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Actividades de lazer em áreas urbanas recreativas - Florestal de Monsanto

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Academic year: 2021

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Actividades de lazer em áreas urbanas recreativas -

no Parque

Florestal de Monsanto

Teresa Santos

(a)

, Ricardo Nogueira Mendes

(b)

(a) e-GEO Centro de Estudos de Geografia e Planeamento Regional, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade

Nova de Lisboa, teresasantos@fcsh.unl.pt, rnmendes@fcsh.unl.pt

Resumo

O presente trabalho incide sobre a exploração de bases de dados voluntárias com o objectivo de caracterizar o uso que os cidadãos fazem dos espaços urbanos recreativos. Para este efeito seleccionou-se o , por ser uma actividade com elevado número de praticantes em Portugal, cuja prática está bem documentada, acessível e concentrada em 2 . Dada a sua dimensão, o constitui uma fonte de dados que tanto permite descrever, como também quantificar o funcionamento das actividades recreativas, incluindo padrões de uso informais, bem como características físicas do território. O Parque Florestal de Monsanto foi a área escolhida para caracterizar a procura recreativa, nomeadamente através de estimativa de volumes de uso (número de utilizadores), e da caracterização inicial dos utilizadores daquele espaço. A informação resultante desta análise poderá ser utilizada pelas entidades competentes no planeamento e gestão de espaços urbanos de lazer.

Palavras chave: , Informação Geográfica Voluntária, Espaços urbanos recreativos

1. Introdução

O é um jogo ao ar livre que utiliza dispositivos com Sistema de Posicionamento Global (GPS) que

permitem encontrar escondidas (normalmente pequenos contentores) em determinados locais. O objectivo

do jogo é encontrar a e depois partilhar com a restante comunidade esse feito, através de um registo/

no oficial geocaching.com, onde se expõem de livre vontade a experiência de cada descoberta, fotografias,

emoções, etc. Cada evento no tem associado uma localização precisa, um momento do tempo bem

como a identificação do responsável por esse evento. No total, desde a colocação da primeira em Portugal

em 2002, foram gerados cerca de 4,5 milhões de , tendo sido carregadas 880 mil fotos que testemunham a

grande interactividade deste fenómeno.

Esta actividade é praticada mundialmente por cerca de 6 milhões de pessoas, tendo em Portugal cerca de 35 mil

adeptos à data da análise. No país existem actualmente 27 mil activas de um total de 40 mil. Destas, 3,7%

(~1 500) localizam-se em Lisboa e concentram 8,5% do total de registos/ .

Tratando-se de uma actividade com tantos utilizadores, está ainda assim pouco estudada. Santos ., (2012)

numa análise a nível nacional, demostraram que embora as áreas naturais sejam as mais apetecíveis, a maioria

das está localizada em áreas urbanas. Na sequência deste estudo, Nogueira Mendes ., (2013a)

concluiu que a actividade reflecte uma imagem turística de Lisboa, uma vez que as mais visitadas

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O objectivo deste trabalho é criar indicadores que permitam avaliar o sucesso de uma e caracterizar os

praticantes do . Face aos padrões genéricos da actividade demonstrado nos estudos anteriores

(Nogueira Mendes ., 2013a, Nogueira Mendes ., 2013b, Santos ., 2012), pretende-se agora avaliar

se há praticantes responsáveis pela mobilização dos outros. Nomeadamente, se as mais visitadas foram

escondidas por um conjunto restrito de ou não.

2. Área de estudo e base de dados

A área seleccionada para avaliar a actividade dos praticantes de foi o Parque Florestal de Monsanto

(PFM), localizado em Lisboa (Figura 1). Com uma área de 900 ha o PFM oferece diversos serviços recreativos como áreas de picnic, centros de actividades, áreas desportivas, parques infantis, circuitos de manutenção, entre outros. O espaço é utilizado por um leque vasto de actividades como a Bicicleta Todo-o-Terreno (BTT), corrida ou

.

Os dados explorados na análise são de dois tipos: informação sobre as e sobre os . Os dados

sobre as foram obtidos no geocaching.com, e os dados sobre os praticantes foram recolhidos no

geopt.org.

Figura1 - Localização do Parque Florestal de Monsanto

3. Metodologia

Para cada do PFM, recolheu-se o número de dias em que a esteve activa, o dono da , quem

registou a descoberta (i.e., o ) e a data em que o fez, o tamanho médio dos de cada e o

número de fotos associadas. Num total de 122 , colocadas até 2 de Fevereiro de 2014, excluíram-se as

arquivadas e as correspondentes a eventos ( que apenas ocorrem num determinado momento, sendo

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A informação relativa a cada foi recolhida no geopt.org e incluiu a nacionalidade, distrito onde mais

registou (um da sua residência) e o número de . Para caracterizar o sucesso das ,

seleccionaram-se 4 indicadores: o número total de , a taxa de visitação, o tamanho médio dos e o número

de fotos. A taxa de visitação foi calculada com base no número de registados no período decorrente entre a

data de criação (variável consoante a ) e a data de análise (2 de Fevereiro de 2014), razão pela qual se

eliminaram desta análise as arquivadas. A caracterização dos decorreu da análise da sua

nacionalidade/distrito de residência, número de que cada um registou no PFM, a sua actividade como um

todo enquanto (número de em qualquer território), e o número de que criou no PFM.

4. Resultados

A análise da visitação das caches colocadas no PFM revelou diferentes padrões. Seria de esperar que o número

de fosse tanto maior quanto mais tempo está uma disponível. Porém, esta situação nem sempre se

verifica (Figura 2). Avaliando a visitação pelo número total de registados por , podemos verificar que a

mais antiga (4508 dias) não corresponde à mais visitada (704 ). De facto, a com mais visitas

registadas é a 2ª mais antiga no PFM (2582 dias), com 952 . Esta encontra-se no Palácio Marquês da

Fronteira e Alorna, monumento nacional, que incluí o próprio palácio de estilo barroco datado do século XVII e os seus jardim, que se estendem por mais de 5 ha.

