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Acordam em conferência na 1ª Secção Criminal do Tribunal da Relação de Lisboa:

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Tribunal da Relação de Lisboa Processo nº 280/16.0YUSTR.L1-3 Relator: JORGE RAPOSO

Sessão: 08 Fevereiro 2017 Número: RL

Votação: UNANIMIDADE

Meio Processual: RECURSO PENAL Decisão: PARCIALMENTE PROVIDO

COLOCAÇÃO NO MERCADO

Sumário

As questões que se colocavam relativamente ao que deve ser considerado como “colocação no mercado” e sobre quais os operadores económicos responsabilizáveis disponibilização de equipamentos de rádio no mercado estão esclarecidas pela Directiva 2014/53/UE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 16 de abril de 2014, que revoga a Diretiva 1999/5/CE e já está em vigor (art. 50º) e define “colocação no mercado” como “a primeira

disponibilização de um equipamento de rádio no mercado da União” (art. 2º nº 10) e determina que são “operadores económicos” sujeitos a deveres, os

fabricantes, os importadores e os distribuidores (art.s 10º a 13º) mas não incluindo os retalhistas.

Texto Integral

Acordam – em conferência – na 1ª Secção Criminal do Tribunal da Relação de Lisboa:

I. RELATÓRIO

W, SA, foi condenada, por decisão da autoridade administrativa – ANACOM – Autoridade Nacional de Comunicações – nas seguintes sanções:

1. coima de € 6.000,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 1 do art. 7º, do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610;

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2. coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca IT NEST, modelo D1;

3. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de

agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED;

4. coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca INSYS, modelo SMART BOOK;

5. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo TV FIGHTER;

6. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca PHILIPS, modelo SHB 4000;

7. coima de € 5.400,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca ASUS, modelo O!PLAY MEDIA PRO;

8. coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca HEWLETT PACKARD, modelo PAVILLION G6-2204ep;

9. coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca TRUST, modelo GXT 30 WIRELESS GAMEPAD;

10. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 1 do art. 7º, em conjugação com o nº 1 do art. 27º, do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo TV FIGHTER;

11. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 1 do art. 7º, em conjugação com o nº 2 do art. 27º, do

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Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca BEATS, modelo 810-00012-01;

12. coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo III ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902;

13. coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo DC2100;

14. coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902;

15. coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610;

16. em cúmulo jurídico, uma coima única no montante de € 20.800,00 e uma pena de admoestação, pela prática dos ilícitos de mera ordenação social supra referidos;

17. a sanção acessória de perda a favor do Estado, caso, no prazo de 60 dias a contar da notificação da decisão final, não seja requerida a devolução dos mesmos selados ou desmantelados, dos seguintes equipamentos:

- da marca NGS, modelo TV FIGHTER, com os números de série 130402007, 130402762 e 130402765, descritos no Auto de Notícia nº 102/2013, de 15 de outubro, pela prática do ilícito previsto na alínea b) do nº 1 do art. 33º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto;

- da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD 610, sem número de série visível, descrito no Auto de Notícia nº 9/2013, de 5 de fevereiro, pela prática do ilícito previsto na alínea b) do nº 1 do art. 33º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto;

- da marca BEATS, modelo 810-00012-01, com o número de série

3CEFC222GD7L, descrito no Auto de Notícia nº 89/2013, de 4 de outubro,

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pela prática do ilícito previsto na alínea b) do nº 1 do art. 33º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto.

Inconformada, interpôs recurso de impugnação judicial.

A final foi proferida sentença que julgou parcialmente procedente o recurso, nos seguintes termos:

I) Julgou improcedentes as nulidades invocadas pelo Ministério Público;

II) Indeferiu o pedido de reenvio prejudicial efetuado pelo Ministério Público;

III) Julgou verificada a prescrição do procedimento contraordenacional em relação aos factos ocorridos em 08.06.2011, relativos aos equipamentos de marca KUNFT, modelo MOG0902, no que respeita à contraordenação que se consubstanciou na violação do nº 5 do Anexo III;

IV) Absolveu a recorrente pela prática da contraordenação prevista e punida pelos arts. 7º/1 e 27º/2, ambos do DL nº 192/2000, de 18.08, relativa aos aparelhos da marca BEATS, modelo 810-00012-01;

V) Condenou a recorrente nas seguintes sanções:

a. Numa coima no montante de seis mil euros (€ 6.000,00), para a

contraordenação prevista e punida pelos arts. 7º/1 e 33º/1, al b), e 2, ambos do DL nº 192/2000, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER-AD610;

b. Uma coima de dois mil e oitocentos euros (€ 2,800), para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e 33º/1, al c) e 2, ambos do DL nº 192/2000, em conjugação com os arts. 9º/2 e 18º/3, ambos do Regime Geral das

Contraordenações, relativa aos aparelhos da marca IT NEST, modelo D1;

c. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º e 33º/1, al c) e 2, ambos do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED;

d. Uma coima de dois mil e oitocentos euros (€ 2,800), para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e 33º/1, al c) e 2, ambos do DL nº 192/2000, em conjugação com os arts. 9º/2 e 18º/3, ambos do Regime Geral das

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Contraordenações, relativa aos aparelhos da marca INSYS, modelo SMART BOOK;

e. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º e 33º/1, al c) e 2, ambos do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo TV FIGHTER;

f. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º e 33º/1, al c), e 2, ambos do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca PHILIPS, modelo SHB 4000;

g. coima de dois mil e oitocentos euros (€ 2,800), para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e 33º/1, al c) e 2, ambos do DL nº 192/2000, em conjugação com os arts. 9º/2 e 18º/3, ambos do Regime Geral das

Contraordenações, relativa aos aparelhos da marca ASUS, modelo O!PLAY MEDIA PRO;

h. uma coima de dois mil e oitocentos euros (€ 2,800), para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e 33º/1, al c) e 2, ambos do DL nº 192/2000, em conjugação com os arts. 9º/2 e 18º/3, ambos do Regime Geral das

