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Sexualidade e Gênero na Revista Mundo Jovem

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Academic year: 2021

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28, 29 e 30 de 2006

Gênero e Religião – ST 24 Carlos José Borges Silveira FURG

Palavras-chave : Sexualidade, gênero, revista Mundo Jovem

Sexualidade e Gênero na Revista Mundo Jovem

Introdução

Este trabalho pretende analisar a Revista Mundo Jovem como fonte de informações que possibilitam investigar os discursos referentes a gênero e sexualidade.

A História do Mundo Jovem iniciou no Seminário maior de Viamão, RS, e hoje a sua extensão proporciona informações em diversos temas: Os jovens, a moda e a antimoda, Educação do corpo, Corpo saudável Vida gostosa!, Preconceito um desrespeito às diferenças, AIDS é melhor prevenir, Postura da escola na Orientação Sexual, A sexualidade desperta mais cedo, Mulher e homem as diferenças que impedem a igualdade, As crianças e os meios de comunicação: uma erotização precoce, Percepções de alunas sobre a gravidez, Homoerotismo: um enfoque ético, Mulher sim!, etc.

A partir de 2004, quando tive a oportunidade de participar do Grupo de Pesquisa Sexualidade e Escola, foi possível repensar sobre o tema identidade de gênero e sexualidade. As discussões no grupo trouxe-me a sensibilidade de que a sexualidade, as identidades sexuais e os de gêneros não são apenas registros biológicos e sim construções que vem modificando através do processo histórico-cultural. Tendo como referência bibliográfica Guacira Louro, Michel Focault, Alfredo Veiga- Neto, etc, possibilitaram-me compreender que é nas relações sociais que se constroem os gêneros e o quanto essas marcas, dentre outras, aparecem inscritas nos corpos dos sujeitos.

Nessas perspectivas a Revista Mundo Jovem se torna um artefato de análise, onde as narrativas sofrem um processo histórico-cultural possibilitando entender as transformações sociais que se constituem novas formas de relacionamento e estilos de vida em determinada época e espaço.

Hoje, na atualidade a escola deve ter a preocupação com o “tipo de informação” que se vai passar para a criança. Até um tempo atrás, em geral, a educação sexual se restringia dizer o que é certo e o que é errado; quando é hora de fazer isso ou aquilo; quando o menino brinca com a menina. O que temos que fazer é discutir as identidades de gênero e sexuais, os corpos, os comportamentos, a relação com os outros, entre outros. Temos que proporcionar uma discussão mais abrangente sobre a sexualidade. Segundo Jimena Furlani (2003, p. 68):

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Insisto, que a educação sexual, em qualquer nível de ensino, deve se caracterizar pela continuidade. Uma continuidade baseada em princípios claros de um processo permanente – porque o bombardeamento midiático de informações recebidas por crianças e jovens é permanentemente... porque as situações de exclusão social, decorrentes do sexismo e da homofobia, são constantes... porque as representações hegemônicas que hierarquizam as diferenças estão permanentemente sendo fixadas mesmo com permanentes resistências ... porque a subjetivação da sexualidade (que talvez tenha um papel maior do que, até então, temos considerado nessa dinâmica de mudança comportamental) está sendo permanentemente posta em questão pelos aparatos discursivos de uma cultura e precisa ter o contrapondo reflexivo de uma educação sistemática, corajosa, honesta, e politicamente interessada com a crítica desses modelos de desigualdades sexual, de gênero, de etnia, de raça, de geração, de classe, de religião, etc.

As questões de sexualidade sempre foram abordadas nas escolas, quando aparecia o interesse de uma classe ou um grupo, ou quando os professores sentiam a necessidade de falar sobre determinado tema, chamava-se alguém para falar sobre o assunto. Médicos, enfermeiros ou psicólogos vinham para a escola falar sobre um tema específico para os alunos. Eventualmente se incluía os pais. Essa pedagogia ou método, não apresenta maiores resultados na modificação do comportamento dos adolescentes.

Os temas abordados na Revista proporcionam uma forma de a escola chegar mais perto de uma “realidade” do/a aluno/a. É preciso uma constante atualização sobre os assuntos trabalhados em sala de aula. Alguns artigos contribuem para a implantação sobre a sexualidade nas escolas, como a Aids, o nu na televisão, as doenças sexualmente transmissíveis, homossexualidade, etc, assim a reflexão torna-se necessária.

