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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENFERMAGEM

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ

INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA EM SAÚDE

MARIA DO CARMO RIBAS DOS SANTOS

A mudança atitudinal dos Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem ao atendimento de usuários de crack, álcool e outras

drogas pós-curso Caminhos do Cuidado. Porto Alegre 2017

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MARIA DO CARMO RIBAS DOS SANTOS

A mudança atitudinal dos Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem ao atendimento de usuários de crack, álcool e outras

drogas pós-curso Caminhos do Cuidado.

Trabalho de conclusão de curso de pós-graduação (Latu Sensu) apresentado como requisito parcial para a conclusão do Curso de Especialização em Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação na Educação em Saúde Coletiva, apresentado a Universidade Federal do Rio Grande do Sul como requisito parcial para obtenção do título de especialista.

Orientadora: Me. Renata Fischer da Silveira Kroeff Porto Alegre 2017

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Agradecimentos

Quero agradecer, еm primeiro lugar, а Deus, pela força е coragem durante esta caminhada.

À minha família por respeitarem minha ausência por vários momentos no decorrer do curso.

Ao Ministério da Saúde – MS, através da Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ e Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde - ICICT.

À Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, através do Núcleo de Educação, Avaliação e Produção Pedagógica em Saúde – EDUCASAÚDE.

Aоs Coordenadores do curso, a Equipe Avalia (Anna, Franceli, Karlyse, Pedro, Renata e Stefanie) e as Tutoras (Jânia e Maria Beatriz), qυе foram tãо importantes nо desenvolvimento de minhas atividades durante o curso.

A minha orientadora Renata Fischer da Silveira Kroeff, pelo suporte nо pouco tempo qυе lhe coube, pelas suas correções е incentivos.

Ao Diretor da ETSUS Assis, Iorrani Bispo dos Santos, companheiro dе caminhada ао longo dо curso. Posso dizer qυе а minha formação, inclusive pessoal, nãо teria sido а mesma sеm а sυа pessoa. Obrigada por me propiciar participar de mais essa oportunidade em minha vida.

Aos meus colegas Café com Leite, cоm quem convivi ао longo desses meses, trocando experiências.

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“Ver claro, para evitar os elementos que prejudicam nosso olhar, evitar as armadilhas que se acham instaladas em nós e em torno de nós, nas situações que vivenciamos. Ver fundo, não se contentando com a superficialidade, com as aparências. A atitude crítica é uma atitude radical, não no sentido de ser extremista, mas de ir às raízes, buscar os fundamentos do que se investiga. Ver largo, na totalidade, o que implica procurar e verificar o objeto no contexto do qual ele se insere, com os elementos que o determinam e os diversos ângulos sob os quais se apresenta. Temos o vício de julgar, quando analisamos a realidade, que nosso ângulo é, senão o único, pelo menos o melhor. Com humildade, devemos reconhecer que a contradição é uma característica fundamental do real. Ele se apresenta multifacetado e exige um esforço de abrangência para seu conhecimento”.

(Terezinha Azerêdo Rios) SUMÁRIO

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1. INTRODUÇÃO 8

2. O PROJETO CAMINHOS DO CUIDADO 11

3. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA 13

4. NARRATIVAS NAS RODAS DE CONVERSA 16

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 23

6. REFERÊNCIAS 25

7. ANEXOS 27

Anexo A 27

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RESUMO

Os processos de trabalho na Estratégia Saúde da Família estão organizados por programas, com a finalidade de extensão de cobertura a grupos de risco e atenção a demandas relativas a problemas de saúde já instalados. Nessa perspectiva, têm ficado à margem da atenção problemas como o envolvimento prejudicial com drogas, cuja presença é marcante nos territórios periféricos de atuação. Para as equipes de saúde que atuam nas áreas de abrangência de unidades de saúde da família, há ainda um agravante, pois os trabalhadores se ressentem de entrar em contato com consumidores de drogas, particularmente quando as drogas são ilícitas, em função das questões sociais ligadas ao narcotráfico. O Ministério da Saúde, por meio da Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz e o Grupo Hospitalar Conceição – GHC, convida a Rede de Escolas Técnicas do SUS – RETSUS, a qual a Escola Técnica do SUS de Assis – ETSUS Assis faz parte, para a implantação/execução de turmas do curso Caminhos do Cuidado, com o objetivo de capilarizar essa formação nos municípios, contando com a potência de descentralização das ETSUS. Diante disso, este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo principal, identificar através das falas obtidas nas rodas de conversa do Curso de Especialização em Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação na Educação em Saúde Coletiva, a mudança atitudinal dos Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem pós-curso Caminhos do Cuidado, por meio das narrativas.

PALAVRAS CHAVE: Estratégia Saúde da Família, Agentes Comunitários de Saúde, Mudança Atitudinal.

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ABSTRACT

The work processes in the Family Health Strategy are organized by programs, with the purpose of extending coverage to groups at risk and attending to demands related to health problems already installed. From this perspective, problems such as harmful drug involvement, whose presence is prominent in the peripheral areas of activity, have been left out of focus. For the health teams that work in the areas of coverage of family health units, there is still an aggravation, since workers resent contact with drug users, particularly when drugs are illegal, depending on the social issues involved to drug trafficking. The Ministry of Health, through the Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz and the Conceição Hospital Group - GHC, invites the Network of Technical Schools of SUS - RETSUS, which the Technical School of SUS Assis - ETSUS Assis is part of, for the implantation / Execution of classes of the Paths of Care course, with the objective of capillarizing this formation in the municipalities, counting on the power of decentralization of the ETSUS. Therefore, the main objective of this work is to identify, through the speeches obtained in the conversation wheels of the Specialization Course in Monitoring, Monitoring and Evaluation in Public Health Education, the attitudinal change of the Community Health and Auxiliary Agents and Nursing technicians post-course Care Paths, through narratives.

KEY WORDS: Family Health Strategy, Community Health Agents, Attitudinal Change.

