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A Geologia Marinha Brasileira e os Programas Internacionais

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A Geologia Marinha Brasileira e os Programas Internacionais

L. R. Martins*

* National (1986-2002) and Regional (1986-1997) Chairman, Programme OSNLR (IOC-UNESCO)

RESUMO

A contribuição brasileira com relação aos programas e projetos internacionais de geologia marinha pode ser considerada boa em termos relativos ao conhecimento científico da margem continental do Atlântico Sudoeste. Essa participação encontra-se materializada em quatro níveis distintos:

Programas governamentais em ciências oceânicas;

Programas governamentais em serviços oceânicos, ambos vinculados à Comissão Oceanográfica Intergovernamental – COI (UNESCO);

Iniciativas não governamentais, a maioria delas ligadas ao Conselho Internacional para Ciência – ICSU;

Acordos bi e multilaterais estabelecidos pelo governo brasileiro com outros países.

O programa Ciência Oceânica em Relação aos Recursos Não Vivos – OSNLR é um exemplo do primeiro grupo, enquanto o Sistema de Observação Global dos Oceanos – GOOS materializa o segundo conjunto. As interações Terra/Mar na Zona Costeira – LOICZ identifica o terceiro grupo, enquanto o programa do Atlântico Sul Ocidental Superior – ASOS é representativo do quarto grupo.

Resultados em termos de conhecimento científico, formação e treinamento de pessoal, grupos de trabalho, seminários e publicações são apresentados como decorrentes dessa cooperação. Além disso, essa participação propiciou igualmente uma forte integração com a comunidade internacional.

ABSTRACT

Brazilian contribution to marine geology international programs and projects is good in relation to scientific knowledge of the South West Atlantic continental margin.

There are four levels of participation: governmental programs on ocean sciences, governmental programs on ocean services both linked to the Intergovernmental Oceanographic Commission – IOC (UNESCO), non governmental initiatives connected to programs or projects developed through the International Council for Science – ICSU, and multi or bilateral agreements established by the Brazilian government with other countries. The Programme on Ocean Science in relation to Non Living Resources – OSNLR is an example of the first group, whereas the Global Ocean Observing System – GOOS exemplifies the second. The Land Ocean Interactions in the Coastal Zone – LOICZ represents the third group, while the Upper South Atlantic Program – ASOS is a regional initiative of the last group.

Results in terms of scientific knowledge, training, technical workshops, seminars and publications from this cooperative work are presented. Besides, probably the greatest benefit to Brazil is closer integration of its coastal and marine geologists with those of the world community.

Palavras chave: geologia marinha, programas, internacional.

(2)

INTRODUÇÃO

Embora com apoio oficial muito limitado, tem sido incisiva a participação da geologia marinha brasileira em iniciativas internacionais. Essa atuação é realizada mais a nível individual, baseada especialmente no conceito profissional alcançado por alguns cientistas brasileiros, do que uma situação mais concreta decorrente de uma política nacional para o mar.

Neste contexto podemos dividir a presença nacional em quatro níveis distintos:

a) Programas Governamentais, vinculados especialmente à Comissão Oceanográfica Intergovernamental – COI da UNESCO, na área de “ciência oceânica”, funcionando neste caso o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, como Instituição Nacional Designada.

b) Programas Governamentais ligados igualmente a COI, mas no âmbito dos “serviços oceânicos”, operando neste caso a Diretoria de Hidrografia e Navegação do Ministério da Marinha, como ponto focal ou organismo de enlace.

c) Iniciativas Não Governamentais, ligadas a programas e/ou associações vinculadas ao International Council for Science - ICSU

1

.

d) Programas Governamentais, decorrentes de acordos bilaterais e multilaterais com outros países e que embora não possuam a condição de programa internacional global, envolvem a participação de país ou países estrangeiros.

Na primeira categoria, estão incluídos o

“Programme on Ocean Science in relation to non Living Resources” – OSNLR e durante muitos anos pelo componente de geologia marinha do Projeto Inter Regional sobre Sistemas Costeiros – COMAR e seu componente para a América Latina – COSALC, o projeto de Educação e Treinamento em Ciências do Mar – TREDMAR e o projeto de Promoção Internacional das Ciências do Mar – PROMAR, antigamente ligados a Divisão de Ciências do Mar – OCE (UNESCO), posteriormente vinculados a COI sob a sigla

1

Nova denominação do International Council of Scientific Union, a partir de abril de 1998, mas conservando a sigla ICSU .

MRI (Marine Related Issues), e recentemente reestruturados pela COI. Nessa categoria encontra-se também a formação e treinamento em geologia marinha propiciados através do Programa “Training Educational and Mutual Assistance” – TEMA, vinculado diretamente a COI.

No segundo grupo, embora não necessariamente desenvolvido pela geologia marinha, tem ela papel decisivo como componente fornecedor de subsídios importantes. Esses programas de “serviços oceânicos” incluem, por exemplo, o “Global Ocean Observing Systems” – GOOS e o

“Global Sea Level Observing Systems” – GLOSS.

No terceiro conjunto estão localizados os programas e projetos, onde a geologia marinha e costeira brasileira possui igualmente participação ativa como o projeto “Land Ocean Interactions on the Coastal Zone” – LOICZ vinculado ao International Geosphere – Biosphere Program – IGPB (ICSU). Da mesma forma as atividades que incluem geologia marinha do “Scientific Committee on Oceanic Research” – SCOR e durante algum tempo pelos trabalhos desenvolvidos pela

“Commission for Marine Geology” – CMG, estão nessa categoria. Teoricamente estão incluídas também as atividades de geologia marinha vinculadas ao “Scientific Committee on Antarctic Research” – SCAR, mas essas estão praticamente inativas por falta de interesse oficial e incapacidade do meio flutuante nacional em efetuar trabalhos sobre sedimentos glacio-marinhos.

Finalmente no quarto grupo,

encontram-se principalmente as atividades

bilaterais fomentadas através do Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPq com países como a

Alemanha, Argentina, Bélgica, Canadá, Chile,

China, França, Itália, Japão, México, Peru,

Portugal, Reino Unido, Rússia, Uruguai, e

Estados Unidos. Nessa categoria estão também

os programas multilaterais estabelecidos com o

CYTED (Programa Íbero-Americano de Ciência

e Tecnologia), com a Federação Européia de

Redes de Cooperação Científica e Técnica, com

o Programa Atlântico Sul Ocidental Superior –

ASOS (Brasil, Argentina, Uruguai), e a

cooperação bilateral Argentina-Brasil em

(3)

Ciências Mar – CABMAR, todos ligados ao Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.

PROGRAMAS E PROJETOS GOVERNAMENTAIS

OSNRL – OCEAN SCIENCE IN RELATION TO NON LIVING RESOURCES

Implantação e Desenvolvimento do Programa

A Comissão Oceanográfica Intergovernamental – COI da Unesco em sua 12ª Assembléia Geral (Paris, 2/30 novembro de 1982) decidiu pela criação de um programa sobre “Ciência Oceânica em relação aos Recursos Não Vivos”, (Ocean Science in relation to Non Living Resources) – OSNLR. O novo programa científico estabelecido foi baseado em um relatório preparado por um Grupo de Especialistas, reunidos durante o 3º

“Workshop Internacional sobre Geociências Marinhas”, realizado em Heidelberg, (UNESCO/IOC 1982). A iniciativa seria implementada através de projetos de pesquisa a serem desenvolvidos a nível regional, especialmente através dos escritórios subsidiários da COI (IOCARIBE, WESTPAC entre outros), por organizações regionais cooperantes com a Comissão, ou pelos próprios países interessados.

O principal objetivo do OSNLR foi o de promover o conhecimento e a base científica necessária para a exploração e explotação racional dos recursos minerais marinhos, particularmente os localizados na zona litorânea e plataforma continental. Para desenvolver uma estratégia de implementação do programa e promover linhas de ação nos aspectos metodológicos, bem como a de promover recomendações científicas e técnicas para os futuros componentes regionais, a Assembléia da COI decidiu criar um Grupo Guia de Especialistas. O Brasil tem singular presença nesse programa, pois participou da primeira reunião realizada em Paris visando sua concretização, do encontro oficial para sua implantação, possui assento até o presente em seu “Guiding Group”, liderou seu desenvolvimento no Atlântico Sudoeste e manteve até novembro/96 sua coordenação regional, reconduzido por indicação das

delegações da Argentina e Uruguai, em cinco oportunidades.

