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Saúde Coletiva em Debate, vol. 3, n. 32, 43-54, jul,

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PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DE MULHERES INTERNAS POR ABORTO ESPONTÂNEO EM UM HOSPITAL PÚBLICO DO MUNICÍPIO DE SERRA

TALHADA-PE

EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF INTERNAL WOMEN BY SPONTANEOUS ABORTION IN A PUBLIC HOSPITAL OF THE MUNICIPALITY OF SERRA

TALHADA-PE

Lucélia Duarte de Lima1; Micherllaynne Alves Ferreira Lins1* 1

Faculdade de Integração do Sertão, Serra Talhada - PE.

RESUMO

O aborto espontâneo tem se tornado um grande caos na saúde pública, aproximadamente 1,4 milhões de abortos espontâneos e inseguros com a taxa de 3,7 para cada 100 mulheres. Nessa perspectiva esse estudo tem como objetivo traçar o perfil de mulheres internas por aborto espontâneo em um Hospital Público do Município de Serra Talhada-PE. A pesquisa tem caráter descritivo, transversal, retrospectivo de natureza quantitativa, tendo como centro de inquérito da pesquisa o banco de dados no que se referencia ao prontuário do paciente. Como resultados foi possível perceber que a maioria das mulheres que sofreram aborto espontâneo são do lar, faixa etária entre 21 e 34 anos, casadas, multíparas, ensino médio completo, zona urbana, primeiro trimestre de gestação, com diagnóstico inicial de abortamento incompleto, ausência de abortos anteriores, classificação sanguínea de O+. Evidenciou-se que o primeiro trimestre gestacional e a multiparidade podem ter sido fatores de risco que contribuíram para a alta incidência de aborto espontâneo encontrada no estudo, visto que vários autores apontam o primeiro trimestre gestacional como forte preditor de possíveis causas de abortamento espontâneo e a multiparidade é tida como uma falta de planejamento familiar, que geralmente ocorre em mulheres já de idade avançada, fator significativo para o abortamento.

Palavras-chave: aborto, aborto espontâneo, enfermagem. ABSTRACT

Spontaneous abortion has become a major public health mess, with approximately 1.4 million unsafe and unsafe abortions at the rate of 3.7 per 100 women. In this perspective, this study has the objective of tracing the profile of internal women by spontaneous abortion in a Public Hospital of the Municipality of Serra Talhada-PE. The research has a descriptive, cross-sectional, retrospective nature of quantitative nature, having as a research center the database with reference to the patient's medical record. As a result, it was possible to notice that the majority of women who suffered miscarriage were from the household, between 21 and 34 years old, married, multiparous, full high school, urban area, first trimester of pregnancy, with initial diagnosis of incomplete abortion, absence of previous abortions, O + blood classification. It was evidenced that the first trimester and multiparity may have been risk factors that contributed to the high incidence of spontaneous abortion found in the study, since several authors point to the first gestational trimester as a strong predictor of possible causes of spontaneous abortion and multiparity is seen as a lack of family planning, which usually occurs in women already old, a significant factor for abortion.

Keywords: abortion, miscarriage, nursing.

*Autor para correspondência: Micherllaynne Alves Ferreira Lins. Rua João Luiz de Melo, 2110, Bairro Tancredo Neves, CEP 56909-205 Serra Talhada-PE. Brasil. Telefone: (87) 3831-1472 E-mail fabioss69@yahoo.com.br

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INTRODUÇÃO

Segundo estimativas da

Organização Mundial de Saúde no Brasil ocorrem aproximadamente 1,4 milhões de abortos espontâneos e inseguros com a taxa de 3,7 para cada 100 mulheres. A gravidade da situação do abortamento também se reflete no SUS, onde só no ano

de 2004, 243.988 mulheres foram

internadas para fazer curetagem pós-aborto (FAÚNDES, BARZELATTO, 2004).

