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Família do presidente domina império que abarca telecomunicações, pescas, electricidade,

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(1)

Valentina

Guebuza segue

os

passos

da angolana Isabel

dos Santos

e

transformou-se

na

empresária

mais

poderosa

do

pais

que

o pai

governa,

um

dos

mais pobres

do

mundo

Família

do

presidente

domina império que

abarca

telecomunicações,

pescas,

electricidade,

gás,

cimentos,

refrigerantes,

turismo,

banca, transportes,

imobiliário

e exploração

mineira

(2)

Valentina,

"[

Mincesa"

de

um

pais

chamado

(3)

No

Palácio

da

Ponta

Vermelha, o presidente

da

República

de

Moçambique

assina

os

decretos

que

favorecem

a

empresa

"Focus

21

".

Na

"Focus

21

",

a

filha do presidente agradece.

É

o

retrato

de um

país

dominado

por

um

clã: os

Guebuza, donos do Governo

e

das

maiores empresas

privadas

moçambicanas.

Para

eles,

a

"descolonização

exemplar"

foi

um belo negócio...

O

mundo pode atravessar uma

crise sem precedentes, mas ela não

chega às famílias dos dirigentes

su-premos das antigas províncias ul-tramarinas portuguesas. Os deuses

podem estar loucos, mas quem não perde ojuizinho sãoasfilhas dilectas

dos actuais presidentes das

Repú-blicas de Angola e Moçambique.

Os povos angolano emoçambicano podem viver na miséria sob regimes

ditatoriais mascarados de

democra-cias, mas nos palácios presidenciais

continua a cozinhar-se a receita que enriquece a'nomenklatura' no

poder.

A

Imprensa internacional e a

Internet abundam em noticias

so-bre a forma ávida e grosseira, por

vezes chocante, usada pelos

todo--poderosos deLuanda eMaputo para

encherem os cofres sem terem de prestar contas. Para eles, não para

os povos que dominam, a

"desco-lonização exemplar" foi um belo negócio

-

abençoado delonge pelas

potências ocidentais que nos idos de 60 e 70 invocavam os "direitos

humanos" para apoiarem quem fazia

guerra aPortugal. Em 'sites' de nacio-nalistas indignados multiplicam-se as

acusações: "Enraizou-se oabocanho de contratos junto das instituições públicas"; "famílias da 'nomenkla-tura' têm negócios chorudos entre

si apartir de concessões do Estado".

Já conhecíamos o autêntico

potentado pluri-continental em que se transformou a família do

presidente angolano José Eduardo dos Santos, cuja "testa-de-ferro" é a

super-empresária Isabel dos Santos,

sua filha.

O DIABO

conta-lhe hoje como o presidente deMoçambique,

Armando Emílio Guebuza, não lhe

quis ficar atrás

-

fazendo dasua filha

mais nova, Valentina, aface visível de

um empório que ofende apobreza da generalidade dos moçambicanos.

Parceira

de

Stanley Ho

Na antiga Lourenço Marques, tudo gira em tomo daempresa "Focus

21-Gestão eDesenvolvimento

Limi-tada", que começou "modestamente" por se apoderar da adjudicação das

obras públicas municipais, nomea-damente dos Jardins Botânicos de Tunduro

-

um início auspicioso para

uma firma que, empoucos anos,

pas-sou de "Limitada" a "ilimitada" no

seu poder einfluência.

Mas éno jornal sul-africano on-line "Mail&Guardian", fundado em 1994 por um grupo de jornalistas

independentes dedicados à investiga-ção, queasdenúncias sobre o que se

passa em Moçambique ganham

cre-dibilidade internacional. Num des-pacho recente, assinado pelo repórter Luís Nhachote, são postos anu "os

tentáculos do império de negócios dafamília do presidente Guebuza"

-

um império que hoje abarca tele-comunicações, pescas, electricidade,

gaz, cimentes, refrigerantes, turismo, banca, transportes, imobiliário e ex-ploração mineira

-

e asligações entre

acarteira de negócios da "Focus 2 1"e

os despachos presidenciais assinados

na Ponta Vermelha, ovelho palácio

construído em finais do século

XIX

para albergar o pessoal que dirigia

a construção da linha férrea para o

Transval edurante décadas sede do

governo provincial português.

