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O Conto do Conto

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Academic year: 2022

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O Conto do Conto

Cinco meses de curso e somente um breve oi, cinco longos meses de masturbação e sequer uma frase de no mínimo cinco segundos. Embora eu não estivesse nem um pouco interessado em escrita criativa, me manter no curso era a melhor forma de me aproximar dela, afinal escrever contos onde eu comia sua buceta era ser tão criativo quanto as besteiras que por ali escreviam.

Para próxima atividade eu vou querer duplas, o dia estava chuvoso e a sala quase vazia, então resolvam entre vocês e avisem aos ausentes, advertiu, terão que escrever um conto em dueto e entregar na segunda que vem. Alta, magra, cabelos loiros e óculos de secretária sexy, um vestidinho longo e apertado na cintura, bundinha mediana e redonda, do tipo que dá pra comer de pé, se eu já não tivesse minha pretendente, já teria dado em cima da professora há tempos. Fiquei isolado, fingindo não estar apreensivo, ela olhou para os lados e suas amigas mais próximas não estavam, oi, meu coração acelerou, quer fazer a

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atividade comigo ou prefere chamar alguém que não veio hoje?, perguntou. Não... eu vou rejeitar a mulher para qual todo dia me masturbo e ficar com um marmanjo forte, peludo e fedendo a perfume barato, pensei, mas não disse. Podemos sim fazer juntos, respondi. Ela chegou a cadeira para mais perto e perguntou onde podíamos nos ver e organizar as ideias. Na minha casa, estarei de shortinho, sem camisa e vou lavar o pau, não se preocupe, pensei, novamente, mas não disse, novamente. Você conhece algum lugar bom pra estudar?, joguei a primeira isca, conheço mas acho que não poderemos conversar muito por lá, aqui na faculdade não daria pra gente vir amanhã?, por favor, diz que não, eles não abrem fim de semana, lamentou, eu festejei. Momentos assim, onde você teme tomar a atitude mais lógica para não parecer ambicioso demais, são momentos onde requer coragem, e foi o que eu tive. Tem problema ir na minha casa? Ela passou um tempo pensando. Você mora onde?, questionou, no bairro da Resiliência, aparentemente era perto dela, ela pensou, pensou, pensou, e eu não poderia receber uma recusa de sua parte, se não puder não tem problema em você procurar outra pessoa, pressionei de leve, tudo bem pra mim, uau, reação rápida, da próxima vez

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proponho um boquete, anota seu endereço melhor aqui e seu número pra gente se falar depois. Ela me passou um papel, anotei o que tinha de anotar e estava feito, receberia na minha casa a mulher que já fez sexo comigo em todos os cômodos, pelo menos mentalmente falando.

Sobre ela eu não tenho muito a dizer, era baixa, doze anos mais velha que eu, cabelos lisos, lindos e com mechas brancas, era branquinha, e, dona de uma bunda espetacular. Tudo começou após eu ler seu conto erótico, pensei que uma mulher capaz de imaginar tais coisas, com certeza seria uma mulher boa de cama, ou que talvez escrevesse tanto sobre sexo por um reflexo da falta dele. Não importava, qualquer que fosse a opção, eu estaria no lucro.

Depois de quase uma noite inteira repassando meu endereço e tentando convencê-la de que minha rua não era perigosa, chegamos a um horário em comum.

No dia seguinte, fui buscá-la no ponto principal aqui do bairro, um lugar naturalmente lotado de pessoas, logo de cara notei em seu sutiã com bojo, em sua maquiagem bem feita, na blusa fina com uma das alças caindo sobre o ombro e em sua calça marcando a buceta. Talvez tenha sido apenas uma impressão,

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mas ela estava mais arrumada que o normal, como também perfumada, fiquei me perguntando se aquilo era um sinal de que ela enxergava certa importância no encontro ou se tudo não passava de coisa da minha cabeça. Com o grande número de pessoas a rua, foi impossível andarmos lado a lado, oras eu estava em sua frente e oras ela na minha, até que, em um determinado momento, estive alguns centímetros atrás dela, quando o movimento de seu braço fez com que sua mão resvalasse em meu pau, ela não olhou para trás, seguiu andando e desviando das demais pessoas, como se nada houvesse acontecido. Teria sido um movimento acidental? Uma provocação?