Contraordenações, relativa aos aparelhos da marca HEWLETT PACKARD, modelo PAVILLION G6-2204ep;

i. Uma coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado na alínea b) do art. 8º e 33º/1, al c), 2 e 3, ambos do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca TRUST, modelo GXT 30 WIRELESS GAMEPAD;

j. pena de admoestação, para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 1 do art. 7º, em conjugação com o nº 1 do art. 27º e 33º/1, al b), e 2, ambos, do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca NGS, modelo TV FIGHTER;

k. Uma coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo III ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto e 33º/1, s), 2 e 3, do mesmo diploma legal, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902;

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l. Uma coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) ao

Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e art. 33º/1, al q), e 2, do mesmo diploma legal, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo DC2100;

m. Uma coima de € 2.600,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) e 33º/1, al s), e 2, ambos ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902;

n. Uma coima de € 5.200,00 para a contraordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) e 33º/1, al q) e 2, ambos ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610;

o. em cúmulo jurídico, uma coima única no montante de dezoito mil euros (€

18.000) e uma pena de admoestação, pela prática dos ilícitos de mera ordenação social supra referidos;

p. a sanção acessória de perda a favor do Estado, caso, no prazo de 60 dias a contar da notificação da decisão final, não seja requerida a devolução dos mesmos selados ou desmantelados, dos seguintes equipamentos: (i) da marca NGS, modelo TV FIGHTER, com os números de série 130402007, 130402762 e 130402765, descritos no Auto de Notícia nº 102/2013, de 15 de outubro; (ii) da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD 610, sem número de série visível, descrito no Auto de Notícia nº 9/2013, de 5 de fevereiro; e (iii) da marca BEATS, modelo 810-00012-01, com o número de série 3CEFC222GD7L, descrito no Auto de Notícia nº 89/2013, de 4 de outubro.

*

Recorre agora a arguida para este Tribunal da Relação, formulando no termo da motivação, as seguintes conclusões:

I. Face ao contexto delimitado pelo acervo factual dado como certificado na douta sentença recorrida, possível é inferir-se que a matéria dos autos

confinada está a produtos de marca de “fornecedor” e de marca “própria” (da arguida).

II. Com efeito, como se alcança do elenco factológico dado como provado - cf

“fundamentação de facto” -, apenas os produtos indicados nos pontos 14, 21, 22, 51 são de marca própria, isto é, de marca que pertence à arguida W, SA,

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posto que todos os demais equipamentos ali referenciados em sede de

factualidade provada, são aquilo a que vulgarmente se designa por produtos

“marca de fornecedor”.

III. De acordo com o art. 26º DL 192/2000,

É da responsabilidade do fabricante, do seu representante legal na União Europeia ou da pessoa responsável pela colocação do aparelho no mercado proceder à marcação dos aparelhos.

IV. A colocação no mercado, como sabido, é a disponibilização de um produto a terceiros, a título oneroso ou gratuito, incluindo a importação de países

terceiros ou transacção intracomunitária para território nacional.

V. Assim, relativamente aos produtos que foram adquiridos a fornecedores localizados em território nacional, a responsabilidade para efeitos do que estabelece a falada norma deve ser imputada aos ditos fornecedores - os responsáveis pela colocação dos aparelhos no mercado -, que não à sociedade aqui arguida, mera retalhista que é, e isso, a ser desse jeito, teria (terá)

implicações nos sucessivos enquadramentos legais a realizar.

VI. Donde que a responsabilidade da arguida cinge-se aos equipamento que são de sua marca, e a ser assim a matéria dos autos sofrerá um forte revés, com as decorrentes implicações no tocante ao apuramento da putativa responsabilidade da arguida nesta sede.

VII. Com acuidade ao caso, o recente acórdão desta Relação, publicado em CJ 2015 tomo V, página 126, segundo o qual,

Sendo o conceito de “colocação no mercado” existente na Directiva 1999/5/CE idêntico ao consagrado no DL 192/2000 de 18 de Agosto, em particular nos seus artigos 8º e 26º (que estabelece o elenco dos responsáveis pelo

cumprimento das obrigações), numa situação em que a recorrente não possa ser considerada responsável pela introdução dos equipamentos pela primeira vez num país do mercado comunitário, uma vez que os adquiriu a um operador económico que os adquiriu à sociedade fabricante sedeada na União Europeia, por força do princípio da unidade do sistema jurídico e da adopção de uma interpretação sistemática das nomas jurídicas, não pode ser responsabilizada nem pela falha de colocação da marca CE, nem pela falha ou falta de

declaração de conformidade.

VIII. No mesmo sentido, o acórdão da Relação de Évora, disponível em dgsi.pt, e assim sumariado,

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Processo: 33/12.4YQSTR.E1; Relator: MARTINHO CARDOSO; Data do Acordão: 10-09-2013

Sumário:

I. – A inadmissibilidade legal, decorrente do disposto no art.º 73.º do RGCO, de recurso da aplicação de uma sanção de admoestação, não é inconstitucional face ao disposto no art.º 32.º, n.º 1 e 10, da Constituição.

II. – Não é de receber um recurso interposto para melhoria da aplicação do direito (art.º 73.º, n.º 2, do RGCO) se o único argumento para tal for o de que o recorrente não concorda que em sede de apreciação pelo tribunal da 1.ª Instância do teor da impugnação judicial da decisão da autoridade

administrativa, aquele tribunal pode dar como provados factos constantes da decisão da autoridade administrativa só porque o impugnante na referida impugnação não os impugnou expressamente, não estando vedada ao tribunal

"a quo" a possibilidade de decidir com recurso a prova indirecta, por tal não configurar uma violação do princípio "in dubio pro reo".

III. – Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão: na contra-ordenação prevista no art.º 8.° al.ª b), do Decreto-Lei n.º 192/2000, de 18-8, o conceito de responsável pela colocação no mercado é restrito às entidades que introduzem os produtos em causa pela primeira vez num país da UE: quando estão em causa produtos fabricados no espaço Geográfico da CE a obrigação de fornecer ao utilizador declaração de conformidade com os requisitos

essenciais, a qual deve acompanhar o aparelho, cabe ao fabricante; e quando estão em causa produtos fabricados no espaço geográfico exterior à CE, a obrigação de fornecer ao utilizador declaração de conformidade com os requisitos essenciais, a qual deve acompanhar o aparelho, cabe a quem introduzir o produto na área geográfica da CE.[1]

IX. Num outro vector, ora situado no enquadramento jurídico que se prende com a tipificação dos arts. 8º b) e 27º do DL 192/2010, cumpre dizer que, nesta parte, a existir infracção à arguida não poderia ela vir assacada.

