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Tribunal Superior do Trabalho

AIRR-9340-42.2005.5.15.0036

A C Ó R D Ã O

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. HIERARQUIA ENTRE INSTRUMENTOS DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. ACORDOS E CONVENÇÕES.

Interessa ao Direito Coletivo valorizar os diplomas negociais mais amplos (como as convenções coletivas), pelo suposto de que contêm maiores garantias aos trabalhadores. Isso ocorre porque a negociação coletiva no plano estritamente empresarial (como permite o ACT, embora com o reforço participatório do sindicato) inevitavelmente reduz a força coletiva dos obreiros: aqui eles não agem, de fato, como categoria, porém como mera comunidade específica de empregados. No entanto, havendo comprovação nos autos de que o acordo coletivo era mais benéfico ao trabalhador, este deve prevalecer, em homenagem ao princípio da norma mais favorável e à teoria do conglobamento (art. 620, CLT). Agravo de instrumento

desprovido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento em Recurso de Revista n° TST-AIRR-9340-42.2005.5.15.0036, em que é Agravante SINDICATO DOS

EMPREGADOS EM ESTABELECIMENTOS BANCÁRIOS DE ASSIS E REGIÃO e

Agravado BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A. - BANESPA.

A Vice-Presidência do TRT da 15ª Região denegou seguimento ao recurso de revista do Sindicato-Reclamante (fls. 618-619).

Inconformado, o Sindicato interpõe o presente agravo de instrumento, sustentando que o seu apelo reunia condições de admissibilidade (fls. 2-6).

Foi apresentada contraminuta ao agravo de instrumento (fls. 621-626), sendo dispensada a remessa dos autos ao Ministério Público do Trabalho, nos termos do art. 83, § 2º, do RITST.

É o relatório.

V O T O

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Atendidos todos os pressupostos recursais, CONHEÇO do apelo.

II) MÉRITO

HIERARQUIA ENTRE INSTRUMENTOS DE NEGOCIAÇÃO COLETIVA. ACORDOS E CONVENÇÕES

O Tribunal Regional julgou improcedentes os pedidos formulados nesta demanda, ante os seguintes fundamentos:

-Legitimidade da Contec para assinar Acordo Coletivo

A principal celeuma a ser enfrentada na presente ação é a questão do instrumento normativo a ser aplicado aos substituídos do reclamante. A questão da Contec representar ou não os empregados do recorrente diz respeito ao mérito da ação e será apreciada oportunamente.

Ação de Cumprimento de convenção coletiva

O art. 872, da CLT, não restringe a utilização da Ação de Cumprimento às sentenças coletivas ou acordos homologados em dissídios coletivos. Assevera apenas que, 'celebrado o acordo,... seguir-se-á seu cumprimento,...'.

Por outro lado, o art. 1º, da Lei 8.984/95, assevera que compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios que tenham origem no cumprimento de convenções coletivas de trabalho.

Não há dúvida, portanto, que é possível o aviamento do pedido realizado através da presente ação.

Legitimidade Ativa do sindicato, inclusive para substituir aposentados e pensionistas Nos termos do art. 8º, III, da Constituição Federal, o sindicato é o legítimo defensor dos direitos e interesses individuais e coletivos da categoria profissional por ele representada, incluindo aí os empregados sindicalizados ou não, dispositivo que, nos termos do art. 6º, do CPC, lhe confere ampla legitimidade para propor a presente ação. A legitimidade do sindicato para agir em nome da categoria profissional, defendendo direitos coletivos e individuais, é a mais ampla possível, o que é adequado ao novo conceito de processo, onde uma só ação pode resolver inúmeros conflitos.

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Condições da Ação - possibilidade jurídica, legitimidade das partes e interesse processual

Presentes as condições que ensejam a propositura da presente ação. O sindicato, legítimo substituto processual de toda a categoria, realizou pedido admissível perante o ordenamento jurídico, que entende ser de responsabilidade do reclamado Banespa, ainda que devido aos aposentados e pensionistas, e, por certo, só obterá o que pretende com o processamento da presente ação. As demais questões tratadas nas preliminares citadas às fls. 3.186/3.192 dizem respeito ao próprio mérito da causa - aplicabilidade ou não de determinada convenção coletiva ao caso, e como tal serão analisadas.