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1. INTRODUÇÃO

A operacionalização do Sistema Único de Saúde (SUS) vem se pautando pela reestruturação da atenção básica, por meio da Estratégia Saúde da Família (ESF), que tem como princípios: adscrição da clientela, territorialização, diagnóstico da situação de saúde da população e planejamento baseado nas necessidades de saúde da realidade local (Brasil, 2012).

A Estratégia Saúde da Família, como política indutora de mudança de modelos, vem apresentando resultados importantes no processo de atenção à saúde no âmbito do território. Tem como base o atendimento centrado no vínculo e no acolhimento, de forma a proporcionar ao trabalhador um novo modo de entender as famílias e a comunidade (Merhy, 1997). Ao estimular a busca pela compreensão do modo de vida das pessoas, atua mais efetivamente sobre as necessidades de saúde em cada cenário. No contexto da saúde pública, a problemática em relação ao uso de drogas é uma questão bastante presente.

A despeito do comprometimento físico dos usuários, o uso excessivo da droga descarrega sobre o território e sobre o sistema de saúde uma série de contradições. Preocupado com as repercussões sociais do uso de drogas, o próprio Ministério da Saúde vem investindo fortemente na constituição de serviços e de intervenções que possam acompanhar e amparar o usuário de drogas no contexto da comunidade. Destacam-se a Política Nacional para a Atenção aos Usuários de Álcool e Drogas, o Plano de Enfrentamento ao Crack e o Plano Emergencial de Ampliação do Acesso a Tratamento em Álcool e outras Drogas no Sistema Único de Saúde (SUS).

Historicamente pautados no modelo biomédico, os processos de trabalho na ESF estão organizados por programas, com a finalidade de extensão de cobertura a grupos de risco e atenção a demandas relativas a problemas de saúde já instalados. Nessa perspectiva, têm ficado à margem da atenção problemas como o envolvimento prejudicial com drogas, cuja presença é marcante nos territórios periféricos de atuação da ESF (Calipo e Soares, 2008; Coelho, 2012). A Política Nacional de Atenção Básica de 2012 ensaia dar algum encaminhamento a essa deficiência.

Muito se tem dito sobre a necessidade de inovação para fomentar a transformação das práticas de atenção básica, em resposta a necessidades de saúde da população (Duarte, 2012). O uso abusivo de substâncias que traz prejuízos ao usuário representa um desafio para os profissionais de saúde que atuam no território.

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Os trabalhadores na atenção básica e, particularmente, os agentes comunitários de saúde, que diariamente convivem com os problemas relacionados ao consumo de drogas, sentem-se despreparados, sem que se consiga localizar a essência desse despreparo (Coelho, 2012). Uma possibilidade pode ser a lacuna na educação em relação a ausência da temática nos referenciais curriculares para formação dos agentes comunitários de saúde. Coelho (2012) relata, contudo, que outro fator importante que dificulta o processo de trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (ATENF) no cuidado aos usuários de crack, álcool e outras drogas é que:

“para as equipes de saúde que atuam nas áreas de abrangência de unidades de saúde da família, há ainda um agravante, pois os trabalhadores se ressentem de entrar em contato com os consumidores de drogas, particularmente quando as drogas são ilícitas, em função das questões sociais ligadas ao narcotráfico” (p. 111).

Frente a essa dificuldade, observa-se que os ACS e ATENF muitas vezes não conseguem realizar adequadamente seu trabalho, pois vivenciam questões relacionadas ao consumo de drogas com medo.

Atuando numa Escola Técnica do SUS1, percebemos a necessidade, por

exemplo, de inserir a temática “estratégia de enfrentamento ao crack, álcool e outras drogas” no currículo do Curso de Agente Comunitário de Saúde, pois consideramos que essa temática se constitui como um assunto de grande relevância para esses profissionais, uma vez que no desenvolvimento dos seus processos de trabalho, esses alunos/trabalhadores de saúde se deparam com essa clientela, evidenciando nas suas práticas de saúde o despreparo na abordagem, a dificuldade no estabelecimento de vínculos e o medo, que reforça estigma e preconceito.

Este trabalho tem como objetivo principal identificar, por meio das narrativas presentes das falas das rodas de conversa que participei como articuladora local, a mudança atitudinal dos Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem pós-curso Caminhos do Cuidado.

A fim de desenvolver o tema proposto, foi realizada uma revisão das principais referências sobre a temática crack, álcool e outras drogas, bem como da atuação da Estratégia Saúde da Família nesse enfrentamento. Posteriormente, apresentamos um

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breve relato a respeito das propostas e ações desenvolvidas no âmbito do Projeto Caminhos do Cuidado. A seguir, apresentamos as transcrições de algumas narrativas das rodas de conversa com Agentes Comunitário de Saúde (ACS) e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem (ATENF); das quais participei como articuladora local, indicada pela ETSUS Assis.

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2. O PROJETO CAMINHOS DO CUIDADO

O tema saúde mental e o uso prejudicial de álcool e outras drogas é, sem dúvida, um desafio permanente para usuários, familiares e sociedade. O Estado tem papel fundamental no fortalecimento de políticas públicas que deem suporte para o cuidado. Nesse sentido, foi pensado um processo de formação para os trabalhadores da Atenção Básica, a partir do cotidiano de trabalho e das práticas e vivências de cada um no seu território. Esse projeto recebeu o nome de Caminhos do Cuidado: Formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem da Atenção Básica, tendo seu período de execução de 2013 a 2015, com duração de 02 anos, 292.899 formados, desenvolvido em todos os estados brasileiros. Dessa forma, o Ministério da Saúde, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz-Fiocruz e o Grupo Hospitalar Conceição – GHC, convidou a Rede de Escolas Técnicas do SUS – RETSUS, da qual a Escola Técnica do SUS de Assis – ETSUS Assis faz parte, para a formação de turmas do curso Caminhos do Cuidado, com o objetivo de que ela ocorresse de forma capilarizada nos municípios, contando com a potência de descentralização das ETSUS.

