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Os Jogos Paraolímpicos: o contexto histórico e atual

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Academic year: 2021

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0 | Abstract

The objectives of this study are to describe the evolution of the Paralympic Games and to point out the importance of the role of the physical educator working with physically handicapped people. The paper is conceived in order to demystify possible cultural, educational and/or physical obstacles that may hinder the access to adapted sports.

Besides the physical benefit, sport offers handicapped people the opportunity to test their limits and potentialities.

Handicap sportspeople may acquire enough autonomy and self-confidence to overcome daily setbacks with happiness and joy. The present study also approaches the main types of physical handicap, suitable sport events and the evolution of the Brazilian adapted sports in light of the Paralympic Games.

Os Jogos Paraolímpicos:

o contexto histórico e atual

Jane da Silva Gonzalez | educacao-fisica@pucrs.br Rodrigo Pereira da Silva

Grupo de Pesquisa em Estudos Olímpicos

Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Brasil

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1 | Histórico

O esporte para pessoas com deficiência física teve início após a 1ª guerra mundial (1914-1918), devido ao grande número de lesões e amputações causadas em combate.

Em 1918, soldados alemães com deficiência adquirida após a primeira guerra mundial, começaram a praticar as modalidades de Tiro e Arco e Flecha. Mas o grande marco foi em 1944, quando o Dr. Ludwig Guttmann, neurologista alemão, a convite do governo inglês, estabeleceu um programa para reabilitação de veteranos de guerra no Hospital de Reabilitação de Stoke Mandeville, na cidade inglesa de Aylesbury.

No princípio, a prática esportiva tinha um caráter de reabilitação, mas com o crescimento do número de praticantes, o Dr. Guttmann considerou a possibilidade de organizar um campeonato para homenagear estes heróis de guerra e divulgar o trabalho que estava sendo feito. Foi então que ele idealizou os I Jogos de Stoke Mandeville, em 29 de Julho de 1948.

Souza (1994) enfatiza que foi após a Segunda Guerra Mundial que a prática desportiva teve maior incremento no contexto da prevenção e reabilitação. A partir daí, o esporte para pessoas com deficiências físicas não parou de crescer e, desde 1960, quando foram realizados os primeiros Jogos Paraolímpicos (paralelo aos Jogos Olímpicos), vem se tornando cada vez mais popular.

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2 | As Paraolimpíadas

Ao falar das Paraolimpíadas, é necessário que se faça referência ao Dr. Ludwig Guttmann. Ele começou o trabalho com aproximadamente 14 homens e duas mulheres na modalidade de Arco e Flecha. Em 1948 ele idealizou os I Jogos de Stoke Mandeville (paralelo aos Jogos Olímpicos de Londres, 1948) com a participação de aproximadamente 20 atletas. Tal fato teve ótima aceitação, e quatro anos depois houve a realização dos II Jogos de Stoke Mandeville, com a participação de aproximadamente 130 atletas, entre ingleses e holandeses. Foi então que os organizadores decidiram realizar este evento anualmente, que não parou de crescer a ganhar notoriedade.

O grande marco das Paraolimpíadas foi em 1958, quando o governo italiano preparava-se para sediar as Olimpíadas de 1960 em Roma, o então diretor do centro de Lesionados Medulares de Ostia, Antônio Maglia, propôs que os Jogos de Stoke Mandeville de 1960 se realizassem em Roma, após as Olimpíadas. De acordo com Maglia, seria uma oportunidade para mostrar ao mundo, que os portadores de deficiência poderiam também ter sua Olimpíada.

Com o apoio do Comitê Olímpico Italiano, cerca de 400 atletas portadores de deficiência de 23 países, participam da competição que repercutiu positivamente em todo o mundo.

Seria a primeira “Paraolimpíada” Desde então, as Paraolimpíadas acontecem duas semanas após os Jogos Olímpicos, e nas mesmas instalações.

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Com o crescimento do esporte adaptado e da tecnologia nele empregada, as Paraolimpíadas atingiram um patamar invejável, e atualmente desfruta do status de ser o segundo maior evento do mundo, perdendo apenas para as Olimpíadas. Para estabelecer uma comparação, o número de atletas que participaram dos primeiros Jogos Paraolímpicos de Roma em 1960, subiu de 400 para 4.429 representantes de 139 nações em Atenas 2004 (Comitê Paraolímpico Internacional - IPC).