X. Com efeito, e com acuidade ao tema, o acórdão da Relação de Lisboa, assim sumariado,

Processo: 47/12.4YUSTR.L1-3; Relator: VASCO FREITAS; Data do Acordão:

15-01-2014 Sumário:

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I-Para efeitos da norma do art. 8º, do DL 192/2000, de 18/08, que transpôs o art. 6º, nº 3, 1º período, da Diretiva 1999/5/CE, de 09/03/1999, a expressão

“pessoa responsável pela colocação dos aparelhos no mercado comunitário”, deve ser interpretada de acordo com a doutrina europeia, de forma a

considerar como responsável pela colocação no mercado dos aparelhos de rádio e de terminais de telecomunicações o agente económico que os introduz no mercado comunitário pela primeira vez.

II- Ao responsável pela colocação no mercado não lhe é exigível que elabore a declaração de conformidade e que verifique ele próprio a conformidade do aparelho com os requisitos essenciais. Trata-se apenas de lhe exigir que

proporcione ao consumidor, juntamente com o aparelho, o recebimento efetivo da declaração de conformidade, fornecendo-a com a indicação dos requisitos essenciais (art. 8º, b), do DL 192/2000), os quais consistem na proteção da saúde e da segurança do utilizador (art. 4º, nº 1, a), deste diploma).

III- Para efeitos da contra-ordenação pp pelo art. 33º, nº 1, m) por violação do art. 28º, nº 3, do DL 192/2000, de 18/08, a exigência de versão em língua portuguesa para a documentação, manuais de informação e instruções não se aplica aos aparelhos de rádio e terminais de telecomunicações. E estando o direito das contra-ordenações, como direito sancionatório que é, sujeito ao princípio da legalidade (art. 2º do RGCO), não é legítimo que o intérprete recorra à interpretação e menos ainda à analogia, para suprir as lacunas do legislador, donde, a conduta imputada à arguida não é susceptível de ser sancionada, por falta de tipicidade

XI. Por outro lado, estando a douta sentença recorrida, em parte da factualidade dada como provada, endereçada em moldes de atribuir a comissão dos imputados ilícitos a título de negligência inconsciente,

modalidade culposa consabidamente de menor grave, haveria motivo, isto a sobressair matéria capaz de integrar a comissão dos apregoados ilícitos, e expurgados os produtos que são de “fornecedor”, para chamar à colação o nº 1 do art. 51º do RGCO, de acordo com o qual,

Quando a reduzida gravidade da infracção e da culpa do agente o justifique, pode a entidade competente limitar-se a proferir uma admoestação.

XII. Violados foram pois os arts. 7º, 8º, 9º, 27º e art. 33º, todos do DL 192/2000, bem como o art. 51º nº 1 do RGCO.

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A numeração das conclusões salta da XII para a XXIII.XXIII. Deve, pois, a presente (e douta) sentença ser revogada e substituída por outra que absolva a recorrente das imputadas práticas na parte relacionada com os factos que se atêm aos equipamentos que não são de sua marca, ficando a restante matéria sob a censura de uma admoestação ou de uma coima a roçar o limite mínimo das respectivas molduras parcelares, o que acarretará correcções a fazer no quantum final apurado;

XXIV. Em anotação final, a recorrente faz consignar, para os devidos e legais efeitos, que prescinde da realização de audiência - art. 411º nº 5 do C.P.P, a contrario;

Decidindo, V. Exas farão Justiça.

O Ministério Público respondeu, concluindo:

I. A conclusão XII. do recurso da arguida não encontra correspondência no texto da motivação, pois que neste não é feita qualquer referência aos arts. 7.º e 9.º do Decreto-Lei n.º 192/2000, e, em nenhuma ocasião, é dito que foram violados os preceitos mencionados nessa conclusão. Uma vez que as

conclusões não podem extravasar o texto da motivação - pois que nos termos do art. 412.º n.º 1 do Código de Processo Penal, ex vi art. 41.º n.º 1 do RGCO, as conclusões são um resumo dos fundamentos do recurso -, não deverá o recurso ser conhecido quanto à alegada violação dos arts. 7.º e 9.º do Decreto- Lei n.º 192/2000.

II. A MITSAI e a KUNFT são marcas próprias da arguida, e, relativamente a aparelhos destas marcas, foram imputadas à arguida cinco contra-ordenações, quatro a título de dolo eventual e uma a título de negligência inconsciente.

III. Relativamente a aparelhos adquiridos a fornecedores sedeados em

território nacional (das marcas IT NEST, INSYS, PHILIPS, ASUS, HEWLETT PACKARD E TRUST), foram imputadas à arguida seis contra-ordenações.

IV. Quanto a aparelhos adquiridos a fornecedores sedeados em Espanha (da marca NGS), foram imputadas à arguida três contra-ordenações.

V. O mercado a que alude o Decreto-Lei n.º 192/2000 é inequivocamente o mercado nacional (cfr. resulta do seu art. 1.º), e, é responsável pela colocação no mercado nacional quer quem efectua a 1.ª colocação nesse mercado (seja um fabricante português seja quem importa de um pais comunitário seja quem

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importa de um país terceiro), quer todos os demais intervenientes na cadeia de transmissão do produto até se chegar ao consumidor final.