Passo, neste ponto, a apreciar o mérito do recurso e, como se verá, o acolho.

Diversamente do que decidido na origem, inaplicável aos empregados do Banespa as normas coletivas convencionadas com a Fenaban, mormente a referente a 2004/2005, porque tal entidade não representa os empregados da recorrente e porque, existente norma coletiva específica, é ela que rege a relação entre as partes existente.

O Banespa sempre efetivou Acordos Coletivos de Trabalho com a Contec - Confederação Nacional de Trabalhadores nas Empresas de Crédito. Assim também ocorreu no ano de 2004, conforme documento de fls. 381/432, norma coletiva essa com 90 cláusulas, na qual estavam previstos inúmeros benefícios, incluindo ausências abonadas, licenças-prêmio, abono de falta para o estudante e para outras situações especiais, estabilidade pré-aposentadoria com liberação remunerada, complementação de aposentadoria para os empregados admitidos até 1975, garantia de emprego de um ano e outros dispositivos, todos eles, diga-se, especialmente aplicáveis aos empregados do Banespa.

É certo que a norma coletiva em questão não previu reajuste imediato, em 01.09.2004, mas reajuste, tão-somente, quando o INPC ultrapassasse a 8,5%, excluindo, ainda, a aplicação de qualquer outro reajuste decorrente de convenção coletiva. Também é certo que não se pode aplicar reajustes e cláusulas mais benéficas de outra norma distinta, mormente quando há norma específica, que, em primeiro lugar, deve ser analisada em sua inteireza e, depois, tem garantia constitucional de aplicabilidade, que lhe é assegurada pelo art. 7º, XXVI, da CF.

Mesmo que a Fenaban representasse os interesses dos empregados do recorrente, o que não se vislumbra, mas se admite por mero amor ao debate, ainda assim não seria o caso de aplicar a convenção coletiva por ela firmada em detrimento do acordo coletivo específico.

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A regra do art. 620, da CLT, não pode ser aplicada adotando-se mera interpretação literal do dispositivo, conquanto seja certo que vigora, no Direito do Trabalho, o princípio da norma mais favorável. Entretanto, não se verifica qual é a norma mais favorável analisando cada uma de suas cláusulas, mas sua integralidade. Vigora, neste aspecto, a teoria do conglobamento, em oposição à teoria da acumulação. Por esta última teoria, são escolhidas, entre as diversas normas possíveis de serem aplicadas a determinada relação trabalhista, os dispositivos mais benéficos; somam-se, portanto, as vantagens normativas extraídas de cada um dos diplomas. Como assevera Maurício Godinho Delgado, em seu Curso de Direito do Trabalho (Ltr, abril de 2002, pág. 1.371/1.372), a acumulação...'enseja um secionamento do sistema normativo, encarado no seu universo global e sistemático, conduzindo a resultados jurídicos casuísticos e incomunicáveis, considerado o conjunto do sistema do Direito. A precariedade de tal proposição teórica mais se sobreleva em face de não se harmonizar com o padrão científico principal de análise do fenômeno jurídico: é que à Ciência do Direito repele enfocar-se um caso concreto e específico sem a permanente e recorrente visão da totalidade fático-jurídica circundante em que ele se encontra inserido. A busca da coerência no e do sistema normativo será sempre uma conduta fundamental na compreensão, interpretação e aplicação do Direito - e essa busca não é viabilizada pela teoria da acumulação'.

Já a teoria do conglobamento, por seu turno, enseja a escolha da norma aplicável à relação trabalhista analisada em sua inteireza, preservando a totalidade de seus dispositivos e respeitando a situação fática-jurídica em que foi construída.

Portanto, não se aplicaria a convenção coletiva do trabalho, mesmo que tivesse sido convencionada pelas mesmas partes que assinaram o acordo, só porque prevendo reajuste mais favorável. Em sua integralidade, o Acordo Coletivo é mais relevante para os empregados do Banespa, mormente porque prevê condições que só a eles são aplicáveis, relativas à estabilidade pré-aposentadoria e garantia de emprego de 12 meses, só para citar exemplo.

