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CARACTERIZAÇÃO DE SINTOMAS DE CARÊNCIAS NUTRICIONAIS EM MUDAS DE PUPUNHEIRA CULTIVADAS EM SOLUÇÃO NUTRITIVA.

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C A R A C T E R I Z A Ç Ã O DE S I N T O M A S DE C A R Ê N C I A S NUTRICIONAIS EM MUDAS DE PUPUNHEIRA CULTIVADAS EM SOLUÇÃO NUTRITIVA.

José Risonei Assis da SILVA*, Newton Paulo de Souza FALCÃO*

RESUMO - Os conhecimentos de nutrição mineral da pupunheira (Bactris gasipaes Kunth,

Palmae) são relativamente escassos e incipientes, faltando dados consistentes sobre sua demanda nutricional desde a fase de viveiro até a fase de produção. Com o objetivo de caracterizar os sintomas de carências de macro e micronutrientes, e identificar os níveis analíticos associados às carências minerais em mudas de pupunheira, foi conduzido um ensaio em casa de vegetação, pertencente ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus, AM. Plantas de pupunheira foram cultivadas em solução nutritiva, tendo como substrato areia lavada. Os tratamentos foram: completo e omissão individual de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, boro, cobre, manganês, zinco e molibdênio. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado com treze tratamentos e quatro repetições. As deficiências dos nutrientes nas mudas de pupunheiras se traduziram por sintomas típicos e facilmente identificáveis, e os níveis analíticos de adequação e deficiência obtidos nas folhas foram: N (g kg- 1) 30.7 - 10.1; P (g kg- 1) 3.4 - 1.0;

K (g kg- 1) 27.8 - 4.7; Ca (g kg- 1) 12.7 - 2.6; Mg (g kg- 1) 3.5 - 0.9; Fe (mg kg- 1) 175 - 191; Zn (mg kg- 1) 33 - 41.

Palavras-chave: Bactris gasipaes, composição mineral

Characterization of Symptoms of Nutritional Deficiencies in Peach Palm Cultivated in Nu-trient Solution.

ABSTRACT - Information on peach palm (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) mineral nutrition

is scanty. This study was carried out in a greenhouse of the National Research Institute for Amazonia, Agronomy Department, to characterize the symptoms of nutrient deficiency and to

identify the critical nutrient levels. Peach palm plants are cultivated in sand with 13 nutrient solutions: complete nutrient solution, minus nitrogen, phosphorus, potassium, calcium, magnesium, sulphur, iron, boron, copper, manganese, zinc, and molybdenum. The experimental design was

completely randomized with 13 treatments and four replications. Nutrient deficiencies in the peach palm seedlings were easy identified and the analytical levels of adequacy and deficiency in the leaves were: N (g kg- 1) 30.7 - 10.1; P (g kg- 1) 3.4 - 1.0; K (g kg- 1) 27.8 - 4.7; Ca (g kg- 1) 12.7

-2.6; Mg (g kg- 1) 3.5 - 0.9; Fe (mg kg- 1) 175 - 191; Zn (mg kg- 1) 33 - 41.

Key-words: Bactris gasipaes, leaf nutrient content

Introdução grande importância devido ao seu

potencial alimentício e econômico Na Amazônia pode-se encontrar (Clement & Mora Urpi, 1987). De uma grande variedade de frutíferas uma maneira g e r a l , a p u p u n h e i r a nativas com possibilidade de uso na oferece dois p r o d u t o s de g r a n d e a g r o i n d ú s t r i a e com p o t e n c i a l importância econômica: a) palmito e importante para o desenvolvimento b) fruto. Este último possui diversas a g r í c o l a r e g i o n a l . A p u p u n h e i r a finalidades (consumo direto como (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) é alimento, extração de óleo, farinha e uma espécie que atualmente está tendo ração animal) (Arkcoll & Aguiar,

*Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, INPA/CPCA, Cx. Postal 478, 69011-970 Manaus, AM, Brasil. e-mail: risonei@inpa.gov.br

