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Um olhar ergonômico sobre o mobiliário de alojamento, o caso da Universidade Federal de Viçosa - MG

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Academic year: 2021

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Um olhar ergonômico sobre o mobiliário de alojamento, o caso da

Universidade Federal de Viçosa - MG

Renata Aparecida Alves Machado

Estudante do curso de Economia Doméstica - (UFV) - renatamachado06@yahoo.com.br

Sharinna Venturim Zanuncio

Bacharel em Economia Doméstica e Estudante do Programa de Pós-Graduação em Economia Doméstica – (UFV) - sharinnavz@yahoo.com.br

Simone Caldas Tavares Mafra

Professora Associada do Departamento de Economia Doméstica - (UFV) - sctmafra@ufv.br

Resumo: As pessoas sempre procuraram soluções que diminuíssem seu esforço e melhorassem a sua comodidade. Dessa forma, criaram instrumentos, na busca de atender suas necessidades e facilitar a vida, dentre eles, podemos citar os móveis. Para tanto, tem-se como objetivo deste trabalho, compreender como a ergonomia, enquanto ciência que busca a melhoria do bem-estar e da eficácia das atividades humanas, pode contribuir para a realidade do mobiliário de um alojamento em uma Instituição de Ensino Superior. O trabalho foi realizado no alojamento da UFV e para o alcance dos objetivos, foram aplicados questionários semi-estruturados, aos moradores de três quartos do alojamento, além de da realização de medições dos quartos e mobiliário, com registro fotográfico dos mesmos. Pôde-se perceber que há falta de espaço de circulação entre os móveis e, muitos destes, não apresentam-se de acordo com o que preconiza a ergonomia, sendo as camas muito baixas e o espaço de circulação entre elas, apenas de sessenta centímetros, por exemplo. Concluindo-se que aspectos ergonômicos como conforto, adaptação antropométrica, funcionalidade e segurança muitas vezes não foram priorizados nos projetos dos quartos do alojamento. Palavras-Chave: Ergonomia; Mobiliário; Móveis para Alojamento.

1. Introdução

As pessoas sempre procuraram soluções que diminuíssem seu esforço e melhorassem a sua comodidade. Dessa forma, criaram instrumentos, na busca de atender suas necessidades e facilitar a vida, dentre eles, podemos citar os móveis.

Segundo Fialho (2005), em geral a aquisição de um móvel é feita principalmente, em função da aparência visual e a durabilidade do produto, sendo que o conforto, a segurança e a saúde passam despercebidos, na maioria das situações. Um móvel que, no momento da compra, se apresenta esteticamente agradável e aparentemente confortável, pode apresentar inadequações a sua função com o uso prolongado, isso por não ter sido projetado de acordo com seus devidos padrões ergonômicos, respeitando às características físicas do ser humano.

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A ergonomia, ciência que procura a adequação da relação entre o homem e o ambiente que o cerca, tem contribuído para melhorar a vida cotidiana, tornando a mobília doméstica mais confortável, os meios de transporte mais cômodos e seguros e os aparelhos eletrodomésticos mais eficientes e seguros, encontrando-se no atual contexto, ramos da ergonomia que se dedicam ao teste de produtos de consumo. Muitas vezes, esses serviços estão ligados a órgãos de defesa dos consumidores, que avaliam o desempenho dos produtos e divulgam os resultados do testes para a população (FIALHO, 2005).

Comumente, os princípios ergonômicos são mais aplicados ao mobiliário de escritório, porém, igualmente, torna-se necessário a sua aplicação ao mobiliário doméstico que é utilizado por diferentes pessoas, com idades, tamanho e comportamentos distintos (FIALHO, 2005).

Os estudos ergonômicos aplicados em projetos de móveis residenciais contribuem para a saúde e bem estar do usuário, proporcionando melhor qualidade de vida das pessoas. A qualidade ergonômica de um móvel ou outro produto qualquer pode ser adquirida através da avaliação ergonômica. Esta avaliação envolve aspectos de segurança e de conforto do produto, como: facilidade de uso e manuseio, adaptações antropométricas, compatibilidade de movimentos, bem como a disponibilização de informações claras e a usabilidade (IIDA e WIERZBICKI, 1973).

Diante deste breve contexto, percebe-se que a contribuição da ergonomia não se restringe às indústrias, como anteriormente acontecia. Hoje, os estudos ergonômicos são muito amplos, podendo contribuir para melhoria de residências, da circulação de pedestre em locais públicos, para ajudar pessoas idosas, crianças em idade escolar, ou ainda aquelas portadoras de deficiências físicas, dentre outras (FIALHO, 2005).

