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Heloisa B. de Albuquerque-Costa FFLCH Universidade de São Paulo Resumo

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Academic year: 2021

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Curso Presencial e a Distância na Licenciatura em Francês da

FFLCH-USP: Desafios da Formação Híbrida e Contribuições para a

Formação do Professor de Línguas Estrangeiras

Heloisa B. de Albuquerque-Costa FFLCH – Universidade de São Paulo

heloisaalbuqcosta@usp.com

Resumo

O uso de plataformas de ensino-aprendizagem, como a plataforma Moodle, em complemento a cursos presenciais tem sido cada vez mais numeroso nas grades curriculares de diferentes universidades brasileiras. Em alguns casos, os professores utilizam o ambiente virtual como espaço de comunicação, de passagem de informações, de postagem de arquivos. Em outros, o ambiente virtual, além de permitir a comunicação fora da sala de aula, é utilizado como espaço de ensino-aprendizagem e o professor concebe atividades utilizando os recursos disponíveis, publica orientações, abre fóruns de discussão e atua ativamente no favorecimento de reflexões sobre mediação, e interação nesse contexto. Essa associação presencial e a distância traz mudanças no curso de formação de professores, inicialmente concebido para a primeira modalidade, na definição de conteúdos, na relação professor-aluno, na atuação do aluno em um ambiente novo e desafiador, onde sua reflexão é, ao mesmo tempo, feita como aprendiz e como futuro professor. Na disciplina Atividades de Estágio de Francês do curso de Licenciatura-Francês da FFLCH-USP, o uso do Moodle tem por objetivo refletir sobre a atuação do futuro professor no ambiente virtual tendo por referência teórica Louveau e Mangenot (2006), Puren (2009), Almeida (2006) e Moran(2006).

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Face to face and distance classes in an undergraduate course in

French from the FFLCH-USP: challenges and contributions of

hybrid education to the training of foreign language teachers

Abstract

The use of platforms, as Moodle, in the teaching-learning processin addition to classroom courses has increased in the curriculum of different Brazilian universities. In some cases, teachers use a Virtual Learning Environment as a space to communicate, to transmit information and to post files. In other cases, the Virtual Environment also allows communication outside classroom and is used as a teaching-learning space where the teacher can design activities using the available resources, publish guidelines, open discussion forums and be active in the process of encouraging reflectionsabout mediation and interaction in this context. This face to face and distance associationbrings some changes in training courses,which were initially designed to the first modality, in relation to the definition of contents, in the relationship between teacher and student and in student’s action in a new and challenging environmentwhereupon his reflection is made at the same time as a learner and as a future teacher. In the Atividades de Estágio de Francês (French Internship Activities) classes of an undergraduate course in Frenchfrom FFLCH-USP, the use of Moodle aims to reflect on the performance of the future teacher in the virtual environment with theoretical basis in Louveau and Mangenot (2006), Puren (2009), Almeida (2006) and Moran (2006)

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Introdução

Os cursos de Licenciatura no Brasil (formação de professores em língua materna e estrangeira), assim como os de outras licenciaturas (Geografia, História, entre outros) passaram por reformulações curriculares importantes visando implementar as exigências do Ministério da Educação e Cultura segundo o estabelecido na Lei de Diretrizes Nacionais da Educação (LDB) de 1996.

Na Universidade de São Paulo, o curso de Letras, Licenciatura em língua estrangeira (no nosso caso em francês) introduziu duas disciplinas de formação de professores na grade curricular de forma a responder a uma das exigências da LDB, a saber, a reflexão sobre o ensinar e o aprender deve ser iniciada nas faculdades de origem e não somente na Faculdade de Educação, como no modelo anterior. Na Licenciatura em Francês da USP, duas disciplinas foram criadas para a formação de professores. São elas : Aquisição e Aprendizagem do Francês Língua

Estrangeira e Atividades de Estágio em Francês. Seus objetivos gerais são :

promover a reflexão sobre as questões de ensino/aprendizagem no contexto de evolução da didática das línguas estrangeiras, discutir as características metodológicas de cada uma das correntes e realizar atividades didático-pedagógicas como análise de materiais didáticos e elaboração de planos de aula para diferentes situações de ensino/aprendizagem.

É neste contexto que, por nossa iniciativa, integramos às aulas presenciais das disciplinas da Licenciatura, atividades complementares desenvolvidas na plataforma Moodle, com o objetivo de incluir no curso de formação de professores em língua francesa um espaço para que o aluno possa conhecer, discutir e refletir sobre a sua futura atuação em um ambiente virtual de ensino/aprendizagem.

