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MEGACÓLON POR FECALOMA EM FELINO - RELATO DE CASO Deyse SANTOS 1 ; Fabiano CORDOVA 2 ; Bibiana PIEREZAN 3 ; Andressa SILVA 4

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Academic year: 2021

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MEGACÓLON POR FECALOMA EM FELINO -RELATO DE CASO Deyse SANTOS1; Fabiano CORDOVA2; Bibiana PIEREZAN3; Andressa SILVA4 1 Médica Veterinária graduada pela Universidade Federal do Tocantins. deysecamargo@uft.edu.br 2 Professor de Patologia Veterinária, Universidade Federal do Tocantins.

3 Mestranda em Ciências Veterinárias com ênfase em Vídeo cirurgia – UFRGS. 4 Residente em Anestesiologia e Medicina de Emergência Veterinária – UFG.

Resumo

Felino, macho, SRD, que, segundo a proprietária, não defecava há vinte dias, apresentando tenesmo e realizando várias tentativas de defecar ao longo de um dia, sem êxito. Na última vez em que a proprietária relatou ter visto fezes do animal, notou a presença de pelos e ressaltou que este havia sido o seu primeiro episódio de constipação. Administrou óleo mineral e colocou supositório no paciente, sem prescrição de um profissional e que não surtiu resultados satisfatórios. Relatou ainda normodipsia, normúria, hiporexia e perda acentuada de massa corporal em pouco mais de 30 dias. Constatou-se grande quantidade de conteúdo fecal altamente radiopaco em toda a extensão do cólon (quadro compatível com fecaloma), além de possuir diâmetro maior que duas vezes o comprimento da sétima vértebra lombar, o que é compatível com quadro de megacólon.

Palavras-chave: constipação, tenesmo, megacólon. Keywords:constipation, tenesmus, megacolon. Revisão de literatura

Ceco, cólon e reto são segmentos do intestino grosso. O cólon é um tubo de parede fina, dilatável, que se divide em porção ascendente, transversa e descendente, onde fisiologicamente ocorre o armazenamento das fezes a serem expelidas e absorção de água (REECE, 2007). A porção distal do cólon descendente, ao adentrar no canal pélvico, recebe o nome de reto, que se segue até terminar no canal anal (LEITE, 2006). As fezes, quando ressecadas, compactadas e retidas no interior do intestino grosso recebem o nome de fecalomas ou fecólitos (McGAVIN; ZACHARY, 2009). A constipação nada mais é que a defecação difícil ou pouco frequente, onde ocorre a passagem de material fecal excessivamente duro e seco. Já o termo obstipação, se refere a um quadro de constipação extrema, onde as fezes não podem ser eliminadas (FOSSUM, 2014). Megacólon é um termo descritivo para o aumento do

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diâmetro do intestino grosso e hipomotilidade, associados à constipação intestinal grave. O megacólon não se trata de uma doença específica, mas sim um sinal clínico associado à falha na eliminação normal do conteúdo fecal. As fezes retidas no cólon por períodos prolongados se desidratam e solidificam, devido à continuada absorção de água e se tornam difíceis e dolorosas de eliminar, podendo ficar grandes e duras, tornando-se impossível sua passagem pelo canal anal. (FOSSUM, 2014). Segundo Bichard e Sherding (2003), o megacólon atinge mais frequentemente felinos adultos e senis, entre cinco e nove anos de idade. Um fator que contribui diretamente para a alta ocorrência em gatos são seus hábitos comportamentais, ressaltando-se o comportamento de asseio dos felinos. A atividade leva à ingestão de pelos que, quando em excesso, podem incorporar à massa fecal e propiciar a formação de impactações fecais duras e de difícil expulsão. O diagnóstico do fecaloma pode ser clínico, através da anamnese e exame físico, além de exame radiográfico simples, como complemento. Em 100% dos casos, o diagnóstico radiológico favorece a confirmação, uma vez que as fezes e os gases geram radiopacidades contrastantes, facilmente identificáveis (THRALL, 2010). Este exame complementar facilita delimitar a extensão da impactação, observar se há dilatação colônica, presença de materiais radiopacos nas fezes, além de permitir investigar algumas possíveis causas, como por exemplo, fratura pélvica ou aumento prostático, que podem obstruir a passagem (FOSSUM, 2014). De acordo com Slatter (2007), a conduta terapêutica irá depender da gravidade do distúrbio, sendo a realização de enema, laxantes, prescrição de supositórios e mudança na alimentação, as primeiras alternativas. A colotomia é o procedimento de escolha para remoção de um corpo estranho ou de fezes impactadas que não possam ser amolecidas com enema. Para a realização do procedimento, o cólon é cuidadosamente isolado com compressas, e o cirurgião faz uma incisão longitudinal sobre o corpo estranho ou a massa fecal. As margens da incisão são limpas e ocluídas em uma fileira única de suturas aposicionais com pontos interrompidos simples, usando material 3-0 ou 4-0 (SLATTER, 2007). O prognóstico para gatos que sofrem de megacólon segundo Fossum (2014), são de bom a excelente em longo prazo, sendo que, sem a cirurgia este prognóstico se torna de mal a reservado. O tratamento clínico para constipação crônica é possível, porém pode se tornar inviável, dada a quantidade de enemas e a necessidade de evacuação manual que pode surgir ao longo do tempo.