Para tanto, percebe-se a importância de trabalhar a ergonomia e suas ferramentas em um alojamento da Universidade Federal de Viçosa, Viçosa/MG, no que diz respeito à questão do mobiliário.

1.1 Objetivo geral

Compreender como a ergonomia, enquanto ciência que busca a melhoria do bem-estar e da eficácia das atividades humanas, pode contribuir no que diz respeito a realidade do mobiliário de um dos alojamentos da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa/MG. 1.2 Objetivos específicos

- Verificar a quanto tempo os estudantes pesquisados residem no alojamento da UFV; - Identificar a percepção dos estudantes quanto a adequação dos móveis para as atividades desenvolvidas nos quartos;

- Conhecer como se dá a utilização dos móveis por parte de estudantes que residem nos quartos do alojamento da UFV;

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- Analisar as medidas dos móveis no que diz respeito às suas principais dimensões, quais sejam: altura, largura e distâncias entre eles;

- Identificar junto aos estudantes o seu conhecimento com relação à ergonomia; - Apresentar a opinião dos estudantes a respeito dos quartos quanto à ergonomia. 2. Revisão de Literatura

2.1 Ergonomia

A ergonomia tem sido definida, de maneira geral, por vários autores, como sendo a “adaptação do trabalho ao homem”, sendo uma palavra originada dos termos gregos ergo (trabalho) e nomos (regras), que significa: regra para se organizar o trabalho (COUTO, 1995 apud FIALHO, 2005).

Segundo Iida e Wierzbicki (1973), pode-se dizer que o objetivo da ergonomia é aumentar a eficiência do trabalho humano, fornecendo dados para que este trabalho possa ser dimensionado de acordo com as reais capacidades e necessidades do organismo. Ajuda a projetar máquinas adequadas ao uso humano, reduz a fadiga e os desconfortos físicos do trabalhador, diminui o índice de acidentes e ausências no trabalho. Em outras palavras, aumenta a eficiência, reduz custos e proporciona mais conforto ao trabalhador, contribuindo não só para o bem estar humano, mas também para a economia nacional como um todo.

De acordo com Filho (2005), a ergonomia objetiva sempre a melhor adequação ou adaptação possível do objeto (máquinas, equipamentos, ambientes, etc.) aos seres vivos em geral. Sobretudo no que diz respeito à segurança, ao conforto e à eficácia de uso ou de operacionalidade dos objetos, mais particularmente, nas atividades e tarefas humanas.

Para Iida (1990, apud Fialho, 2005) a ergonomia constitui-se numa técnica recente, apesar de começar a ser pensada no início do século passado, com data marcada, 12 de julho de 1949. Neste dia, reuniu-se pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência. Na segunda reunião desse mesmo grupo, ocorrida em 16 de fevereiro de 1950, foi proposto o neologismo “ergonomia”.

Santos (2003), também trabalha o assunto afirmando que ergonomia pode ser aplicada nos mais diversos setores da atividade produtiva. Em princípio, sua maior aplicação se deu na agricultura, mineração e sobretudo, na indústria. Mais recentemente, a ergonomia tem sido aplicada no emergente setor de serviços e também na vida cotidiana das pessoas, nas atividades domésticas e de lazer, com os seguintes objetivos:

Ergonomia na indústria: melhoria das interfaces dos sistemas ser humano/tarefa; melhoria das condições ambientais de trabalho; melhoria das condições organizacionais de trabalho.

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Ergonomia na agricultura e na mineração: melhoria do projeto de maquinas agrícolas e de mineração; melhoria das tarefas de colheita, transporte e armazenagem; estudos sobre os efeitos dos agrotóxicos.

Ergonomia no setor de serviços: melhoria do projeto de sistemas complexos de controles (salas de controles); desenvolvimento de sistemas inteligentes de apoio à decisão; estudos diversos sobre hospitais, bancos, supermercados. Ergonomia na vida diária: consideração de recomendações ergonômicas na concepção de objetos e equipamentos eletrodomésticos de uso cotidiano (SANTOS, 2003: 18).

A ergonomia, segundo Wisner (1994 apud Fialho, 2005) é classificada em ergonomia de concepção e ergonomia de correção. A ergonomia de concepção é a aplicação de normas e especificações ergonômicas em projetos de ferramentas e postos de trabalho, antes de sua implementação. A ergonomia de correção é aplicada em situações reais já existentes.