Constatamos que os alunos ficaram motivados diante da ideia de utilização de um espaço «novo» no qual eles não haviam, até então, atuado como alunos e, ao mesmo tempo, « assustados » por não saber como o curso iria se desenvolver, qual a carga horária exigida e se as atividades desenvolvidas integrariam sua avaliação nas disciplinas.

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Considerando esses pontos, levantamos três questões fundamentais que pretendemos discutir nesse trabalho : o perfil dos alunos das disciplinas em relação à participação em ambientes virtuais de ensino/aprendizagem ; a observação das atividades propostas pelo professor e a reflexão sobre a concepção de atividades na plataforma (critérios para a seleção de sites e o uso dos espaços no Moodle) e as contribuições da pesquisa para a formação do professor em ambiente virtual.

O corpus que definimos para a nossa pesquisa foi, portanto, composto pelo acompanhamento de dois semestres presenciais com atividades complementares no Moodle dos alunos que seguiram as disciplinas do segundo semestre de 2009 (Aquisição e aprendizagem do Francês Língua Estrangeira) e do primeiro semestre de 2010 (Atividades de estágio em francês). Mesmo considerando que cada uma das disciplinas desenvolve conteúdos específicos relacionados à didática do ensino de línguas, o que nos interessou resgatar se referiu à participação e desempenho dos alunos no ambiente Moodle, não sendo, portanto, relevante para esta reflexão, a especificidade de conteúdos de cada uma delas.

Um outro aspecto a ser considerado é o fato das disciplinas não exigirem pré-requisitos uma da outra, segundo o projeto pedagógico aprovado. Isto significa que os alunos podem cursar primeiro Aquisição e aprendizagem do Francês Língua

Estrangeira e depois Atividades de estágio em francês ou o inverso. Para a nossa

análise, consideramos que os grupos formados apresentavam uma heterogeneidade do ponto de vista dos conteúdos e também em relação ao conhecimento e participação no Moodle, o que nos levou a retomar aspectos teóricos de uma disciplina para outra para que a adaptação dos alunos em cada um dos semestres não apresentasse problemas.

O trabalho realizado se mostrou relevante para alunos e professor na medida em que permitiu a inserção dos alunos em formação na licenciatura no contexto de ensino/aprendizagem virtual, problematizou as questões referentes à associação da modalidade presencial e a distância, favoreceu a reflexão sobre a concepção de cursos e a relação professor-aluno no ambiente de uma plataforma.

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Perfil dos Alunos de Licenciatura de Francês na USP - em Face do

Virtual como Espaço de Aprendizagem

Um dos aspectos que mais nos chamou a atenção ao iniciar este trabalho no ambiente Moodle para alunos de Letras-Licenciatura em Francês na Universidade de São Paulo se refere às representações que os alunos trouxeram sobre a importância da sala de aula presencial e a ausência de informações sobre a possibilidade de utilização de uma plataforma para o ensino/aprendizagem.

Primeiramente, o desconhecimento da plataforma em si: não conheciam o Moodle, nunca haviam realizado atividades em ambiente virtual e não cogitavam a possibilidade de atuar como alunos ou professores nesse contexto. Até aquele momento, o tempo dedicado à navegação em sites ou redes de relacionamento ou na utilização de sites de busca era dispendido no âmbito do lazer, do tempo livre para a diversão ou para pesquisas na web, mas não em horários «controlados » pelo professor (participação em fóruns e chat, por exemplo) ou dedicados à realização de atividades (tarefas) para uma determinada disciplina da faculdade. Se, por um lado, este dado foi considerado positivo, pois permitiu a descoberta do ambiente, por outro, trouxe inquietação aos alunos, pois não sabiam qual seria a exigência do curso e qual organização de tempo deveriam ter para entrar na plataforma fora do horário presencial de aulas. A disciplina previamente definida na grade horária (uma vez por semana) passou a ser realizada em duas ou mais vezes na semana, o que por si só já indicava ao grupo uma dedicação a mais.