Como preparação à implantação desse novo programa, a COI realizou uma consultoria através de um grupo “Ad-doc” de especialistas, familiarizados com a pesquisa em geociências marinha e com problemas relacionados com a exploração e explotação de recursos marinhos não vivos. O grupo de consultores formado por H. Backer (Alemanha), D. Cronan (Reino Unido), J. Katili (Indonésia), L. Montadert (França), E. Simpson (SCOR) e L. R. Martins (Brasil), reuniu-se de 6 a 8 de abril de 1983, na sede da COI em Paris, quando foram estabelecidas as principais recomendações ao

“Guiding Group”, quanto a implementação do OSNLR. Em decorrência dessas recomendações, a Comissão Oceanográfica Intergovernamental instalou de janeiro de 1985, em sua sede em Paris o “Guiding Group” do programa “Ocean Science in relation to Non Living Resources” – OSNLR. Na oportunidade foi estabelecida a estratégia de implementação do Programa, através de uma série de iniciativas, incluindo os componentes regionais da COI (UNESCO\IOC\OSNLR, 1985). Durante a reunião inicial, os especialistas presentes enfatizaram a importância da “zona costeira como um recurso não vivo em si” em razão de que aproximadamente 70% da população mundial vive na região litorânea, exercendo uma forte demanda e conseqüente pressão sobre um ambiente extremamente frágil, presente na paisagem transicional terra/mar. Em face desse posicionamento foi dada ênfase especial ao componente CZAR (Coastal Zone as a Resource in its own Right), sendo produzida igualmente uma lista de outras prioridades para estudos a serem desenvolvidos, baseada no interesse científico, significado econômico, necessidades dos países em desenvolvimento e impacto potencial a ser produzido pelo OSNLR.

No período de 20 a 24 de maio de 1986, os dirigentes do OSNLR reuniram-se em Paris, com a finalidade de analisar as principais atividades em andamento e oferecer uma série de sugestões com vistas a uma melhor implementação do Programa. Na oportunidade foi proposto um subprograma global SETMY

“Sea Level Changes Environments and Tectonics during the Past Million Years”

(UNESCO/IOC/OSNLR, 1986), sendo

considerado igualmente que o termo “zona

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costeira”, inclui a zona litorânea e a área rasa marinha, estendendo-se até a zona de quebra da plataforma continental. (COOK, 1989).

Por ocasião da Segunda reunião (Paris, 23 a 31 de janeiro de 1987), o grupo guia reforçou os subprogramas SETMY e CZAR, através da necessidade de realização de projetos, versando sobre:

a) estudos dos efeitos naturais e humanos na zona costeira, incluindo variações globais do nível do mar, subsidência regional, extração de água e hidrocarbonetos, dinâmica fluvio-estuarina e outros aspectos importantes;

b) estudo científico dos aspectos dinâmicos da região costeira e plataforma continental;

c) mapeamento da distribuição e composição dos sedimentos superficiais da plataforma continental, linha de estabilização da costa, correspondente aos 18.000 anos AP e de máxima ingressão dos 125.000 anos AP, delineadas a nível mundial.

Na mesma ocasião foi estabelecido um subprograma para mar profundo, com os seguintes indicativos:

a) estudos dos processos tectônicos e magmáticos de placas marginais convergentes e divergentes, para promover uma estrutura geológica e geofísica para exploração dos recursos associados;

b) estudo da distribuição e composição das crostas ferromanganíferas, ricas em cobalto e os sulfetos hidrotermais;

c) mapeamento sistemático das espessas seqüências de sedimentos presentes nas bacias sedimentares (UNESCO/IOC/OSNLR, 1987).

Reunido pela terceira vez em Bordeaux, de 21 a 25 de novembro de 1989 (UNESCO/IOC/OSNLR, 1989), o grupo guia efetuou uma nova avaliação do desempenho do Programa e estabeleceu o Plano de Ação futuro a nível global e regional, mantendo em princípio as mesma linhas de trabalho adotadas no evento anterior.

Uma nova reunião foi realizada pelos dirigentes do OSNLR em Paris (30 a 31 de janeiro de 1991), ocupando-se da preparação de um novo Plano de Ação, sendo igualmente encaminhada proposta de realização de uma conferência internacional sobre mudanças costeiras (UNESCO/IOC/OSNLR, 1991).

O novo plano de ação foi alicerçado no desenvolvimento de três subprogramas temáticos definidos a partir da experiência adquirida pelo OSNLR nestes primeiros anos de operação:

1- Mudanças Costeiras (Coastal Changes), dedicado a estudos de sedimentação/erosão tanto na escala humana de tempo (décadas) como em termos glacial/pós glacial (milhares de anos).

2- Ambientes de Margens Continentais e Recursos Minerais (Continental Margin Environment and Mineral Resources - COMEMIR), cujo objetivo principal é o de determinar os registros de mudanças ambientais globais preservadas nos sedimentos das margens continentais e avaliar os recursos minerais associados, através de uma análise compreensiva da estrutura geológica e dos processos ambientais.

3- Processos de Oceano Profundo e Recursos Minerais (Deep Sea Processes and Mineral Resources), baseado no estudo dos vários fenômenos governantes da sedimentação de mar profundo e sua evolução diagênica, com especial ênfase em crostas e nódulos polimetálicos e sedimentos metalíferos.

De 5 a 7 de 1992, reuniram-se em Paris, a coordenação do OSNLR global e os coordenadores de componentes regionais onde o programa já possuía uma profícua atuação (UNESCO/IOC/OSNLR, 1992). Entre as resoluções aprovadas na ocasião, salientamos:

a) Envolvimento dos países em desenvolvimento no Ocean Drilling Program – ODP;

b) Mapeamento paleogeográfico do Atlântico Sudoeste e dos recursos não vivos associados;

c) Estabelecimento de uma coordenação global para o subprograma COMEMIR;

d) Realização de uma conferência Internacional sobre Mudanças Costeiras denominada Coastal Change/95 (Coastal Change: Past, Present and future-its scientific Appraisal for effective Coastal Management) com vistas à discussão e estabelecimento de modernas diretrizes para o gerenciamento dos recursos costeiros.

O Coastal Change/95 foi realizado em

Bourdeaux, de 6 a 10 de fevereiro e seus

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principais resultados encontram-se em publicação específica da COI (UNESCO/IOC/OSNLR, 1995) e em dois volumes preparados pelos organizadores do evento (BORDOMER/95). Mais tarde, Bourdeaux, voltou a sediar um encontro

“Coastal Environment Management and Conservation”, com a conseqüente publicação de três volumes pertinentes à zona costeira (BORDOMER/97).

Atividades no Atlântico Sudoeste

Um dos primeiros subprogramas regionais que foi estabelecido através do OSNLR, em face da tradição de alguns centros de pesquisa existentes na região foi o do Atlântico Sudoeste. A reunião inicial para discussão do “Programme on Ocean Science in relation to Non Living Resources” a nível regional foi realizado de 27 a 29 de novembro de 1985 em Buenos Aires, Argentina (OSNLR/SWAtl., 1985). Na oportunidade, MARTINS (1985), na qualidade de membro do

“Guiding Group” apresentou o OSNLR aos participantes dos três países (Brasil, Uruguai e Argentina), e discorreu sobre as oportunidades oferecidas para que os mesmos passassem a trabalhar no campo da geologia costeira e marinha em projetos conjuntos, com vistas a obtenção de um melhor conhecimento dos recursos não vivos ocorrentes em suas costas e margens continentais. Durante o encontro, os pesquisadores convidados procederam a uma avaliação do potencial regional, relacionado com o OSNLR sob o ponto de vista de recursos humanos, tecnologia disponível, meios naturais ocorrentes e seu potencial.

A implantação de um componente regional na região do Atlântico Sudoeste foi especialmente decorrente de sua vasta extensão latitudinal, correspondendo a uma variada gama de regimes climáticos, situados entre os extremos equatorial e subpolar, com aspectos dinâmicos distintos e conseqüente morfologia e geologia variada. Um conjunto quase completo de meios costeiros são encontrados, desde costas retilíneas e recobertas, rochosas, arenosas ou lamosas com presença de sistemas de manguezais, lagunas, estuários, deltas, marismas, barreiras e baías. O domínio litoral e da plataforma continental, estão dinamizados

pôr regimes de marés que vão desde situações micro (<2m) a macro (>4m).