O Projeto Caminhos do Cuidado, conforme consta no Caderno do Tutor (2013), teve como objetivos conhecer e identificar a produção de bem-estar e prazer, os problemas de saúde e o cuidado em seu território; mapear o território e suas vulnerabilidades; problematizar, desnaturalizar os (pré) conceitos sobre drogas e cuidado; conhecer a Política Nacional de Atenção Básica do Ministério da Saúde; conhecer as atuais políticas e estratégias nacionais utilizadas para o cuidado integral em saúde mental e de usuários de álcool e outras drogas; ampliar o entendimento sobre saúde mental e sua interface com a atenção básica; conceituar Redução de Danos para além da estratégia técnica, como paradigma ético e político; conhecer a história da Redução de Danos no Brasil e sua articulação com a Saúde Mental e Atenção Básica; pensar e construir estratégias de cuidado a partir da diretriz da Redução de Danos; desencadear reflexões sobre os saberes constituídos e práticas realizadas pelos ACS e ATENF no seu processo de trabalho e que compõe sua caixa de ferramentas; identificar e construir coletivamente estratégias de atuação dos ACS e ATENF no território; mapear e discutir as Redes de Cuidado do território; discutir e

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compreender o papel e as atribuições dos ACS e ATENF no cuidado em Saúde Mental.

O desenvolvimento do Projeto Caminhos do Cuidado na área de abrangência da ETSUS Assis ocorreu nos anos de 2014 e 2015, totalizando aproximadamente 2.800 concluintes. Em 2016, se inicia a última etapa do Projeto Caminhos do Cuidado: o Programa de Avaliação Institucional Educativa - Avalia Caminhos, que teve como principal atividade a avaliação do planejamento e execução do Projeto Caminhos do Cuidado em todo o Brasil durante os anos anteriores. Este programa de avaliação foi desenvolvido e efetivado por uma equipe composta por seis avaliadores nacionais e quarenta e dois avaliadores em território - os articuladores locais - que eram, em sua maioria, trabalhadores das Escolas Técnicas do SUS que participaram de alguma forma do Projeto Caminhos do Cuidado em sua região. A fim de investir na capacitação destes articuladores locais do processo avaliativo, se ofertou a eles um Curso de Especialização em Acompanhamento, Monitoramento e Avaliação na Educação em Saúde Coletiva. Com a possibilidade de ampliação de vagas para outros trabalhadores das escolas curso contou com 126 discentes de todo o Brasil.

Este trabalho foi desenvolvido neste contexto. Como articuladora local da ETSUS Assis, no processo de avaliação do projeto Caminhos do Cuidado participei da avaliação realizando rodas de conversa com ACS e ATENF egressos do Curso Caminhos do Cuidado. O produto dessas rodas de conversa se constituiu como elemento fundamental para a elaboração do presente estudo.

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3. ESTRATÉGIA METODOLÓGICA

A proposta metodológica deste trabalho de conclusão de curso começa a ser delineada com minha participação como articuladora local no Programa de Avaliação Institucional Educativa (Avalia Caminhos), a partir de setembro de 2016. Como parte de minhas atividades no âmbito do Programa, realizei duas rodas de conversa com Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de dois municípios paulistas, de pequeno porte, que passaram pelo processo de formação Caminhos do Cuidado.

A escolha da roda de conversa deu-se por ser um método de participação coletiva que consiste na criação de espaços de diálogo, onde todos podem se expressar e escutar os outros e a si mesmos. O objetivo da roda de conversa é estimular a construção da autonomia dos sujeitos por meio da problematização, da troca de informações e da reflexão. Permite que os participantes expressem suas impressões, conceitos, opiniões, permitindo trabalhar reflexivamente as manifestações apresentadas pelo grupo.

De acordo com Méllo et al. (2007), as rodas de conversa priorizam discussões em torno de uma temática (selecionada de acordo com os objetivos da pesquisa) e, no processo dialógico, as pessoas podem apresentar suas elaborações, mesmo contraditórias, sendo que cada pessoa instiga a outra a falar, sendo possível se posicionar e ouvir o posicionamento do outro. Desta maneira, ao mesmo tempo em que as pessoas falam suas histórias, buscam compreendê-las por meio do exercício de pensar compartilhado, o qual possibilita a significação dos acontecimentos.

É com base nas narrativas que habitaram essas rodas de conversa que desenvolvo agora esse trabalho de conclusão de curso.

A discussão nas rodas de conversa tiveram como disparador principal um roteiro de entrevista que foi construído a partir da Matriz Avaliativa da ampla avaliação que o Programa AvaliaCaminhos se propôs a realizar.

Neste roteiro para a roda de conversa com os ACS e ATENF, algumas perguntas eram mais abertas e outras possuíam um foco mais específico em relação a alguns aspectos dos processos de trabalho ou em busca de informações mais pontuais (ANEXO A). Alguns exemplos de perguntas disparadoras eram:

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1. O que você aprendeu no Curso Caminhos do Cuidado que refletiu no dia a dia de trabalho, no seu cotidiano de trabalho. O Curso Caminhos do Cuidado ofereceu alguma coisa que pra vocês foi significativo no a dia do trabalho de vocês?

2. Vocês sentem que esse curso, ele fez com que vocês se empoderassem um pouco mais sobre o tema álcool e drogas?

3. O curso possibilitou ampliar um pouco essa questão cuidadora de vocês? Para esses pacientes, que usam crack, álcool e outras drogas?

4. Nesse curso foi trabalhada muito a questão da redução de danos. Vocês acham que o curso de alguma forma afetou vocês?

5. Como vocês avaliam a questão do acolhimento dos usuários, dependentes, no serviço, depois do curso. No Posto ou na própria ação de vocês, indo lá no domicílio, nas residências?

Roda de Conversa 1

Para a primeira roda de conversa, tomei como referencial a Matriz Avaliativa analisando as 04 dimensões propostas e selecionando as questões que considerei mais significativas para um encontro.

Município de Penápolis/SP, 19/10/2016, 14 horas, coração acelerado, mãos frias, dia da primeira roda!