Segundo Almeida (2006, p.210), a expansão do presencial ao virtual é um dos fatores característicos desse modelo de curso na medida em que «o desenvolvimento de atividades em ambientes virtuais propicia a expansão das interações que ocorrem no espaço e tempo do encontro entre os alunos e professor na sala de aula presencial»

No decorrer do curso, num segundo momento, outras questões se colocaram: administrar o tempo para realizar a(s) atividade(s) e entregá-la(s) no prazo estipulado, estabelecer relações entre o presencial e o virtual, gerenciar o acúmulo

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de tarefas e ainda engajar-se num processo de reflexão meta-cognitiva sobre seu papel como futuro professor em um ambiente virtual tornaram-se desafios para estes alunos. Vejamos alguns depoimentos:

Diante da escassez de tempo e da caga horária do curso, eu priorizava o que dizia respeito à sala de aula; o fato de ser uma experiência nova também contribuiu para o estranhamento e a dificuldade em conciliar as tarefas do curso a distância e as do presencial. […] A participação na plataforma somada à realização das tarefas para o curso presencial pode se tornar pesada se não for bem administrada e, como consequência, os alunos podem se perder e não conseguir concretizar nem uma, nem outra. A1

Foi uma experiência positiva. Em princípio achava que a participação no moddle era desnecessária e mesmo redundante, uma vez que poderíamos discutir os pontos lá colocados na própria aula. Todavia, percebi que esta participação antecedendo à aula surtia efeitos interessantes: nós éramos convidados a expor uma opinião e refleti-la. Este processo contribuía para o aprimoramento dos conceitos defendidos e refutados no moodle, possibilitava o compartilhamento e o surgimento de novas ideias e mesmo de dúvidas. A2

Foi bastante interesse trabalhar com o Moodle. [..] o que mais me chamou a atenção no Moodle foi a sua capacidade de organização das atividades e das suas datas de entrega, altamente necessária em meio a tantas atividades. Ver constantemente a colocação de novas informações pela professora e tê-las fixadas de modo a sempre recorrermos ao Moodle para nos lembrarmos de suas datas de entrega ajudaram muito, creio eu, na organização do tempo dos alunos. A3

Um outro aspecto que nos informa um pouco mais sobre o perfil desses alunos diz respeito à sua convicção de que as aulas presenciais são a garantia da «credibilidade do ensino», dos conhecimentos que serão desenvolvidos no curso. Na sala de aula o professor está presente numa interação face-a-face que lhes garante que a relação professor-aluno «é mais segura», mais concretamente palpável e culturalmente marcada como verdadeira e insubstituível.

Em relação à modalidade híbrida (presencial e a distância) desse tipo de ensino, a impressão que tenho é de que ela é mais segura do que o ensino totalmente a distância, cujos resultados ainda não me parecem claros. Afinal de contas, a interação direta e presencial com o professor já goza de credibilidade por parte da maioria das pessoas no que tange à eficiência do aprendizado. A4

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Segundo Moran (2006, p.46), o «peso da sala de aula» é um dos fatores culturais mais citados quando da avaliação de atividades e/ou cursos on-line. «Desde sempre aprender está associado a ir a uma sala de aula, e lá concentrarmos os esforços dos últimos séculos para o gerenciamento do ensinar e aprender». O contato com o professor para o esclarecimento de dúvidas, a troca de experiências entre os colegas, entre outras possibilidades que a sala de aula permite parece tornar impossível que o mesmo aconteça em uma sala virtual. Não se cogita, num primeiro momento, pensar que o virtual substituiria o presencial.

Moran (2006) ressalta que com os avanços tecnológicos, principalmente, com a internet, podemos observar que, das muitas atividades solicitadas no presencial, o uso de recursos multimídias, ferramentas de busca, participação em blogs, por exemplo, já fazem parte do cotidiano de nossos alunos. O autor afirma a importância da valorização do presencial e do virtual, cada um com suas especificidades, ressaltando que é fundamental pensar numa perspectiva de «criação de uma cultura on-line» na qual alunos e professores são levados a «flexibilizar» a forma de organizar os momentos de sala de aula e os de aprendizagem virtual de forma integrada e alternada. (Moran, 2006, p. 47). Não se trata de excluir uma modalidade para colocar em seu lugar uma outra, mas de investir na descoberta e construção de novas relações que o espaço virtual propicia e, de uma certa maneira, faz rever o papel do professor no presencial.

Em um dos chats realizados (primeira participação dos alunos), podemos ver os dois aspectos mencionados acima, a expansão do tempo sala de aula-Moodle e o espaço virtual como espaço de reflexão e ponte com o que foi visto no presencial. Além disso, a descoberta de outras características, como o tempo para refletir sobre o que vão publicar, ou ainda «praticar a escrita em francês» num chat (simulação de uma comunicação falada), onde não há explicitamente uma correção ortográfica e gramatical dos erros cometidos:

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10:02 –A1: je crois que c'est très interressant discuter quelques sujets hors de la salle de classe.