Por sua vez, os grandes sistemas fluviais presentes impõem um forte impacto de caráter continental à zona costeira e plataforma continental adjacente. Os recursos conhecidos e potenciais desses meios são variados (materiais de construção, salinas, hidrocarbonetos, minerais pesados, nódulos, fosfáticos, turfas, diatomitos, areia e cascalho bioclástico entre outros). Considera-se também que com exceção da costa patagônica, grandes setores do litoral do Atlântico Sudoeste, são objeto de uso intensivo (portuário, industrial, turístico ou recreativo).

Tendo em vista as características descritas, o interesse científico sobre esses modelos, são apreciáveis de muitos pontos de vista:

− muitos desses modelos são altamente representativos no plano mundial, como deltas (Paraná), lagunas (Patos), barreiras (Marambaia) e estuários (Amazonas);

− presença de meios costeiros homólogos num contexto distinto de regimes climáticos e hidrodinâmicos, permitindo a realização de estudos comparativos;

− a freqüência e a diversidade dos recursos exploráveis (conhecidos e potenciais), constituem um forte estímulo para a pesquisa e melhor conhecimento dos mesmos;

− a coexistência na região de zonas costeiras submetidas à pressão de grandes problemas ambientais (erosão, contaminação, eutroficação) e de outros praticamente livres dos mesmos, representa um elemento comparativo bastante favorável à investigação das causas e processos de degradação dos ambientes costeiros.

Nesta mesma reunião, foram estabelecidas as linhas gerais de estudos a serem desenvolvidos nos projetos regionais, incluindo especialmente a obtenção de dados básicos (batimetria, composição mecânica dos sedimentos) e informações específicas (sísmica, mineralogia, etc). Foram considerados prioritários os estudos relativos a cobertura sedimentar da plataforma continental e sua evolução paleogeográfica, as lagunas costeiras e a erosão das costas.

Participaram do encontro, os pesquisadores F. H. Mouzo, C. M. Urien, J. E.

Caló, N. W. Lanfredi, e G. Parker (Argentina),

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H. Asmus, L. D. Lacerda, J. O Morais, L. R.

Martins (Brasil), J. M. Jackson (Uruguai) e C.

Latouche (IOC/UNESCO).

As reuniões seguintes do grupo regional foram realizadas em Porto Alegre, (7 a 11 de abril de 1986 – OSLRN/SWAtl., 1986);

Punta del Este (3 a 5 de junho de 1987, OSNLR/SWAtl., 1987); Buenos Aires (24 e 25 de agosto de 1989 – OSNLR/SWAtl. 1989);

Maldonado (24 e 25 de junho de 1991 - OSNLR/SWAtl., 1991a); Porto Alegre (6 e 7 de julho de 1993 - OSNLR/SWAtl., 1993);

Montevidéu (27 e 28 de outubro de 1994 - OSNLR/SWAtl., 1994); Mar del Plata (27 e 28 de novembro de 1995 - OSNLR/SWAtl., 1995);

Brasília (outubro de 1996, - OSNLR/SWAtl., 1996). Documentos decorrentes desses encontros, foram preparados e distribuídos aos coordenadores nacionais, para divulgação ampla entre pesquisadores e instituições participantes do OSNLR/SWAtl. A partir de 1997, reuniões dos coordenadores nacionais, substituíram as do grupo regional, ficando a cargo de cada componente nacional a revisão e adoção das metas prioritárias nos respectivos setores da área piloto.

Resultados

Durante esses anos de real atuação na região mais no nível de encontros de pesquisas e pesquisadores interessados no estudo da zona costeira, o OSNLRN/SWAtl. proporcionou uma intensa integração entre os três países participantes, fomentando a realização de projetos e estudo conjuntos, “workshops”, seminários e reuniões científicas sobre temas de interesse regional bem como singulares oportunidades de formação e treinamento de pessoal, por intermédio de cursos e estágios (MARTINS, 1991a, b).

As mais importantes podem ser apresentadas da seguinte forma:

− Curso sobre Fosforítas e Minerais do Piso Marinho, realizado no período de 7 a 11 de novembro de 1988 no CECO/UFRGS, pelos líderes do projeto 156 (Fosforítas) do International Geological Correlation Program – IGCP;

− Cursos sobre “Fluxos Gravitacionais e sua importância econômica”,

“Geofísica Aplicada”, “Dinâmica Costeira”,

“Métodos Geofísicos e sua aplicação na Zona Costeira”, “Bacias Marginais no Atlântico Sudoeste”, ministrados a nível regional pela equipe do Programa;

− Preparação para publicação segundo modelos da COI da Lista Bibliográfica sobre Geologia Marinha e Costeira dos três países no período de 1980/90 para a área piloto do programa situada entre Cabo Frio (Brasil) e Península Valdés (Argentina) e editado por MARTINS et al. (1996a). Trabalhos referentes ao período 1991 – 2000 integram novo documento divulgado em CD-ROM MARTINS

& BARBOZA (2001);

− Estabelecimento de

programas de cooperação entre o CECO/UFRGS (Brasil) o Laboratório de Oceanografia Geológica (FURG), Centro de Oceanografia de Buenos Aires COBA/ITBA, o Laboratório de Oceanografia Costeira da Universidad Nacional de La Plata (Argentina), (MARTINS, 1985, 1991a, b), o Centro de Geologia de Costas y del Cuarternario da Universidad Nacional de Mar del Plata (Argentina), A División de Geología Marina, do Servicio de Oceanografia Hidrografia y Metereología de la Armada – SOHMA e Universidad de la República (Uruguai);

− Publicação e ou apresentação de trabalhos realizados pelos projetos regionais, (URIEN & MARTINS, 1987, 1989; URIEN et al., 1987a, 1987b, 1992, 1993; TUCHOLKE et al., 1987; LANFREDI et al., 1994; MARTINS et al., 1996b, 1997, 1999, 2002; CORRÊA &

VILLWOCK, 1996; CALLIARI, 1997, CALLIARI et al., 1994, 1999, 2000; CARUSO Jr. et al., 1999; CARUSO Jr., 1999; LABORDE, 1999; URIEN & MARTINS, 1989, 1999, MARTINS et al., 2002; TOLDO Jr. et al., 1999;

TOMAZELLI et al., 1996b, 1997; SPERANSKI

& CALLIARI, 2000;

− Oferecimento de vagas para jovens pesquisadores em cursos de mestrado e doutorado junto ao CECO/UFRGS;

− Participação no projeto UNITWIN (Programa de Doutorado em Oceanografia) com participação de 6 (seis) universidades regionais;

− Oferecimento de vagas para

jovens pesquisadores em missões de bordo,

(Floating University), dentro do programa

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TREDMAR (UNESCO), e posteriormente TEMA (COI);

− Realização dos “Workshops”

COMEMIR, OSNLR/IOCARIBE “Continental Shelf Marine Minerals”, “Coastal Zone and Continental Shelf Sedimentation”, “Coastal Erosion and Beach Nourishment”, em diferentes datas, nos países participantes;

− Preparação, impressão e distribuição do Boletim Informativo Regional, de circulação bianual, com a colaboração do Escritório Regional da UNESCO para a América Latina e Caribe (PIRIZ & MARTINS, 1992).

Atualmente o boletim é divulgado via Internet sob a responsabilidade do coordenador regional;

− Incentivo às atividades desenvolvidas pelo programa PROANTAR/CIRM, no estudo da sedimentação glaciomarinha (MARTINS et al., 1987;

GRUBER, 1989; HANSEN, 1990; TROIAN, 1990).

Cabe destacar como resultado principal do OSNLR/SWAtl., a realização e conclusão no período previsto, do projeto conjunto regional

“Síntese Cartográfica, Morfológica e Sedimentológica da Plataforma Continental e Zona Costeira do Atlântico Sudoeste, entre Cabo Frio (Brasil) e Península Valdés (Argentina)”

(OSNLR/SWAtl., 1991b, 1992). A documentação decorrente do projeto acima Morphology and Sedimentology of the Southwest Atlantic Coastal Zone and Continental Shelf from Cabo Frio (Brazil) to Península Valdés (Argentina) integrada por um Atlas contendo 10 cartas de litofácies (a cores), 10 cartas batimétricas, nota explicativa em inglês (72 páginas) e glossário espanhol- português-inglês, foi publicada e distribuída em agosto/96 (MARTINS & CORREA, 1996). A COI, o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT através de sua Divisão de Ciências do Mar – DCM e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM forneceram os recursos para publicação e divulgação desses documentos que constituem mais uma contribuição do Programa ao conhecimento científico da região. Dado o sucesso operativo do programa, a área piloto do OSNLR para o Atlântico Sudoeste (Cabo Frio (Brazil) à Península Valdés (Argentina)), foi igualmente adotada pelo Programa ASOS (Atlântico Sul Ocidental Superior) desenvolvido por Brasil, Uruguai e Argentina.