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1984; Clement & Mora Urpi, 1987). A capacidade de produção da pupunheira em um bom sistema de cultivo ultrapassa as 25 toneladas de frutos por hectare e 2 t ha- 1 de palmito,

a qual poderia ser elevada através do melhoramento genético e com práticas agronômicas apropriadas (Mora Urpi, 1984). Estudos têm sido realizados no sentido de diminuir o período de formação de mudas de pupunheira, quer seja através de processos que a u m e n t e m a v e l o c i d a d e de germinação, ou pela utilização de substratos e adubações químicas e o r g â n i c a s q u e f a v o r e ç a m o seu desenvolvimento. A utilização de s u b s t r a t o com b a i x o nível de fertilidade leva à formação de mudas com c a r ê n c i a s n u t r i c i o n a i s , comprometendo o desenvolvimento tanto do sistema radicular, como da parte aérea. Segundo Lopes (1989), embora muitas vezes a diagnose visual não revele sintomas de carências nutricionais, quando se efetua a diag¬ nose foliar observa-se teores muito baixos de alguns nutrientes, mostrando que a planta a p r e s e n t a v a "fome escondida".

A diagnose visual consiste em comparar o aspecto da amostra com o de um padrão. Na maior parte dos casos compara-se o aspecto da folha. Se houver falta ou excesso de um e l e m e n t o , isto será t r a d u z i d o em anormalidades visíveis, as quais são típicas para o elemento em questão. A composição mineral da folha ou o teor dos e l e m e n t o s nela e n c o n t r a d o é conseqüência do efeito dos fatores que atuaram e, às vezes, interagiram até o

momento em que o órgão foi colhido para análise (Malavolta et al., 1989). A carência de cada elemento c o n s i d e r a d o e s s e n c i a l para o crescimento das plantas desencadeia determinados fenômenos bioquímicos d e n t r o das p l a n t a s , os q u a i s são e x t e r n a d o s por s i n t o m a s t í p i c o s (Epstein, 1975). S e g u n d o Molina (1997), o diagnóstico de problemas nutricionais, mediante a observação de sintomas, tem grande importância prática porque permite tomar decisões rápidas no campo para a correção das deficiências. La Torraca et al. (1984), descrevendo o quadro sintomatológico das carências de macronutrientes e b o r o em m u d a s de p u p u n h e i r a , observaram que os primeiros sintomas v i s u a i s nas p l a n t a s foram os de c a r ê n c i a de enxofre, s e g u i d o do nitrogênio, cálcio, potássio, magnésio, fósforo e, finalmente, o boro.

A u t i l i z a ç ã o de s o l u ç õ e s nutritivas constitui importante técnica para a r e a l i z a ç ã o de e s t u d o s envolvendo aspectos associados à n u t r i ç ã o de p l a n t a s , tais c o m o : eficiência de absorção e utilização de n u t r i e n t e s ; c a r a c t e r i z a ç ã o de s i n t o m a t o l o g i a s de c a r ê n c i a s e excessos de nutrientes; estudos sobre aspectos histológicos, morfológicos e anatômicos de raízes submetidas a diferentes teores e relações entre n u t r i e n t e s ; t r a n s l o c a ç ã o e compartimentalização de nutrientes nas plantas; interações - antagonismo e sinergismo - entre nutrientes, etc (Novais et al., 1991).

Os trabalhos sobre nutrição mi¬ neral da p u p u n h e i r a são r a r o s e

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i n c i p i e n t e s , faltando d a d o s c o n s i s t e n t e s s o b r e sua d e m a n d a nutricional, desde a fase de viveiro até a fase de produção. Tratando-se de uma cultura que tende a se expandir, tanto na região Norte como em outras regiões do país, os conhecimentos de nutrição mineral dessa espécie tornam-se fundamentais, como batornam-se necessária para os programas de adubações e, consequentemente, o desenvolvimento sustentável da cultura.

O presente trabalho teve como objetivo caracterizar os sintomas de carências de macro e micronutrientes em mudas de pupunheira e identificar os níveis analíticos associados às carências minerais.

Material e Métodos

Foram utilizadas sementes de pupunheira (Bactris gasipaes Kunth, Palmae) oriundas de uma população de Yurimaguas, Peru. A semeadura foi efetuada em c a i x a s de m a d e i r a , contendo como substrato serragem. A p ó s a g e r m i n a ç ã o , as p l â n t u l a s permaneceram por, aproximadamente, dois meses nesse substrato quando fo¬ ram r e p i c a d a s para uma b a n d e j a contendo como substrato areia lavada, onde permaneceram durante um mês, sendo irrigadas somente com água destilada. Por ocasião da repicagem, efetuou-se a remoção das sementes que ainda encontravam-se aderidas ao coleto das plântulas.