10:03 A1: je me sens plus à l'aise pour exprimer mon point de vue. 10:03 Prof: En fait ce chat est UNE SALLE DE CLASSE!!!!!!! 10:04 A1: oui, et ça c'est très intérressant.

10:04 A2: je pense qu'il y a plusieurs défis pour l'apprentissage virtuel.

10:04 A2: par exemple: comment assurer que l'apprenant transforme l'information en connaissance?

10:05 Prof: Se sentir à l'aise est l'un des aspects qui apparaissent dans les analyses de cours à distance. Il est vrai que ce type de communication permet aux apprenants de réfléchir un tout petit peu avant de se manifester.

10:06 A1: oui, parce qu'on a un peu plus de temps pour repondre aux questions. 10:06 A2: oui, ça c'est vrai! mais avant le chat, on a eu une base théorique... on a beaucoup lu et travaillé.

10:08 Prof.: A2, on peut parler de plusieurs composants de l'apprentissage. Le mot “connaissances” en didactique est utilisé pour tous les savoirs accumulés. Ta question serait plutôt qu'est-ce que l'apprenant apprend?

10:09 A2: oui, c'est ça.. comment est-ce qu'on apprend virtuellement? quelles sont les étapes? est-ce que ça marche comme dans la salle de classe? qu'est-ce qui change?

10:10 A3: je pense qu’ il y a beaucoup de questions sur l’ apprentissage virtuel et comme élément extensif de la salle de classe c'est très intéressant!

10:11 A2: oui, comme le moodle pour nous, qui a un caractère "complémentaire", disons.

Figura 1: Curso «Aquisição e Aprendizagem do Francês Língua Estrangeira - Moodle http://moodle.stoa.usp.br/course/view.php?id=238

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A participação no chat confirma as hipóteses levantadas sobre o perfil dos alunos e se torna significativa na medida em que houve uma organização da parte deles para estar em um horário definido previamente numa interação síncrona fora da sala de aula presencial.

A Elaboração das Atividades no Moodle: Observar, Aprender a

Fazer e Aprender a Aprender

Nesta seção nosso foco está voltado para a discussão da segunda questão apontada no início deste trabalho: a observação das atividades propostas pelo professor e a reflexão sobre a concepção de atividades na plataforma (critérios para a seleção de documentos e o uso dos espaços no Moodle).

Adotamos aqui como procedimento para a elaboração das atividades na plataforma a noção de tarefa e roteiro pedagógico, apresentados por Louveau e Mangenot (2006) e destacamos os seguintes princípios norteadores de nossa ação, entendendo que a tarefa

‰ remete a uma ação com início, condições de realização, resultados explicitados.

‰ é uma atividade que supõe interação com o(s) outro(s) e se justifica no contexto onde ela se realiza.

‰ deve mobilizar conhecimentos prévios, relacionando-os em função da situação de comunicação.

‰ implica o aluno como ator social que utiliza a língua e seus componentes (linguístico, discursivo, estratégico, social) para atingir determinados objetivos definidos pela situação de ensino/aprendizagem.

Aprender a fazer, a conceber e elaborar atividades em ambientes virtuais exige do professor o conhecimento do contexto (plataforma), para que sejam feitas as escolhas das ferramentas que serão utilizadas, do ritmo do grupo, para a viabilidade

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de execução da(s) tarefa(s) pedida(s) no virtual, sem prejuízo do solicitado no presencial (optamos por preservar os espaços mesmo considerando a sua integração) e, finalmente, da clareza na descrição da atividade, explicitando as etapas que devem ser percorridas e em qual tempo e espaço devem ser publicadas. Nesse sentido, organizamos o curso com 10(dez) semanas e optamos por utilizar do Moodle (em francês) o fórum, o chat, a tarefa e o glossário. Nossa página apresentava a semana do curso, o(s) objetivo(s) da atividade, as etapas a serem seguidas, atividades complementares à semana e as ferramentas a serem utilizadas para a realização das tarefas.

Para a «aceitação da educação on-line» (Moran, 2006) ou, segundo nosso ponto de vista, para favorecer a «desconstrução» das representações dos alunos sobre um ambiente on-line, implantamos alguns procedimentos. São eles: 1- a «repetição» a cada semana do formato de apresentação das atividades foi feita de maneira a favorecer a apropriação do espaço pelos alunos. Não nos interessava explorar todos os recursos do Moodle, mas sim cultivar a consulta ao espaço, criando o hábito, a disciplina e, sobretudo, a motivação para entrar no ambiente várias vezes durante a semana; 2- a abertura de fóruns com questões didático-pedagógicas não exploradas nas aulas presenciais, como é o caso do fórum da quinta semana « Voce acredita

que os exercícios estruturais contribuem com o aprendizado da língua? Por que?».