Guebuza não nasceu para os

negócios ao ser eleito presidente da República de Moçambique, em 2005.Já então era um dos maiores

empresários do país, acolitado por

uma rede de familiares fiéis: os seus

filhos Armando Ndambi Guebuza,

Norah Guebuza, Mussumbuluko Armando Guebuza e Valentina da

Luz Guebuza, os sobrinhos Miguel e

Daude, ocunhado (eantigo ministro da Defesa) Tobias Dai, a cunhada

Maria da Luz Guebuza e o primo

José Eduardo Dai. Poralguma razão, nos meios oposicionistas, chamam

aGuebuza "Mister Guebusiness". . .

Ao longo dos anos em que

dirigiu o partido governamental Frelimo (herdeiro da organização

pró-chinesa que combateu Portugal durante uma década de guerrilha), Guebuza foi tecendo uma teia de ligações empresariais na índia, na

China, na Holanda e na vizinha

África do Sul. Neste ultimo país,

um dos seus maiores interesses é a empresa de exploração da

auto--estrada que liga Pretória e

Joanes-burgo ao Maputo (uma espécie de Brisa em grande escala), de que é sócio proeminente.

Em Moçambique, a família

Guebuza integra, nomeadamente,

a administração da "Cornelder", a

empresa que gere os portos da Bei-ra e Quelimane, e é accionista da

empresa de comunicações móveis Vodacom, onde detém 5por cento

do capital. Mas estes interesses são

apenas uma gota de água no oceano

de negócios controlados pelo clã.

Éatravés da "Intelec Holdings" que os Guebuza administram os

investimentos familiares e se aven-turam em novas áreas de negócios, como recentemente aconteceu ao entrarem na "Moçambique

Capi-tais", responsável pelo lançamento do"Moza Banco", em parceria com

a"GeocapitaF do magnata oriental Stanley Ho.

(4)

Filhos

e

sobrinhos

Um

dos tentáculos de Guebuza

é asubsidiária "Intelec Business Ad-visory and Consulting", oficialmente dirigida por Tânia Romana Matsi-nhe (antiga assessora do ministro

moçambicano do Planeamento e

também administradora da"1 Time Airline") econtrolada de perto por

um dos principais accionistas, Ar-mando Guebuza, um dos filhos do

presidente e seu homónimo. Através

da "Intelec", os Guebuza têm mão

firme na"Elephant Cement Moçam-bique" e, por via desta, na empresa cimenteira indiana "Shree Cement". Figura de proa do clã Guebuza

é hoje a filha mais nova do presi-dente moçambicano, Valentina, de

32 anos. Até há poucos anos uma discreta engenheira civil, Valentina

da Luz Guebuza foi chamada a dar

acara pelos negócios familiares em 2007, ao entrar ostensivamente na

sociedade do Terminal de Cereais da

Beira, asuaprimeira posição empre-sarial de relevo. Em 2009erajá

direc-tora (com osfamiliares José Eduardo

DaieMussumbuluko) dacompanhia

mineira "Dai Servicon Limited" eda

"Mozambique Investment and Deve-lopment Limited", co-proprietária do

"Imogrupo", com interesses nas áreas

do imobiliário, construção e turis-mo, edirectora-executiva da empresa

televisiva "StarTimes", em parceria com capitais chineses, que obteve (sem concurso público) direitos sobre

as transmissões estatais de TV. Não

mais parou.

Voluntariosa ecomunicativa,

Va-lentina Guebuza éhoje aface mais

visível dos negócios presidenciais

moçambicanos. Nesses interesses

mergulha o "núcleo duro" do clã, a

começar pela descendência directa do presidente da República.

O

seu filho mais velho,

Arman-do, édirector de sete grandes com-panhias moçambicanas, numa das

quais (a "Billion Group

Moçambi-que") reparte o capital com empresas

angolanas e sul-aíricanas e investe

no sector mineiro, na energia, na construção enas obras públicas.

Mussumbuluko Guebuza, outro

dos filhos dopresidente, integra a

ad-ministração da"Intelec" ede três

ou-tras grandes companhias nacionais, para além de ser orepresentante em

Moçambique da empresa libanesa "Christian Bonja", especializada em

artigos dejoalharia erelógios suíços detopo de gama.