3 | Modalidades Paraolímpicas

As modalidades esportivas para pessoas com deficiências físicas são baseadas na classificação funcional, com o intuito de agrupar os deficientes físicos em categorias, para que possam competir em igualdade de condições com os demais atletas de seus grupos. Além disso, atualmente apresentam uma grande variedade de opções. As modalidades paraolímpicas para deficientes físicos são o arco e flecha, atletismo, basquetebol sobre rodas, bocha, ciclismo, equitação/hipismo, esgrima, halterofilismo, futebol de 7, natação, rugbi, tênis de campo, tênis de mesa, tiro, vela e voleibol (Comitê Paraolímpico Brasileiro – CPB).

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4 | Os Jogos Paraolímpicos

Quadro 1: Os locais dos Jogos Paraolímpicos e o número de atletas e países que participaram

5 | O Brasil nos Jogos Paraolímpicos

Em relação ao Brasil, a primeira representação brasileira em Jogos Paraolímpicos foi em 1972, em Heidelberg, na Alemanha, onde o Brasil não trouxe medalhas. As primeiras medalhas paraolímpicas viriam somente nos Jogos

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seguintes, em 1976, nas Paraolímpíadas do Canadá, realizada na cidade de Toronto. Com uma participação discreta o Brasil conquistou duas medalhas de prata na modalidade bocha. Já na Holanda em 1980, na cidade de Arnhem, a delegação brasileira contou com a primeira participação do time de basquete sobre rodas masculino, mas sem conquistar medalhas.

Em 1984 os Jogos ocorreram em duas sedes diferentes, na Inglaterra, na cidade de Stoke Mandeville, com a participação apenas de atletas em cadeira de rodas, e nos Estados Unidos, na cidade de Nova Iorque, com a participação de atletas amputados, cegos e paralisados cerebrais. Na Inglaterra o Brasil conquistou 21 medalhas, e nos Estados Unidos, conquistou uma medalha.

Em 1988, o Brasil conquistou 27 medalhas nos Jogos Paraolímpicos de Seul, na Coréia do Sul, quatro de ouro, 10 de prata e 13 de bronze. Mas esse ritmo crescente de conquistas brasileiras em Paraolimpíadas não se confirmou na Espanha em 1992. Nos Jogos de Barcelona, foram conquistadas apenas sete medalhas, três de ouro e quatro de bronze.

Mas nos jogos de Atlanta, no ano de 1996, nos Estados Unidos, a delegação brasileira se recuperou e conquistou 21 medalhas, duas de ouro, seis de prata e 13 de bronze.

Esta recuperação transformou-se em afirmação, no momento em que o paradesporto brasileiro conquistou 22 medalhas nos jogos de Sidney em 2000, na Austrália.

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Quadro 2: As medalhas conquistadas pelo Brasil em Jogos Paraolímpicos e a colocação no geral

O ápice do movimento paraolímpico nacional foi atingido em Atenas, 2004, quando a delegação brasileira conquistou 33 medalhas, sendo 14 de ouro, 12 de prata e sete de bronze, o que rendeu ao Brasil a 14ª colocação no quadro geral de medalhas, igualando o feito de 1984. Vale destacar que ao longo de todos esses anos, o Atletismo tem sido a principal modalidade brasileira nos Jogos Paraolímpicos, conquistando um total de 76 medalhas, sendo 21 de ouro, 35 de prata e 20 de bronze, conforme Quadro 2.

Ao longo dos anos, o movimento paraolímpico vem conquistando a atenção e o respeito de milhões de pessoas nos quatro cantos do mundo. Associado às palavras como superação, atitude, garra, força, esperança, confiança, fé e principalmente perseverança, os Jogos Paraolímpicos são hoje o segundo maior evento do mundo.

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No Brasil, o ótimo retrospecto atingido nos últimos Jogos já é sentido nas ruas, e é o responsável pela formação de verdadeiros heróis nacionais, como por exemplo, o nadador Clodoaldo Silva, ganhador de seis medalhas de ouro e uma de prata em Atenas, 2004, um verdadeiro fenômeno.