Segundo Iida (2005), a qualidade ergonômica inclui a facilidade de manuseio, adaptações antropométrica, fornecimento claro de informações e demais itens de conforto e segurança. A qualidade técnica é a parte que faz funcionar o produto, do ponto de vista elétrico, mecânico ou químico. O uso inadequado de produtos mal projetados, podem causar sérios problemas à saúde do consumidor, e essas condições deveriam ser pensadas na fase inicial de cada projeto diminuindo, assim, os problemas futuros na hora do uso.

De acordo com a Secretaria de Inspeção do Trabalho (2002 apud Fialho, 2005), o mobiliário deve ser concebido com o máximo possível de condições de regulagens que permitam ao usuário adaptá-lo as suas características antropométricas (altura, peso, comprimento das pernas etc.). Deve permitir também alternâncias de posturas (sentado, em pé, etc.), pois não existe nenhuma postura fixa que seja confortável.

Especificamente, sobre mobiliário a NBR 12666/ 1992 traz definições dos movéis, por exemplo, cama como sendo um móvel para deitar, usado por uma ou mais pessoas e a ABIMÓVEL (2003), fala que as medidas recomendadas pelo Programa Brasileiro de Qualidade para o móvel cama de solteiro, por exemplo, são: noventa centímetros de largura e um metro e noventa centímetros de comprimento; guarda-roupa como móvel ou armário no qual se deve guardar roupas e objetos pessoais e a ABIMÓVEL (2003), define como recomendavel, no que diz respeito a profundidade interna útil do móvel guarda-roupa, que esta seja de quarenta e oito centímetros.

O mobiliário residencial, é constituído por inúmeros tipos de produtos. Estendendo sua conceituação para uma abordagem mais ampla, pode-se considerá-lo como identificado não só pela mobília dos diversos ambientes residenciais, mas também pelos diversos equipamentos e acessórios que compõem as necessidades domésticas e que, em conjunto, atendem a diferenciadas funções dos usuários no ambiente residencial como um todo. Como exemplo, dessas funções, podemos mencionar as de uso, as operacionais, as estéticos-formais, as psicológicas, as simbólicas e semióticas (FIALHO, 2005).

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Iida (2005), ainda, afirma que, após a construção de um móvel, este deve ser submetido a testes como: de estrutura – que serve para determinar a resistência do móvel a vários tipos de solicitação estatística e dinâmicas; e ergonômicos – que são realizados com o produto já acabado, utilizando pessoas na verificação das interações com os mesmos.

O teste ergonômico, por sua vez, pode ser dividido em três partes: dimensionamento, onde as dimensões das mobílias teriam de ser compatíveis às dimensões antropométricas de seus usuário; teste funcionais, onde se faz uma análise da mobília em condições de uso; e testes não-funcionais, onde são observadas as utilidades não funcionais do móvel (FIALHO, 2005).

Algumas medidas antropométricas já estudadas por Panero e Zenilck (2002 apud Fialho, 2005) são a altura da barra lateral da cama até piso que deve ser entre quinze centímetros e meio a vinte centímetros; a profundidade de um guarda-roupa que deveria ser adequado para caber roupas de maiores proporções, sendo esta profundidade interna útil de um guarda-roupa igual ou superior a quarenta e oito centímetros; e com relação à altura de bancadas, os mesmos autores recomendam ainda que a ideal, varie entre setenta e três e setenta e seis centímetros, dependendo do trabalho a ser realizado.

2.2 Princípios Ergonômicos 2.2.1 Antropometria

Segundo Grandjean (1998 apud Fialho, 2005), a antropometria é um conjunto de estudos que relacionam as dimensões físicas do ser do humano com sua habilidade e desempenho ao ocupar um espaço em que realiza várias atividades, utilizando-se de equipamentos e mobiliários adequados para o desenvolvimento das mesmas.

De acordo com Iida (2005), na ergonomia existem três tipos de dimensões antropométricas:

Antropometria estatística: está relacionada com a medida das dimensões físicas do corpo humano, parado ou em poucos movimentos. É aplicada, principalmente, nos projetos de assento e equipamentos individuais, como capacetes, máscaras, botas, ferramentas manuais e outros.

Antropometria dinâmica: mede os alcances dos movimentos de cada parte do corpo, mantendo o resto do corpo estático.