Em Pernambuco a situação também se apresenta de forma alarmante, de acordo com os dados do SIH/SUS (Sistema de Informações Hospitalares/Sistema Único de Saúde) no período de janeiro de 2004 a

janeiro de 2006 ocorreram 28.266

curetagens pós-abortamento, onde só em Recife neste mesmo período as curetagens

representam 26% desse total

correspondendo a 7.370 procedimentos (RAMOS, 2007).

Para Rezende e Montenegro (2005)

é considerado aborto espontâneo a

expulsão de todo o produto da concepção sem que haja interferência externa, isto é, ocorre por consequência de fatores de ordem natural, sendo bastante comum na primeira gestação. Na maioria dos casos é em decorrência de anormalidades no feto. Seus principais sinais e sintomas são:

sangramento vaginal intenso,

acompanhado por fortes dores abdominais e suas principais causas, incluem os fatores químicos, como o álcool e o fumo, e os biológicos, malformações e distúrbios hormonais.

O aborto espontâneo é considerado um grave problema de saúde pública e suas complicações podem influenciar para a saúde da mulher e sua qualidade de vida. Seus índices continuam bastante elevados, como também as infecções e hemorragias do abortamento, sendo a principal causa de morte materna (NERY et al., 2006).

Partindo dessa perspectiva o estudo busca identificar o perfil das mulheres internadas por abortamento espontâneo em um Hospital Público do Município de

Serra Talhada-PE. Destacando

informações que possam nortear medidas preventivas, do qual venha a contribuir para uma melhor prática e qualidade da assistência, auxiliando os profissionais na articulação de ações.

A escolha do tema se deu pelo interesse de investigar o alto número de

internamento hospitalar por aborto

espontâneo entre as mulheres do

município, já que o perfil epidemiológico do País e mais especificamente no Estado de Pernambuco é muito relevante. Esses números despertaram a curiosidade de estudar o porquê de tantos abortos

espontâneos e quais seus aspectos

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a todas as gestantes pelo Sistema Único de Saúde. Com isso, é esperado contribuir de forma significativa para compreensão dos dados estatísticos de nossa região como também no enriquecimento da literatura, além de apontar para o profissional de saúde a necessidade de um pré-natal com mais eficácia.

METODOLOGIA

A pesquisa tem caráter descritivo, transversal, retrospectivo de natureza quantitativa, tendo como centro de inquérito da pesquisa o banco de dados no que se referencia ao prontuário do paciente. Segundo Minayo e Sanches (1993) “a pesquisa quantitativa tem como campo de práticas e objetivos trazer à luz

dados, indicadores e tendências

observáveis”.

A pesquisa foi realizada no Município de Serra Talhada – PE, localizado na região do Vale do Rio Pajeú, a 415 Km da Capital Recife, no Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães – HOSPAM. Esta unidade tem por sua vez abrangência regional e concentração de partos e assistência neonatal, assim como realiza curetagem e apoio ao abortamento. Ocorrem em média 16 curetagens uterinas por abortamento ao mês, totalizando aproximadamente 192 ao ano. Para a

pesquisa foram selecionados 167

prontuários dos quais 68 foram analisados tendo como cálculo estatístico de percentil, com uma margem de confiabilidade de 95%. Esse quantitativo geral fez referência ao ano de 2012, segundo a estatística do HOSPAM.

Participaram da pesquisa os

prontuários de mulheres em período gestacional de até 22 semanas que deram entrada no HOSPAM com história de

aborto espontâneo, com diagnóstico

médico comprovado, os prontuários que possuem a história completa da gestação atual, com mulheres advindas de qualquer região. Foram excluídos os prontuários incompletos, os que não possuem histórico do aborto e aqueles em que o diagnóstico principal não foi aborto espontâneo.

A avaliação do prontuário foi norteada por um roteiro de coleta de dados, constando de vinte e oito questionamentos, do qual envolveu dados pessoais, histórico

familiar, histórico gestacional, e

diagnóstico do abortamento espontâneo. Os dados obtidos foram tabulados e apresentados em forma de gráficos, produzidos através do Microsoft Office Excel 2010 e confrontados com outros estudos. A análise estatística foi feita de forma descritiva por meio de porcentagem.