Posteriormente, as plântulas fo¬ ram t r a n s p l a n t a d a s para vasos de plástico contendo 5 kg de areia lavada. O s v a s o s foram p i n t a d o s em sua superfície externa com tinta aluminol

e, em sua porção superior, colocou-se uma tampa de isopor com pequeno orifício no centro para fixação da p l â n t u l a . E s s e p r o c e d i m e n t o foi utilizado para impedir a incidência interna de luz no s u b s t r a t o e, consequentemente, o desenvolvimento de algas.

As plantas passaram inicialmente por um p e r í o d o de a d a p t a ç ã o e uniformização durante dois meses, s e n d o i r r i g a d a s d i a r i a m e n t e por percolação dos vasos com solução nutritiva completa de 1/5 de força iônica para posteriormente receber os tratamentos com 1 força (concentração de base normal).

O experimento foi conduzido em casa de v e g e t a ç ã o , no I n s t i t u t o Nacional de Pesquisas da Amazônia, M a n a u s , A M , em d e l i n e a m e n t o inteiramente casualizado, com treze tratamentos e quatro repetições. Cada parcela experimental foi representada por uma planta. Os tratamentos foram os seguintes: completo e omissão in¬ d i v i d u a l de n i t r o g ê n i o , fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, boro, cobre, manganês, zinco e molibdênio. As soluções nutritivas empregadas foram as de Sarruge (1975) e Jacobson (1951) (Tab. 1) .

As plantas foram irrigadas diariamente por percolação dos vasos, sendo as soluções nutritivas renovadas a cada 2 0 dias, até o quadro sintomatológico das carências nutricionais tornar-se evidente. A evolução dos sintomas de deficiência dos elementos nutrientes foram descritos desde o estágio inicial até tornarem-se bem definidos, procedendo-se então, a

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coleta das plantas.

O material colhido foi lavado e colocado para secar em estufa com circulação forçada de ar a 60-65°C, até atingir peso constante. Posteriormente, e f e t u a r a m - s e em l a b o r a t ó r i o as determinações dos teores de macro e micronutrientes nas folhas, de acordo com os métodos descritos por Sarruge & Haag (1974).

Resultados e Discucssão

Sintomas de deficiência Nitrogênio

As plantas cultivadas em solução nutritiva com omissão de nitrogênio ficaram pouco desenvolvidas. Após

dois meses de uso da solução sem N, observou-se clorose, inicialmente nas folhas mais velhas, seguida de necrose nas margens das folhas. Com o tempo, esta clorose tornou-se generalizada em toda a planta (Fig. 1). Os sintomas descritos concordam parcialmente com La Torraca et al. (1984), não se o b s e r v a n d o a m a n u t e n ç ã o da coloração verde, característica nas folhas mais novas, descritos por esses autores. Por se tratar de um elemento m ó v e l d e n t r o da p l a n t a , a r e d i s t r i b u i ç ã o do n i t r o g ê n i o foi bastante clara, uma vez que as folhas v e l h a s foram as p r i m e i r a s a apresentar o sintoma. Esta coloração

Tabela 1. Composição das soluções nutritivas, em mL L- 1, utilizadas em mudas de pupunheira

para obtenção de deficiências de nutrientes.

S u b s t â n c i a C o m p l e t o - N - P - K - C a - M g - S - F e - B - C u - M n - Z n - M o K H2P O4- m o l L 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 K N O3 - m o l L- 1 5 5 5 3 3 5 5 5 5 5 5 C a ( N O3)2 - m o l L- 1 5 5 5 4 4 5 5 5 5 5 5 M g S O4 - m o l L- 1 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 K C l - m o l L- 1 5 1 2 2 C a C l2 - m o l L- 1 5 1 1 N H4H2P O4 - m o l L- 1 1 N H4N 03 - m o l L- 1 2 5 ( N H4)2S O4 - m o l L- 1 2 M g ( N O3)2 - m o l L- 1 2 M i c r o - F e * 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 M i c r o - B 1 M i c r o - C u 1 M i c r o - M n 1 M i c r o - Z n 1 M i c r o - Mo 1 F e - E D T A * * 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 * Sarruge (1975); ** Jacobson (1951) O m i s s ã o