Antropometria funcional: são medidas antropométricas associadas à execução de tarefas específicas. Envolve, por exemplo, o movimentos do ombros, a rotação do tronco, a inclinação das costas e o tipo de função que será exercida pelas mãos (IIDA, 2005: 21, 22 e 23).

Segundo o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) as medidas antropométricas são dados de base, essenciais para a concepção ergonômica de produtos industriais, sejam estes bens de capital ou consumo (FIALHO, 2005). Para se aplicar corretamente os dados, é importante avaliar os fatores que influenciam os dados antropométricos: raça, etnia, dieta, saúde, atividade física, postura, posição do corpo, vestuário etc.

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2.2.2 Posturas

A postura, que pode ser considerada como a organização dos seguimentos corporais no espaço, se expressa na imobilização das partes do esqueleto, em posições determinadas, solidárias umas com as outras, e que conferem ao corpo uma atitude de conjunto. Essa atitude indica o modo pelo qual o organismo enfrenta os estímulos do mundo do exterior e se prepara para reagir (GONTIJO et al., 1995 apud FIALHO, 2005).

Em alguns casos, o mobiliário de um determinado ambiente pode forçar o indivíduo a adotar posturas inadequadas, e estas de acordo com Couto (1996), podem gerar, além da fadiga muscular imediata, numerosos efeitos, sendo que a longo prazo, pode-se citar a sobrecarga imposta ao aparelho respiratório, formação de edemas, varizes e problemas nas articulações, particularmente, na coluna vertebral.

2.2.3 Usabilidade

O termo usabilidade é enunciado pela norma ISO DIS 9241-11 (1998), como a capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação, em um contexto específicos de uso, tal como anuncia (DIAS, 2000).

O critério da usabilidade tem como requisito a adaptação das características do produto às capacidades físicas, perceptuais e cognitivas do usuário, ou seja, é a possibilidade ofertada através de um produto para assegurar seu melhor uso possível, adequando-se ao usuário. Os produtos com boa usabilidade oferecem benefícios, como: facilidade de utilização, tamanho e formatos adequados, tornando-se práticos e de fácil manuseio (FIALHO, 2005).

De acordo com Dias (2000), a satisfação, o conforto e a aceitabilidade dos produtos podem ser medidos por meio de métodos subjetivos e/ou objetivos. As medidas objetivas de satisfação podem ser vistas com base na observação do comportamento do usuário (postura e movimento corporal) ou no monitoramento de suas resposta fisiológicas. As medidas subjetivas, por sua vez, são produzidas pela quantificação das reações, atitudes e opiniões expressas subjetivamente pelos usuários.

2.2.4 Aspectos de Segurança

O fator segurança pode ser considerado como a condição daquilo em que se pode confiar. Conceitua-se segurança como a utilização segura e confiável dos objetos em relação às suas características funcionais, operacionais, perceptíveis, de montagem, de fixação, sustentação, e outras, fundamentalmente, contra riscos e acidentes eventuais que possam envolver o usuário ou grupo de usuários (FILHO, 2005).

A fabricação de um móvel deve englobar não só a estética e a funcionalidade, mas, também, os aspectos que poderão por em risco a integridade física e a saúde do consumidor final. Os riscos de acidentes provocados pela não conformidade ergonômica do mobiliário, devem ser considerados nos critérios de avaliação. A presença de quinas “vivas”,

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arestas e bordas cortantes podem causar pequenos acidentes aos usuários, como cortes e hematomas ao tocar ou esbarrar. Os acidentes ao se levantar ou se sentar, por exemplo, em cadeiras, sofás e camas, devido a inadequações antropométricas, também, devem ser considerados e evitados. Os móveis que possuem peças que possam se soltar com facilidade, como, puxadores de gavetas e portas, podem causar acidentes, principalmente com idosos e crianças. A estabilidade é uma característica indispensável para se evitar danos físicos aos usuários dos móveis (FIALHO, 2005).

3. Metodologia

O presente estudo foi realizado na cidade de Viçosa que está localizada, na Zona da Mata de Minas Gerais. Seu desenvolvimento se dá pela presença da Universidade Federal de Viçosa (UFV) que possui aproximadamente 12 mil estudantes que, somados à população da cidade, em torno de 71.624 habitantes, aproxima o referido município de uma população de 80 mil habitantes.