Esta pesquisa está de acordo com as normas da Resolução N° 196/96, da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa/Conselho Nacional de Saúde (CONEP/CNS). O referido artigo foi

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submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovado com o seguinte número de protocolo 2172593.3.0000.5181.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Diante o perfil encontrado nas mulheres internas por aborto espontâneo pode-se diagnosticar dados como: ser do lar, estar na faixa etária entre 21 a 34 anos, ser de cor parda, casadas, multíparas, residir em zona urbana, possuir o ensino

médio completo, estar no primeiro

trimestre da gestação, ter como diagnóstico

inicial abortamento incompleto, não

possuir história de aborto anterior,

apresentar como sinal e sintoma do aborto sangramento, permanecer em internamento na unidade por 1 dia e ter classificação sanguínea do tipo “O” positivo.

De acordo com o quadro 1, observou-se que em relação à idade gestacional a ocorrência maior foi entre os abortamentos precoces ou abaixo de 12 semanas de gestação, ou seja, no 1º trimestre gestacional (83,82%). Segundo Nery et al. (2006) isso deve-se ao fato de grande parte dos abortos espontâneos serem resultados de um feto com poucas chances de sobrevivência até o final da gravidez ou que não se encontra em

desenvolvimento saudável. Algumas

causas já são conhecidas como: anomalias

cromossômicas, baixos níveis de

progesterona, infecções, doenças

bacterianas ou virais, idade da mãe, doenças autoimunes, stresse e consumo exagerado de cigarro e outras drogas.

Quadro 1. Distribuição das mulheres

internas no HOSPAM por abortamento espontâneo de acordo com a Idade gestacional. IG QUANTIDADE % Trimestre 57 83,9% 2º Trimestre 11 16,1% 3º Trimestre - - Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

No quadro 2 observou-se que a

maior incidência de abortamento

espontâneo ocorreu na faixa etária de 21 a 34 anos, correspondendo a 50 % da amostra. As mulheres com 15 a 20 anos contribuíram com 26,5% do total de casos e as mulheres acima de 35 anos com 23,5%.

A idade mínima de abortamento (15 anos) observada no estudo pode ser explicada pelo fato de que no período da adolescência ocorre uma transição da fase da infância para a fase adulta, transição esta que, compreendendo um período exacerbado da maturação sexual, leva muitos adolescentes a iniciarem suas

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atividades sexuais (CANO; FERRIANI; GOMES, 2000).

Quadro 2. Faixa etária das mulheres

internas no HOSPAM por abortamento espontâneo. IDADE QUANTIDADE % 15 a 20 anos 18 26,5% 21 a 34 anos 34 50% 35 a mais 16 23,5% Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Esta também foi a faixa etária predominante no estudo de Murta et al. (2001) onde 62% das mulheres tinham esta faixa de idade. No estudo de Souza et al. (1996) a maioria (54,3%) das mulheres também estavam dentro desta faixa etária. De uma forma geral, esta é a faixa de idade predominante na maioria dos estudos sobre

abortamento ou sobre problemas

relacionados à gestação, uma vez que esta tem sido referida como a faixa etária considerada ideal para procriar.

Quanto a paridade 54,4% das mulheres que sofreram aborto espontâneo eram multíparas como aponta o gráfico 1. De acordo com Moreira et al. (2001) esse fato pode ser justificado pela falta do planejamento familiar, sendo considerado um importante fator de risco para o abortamento.

Gráfico 1. Distribuição das mulheres

internas com histórico de aborto

espontâneo classificadas como primíparas e multíparas.