Numa pequena sala de uma Unidade de Saúde da Família, quatorze ACS/ATENF relatando as experiências vividas, a satisfação, a cumplicidade, a compreensão, um novo olhar, a ressignificação e o empoderamento após o Curso Caminhos do Cuidado. Pude perceber o brilho nos olhares, a ânsia de falar e de se colocar sobre como eram antes e como se reconstruíram após o curso.

A roda de conversa de 82 minutos foi cercada de emoções e testemunhos que fizeram com que cada vez mais eu me inundasse de satisfação de poder pertencer a estes processos (Caminhos do Cuidado e AvaliaCaminhos).

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Roda de Conversa 2

Município de Rancharia, 01/12/2016, 14 horas. Contando com a experiência adquirida na 1ª roda de conversa, fui recebida de forma bastante acolhedora numa Unidade de Saúde e em sala de aula tive a oportunidade de partilhar do processo Caminhos do Cuidado ocorrido no município. As falas de 11 participantes, mais uma vez vieram tomadas de sentimentos por meio dos depoimentos dos Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliares/Técnicos em Enfermagem, sobre a mudança de paradigmas nas relações entre eles (ACS e AE/TE) e a comunidade, após o Curso Caminhos do Cuidado.

Todo o tempo os participantes relataram a mudança das práticas, a ressignificação da forma de abordagem dos usuários de crack, álcool e outras drogas, bem como dos familiares.

Todo o processo de realização das rodas de conversa foi essencial, pois forneceu subsídios para pensarmos na temática deste trabalho, uma vez que ofereceu informações significativas, que apontaram mudanças atitudinais nas práticas de saúde desenvolvidas pelos Agentes Comunitário de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, frente ao atendimento de usuários de crack, álcool e outras drogas, nos municípios que realizamos as rodas de conversa.

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4. NARRATIVAS NAS RODAS DE CONVERSA

Analisando os fragmentos abaixo selecionados, agrupamos de maneira bem simples por núcleos de sentido das falas, categorizando-os em dois: estigma social e mudança atitudinal.

4.1 Narrativas relacionadas ao Estigma Social

Segundo Goffman (1993, p.11):

“A sociedade estabelece um modelo e espera que todos, ou quase todos, respondam a esses critérios predeterminados pelo sistema de controle social. Cria padrões e, dentro desses modelos, estabelece as categorias [...] marcando juízos de valores éticos e morais aos sujeitos que não correspondem às qualidades determinadas para cada categoria. Rotula, cataloga os sujeitos e os estigmatiza, marginalizando-os e classificando-os como sujeitos ou grupos de sujeitos de pouca potencialidade humana, criativa e até mesmo destrutivos, prejudiciais à convivência comunitária”.

Frente a isso, os fragmentos enumerados como (1) dizem respeito ao estigma social que os usuários de crack, álcool e outras drogas enfrentam na sociedade e, isso fica bastante evidente quando eles procuram os serviços de saúde e se deparam com profissionais despreparados, que tem medo, preconceito e a não aceitação de sua condição. Diante disso, essa clientela fica desassistida, tendo o agravamento dos seus problemas de saúde.

(1) “Eu tinha muito preconceito com pessoas usuárias, eu nunca aceitei e quando você menos aceita você tem dentro da sua casa e eu tive, não aceitava aquilo de forma nenhuma e falava eu não acredito. Quando eu entrei pra trabalhar de Agente, parece que é por Deus para mim passar por aquilo, eu caí onde mais tinha”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 40 anos).

Percebemos nesta fala, que esta ACS passa por uma multiplicidade de papéis e isso implica num reconhecimento de situações/experiências vividas que podem se manifestar de maneira negativa ou positiva em relação ao processo de trabalho que ela desenvolve.

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Outra informação importante trazida na roda de conversa com tutores foi a incorporação de novos saberes adquiridos no processo Caminhos do Cuidado no desenvolvimento das atividades dos seus processos de trabalho (coordenação regional de saúde mental e equipe técnica do Núcleo de Apoio à Saúde da Família – NASF).

(1) “Eu sempre tive muito medo de chegar”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 30 anos).

(1) “A gente não vê o ser humano, a gente vê o rótulo, “é um viciado”, então eu já ia com medo, às vezes eu ignorava, porque eu tinha receio, não sabia como ia reagir”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 25 anos). Estes relatos foram obtidos no início da roda de conversa, quando as ACS se manifestaram em relação à forma de abordagem que elas desenvolviam antes do Curso Caminhos do Cuidado. Percebemos que o medo, se não trabalhado, pode ser um grande entrave no desenvolvimento das atividades realizadas por essas profissionais, gerando a superficialidade da qualidade do cuidado, diminuindo as possibilidades de ação e de intervenção que elas poderiam desenvolver, num Projeto Terapêutico Singular.

(1) “E sem querer, antes do curso a gente usava esses rótulos”(TE, mulher, com idade aproximada de 40 anos). As palavras de ordem nesta fala são: “E sem querer…”, demonstrando claramente que muitas vezes os preconceitos não são percebidos, mas sim reflexo das relações estabelecidas entre os sujeitos em seu contexto social. Nessa fala, percebemos que a formação possibilitou a mudança da visão preconceituosa que ela tinha.

(1) “A gente muda a visão. Até o linguajar mudou. É porque lá na Unidade a pessoa chega lá e fala “você viu, o fuminho fez tal coisa”, Fuminho? Gente quem é o fuminho? Como é que é o nome?... Nós conhecemos eles por nomes né?”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 25 anos).

“O doutor falava esse aqui é um noiado. Eu falava: Não doutor esse aqui é o Edson, sabe o Edson. Então assim, você tenta por pro doutor, pra ele parar aquela visão

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que é um noiado né? Mas aí pra você tirar tudo aquilo você não vai conseguir. Mas aí você vai observando, vai falando “o Edson”, o nome, até que o doutor começa a falar que ele não é mais um noiado, que é o Edson. “Ah é o Edson de novo?” Então você vai vendo que ele vai mudando. É você trabalhar mesmo, porque não assim questão de ficar falando, mas no comportamento teu. Porque o teu comportamento diário vai fazer com que os outros aqui na Unidade vai mudando também esse olhar né?” (TE, mulher, com idade aproximada de 30 anos). Os trechos acima caracterizam fortemente a questão da rotulação dos usuários de drogas por todos os membros da equipe de saúde, e a necessidade urgente de mudança atitudinal. Sabemos que a mudança de postura frente a situações do cotidiano, são capazes de contagiar todos de uma mesma equipe.