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Descrição do Caso

Felino, SRD, macho, 8 anos de idade, atende pelo nome de Leco, pelagem bege, longa e densa, castrado, com 3,6 kg de massa corporal. Levado ao HVU por não defecar há cerca de 20 dias. A proprietária notou ainda que o mesmo apresentava tenesmo e fazia várias tentativas de defecar ao longo de um dia, sem êxito. Na última vez em que a proprietária disse ter visto fezes do animal, notou a presença de pelos e ressaltou que este havia sido o seu primeiro episódio de constipação.

Administrou óleo mineral e supositório no paciente, sem prescrição de um profissional e que não surtiu resultados satisfatórios. Relatou ainda normodipsia, normúria, hiporexia e perda acentuada de massa corporal em pouco mais de 30 dias. O paciente estava desidratado e em estado nutricional regular. Palpando a região abdominal do animal foi possível sentir massas de consistência endurecida, sugestivas de fecaloma. Além de exames laboratoriais, o paciente foi encaminhado ao setor de diagnóstico por imagem para realização de exame radiográfico. Constatou-se grande quantidade de conteúdo fecal altamente radiopaco em toda a extensão do cólon, quadro compatível com fecaloma, além de possuir diâmetro maior que duas vezes o comprimento da sétima vértebra lombar, o que é compatível com quadro de megacólon. O paciente foi internado e submetido à fluidoterapia, dado o estado de desidratação em que chegou. O procedimento cirúrgico foi agendado para o dia seguinte. A cirurgia consistiu na remoção do fecaloma por meio de uma colotomia.

O procedimento foi realizado na porção antimesentérica do cólon descendente. Em seguida, procedeu-se a ordenha das fezes em sentido normógrado (desde o ceco até a incisão) e em sentido retrógrado (desde o reto em sentido à incisão). Após esvaziada a alça, a ferida cirúrgica foi irrigada com solução morna de NaCl 0,9%. A colonorrafia se deu em dois planos: o primeiro em padrão Schmieden e o segundo em padrão Cushing, ambos com fio Vycril® 2-0. Uma sonda foi introduzida para aplicação de óleo mineral intra-luminal em sentido normógrado. A cavidade abdominal foi então irrigada com solução NaCl 0,9%, previamente aquecida, e em seguida foi realizada a omentopexia da sutura intestinal e a rafia das demais camadas (muscular, subcutânea e pele). O paciente permaneceu internado por uma semana. Neste período, se encontrava apático e não apresentava melhora

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significativa. Amostras de sangue foram encaminhadas ao Labotarório de patologia clínica do HVU, solicitando novo hemograma que, por sua vez, mostrou uma grande diminuição do hematócrito. No mesmo dia, o animal recebeu transfusão sanguínea, apresentando melhora significativa e recebendo alta médica dois dias depois.