A cidade organiza seus serviços e estrutura comunitária, considerando o cotidiano da Universidade. Vários são os empreendimentos na área de prestação de serviços, criados para atender a demanda proveniente dos estudantes, servidores e professores da UFV.

Na cidade de Viçosa pode-se constatar elevado índice de urbanização e uma vida social e econômica influenciada em grande parte pela comunidade estudantil, principalmente a universitária.

Diante do perfil da cidade e devido a presença da UFV, o trabalho foi realizado no alojamento da referida Instituição. Este local poe ser considerado como estruturas físicas previamente determinadas para esse fim, ou seja, os alojamneots são cedidos sob a forma de concessão de uso à alunos carentes de graduação efetivamente matriculados e frequentes em cursos regulares e que se enquadrem em regulamentos e normas estabelecidos pela Pró-Reitoria de Assuntos Comunitário, a quem cabe o exclusivo controle. Os alojamentos destinam-se a abrigar estudantes carentes da UFV durante o período letivo, destinam-se também exclusivamente à moradia habitual e estudo do usuário, vedada sua utilização para outros fins. Sendo que o alojamento pesquisado possui quarenta e seis apartamentos com o número de quatro camas por quarto, totalizando cento e oitenta e quatro vagas (UNIVERSIDADE, 2009).

Para alcance dos objetivos propostos no estudo, foram aplicados questionários semi-estruturados aos moradores de três quartos do referido alojamento. Além de medições do mobiliário e dos quartos e registro fotográfico dos mesmos.

A partir dos dados conseguidos à campo, estes foram organizados por meio de descrição, considerando as relatividades ao respectivo objetivo e por fim foram submetidos a leitura comparativa de conteúdo de forma a atender os objetivos propostos.

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4. Resultados e Discussões 4.1 Quarto A

No quarto A, existem duas moradoras que residem aí há três anos e duas que estão há dois anos. Duas tem vinte anos, uma tem 21 e a outra tem vinte e dois. Com relação aos móveis todas acham que são bons e adequados, uma fala que são bem distribuídos, outras duas falam que o espaço é pequeno, e por isso, tem que ser estes móveis mesmo, sendo estes bons e não precisando de melhoria.

Quanto ao uso feito dos móveis, todas utilizam a cama para dormir, bancada para estudar e armários para colocar alimentos e materiais escolares. Nenhuma delas teve influência sobre a disposição destes. Três moradoras, acreditam que esta disposição não influencia na forma de estudar, mas não explicam o porque. E outra acha que há sim influência, pois o espaço é pequeno, e se alguém estiver assistindo televisão atrapalha quem estiver estudando. O que vai contra a norma ISO DIS 9241-11 (1998), que versa a respeito da usabilidade, que é a capacidade de um produto ser usado por usuários específicos para atingir objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação, em um contexto específicos de uso, tal como anuncia (DIAS, 2000).

Já com relação à ergonomia todas responderam que não sabem do que se trata, com isso, não responderam se acreditam que os móveis do quarto são pensados ergonomicamente para os fins a que se destinam.

Para melhor exemplificar as disposições dos móveis do Quarto A, seguem abaixo as Figuras de 1 à 4, referentes ao mesmo.

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4.2 Quarto B

No quarto B, existem duas moradoras com 18 anos, uma com 23 e outra com 24 anos. Duas delas moram há um ano, uma mora há dois anos e cinco meses e outra mora há três anos e meio, no alojamento. Com relação ao que acham dos móveis do quarto, três responderam que são velhos, e uma ressalta ainda o ataque de insetos aos móveis, e que estes não são adequados, acrescentando ainda, que os considera pequenos para guardar todos os objetos que possui. Uma já considera que são adequados, pois acredita que se trata do necessário. Quanto às sugestões apresentadas, pelas três moradoras que não consideram os móveis adequados, estas foram: redistribuição no ambiente, para que se tenha mais espaço; e trocá-los por novos ou mesmo fazer uma boa reforma.

Com relação a utilização dos móveis: o guarda-roupa é utilizado para guardar objetos pessoais; a bancada para estudar (duas usam em média quatro horas e uma três horas por dia), sendo que uma delas não usa a bancada; a cama é utilizada para dormir; e os armários para guardar livros e alimentos. Todas responderam que não tiveram influência na disposição dos móveis, pois a maioria destes são fixos, e já estavam em seus lugares quando elas chegaram no quarto, uma delas ressalta ainda que a finalidade dos móveis é a de criar dois ambientes em um cômodo só, um dormitório e outro que serve como local de estudo, além da cozinha.