O conjunto de falas acima descrito, diz respeito a falta de preparo desses profissionais para lidarem com situações que envolvem o atendimento aos usuários de crack, álcool e outras drogas no cotidiano de trabalho. Caracterizando o estigma social que muitas vezes afasta o cuidado em saúde de uma população que clama por uma assistência à saúde qualificada.

Segundo Melo (2000, p. 19):

“O estigma é um atributo que produz um descrédito amplo na vida do sujeito; em situações extremas, é nomeado como marca ou desvantagem em relação ao outro [...] Deixamos de vê-lo como sujeito comum e o convertemos não somente em uma pessoa diferente, mas também com pouca potencialidade e prejudicial ainda no que diz respeito às regras sociais [...] O sujeito estigmatizado poderá ser convertido em algo maléfico, mal e, até mesmo, perigoso nas suas inter-relações.”

Devemos considerar que muitas percepções do sujeito usuário de crack, álcool e outras drogas, são construídas a partir das primeiras impressões que temos. Isso muitas vezes os rotula, fazendo com que a falta de conhecimento, contribua para a manutenção da percepção negativa que temos em relação aos mesmos. Dessa forma, o usuário de crack, álcool e outras drogas passa a ser marginalizado pelos profissionais de saúde não preparados, dificultando o acesso dessa clientela aos serviços de saúde e, consequentemente, impedindo sua adesão a algum tipo de

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tratamento. Frente a essa problemática, acreditando que a educação é produtora de transformações, os trabalhadores de saúde tem a oportunidade de, por meio da formação, desmistificar a concepção preconceituosa que tem em relação aos usuários de drogas lícitas e ilícitas, e, se essa concepção for realmente desmistificada, isso resultará em uma mudança atitudinal, contribuindo para o desenvolvimento de práticas de cuidado integrais.

4.2 Narrativas relacionadas a mudança atitudinal pós-curso

Os fragmentos enumerados como (2) se reportam a mudança atitudinal pós-curso Caminhos do Cuidado, relacionados a uma nova forma de abordagem, acolhimento, relacionamento e comunicação dos Agentes Comunitários de Saúde e Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, desenvolvidos junto aos usuários de crack, álcool e outras drogas.

Segundo Guilford (1954):

“As atitudes seriam uma disposição pessoal presente em todos os indivíduos, podendo variar em diferentes graus; assim, o indivíduo reage de maneira positiva ou negativa a objetos, situações, fatos, indivíduos e proposições”.

As narrativas abaixo apresentadas compreendem um movimento de reflexão das agentes comunitárias de saúde sobre a forma de entender o usuário e sua relação com as drogas e outras substâncias.

(2) “Eu creio que mudou a visão que a gente tinha né. Por exemplo: você olhava a pessoa, tipo o drogadito né, era o drogadinho da vila, (2) então você tem um outro tipo de olhar, você já olha ele como um ser humano, que ele tem uma família, que é capaz e assim, trabalhar em cima disso. (2) Mudou, a minha visão mudou em cima disso daí”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 45 anos).

(2) “Com o curso a gente pôde ter um pouco mais de experiência de como lidar, de como aceitar. (2) Porque às vezes, por a gente não conhecer, a gente não entende. (2) Mas depois que a gente teve a capacitação a gente passa ser até um pouco mais humano, passa a olhar a realidade do outro. A gente vê assim o outro tem defeito, você também tem os seus. Às vezes do outro tá mais exposto, o seu tá mais guardadinho. Mas

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todo mundo tem seus defeitos. Todo mundo tem os seus problemas né. Às vezes o meu é mais destacado, o seu é menos. Pra mim o curso foi importante nisso”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 45 anos).

Os relatos acima explicitam a mudança de visão/olhar pós-curso Caminhos do Cuidado, evidenciando a mudança atitudinal, e a forma de aceitar o outro tal qual ele é, respeitando-o na sua singularidade.

(2) “Através do que eu aprendi no curso comecei a enxergar essas pessoas de maneira diferente, com mais confiança no meu profissional para chegar, aprofundar. Até mesmo de conhecer a história de cada um, porque a gente só conhece que é usuário mas eu tive a liberdade de poder perguntar: o que que te levou a isso? Porque você veio parar aqui? Foi muito bom”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 30 anos).

Percebemos na fala acima, um sentimento de legitimidade, de poder se aproximar para conversar. O cuidado passa por olhar o sujeito em sua singularidade. Dessa forma, sua história de vida pode ser parecida com outras histórias, mas a prática do cuidado que esta ACS passou a realizar, após o Curso Caminhos do Cuidado, tem por base a proposta de singularizar e qualificar a escuta da história do sujeito, assim como, de lhe dar possibilidades e protagonismo de contar sua própria história.

(2) “Até porque não só esse usuário, por trás dele tem uma família que vive junto né, e a gente tem que trabalhar com essa família também”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 40 anos).

Notamos o empoderamento desta ACS no que diz respeito a ampliação do olhar, permitindo que a prática do cuidado que ela realiza, vá além do individual, integrando a família no processo de cuidado, onde todos são beneficiados.

“Mas é muito bacana porque a gente é muito apegado e a gente se apega às coisas né, que a gente depende então a questão da família, do sobrinho, a questão do emprego, da religião que pra nós é o mais importante, não é verdade, e que a gente não quer trocar por nada, (2) então é a mesma coisa de um dependente químico, de um usuário de drogas, pra ele aquilo, naquele momento é o mais importante”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 35 anos).