Discussão

As fezes, quando ressecadas, compactadas e retidas no interior do intestino grosso recebem o nome de fecalomas ou fecólitos (McGAVIN; ZACHARY, 2009). A constipação nada mais é que a defecação difícil ou pouco frequente, onde ocorre a passagem de material fecal excessivamente duro e seco. Já o termo obstipação, se refere a um quadro de constipação extrema, onde as fezes não podem ser eliminadas (FOSSUM, 2014). Megacólon é um termo descritivo para o aumento do diâmetro do intestino grosso e hipomotilidade, associados à constipação intestinal grave (FOSSUM, 2014), quadro compatível com o que o animal do presente relato apresentava, Além de depressão, anorexia e fraqueza, sinais que podem ocorrer dada a absorção de toxinas bacterianas provenientes das fezes (FOSSUM, 2014).O diagnóstico do fecaloma pode ser clínico, através da anamnese e exame físico, além de exame radiográfico simples como complemento. Em 100% dos casos, o diagnóstico radiológico favorece a confirmação, uma vez que as fezes e os gases geram radiopacidades contrastantes, facilmente identificáveis (THRALL, 2010), como no caso das projeções em que o paciente foi submetido. Ainda, segundo Fossum (2014), alterações inespecíficas do hemograma e do perfil bioquímico podem ser evidentes. O paciente, aqui relatado, apresentou trombocitopenia em seus exames pré-cirúrgicos. A trombocitopenia representa a causa mais comum de hemorragias espontâneas, podendo ser resultado de uma ou mais anormalidades, tais como: diminuição da produção de plaquetas, aumento da destruição de plaquetas (condição rara em gatos), aumento do consumo de plaquetas e aumento do sequestro de plaquetas. Deve ser considerada ainda, a tendência que as plaquetas de felinos têm de se aglutinarem no tubo com ácido etilenodiaminotetracético (EDTA) (NELSON; COUTO, 2015). De acordo com Slatter (2007), a conduta terapêutica irá depender da gravidade do distúrbio. No presente relato, como o paciente já havia recebido óleo mineral e feito uso de supositórios de glicerina, na intenção de auxiliar na eliminação das fezes, sem sucesso, e dada a grande dilatação colônica associada ao quadro geral, o mesmo foi encaminhado

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para realização de procedimento cirúrgico, não sendo submetido à abordagem conservativa antes. As margens da incisão são limpas e ocluídas em uma fileira única de suturas aposicionais com pontos interrompidos simples, usando material 3-0 ou 4-3-0 (SLATTER, 23-03-07). No paciente em questão, a colorrafia de escolha do cirurgião foi executada em dois planos, ambos com suturas contínuas, sem indicação específica para esse tipo de procedimento, o que poderia contribuir para a estenose do órgão, facilitando novos episódios de obstipação.Ainda de acordo com Nelson (2015), a transfusão de sangue total é uma das abordagens acerca da anemia arregenerativa. Embora a transfusão tenha sido bem-sucedida no primeiro momento e trazido melhora clínica do quadro, a longo prazo pode se tornar um problema, tendo em vista que a chance de reação transfusional aumenta conforme o animal é submetido a mais transfusões e sem o cuidado de encontrar animal compatível com o seu subtipo sanguíneo, como ocorreu com o paciente do presente relato. Sendo assim, uma investigação direcionada ao quadro de anemia poderia ter sido feita, fazendo uso de exames como aspiração ou biópsia da medula óssea, em pacientes que apresentam características do quadro de anemia arregenerativa. Conclusão

O tratamento clínico para constipação crônica é possível, porém pode se tornar inviável, dada a quantidade de enemas e a necessidade de evacuação manual que pode surgir. Sendo assim, a abordagem cirúrgica fez-se necessária e cumpriu seu papel, solucionando o quadro de constipação e promovendo a melhora clínica do paciente.

Referências

BIRCHARD, S. J.; SHERDING R.G. Manual Saunders Clínica de Pequenos Animais. 2 ed. São Paulo: Roca, 2003, 2072p

FOSSUM, T. W. Cirurgia de Pequenos Animais. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014, 1619p.

LEITE, J. E. B. Radiologia Veterinária Básica, Recife: Editora Universitária UFRPE, 2006, 150p.

MCGAVIN, D. M.; ZACHARY, J. F. Bases da Patologia em Veterinária. 4 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009, 1540p.

THRALL, D. E. Diagnóstico de Radiologia Veterinária, 5 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. 832p.

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