A Revista Mundo Jovem

A História do Mundo Jovem começou no Seminário Maior de Viamão, RS. Em setembro de 1963 foi lançada a revista “S.O.S.” Vocações, com o objetivo de atrair um maior número de pessoas para os Seminários. Era editada em português e espanhol. Servia basicamente de subsídio para as “equipes vocacionais”. Já em agosto de 1994 trocou de nome, para “Lançai as Redes”, ainda com objetivos especialmente vocacionais, porém ampliando a abrangência. Nessa época destinava-se também aos trabalhos vocacionais nas paróquias e escolas. Em outubro/novembro de 1967, ainda, no Seminário de Viamão, o Jornal ampliou ainda mais a sua abrangência, dirigindo-se a todos os jovens, abordando e refletindo suas inquietações, suas ansiedades e esperanças. Foi nesta oportunidade que adotou o atual nome de “Mundo Jovem”. Em janeiro de 1997, o Mundo Jovem passou do Seminário de Viamão para a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, como um órgão da Faculdade de Teologia. E aqui ele se mantém até hoje.

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Ao longo desses anos a Revista passou a abordar uma linguagem simples e direta, os mais diversos temas da Vida do Jovem. É uma proposta de leitura alternativa para jovens e adultos que não se acomodam e encaram o desafio de construir o novo. Hoje a Revista é usada como subsídio para debates e reflexões de grupos e também nas escolas.

O Mundo Jovem é distribuído exclusivamente para assinantes, tem uma tiragem de 120 mil exemplares por edição e atinge atualmente todos os estados brasileiros, estando presente em mais de três mil cidades. A Revista não é uma empresa, não tem fins lucrativos e não veicula publicidade. Mundo Jovem é um jornal de idéias. Mundo Jovem faz um planejamento anual de temas que são tratados nas dez edições do ano.

Analisando a Revista Mundo Jovem

Ao analisar esse artefato cultural pude perceber que a temática sobre identidade de gênero e sexualidade aparece nos textos da Revista a partir de 1993. Esse artefato cultural da ênfase aos meios de comunicação, em sua maior parte, mostra o caráter informativo para prevenção da Aids, da gravidez precoce, e mostra como na mídia através das novelas, filmes, publicidade o corpo é mostrado como objeto a ser consumido.

Segundo Foucault (1998), múltiplas relações de poder e verdade circulam na sociedade inscrevendo os corpos das pessoas, marcando seus gestos, seus comportamentos e, por isso mesmo, tornando-os centros de sujeição e de transmissão de mecanismos de dominação. Os condicionamentos, os comportamentos que nos caracterizam são reveladores das interferências de que somos alvo no nosso cotidiano, os quais se originam dos mais instâncias sociais em relação com mecanismos hegemônicos no momento. E é dentro desse processo multifacetado que se criam, definem e se perpetuam as relações de dominação e sujeição entre os seres humanos e mais especificamente os homens e as mulheres.

O processo de comunicação se torna um instrumento perspicaz na divulgação de determinadas idéias, conceitos e preconceitos. Nessa visão a sexualidade torna-se um mercado, e vista como sexo sem visualizar os aspectos culturais e históricos. É nessa influência que vamos perceber que esses artefatos irão regular e enquadrar a sociedade num âmbito geral, seja ele, político, econômico, social e religioso.

Em âmbito geral os temas abordados na Revista sobre identidade de gênero e sexualidade estão relacionados com a prevenção num processo pedagógico de ensinar e de salientar as problemáticas nas quais as crianças e adolescentes enfrentam em seu cotidiano no que se refere o uso de drogas, as doenças sexualmente transmissíveis e Aids, visando como os jovens devem posicionar-se diante desses

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sexualidade ou de gênero relacionam com a higiene, deixando outras variáveis, de como a sociedade ela esta sendo construída nos aspectos históricos e culturais buscando relacionar com a vida desses jovens.