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amarelada das folhas está associada com a menor produção de clorofila e com m o d i f i c a ç õ e s na forma de c l o r o p l a s t o s ( E p s t e i n , 1 9 7 5 ; Malavolta, 1980; Raij, 1991)

Fósforo

Constatou-se que a omissão do fósforo limitou o c r e s c i m e n t o da planta, r e d u z i n d o o t a m a n h o das folhas novas, levando as folhas mais v e l h a s a a p r e s e n t a r e m c o l o r a ç ã o a m a r e l a d a , s e g u i d a de n e c r o s e e s e c a m e n t o das p o n t a s . As folhas mais novas apresentaram coloração verde opaco e ficaram levemente m u r c h a s (Fig. 1). Esses sintomas c o n c o r d a m , em p a r t e , c o m os d e s c r i t o s por La T o r r a c a et al. ( 1 9 8 4 ) . Os a u t o r e s o b s e r v a r a m apenas estagnação no crescimento das plantas, em confronto com as plantas s u b m e t i d a s ao tratamento c o m p l e t o , não h a v e n d o o u t r o s sintomas evidentes. De acordo com M a l a v o l t a (1980) e M a r s c h n e r (1999), a rápida redistribuição do fósforo dos órgãos mais velhos para os m a i s n o v o s , q u a n d o o c o r r e a carência do elemento, faz com que as f o l h a s m a i s v e l h a s s e j a m as primeiras a mostrar os sintomas, ou seja, a carência deste elemento no substrato induz a planta a utilizar o fósforo não metabolizado, localizado no vacúolo das folhas mais velhas, sendo redistribuído para os órgãos mais novos cujo crescimento cessa quando acaba tal reserva.

Potássio

Plantas vegetando em solução

nutritiva na qual o potássio foi omitido apresentaram inicialmente clorose, seguida de necrose das pontas e margens das folhas mais velhas. Esta sintomatologia progrediu com o decorrer da deficiência, até atingir as folhas intermediárias, com as mais velhas secando a partir das pontas, no sentido da ráquis (Fig. 1). O quadro sintomatológico descrito concorda com o observado por La Torraca et al. (1984). Os sintomas de carência de K se manifestam, em primeiro lugar, nas folhas mais velhas (indicação da rapidez na redistribuição), como clorose seguida de necrose das pontas e margens. Nas regiões lesadas (clorose e necrose) acumula-se o tetrametileno diamina ou putrescina, N H2( C H2)4 (Malavolta,

1980; Raij, 1991).

Cálcio

Mudas de pupunheira cultivadas em solução nutritiva, com omissão de cálcio, apresentaram as folhas mais n o v a s " p r e g u e a d a s " , m o s t r a n d o crescimento desigual, do qual resultou em formas tortas com um gancho na ponta (Fig. 1). La Torraca et al. (1984) relataram, como sintomas iniciais de carência, folhas mais velhas com uma coloração verde clara e onduladas, e notaram ausência de espinhos na lâmina foliar, o que não foi verificado neste trabalho. O cálcio é absorvido pelas raízes como Ca+2 e o seu

movimento ascendente se dá através de reações de troca em vasos condutores, mais do que por fluxo de massa. Depois de localizado nas folhas o Ca se torna imóvel. A falta de cálcio afeta p a r t i c u l a r m e n t e os pontos de

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crescimento da raiz; aparecem núcleos poliplóides, células b i n u c l e a d a s , núcleos constritos, divisões amitóticas; cessa o d e s e n v o l v i m e n t o , há escurecimento e morte (Epstein, 1975; Malavolta, 1980).

Magnésio

Plantas submetidas a tratamento com o m i s s ã o de m a g n é s i o apresentaram, inicialmente, clorose internerval nas folhas mais velhas. Esta sintomatologia, com o decorrer do tempo, transferiu-se para as folhas intermediárias, com as mais velhas t o r n a n d o - s e e s b r a n q u i ç a d a s . Esta coloração das folhas está associada com a menor produção de clorofila (Fig. 1). A sintomatologia descrita concorda com a observada por La Torraca et al. ( 1 9 8 4 ) . M a l a v o l t a (1980) e Marschner (1999) relatam que a absorção do magnésio pelas plantas se faz na forma de Mg+2. O

Mg+2, como o Ca+2 e o K+, se move

para cima na corrente transpiratória. De modo semelhante ao que ocorre com o potássio, o M g+ 2 é móvel no

floema e, portanto, os sintomas de c a r ê n c i a , c l o r o s e i n t e r n e r v a l , começam nas folhas mais velhas.