A

filha mais velha de Guebuza,

Norah, não só integra a

administra-ção da "Focus 21" como controla a

"MBT

Construções Limitada",

dedi-cada àconstrução eobras públicas e

integrando capitais zimbabweanos.

Miguel, um dos sobrinhos presi-denciais, tem interesses na empresa

de import-export "Venturin", na

"Englob-Consultores Limitada"

(onde tem como 'partner' o genro

do presidente, Tendai Mavhunga),

na "Mozambique Power Industries",

na "Luminoc" ena "Vodacom

Mo-çambique".

Daude, outro sobrinho, mantém negócios nas áreas da construção, hotelaria epetróleo, tendo

recen-temente fundado a empresa de

correios "New Express" eintegrado

a empresa de resíduos "Wasteman Mozambique".

O negócio

dos

autocarros

Um

dos negócios dafamília Gue-buza que geraram mais protestos nos

Media livres da África Austral foi a

recente concessão dos autocarros da

capital. Há cerca de um ano, o

go-verno moçambicano aqueArmando Guebuza preside comprou 150

auto-carros movidos agaz para servirem

na rede de transportes públicos de

(5)

simples decreto presidencial, sem consulta pública ou concurso, edos detalhes do negócio foi encarregado o

Fundo estatal para o Desenvolvimen-to das Comunicações eTransportes.

O

problema é que a feliz

con-templada com a gigantesca enco-menda foi a empresa automobilís-tica indiana "Tatá", através da sua

subsidiária "Tatá Mozambique", na qual o próprio presidente

Arman-do Guebuza detém 25 por cento, segundo revelou o semanário

'Ca-nal de Moçambique', o primeiro a

denunciar o negócio

Compreendem-se, assim, muito melhor as viagens oficiais que Gue-buza efectuou nos últimos anos à

índia

-

tanto como ministro dos Transportes e Comunicações, em 2003, como já na qualidade de pre-sidente, em Outubro de

2010...

E foi para isto que fizeram a

(6)

Os

negócios

da

família Machel

Deacordo com o semanário de in-vestigação 'Canal de Moçambique',

oclãdoantigo presidente moçambi-cano Samora Moisés Machel,

faleci-do em 1986num estranho desastre

aéreo geralmente atribuído a

agen-tessoviéticos, também seencontra envolvido em negócios protegidos peias autoridades de Maputo.

Afamília de Machel "tem interesses

na Petromoc e a Electricidade de Moçambique, EP", revela o sema-nário. "Através do Grupo Whatana, de que épresidente Graça Machel,

eoseu filho Malenga Machel,

di-rector executivo, são accionistas

da Central Térmica de Moatize,

juntamente com aElectricidade de Moçambique. Fazem ainda parte doconsórcio oGrupo AES

Corpora-tion e abrasileira Vale. O objectivo desta sociedade é a geração de energia apartir de carvão térmico.

Esteéomaior projecto de geração

de energia em Moçambique, com uma capacidade de gerar energia entre 2.400a3.600 MW. OAcordo Estrutural foi assinado com o

Go-verno de Moçambique em finais de 2007,eaoperação está prevista

para começar até 2013".

O'Canal de Moçambique' adianta ainda interesses dos familiares de Machel "na Petromoc, através da Whatana Auto', "na distribuição

nacional de combustíveis líquidos

ede condensamento de gás. A

fa-mília Machel, através da Whatana,

detém neste momento a presidência rotativa daVodacom".

Um contraste

chocante

Segundo dados divulgados pelas Nações Unidas, 46,8 por cento dos moçambicanos vivem em pobreza extrema. Apenas 42 por cento têm acesso a água

potável. Num conjunto de 135 países analisados no quadro do índice de Pobreza Humana, a

Re-pública de Moçambique ocupa

o 127° lugar: apenas oito países

do mundo são hoje mais

mise-ráveis do que a antiga província

ultramarina portuguesa. O PIB

'per capita' de Moçambique é de cetca de 1.083 dólares (três

vezes menor do que a média

africana, quatro vezes menor do

que a média sul-afrlcana evinte

vezes menor do que a média portuguesa).

Referências

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