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Em relação à ocorrência de

abortamento anterior, não se observou sua ocorrência na maioria das mulheres (82,35%) deste estudo como mostra o gráfico 2, tal fato confirma-se em outros estudos onde Barini et al. (2000) afirmam que mulheres que referem abortamento anterior podem estar incluídas nos casos de abortamento espontâneo recorrente. Para Serrano; Nogueira; Lima (2010) o aborto recorrente é definido como a existência de 3 ou mais perdas consecutivas antes da 22ª semana de gestação, sua situação é multifatorial e heterogénea sendo possível identificar um fator associado em apenas 50% dos casos. A idade materna e o número de perdas anteriores são os dois fatores de risco independentes mais preditivos de uma nova perda.

54,40% 45,60% 40,00% 42,00% 44,00% 46,00% 48,00% 50,00% 52,00% 54,00% 56,00% MULTÍPARA PRIMÍPARA

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Gráfico 2. Quantitativo das mulheres com

histórico de abortamento anterior.

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Quanto ao estado civil observou-se que 54,4% eram casadas, 45,6% eram solteiras e nenhuma se encontrava em situação estável. Esse resultado foi relevante, pois, de acordo com as

referências bibliográficas há maior

incidência de abortamentos espontâneos em mulheres solteiras, o que se justifica pela ausência e falta de apoio do companheiro. Isso demonstra que a estabilidade na relação influencia no processo de abortamento, pois de acordo com Olinto e Moreira (2006) a gestante solteira encontra-se fragilizada pela falta do companheiro o que gera anseios e medos não aceitando de forma positiva a gravidez (Quadro 3).

Quadro 3. Estado civil das mulheres

internas no HOSPAM por abortamento espontâneo. Estado Civil QUANTIDADE % Casadas 37 54,4% Solteiras 31 45,6% Estável - - Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

No quadro 4 observou-se a

incidência do nível de escolaridade onde 30,9% das mulheres possuíam o Ensino Médio Completo. Segundo Bankole (2001) mulheres com níveis educacionais mais elevados podem estar mais motivadas para terminar uma gravidez não planejada e completar sua educação ou aumentar sua experiência de trabalho. Um dos motivos para preocupação do término da gestação e até aceitação desta, esta relacionada ao cotidiano feminino, pois muitas mulheres vivem em constante estado de estresse devido às múltiplas tarefas do dia a dia, fator de risco para o abortamento espontâneo.

Quadro 4. Distribuição das mulheres

internas no HOSPAM por abortamento

82,35% 17,65% 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% NÃO SIM

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espontâneo quanto ao nível de escolaridade. Escolaridade QUANTIDADE % Analfabeta 3 4,5% 1º Grau Incompleto 11 16,1% 1º Grau Completo 13 19,1% 2º Grau Incompleto 15 22% 2º Grau Completo 21 30,9% Superior Incompleto 3 4,5% Superior Completo 2 2,9% Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Em relação à ocupação profissional observou-se que 39,7% das mulheres eram do lar, ou seja, não exerciam atividade remunerada. Segundo Cabral (2003) essa variável remete a problemas financeiros o que torna-se um fator de risco devido ao

desgaste emocional vivenciado pela

mulher. Colaborando com o autor Halbe (2000) afirma que a mulher sem renda financeira própria muitas vezes conflita-se com questionamentos se terá condições econômicas de criar este filho e se possui infraestrutura necessária para a formação, educação e bem estar do bebê, o que acaba influenciando de forma negativa na sua gestação (Quadro 5).

Quadro 5. Distribuição das mulheres

internas no HOSPAM por abortamento espontâneo de acordo com o tipo de ocupação exercida. Ocupação QUANTIDADE % Do Lar 27 39,7% Agricultora 21 30,9% Estudante 8 11,8% Outros 12 17,6% Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Quanto à moradia 66,17% residiam em zona urbana. Esse resultado foi relevante, pois, de acordo com as

referências bibliográficas há maior

incidência de abortamentos espontâneos em mulheres que residem na zona rural como afirma Cecatti (2009) que diz que esse fato se deve à dificuldade de uma assistência adequada no pré-natal e condições de saneamento básico muitas vezes precário. Ainda segundo o autor o fator moradia rural aponta a necessidade de ações educativas e de garantia de acesso à anticoncepção auxiliando no planejamento familiar desse grupo demográfico (Gráfico 3).