Enxofre

Os sintomas de deficiência de enxofre nas mudas de pupunheira manifestaram-se primeiro com clorose nas folhas mais novas, seguido de enrolamento das margens de todas as folhas (Fig. 1). A s i n t o m a t o l o g i a descrita diverge da descrita por La Torraca et al. (1984), que observaram a perda da c o l o r a ç ã o v e r d e

característica na ponta das folhas mais velhas e substituição da coloração verde das folhas mais novas por uma coloração verde claro. De acordo com Malavolta (1980) e Raij (1991), a forma de S p r e d o m i n a n t e m e n t e absorvida da solução do solo pela raízes é a a l t a m e n t e oxidada - o sulfato. O sulfato é t r a n s p o r t a d o p r e d o m i - n a n t e m e n t e na d i r e ç ã o acrópeta, da base da planta para cima; a capacidade da planta para mover o enxofre na direção basípeta é muito pequena; em caso de carência de enxofre os sintomas aparecem em primeiro lugar nos órgãos mais novos, c o m o as folhas m a i s n o v a s . Os sintomas assemelham-se um pouco com os da deficiência de nitrogênio, mas o enxofre não se transloca das folhas velhas para as novas.

Ferro

Os sintomas de deficiência de ferro observados no presente estudo o c o r r e r a m três m e s e s após o transplantio. Com a falta do elemento, o mais ostensivo sintoma que a planta apresentou foi a alteração na coloração das folhas mais novas; essas folhas e x i b i r a m as n e r v u r a s bem pronunciadas na tonalidade verde, formando um contraste nítido com o resto a m a r e l o do limbo; a queda g r a d a t i v a dos níveis de clorofila estampou folhas totalmente cloróticas e m a i s tarde e s b r a n q u i ç a d a s . A segunda e a terceira folhas após a flecha apresentavam também uma forma pontiaguda e mais estreita, comparadas com folhas normais (Fig. 1). A sintomatologia descrita está de

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acordo com a observada por Salvador et al. (1997) para mudas de goiabeira e por Martins et al. (2000) em mudas de a n d i r o b a (Carapa guianensis A u b l . ) . S e g u n d o a l g u n s a u t o r e s

(Epstein, 1975; Malavolta, 1980; Raij, 1991), o transporte do ferro se dá na corrente transpiratória e, no exsudado do xilema, o ferro aparece largamente como quelado do ácido cítrico. Na planta em d e s e n v o l v i m e n t o e na adulta, e n t r e t a n t o , não se dá praticamente a redistribuição do Fe e, como conseqüência, a lâmina foliar a m a r e l e c e , e n q u a n t o as n e r v u r a s podem ficar verdes durante algum t e m p o , d e s t a c a n d o - s e c o m o um r e t i c u l a d o m u i t o fino. Em c a s o s e x t r e m o s , as folhas a d q u i r e m coloração esbranquiçada.

Boro

Observou-se que os sintomas decorrentes da deficiência de boro em mudas de pupunheira manifestaram-se nas folhas mais novas, que ao se desenvolverem mostravam ondulações na lâmina foliar (Fig. 1). Este resultado di¬ verge do obtido por La Torraca et al.

(1984) que observaram, como sintomas iniciais nas folhas mais velhas uma coloração verde mais intensa, e nas folhas novas quando surgiam não se desenrolavam e quando isto ocorria mostravam falhas no limbo, o que não foi comprovado neste trabalho. O B mostra transporte unidirecional no xilema, na corrente transpiratória e grande imobilidade no floema, características que reparte com o Ca. A falta de redistribuição do boro tem as seguintes conseqüências: (1) os sintomas de

carência aparecem primeiramente nos órgãos mais novos e regiões de crescimento (redução no tamanho e deformação das folhas mais novas, morte da gema terminal, menor crescimento das raízes); (2) a planta necessita de um suprimento contínuo para viver (Epstein,

1975; Malavolta, 1980).