VI. Não se defende que, após a 1.ª colocação no mercado nacional pelo

fabricante ou pelo importador, todos os demais intervenientes que surjam na cadeia de transmissão do produto efectuem um controlo de produção interno e ensaios específicos dos aparelhos para aferir da conformidade com os

requisitos essenciais, ou, que têm a obrigação de marcar aparelhos não marcados, ou, que têm a responsabilidade de elaborar declarações de conformidade de produtos que não as tenham; defende-se tão só que os demais intervenientes efectuem uma verificação de requisitos formais/

externos e facilmente apreensíveis, como seja o de verificar se o produto tem ou não a marcação CE, se tal marcação é acompanhada da identificação do organismo notificado contactado, e, se o produto se encontra acompanhado da declaração de conformidade destinada ao utilizador. Tratam-se de

procedimentos básicos de verificação, que nem exigem especiais

conhecimentos, nem grandes dispêndios de tempo ou de recursos humanos, e, que se poderá fazer ou por amostragem ou mediante solicitação prévia ao fornecedor de uma amostra do produto que se pretende encomendar para verificação da existência ou inexistência de todos os requisitos formais/

externos. Sempre que um qualquer interveniente na cadeia de transmissão do produto constate que um desses requisitos formais/externos/básicos não se verifica, não deverá colocar o produto no mercado e deverá devolver o produto ao seu fornecedor ou exigir-lhe que efectue os procedimentos necessários para o cumprimento dos requisitos formais.

VII. Recaía sobre a arguida, enquanto importadora dos produtos de marca NGS, modelos RED FLEA ADVANCED e TV FIGHTER, e, portanto responsável pela 1.ª colocação de tais produtos no mercado nacional, o cumprimento das obrigações que foram violadas, concretamente a prevista na alínea b) do art.

8.º do Decreto-Lei nº 192/2000 e a prevista no n.º 1 do art. 7.º, em conjugação com o n.º 1 do art. 27.º do mesmo diploma. Cabia pois à arguida diligenciar para que todos os equipamentos se fizessem acompanhar por declaração de conformidade com os requisitos essenciais e que tal declaração fosse válida, e, bem assim cabia-lhe diligenciar para que nas embalagens dos equipamentos se encontrasse aposta a marcação CE.

VIII. Incumbia à arguida, enquanto retalhista dos produtos das marcas IT NEST, INSYS, PHILIPS, ASUS, HEWLETT PACKARD e TRUST, todos

adquiridos a fornecedores portugueses, a verificação dos requisitos formais/

externos dos produtos antes de os colocar à venda ao público; concretamente,

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cabia-lhe verificar se os produtos estavam ou não acompanhados da

declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador. Ao não fazê-lo, violou a alínea b) do art. 8.º do Decreto-Lei n.º 192/2000.

IX. Devem assim manter-se todas as condenações pelas contra-ordenações relativas a equipamentos adquiridos a fornecedores (sejam sedeados em Espanha, sejam sedeados em Portugal).

X. Apenas um dos ilícitos contra-ordenacionais relativos a produtos de marca própria da arguida lhe foi imputado a título de negligência inconsciente: a contra-ordenação praticada em violação do preceituado no n.º 5 do Anexo III ao Decreto-Lei n.º 192/2000, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902. Concretamente, verificou-se que a declaração de conformidade emitida pela arguida refere normas de rádio que não só não fazem parte da lista publicada no Jornal Oficial da União Europeia como não foram as realmente aplicadas nos ensaios de rádio efectuados, e, que nos dias

08/06/2011, 15/03/2012 e 22/11/2012, respectivamente nas instalações da arguida na Moita, no Montijo e no Cartaxo, foram encontrados para venda aparelhos com tal tipo de declaração de conformidade (factos provados 20, 21, 22 e 27).

Deveria a ANACOM ter imputado à arguida, não uma contra-ordenação, mas três contra-ordenações, só não o fazendo o Tribunal a quo dada a proibição da reformatio in pejus (vd. fls. 5529 verso – 5530).

Acresce que a admoestação só deve ser aplicada quando a reduzida gravidade concreta da infracção e da culpa o justifique (cfr. art. 51.º n.º 1 do RGCO).

Ora, a culpa da arguida não é reduzida, “tendo em conta a dimensão da recorrente e o facto de operar junto do consumidor, através de

estabelecimentos comerciais espalhados pelo país e, nessa medida, com um potencial de dano superior” (sentença, fls. 5534 verso, último parágrafo). E, o ilícito em questão também não é de reduzida gravidade, pois que, ao não se indicarem as reais normas de rádio concretamente aplicadas nos ensaios de rádio efectuados, comprometeu-se a avaliação do sistema de controlo de qualidade usado pela arguida para os ensaios do aparelho, sendo que um determinado sistema de controlo de qualidade deve assegurar a conformidade dos aparelhos com os requisitos essenciais, designadamente os requisitos essenciais de compatibilidade electromagnética (vd. Anexo V n.º 1, n.º 2 1.ª parte, n.º 3 e n.º 6 do Decreto-Lei n.º 192/2000, e, art. 4.º do mesmo diploma).

(13)

Assim, não só se impunha aplicar uma coima, como a concreta coima aplicada pelo Tribunal a quo, no montante de 2.600 € - muito próxima do limite mínimo aplicável à forma negligente do ilícito, que é de 2.493,99 € -, é adequada e proporcional, devendo assim ser mantida.

XI. Quanto aos demais quatro ilícitos contra-ordenacionais relativos a

produtos de marca própria da arguida, imputados a título de dolo eventual, inexiste fundamento legal para aplicar sanções de admoestação. A culpa da arguida não é reduzida (pelos mesmos motivos referidos no ponto X.), e, a gravidade concreta das infracções também o não é.

Veja-se que a violação pela arguida do art. 7.º n.º 1 do Decreto-Lei n.º 192/2000 resultou de se ter verificado que os aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER-AD610, ultrapassavam os limites previstos na EN 55022:2006+A1:2007, colocando em crise a saúde e a segurança do

utilizador e de qualquer outra pessoa e a utilização eficaz do espectro radioeléctrico atribuído às radiocomunicações terrestres e espaciais e recursos orbitais, de modo a evitar interferências nocivas; e, nas três

infracções ao preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) ao Decreto-Lei n.º 192/2000, referentes aos produtos da marca MITSAI, modelo DC2100, aos produtos da marca KUNFT, modelo MOG0902 e aos

produtos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610, está em causa a não apresentação de documentação à ANACOM necessária para aferir da verificação dos requisitos essenciais, colocando em causa a protecção dos consumidores.