Um novo projeto regional iniciado em 1996, contou com a participação de instituições dos três países que integram o subprograma regional para o Atlântico Sudoeste. O projeto denominado “Erosão costeira: causas, análise de risco e sua relação com a gênese de depósitos minerais”, foi desenvolvido com a participação de dois (2) centros brasileiros, três (3) da Argentina e um (1) do Uruguai. Em nível de Brasil, foram publicados paralelamente vários trabalhos decorrentes deste projeto (BARLETTA & CALLIARI, 1997; CALLIARI et al., 1997; TOMAZELLI et al., 1996a, 1997;

TOZZI & CALLIARI, 1997). O CD-ROM

“Erosão Costeira” (MARTINS et al., 2002) divulgou os resultados dos principais trabalhos realizados pelos três países participantes.

Finalmente cabe destacar a iniciativa do OSNLR/Brasil na realização do OSNLR IOCARIBE – BRAZIL Workshop, realizado em Recife, Pernambuco sob o patrocínio da Comissão Oceanográfica Intergovernamental – COI, do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT e Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq. A reunião de trabalho teve por objetivo dois tópicos comuns à região norte/nordeste e países caribenhos, ou seja, a sedimentação carbonática e a erosão costeira. Participaram do evento, além de pesquisadores nacionais vinculados aos núcleos de geologia marinha norte/nordeste, cientistas do México, Cuba, Barbados, Venezuela e Costa Rica.

Ao final do encontro foram estabelecidas as bases para um futuro programa de cooperação entre as atividades OSNLR nas duas regiões. Relatório detalhado sobre o evento foi publicado pela Comissão Oceanográfica

Intergovernamental – COI.

(UNESCO/IOC/OSNLR, 1997).

Outro documento OSNLR, importante para ser ressaltado é a contribuição “Non Living Resources of Southern Brazilian Coastal Zone and Continental Margin” (MARTINS &

SANTANA, 1999).

PROGRAMA COMAR/TREDMAR/PROMAR (UNESCO)

Implantação e Desenvolvimento

Dentro deste contexto, a Conferência

das Nações Unidas em Ciência e Tecnologia

(8)

para o Desenvolvimento realizada em 1979, recomendou e a UNESCO estabeleceu em 1980 um projeto denominado COMAR (Coastal Marine Systems). Mais tarde o COMAR foi acrescido do TREDMAR e do PROMAR.

O programa da UNESCO para ciências marinhas costeiras concentrou sua atividade maior em projetos de nível regional, com três objetivos principais:

a) promover a pesquisa científica em áreas costeiras (COMAR);

b) promover a formação e treinamento de especialistas (TREDMAR);

c) desenvolver infra-estrutura científica (PROMAR).

A convite do diretor geral do COMAR, o Brasil participou da elaboração do projeto COMAR (1980), tendo L. R. Martins (Brasil) e P. Lassere (França), na qualidade de consultores, estabelecido o componente regional para América Latina e o Caribe, denominado COSALC. COMARASIA representa o componente para a Ásia e o COMARAF o homônimo para a África.

COMAR (Coastal Marine Project) é a abreviatura de sua designação formal “Major Inter-Regional Project on Research and Training Leading to the Integrated Management of Coastal Systems” e seu objetivo é o de aumentar o conhecimento e a compreensão das características, funcionamento e mudanças nos sistemas e ecossistemas da zona costeira, propiciando bases para seu gerenciamento integrado. O TREDMAR (Training and Education in Marine Science) tem por escopo promover treinamento de cientistas e jovens pesquisadores, reforçando o trabalho do COMAR. Nos últimos anos, o componente mais produtivo, tem sido a iniciativa “Floating University” que já treinou um número superior a 200 pesquisadores entre 1983 e 2001. O PROMAR (Promotion of Marine Science), procura oferecer condições para melhoria do ensino e da pesquisa em países em desenvolvimento, difundindo a nível regional os principais avanços internacionais das ciências do mar. À nível de América Latina e Caribe, o PROMAR publicou durante muito tempo a versão em espanhol do Boletim Internacional de Ciências do Mar (IMS), com aportes provenientes da região. Este boletim teve sua circulação modificada através da divulgação eletrônica. Atualmente as atividades dessa

natureza acham-se ligadas ao Programa

“Environment and Development in Coastal Regions and Small Islands” (UNESCO).

Atividades na América Latina e Caribe

A implementação do componente COSALC na América Latina e Caribe contou com a participação brasileira através do consultor da UNESCO, L. R. Martins que juntamente com o diretor geral do COMAR, (M.

Steyaert) visitou os países da região, com a finalidade de discutir com as autoridades locais, os objetivos e principais vantagens do projeto.

Posteriormente, quando da implantação oficial do COMAR/COSALC, a nível regional (Caracas, Venezuela, 15 a 19 de novembro de 1982), o Brasil uma vez mais desempenhou decisiva influência, ao coordenar o Grupo de Trabalho sobre a organização do projeto (UNESCO, 1983). Nesta reunião foi enfatizado o papel a ser desempenhado pelo projeto com relação as seguintes prioridades: a) formação e treinamento de pessoal; b) realização de projetos pilotos sobre sistemas costeiros (lagunas, estuários, marismas, dunas, praias e deltas) através de estudos básicos e aplicados; c) divulgação da experiência a nível regional.

A partir da adesão dos vinte (20) países participantes da reunião, foram iniciadas várias atividades preparatórias visando o estabelecimento de diferentes projetos. Em termos de geologia marinha e costeira a liderança de tais iniciativas concentrou-se especialmente no Centro de Estudos de Geologia Costeira e Oceânica CECO, face ao conceito já desfrutado a nível internacional pelo núcleo da UFRGS.

Essas ações podem ser representadas da seguinte forma:

a) Cursos de Treinamento Regional Primeiro Curso sobre Geologia Costeira

Local: Porto Alegre, Brasil Data: 1 a 15 de dezembro de 1981 Corpo docente: CECO/UFRGS

Participantes: Pesquisadores da Argentina e Brasil.

Segundo Curso sobre Geologia Costeira

Local: Mar del Plata, Argentina

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Data: 11 a 17 de abril de 1983

Corpo docente: CECO/UFRGS e Centro de Geologia de Costas, UNMP, Mar del Plata

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil e Uruguai.

Terceiro Curso sobre Geologia Costeira

Local: Porto Alegre, Brasil Data: 18 a 30 de março de 1985 Corpo docente: CECO/UFRGS

Participantes: Pesquisadores da Colômbia, Chile, Venezuela, Argentina, Costa Rica, El Salvador, Equador e México.

Quarto Curso sobre Geologia Costeira

Local: Porto Alegre, Brasil Data: 19 a 31 de maio de 1986 Corpo docente: CECO/UFRGS

Participantes: Pesquisadores da Colômbia, Equador, Argentina, Cuba, Peru, Chile, México e Uruguai.

Curso sobre Processos Litorâneos e Manejo Costeiro

Local: Porto Alegre, Brasil Data: 7 a 11 de outubro de 1991 Corpo docente: CECO/UFRGS e IPH/UFRGS

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil e Uruguai.

Curso sobre Sensoriamento Remoto Aplicado a Oceanografia

Local: Porto Alegre, Brasil

Data: 13 de julho a 1 de agosto de 1992 Corpo docente: CECO/UFRGS e Centro Estadual de Pesquisas em Sensoriamento Remoto

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil, Uruguai, Chile e Peru.

b) Eventos

Seminário sobre Ecologia Bentonica y Sedimentation de la Plataforma Continental del Atlantico Sur

Local: Montevidéu, Uruguai

Data: 9 a 12 de maio, 1978

Objetivo: Avaliação do nível do conhecimento

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil, Uruguai, Chile, Peru, Venezuela, Colômbia, Estados Unidos, Noruega, Alemanha (UNESCO, 1978, 1979).

