela-17-e-26.pdf>

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CHAGAS, Edilson Edino das. Direito Empresarial Esquematizado. São Paulo, Saraiva, 2017.

KLASEN, Dóris. Benefícios da formalização do microempreendedor individual - MEI.

Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização em Gestão Pública Municipal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul: Porto Alegre, 2015.

LIMA FILHO, Nonato Lima et al. Políticas públicas para os empreendedores individuais: um estudo de caso no município de Senhor do Bonfim-Ba. Revista de Administração e Contabilidade da FAT, v. 4, n. 1, p. 54-66, 2017.

HÖFLING, Eloisa de et al. Estado e políticas (públicas) sociais. Cadernos Cedes, 2001 STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria do Estado. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014.

Referências

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