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Em Cristo, venceremos o tentador

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Academic year: 2021

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CELEBRAÇÃO DO 1º. DOMINGO DA QUARESMA

05 de MARÇO DE 2017

“Em Cristo,

venceremos o

tentador”

Leituras: Gênesis 2, 7-9.3.1-7; Salmo 50 (51); Carta de São Paulo aos Romanos 5, 12-19; Mateus 4, 1-11.

COR LITÚRGICA: ROXA

Animador: Já iniciamos, desde quarta-feira passada, o Tempo da Quaresma, que

sempre traz a Campanha da Fraternidade, para nos ajudar em nossa conversão. Neste ano de 2017, o tema é “Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida”, com o lema: “Cultivar a guardar a criação (Gn 2,15”. Nesta páscoa semanal de Jesus a Palavra de Deus nos convida à conversão, isto é, colocar Deus no centro, como prioridade da nossa existência, a aceitar a comunhão com Ele, a escutar as suas propostas e concretizar no mundo, com fidelidade, os seus projetos. O exemplo de Jesus nos ajudará nesse sentido e o Espírito recebido, por Ele e por nós, será a nossa força. Como Igreja, queremos nessa Quaresma, nos converter a um estilo de vida mais solidário, profético, empenhado na defesa da vida.

1. Situando-nos

O primeiro domingo da Quaresma é tradicionalmente conhecido como o “domingo das tentações de Jesus”. “Nesse domingo celebramos a memória daquele que venceu a tentação do acúmulo, prestigio e poder, e se tornou pão da vida para que todos possam viver. Sua obediência ao Pai até o fim trouxe para nós a justificação” (BORTOLINI José.

Roteiros Homiléticos. Anos A, B, C. Festas e Solenidades. São Paulo: Editora Paulus, 2006, p. 56).

Este primeiro domingo da Quaresma nos coloca diante do mistério do bem e do mal que nos habita, até as raízes mais profundas da nossa pessoa, e nos deixa vislumbrar a saída desta contradição: caída de Adão/Eva frente o tentador no Jardim do Éden (primeira leitura), e vitória de Cristo que derrota o diabo no deserto (Evangelho), e antecipa sua vitória final na cruz e ressurreição.

Cristo Ressuscitado é o novo Adão que no jardim da ressurreição, dá início a uma nova humanidade, à qual nós pertencemos por graça, pelo Batismo que nos faz participar da sua morte e ressurreição. Cada Quaresma nos faz realizar em maneira nova e mais profunda esta passagem da sujeição ao pecado para a vida nova em Cristo, participando das suas lutas e da sua vitória.

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A Quaresma é convite para uma autêntica e renovada conversão ao plano do Criador que, com sabedoria, criou todas as criaturas e as entregou em nossas frágeis mãos para que delas cuidássemos com carinho e amor.

2. Recordando a Palavra

A narrativa da criação do ser humano proposta pela primeira leitura (Gn 2, 7-9;3, 1-7), com sua linguagem simbólica e altamente poética, destaca o cuidado carinhoso com o qual Deus chama à existência a criatura humana, e a torna partícipe da sua mesma vida e dignidade, e sua parceria no cuidado da beleza e da fecundidade da criação inteira, que é “um jardim a ser cultivado”. No centro do jardim, como no centro da existência humana, o Senhor faz brotar a “árvore da vida” e a “árvore do conhecimento do bem e do mal” (Gn 2,9).

Vida em abundância e conhecimento na intimidade recíproca, são os dons com que o Senhor enriquece a existência e a missão de Adão e Eva. A cena encantadora, que apresenta o Senhor “passeando à brisa da tarde no jardim”, à procura de Adão e Eva para deter-se em amável conversa com eles, como com seus íntimos amigos (Gn 3,8), irradia toda a beleza e o dinamismo da relação que o Senhor tem estabelecido entre si mesmo e o ser humano, ao criá-lo à sua imagem e semelhança (Gn 1,26).

O diabo, o inimigo da vida, o atrapalhador que engana o homem com a ilusão da falsa promessa e da perspectiva de tornar-se fonte totalmente autônoma da vida e do conhecimento, insinua com astúcia a possibilidade de tornar-se alternativo a Deus: “Vossos olhos se abrirão e vós sereis como Deus conhecendo o bem e o mal” (Gn 3,5). De fato, os olhos deles se abrirão, mas irão fazer uma triste descoberta, a descoberta da própria “nudez”, isso é da radical incapacidade de realizar de verdade a vocação à autêntica dignidade e liberdade, e a missão de construir um mundo capaz de espelhar a beleza divina (Gn 3,7). A narração do pecado segue-se a promessa e esperança. A voz do Senhor, à procura dos seus amigos escondidos pela vergonha e o sentido de culpa, ressoa no jardim – “Onde estás?” (Gn 3,9). Pode soar como da armadilha da serpente enganadora: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3,15).