Não é só. Acordos Coletivos de Trabalho devem, na atualidade e apesar do que disposto no art. 620, da CLT, prevalecer sobre convenções coletivas, porque regras especiais sempre se aplicam em detrimento de regras gerais. Outrossim, o quanto disposto no art. 7º, XXVI, da Constituição Federal, norma posterior ao art. 620, da CLT, determina o reconhecimento, igualmente, de convenções e acordos coletivos. Se o último foi especificamente erigido para determinada categoria de empregados, por certo prevalece, porque se reconhece que tal norma só foi inserida no ordenamento jurídico justamente para regular situação especial. Não fosse assim, jamais, por exemplo, seria possível a redução salarial por acordo coletivo, possibilidade

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assegurada pelo art. 7º, VI, da CF, porque sempre convenção coletiva haveria a justificar sua não aplicação.

Consigno que o Acordo Coletivo de 2004 foi homologado pelo Colendo Tribunal Superior do Trabalho; está respaldado no princípio da autonomia da vontade coletiva, expressamente reconhecido pela Constituição; mostra-se mais favorável ao equilíbrio da relação capital/trabalho, eis que fruto de um contexto social concreto envolvendo diretamente as partes interessadas, vislumbrando-se, ainda, que a essência da negociação coletiva repousa, justamente, na transação de direitos, na cedência progressiva e recíproca de posições. Dentro deste critério, finalmente, é que se deve buscar a norma mais favorável ao trabalhador, não se podendo aplicar outra, sequer formalizada pela Contec, que, repriso, é a entidade nacionalmente representante dos empregados do Banespa.

Inaplicável a convenção coletiva em detrimento do acordo coletivo, premissa base de todos os pedidos formulados na exordial, só resta decretar a improcedência da ação proposta e considerar prejudicadas as razões estampadas no recurso adesivo.-

No recurso de revista, sustenta o Sindicato a violação dos arts. 5º, XXXVI, LV, 7º, XXVI, da CF, pois, além de a CONTEC não possuir legitimidade para representar os obreiros-substituídos na pactuação de avenças coletivas de trabalho, em especial os aposentados, entende aplicável à categoria profissional a CCT firmada com a Fenabam e não o ACT firmado entre a CONTEC e o Banco-reclamado.

Sem razão o Recorrente.

A despeito da discussão acerca da representação sindical, o cerne da questão é na verdade qual instrumento coletivo aplicável à hipótese, se a convenção coletiva firmada pelo Sindicato-Recorrente e a Fenabam ou o acordo coletivo firmado entre o Banespa e a Contec.

A princípio, em relação ao conflito hierárquico de normas disciplinadas por intermédio de convenção coletiva da categoria e de acordo coletivo de trabalho, é preciso esclarecer alguns aspectos. A convenção coletiva de trabalho, como se sabe, tem âmbito muito mais largo de abrangência do que o simples acordo coletivo de trabalho. É possível uma CCT abranger certa categoria de todo um Estado, ao passo que um acordo coletivo é celebrado, naquela mesma base territorial, exclusivamente com uma única empresa da mesma categoria econômica.

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Nesse quadro de conflitos de regras, qual é a hierarquia existente entre os preceitos normativos de convenção e acordo coletivos que abranjam os mesmos trabalhadores, considerado um mesmo período de tempo?

A resposta mais imediata conduziria à prevalência das regras do acordo coletivo de trabalho, por serem especiais, em contraponto aos preceitos da CCT, que teriam, na categoria, caráter geral. Esta conclusão derivaria da teoria geral do Direito Comum regulatória dos conflitos de regras, que informa que a regra especial não se comunica com a geral, prevalecendo na ordem jurídica - a menos que haja sua revogação expressa. Tal critério teórico, aliás, foi incorporado pela Lei de Introdução ao Código Civil (art. 2º, § 2º).

Entretanto, a ordem justrabalhista tem regra explícita a respeito, estipulando que as condições estabelecidas em convenção, quando mais favoráveis, prevalecerão sobre as estipuladas em acordo coletivo de trabalho (art. 620 da CLT).