Seminário Latinoamericano sobre Ensino da Oceanografia

Local: São Paulo Brasil

Data: 17 a 20 de novembro de 1978 Objetivos: Análise do estado atual do ensino da oceanografia em nível de graduação e pós-graduação. Principais problemas e soluções

Participantes: Pesquisadores/Docentes do Brasil, Argentina, Peru, Uruguai, Panamá, Chile, México, Colômbia, Equador e Estados Unidos (UNESCO, 1981a).

Grupo de Trabalho sobre geologia e geoquímica da Margem Continental del Atlantico Sudoccidental

Local: Montevidéu, Uruguai Data: 2 a 4 de dezembro, 1980

Objetivos: Análise do atual estágio e principais lacunas existentes na pesquisa de geologia e geoquímica marinha na região

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil, Uruguai, França (UNESCO, 1981b).

Reunião sobre Lagunas costeiras da América Latina

Local: Porto Alegre, Brasil Data: 12 a 17 de dezembro de 1983 Objetivos:

a) Avaliar os conhecimentos existentes nos países participantes relativos as principais lagunas costeiras

b) adoção de metodologia de estudo uniforme

c) organizar atividades de pesquisa e formação de pessoal em lagunas costeiras

Participantes: Pesquisadores da

Argentina, Brasil, Uruguai, Trinidad Tobago,

México, Colômbia, Venezuela, Barbados e El

Salvador.

(10)

Reunião para o Planejamento de Estudo conjunto México, Venezuela e Brasil sobre lagunas costeiras

Local: Cidade do México Data: 26 a 27 de maio de 1984

Objetivo: Análise dos processos físicos das lagunas de Terminos (México), Unari- Tacarigua-Piritú (Venezuela) e Patos (Brasil)

Participantes: M. Steyaert (UNESCO), A. A. Castanhares (México), P. Roa (Venezuela), L. Martins (Brasil).

Seminário sobre Processos Físicos e Biológicos do Meio Costeiro e Estuarino Temperado da América Latina

Local: Montevidéu, Uruguai Data: 4 a 7 de novembro de 1986 Objetivos: Estabelecer bases para desenvolvimento de projetos e cursos de formação e treinamento de pessoal na zona costeira temperada da América Latina.

Participantes: Pesquisadores da Argentina, Brasil, Chile, Uruguai e Peru (UNESCO, 1988, MARTINS, 1988).

Durante o seu período de atuação, o projeto COMAR teve como organismo diretivo e de avaliação de desempenho o

“UNESCO/SCOR/IABO Consultative Panel on Coastal Systems”, reunido a cada três anos, tendo o Brasil participando como membro e consultor. Em função da ativa participação nacional no componente regional COMAR para a América Latina e Caribe (COSALC), a 5ª Reunião do Painel Consultivo sobre Sistemas Costeiro foi realizada no Brasil. O evento teve lugar no LABOHIDRO da Universidade Federal do Maranhão, entre os dias 15 e 20 de dezembro de 1988. Detalhes sobre a reunião podem ser consultados em publicação específica da UNESCO (1989).

O evento inter-regional de maior relevo e que congregou todos os componentes regionais do COMAR (COMARASIA, COMARAF, COSALC) foi a conferência “Coastal Systems and Sustainable Development: An Interregional Scientific COMAR Conference”, realizada de 21 a 25 de maio de 1991, na sede da UNESCO em Paris, sob os auspícios da UNESCO, SCOR e IABO. Nesse evento, o Brasil emprestou a sua colaboração através da apresentação de

resultados de estudos realizados no País (UNESCO, 1991). O Brasil igualmente participou e teve dois trabalhos selecionados para apresentação, no “INQUA/ASEQUA Symposium”, realizado em Dakar, Senegal (abril, 1986), sob a égide do COMARAF. Os dois trabalhos (MARTINS & VILLWOCK, 1987 e SUGUIO, 1987) acham-se publicados no

“Quaternary Coastal Geology of West Africa and South América” (UNESCO, 1987).

O desenvolvimento do COMAR/COSALC deu-se a nível regional através de uma série de projetos:

a) COSALC I "Estabilidade Costeira e Praial", para zonas costeiras das ilhas do Caribe;

b) COSALC III “Caribbean Coastal Marine Productivity” CARICOMP;

c) COSALC VII “Processos Físicos e Biológicos do Meio Costeiro Temperado da América Latina” (MARTINS, 1988).

O COSALC VII foi uma decorrência do “Seminário sobre Processos Físicos e Biológicos do Meio Costeiro e Estuarino Temperado da América Latina” (UNESCO, 1988). Participaram do projeto a Argentina, Brasil, Chile, Peru e Uruguai, sendo coordenado por um Comitê Científico integrado por um representante oficial de cada país. A coordenação do Comitê foi exercida pelos representantes em forma de rodízio.

A primeira reunião do CCC foi realizada em Concepción no Chile (1987) e as demais junto ao Escritório da UNESCO em Montevidéu, Uruguai (1988, 1989, 1990, 1991, 1992, 1993). O COSALC VII teve por objetivo uma gestão integrada dos sistemas costeiros, promover apoio a projetos de estudo do meio costeiro e a formação de pessoal para o gerenciamento e a conservação dos ambientes costeiros marinhos. Sua atuação foi dividida em três componentes principais:

a) maré vermelha: dinâmica ambiental que a sustenta e impacto sócio-econômico;

b) dinâmica de lagunas costeiras, estuários e marismas;

c) processos costeiros e mudanças globais.

Embora oficialmente encerrado, o

COSALC VII, lançou a nível regional, bases

para desenvolvimento de estudos ativos até a

presente data, nestes três componentes, e

promovendo a elaboração de dissertações de

mestrado e teses de doutorado.

(11)

Resultados

A geologia marinha brasileira prossegue participando ativamente nos componentes “b” e “c”, com o projeto “Lagoa dos Patos” e “Erosão Costeira” de modo particular através de projetos aprovados por várias agências nacionais e internacionais.

Vinculado ao primeiro projeto e com apoio financeiro do acordo bilateral CNPq (Brasil) / CONICET (Argentina), foi realizado um estudo comparativo entre as desembocaduras da Lagoa dos Patos e de Mar Chiquita (Argentina), sob o ponto de vista morfológico e de erosão costeira.

O projeto “Lagoa dos Patos” (CECO/UFRGS) já publicou no país e no exterior dezenas de trabalhos, tendo discutido a nível internacional a história geológica de sua formação, a dinâmica e o regime sedimentar de uma das maiores lagunas costeiras do mundo (Simpósio sobre Lagunas Costeiras, Bordeaux, França;

International Estuarine Research Conference, New Orleans, USA; Joint Oceanographic Assembly, Acapulco, México, entre outros eventos). Outras lagunas de menor porte (Tramandaí, RS), foram igualmente objeto de estudos detalhados servindo seus resultados para treinamento de jovens pesquisadores.

O mapeamento da província costeira do Rio Grande do Sul na escala 1:1.000.000 visando o conhecimento de sua evolução geológica Cenozóica à luz dos ambientes transicionais (lagunas, deltas, estuários, restingas, marismas, dunas) modernos e pretéritos presentes na área estudada, constitui elemento de referência regional para o COSALC VII e mesmo no âmbito do COMAR. Tal conhecimento foi sintetizado por VILWOCK &

TOMAZELLI (1995). Novas contribuições de idêntico nível foram produzidas para o Estado de Santa Catarina por CARUSO Jr. &

AWDZIEJ (1993); CARUSO Jr. (1995, 1997).

Destaque-se também o estudo ambiental realizado sob os auspícios da PETROBRÁS, envolvendo o CECO/UFRGS, o LOG/FURG, a UFSC e a UFPR, na plataforma interna dos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

No plano de formação de pessoal, deve ser indicado que como “centro de excelência da UNESCO para o ensino de geologia marinha para América Latina e Caribe”, o CECO/UFRGS já preparou vários pesquisadores

da região e que obtiveram sua titulação de mestrado ou doutorado no âmbito do TREDMAR e TEMA.

Finalmente, cabe indicar que decorrente da ação do COSALC VII e seus aspectos sócio- econômicos, encontra-se em seu sexto ano de funcionamento o projeto UNITWIN com a participação dos cinco países da região integrantes do projeto e apoiado na iniciativa

“Cátedra da UNESCO”, onde se destaca a economia proporcionada aos países, com a formação de pessoal qualificado na região.