O Salmo responsorial (Sl 50/51), é o salmo penitencial por excelência. Resume em si os sentimentos mais profundos do pecado, do arrependimento, da conversão, da alegria, do agradecimento pela vida renovada pela misericórdia e o perdão de Deus. Exprime com intensidade a consciência da própria fragilidade e do próprio pecado, e ao mesmo tempo a confiança extrema no Senhor que pela sua misericórdia perdoa e tudo renova. “Piedade, ó Senhor, tende piedade, pois pecamos contra vós!”. O Salmo alimenta o caminho da conversão, a passagem para a vida nova da Páscoa, através da purificação interior da Quaresma.

Na segunda leitura (Rm 5, 12-19), Paulo desenvolve em profundidade a relação que Deus tem estabelecido entre a aventura negativa de Adão e a resposta de obediência e de amor, realizada por Cristo, “novo Adão”, início da nova humanidade, redimida por Cristo. O Filho de Deus assume sobre si nossa condição humana de pecado e, com sua

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vida de dedicação filial, e sobretudo com sua Páscoa, revira a situação abrindo caminho para voltar ao projeto original de Deus e realiza-lo em plenitude.

O Evangelho (Mt 4,1-1), “Naquele tempo o Espírito conduziu Jesus ao deserto, para ser tentado pelo diabo”. O “deserto”, lugar da esterilidade e da provação, contraposto ao “jardim”, lugar da vida e da comunhão, no qual Deus tinha colocado o ser humano, para que cuidasse e gozasse da sua beleza e fecundidade.

O deserto, como o jardim do primeiro Éden, não é simplesmente um lugar geográfico, mas indica a sofrida situação existencial do homem “desertificada”, como repetia Bento XVI, ao descrever a condição do homem pós-moderno, fechado em si mesmo e interiormente corroído pela pretensão de ser o centro do mundo, sem relação com Deus e em competição com os outros (Bento XVI, Homilia na Santa Missa da abertura do Ano

da Fé, 11/10/2012).

Jesus adentra este deste deserto, conduzido pelo Espírito, para partilhar a dura condição humana (Jo 1,14), e vencer com o amor e a obediência, o poder obscuro do maligno. Com a três tentações, o tentador procura afastar Jesus do projeto do Pai. Propõe-lhe o caminho do sucesso obtido com o milagre fácil (mudar as pedras em pão para satisfazer a fome), com gestos que produzem prestígio espetacular e fácil consenso (jogar-se do templo diante do povo), prometendo-o com o poder (adorando o poder).

Jesus, no entanto, animado pelo Espírito, rejeita com a força da Palavra de Deus, as seduções e manifesta sua verdadeira condição de Filho de Deus, assumindo até as extremas conseqüências a escolha da humildade e da dedicação ao Pai. Jesus, “novo Adão”, com a luta no deserto, reestabelece a verdadeira relação da obediência no amor com o Pai, que o “primeiro Adão”, no Éden, não soube guardar e valorizar. Jesus, com sua luta de quarenta dias e sua vitória, vence as provações que Israel, na sua peregrinação de quarenta anos no deserto, não tinha conseguido superar, abandonando-se à murmuração contra Deus e à idolatria.

Jesus rejeita ser o messias da abundância, do prestígio, do poder. Vencidas as tentações, ele está pronto a proclamar e instaurar a justiça do Reino através da partilha, do cumprimento da vontade de Deus e do serviço até a doação da vida (BORTOLINI J.

op.,cit.,p.58-59).

3. Atualizando a Palavra

O caminho dos discípulos, em todos os tempos, é o mesmo de Jesus. Somente seguindo Jesus, se pode lutar, com êxito, contra o egocentrismo e a procura de falso sucesso, quer na vida pessoal, quer no exercício dos ministérios na Igreja, e chegar à intimidade do jardim da ressurreição. A Quaresma nos indica o caminho certo e suas etapas.

O Batismo nos introduz no caminho do próprio Jesus, nos fez participar da mesma ação do Espírito que o conduziu e sustentou na luta com o diabo no deserto e na vitória sobre a morte na ressurreição. Animados pelo Espírito, temos a graça de viver com a liberdade dos filhos e filhas de Deus. Temos a graça, como diz Paulo, de viver como já “ressuscitados” (cf. Cl 3, 1-4), como partícipes da vida nova em Cristo, não mais permitindo que o pecado determine nossa maneira de sentir, de pensar, de agir.

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Com a fé e o Batismo, passamos por uma transformação radical, que nos acompanha por toda a vida. A vida nova no Espírito Santo é semente que nos impele de dentro, mas que nós devemos favorecer no seu crescimento. A graça não é magia, nem o desenvolvimento das suas potencialidades é algo de automático. Cada dia o Senhor solicita nossa disponibilidade no amor e nosso compromisso de obediência filial.

A vida do discípulo irradia a luz e a fecundidade da Páscoa, ao mesmo tempo que continua a luta contra as contradições do pecado que sobem do coração, até que não seja reconstituído na sua integridade, como o da criança.