Está claro, portanto, que a Consolidação determina a preponderância da convenção coletiva sobre o acordo coletivo, como fórmula para se cumprir o princípio da norma mais favorável. Porém se o acordo coletivo for mais favorável, ele há de prevalecer, evidentemente.

A lógica normativa justrabalhista explica-se: é que interessa ao Direito Coletivo valorizar os diplomas negociais mais amplos (como as convenções coletivas), pelo suposto de que contém maiores garantias aos trabalhadores. Isso ocorre porque a negociação coletiva no plano estritamente empresarial (como permite o ACT, embora com o reforço participatório do sindicato) inevitavelmente reduz a força coletiva dos obreiros: aqui eles não agem, de fato, como categoria, porém como mera comunidade específica de empregados. A propósito, não é por outra razão que o sindicalismo de empresa é considerado uma via de submissão sindical à força do pólo empregador. No entanto, havendo comprovação nos autos de que o acordo coletivo era mais benéfico ao trabalhador, como é o presente caso, este deve prevalecer, em homenagem ao princípio da norma mais favorável.

Na hipótese, a Corte Regional afirmou expressamente que o acordo coletivo era mais benéfico aos substituídos, pois tratava de: ausências abonadas, licenças-prêmio, abono de falta para o estudante e para outras situações especiais, estabilidade pré-aposentadoria com liberação remunerada, complementação de pré-aposentadoria para os empregados admitidos até 1975, garantia de emprego de um ano e outros dispositivos, todos eles especialmente aplicáveis aos empregados do Banespa. Assim, a reanálise

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do estabelecido pelo Tribunal a quo quanto a fatos e provas esbarra no óbice da Súmula 126/TST.

Assim, considerando o acordo coletivo, como um todo mais benéfico, aos empregados, a teoria do conglobamento é a mais adequada à operacionalização do critério hierárquico normativo preponderante no Direito do Trabalho.

Segundo tal teoria, não se fracionam, como almeja o Sindicato, preceitos ou institutos jurídicos. Cada conjunto normativo é apreendido globalmente, considerado o mesmo universo temático; respeitada essa seleção, é o referido conjunto comparado aos demais, também globalmente apreendidos, encaminhando-se, então, pelo cotejo analítico, à determinação do conjunto normativo mais favorável.

Esse tem sido o entendimento adotado por esta Corte, ao examinar hipóteses envolvendo à mesma lide e Reclamado, no sentido de que, em observância à teoria do conglobamento, deve prevalecer o pactuado no Acordo Coletivo em detrimento da Convenção Coletiva, porquanto constitui norma mais benéfica à categoria profissional. Nesse sentido são os seguintes precedentes:

"ACORDO COLETIVO. NORMA ESPECÍFICA E MAIS BENÉFICA. PREVALÊNCIA SOBRE CONVENÇÃO COLETIVA FIRMADA ENTRE A FENABAN E OS SINDICATOS DOS BANCÁRIOS, FIXANDO REAJUSTE SALARIAL DE 8,5%. Esta Corte tem adotado o entendimento de que na hipótese o Acordo Coletivo que estabeleceu a manutenção do emprego é norma mais favorável à categoria profissional e deve prevalecer integralmente, em detrimento da Convenção Coletiva, em observância à teoria do conglobamento, segundo a qual os instrumentos normativos devem ser considerados cada qual em seu conjunto de normas, de modo que a adoção de um exclui a aplicação do outro, afastando-se a possibilidade de simbiose entre dois ou mais instrumentos normativos. Recurso de Embargos de que não se conhece" (E-RR-1.254/2005-112-03-00.0, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DJ 16/5/2008)

"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A VIGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007, QUE DEU NOVA REDAÇÃO AO ART. 894 DA CLT - REAJUSTE SALARIAL - INCIDÊNCIA EM COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA - PREVALÊNCIA DE CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO SOBRE ACORDO COLETIVO. Pelo Acordo firmado pelo sindicato profissional, e homologado em Dissídio Coletivo, presume-se que haja vantagem global e geral para a categoria porquanto, em seu conjunto, a negociação revela-se mais benéfica para os trabalhadores. Recurso de Embargos conhecido e provido" (E-ED-RR-111/2002-004-20-00, Rel. Min. Carlos Alberto Reis de Paula, DJ 28/3/2008).