XII. A coima aplicada à contra-ordenação praticada em violação do preceituado no nº 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) do Decreto-Lei nº 192/2000, a título de dolo eventual, relativa aos aparelhos da marca KUNFT, modelo MOG0902, no montante de 2.600 €, foi, por força da proibição da reformatio in pejus, inferior ao limite mínimo legal, que é de 4.987,98 €.

XIII. As coimas aplicadas às duas outras infracções ao preceituado no n.º 5 do Anexo II (aplicável ex vi do nº 1 do Anexo III) do Decreto-Lei n.º 192/2000, a título de dolo eventual, relativas aos aparelhos da marca MITSAI, modelo DC2100, e, aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610, ambas no valor de 5.200€, estão próximas do limite mínimo legal, que é de 4.987,98 €, sendo proporcionais e adequadas.

(14)

XIV. A coima aplicada à contra-ordenação p. e p. pelos arts. 7º/1 e 33º/1, al b), e 2, ambos do DL nº 192/2000, a título de dolo eventual, relativa aos aparelhos da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER-AD610E, no valor de 6.000

€, está próximo do limite mínimo legal, que é de 4.987,98 €, sendo proporcional e adequada.

XV. Devem pois ser mantidas as coimas aplicadas aos ilícitos contra-

ordenacionais relativos a produtos de marcas próprias da arguida e imputados a título de dolo eventual.

XVI. A douta sentença não violou nenhum dos preceitos legais referidos pela arguida

Assim, mantendo na íntegra a douta decisão recorrida, Vas. Exas. Farão JUSTIÇA!

A ANACOM também respondeu, apresentando a seguinte síntese conclusiva:

1. O entendimento adotado na sentença ora recorrida tem sido seguido pelo Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão, tribunal de competência especializada, na esmagadora maioria das suas decisões relativas à aplicação das normas constantes do Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e foi acolhido no acórdão proferido pelo Tribunal da Relação de Évora em

2013.04.16, e nos acórdãos proferidos pelo Tribunal da Relação de Lisboa em 2014.01.28, 2014.02.13, 2014.03.19, 2014.09.02, 2014.11.18, 2015.11.19, 2016.02.11 e 2016.09.14.

2. A Recorrente colocou os equipamentos descritos nos autos

simultaneamente quer no mercado nacional, quer no mercado comunitário.

3. A desejável proteção dos utilizadores é assegurada de melhor forma

obrigando a que várias entidades procedam à verificação da conformidade dos aparelhos com os requisitos legalmente fixados.

4. Responsabilizar quem coloca um determinado aparelho no mercado

nacional pela conformidade com o preceituado no Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, não impõe a essas entidades a análise da conformidade do

produto com os requisitos essenciais aplicáveis nem é uma exigência que ultrapasse o necessário para se atingir o objetivo de livre circulação de equipamentos de rádio, conforme reconhecido pelo então TJCE.

(15)

5. O TJUE entende que as normas comunitárias não se opõem à aplicação de disposições nacionais que imponham ao importador nacional a verificação dos requisitos formais legalmente exigíveis que lhes é possível verificar, bem como de fornecimento de toda a informação necessária.

6. A garantia de proteção da segurança e da saúde dos utilizadores reconduz- se à defesa do consumidor.

7. A jurisprudência maioritária do Tribunal da Concorrência, Regulação e Supervisão tem entendido que:

- da Diretiva nº 2014/53/EU perpassa a inequívoca intenção de responsabilizar quer os fabricantes, quer os importadores, quer os distribuidores;

- uma interpretação do Direito interno que desconsidere a responsabilidade do distribuidor compromete mais seriamente os objetivos a prosseguir pela nova Diretiva do que a interpretação pela qual o conceito de responsáveis pela colocação no mercado inclui todos os intervenientes da cadeia de mercado.

8. Não tem sentido afirmar que a Diretiva nº 2014/53/UE consubstancia como que uma interpretação autêntica do pretendido pelo legislador em diretiva anterior; mas a própria Diretiva nº 2014/53/UE demonstra, aliás, que exigir o envolvimento daqueles que designa como distribuidores (conceito que

abrange os retalhistas como a Recorrente) no cumprimento do objetivo de não serem colocados no mercado aparelho sem os requisitos legais não colide com as finalidades do Direito Comunitário,

9. O conceito de responsável pela colocação no mercado da Diretiva nº 1999/5/CE corresponde à agregação dos conceitos de responsável pela colocação no mercado e de distribuidor na Diretiva nº 2014/53/UE.

10. Do facto provado nº 73 resulta inequivocamente que há ilícitos que foram praticados com dolo eventual.

11. A culpa da ora Recorrente não pode ser classificada como reduzida para efeitos de aplicação de uma admoestação, tendo em conta a sua dimensão e o facto de operar junto do consumidor, e a gravidade dos factos também não é reduzida, porque estão em causa deveres importantes para garantir as

finalidades almejadas pelo Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, e a proteção dos consumidores.

(16)

12. As coimas parcelares aplicadas são proporcionais à gravidade dos factos e ao grau de culpa da ora Recorrente, justificando a sua dimensão a aplicação de coimas com um potencial intimidatório.

13. A coima única a aplicar não pode ser consideravelmente próxima do limite mínimo da moldura legal abstrata, tendo em conta o número de infrações praticadas, relacionadas com equipamentos de marcas diferentes, ao que acresce a dimensão da Recorrente e o significativo grau de irresponsabilidade manifestado.

14. A lei exige, como pressupostos da admoestação, além da reduzida culpa, a reduzida gravidade da infração e a jurisprudência nega muito claramente que a infrações praticadas com negligência inconsciente corresponda

necessariamente a aplicação de uma sanção de admoestação.

15. A aplicação de penas de admoestação é excecional, não se justificando no caso concreto, atendendo, nomeadamente:

- ao bem jurídico tutelado – a proteção dos consumidores;

- às finalidades preventivas, nomeadamente de prevenção geral, que impedem a aplicação de sanções com caráter meramente simbólico;

- a não se tratar de contraordenações leves.