O “homem velho” e o “homem novo”, ainda convivem dentro de nós, e, às vezes, num conflito que nos dilacera. Nossa salvação afirma Paulo, é ainda objeto de esperança e de luta (cf. Rm 8, 24). Temos ainda a necessidade de cultivar a dinâmica de conversão e penitência, enquanto vivemos da energia vital e da luminosidade da Páscoa.

Com sábia pedagogia, cada ano a Igreja nos oferece novamente a luz da Páscoa e a sóbria alegria da Quaresma, com suas exigências de penitência e conversão.

O tempo da Quaresma se apresenta como o tempo mais propício para celebrar a purificação do coração e fortalecer a caridade, mediante várias formas de ascese e de oração íntima, de maneira especial com a celebração do sacramento da Reconciliação, em forma individual ou comunitária.

4. Ligando a Palavra com ação litúrgica

A celebração da Eucaristia nos oferece a graça de celebrar a vida como um caminho partilhado em comunidade. Ela nos tira da solidão de nossos vários desertos, nos quais ficamos prisioneiros de nós mesmos, por presunção ou por medo.

“Na celebração eucarística Jesus é a árvore da vida que o Pai plantou no centro de nossa existência. Com ele nascemos para uma vida nova, baseada na partilha e na fraternidade” (BORTOLINI J., op. cit., p.57).

Pedimos perdão repetidas vezes, desde o início da celebração até o momento aproximarmos à mesa do corpo e do sangue de Cristo. O sentido penitencial se desdobra do ato penitencial ao início, até a proclamação de fé: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.

A presunção de nos auto orientarmos na vida, sem relação ao Senhor, cede lugar à humilde invocação que a Quaresma nos ajude a “progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa” (Missal Romano. Oração do dia do

Primeiro Domingo da Quaresma, p. 181)

A participação à dupla mesa da Palavra de Deus e do pão eucarístico, nos sustenta na longa caminhada do deserto da vida, com suas lutas e suas experiências de fome e de fraqueza. Estamos expostos à tentação de suprir por nós mesmos nossas supostas necessidades – como o diabo sugere a Jesus - quando a espera do tempo de Deus, nos aparece insustentável (Missal Romano. Oração depois da Comunhão do Primeiro Domingo

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A Igreja, neste primeiro domingo da Quaresma, inicia dentro do itinerário catecumenal, o tempo da purificação e iluminação, com o “Rito de Eleição” (Ritual de Iniciação Cristã de Adultos, n. 133-151) dos catecúmenos, no qual a Igreja admite baseada na eleição de Deus, em cujo nome ela age, aqueles que vão celebrar os sacramentos da Iniciação à Vida Cristã na noite da Vigília Pascal (Ibidem, introdução, n.22).

Assim, o catecumenato, como “um espaço de tempo em que os candidatos recebem formação e exercitam-se praticamente na vida cristã” (Ibidem, introdução, n.19), imprime e marca toda a Quaresma, de forma que, mesmo para os já batizados, ela apresenta-se como uma oportunidade de renovação do caminho do discipulado e um itinerário de escuta da Palavra de Deus.

Oração dos fiéis:

Presidente: A Campanha da Fraternidade deste ano é um convite para respeitarmos e

valorizarmos a riqueza da vida. Rezemos a oração da CF 2017. (Repartido entre homens e mulheres)

1. Deus, nosso Pai e Senhor, nós vos louvamos e bendizemos, por vossa infinita bondade.

2. Criastes o universo com sabedoria e o entregastes em nossas frágeis mãos para que dele cuidemos com carinho e amor.

1. Ajudai-nos a ser responsáveis e zelosos pela Casa Comum.

2. Cresça, em nosso imenso Brasil, desejo e o empenho de cuidar mais e mais da vida das pessoas, e da beleza e riqueza da criação, alimentando o sonho do novo céu e da nova terra que prometestes.

Todos: Amém.

III. LITURGIA EUCARÍSTICA

ORAÇÃO SOBRE AS OFERENDAS:

Presidente: Fazei, ó Deus, que o nosso coração corresponda com estas oferendas com as

quais iniciamos nossa caminhada para a Páscoa. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

ORAÇÃO APÓS A COMUNHÃO:

Presidente: Ó Deus, que nos alimentastes com este pão que nutre a fé, incentiva a

esperança e fortalece a caridade, dai-nos desejar o Cristo, pão vivo e verdadeiro, e viver de toda a palavra que sai de vossa boca. Por Cristo, nosso Senhor.

Todos: Amém.

BÊNÇÃO E DESPEDIDA:

Presidente: O Senhor esteja convosco. Todos: Ele está no meio de nós.

Presidente: Deus, Pai de misericórdia, conceda a todos vocês como concedeu ao filho

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Todos: Amém.

Presidente: O Senhor Jesus Cristo, modelo de oração e de vida, os guie nesta

caminhada quaresmal a uma verdadeira conversão.

Todos: Amém.

Presidente: O Espírito de sabedoria e fortaleza os sustente na luta contra o mal para

poderem com Cristo celebrar a vitória da Páscoa.

Todos: Amém.

Referências

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