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"COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. CONVENÇÃO COLETIVA E ACORDO COLETIVO. PREVALÊNCIA. Os fundamentos da decisão recorrida não autorizam concluir que houve violação à literalidade do art. 620 da CLT, porquanto constatado no acórdão regional que a remuneração dos empregados da ativa não sofreu o mesmo reajuste ora pretendido aos aposentados. Portanto, não há falar em prevalência da convenção coletiva como norma mais benéfica. Recurso de Revista de que não se conhece" (RR - 1635/2003-005-05-00, 5ª Turma, Rel. Min. João Batista Brito Pereira, DJ 18/4/2008).

"COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. ABONO E REAJUSTE SALARIAL. PREVALÊNCIA DE CONVENÇÃO COLETIVA SOBRE ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. TEORIA DO CONGLOBAMENTO. APLICAÇÃO. Não há de se falar em prevalência de Convenção Coletiva sobre Acordo Coletivo na hipótese dos autos. Isso porque a teoria do conglobamento impede a aplicação do comando inserido no art. 620 da CLT, pois o Acordo Coletivo, dada a sua especificidade à peculiar situação dos empregados do BANESPA, tornou-se mais benéfico aos referidos empregados que a Convenção Coletiva na qual está baseada a condenação do Reclamado. Recurso conhecido e provido" (RR-533/2002-001-22-00, 2ª Turma, Rel. Min. José Simpliciano Fontes Fernandes, DJ 4/4/2008).

"AGRAVO DE INSTRUMENTO COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA O pedido do Autor foi rejeitado sob o fundamento de que os empregados, em atividade não tiveram reajuste salarial, não se justificando o que pretendem sobre a complementação de aposentadoria. As instâncias percorridas concluíram que não ocorreu ofensa ao artigo 620 da CLT, restando prejudicada a postulação de aplicação da norma mais favorável, tendo em vista a teoria do conglobamento. Um dos princípios do Direito do Trabalho é o da aplicação da norma mais favorável ao empregado. No entanto, deve ser compreendido de forma sistemática, ou seja, considerando-se o contexto em que se insere a norma. A jurisprudência desta Corte firma-se no sentido de que o art. 620 da CLT revela a teoria do conglobamento, pela qual as normas são consideradas e interpretadas em conjunto, e, não, da forma isolada, pretendida pelos Agravantes. Agravo de Instrumento a que se nega provimento" (AIRR-20/2006-089-15-40, 8ª Turma, Rel. Min. Maria Cristina Peduzzi, DJ 7/3/2008).

"CONVENÇÃO COLETIVA E ACORDO COLETIVO. CONCOMITÂNCIA. PREVALÊNCIA - O Acordo, homologado em dissídio coletivo, não concedeu reajuste salarial na data base de 01/09/2001 aos empregados do BANESPA, além de expressamente afastar a aplicação de qualquer reajuste ou abono decorrente de convenções coletivas de bancários aos empregados do BANESPA. Em respeito ao princípio da unicidade das normas coletivas deve-se aplicar à hipótese a teoria do conglobamento, pela qual, ao contrário da teoria da acumulação, deve-se interpretar as

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normas em seu conjunto. Pelo Acordo firmado pelo sindicato da categoria profissional, homologado em dissídio coletivo, presume-se que haja vantagem global e geral para a categoria, que em seu conjunto, a negociação revela-se mais benéfica aos trabalhadores o que não se apura da consideração particular de uma única norma coletiva. A prevalência do disposto na Convenção Coletiva, quanto pleito, acarretaria um reajuste de complementação de aposentadoria não atrelado aos vencimentos do pessoal da ativa, em desrespeito ao previsto ao Regulamento de Pessoal. Recurso de Revista a que se nega provimento." (RR-538/2002-113-15-00.7, 3ª Turma, Relator Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, DJ de 02/06/2006.)