O CECO/UFRGS é o responsável pela docência das disciplinas de geologia costeira e marinha junto ao Programa Internacional de Doutorado em Oceanografia, sediado na Universidad de Concepción, Chile.

CSI

Em 1996 a UNESCO lançou nova iniciativa denominada “Environment and Development in coastal regions and in Small Islands (CSI)” para servir como plataforma de atividades transdisciplinares que integrem especialistas em ciências naturais e sociais.

Através de projetos pilotos e do conhecimento adquirido em projetos anteriores, o programa visa atingir a elaboração de “praticas inteligentes” para o desenvolvimento da região costeira e pequenas ilhas. Por tratar-se de uma ação no âmbito das “ciências oceânicas”, o Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT é o organismo de enlace.

Em realidade, o CSI substituiu progressivamente a área de atuação COMAR/PROMAR/TREDMAR com atribuições mais específicas, utilizando a experiência profícua obtida nessas iniciativas anteriores e que se encontravam ultimamente reunidas sob a sigla MRI (Marine Related Issues).

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA

Embora não possuindo um programa

específico de geologia marinha, a SEDI –

Secretaria Executiva de Desenvolvimento

Integrado da Organização dos Estados

Americanos, apoiou em várias oportunidades

projetos de interesse dos países do Atlântico

Sudoeste (Brasil, Argentina e Uruguai) bem

(12)

como patrocinou a realização de seminários e

“workshops” específicos ou multidisciplinares que contaram com a participação de geólogos marinhos brasileiros.

No primeiro caso situa-se o projeto

“Evolução Paleográfica, do Quaternário da Zona costeira e Margem Continental do Rio Grande do Sul” (1984-88) e “Recursos Minerais”

(1997/98), desenvolvido pelo CECO/UFRGS, e que contou com a colaboração do Centro de Oceanografia do Instituto Tecnológico de Buenos Aires – ITBA. Resultados desse projeto podem ser encontrados em VILLWOCK &

TOMAZELLI (1995), MARTINS et al., (1996b).

No segundo, um evento específico sobre “Exploração dos Recursos Não Renováveis das Margens Continentais” (Buenos Aires, 9 a 13 de maio de 1977) representou uma oportunidade em que geólogos do CECO/UFRGS apresentaram um panorama sobre as potencialidades da margem continental brasileira em termos de recursos não vivos, excetuando óleos e gás. Outros encontros patrocinados pela OEA, tiveram por escopo a planificação e gerenciamento da zona costeira, (Mar del Plata, 1984), erosão e contaminação (Buenos Aires, 1990) preservação ambiental e desenvolvimento costeiro (Montevidéu, 1991), contaram igualmente com a participação da geologia marinha brasileira, com apresentação de contribuições nos temas propostos.

Em 1997, a OEA voltou a apoiar projeto de geologia marinha, sobre recursos não vivos da margem continental sul brasileira, desenvolvido através do “Sedimentological Research Group” do CECO/UFRGS, restabelecendo seu interesse em projetos de geologia marinha com fortes conotações sócio- econômicas e ambientais. Os resultados da primeira etapa de trabalho foram divulgados através de publicação especial (MARTINS &

SANTANA, 1999). Em 2000, a OEA aprovou novo projeto SERG, com resultados de sua primeira etapa, já divulgados (MARTINS et al., 2002).

Cabe ressaltar que instituições do Uruguai (SOHMA) e Argentina (COBA/ITBA Universidad Nacional de Mar del Plata e Universidad Nacional de La Plata), participam do desenvolvimento do projeto.

UN-DOALOS TRAIN-SEA-COAST

Trata-se de uma rede mundial para formação de recursos humanos, estabelecida pela Division of Ocean Affairs and Law of the Sea - DOALOS, das Nações Unidas, na área do desenvolvimento costeiro e oceânico. DOALOS é igualmente co-patrocinador do Programa OSNLR discutido anteriormente.

As atividades no Brasil tiveram início em 1995 na Fundação Universidade Federal do Rio Grande – FURG, com apoio da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – CIRM.

Até o presente momento vários cursos foram ministrados, com uma duração máxima de vinte dias. Cada curso é oferecido em várias oportunidades e de um modo geral não possuem equivalência com cursos acadêmicos.

Geralmente, as etapas de treinamento são constituídas por uma análise das necessidades de treinamento, seu desenvolvimento e uma avaliação do mesmo.

A contribuição da geologia marinha brasileira no Train-Sea-Coast é coordenada pelo Prof. Dr. Lauro Júlio Calliari.

PROGRAMAS E PROJETOS NÃO GOVERNAMENTAIS

SCOR – SCIENTIFIC COMMITTEE ON OCEANIC RESEARCH

Este comitê vinculado ao Internacional Council for Science – ICSU, foi criado em 1957 e tem por propósito maior, promover e coordenar atividades científicas em todos os ramos da oceanografia, em caráter não governamental.

Os principais objetivos específicos do SCOR são:

a) identificar questões relevantes da ciência oceanográfica;

b) estabelecer Grupos de Trabalho (Working Groups) e Comitês (Committees) específicos para tratar dessas questões, buscando soluções a curto e em longo prazo;

c) discutir e promover as recomendações oriundas desses Grupos de Trabalho;

d) organizar encontros científicos sobre

assuntos de interesse global, normalmente em

colaboração com outros organismos;

(13)

e) incentivar a criação de condições logísticas para desenvolvimento de programas de pesquisa internacional.

No SCOR ocorrem três (3) categorias de membros:

a) nomeados pelos países participantes e que constituem a maioria da representação;

b) representativos, constituídos por dirigentes de organizações científicas não governamentais filiadas ao SCOR;

c) convidados pelo Comitê Executivo do SCOR entre pesquisadores de renome internacional nas ciências marinhas.

No primeiro caso, encontram-se os representantes nacionais, designados pelos respectivos organismos de enlace. No segundo grupo estão os dirigentes de organizações científicas como a antiga Comission for Marine Geology – CMG, a International Association for Biological Oceanography – IABO, a International Association for the Physical Sciences of the Oceans – IAPSO entre outras.

As atividades mais tradicionais do SCOR são desenvolvidas através dos Grupos de Trabalho (Working Groups) que possuem uma duração mínima de dois e máxima de seis anos.

Existem também Comitês (Committees) responsáveis pela implementação a longo prazo de programas científicos internacionais, tais como o Joint Global Ocean Flux Studies- JGOFS.

Desde a sua criação o SCOR já promoveu mais de uma centena de WG e vários Comitês, tendo publicado um conjunto expressivo de volumes. Listamos a seguir alguns WG de interesse direto da geologia marinha, como:

a) WG40 Paleoceanography;

b) WG46 River Inputs to the Ocean Systems;

c) WG53 Evolution of the South Atlantic;

d) WG61 Sedimentation Processes at Continental Margins;

e) WG63 Marine Geochronological Methods;

f) WG81 Deep Water Paleoceanography;

g) WG89 Sea Level and Erosion of the World’s Coastlines;

h) W95 Sediment Suspension and Sea Bed Properties;

i) WG100 Sediment Coring for International Global Chance Research;

j) WG106 Relative Sea Level and Muddy Coasts of the world;

k) WG107 Improved Global Bathymetry.

O Brasil emprestou sua colaboração através da remessa de sugestões, tendo também realizado alguns trabalhos vinculados aso objetivos dos WG, como os WG40, WG46 e WG53. Neste último, juntamente com geólogos marinhos da Argentina, foram publicados três trabalhos concernentes à evolução do Atlântico Sul.

A filiação do Brasil ao SCOR ocorreu através da Comissão de Oceanografia do CNPq, em 1974, mas a participação às reuniões do Comitê Executivo e Assembléia Geral, nunca foi convenientemente apoiada pelo organismo de enlace. O Brasil, no entanto sediou a 21ª reunião do Comitê Executivo em 1978 numa iniciativa do IOUSP. Em 1997 o Comitê Executivo por iniciativa da Divisão de Ciências do Mar do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, voltou a reunir-se no Rio de Janeiro (8 a 12 de dezembro). As raras vezes em que um dos representantes nacionais participou de eventos SCOR, foi quando de sua coincidência com as reuniões do “UNESCO/SCOR/IABO Consultative Panel on Coastal Systems”

(organismo de supervisão do COMAR/PROMAR/TREDMAR), como sucedeu em Roscoff (France, 1984) e Acapulco (México, 1988). Em 1990 o presidente do CNPq, preocupado com a falta de participação do Brasil, promoveu a ida de um dos representantes a reunião realizada em Warnemunden (Alemanha).