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Esta fala demonstra a incorporação do conhecimento por parte da ACS, mudança de concepção. Damos maior valor ao que nos é mais significativo. Se para o usuário, a droga é o mais importante e o profissional de saúde o acolha naquele momento, torna-se mais fácil a aproximação e a consequente adesão positiva ao tratamento.

(2) “Depois do curso a gente teve uma experiência na ESF onde eu trabalho. Paciente passou por consulta e junto com a mãe procurou ajuda, daí na consulta ele falou que é usuário de maconha, aí na pré-consulta peguei, conversei com ele, deixei ele à disposição, se você... ele queria encaminhamento pro psiquiatra. Daí a hora que ele saiu da consulta falei, olha se você quiser participar do CAPS. Expus para ele (2) o que eu tinha aprendido do curso né, aí eu falei e se você precisar vir conversar pode vir aqui que eu estou à disposição para conversar com você. Porque o psiquiatra ia demorar, ele queria o atendimento pra ontem e nesse meio tempo eu não consegui agendar a consulta do psiquiatra. (2) Ele veio no outro dia na Unidade eu consegui parar o meu serviço e atender ele. Aí ele falou “na consulta eu menti pra doutora, eu falei que usava maconha mas eu uso maconha, crack e mais um pouco de coisa”, porque ele se sentiu intimidado, porque ele tava junto com a mãe, aí eu conversei bastante com ele e falei, você quer eu marco a consulta pra você no CAPS, eu ligo lá. Liguei no CAPS, se propuseram atender ele no outro dia, ele veio no CAPS, não se identificou, ele retornou na Unidade porque, (2) porque a referência dele era eu, porque eu dei atenção a ele... então aquele caso eu consegui ficar feliz por ter ajudado e foi devido ao curso. Porque senão eu não saberia como agir. Tipo assim em 100 se você consegue 01 você já fica feliz porque você não vai conseguir os 100% né, então assim naquele caso eu fiquei muito feliz e tem outros que a gente tá trabalhando em cima”. (AE, mulher, com idade aproximada de 45 anos).

“Se você chegar nesse paciente usuário, chegar com termos técnicos e tudo mais e querendo fala da sua vida, você não vai arrumar nada com ele. (2) Tem que saber como você vai abordar. Como você vai ter acesso com ele. E o curso eu acredito que deu pra saber como falar com a pessoa. Dá mais segurança né?” (ACS, mulher, com idade aproximada de 25 anos).

(2) “Eles vem querendo atenção” (ACS, mulher, com idade aproximada de 50 anos).

(22)

(2) “A gente consegue às vezes com conversa. Mas isso é do ser humano. O acolhimento, ele é do ser humano”. (ACS, mulher, com idade aproximada de 35 anos).

No conjunto de falas acima, percebemos a potência das relações que foram estabelecidas entre os profissionais de saúde e os usuários de drogas, pois demonstraram a aproximação, abertura ao diálogo, a disponibilidade para, a atenção, o acesso, constituindo os profissionais de saúde em referência para o usuário.

Fica evidente no conjunto das falas, a mudança de concepção e o empoderamento que o curso proporcionou aos ACS e ATENF, resultando na mudança atitudinal desses profissionais no atendimento de usuários de crack, álcool e outras drogas pós-curso Caminhos do Cuidado, objeto de estudo deste trabalho, caracterizando de maneira positiva essa mudança.

Segundo Feuerwerker & Sena (2002):

“[...] as lutas entre o novo e o velho estão em plena vigência. Assim como na construção de novas práticas em saúde, essas novas maneiras de produzir conhecimento e formação em saúde demandam o enfrentamento de problemas ainda sem resposta. Não sabemos o final da história, mas sem dúvida podemos afirmar que os projetos que conseguiram construir processos coletivos de mudança e propiciar a constituição de uma massa crítica de sujeitos deram alguns passos seguros em direção à utopia que buscamos na saúde”.

Dessa forma percebemos que o Projeto Caminhos do Cuidado possibilitou que os ACS e ATENF ressignificassem suas práticas em relação ao cuidado em saúde aos usuários de crack, álcool e outras drogas.

(23)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A História da Educação vem sendo construída ao longo dos anos com avanços bastante significativos, mudanças de paradigmas, construção, desconstrução e reconstrução de novas concepções, tendências e métodos de ensino que, procuram cada vez mais explicitar modelos de educação que mais se adequam às necessidades contemporâneas da sociedade.

Observamos que o Curso Caminhos do Cuidado veio nesta mesma lógica, e por meio dos relatos acima expostos, fica clara essa mudança de concepção e quebra de paradigmas no cuidado em saúde praticado pelos agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem junto aos usuários de crack, álcool e outras drogas.

Sabemos que um profissional bem preparado é capaz de mobilizar os diferentes saberes (o saber, o saber fazer, o saber ser e o saber conviver). Para haver mudança atitudinal, existem implicações em mudanças de valores, atitudes e crenças, pois envolvem a dimensão ética do ser (o saber ser), e essa dimensão é a mais complexa de ser desenvolvida.

Este trabalho teve a pretensão de identificar por meio das falas dos agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem, que realizaram o Curso Caminhos do Cuidado, a incorporação de novos saberes que fizeram com que houvesse uma desmistificação na prática de saúde realizada aos usuários de crack, álcool e outras drogas.

Diante das respostas a essas questões desencadeadoras, observou-se o quanto foi significativo o desenvolvimento do Curso Caminhos do Cuidado, refletindo em uma mudança de paradigmas diante do acolhimento, da abordagem e das práticas de saúde desenvolvidas pelos ACS e ATENF, junto aos usuários de crack, álcool e outras drogas, bem como seus familiares. Dessa forma este trabalho de conclusão de curso me faz sentir ressignificada em relação a temática “mudança atitudinal frente aos usuários de crack, álcool e outras drogas”, pois tive a oportunidade de perceber, por meio da ótica dos profissionais que vivenciam essa situação no cotidiano dos seus processos de trabalho desenvolvidos, a transformação que o Curso Caminhos do Cuidado proporcionou em suas vidas pessoais e profissionais.