Observei nos artigos que nos aspectos da orientação sexual que se refere à sexualidade e ao gênero que ela poderia ser trabalhada na própria família, sendo que a mesma não se sentem capazes de falar sobre sexualidade e que só a escola com seus métodos pedagógicos podem sanar essas dúvidas, no qual os jovens perpassam e muitas vezes em espaços isolados no ambiente escolar que são feitas discussões e que no aspecto religioso constitui a inspiração de um alto padrão moral que visa uma sexualidade sadia e tranqüila, principalmente na função procriadora que deve ser responsável, idade adequada, condições econômicas e culturais. O ingresso na vida sexual ativa entre 10 aos 16 anos, principalmente no Brasil é que levou a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente em 1990 tomar certas medidas para controlar a exploração sexual; e por outro momento os artefatos como TV, Internet divulgam a criança e o adolescente como fonte de prazer ocasionando a prostituição, sendo visto o corpo como objeto de consumo, e isso nos leva o constante apelo á beleza que se sobressai através de um corpo saudável, bem definido para que os jovens se mantêm dentro desses padrões.

Na visão de Jane Necker (2003, p. 64) “As representações sobre sexualidade, corpo e gênero veiculadas em especial pela mídia têm subjetivado não só adultos, homens e mulheres, mas também têm trabalhado minuciosamente para a formação das identidades infantis e juvenis nos nossos dias”.

A análise me faz compreender que a Revista Mundo Jovem sendo um artefato é uma tentativa de oferecer um suporte pedagógico cultural para que os educadores reforcem e consolidem seus próprios conceitos na construção da identidade de gênero e sexualidade, pois a mesma é considerada um jornal de idéias não existindo um modelo pronto referentes aos artigos escritos e sim dando oportunidades de discutir, ampliar o conhecimento que entrelaçam o nosso viver cotidiano, mesmo o porque, cada ser humano possui seu processo histórico, e nisso está vinculado a experiência e suas convicções possibilitando que outros profissionais estudem esses artigos, assim estabelecendo uma rede nesse artefato que a Revista proporciona.

Na Revista a maior parte dos artigos relacionados com a sexualidade e gênero estão vinculas na procedência da orientação sexual num aprendizado dentro dos temas transversais, onde a sexualidade está vinculada com a prevenção das doenças sexualmente transmissíveis e a Aids. Assim, construindo uma cultura de prevenção é fazer com que os jovens organizem o seu novo hábito de se relacionar no que se refere a sua escolha sexual. Deve-se salientar que essa orientação esta também nos hábitos de higiene, onde os jovens devem cuidar de sua saúde, do seu comportamento e do seu corpo. Desse modo, levam os jovens pensar e refletir sobre à sexualidade, fazendo diminuir os riscos de doenças e também diminuir a freqüência de parceiros no que se refere as relações heterossexuais e também nas

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relações homossexuais. E na maior parte a escola interliga-se na área da saúde, e muitas questões da sexualidade ainda permanecem através de palestras com médicos, psicólogos, enfermeiros, etc.

Quando se fala no homossexual, nesse artefato, vimos apenas dois artigos que se refere a essa temática. Uma na visão religiosa que expressa o homoerotismo, tem haver com o ambiente familiar e cultural, pois a vivência sexual dos pais, a maneira de educar seus filhos, ter suas emoções num caminhamento afetivo, implica na liberdade ou repressão diante da sexualidade, no isolamento ou na abertura diante da sociedade e que irá manifestar a conduta sexual da pessoa. Portanto, a sexualidade deve estar no exercício da ternura e do amor.

No ponto de vista da Igreja Católica sobre o homoerótico não deve ocorrer discriminação social, pois o sentir essa tendência não tem nada de pecado, pois os atos genitais são condenados. A importância está em seu caráter de dignidade e o diferencial esta em ter tendência e outra é a prática do ato e isso leva na visão cristã a possibilidade de questionamento dessas vertentes. Sobre o prisma cristã dentro da moralidade pode ocorrer a conversão dessas pessoas. Ainda na modernidade os estudos permanecem na área da psicologia que através de sua ética não fala mais em tratamento ou cura, pois causa uma tendência de discriminação e vejo no próprio meio a existência do binarismo quando expressam se é normal ou anormal diante dessas pessoas, sofrendo assim uma discriminação. É através de diferentes movimentos sociais que começam adquirir o respeito e aceitação, ampliando suas atividades e diminuindo a exclusão.

Referências

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LOURO, Guacira Lopes.Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997

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