Ao passar para o âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, a representação brasileira voltou a participar com maior regularidade das reuniões do SCOR, graças ao acentuado interesse da chefia da Divisão de Ciências do Mar. Detalhes maiores sobre o SCOR em si e a participação brasileira podem ser encontrados em BRANDINI (1994).

Nos aspectos de geologia marinha, em realidade, a participação é singela e apenas decorrente, conforme já mencionado, de alguns trabalhos publicados sobre a evolução e a sedimentação do Atlântico Sul e de várias sugestões relativas ao WG89, encaminhadas ao vice-presidente do grupo de trabalho (N.

Lanfredi), que foram analisadas e incluídas na publicação decorrente do Grupo de Trabalho.

Torna-se necessário fortificar de forma crescente

a participação da geologia marinha brasileira,

(14)

especialmente nos WG específicos, o que já vem sendo realizado nestes últimos anos, com uma participação brasileira mais ativa nas reuniões do SCOR. Atualmente, Ilana Wainer (IOUSP) Friedrich Herms (UERJ) e Luiz Martins (CECO/UFRGS) são os representantes brasileiros junto as SCOR, conforme indicação oficial do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT.

LOICZ – LAND-OCEAN INTERACTIONS ON THE COASTAL ZONE

As zonas costeiras e as plataformas continentais são áreas de especial interesse do Internacional Geosphere-Biosphere Program: A Study of Global Change, da International Council for Science, desenvolvido com a finalidade de aumentar o conhecimento sobre a dinâmica da biosfera influenciada e influenciando mudanças ambientais globais. As conexões costeiras do IGBP levam em conta especialmente que os chamados “ambientes transicionais” (situados entre o continente e o mar), são particularmente vulneráveis a impactos de mudanças climáticas, todas elas afetando a interação biológica e física.

O projeto “Land-Ocean Interactions in the Coastal Zone-LOICZ”, tem por escopo pesquisar o significado global desses fatores e suas implicações nos ciclos biogeoquímicos e no gerenciamento sustentável dos recursos costeiros. O estudo se propõe a desenvolver uma compreensão preditiva do comportamento dinâmico da interface terra/mar e as respostas dos sistemas costeiros às mudanças globais.

O direcionamento do projeto acha-se representado pelo estudo:

a) do intercâmbio de matéria e energia terra/oceano;

b) fluxo de carbono e emissões de gases traços;

c) resposta às mudanças do nível relativo do mar;

d) dimensões humanas das mudanças no sistema costeiro.

A geologia marinha brasileira vem emprestando a sua colaboração ao projeto, especialmente nos itens “c” e “d”, através de vários trabalhos sobre a variação do nível relativo do mar, tendo inclusive realizado uma reunião de trabalho específica, com apresentação de trabalhos, indicando claramente a colaboração de nosso País ao projeto LOICZ. O

grupo nacional está organizado junto a USP (K.

Suguio), com a participação de pesquisadores já vinculados a outros programas internacionais ou não.

A primeira reunião do LOICZ/Brasil para apresentação de trabalhos de geologia costeira realizou-se entre 13 a 17 de fevereiro de 1995. Os resumos expandidos foram publicados pela Academia Brasileira de Ciências (1998).

Nova reunião do LOICZ/Brasil, foi realizada durante o Congresso Brasileiro de Geologia (1 a 6 de setembro, 1996, Salvador, Bahia), incluindo a apresentação de trabalhos científicos decorrentes do projeto, que prossegue bastante ativo desenvolvendo uma série de importantes trabalhos ao longo da zona costeira, muitos deles em consonância com a Associação Brasileira de Estudos do Quaternário – ABEQUA.

IAI – INTER – AMERICAN INSTITUTE FOR GLOBAL RESEARCH

Trata-se de uma iniciativa regional com vistas à realização de um esforço cooperativo dos países interessados nas investigações sobre mudanças globais.

O Instituto espera alcançar a excelência científica através da cooperação internacional e atingir intercâmbio total e aberto das informações científicas em assuntos relativos a mudanças globais.

Em princípio a temática científica está formada pelos seguintes tópicos básicos:

a) ecossistemas tropicais e ciclos biogeoquímicos;

b) estudo do impacto da mudança global sobre a diversidade biológica;

c) fenômeno “El Niño” e a variabilidade climática interanual;

d) interações terra/oceano/atmosfera na América intertropical;

e) estudos comparativos de processos oceânicos costeiros e estuarinos em zonas temperadas;

f) processos em altas latitudes.

A presença da geologia marinha nessa iniciativa pode ser considerada singela até o momento, embora tenha desenvolvido trabalhos nestes temas através de programas com maior presença na zona costeira brasileira.

Ainda na etapa preparatória de sua

implantação, o IAI realizou em Montevidéu,

Uruguai, em 1994, uma reunião para debate de

(15)

temas vinculados a seu campo de atividade, mais especificamente ao tópico “e” parcialmente no

“f”. Esses trabalhos, contudo, estão vinculados a programas de maior presença na área. Com base no documento "Ciência do Sistema Terrestre"

preparado pela NASA, foi desenvolvido um programa de cooperação entre universidades denominado “Earth System Science Education – ESSE” e que foi estendido às instituições membros do IAI. Dentro desse escopo, foi realizado na Fundação Universidade Federal de Rio Grande (FURG), uma reunião de trabalho do ESSE versando sobre a circulação oceânica e os ecossistemas, mudanças climáticas e evolução de costas planificação de costas mediante um sistema de informação geográfica (SIS-IDRISI) e processos costeiros. O encontro foi realizado de 12 a 23 de abril de 1999 e contou com a participação de pesquisadores do Brasil, Argentina, Uruguai, México, Estados Unidos e Canadá (JOHNSON et al., 1999). A equipe de geologia marinha da FURG é o núcleo mais efetivo junto as IAI.

ACORDOS MULTI E BILATERAIS (GOVERNAMENTAIS)

BILATERAIS

Cooperação Brasil-Alemanha

O Adendo Especial em Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico no Campo das Ciências Marinhas é decorrente do Acordo Geral de Cooperação nos Setores da Pesquisa Científica e do Desenvolvimento Tecnológico, firmado entre o Brasil e a Alemanha.

Desenvolve-se através de um projeto de intercâmbio de especialistas para desenvolvimento de projetos e realização de missões oceanográficas multidisciplinares, utilizando o navio oceanográfico “Victor Hensen”. Essas missões denominadas JOP´s já foram realizadas em duas oportunidades (1990/91 e 1994/95). A participação da geologia marinha nacional nas JOP´s tem sido limitada a algumas instituições, não sendo, portanto, um projeto amplo, pelo menos em suas primeiras atividades.

O JOP’s realizou em Niterói um seminário de avaliação da JOP I (08/93), com apresentação dos resultados alcançados, e que

representou o início da preparação do JOP II desenvolvido em 1994/95.

Outros centros de geologia marinha mantêm intenções ou já realizou atividades de pesquisa em regime de cooperação, especialmente com a Universidade de Hamburgo (UFRGS e FURG).

Cooperação Brasil/Estados Unidos

Um outro projeto no mesmo estilo dos anteriores foi desenvolvido entre instituições do Brasil e dos Estados Unidos, mais especialmente na desembocadura do rio Amazonas, com realização de quatro cruzeiros oceanográficos.

O estudo denominado AMASSEDS foi liderado pela Universidade Federal Fluminense (Brasil) e a State University of New York, contando com a participação de pesquisadores de outros centros nacionais e americanos. O Simpósio AMASSEDS realizado em Niterói (1993) reuniu e discutiu os principais trabalhos desenvolvidos pelo projeto.

Cooperação Brasil/França

Trata-se de uma cooperação a ser realizada na área da oceanografia através de acordo CNPq-ORSTOM com vistas à formação de recursos humanos e realização de projetos de pesquisa, incluindo missões de bordo conjuntas.