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Se avaliarmos a visitação tendo em conta o período de vida da , verificamos que o valor médio de visitação

situa-se em 0,4 por dia. Como esperado, a com mais não é a aquela com maior de taxa de

visitação diária (0,4 /dia). Taxas de visitação mais elevadas encontram-se em 5 , que apresentam 1

ou mais por dia no período compreendido entre a criação da e a data da análise. Estas são muito

recentes (com menos de 30 dias de actividade), podendo esta novidade justificar a sua procura.

Para além do número de , há outras medidas que podem caracterizar a popularidade de uma . Atributos

como o número de fotos partilhadas, ou o tamanho médio dos podem ser indicadores da experiência

percepcionada pelos . A Figura 3 apresenta a distribuição espacial do Top5 destes atributos no PFM.

Desta análise se conclui que as 5 com mais fotos são antigas (todas anteriores a 2009), e têm valores que

variam entre 138 e 459 fotos registadas. Destas, 2 também estão no Top5 de número de visitas. Pelo tamanho

médio dos de cada , pode-se inferir o grau de satisfação que a visita representou para o . As

Top5 de neste atributo apresentam com tamanhos médios entre 481 e 658 caracteres. Destas, 3

estão também no Top5 das mais fotografadas.

Da análise dos praticantes, um dado relevante surge quando se avalia a representatividade do PFM, na

comunidade nacional. Estando à data da análise registados 34 344 em Portugal, esta análise revelou

que perto de 10% já visitaram o PFM (3 217). Deste 3 217 visitantes, 2 044 residem no distrito de Lisboa, e os restantes 1 173 residem noutros distritos. Este valor demonstra que aquele espaço verde é um emblema da cidade de Lisboa e que é um polo atractivo para as actividades recreativas quer de residentes quer de visitantes.

Figura 3 - Localização das Top5 no Parque Florestal de Monsanto

Outro dado interessante surge da análise à nacionalidade dos visitantes. Dos 3 217 que visitaram o

PFM, um valor significativo 13% é estrangeiro (433 geocachers). Este facto apoia o estudo anterior realizado

por Mendes ., (2013a) que concluiu sobre a existência de uma relação entre os espaços turísticos e recreativos

da cidade e a actividade de

Olhando para a actividade dos portugueses que registaram nas do PFM, salienta-se que

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território) acima da média da prática dos que visitam aquele espaço. Outro dado interessante

prende-se com o facto de entre os 10 que fizeram mais de 80 em Monsanto, apenas um ser

responsável por uma no parque, sendo esta pouco visitada.

Por forma a avaliar o impacto que os têm no sucesso das , fizeram-se duas análises. A primeira

análise centrou-se no número de responsáveis pelas escondidas no PFM. Verificou-se que as

91 foram escondidas por 52 , porém as TOP20 mais visitadas foram criadas por 13

. Analisando o papel dos no sucesso das escondidas, contaram-se o número de

colocadas por cada e o número de correspondentes. Verificou-se que há que

tendo escondido menos têm somatórios de visitações superiores a responsáveis por mais

. De facto, o com mais criadas no PFM (9) tem um total de (492) inferior ao

que colocou as mais visitadas (6 com um total de 2315 ).

Estes dados indicam que deve haver factores intrínsecos que justifiquem estas observações (qualidade

paisagística, desafio da busca, etc.) provando que há uma dimensão social ( grandes, muitas fotos) com peso

muito importante na compreensão desta actividade.

5. Conclusões

Este trabalho demostra a utilidade das bases de dados geográficas voluntárias na análise de actividades recreativa e de lazer em espaços verdes urbanos, ajudando a compreender o sucesso dos fenómenos assentes em redes

sociais. Dada a sua dimensão, optou-se por explorar dados relativos à prática de no maior parque

urbano de Lisboa. Esta geo-informação pode ser explorada não só para compreender a actividade em si, mas

também para avaliar as percepções e motivações de quem a pratica sobre os locais onde as são

escondidas.

A metodologia apresentada permite identificar os locais mais emblemáticos no PFM e quantificar o número de

visitantes que pratica num dado período de tempo. Atenção que esta amostragem de taxa de visitação

é subestimada, uma vez que o é muitas vezes praticado em grupos ou famílias, mas a experiência é

reportada posteriormente apenas por um único (que pode até ter um nome colectivo). Seria

interessante confrontar estes valores com outros oficiais, porém existe falta de informação sobre o fluxo de visitantes na área de estudo. Neste contexto, as bases de dados voluntárias como as aqui exploradas podem ser um indicador credível to volume de uso destes territórios.

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Agradecimentos

Este artigo apresenta resultados de investigação do Plano Estratégico do e-Geo (PEst-OE/SADG/UIo161/2014), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). O trabalho decorreu no âmbito de uma bolsa de Pós-Doutoramento financiada pela FCT (SFRH/BPD/76893/2011).

6. Bibliografia

Nogueira Mendes, R., Santos, T., Rodrigues, A. M. (2013a). Urban geocaching: what happened in Lisbon during the last

decade? ., XL-4/W1, (7-12).

Nogueira Mendes, R., Santos, T., Rodrigues, A. M. (2013b). Pode o Geocaching em meio urbano ser uma ferramenta de promoção turística? O caso de Lisboa. . ISBN: 978-972-99436-6-9

Santos, T., Mendes, R.N., Rodrigues, A.M.; Freire, S. (2012). Treasure Hunting in the 21th century: A Decade of Geocaching

Referências

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