Os alunos vivenciaram o que é a participação em um fórum virtual, refletiram sobre uma questão que os mobiliza enquanto alunos e futuros professores de língua estrangeira e observaram a mediação do professor e a síntese feita ao final, sistematizando e registrando a contribuição de todos; 3- a sugestão de atividades complementares, indicação de sites em língua francesa com o objetivo de colocar à disposição do aluno o que existe na web e pode ser aproveitado como recurso pedagógico para cursos na área. Estimular a navegação na web sob o olhar pedagógico, do futuro professor mobiliza os alunos a usar a internet como uma fonte de recursos que podem ser utilizados para o ensino e aprendizagem e que se dá como uma parte integrante do curso presencial (Moran: 2006, p.47). 4- a realização da tarefa de produção escrita, visando à motivação e o aprendizado de uso da

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ferramenta, por meio da sistematização de uma reflexão de um conteúdo que foi trabalhado em aula presencial. O professor recebe a atividade e envia ao aluno um feed-back com comentários, eventualmente uma nota. Este retorno é fundamental e o aluno percebe (positivamente) que se trata de um procedimento essencial no virtual, mas que não ocorre necessariamente no presencial.

A página do curso foi assim elaborada: 5ème Cours:

Objectif:

Faire la synthèse de la première théorie d'apprentissage étudiée : La théorie behavioriste et les principes de la méthode audio-orale

Étapes:

- Cliquez sur devoir - et envoyez votre texte

- Participez au forum: "Vous pensez que les exercices structuraux aident à l'apprentissage de la langue? Pourquoi?

Attention: forum ouvert jusqu'au vendredi prochain. Après on fera une synthèse de participations ok?

Activités complémentaires de la semaine:

Voici deux sites intéressants à connaître (indication de notre collègue P. Dictionnaire : http://www.cnrtl.fr/definition/

Courts métrages: http://www.trescourt.com/

Devoir : Synthèse behaviorisme et méthode audio-orale

Forum: “Vous pensez que les exercices structuraux aident à l’apprentissage?

Figura 2 – Curso «Aquisição e Aprendizagem do Francês Língua Estrangeira - Moodle http://moodle.stoa.usp.br/course/view.php?id=238

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Segundo Almeida (2006), o papel do professor em ambientes virtuais é o de atuar nos diferentes espaços no sentido de «favorecer e instigar o diálogo entre os alunos e a produção conjunta, a busca de informações e a expressão do pensamento do aluno, orientando-o nas suas produções e na recuperação e na análise dos registros e de suas respectivas reformulações».

Os alunos são levados a organizar suas anotações, mensagens, trabalhos e registros mais gerais, na medida em que tudo o que é publicado no virtual integra o seu processo e é visualizado pelo professor e por todos (caso dos fóruns e chats). Assim, a organização de «dossiers de cours», a seleção e sistematização de informações e comentários publicados nos diferentes espaços, a realização das tarefas, a navegação em sites, por exemplo passam a ser procedimentos ligados ao «aprender a aprender» no ambiente virtual. Trata-se de um aumento de tarefas do âmbito do «fazer acadêmico» que não é necessariamente realizado ou exigido em aulas presenciais. Esta mudança de atitude também ocorre no que se refere ao hábito de navegar na internet - «surfer sur internet» - como algo somente relacionado ao lazer, ao tempo livre. Ao participar de um ambiente virtual de aprendizagem, o aluno passa a realizar tarefas que prolongam o curso presencial e o levam ao aprendizado, a «surfer sur internet pour l’apprentissage».

Nesse sentido, para o professor que concebe e elabora as atividades, alguns pontos devem ser considerados:

- a explicitação clara do objetivo da atividade ;

- as etapas que serão percorridas para sua realização; - o produto final a ser enviado;

- os prazos de realização e envio; - as ferramentas que serão utilizadas; - os critérios de avaliação;

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Em um dos fóruns, um comentário interessante, feito por um aluno sobre o ambiente virtual : «rien n’est implicite – tout est dit et de manière très claire et précise» (nada é implícito – tudo é dito e de forma clara e precisa), mostra a sua percepção sobre esse espaço de ensino/aprendizagem.