Zinco

Os sintomas visuais de deficiência deste nutriente manifestaram-se, inicialmente, nas folhas mais novas, as quais apresentaram-se amareladas, estreitas, alongadas em forma de lanças e com necrose bastante evidente nas pontas, se expandindo em direção a ráquis. Notou-se também que a flecha já apresentava secamento nas pontas, mostrando claramente a morte de todo o tecido (Fig. 1). Estes sintomas são semelhantes aos descritos por Martins et al. (2000) em mudas de andiroba (Carapa guianensis Aubl.). De acordo com Malavolta (1980) e Marschner (1999), o zinco é um elemento pouco móvel na planta, particularmente nas mais deficientes e nas folhas velhas. Os sintomas mais típicos de carência de zinco consiste no encurtamento dos internódios e na diminuição da produção de folhas novas, que tornam-se pequenas, cloróticas e lanceoladas; podem aparecer tonalidades roxas nos caules e nas folhas.

Não foram constatados sintomas v i s u a i s que c a r a c t e r i z a s s e m as deficiências de cobre, manganês e molibdênio. Uma das possíveis causas que não permitiu que o Cu, Mn e Mo a t i n g i s s e m n í v e i s de c a r ê n c i a , manifestando sintomas visuais, pode

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Figura 1 - Sintomas de deficiências de nutrientes em mudas de pupunhas: a) nitrogênio; b) fósforo;

c) potássio, d) cálcio; e) magnésio; f) enxofre; g) ferro; h) boro e i) zinco

ser a baixa exigência desta cultura, tendo sido suficientes as quantidades d e s s e s e l e m e n t o s f o r n e c i d a s na solução completa diluída antes da instalação dos tratamentos de omissão.

Um outro fator que pode ter contribuído para isso foi a utilização de fontes de nutrientes de baixa pureza química que podem ter introduzido contaminantes nas soluções. Segundo Novais et al. (1991), o problema maior a s s o c i a d o aos c o n t a m i n a n t e s diz respeito aos elementos existentes em

baixas concentrações na solução; os micronutrientes, pois quando se deseja avaliar os efeitos da carência extrema - ausência - de certo micronutriente sobre a sintomatologia apresentada por uma planta, é essencial que as fontes dos v á r i o s n u t r i e n t e s , constituintes das soluções nutritivas, sejam de elevado grau de pureza. Fontes (1986) afirma também que além dos produtos químicos usados para o fornecimento de nutrientes às soluções, outras fontes potenciais de

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c o n t a m i n a ç ã o são a água, os r e c i p i e n t e s e o u t r o s m a t e r i a i s utilizados no preparo de soluções, além do s u b s t r a t o u s a d o para germinação, emergência e início de crescimento das plântulas.

Níveis analíticos

A s i n t o m a t o l o g i a v i s u a l das carências foi confirmada por análise química das plantas conforme se observa na Tabela 2. As concentrações de nutrientes na parte aérea das plantas submetidas ao tratamento completo o b e d e c e r a m a s e g u i n t e ordem decrescente: N > K > Ca > Mg > P > Fe > Zn. Este resultado coincide com o obtido por Herrera (1989) em um plantio de pupunheira para produção de palmito na Costa Rica. O autor mencionou também que o nitrogênio é o elemento removido em maior quantidade pela planta, seguido pelo potássio.

O teor de nitrogênio observado nas folhas das plantas sob tratamento completo (Tab. 2) situou-se na faixa dos valores adequados observados pela maioria dos autores (La Torraca et al., 1984; Molina, 1997; E M B R A P A , 1999). O teor de nitrogênio nas plantas submetidas a t r a t a m e n t o com o m i s s ã o deste nutriente foi inferior ao encontrado em plantas com deficiência por La Torraca et al. (1984).

Notou-se que o teor de fósforo nas plantas submetidas a tratamento com solução nutritiva completa foi su¬ perior aos encontrados por alguns autores (La Torraca et al., 1984; Molina, 1997; EMBRAPA, 1999) em

folhas de plantas sadias (Tabela 2). O nível de fósforo e n c o n t r a d o nas plantas deficientes, neste tratamento, superou o valor encontrado por La Torraca et al. (1984) em plantas com deficiência.

A c o n c e n t r a ç ã o de p o t á s s i o observada nas plantas sadias (Tab. 2) foi semelhante ao valor observado por La Torraca et al. (1984), no entanto, ficou bem a c i m a dos n í v e i s considerados como adequados por Molina (1997) e EMBRAPA (1999). O teor de potássio encontrado nas plantas com deficiência foi inferior ao encontrado em plantas deficientes por La Torraca et al. (1984).