Será que ela percebeu onde sua mão havia tocado?

Não sei, eu não conseguia encontrar uma resposta satisfatória o suficiente para esta dúvida, apesar de nenhuma delas resolver o problema do meu pau, que ficou duro durante todo o percurso. Mal ele sabia que aquilo seria apenas o começo.

Pode colocar a bolsa aí mesmo no sofá, casa arrumada, nenhuma poeira e nenhuma agulha fora do lugar, eu estava mais para um provável psicopata que para um homem prendado, ou se quiser podemos ficar na mesa mesmo, continuei, e só depois de alguns

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segundos eu pude notar a malícia desta frase. Vamos começar no sofá mesmo e se precisar a gente usa a mesa que é maior, nossa, ela disse mesmo isso?, tudo bem, respondi, vou pegar meu material lá no quarto, era o tempo que eu precisava para assimilar toda a situação e, claro, ajeitar a rola dentro da cueca. Você mora só?, começou! agora sim o roteiro de filme da brasileirinhas começou a se revelar, eu moro sozinho, por quê?, essa casa é arrumada demais para um homem solteiro, vai te foder, é sério que você disse isso? afinal o que quer saber, se sou solteiro ou se sou viado?, e um homem não pode cuidar bem de sua casa? perguntei, claro que não pode, ao menos que seja um viadão que mora sozinho porque não curte buceta mas ao mesmo tempo quer enganar os parentes, pensei, mas não disse, pode sim, acho uma qualidade louvável, respondeu. Eu não havia me irritado com a pergunta, porém, por algum motivo, ela teve esta impressão. Desculpa se eu estiver sendo inconveniente, disse, não está não, é bem comum este tipo de pergunta, na verdade não é, mas vou dizer que sim porque quero lhe comer, as pessoas acham que homens são naturalmente bagunceiros, mas eu só fiquei surpresa com sua casa, esta é a primeira vez que fico sozinha com um homem em sua casa, a primeira?,

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sim, então posso me considerar o primeiro em algo na sua vida?, certamente sim, queria ser o primeiro a comer seu cu, pensei, mas, novamente, não disse. Me diz uma coisa, se estar aqui comigo é sua primeira vez então tudo que você fizer também será né?, tipo o quê?, tipo qualquer coisa que seja, por esta lógica eu acho que você está certo, respondeu sorrindo, seu eu pudesse ser o primeiro em mais alguma coisa, em que eu seria?, não-me-sacaneia-não-me-sacaneia-não-me- sacaneia, acho que você seria o primeiro a escrever um conto comigo, vai pro inferno, você e seu conto.

Eu sentei no sofá e então começamos a falar sobre o que cada um havia pensado para o exercício de escrita criativa. Eu pensei num conto sobre um garoto triste que se vê perdido no mundo e não sabe como deve se matar sem sujar a casa dos seus pais, uau! passei de provável psicopata para provável psicopata com tendências suicidas, se um dia eu ter um filho, com certeza ensinarei a nunca falar uma porra dessas para uma mulher, não sei, acho que é um tema meio pesado pra levar pro curso, sério? não me diga, é...

talvez você tenha razão, mas conseguiu pensar em algo melhor?, este sou eu tentando jogar a responsabilidade pra cima ela, que tal um homem

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triste e abandonado que encontra um grande amor?, e depois eles vão para a casa dele e ele goza no rabo grande dela? pensei, mas não disse, porém sorri feito um idiota (...) o que foi, tá muito ruim essa ideia?, não é isso, é que é meio previsível e eu já sabia que tu iria sugeri algo assim, ufa, me saí bem agora, acho que você está certo sobre ser um tema previsível. Ela rio, eu ri, rimos, e eu só conseguia olhar pra sua blusa descobrindo seu ombro e me mostrando parte de seus seios fartos. Embora estivesse um clima agradável, a tensão entre nós dois era evidente, havia em suas palavras uma certa malícia, uma espera de uma resposta mais incisiva da minha parte, porém não era uma decisão fácil: ir com tudo e ganhar a mulher que tanto desejei, ou ir com tudo e perdê-la de uma vez por todas? Eis que surgiu uma ideia:

Poderíamos criar uma história verdadeiramente em dupla, ela se ajeita no sofá, uma das pernas no chão e a outra flexionadas no acento, apoia o braço na cabeça e me pergunta, como faríamos isso?, vamos modificar os rumos da história dando novos caminhos aos personagens, um de cada vez, o que acha? Um sorriso no canto do rosto e um balançar positivo de cabeça me diz que parte do plano foi executada com sucesso, mas

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cada um dará uma nova ideia e o outro não poderá modificar, sim, foi exatamente isso que eu entendi quando você falou, ela disse, mas como vamos anotar todas as ideias?, perguntou, eu vou gravar tudo pelo celular e depois a gente passa pro papel, assim fica mais fácil de criar a história sem pensar muito nela, ressaltei, você começa, ela disse. Ele é escritor e não consegue escrever nada de relevante há meses, caramba, tenho que parar de me colocar em tudo que escrevo; um dia ele vai ao mercado pra comprar café e avista uma mulher na seção de frios e congelados, ela complementou; ele finge que vai verificar o preço do frango só pra vê-la mais de parto; ela se aproxima devagar e lhe pergunta se aquelas asas de frango não estão muito pequenas; ele diz que sim e os dois começam a tecer comentários negativos sobre o mercado; eles sorriem; eles se separam e ele vai para a fila do caixa número 2; minutos depois ela também vai procurar um caixa e o número 2 é o menos cheio; ele se vira e pergunta se ela está lhe seguindo; ela diz que não; ele pergunta das asas; ela sorri e faz uma cara de deboche, agora ele diz que ela é gostosa e que quer levar ela pra casa e que quer comer o cu dela? não, não, preciso me acalmar e jogar o jogo; meio sem jeito e sem ideias ele diz algo como "você conhece o novo

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mercado que abriu frente ao posto médico?"; "sim eu já vi, moro do lado"; "e porque veio comprar aqui?";

"me mudei faz poucos dias e queria conhecer o bairro, e pensei em sair pra ver se encontrava algo gostoso pra levar pra casa"; "e achou?"; "creio que sim, ela diz erguendo a cestinha com alguns produtos; "a família está gostando daqui do bairro?"; "as crianças estão amando, eu achei apenas bacana por enquanto"; é agora, pergunta do marido, vai, o caminho está aberto, "e o marido achou o quê"; "sou separada";

então porque não marcamos pra sair e depois de tomarmos algumas cachaças a gente não vai pra um motel?, a moça do caixa o chama e ele coloca o café no balcão; ela coloca as coxas de frango, o leite, os ovos, o achocolatado e o sal; após eles passarem quase ao mesmo tempo, param na entrada e se despedem; ela diz que foi bom conhecê-lo, mas como assim...ela vai mesmo me fazer tomar atitude até num conto idiota?;

ele a chama de volta e diz que gostaria de manter contato; "claro, anota meu número"; ele anota; ela sorri e se despede; eles vão pra casa. Bom, até aqui eu ainda estava achando tudo muito parado, o clima estava interessante, meu pau, claro, com uma leve ereção, mas eu ainda sentia que precisava dar um rumo mais impactante ao conto, alguma coisa deveria acontecer,

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se eu deixasse por conta dela, tudo acabaria num romancezinho boboca, eu sentia que deveria atiçar a escritora hot dentro dela. À noite ele a chama no zap;