(24)

Precisamos nos reconhecer na história para podermos fazer parte dela e, citando Zaballa, “[...] você só tem experiência quando você muda, senão, fica do mesmo jeito”.

(25)

6. REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Grupo Hospitalar Conceição. Caminhos do Cuidado. Formação em Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas) para agentes comunitários de saúde e auxiliares/técnicos de enfermagem da Atenção Básica. Caderno do tutor. 2013.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de Gestão da Educação na Saúde. Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Grupo Hospitalar Conceição. Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde. Caminhos do Cuidado: Guia de Saúde Mental - atendimento e intervenção com usuários de álcool e outras drogas.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília, DF, 2012. BRASIL. Caminhos do Cuidado. Formação para agentes comunitários de saúde e auxiliares e técnicos de enfermagem da Atenção Básica. Saúde Mental (crack, álcool e outras drogas). http://www.caminhosdocuidado.org. Acesso em 09/08/2017.

CALIPO, S.M.; SOARES, C.B. Público e privado na reforma do sistema de saúde no Brasil. Sociedade em Debate, Pelotas, V.14, n.1, p.119-138, 2008.

COELHO, H.V. A atenção ao usuário de drogas na atenção básica: elementos do processo de trabalho em Unidade Básica de Saúde. 2012. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.

CORDEIRO, L. et al. Avaliação do processo educativo sobre consumo prejudicial de drogas com agentes comunitário de saúde. Saúde e Sociedade. São Paulo, v.23, n.3. p. 897-907, 2014.

(26)

DUARTE, L.R. Ensino em serviço para o desenvolvimento de práticas educativas no SUS pelos agentes comunitário de saúde. In: MIALHE, F.L. (Org.). O agente comunitário de saúde: práticas educativas. Campinas: Unicamp, 2012. p. 121-150.

FEUERWERKER, L.C.M., SENA, R.R. Contribuição ao movimento de mudança na formação profissional em saúde: uma avaliação das experiências UNI, Interfaces - Comunic, Saúde, Educ, v. 6, n. 10, p. 37 - 50, 2002.

GOFFMAN, E. Estigma: la identidad deteriorada. 5. ed. Buenos Aires: Amorrortu, 1993. p.172.

MÉLLO, R.P et al. Construcionismo, práticas discursivas e possibilidades de pesquisa. Psicologia e Sociedade, v.19, n. 3, p.26-32, 2007.

MELO, Z.M. Estigmas: espaço para exclusão social. Revista Symposium, número especial, ano 4, p. 19, 2000.

MERHY, E.E. Em busca da qualidade dos serviços de saúde: os serviços de porta aberta para a saúde e o modelo tecnoassistencial em defesa da vida (ou como aproveitar os ruídos do cotidiano dos serviços de saúde e colegiadamente reorganizar o processo de trabalho na busca da qualidade das ações de saúde). In: Cecilio, L.C.O., organizador. Reinventando a mudança na saúde. São Paulo (SP): Hucitec; 1997. p. 117-160.

SCHNEIDER, J.F. et al. Atendimento ao usuário de drogas na perspectiva dos profissionais da estratégia saúde da família. Texto & Contexto Enfermagem, vol. 22, n. 3, julho-setembro, 2013, p.654-661. Universidade Federal de Santa Catarina. Santa Catarina, Brasil.

VENDRAMINI, C.M.M. et al. Avaliação de atitudes de estudantes de psicologia via modelo de crédito parcial da TRI. Psico - Usf, v.14, n.3, p.287-298, 2009. In GUILFORD, J. P. Psychometric Methods. 2ª ed. New York: McGraw Hill Book Company. 1954.

(27)

7. ANEXOS

Anexo A

Roteiro para roda de conversa com os ACS e ATENF

1. O que você aprendeu no Curso Caminhos do Cuidado que refletiu no dia a dia de trabalho, no seu cotidiano de trabalho. O Curso Caminhos do Cuidado ofereceu alguma coisa que pra vocês foi significativo no a dia do trabalho de vocês?

2. Vocês sentem que esse curso, ele fez com que vocês se empoderassem um pouco mais sobre o tema álcool e drogas?

3. O enfrentamento deste tipo de problema? No trabalho de vocês, no dia a dia, o curso ele possibilitou isso? Esse enfrentamento?

4. Vez em quando aqui na Unidade, vocês têm agendado algumas reuniões de equipe? Uns chamam de reunião de Educação Permanente. Vocês chegam a discutir alguma coisa nas reuniões de equipe sobre a temática do curso que vocês fizeram ou não, essa questão de drogadição, de aumento de número de usuários, de encaminhamento...

5. Vocês podem falar um pouco da vulnerabilidade. Por que a área aqui na Unidade é vulnerável?

6. O Curso, ele contribuiu para o enfrentamento disso?

7. Esse curso ficou só pra vocês ou vocês puderam partilhar de alguma coisa com o restante da equipe, que não pode participar do curso?

8. No curso de vocês existiram atividades de dispersão? O encontro era semanal. E nesse interim de uma semana para outra vocês tinham que fazer alguma atividade de dispersão?

9. E toda semana vocês participavam dessas atividades de dispersão? 10. O que vocês acharam dessas atividades?

11. Em relação ao material didático. O que vocês acharam da interação com o material didático?

12. Vocês acham que teve algum eco desse curso para equipe ou não.

13. O curso possibilitou ampliar um pouco essa questão cuidadora de vocês? Para esses pacientes, que usam crack, álcool e outras drogas?

(28)

14. Nesse curso foi trabalhada muito a questão da redução de danos. Vocês acham que o curso de alguma forma afetou vocês?

15. Em relação ao Curso Caminhos do Cuidado. Vocês fizeram o curso e falaram que melhorou a escuta, a abordagem. Até mudança pessoal mesmo. Como eu vejo, como eu lido com essa situação. Essa mudança de conduta, comportamento, isso afeta a Coordenação?

16. Como vocês avaliam a questão do acolhimento dos usuários, dependentes, no serviço, depois do curso. No Posto ou na própria ação de vocês, indo lá no domicílio, nas residências?