(8)

Gráfico 3. Distribuição das mulheres

internas do HOSPAM por abortamento espontâneo com relação a moradia.

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

No quadro 6 observou-se a

sintomatologia do aborto, 54,4 % das

mulheres apresentaram sangramento

isolado, 30,9 % apresentaram dor e sangramento e 14,7% somente dor. Segundo Sancovsky (2013), cerca de 40% das causas para esse sangramento e consequentemente a perda do concepto se dividem entre: imunológicas, infecciosas, hormonais e problemas anatômicos do útero. As outras 60% podem ser atribuídas

a anormalidades cromossômicas que

ocorrem ao acaso, na multiplicação das células que formam o embrião.

O referido autor afirma que o sangramento pode ou não ser o primeiro anúncio do aborto. No início da gravidez, quando o ovo se fixa na parede do útero, pode haver perda de sangue, que logo cessa. No caso do aborto esse sangramento

começa de forma semelhante, mas se intensifica. Quando esse sintoma surge, costuma-se indicar a curetagem para apressar a limpeza do útero e evitar infecções.

Quadro 6. Distribuição das mulheres

internas por abortamento espontâneo no HOSPAM de acordo com os sinais e sintomas.

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

De acordo com o quadro 7, em relação ao diagnóstico clínico inicial 75% do total de casos foram classificados como aborto incompleto, e esta classificação é o principal motivo pelo qual as mulheres necessitam de internamento para realização de curetagem uterina. Rezende e Montenegro (2005) afirmam que esta classificação é realizada quando só parte do produto de concepção é eliminada. Com isso, a hemorragia não cessa e as cólicas permanecem, porque os restos ovulares

impedem o útero de contrair-se

adequadamente. Seguindo esta mesma ideia, Freitas et al. (2003) apontam que o abortamento incompleto caracteriza-se pela expulsão parcial de todo o tecido fetal e

66,17% 33,83% 0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00%

Z. URBANA Z. RURAL Sintomas QUANTIDADE %

Dor 10 14,7% Sangramento 37 54,4% Dor e Sangramento 21 30,9% Total 68 100%

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placentário, fortes dores do tipo cólicas na tentativa de eliminar o conteúdo que se encontra ainda em cavidade uterina, sangramento abundante e redução do volume uterino que se apresenta menor do que deveria para a idade gestacional.

Quadro 7. Distribuição das mulheres

internas por abortamento espontâneo no HOSPAM de acordo com o tipo de diagnóstico inicial. Diagnóstico inicial QUANTIDADE % Aborto Retido 13 19,1% Aborto Incompleto 51 75% Aborto Infectado 1 1,5% Aborto Inevitável 1 1,5% Aborto em curso 2 2,9% Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Quanto ao tempo de

permanência/internamento na unidade de saúde 55,9% permaneceram 1 dia internas no hospital. Segundo Costa (2002) esse é o tempo mínimo necessário para que a mulher tenha uma avaliação global. Essa avaliação global inclui a promoção do acolhimento, fornecimento de informações e a assistência prestada. De acordo com Nery et al. (2006) esta deve ser uma prática rotineira na área da saúde, sendo de

fundamental importância entender que a maioria das mulheres com história de abortamento espontâneo faz o luto, mas não manifesta reações patológicas, por isso não se deve ignorar o luto que as mulheres sentem após um abortamento eletivo ou

espontâneo. Deve-se dar as suas

necessidades emocionais a mesma atenção dada as famílias nas quais ocorreram natimortos ou mortes neonatais, para que possam resolver seus lutos (Quadro 8).