No que se refere à seleção de documentos e/ou sites utilizados nos cursos, os alunos são levados a conhecer e, num segundo momento, a analisar criticamente sites de língua francesa voltados ao ensino/aprendizagem da língua, como por exemplo http://www.lepointdufle.net (indicado no espaço glossário da plataforma).

Contribuições para a Formação do Professor em Ambiente Virtual

O uso crescente da internet, a troca de informações entre professores e alunos via e-mail, chat, blogs, a oferta de cursos presenciais com módulos a distância veiculados por meio de plataformas, as videoconferências entre outras modalidades comunicação vem crescendo em todo o país. No caso das línguas diferentes propostas pedagógicas para diferentes situações de aprendizagem colocam professores e alunos diante de uma redefinição de papéis.

Segundo Moran (2006, p. 51), há uma mudança no papel do professor em relação ao espaço, tempo e comunicação com os alunos. A sala virtual reconhece a presença do professor e do aluno por meio da sua atuação concreta nos espaços do curso – mensagens postadas nos fóruns, interação nos chats, envio das atividades. A ausência é percebida pelo não cumprimento desses papéis.

O aluno é chamado a interagir com o professor e com seus colegas, a desenvolver sua autonomia, a realizar tarefas na web, a entrar no curso uma, duas, três vezes por semana, a ler o que o colega publicou no fórum. O professor é convidado a sair do lugar daquele que detém o saber para ocupar um novo papel de mediador, de facilitador de um diálogo ou debate em sua sala virtual. Almeida (2006, p.215) ressalta que «a percepção das relações humanas que se criam, a importância do diálogo e da participação ativa, a compreensão das possibilidades de criação e

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reelaboração» levam à emergência de uma nova cultura, de novos papéis que demandam um novo professor.

Considerações Finais

A reflexão aqui realizada teve como objetivo contribuir com a formação de professores para atuar em ambientes virtuais. O professor da sala virtual tem um papel fundamental na medida em que no contexto brasileiro ele assume as funções de conceber, desenvolver, gerenciar, monitorar e avaliar as atividades propostas. Nesse sentido, ele é mais exigido pela instituição e pelos alunos, mais « presente », mais atuante e mais corresponsável para o êxito do curso.

Nos Cursos de Letras-Licenciatura, ainda temos uma iniciativa tímida em relação a esta discussão, embora a legislação brasileira admita que 20% da carga horária total de um curso possam ser dados a distância.

As questões de infraestrutura técnica e pedagógica nas universidades públicas, a constituição de grupos de estudo em educação a distância, o financiamento de projetos, a discussão com alunos e professores da política educacional brasileira, a inclusão digital, entre outros aspectos, devem ser realizados.

A tecnologia por si só não altera as representações que temos da sala de aula, o papel do professor e do aluno. É preciso agir coletivamente, em rede, em rizoma.

Referências Bibliográficas

ALMEIDA, M.E.B. «Educação, ambientes virtuais e interatividade» in SILVA, M. (org.) Educação online. São Paulo, 2006, 2a edição, p.203-218.

LOUVEAU, E. e MANGENOT, F. Internet et la classe de langue. Paris, CLE International, 2006.

MORAN, J. M. « Contribuições para uma pedagogia da educação online » in SILVA, M. (org.) Educação online. São Paulo, 2006, 2a edição, p.41-52.

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OKADA, A. L.P. «Desafio para EaD. Como fazer emergir a colaboração e cooperação em ambientes virtuais de aprendizagem» in SILVA, M. (org.) Educação online. São Paulo, 2006, 2a edição, p.275-294.

PUREN, C. « Entrées libres en didactiques des langues et cultures » in Cahiers

pédagogiques. Des langues bien vivantes no 437. CRAP, Paris, 2005, p. 41-44.

PUREN, C. « Perspectives actionnelles et perspectives culturelles en didactique des langues et cultures : vers une perspective co-actionnelle co-culturelle » in

http://christianpuren.jimdo.com/, 2005.

Sobre a Autora

Heloisa Brito de Albuquerque Costa

Professora-doutora do Departamento de Letras Modernas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), área de Francês, da Universidade de São Paulo/USP. Desenvolve pesquisas em formação de professores de francês, ensino de línguas estrangeiras, ensino da língua francesa, ensino de línguas para objetivos específicos, ensino do francês a distância.

Revista EducaOnline, Volume 5, No 2, Maio/Agosto de 2011. ISSN: 1983-2664.

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