A temática escolhida pelo grupo de trabalho (CNPq/ORSTOM) é do maior interesse incluindo especialmente:

a) erosão costeira – projetos aplicados;

b) algas calcárias – exploração sustentada;

c) manejo de recifes – arenitos de praia e corais;

d) processos biogeoquímicos das regiões estuarinas e lagunares;

e) evolução paleogeográfica da plataforma continental e planícies costeiras;

f) estudo de processos e recursos costeiros;

g) sensoriamento remoto aplicado ao manejo de ecossistemas costeiros;

h) contaminação e ação antrópica.

Com relação à geologia marinha, três

dos cinco tópicos com prioridade 1, estão

diretamente vinculados (erosão costeira,

evolução paleogeográfica, processos e recursos

costeiros).

(16)

Todos os projetos a serem desenvolvidos deverão possuir um caráter multi- institucional e uma importância sócio- econômica bem definida. a apresentação dos primeiros projetos ocorreram no segundo semestre de 97, tendo o início das atividades ocorrido em 1998.

Cooperação Argentina/Brasil – CABMAR

Tendo como marco fundamental o Acordo de Cooperação Brasil/Argentina em Ciência e Tecnologia do Mar, foi estabelecido pelos dois países um programa binacional de ciência e tecnologia do mar. Com tal finalidade, foi realizado de 21 a 25 de setembro de 1998, na Universidade Federal de Rio Grande – FURG, um seminário binacional, com o objetivo de identificar os tópicos de interesse para ambos países em nível de ensino acadêmico, pesquisa e capacitação de recursos humanos.

Funcionaram como coordenadores do evento, J. P. Castello (Brasil) e A. Pucci (Argentina).

A iniciativa, contando com recursos dos dois países tem sua execução prevista através de editais contemplando projetos de pesquisa e programas de formação e treinamento de pessoal (graduação e pós-graduação). O Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT funciona como organismo coordenador nacional.

MULTINACIONAIS

Cooperação Brasil/Argentina/Uruguai

Em decorrência de uma moção conjunta apresentada durante a Assembléia Geral da Comissão Oceanográfica Intergovernamental – COI (UNESCO), pelas chefias das delegações do Brasil, Argentina e Uruguai, foi estabelecido em 1993, o “Programa Atlântico Sul Ocidental Superior – ASOS”. O Programa visa coordenar as atividades oceanográficas costeiras de interesse comum aos três países, na região compreendida entre Cabo Frio (Brasil) e Península Valdés (Argentina), no âmbito dos programas científicos GIPME, OSNLR, WOCE, TEMA e do programa de serviços IODE.

Na esfera da geologia costeira e marinha, o Programa OSNLR conforme já foi indicado no capítulo específico, vem realizando

este tipo de cooperação desde 1966, com a publicação de vários trabalhos realizados em conjunto por instituições dos três países.

O resultado mais importante foi propiciado pelo projeto “Cartografia, Morfologia e Sedimentologia as Zonas Costeiras e Plataforma Continental do Atlântico Sudoeste entre Cabo Frio (Brasil) e Península Valdés (Argentina)”, já concluído e que contou com a participação de quatro núcleos do Brasil, quatro da Argentina e dois do Uruguai. A ampliação dessa cooperação no campo da geologia marinha é uma das principais metas do ASOS.

ASOS já realizou quatro reuniões oficiais regionais: Rio Grande, Brasil, 1993, Montevidéu, Uruguai, 1994, Mar del Plata, Argentina, 1995 e Brasília, 1996. Nas duas oportunidades o grupo brasileiro de geologia marinha representado pelo ONSLR/Brasil que congrega oficialmente os núcleos nacionais integrados ao programa, apresentou uma série de resultados decorrentes de pesquisas realizadas no Brasil ou em conjunto com centros da Argentina e Uruguai.

Tanto o acordo Brasil/Argentina como aquele envolvendo os três países vizinhos Brasil, Uruguai, Argentina, passaram a contar com recursos disponíveis através do Programa Sul- Americano de Apoio às Atividades de Cooperação em Ciência e Tecnologia – PROSUL, para atividades de cooperação envolvendo missões identificadoras, apoio a eventos, atividades de pesquisa conjunta e intercâmbio de pesquisadores.

Brasil/FER

Situado na esfera do Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT, este acordo envolvendo a Federação Européia de Redes de Cooperação Científica e Técnica – FER, inclui igualmente a participação da COI.

Constituído em decorrência da

“Conferência Europa/América Latina:

Cooperação em Pesquisa, Informação, Formação e Desenvolvimento” (1994) o acordo visa estabelecer redes de cooperação científica e técnica entre Europa e América Latina.

A oceanografia, com ênfase na zona

costeira foi eleita como um vetor de cooperação

pela FER, tendo a COI coordenado a elaboração

em 1995 de uma proposta com vistas a

implementação de uma “rede em ciência e

(17)

tecnologia do mar entre Europa e América Latina”, a ser apoiado pela Federação.

O primeiro exercício com vistas a concretização da proposta foi realizado em Concepción (Chile) com a reunião de trabalho

“Gestão de Sistemas Oceanográficos do Pacífico Oriental” 9 a 16 de abril de 1996 e do qual participaram técnicos dos diferentes países da região (UNESCO/IOC/, 1996).

Durante o evento, cinco grupos de trabalho discutiram os principais tópicos relativos à zona costeira:

1) Gestão Integrada de Zonas Costeiras;

2) Gestão Integrada de Recursos Marinhos Vivos;

3) Mudanças Globais e Integração Oceano-Atmosfera e o fenômeno “El Niño”;

4) Pesquisa e Formação em Pós- Graduação em Ciências e Tecnologias do Mar;

5) Riscos e Emergências Ambientais.

A geologia marinha brasileira participou em quatro dos cinco grupos de trabalho devendo participar das atividades decorrentes futuras.

Participaram do evento cientistas da Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa, Brasil, Uruguai e Argentina.

Ao final do encontro foram consideradas propostas para estabelecimento do programa de cooperação a serem encaminhadas a FER através da COI.

A etapa seguinte do trabalho foi desenvolvida em reuniões realizadas em Rio Grande (Brasil, 1997) e em Cartagena (Colômbia) em 1998. (UNESCO/IOC, 1997, UNESCO/IOC, 1998).

Brasil/CYTED

O Programa Íbero-Americano de Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento foi criado em 1984 por iniciativa do governo da Espanha, dele participando vinte e um países ibero-americanos. Seus objetivos são o de favorecer programas de cooperação como instrumento estratégico para melhorar as capacidades em C&T, a modernização institucional e favorecer o desenvolvimento da comunidade científica durante a realização da 1ª Jornada Íbero-Americana de Ciência e Tecnologia Marinha (Cartagena, Colômbia,

1995), foi estabelecida a organização de um comitê específico sobre a “Zona Costeira como Recurso”.

Pelas similaridades da iniciativa CYTED com o já importante componente costeiro do Programa OSNLR, mais especificamente o subprograma CZAR (Coastal Zone as a Resource in its own Right), mais estudos de colaboração e intercâmbio de pesquisadores do Brasil, Argentina e Uruguai vem sendo realizados.

A coordenação CYTED no Brasil cabe ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq através de sua Assessoria de Cooperação Internacional.

OUTROS PROGRAMAS PROJETOS E ESTUDOS

Nesta categoria estão inseridas participações de geólogos marinhos brasileiros no desenvolvimento de trabalhos ou acompanhamento junto a programas, projetos e estudos globais e/ou regionais. Entre estes podem ser indicados:

1) Internacional Geological Correlation Program – IGCP vinculado a International Union of Geological Sciences, Dois projetos despertaram o interesse e participação. O projeto IGCP 396 (Continental Shelves in the Quaternary) considerado em termos do IGCP como ponto inicial de um esforço de colaboração internacional para aumentar o conhecimento das plataformas continentais durante o Quaternário, foi desenvolvido durante cinco anos. Os resultados obtidos foram apresentados e discutidos em encontros anuais realizados em Sidney (1996), Durham (1997), Goa (1998) e 2000 (Rio de Janeiro). Um novo projeto, IGCP 464 (Continental Shelves during the Last Glacial Cycle), tem por escopo principal a definição da evolução paleoambiental das plataformas continentais, conduzindo ao conhecimento de sua morfologia, estratigrafia e sedimentologia. O segundo encontro anual do projeto foi realizado em São Paulo (30/08 a 03/09/2002). O coordenador nacional do projeto é o Prof. Dr.

Michel Mahiques do Instituto Oceanográfico de São Paulo.

2) MMS/INTERMAR

O Sedimentological Research Group,

grupo regional de pesquisadores em

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