"COMPLEMENTAÇÃO DE APOSENTADORIA. REAJUSTES E ABONO ESTABELECIDOS EM CONVENÇÃO COLETIVA E NÃO RATIFICADOS EM ACORDO COLETIVO. OBSERVÂNCIA DO ART. 620 DA CLT E APLICAÇÃO DA TEORIA DO CONGLOBAMENTO. 1. O acordo coletivo, em razão de sua especificidade em relação aos empregados da empresa, deve ser preservado, pois é celebrado dentro de um contexto de concessões mútuas, no pleno exercício de autonomia negocial coletiva pelos sindicatos profissionais, que não pode ser desconsiderada, sob pena de frustração da atuação sindical na tentativa de autocomposição dos interesses coletivos de trabalho. 2. Na interpretação dos ajustes coletivos prevalece o princípio do conglobamento, segundo o qual as normas coletivas devem ser observadas em sua totalidade e não isoladamente, pois, na negociação coletiva, os empregados obtêm benefícios mediante concessões recíprocas, sendo vedado aplicar, entre as disposições acordadas, apenas o que for mais benéfico aos trabalhadores. 3. É inviável a aplicação em parte da Convenção Coletiva, conjugando-se com o acordo coletivo firmado pela categoria, como feito pelo acórdão recorrido. O art. 620 da CLT não autoriza tal procedimento, devendo ser interpretado como determinante da aplicação da norma mais favorável em seu conjunto, e não de forma parcelada. Esse tem sido o entendimento do TST, conforme os precedentes citados. Recurso conhecido e provido." (RR-825/2002-041-03-00.3, 4ª Turma, Relator Ministro Barros Levenhagen, DJ de 10/02/2006.)

"ACORDO COLETIVO DE TRABALHO. CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO. PRINCÍPIO DO CONGLOBAMENTO. APLICAÇÃO AO MESMO TEMPO DAS CLÁUSULAS MAIS BENÉFICAS DE AMBOS. INVIABILIDADE. 1. De conformidade com o princípio do conglobamento, os instrumentos coletivos devem ser aplicados no seu conjunto. Inviável extrair-se, ao mesmo tempo, de acordo e convenção coletiva de trabalho, apenas as cláusulas mais benéficas. As partes, ao celebrarem os acordos ou as convenções coletivas de trabalho, cedem em algum ponto para auferirem vantagem em outro. 2. Decisão regional que rejeita pedido de aplicação simultânea das cláusulas mais benéficas de acordo e de convenção coletiva de trabalho em nada ofende os arts. 620 da CLT, 8º, III, e 7º, XXVI, da Constituição Federal. 3. Agravo de instrumento a que

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se nega provimento." (AIRR-620/2002-900-01-00.7, 1ª Turma, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DJ de 10/10/2003.)

Dessa forma, verifica-se que a decisão da Turma está em consonância com a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte, em especial a OJ Transitória 68/SBDI-1/TST, segundo a qual:

-BANCO DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A. - BANESPA. CONVENÇÃO COLETIVA. REAJUSTE SALARIAL. SUPERVENIÊNCIA DE ACORDO EM DISSÍDIO COLETIVO. PREVALÊNCIA. (DEJT divulgado em 03,04 e 05.11.2009). O acordo homologado no Dissídio Coletivo nº TST - DC - 810.905/2001.3, que estabeleceu a garantia de emprego aos empregados em atividade do Banco do Estado de São Paulo S.A. - Banespa e que, portanto, não se aplica aos empregados aposentados, prevalece sobre a fixação do reajuste salarial previsto na convenção coletiva firmada entre a Federação Nacional dos Bancos - Fenaban e os sindicatos dos bancários, ante a consideração do conjunto das cláusulas constantes do acordo e em respeito às disposições dos arts. 5º, XXXVI, e 7º, XXVI, da CF/1988.-

Assim, a adoção do entendimento pacífico desta Corte afasta de pronto a aferição das violações de dispositivos de lei apontadas, porque superado o debate a respeito, nos termos do art. 896, § 4º, da CLT e Súmula 333/TST.

Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao agravo de instrumento.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por

unanimidade, negar provimento ao agravo de instrumento. Brasília, 09 de fevereiro de 2011.

Mauricio Godinho Delgado

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