Nestes termos e nos que serão Doutamente supridos por esse Venerando Tribunal, deverá ser negado provimento ao recurso e mantida a douta sentença recorrida.

*

O recurso foi admitido.

Neste tribunal foi cumprido o disposto no art. 416º nº 1 do Código de Processo Penal.

Foram observadas as demais formalidades legais, nada obstando à apreciação do mérito do recurso (arts. 417º nº 9, 418º e 419º, nºs. 1, 2 e 3, al. c) do

Código de Processo Penal).

II. FUNDAMENTAÇÃO

É jurisprudência constante e pacífica que o âmbito do recurso é delimitado pelas conclusões formuladas na motivação (art.s 403º e 412º do Código de

(17)

Processo Penal), sem prejuízo das questões de conhecimento oficioso (art.

410º nº 2 do Código de Processo Penal e Acórdão do Plenário das secções criminais do STJ de 19.10.95, publicado no DR Iª série A, de 28.12.95).

No que respeita aos recursos de contra-ordenação, decorre do preceituado nos artigo 66º e 75º nº1 do Regime Geral das Contra-Ordenações aprovado pelo Decreto-Lei 433/82 de 27 de Outubro (com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei 356/89 de 17 de Outubro, pelo Decreto-Lei 244/95 de 14 de Setembro, pelo Decreto-Lei 323/2001 de 17 de Dezembro e pela Lei n.º

109/2001 de 24 de Dezembro e que passaremos a designar de RGCO), que em matéria de recurso de decisões relativas a processos por contra-ordenações, a 2ª instância funciona como tribunal de revista e como última instância.

Com efeito, o nº 1 do mencionado artigo 75º estabelece que “se o contrário não resultar deste diploma, a 2ª instância apenas conhecerá de matéria de direito, não cabendo recurso das suas decisões”.

Assim, o poder de cognição deste tribunal está efectivamente limitado à matéria de direito, funcionando o Tribunal da Relação como Tribunal de revista ampliada, sem prejuízo do conhecimento oficioso de qualquer dos vícios referidos no artigo 410º do Código de Processo Penal, por força do disposto nos art.s 41º nº1 e 74º nº 4 do RGCO, já que os preceitos reguladores do processo criminal constituem direito subsidiário do processo contra-

ordenacional.

*

Sintetizando, são as seguintes as questões a resolver:

1. Absolvição na parte relacionada com os equipamentos que não são de sua marca por, nesses casos, não ser a “pessoa responsável pela colocação do aparelho no mercado”;

2. Medida da sanção quanto à restante matéria (admoestação ou coima no limite mínimo).

*

São os seguintes os factos provados:

1) A MITSAI e a KUNFT são marcas próprias da arguida.

2) Em 2013.09.26, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas

(18)

instalações sitas no Centro Comercial XXXX, 2 equipamentos de rádio da marca IT NEST, modelo D1, sem números de série visíveis, que ali se encontravam à venda, e que não estavam acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

3) Esses equipamentos, que haviam sido adquiridos à S--- –

IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO, LDA., empresa com sede em Portugal, foram apreendidos.

4) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.11.18.

5) Analisados os equipamentos da marca IT NEST, modelo D1, foi constatado que não se encontram acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

6) Em 2012.10.31, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da Autoridade Nacional de Comunicações que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas em Lourel, 1 equipamento de rádio da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED, sem número de série visível, que ali se encontrava à venda.

7) Esse equipamento, que havia sido adquirido à MC INTERNATIONAL

TRADE, SA, empresa com sede em Espanha, foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

8) Em 2013.10.29, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas

instalações sitas no Barreiro, 3 equipamentos de rádio da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED, com os números de série 201307000001 e

201301000001, que ali se encontravam à venda, e que não estavam

acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

9) Esses equipamentos, que haviam sido adquiridos à L---, SA, empresa com sede em Espanha, foram apreendidos.

10) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.01.03 e em 2013.12.02.

11) Analisado o equipamento da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED, referido no facto provado nº 6, foi constatado que a declaração de

(19)

conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador, que o acompanhava, não menciona a Diretiva 1999/5/CE, pelo que não pode ser considerada válida.

12) Analisados os equipamentos da marca NGS, modelo RED FLEA ADVANCED, referidos no facto provado nº 8, foi constatado que não se

encontravam acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

13) A desconformidade em causa encontrar-se-á corrigida para futuro, atento o envio a esta Autoridade pela LURBE GRUP, SA, de declaração de

conformidade válida.

14) Em 2012.04.20, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Barreiro, 1 equipamento de rádio da marca MITSAI, modelo DC2100, com o número de série 1112009240, que ali se encontrava à venda, e que foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e

ensaios.

15) Em 2012.05.09, foi solicitado à arguida o envio dos manuais de utilização e técnicos, bem como das declarações de conformidade CE e documentações técnicas, tendo a arguida respondido a esta Autoridade em 2012.05.09.

16) Face ao não envio de alguns dos elementos solicitados, em 2014.03.24 foi solicitado à arguida o envio dos elementos em falta, tendo a arguida

respondido a esta Autoridade em 2014.03.26, já após ter enviado outros elementos em 2013.01.14, que nada acrescentaram aos anteriormente enviados.

17) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2012.05.18.

18) O fabrico dos equipamentos desta marca e modelo iniciou-se em data não anterior a 2009.03.13.

19) Analisado o equipamento da marca MITSAI, modelo DC2100, foi

constatado que: foi sujeito ao procedimento de avaliação de conformidade controlo de produção interno e ensaios específicos dos aparelhos; a

documentação técnica respetiva não inclui a descrição geral do equipamento;

as especificações técnicas constantes da documentação técnica não referem a frequência de trabalho nem a potência de emissão.

(20)

20) Em 2011.06.08, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas na Moita, 1 equipamento de rádio da marca KUNFT, modelo MOG0902, sem número de série visível, que ali se encontrava à venda, e que foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

21) Em 2012.03.15, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Montijo, 1 equipamento de rádio da marca KUNFT, modelo MOG0902, sem número de série visível, que ali se encontrava à venda, e que foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

22) Em 2012.11.22, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Cartaxo, 1 equipamento de rádio da marca KUNFT, modelo MOG0902, com o número de série 20120307904, que ali se encontrava à venda, e que foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

23) Em 2012.05.07, foi solicitado à arguida o envio dos manuais de utilização e técnicos, bem como das declarações de conformidade CE e documentações técnicas, tendo a arguida respondido a esta Autoridade em 2012.05.10.