Já com relação ao questionamento se os móveis influenciam na forma de estudar, duas responderam que sim, pois com o uso prolongado oferece desconforto e causa dores, uma fala que a disposição não influencia, mais sim a qualidade deles, e outra respondeu ainda que acha que não influencia pois acaba se acostumando à disposição dos móveis e adaptando isso ao modo de estudar.

Quanto ao conhecimento sobre ergonomia duas responderam que não sabem do que se trata, duas falam que acham que se trata da disposição dos móveis no espaço ou no ambiente em análise. Quanto ao questionamento se acreditam que o quarto foi pensado ergonomicamente, uma das entrevistadas não respondeu; uma diz que não o é, no entanto, não responde o porquê; uma diz que sim, mas também não diz porque; e outra responde que sim, pois, para que o local estabelecido seja “preenchido” com os móveis, tem que haver espaço adequado para tal.

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Figuras de 5 à 10 – Quarto B. Fonte: Dados de Campo, 2009.

4.3 Quarto C

No quarto C, residem uma menina com 21 anos, duas com 27 e uma com 28 anos. Destas, uma reside há um ano no alojamento, uma há um ano e meio, uma há dois anos e a outra há três anos. Quando questionadas se achavam que os móveis são adequados, somente uma os considera, no entanto, ressalta que estão desgastados, as outras três falam que são inadequados, por serem mal distribuídos, e o quarto deveria ser melhor dividido e ter mais espaço, no guarda-roupa, por exemplo, para que não tivessem que tirar tudo durante suas férias. Uma delas explica ainda da seguinte maneira:

“não são adequados (os móveis), pois o guarda-roupa é fixo, as divisórias são poucas, e o espaço também. A parte elétrica passa dentro do guarda roupa, as tomadas são instaladas na parte de trás deste (lembrando que o mesmo é de madeira), apresentando assim risco de incêndio. As camas são muito baixas e pesadas, o que dificulta na limpeza. Já com relação às janelas, como se trata do primeiro andar, são baixas e não possuem grades, e já tivemos mais de um caso de furto de roupas nossas no varal, devido a falta de segurança que as janelas apresentam. Na bancada o espaço é bom, só que as cadeiras são baixas e desconfortáveis, causando dores na coluna e nas pernas. Os colchões, foram recentemente trocados pela Divisão de Assistência Estudantil, no entanto, percebemos que eles são de qualidade inferior, pois todos já apresentam marcas bem definidas causando dores no corpo. O armário da cozinha, além de ser pequeno, possui a tubulação de água passando por dentro dele, provocando cheiro ruim, mofo, umidade e gotejamento, devido a esses problemas, não temos lugar para guardar as vasilhas e muito menos alimentos (Moradora do quarto C).”

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Quanto à utilização dos móveis: o guarda-roupa é utilizado para guardar as roupas e material escolar; a bancada para estudar, principalmente em dia de prova; e nenhuma delas teve participação na escolha da disposição dos mesmos no quarto, por isso não sabem como esta foi escolhida, já que estava tudo no lugar quando chegaram, ressaltando que alguns deles são fixos e não permitem mudança.

Já com relação a disposição dos móveis, se eles influenciam na forma de estudar, uma respondeu que não, no entanto, ressalta que há influência pelo fato de o espaço ser pequeno. Duas responderam que há sim influência, pela falta de conforto que os móveis proporcionam. Uma delas, fala que às vezes atrapalha sim, pois quando tem alguém assistindo televisão, por exemplo, tem que procurar outro local de estudo.

No que diz respeito à ergonomia, duas responderam que não sabem do que se trata; uma respondeu que sabe o que é, ressaltando o aspecto da saúde, bem-estar, proporcionando o trinômio ergonomia/saúde/ambiente; a outra fala que é o estudo dos problemas relativos ao trabalho humano, e que devem ser levados em consideração na hora de projetar equipamentos, máquinas e o ambiente de trabalho, sendo que a entrevistada, por sua vez, diz acreditar que os móveis do alojamento não foram pensados ergonomicamente, pois os quartos dos alojamentos não foram projetados pensando no bem-estar dos estudantes e consequentemente em garantir à estes melhores condições de habitação.