ela visualiza no exatamente porque também iria falar com ele, ora, ora, gostei disso; "você ia me falar alguma coisa?"; "sim"; "então fique à vontade, eu ia só dar oi pra você salvar meu número"; "queria perguntar se você pode vir aqui em casa amanhã", MEU DEUS! MEU DEUS! isso é um flerte? Isso é um flerte, não é? Calma, se ela está vindo com tudo, então também vou com tudo; "posso sim, só me diz o horário e pra que exatamente", pra comer o rabo dela né, sua anta; "vem pela manhã quando as crianças estiverem na escola, é que vou ficar sozinha e precisarei de ajuda com coisas que um homem faria melhor do que eu", como o que, comer sua buceta e gozar na sua cara?; ele aceita ir na casa dela e se despede e vai dormir. Não sei exatamente o que vocês aí do outro lado estão pensando, mas isso foi claramente uma cantada, né não? A partir daqui algo estranho aconteceu, ela fechou os olhos e passou a narrar como se estivesse mergulhada na história, sentindo cada cena, eu pude olhar seu rosto e seu corpo com uma riqueza de detalhes jamais vista, cada movimento, ainda que milimétrico, sua boca, sua

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língua se movendo sutilmente enquanto falava, eu queria fechar meus olhos também, porém não foi possível. Me antecipei e continuei narrando, para não perder o controle das ações.

Ele aparece às 9:23 batendo na porta dela; ela atende a porta e ele está de camiseta vermelha, que é a cor preferida dela, ele está de camisa vermelha mas ela olha bem disfarçadamente para o volume da pistola em sua bermuda, não, não, tenho que jogar o jogo, vou esperar dela esse tipo de iniciativa; ela usa uma blusinha rosa e um shortinho jeans; "e então, o que eu preciso fazer?", epa, sou eu quem comando ele, você não pode mudar as regras do jogo assim... ou está tentando jogar a responsabilidade para mim através da sua personagem?; "é que eu tava precisando de uma ajudinha que requer um pouco mais de força, sabe?"; "sei sim, já imaginei que iria suar a camisa", uau, eu juro que não vou tecer comentários sórdidos sobre eu dando em cima de mim mesmo; "se vai suar eu não sei, mas qualquer coisa você pode tomar banho aqui, se não tiver problemas"; "não tem não, relaxa";

ela o conduz até o quintal no fundo da casa e diz que precisa mudar todas as plantas de um lado para o outro; "essas plantas são mesmo bem pesadas pra

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você"; "são sim, quem me colocou ai foi o moço da mudança, mas tava com pressa e ficou de qualquer jeito, queria metade de um lado e outra metade de outro, ali no meio você bota a grande", como os lábios da minha buceta e seu pau no meio dela... Jesus, como é esquisito falar isso estando na posição em que estou dentro da história; ela diz que vai ajeitar umas coisas e deixa ele trabalhando; ele diz que está tudo bem e começa o trabalho. Passados alguns minutos ela reaparece e diz "oi, desculpe o mau jeito, mas até esqueci de perguntar... você quer comer alguma coisa?", se seu personagem disser que quer comer meu cu, seria o meu de verdade, ou o da minha personagem, que no caso sou eu? de qualquer forma, seria uma situação bem estranha; ele, agachado, olha para cima e a encara por alguns segundos, ui...

finalmente ele notou o short marcando a bucetona dela; "o que foi?"; "nada não, é que eu comeria tudo que você quisesse me dar". Ela pronunciou estas palavras com um delicado sorriso no canto da boca, não sei se ela pensou que eu também estaria de olhos fechados, ou se foi algo proposital, para mostrar sua malícia, mas de uma coisa eu sabia: eu tinha que responder a altura. Então, peguei uma de suas mãos, pedi que ela permanecesse de olhos fechados e

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continuei a narrar: ela segura o ombro dele e desliza sua mão até a mão dele, lhe colocando de pé. Eu fiquei de pé na sala e puxei ela pela mão, para que também ficasse de pé, o conto continua com: ele diz "o que houve? fiz algo de errado?". Comecei a dar passos em direção ao outro cômodo da casa, enquanto a conduzia comigo, mantendo-a sempre com os olhos fechados, apenas seguindo minhas palavras: "não fez nada de errado, vem comigo que vou lhe dar um coisa bem gostosa pra comer". Após entender o que estava acontecendo, ela continua narrando: ele aceita o pedido e se deixa ser conduzido até o interior da casa, onde a história termina em cenas e diálogos indescritíveis demais para um curso de escrita criativa.

Fim.

De: Um Rapaz Meio Estranho

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