O teor de cálcio encontrado nas p l a n t a s s u b m e t i d a s a t r a t a m e n t o completo (Tab. 2) foi comparável ao e n c o n t r a d o por La Torraca et al. (1984), no entanto, foi superior a faixa de t e o r e s c o n s i d e r a d o s c o m o a d e q u a d o s por M o l i n a (1997) e EMBRAPA (1999). Para as plantas d e f i c i e n t e s , o nível de cálcio e n c o n t r a d o foi m e n o r do que o verificado por La Torraca et al. (1984) em p l a n t a s com c a r ê n c i a n e s s e nutriente.

O b s e r v o u - s e que o teor de magnésio encontrado nas plantas sob t r a t a m e n t o com solução nutritiva completa foi inferior ao detectado por La Torraca et al. (1984), entretanto, encontra-se dentro da faixa de teores adequados citados pela EMBRAPA (1999) e superior a indicada por Molina (1997) (Tab. 2). O nível de magnésio nas plantas com deficiência nesse n u t r i e n t e foi inferior ao observado por La Torraca et al. (1984)

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Tabela 2. Teores foliares de macro e micronutrientes considerados adequados para pupunheira

(análises de folhas), e resultados de ensaios comparando teores de nutrientes em folhas de pupunheira, submetidas a tratamento completo e deficientes.

N u t r i e n t e s _ „ , .. , • , ι· 1 ^ C o n c e n t r a ç ã o f o l i a r M a c r o n u t r i e n t e s (g k g -1) A d e q u a d o s1 A d e q u a d o s2 C o m p l e t o3 D e f i c i e n t e3 C o m p le t o 4 D e f i c i e n t e4 N 2 5 - 4 0 2 2 - 3 5 2 7 , 6 1 4 , 4 3 0 , 7 1 0 , 1 P 1,5 - 3 , 0 2,0 - 3 , 0 2 , 3 0,6 3 , 4 1 ,0 K 8 - 15 9 - 15 3 0 , 2 1 0 , 3 2 7 , 8 4 , 7 C a 2 , 0 - 5 , 0 2,5 - 4 , 0 1 4 , 3 3 , 3 1 2 , 7 2,6 M g 2 , 0 - 3 , 0 2,0 - 4 , 5 4 , 6 2,0 3 , 5 0 , 9 M i c r o n u t r i e n t e s ( m g k g -1) F e 1 0 0 - 2 0 0 4 0 - 2 0 0 1 7 5 1 9 1 Z n 15 - 2 5 15 - 4 0 3 3 , 0 4 1 , 0

Molina ( 1 9 9 7 ) ; ( 2 ) E M B R A P A (1999); ( 3 ) La Torraca et al. ( 1 9 8 4 ) ; ( 4 ) Resultados deste trabalho

em plantas deficientes.

Na Tabela 2 pode-se constatar t a m b é m q u e os t r a t a m e n t o s deficientes acusam teores b e m inferiores aos do tratamento completo, com exceção do ferro e do zinco. No entanto, segundo Malavolta (1980), o teor de ferro total e zinco em folhas de plantas deficientes pode ser mais alto

(ou pelo menos igual) ao encontrado em folhas de plantas normais.

Conclusões

A falta, individualizada, de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Fe e Zn na solução n u t r i t i v a p r o d u z i u a l t e r a ç õ e s m o r f o l ó g i c a s , t r a d u z i d a s c o m o sintomas característicos de deficiência n u t r i c i o n a l para cada e l e m e n t o e s t u d a d o . Todas as d e f i c i ê n c i a s o b t i d a s p r o d u z i r a m profundas modificações no desenvolvimento da pupunheira na sua fase inicial. Não se detectou sintomas de carência de Cu, Mn e Mo, provavelmente por alguma contaminação. Os teores dos nutrientes

encontrados nas folhas do tratamento c o m p l e t o e c o m o m i s s ã o foram respectivamente: N (g k g- 1) 30.7 -10.1; P (g kg- 1) 3.4 - 1.0; K (g kg- 1) 27.8 - 4.7; Ca (g kg- 1) 12.7 - 2.6; Mg (g kg- 1) 3.5 - 0.9; Fe (mg kg- 1) 175 -191; Zn (mg kg- 1) 33 - 41. Bibliografia citada

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Referências

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