Quadro 8. Permanência/Internamento das

mulheres internas do HOSPAM por abortamento espontâneo. PERMANÊNC IA QUANTIDA DE % 1 dia 38 55,9 % 2 a 4 dias 25 36,8 % Acima de 5 dias 5 7,3% Total 68 100 %

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

No quadro 9, observou-se a classificação sanguínea e fator Rh da amostra, 41,17% eram “O” positivo. Esse resultado foi relevante, pois, de acordo com as referências bibliográficas onde há

maior incidência de abortamentos

espontâneos são em mulheres fator Rh

negativo devido à incompatibilidade

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Segundo Varella (2010) o risco

desse problema grave chamado

eritroblastose fetal ou doença hemolítica perinatal surge quando a mãe possui o fator sanguíneo Rh negativo e o feto, positivo. Nesse caso, se o sangue do bebê, por algum motivo, sair da placenta e entrar em contato com o organismo da mãe, ela passa a produzir anticorpos que destroem os glóbulos vermelhos do filho, podendo até provocar sua morte. Isso ocorre porque o fator Rh positivo do feto atua como antígeno (corpo estranho que estimula a produção de anticorpos), quando entra em contato com sangue de Rh negativo. O corpo materno interpreta a presença do sangue do filho como um invasor, um mal a ser eliminado.

O acompanhamento pré-natal, no entanto, é de fundamental importância para evitar os riscos de uma gravidez com incompatibilidade sanguínea, onde um dos testes solicitados em exames pré-natais é o teste de Coombs indireto. Ele detecta anticorpos contra hemácias que estão presentes livres no plasma sanguíneo do

paciente, como também indica a

necessidade de isoimunização pós-parto (VARELLA, 2010).

Quadro 9. Distribuição das mulheres

internas por aborto espontâneo no

HOSPAM de acordo com a classificação sanguínea e fator Rh. ABO/RH QUANTIDADE % A+ 27 39,7% A- 3 4,41% B+ 5 7,35% B- 1 1,47% AB - - O+ 28 41,17% O- 4 5,88% Total 68 100%

Fonte: Hospital Regional Professor Agamenon Magalhães, Serra Talhada-PE, 2012.

Por fim, vale a pena ressaltar neste momento que apesar das limitações metodológicas pertinentes ao desenho do estudo, ele traça o perfil mais atualizado da população de mulheres que recorre ao serviço hospitalar tendo como causa o abortamento espontâneo. Em relação ao serviço ofertado, apesar do estudo ter sido limitado a uma unidade de saúde, o

HOSPAM recebe pacientes de

praticamente toda região, e, portanto a

população assistida poderia ser

representativa da cidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dos 68 prontuários que foram

analisados todos apresentaram como

diagnóstico principal o aborto espontâneo. Dessa forma baseando-se nos resultados, foi possível perceber que as mulheres identificadas nos prontuários possuíam

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idade entre 21 a 34 anos, correspondendo ao maior grupo, não possuíam história de aborto anterior, estavam no primeiro trimestre gestacional e eram multíparas.

Evidenciou-se que o primeiro trimestre gestacional e a multiparidade podem ter sido fatores de risco que contribuíram para a alta incidência de aborto espontâneo encontrada no estudo, visto que vários autores apontam o primeiro trimestre gestacional como forte

preditor de possíveis causas de

abortamento espontâneo e a multiparidade é tida como uma falta de planejamento familiar, que geralmente ocorre em mulheres já de idade avançada, fator significativo para o abortamento.

Percebeu-se também, que em

relação ao diagnóstico inicial teve como

classificação predominante o aborto

incompleto sendo o grande responsável pelo número elevado de internações pela

necessidade da realização de

procedimentos obstétricos na unidade hospitalar.

Com isso foi possível perceber a relevância do estudo no que se refere a compreensão dos dados estatísticos da região como também a necessidade de novos estudos a cerca do tema.

Acredita-se que a pesquisa venha a

contribuir para a reflexão de uma nova

prática assistencial por parte dos

profissionais de saúde, como também

apontar a necessidade de um pré-natal com mais eficácia.

REFERÊNCIAS

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Mulheres que obtêm Aborto Induzido: uma revisão a nível mundial. Revista

Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.

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Recebido em: 10/06/2014 Aprovado em: 30/07/2014

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