24) Face ao não envio de alguns dos elementos solicitados, em 2014.01.27 foi solicitado à arguida o envio dos elementos em falta, tendo a arguida

respondido a esta Autoridade em 2014.01.29, já após ter enviado outros elementos em 2012.10.08.

25) A realização de análise técnica e laboratorial dos equipamentos dessa marca e modelo, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2011.10.24 e em 2012.05.18.

26) O fabrico dos equipamentos desta marca e modelo iniciou-se em data não anterior a 2010.06.24.

27) Analisados os equipamentos da marca KUNFT, modelo MOG0902, foi

constatado que: foram sujeitos ao procedimento de avaliação de conformidade controlo de produção interno e ensaios específicos dos aparelhos; a

documentação técnica respetiva não inclui a descrição geral do equipamento nem o diagrama de blocos; as normas de rádio referidas na declaração de conformidade (EN 300 400-1 e EN 300 400-2) não fazem parte da lista

publicada no Jornal Oficial da União Europeia, e a sua utilização é possível se

(21)

houver a intervenção de um organismo notificado, contudo os ensaios de rádio foram efetuados com a norma harmonizada EN 300 440.

28) A arguida enviou a esta Autoridade o diagrama de blocos em anexo à defesa que apresentou.

29) Em 2012.11.22, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Cartaxo, 1 equipamento de rádio da marca INSYS, modelo SMART BOOK, com o número de série C3NM1001G00372, que ali se

encontrava à venda, e que não estava acompanhado da declaração de

conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

30) Esse equipamento, que havia sido adquirido à I--- – SISTEMAS E SERVIÇOS, LDA., empresa com sede em Portugal, foi assim apreendido.

31) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.03.06.

32) Analisado o equipamento da marca INSYS, modelo SMART BOOK, foi constatado que não se encontra acompanhado da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

33) Em 2013.10.15, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Fogueteiro, 3 equipamentos de rádio da marca NGS, modelo TV FIGHTER, com os números de série 130402007, 130402762 e 130402765, que ali se encontravam à venda, e que não estavam

acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

34) Esses equipamentos, que haviam sido adquiridos à L---, SA, empresa com sede em Espanha, foram assim apreendidos.

35) A realização de análise técnica e laboratorial daqueles equipamentos, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2014.01.03.

36) Analisados os equipamentos da marca NGS, modelo TV FIGHTER, foi constatado que se encontravam acompanhados de uma declaração de

conformidade que não menciona a Diretiva 1999/5/CE, pelo que não pode ser considerada válida, e que nas respetivas embalagens não se encontra aposta a marcação CE.

(22)

37) A falta de declaração de conformidade válida encontrar-se-á corrigida para futuro, atento o envio a esta Autoridade pela primeira responsável pela

LURBE GRUP, SA, de declaração de conformidade válida.

38) Em 2013.10.02, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Fórum Montijo, 5 equipamentos de rádio da marca PHILIPS, modelo SHB4000, com os números de série HS1A1304011077,

HS1A1304010194, HS1A1304010769, HS1A1304011061 e HS1A1250006096, que ali se encontravam à venda, e que não estavam acompanhados da

declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

39) Esses equipamentos, que haviam sido adquiridos à PHILIPS

PORTUGUESA, SA, empresa com sede em Portugal, foram apreendidos.

40) A realização de análise técnica e laboratorial daqueles equipamentos, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.11.19.

41) Analisados os equipamentos da marca PHILIPS, modelo SHB4000, foi constatado que não se encontravam acompanhados da declaração de

conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

42) A falta de declaração de conformidade encontrar-se-á corrigida para futuro, atento o envio a esta Autoridade pela PHILIPS PORTUGUESA, SA, de declaração de conformidade válida.

43) Em 2013.11.23, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Retail Park Torres Novas, 3 equipamentos de rádio da marca ASUS, modelo O!PLAY MEDIA PRO, com os números de série

C6YTAJ008084, C6YTAJ008661 e C6YTAJ008032, que ali se encontravam à venda, e que não estavam acompanhados da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

44) Esses equipamentos, que haviam sido adquiridos à N---, LDA., empresa com sede em Portugal, foram assim apreendidos.

45) A realização de análise técnica e laboratorial daqueles equipamentos, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.03.08.

(23)

46) Analisados os equipamentos da marca ASUS, modelo O!PLAY MEDIA PRO, foi constatado que não se encontravam acompanhados da declaração de

conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

47) Em 2013.01.09, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas em Porto Alto, 1 equipamento de rádio da marca HEWLETT PACKARD, modelo PAVILLION G6-2204ep, com o número de série

SCD23931CZ, que ali se encontrava à venda, e que não estava acompanhado da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

48) Esse equipamento, que a arguida informou ter sido adquirido à TD ---, LDA., empresa com sede em Portugal, foi assim apreendido.

49) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.02.15.

50) Analisado o equipamento da marca HEWLETT PACKARD, modelo

PAVILLION G6-2204ep, foi constatado que não se encontrava acompanhado da declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador.

51) Em 2013.02.05, Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM constataram que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas na Quinta do Infantado, 1 equipamento de rádio da marca MITSAI, modelo CAR FM TRANSMITTER – AD610, sem número de série visível, que ali se encontrava à venda, e que foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

52) Em 2013.03.08 e em 2013.04.03, foi solicitado à arguida o envio dos manuais de utilização e técnicos, bem como das declarações de conformidade CE e documentações técnicas, as quais foram enviadas a esta Autoridade em 2013.04.01. Face ao não envio de alguns dos elementos solicitados, em

2014.07.08 foi solicitado à arguida o envio dos elementos em falta, não tendo a arguida respondido a esta Autoridade.

53) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.04.10.

54) A produção dos equipamentos desta marca e modelo iniciou-se em data não anterior a 2010.03.07.