E em tempos de muita competição, como nos dias de hoje, a famosa frase do Barão Pierre de Coubertin, “o importante não é vencer, mas simplesmente competir”, tem uma conotação mais realista na atmosfera paraolímpica: o atleta deficiente antes de competir oficialmente e representar seu clube, associação ou até mesmo seu país, tem que competir com ele mesmo, e contra as muitas barreiras impostas no dia a dia.

6 | O papel do profissional de Educação Física no trabalho com pessoas com deficiência física Houve um tempo, em que o profissional de Educação Física dedicava-se apenas a dar aulas em escolas e clubes. Hoje em dia, seu campo de atuação está muito ampliado.

Tradicionalmente, a Educação Física era vista como campo de aplicação prática, e atualmente vem passando por modifi- cações importantes, no momento em que os profissionais começaram a se preocupar em fundamentar um discurso acadêmico, para dar à área, um caráter científico e conse- qüentemente mais visibilidade e credibilidade a todo tipo de trabalho do profissional com a atividade física.

O esporte para pessoas com deficiência física, iniciou como uma tentativa de colaborar no processo terapêutico de pessoas com

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algum tipo de lesão grave ou limitação motora, e logo cresceu e ganhou muitos adeptos. Atualmente, mais do que terapia, o esporte para esta população caminha para o alto rendimento e o nível técnico dos atletas tende a crescer cada vez mais.

Um ponto importante na maneira de lidar com estas pessoas é não enxergá-las como incapazes, e sim como portadores de alguma capacidade. Brandão (2003, p.7) coloca que “há deficiências que inibem a prática do desporto, ou este pode até piorar a condição física do praticante. Mas a atividade física vale-se do desporto como fator motivacional, tornando- se atividade física desportiva”.

Todo o indivíduo, independente do tipo de limitação, possui também um potencial a ser este trabalhado, quando feito isso, sua capacidade de superação aumenta e ele consegue atingir níveis maiores de aptidão.

É muito importante o estímulo que o treinador ou professor pode dar a seus atletas e alunos, principalmente com as pessoas portadoras de deficiência, comumente descriminadas pela sociedade, e desmotivadas pela sua própria condição.

Um marco neste tipo de trabalho no Brasil foi a edição do decreto n°. 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que dispõe sobre a Política Nacional de Integração da Pessoa com Deficiência, e que consolidou as normas de proteção e definiu explicitamente quem se enquadra em cada tipo de deficiência. Este decreto foi de fundamental importância para

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acabar de vez com a marginalização imposta pela sociedade.

Estas pessoas, através da prática esportiva, têm uma oportunidade para elevar sua auto-estima direta ou indire- tamente, além de provar para a sociedade, o seu valor como atleta e cidadão.

No Brasil, segundo o Censo realizado em 2000 pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - existem 24,5 milhões de brasileiros portadores de algum tipo de deficiência, o que significa que 14,5% da população brasileira apresentam alguma deficiência física, mental ou dificuldade para enxergar, ouvir ou locomover-se. Lembrando que destes 14,5% de deficientes do Brasil, apenas 1,5% praticam alguma modalidade esportiva (IBGE - Censo 2000).

É preciso que todos se conscientizem de que a prática esportiva é um direito da população, independente de raça, sexo, credo ou possível limitação física ou intelectual. O esporte adaptado no Brasil ainda carece de divulgação e apoio, e estes fatos impossibilitam que muitos indivíduos tenham acesso à prática esportiva e usufruam seus benefícios.

7 | Referências

ASSOCIAÇÃO DE PARALISIA CEREBRAL DO PAÍS - APCB.

Definição de termos. Capturado em http://

www.sobama.org.br, em 21 mar. 2005.

BRANDÃO, I. Educação Física e Portadores de

Deficiências. Revista do Conselho Federal de Educação Física, Rio de Janeiro, ano II, n°. 8 p.8-12, Agosto, 2003.

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COMITÊ PARAOLÍMPICO BRASILEIRO - CPB. Termos e Definições. Capturado em http://www.sobama.org, em 05 de mar. 2005.

COMITÊ PARAOLÍMPICO INTERNACIONAL – IPC. Termos e Definições. Capturado em http://www.paralympic.org, em 15 set. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Censo do ano de 2000.

SOUZA, P. A. O Esporte na Paraplegia e Tetraplegia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1994.

Referências

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