17. Em relação ao curso Caminhos do Cuidado, possibilitou alguma melhora, tem alguma parte específica no e-SUS que fale de crack, álcool e outras drogas?

18. Em relação ao material didático do curso, como vocês avaliam a questão da linguagem, da compreensão?

19. Em relação à metodologia do curso, a forma das aulas. Vocês acham que colaborou? Ex. dos estudos de casos, do posicionamento do Sidnei e do Adão enquanto tutores?

20. Em relação à carga horária do curso. Os 05 encontros. Vocês acham que a carga horária foi suficiente?

21. Os tutores trouxeram algum usuário de álcool, crack ou outra droga pra dentro da sala de aula? Vocês acham que esse depoimento/relato ajudou?

22. Depois do curso vocês perceberam se ampliou momentos de vocês sentarem juntos para discutir alguma coisa relacionada ao tema do curso?

23. Como vocês foram convidados para participar do Curso Caminhos do Cuidado? De que forma?

24. Mesmo tendo sido só um comunicado, vocês acham que foi importante ter feito essa formação?

25. Em relação à alimentação. Era previsto o café e o almoço. Como vocês acham que funcionou essa parte?

26. Em relação aos Certificados, todos conseguiram imprimir?

27. Para concluir, se vocês pudessem resumir em uma palavra o que foi o Curso Caminhos do Cuidado pra vocês, qual palavra seria essa?

(29)

Anexo B

Roteiro para roda de conversa com os tutores

1. O que você aprendeu no Curso Caminhos do Cuidado que refletiu no seu cotidiano como trabalhador da saúde?

· Reposicionamento dos alunos frente à questão do uso de álcool, crack e outras drogas;

· Acolhimento e escuta;

· Encaminhamentos/matriciamentos;

· Agenciamentos com a rede informal (vida);

· Ampliação/potencialização da clínica de quem participou da formação; · Criação de espaços de EPS;

· Preenchimento Sistema de informações da atenção básica;

2. Você passou a realizar alguma ação de cuidado diferente após fazer o curso? Qual? 3. De que modo o projeto Caminhos do Cuidado colaborou para o encontro da atenção básica e saúde mental?

4. De que modo o projeto Caminhos do Cuidado dialogou com a implantação da Rede de Atenção Psicossocial?

5. Quais as contribuições no que tange à sensibilização quanto a reforma psiquiátrica? (única no político)

6. Como você avalia que o Projeto contribuiu para o fortalecimento do SUS? · Mudanças de crenças

· Diluição de preconceitos

· Ampliação de conhecimento para o SUS

7. Quais suas considerações sobre a formação presencial e seletiva de tutores e orientadores?

· Dinâmicas

· Rodas de Conversa · Avaliação

· Ambientação e exploração da Comunidade de Práticas (CdP) – ferramenta à distância

(30)

· Adequação da carga horária

· Adequação da localização geográfica (município sede) das oficinas de formação

· Adequação do espaço físico às necessidades pedagógicas

8. Quais suas considerações sobre o itinerário formativo presencial do aluno quanto a:

· Adequação de carga horária · Metodologia

· Construção do Conhecimento sobre a temática

· Relevância por ter sido predominantemente presencial

9. Como os diferentes atores conduziram o processo pedagógico frente aos roteiros previstos?

· Possibilidades e flexibilidades do roteiro · Limitações quanto ao roteiro e metodologia

10. Quais suas considerações sobre os encontros presenciais articulados nos territórios entre:

· Tutor e alunos · Tutor e orientador

· Orientador e equipe matricial

· Tutor, orientador, equipe estadual e equipe matricial 11. Como avalias as atividades de dispersão*?

· Em relação a trazer o usuário para a sala de aula · Potencialização do itinerário formativo presencial

· Influência nas práticas de cuidado singulares de cada ator envolvido · Temáticas e contextos trabalhados

12. Como se deu o processo de produção em EAD previsto no itinerário formativo do curso?

· Narrativas

· Estudos de Caso

· Postagem de fotografias · Trabalho Final

(31)

· Interação entre os atores (discussões no timeline e fóruns)

13. Como se deu o acesso e conectividade quanto ao uso da EAD, considerando: · Especificidades locorregionais [possibilidades de acesso inclusive quanto à conectividade]

· Nº de acessos [considerando desenho, proposta, ferramenta] · Perfil de usuário [as permissões de cada ator]

14. Quais suas considerações sobre o uso da Plataforma EAD como dispositivo disparador de reflexões sobre o processo ensino-aprendizagem?

· Fatores Facilitadores · Fatores Dificultadores

· Qualificação do processo de trabalho tutor/orientador

15. Qual sua avaliação em relação ao material didático do curso?

Diálogo da temática com as especificidades regionais Conteúdo (linguagem, compreensão, organização) em relação aos objetivos do curso.

16. Além do material didático ofertado, quais outras estratégias pedagógicas foram utilizadas pelos tutores?

17. Como material didático contribuiu para os processos de educação permanente em saúde nos territórios?

18. Quais as estratégias inventadas nos casos de falta de material pedagógico (barbante, canetas, papel, vídeos, textos, caderno)?

19. Quais foram as invenções em relação á acessibilidade durante a participação no projeto?

20. Quais produções artísticas e científicas elaboradas a partir do itinerário do curso você destacaria?

21. Que destacas do trabalho da Coordenação de Infraestrutura e logística no Curso Caminhos do Cuidado?

22. Em relação à oferta de alimentação para as turmas, quais as considerações sobre: · Oferta para todas as turmas

· Fluxo de contratação

23. Como você considerou o fluxo de pagamento de bolsa e ajudas de custo?

24. Qual sua percepção sobre o fluxo de distribuição de material pedagógico no estado?

(32)

25. Como se estabeleceu o vínculo do tutor e orientador com a escola/equipe estadual?

26. Como você avaliou o SAGU como sistema de gestão acadêmica? 27. Como ocorreram as estratégias de acompanhamento e monitoramento:

· Turmas · Tutores · Orientadores

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