As entrevistadas por sua vez, quando questionadas se o quarto foi pensado ergonomicamente, uma responde que não sabe; uma diz que não, porque os quartos dos alojamentos não foram construídos pensando no modo de vida dos estudantes e que garantam melhores condições de vida; somente uma não respondeu a pergunta; e uma respondeu simplesmente que não.

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4.4 Situação dos Quartos

De acordo com os questionários e análise da planta baixa dos quartos do referido alojamento pode-se perceber que há falta de espaço de circulação entre os móveis e muitos destes não se apresentam de acordo com as regras da ergonomia, pois segundo Iida e Wierzbicki (1973), pode-se dizer que o objetivo da ergonomia é aumentar a eficiência do trabalho humano, fornecendo dados para que este trabalho possa ser dimensionado de acordo com as reais capacidades e necessidades do organismo. Ajuda a projetar máquinas adequadas ao uso humano, reduz a fadiga e os desconfortos físicos do trabalhador, diminui o índice de acidentes e ausências no trabalho (IIDA e WIERZBICKI, 1973).

As camas são baixas, o espaço entre elas não passa de sessenta centímetros; os criados são fixos e baixos o que dificulta a limpeza deste, segundo as entrevistadas. O único local para se colocar a televisão é em cima do guarda-roupa, fazendo com que sua disposição fique muito alta para a atividade de assistir TV, principalmente porque quem assiste fica sentado ou deitado na cama que é muito baixa, o que pode afetar a postura, que de acordo com Couto (1996), além da fadiga muscular imediata, há numerosos efeitos, sendo que a longo prazo, pode-se citar a sobrecarga imposta ao aparelho respiratório, formação de edemas, varizes e problemas nas articulações, particularmente, na coluna vertebral.

As luzes da bancada de estudo, ficam de frete para o estudante e muito próximas deste, com o uso prolongado esta causa incômodo por causa do calor, devido as lâmpadas serem incandescentes. Como não há divisórias nos quartos a privacidade é pouca ou nenhuma, como por exemplo, uma das camas fica totalmente exposta à porta de entrada do quarto, a sugestão para esta situação, é a colocação de algum objeto, móvel ou eletrodoméstico (geladeira, por exemplo) para encobrir a mesma. A iluminação do quarto também pode ser um problema, pois a lâmpada fica bem no meio do teto, o que pode ocasionar uma situação em que se alguém pretende deitar antes dos outros, a luz deverá ser apagada ou ficar acessa, proporcionando desconforto para ambos os lados.

4.5 As camas

A NBR 12666/ 1992 define cama como sendo um móvel para deitar, usado por uma ou mais pessoas.

As camas dos quartos do alojamento estudado, se apresentam dentro do recomendado no que se refere à altura, pois possuem vinte centímetros do piso à barra lateral, no entanto, estas não apresentam medidas adequadas, quanto à largura, pois esta possui apenas oitenta centímetros, quanto ao comprimento esta possui um e noventa, medida dentro dos padrões recomendados. Pois segundo a ABIMÓVEL (2003), as medidas recomendadas pelo Programa Brasileiro de Qualidade para o móvel cama de solteiro, são: noventa centímetros de largura e um metro e noventa centímetros de comprimento. Já segundo FIALHO (2005), um aspecto relevante, quando se trata de ergonomia, é a altura da parte inferior da barra lateral até o piso, levando-se em consideração que o espaço abaixo da cama deva ser limpo e permitir a passagem de uma vassoura. Já para Panero e Zenilck (2002 apud Fialho, 2005) recomendam que a altura da barra lateral ao piso fosse entre quinze centímetros e meio a vinte centímetros.

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Figuras 15 e 16 – Altura das camas. Fonte: Dados de campo, 2009.

4.6 O guarda-roupa

A NBR 12666/ 1992 define guarda-roupa como móvel ou armário no qual se deve guardar roupas e objetos pessoais.

Os guarda-roupas analisados apresentam profundidade interna de cinquenta e dois centímetros. Estes não possuem gavetas, apenas prateleiras com vãos, que são em número de quatro, um vão maior, de um metro e seis centímetros de altura, dois vãos de vinte centímetros e um vão de treze centímetros. Segundo Panero e Zelnick (2002 citado por Fialho, 2005), a profundidade de um guarda-roupa deveria ser adequado para caber roupas de maiores proporções. O Programa de Qualidade do Móvel Brasileiro da ABIMÓVEL (2003), recomenda que a profundidade interna útil de um guarda-roupa seja de quarenta e oito centímetros, daí pode-se perceber que os guarda-roupas analisados não estão na conformidade, uma vez que possuem profundidade superior ao recomendo, diminuindo o alcance de objetos, principalmente na parte inferior deste.