(24)

55) Analisado o equipamento da marca MITSAI, modelo CAR FM

TRANSMITTER – AD610, foi constatado que foi sujeito ao procedimento de avaliação de conformidade controlo de produção interno e ensaios específicos dos aparelhos; à temperatura ambiente de 24º, com a humidade relativa de 60%, e com o Vnom de 12 VCC, sem áudio aplicado, na frequência de 98,0 MHz o tempo de corte medido foi superior a 60 segundos; na frequência de 0,154000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de

alimentação com o valor médio de 65,7 dBμV; na frequência de 0,206000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 62,9 dBμV; na frequência de 0,246000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 52,6 dBμV; na frequência de 0,286000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 57,8 dBμV; na frequência de 0,330000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor Quase-Pico de 59,7 dBμV, e com o valor médio de 59,5 dBμV; na frequência de 0,370000 MHz, verificou-se uma tensão

perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 48,6 dBμV;

na frequência de 0,410000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor Quase-Pico de 58,7 dBμV, e com o valor médio de 58,7 dBμV; na frequência de 0,490000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 52,7 dBμV;

na frequência de 0,534000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 55,6 dBμV; na frequência de 0,614000 MHz, verificou-se uma tensão perturbadora aos terminais de alimentação com o valor médio de 54,4 dBμV; a documentação técnica respetiva não inclui a descrição geral do equipamento nem os esquemas elétricos; as especificações técnicas constantes da documentação técnica não referem a potência de emissão.

56) A arguida enviou a esta Autoridade os esquemas elétricos em anexo à defesa que apresentou.

57) Em 2013.10.04, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas em Almada, 1 equipamento de rádio da marca BEATS, modelo 810-00012-01, com o número de série 3CEFC222GD7L, que ali se encontrava à venda.

58) Esse equipamento, que havia sido adquirido à M---, SA, empresa com sede em Portugal, foi apreendido.

(25)

59) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.11.19.

60) Analisado o equipamento da marca BEATS, modelo 810-00012-01, foi constatado que a marcação CE aposta na embalagem não se encontra

acompanhada do número de identificação do organismo notificado contactado.

61) Em 2013.10.02, foi constatado por Técnicos dos Serviços de Fiscalização da ANACOM que a arguida se encontrava a colocar no mercado, nas suas instalações sitas no Bombarral, 1 equipamento de rádio da marca TRUST, modelo GXT 30 WIRELESS GAMEPAD, com o número de série 1202003500, que ali se encontrava à venda.

62) Esse equipamento, que havia sido adquirido à JP---, SA, empresa com sede em Portugal, foi recolhido para a realização de análises laboratoriais e ensaios.

63) A realização de análise técnica e laboratorial daquele equipamento, para verificação dos requisitos técnicos exigidos, foi solicitada em 2013.12.18.

64) Analisado o equipamento da marca TRUST, modelo GXT 30 WIRELESS GAMEPAD, foi constatado que não se encontra acompanhado de declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer ao utilizador que seja válida.

65) O desrespeito dos requisitos essenciais aplicáveis implica que não esteja garantida a proteção da saúde e da segurança dos utilizadores.

66) A falta da declaração de conformidade CE implica que os consumidores não possam ter a garantia de que a conformidade dos equipamentos foi avaliada.

67) A não aposição da marcação CE em qualquer dos componentes onde ela deve obrigatoriamente estar aposta implica que os consumidores não possam ter a completa garantia de que os aparelhos correspondem aos níveis ótimos de segurança na utilização exigidos ao nível europeu.

68) A falta da indicação do organismo notificado contactado junto à marcação CE implica que os consumidores não possam mais facilmente ter acesso ao responsável pela garantia da conformidade do aparelho se for verificada em concreto alguma desconformidade.

(26)

69) A falta da documentação técnica legalmente exigida dificulta a fiscalização da conformidade dos equipamentos com as normas aplicáveis relativas à

proteção da saúde e à compatibilidade eletromagnética.

70) Quer o não envio da declaração de conformidade válida descrita no nº 5 do Anexo III ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, quer o não envio da documentação técnica completa lesam não só as possibilidades de verificação completa dos equipamentos pelo ICP-ANACOM, como também a garantia dos consumidores na qualidade dos aparelhos e os direitos daqueles à informação.

71) À data da prática dos factos, a arguida já fora acusada da prática de ilícitos por violações ao preceituado em várias normas do mesmo diploma legal, quer no processo nº 20031609-1102/2011, instaurado em 2011.09.30, quanto a todos os factos, e quer no processo nº 20031609-708/2012,

instaurado em 2012.08.10, quanto aos factos relativos aos aparelhos das marcas IT NEST, NGS, INSYS, PHILIPS e ASUS.

72) Assim, a arguida conhecia, e não podia deixar de conhecer, as normas legais aplicáveis à colocação no mercado de equipamentos terminais e de rádio.

73) A arguida representou como possível que: vários equipamentos de rádio que comercializava não se encontrassem acompanhados de declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis, ou de declaração de conformidade com os mesmos requisitos que fosse válida, ou não estivessem devidamente marcados, e conformou-se com essa possibilidade, colocando-os no mercado sem que incluíssem esses elementos, colocando a possibilidade de ser proibido fazê-lo; enviasse ao ICP-ANACOM documentações técnicas

relativas a aparelhos sem que das mesmas constassem todos os elementos legalmente obrigatórios, e conformou-se com essa possibilidade, enviando documentações técnicas incompletas, sabendo que era proibido fazê-lo.

74) A arguida não teve o cuidado de verificar, como podia e era capaz atenta a sua posição de grande distribuidor de equipamentos eletrónicos e elemento de um dos maiores grupos económicos portugueses, o grupo Sonae, que

disponibiliza marcas próprias, se a declaração de conformidade descrita no nº 5 do Anexo III ao Decreto-Lei nº 192/2000, de 18 de agosto, relativa aos

aparelhos da marca KUNFT, poderia ou não ser considerada válida para a verificação do cumprimento dos requisitos essenciais aplicáveis, nem se a declaração de conformidade com os requisitos essenciais aplicáveis a fornecer

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