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4.7 A bancada e as cadeiras

A altura do cotovelo e o trabalho a ser executado são variáveis que influenciam na altura da mesa ou bancadas (IIDA, 1990 apud FIALHO, 2005).

A bancadas analisadas dos quartos do alojamento estão mais altas que o recomendado um centímetro, sendo que esta apresenta setenta e sete centímetros. Pois, com relação à altura Panero e Zelnick (2002 apud Fialho, 2005) recomendam que a altura ideal para bancadas, varie entre setenta e três e setenta e seis centímetros.

Quanto às cadeiras dos quartos do alojamento, estas possuem quarenta e cinco centímetros de altura, fazendo com que sejam consideradas altas para a bancada o que pode dificultar movimentos, como por exemplo, o de cruzar as pernas. Para Panero e Zelnick, (2002 apud Fialho, 2005), as cadeiras devem ter altura entre quarenta e quarenta e um centímetros (Ver Figuras de 20 à 23).

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5. Conclusão

Baseado nos resultados apresentados neste trabalho pode-se concluir que aspectos ergonômicos como conforto, adaptação antropométrica, funcionalidade e segurança, muitas vezes não foram priorizados nos projetos dos quartos do alojamento, que pode ter sido ocasionada pela falta de conscientização, principalmente dos projetistas a respeito da importância do uso do conceito ergonômico.

Com relação à antropometria, percebe-se que esta não foi levada em consideração pelo fato de os móveis serem na maioria fixos e já estarem todos em lugares pré-estabelecidos mesmo sem saber quem vai morar ali, pois esta pode ser considerada como sendo um conjunto de estudos que relacionam as dimensões físicas do ser do humano com sua habilidade e desempenho ao ocupar um espaço em que realiza várias atividades, utilizando-se de equipamentos e mobiliários adequados para o desenvolvimento das mesmas.

Quanto a postura podemos notar também um problema, pois a televisão só pode ficar por cima do guarda-roupa e não tem outro móvel a não ser a cama para que esta seja colocada. No entanto, as camas não apresentam a altura mínima necessária para tal função, proporcionando desconforto aos que querem assistir à televisão.

A bancada está nos padrões de altura, mas as cadeiras são um pouco altas para a mesma, dificultando a mudança de posição.

Já com relação à falta de segurança, esta se dá pelo fato de o quarto apresentar pouca área de circulação o que facilita esbarrões e tropeços em quinas de camas e nos pés de cadeiras.

Percebe-se também que não há um grande conhecimento por parte das estudantes a respeito do assunto em questão, qual seja, a ergonomia, pois a maioria dos entrevistados não respondeu as questões que diziam respeito a esta ciência ou simplesmente disseram não saber do que se tratava.

Diante do contexto apresentado, sugere-se a realização de novas pesquisas que versem sobre o assunto e um melhor estudo acerca do mesmo, para melhor pensar, projetar e construir moradias, principalmente em Instituições de Ensino Superior, que venham a atender estudantes com características diversas, para que haja mais qualidade de vida e acessibilidade universal, para os moradores, pois percebe-se preocupação de alojar muitos estudantes, em um espaço que não se coloca como adequado.

Referências

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Tecnicas. NBR – 12666. Movéis. Rio de Janeiro, 1992.

COUTO, H. A. Ergonomia aplicada ao trabalho: o manual técnico da máquina Humana. Belo Horizonte: Ergo,1996.

DIAS, C. Avaliação de usabilidade: conceito e métodos. UnB. 2000. Disponível em: <www.puccampinas.edu.br/ceatec/revista_eletronica/avaliaçãodeusabilidade.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2009

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FIALHO, P. B. Avaliação ergonômica de móveis para subsidiar a definição de critérios de conformidade para o

pólo moveleiro de Ubá-MG. Viçosa: 2005. Tese (Doutorado em Ciência Florestal) Universidade Federal de Viçosa, 2005.

GOMES, F. J. Ergonomia do objeto: sistema técnico de leitura ergonomica. São Paulo: Escrituras Editora, 2003. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher, 2005.

IIDA, I; WIERZBICKI, H. A. J. Ergonomia, notas de aula. 2 ed. São Paulo: Editora Cultura, 1973. SANTOS, N. Material apostilado para aulas. Florianópolis, 2003.

Referências

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