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Fundamentos da Educação

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Academic year: 2021

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Autores

Ivo José Triches

Solange Menezes da Silva Demeterco

Vera Regina Beltrão Marques

Fundamentos da

Educação

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© 2007 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.

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IESDE Brasil S.A.

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Capa: IESDE Brasil S.A.

Imagem da capa: IESDE Brasil S.A.

T833 Triches, Ivo José; Demeterco, Solange Menezes da Silva; Mar-ques, Vera Regina Beltrão. / Fundamentos da Educação. / Ivo José Triches; Solange Menezes da Silva Demeterco; Vera Re-gina Beltrão Marques – Curitiba: IESDE Brasil S.A.: 2009. 92 p.

ISBN: 978-85-7638-737-4

1. Educação – Filosofia 2. Educação – História 3. Sociologia. I. Título.

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Sumário

O contexto de Sócrates e o nascimento da moral ocidental | 5

Visão panorâmica da História da Filosofia | 5 O apogeu da Filosofia grega | 6

Platão e o nascimento da razão ocidental | 11

Aspectos da vida e obra de Platão | 11

A influência de sua obra no processo ensino–aprendizagem | 12

Aristóteles e a Filosofia como totalidade dos saberes | 15

Aspectos gerais da vida e obra de Aristóteles | 15 Somente o individual é real | 16

A importância da lógica formal | 17 Teoria das Quatro Causas | 18

Visão do homem, da ética e da política | 18

Immanuel Kant e o idealismo alemão | 23

Aspectos gerais de sua vida | 23

O racionalismo e o empirismo do século XVII | 24 A revolução copernicana proposta por Kant | 25 A ética kantiana | 28

Contribuição de Kant na Educação | 28

Duas correntes filosóficas: o pragmatismo e o existencialismo | 31

O pragmatismo | 31

O existencialismo de Jean-Paul Sartre | 32

Os inícios da Pedagogia Moderna | 35

Escolas reformadas | 35

(4)

As luzes na Educação e o homem novo | 39

A Educação dos cidadãos | 40

Como deve ser a escola do homem novo? | 41 A criança entra para a história | 41

A Sociologia da Educação | 43

Os primeiros grandes sociólogos:a Educação como tema e objeto de estudo | 43 As teorias sociológicas e a Educação | 45

A ideologia e sua relação com a Educação | 46

A escola como instituição social | 49

A escola como organização | 50 Algumas possibilidades | 51

A República sustenta o direito à Educação? | 55

Educação: questão nacional | 55

Templos da civilização: os grupos escolares | 56 Imigrantes e Educação | 57

A escola e o controle social | 59

Padrões sociais de comportamento | 60

A escola e o desvio social | 65

Comportamentos desviantes | 65 Conformidade versus conformismo | 66

Nos tempos da Escola Nova | 69

O manifesto, novos métodos, novos programas escolares: o aluno está no centro do processo educativo | 69

As classes populares tiveram acesso à Educação? | 71

Sob a ditadura militar | 75

A Educação na Constituição de 1967 | 75 E a escola da ditadura? | 76

A profissão de professor | 79

A questão da formação profissional | 79

O ofício de professor e seu papel na sociedade | 81

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Duas correntes filosóficas:

o pragmatismo e

o existencialismo

Ivo José Triches

Por ocasião do nosso trabalho em aula, abordamos essas duas correntes filosóficas, destacando sua influência em nossa realidade. Demos uma ênfase maior ao existencialismo, por entendermos que muito do que foi produzido por ele pode ser utilizado em nossa prática pedagógica. Assim, abordare-mos, primeiramente as principais idéias que fazem parte do pragmatismo e suas imbri cações com nos-so cotidiano. No momento seguinte, nos dedicaremos a apresentar o existencialismo e sua importância em nossa formação.

O pragmatismo

Essa foi uma corrente filosófica que nasceu no final do século XIX, nos Estados Unidos. Na verda-de, esse movimento filosófico pode ser considerado a maior contribuição do pensamento norte-ame-ricano à Filosofia Ocidental. Em sua base epistemológica, encontram-se o empirismo inglês do século XVII e o positivismo do século XIX.

Muito embora existam cerca de treze concepções diferentes, poderíamos dizer que, para os prag-matistas em geral, a verdade de uma proposição afirma-se pela sua eficácia, ou seja, válidos são os co-nhecimentos que produzem resultados. Para eles, pensamento e ação são inseparáveis, portanto, são contra toda a forma de conhecimento de caráter especulativo. Logo, a Filosofia não ocupava um lugar

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de destaque para eles também1. Vejamos a definição de pragmatismo, nas palavras de William James

(apud RUSS, 1991, p. 225), que utilizou inicialmente esse conceito2:

O prag matismo [...] desvia-se da abstração; de tudo o que torna o pensamento inadequado. Soluções verbais, más ra-zões a priori, sistemas fechados e firmes; de tudo o que é, por assim dizer, um absoluto ou uma pretensa origem, para voltar-se na direção do pensamento concreto e adequado, dos fatos, da solução eficaz.

Essa forma de pensar influenciou muito a cultura brasileira ao longo do século XX. Mas, por que isso ocorreu? É notório, para todos nós, que houve uma invasão cultural norte-americana, não ape-nas no Brasil, mas em vários países. Como decorrência dessa invasão, o espectro da Filosofia brasileira não passou incólume. Por isso, essa forma de pensar acabou atingindo nossa Academia, bem como o cotidiano das pessoas. Basta olharmos quais são os cursos superiores que mais valorizamos. Geralmente, são aqueles que trarão resultado econômico mais eficaz3.

Outra forma de perceber como o pragmatismo está presente em nosso cotidiano é observar como nossos alunos comportam-se. Costumam dizer: “não dá nada”. Valorizam somente aquilo que tem resultado imediato e que vem ao encontro dos seus interesses. Dessa forma, pensar de forma pragmáti-ca é ser transigente, sempre que nossos interesses estão em jogo; é agir conforme a conveniência, sem uma reflexão a partir dos valores éticos.

Muito embora, no início, o pragmatismo tenha surgido como uma concepção epistemológica para justificar determinada concepção de ciência, essa construção teórica passou a orientar as ações dos atores sociais. Razão pela qual fizemos tais afirmações, nos dois últimos parágrafos.

Os principais representantes do pragmatismo foram Charles Peirce, William James, George Herber Mead e John Dewey.

O existencialismo de Jean-Paul Sartre

Inicialmente, gostaríamos de considerar que esse é um tema muito precioso para nós, e que nos-sas experiências como docentes na Educação Básica e no Ensino Superior mostraram-nos que a abor-dagem desse assunto tem-se constituído espaço privilegiado para a compreensão de existência dos nossos alunos.

Antes de adentrarmos propriamente ao tema proposto, indicamos que abordaremos aqui, fun-damentalmente, o existencialismo de Jean-Paul Sartre (1905-1980). Destacamos, ainda, que nossa abordagem terá como pressuposto as imbricações entre essa corrente filosófica e o processo de ensi-no–aprendizagem.

Essa corrente nasceu por volta de 1930. Esse movimento indica de modo geral “um conjunto de filósofos ou de diretrizes filosóficas que têm em comum não os pressupostos e as conclusões (que são diferentes) mas o instrumento de que se valem: a análise de existência.” (ABBAGNANO, 1982, p. 382).

1 Lembre-se de que, para os positivis tas, a Filosofia também não tinha grande importância.

2 Não há consenso sobre isso. William utilizou esse conceito em 1898, para definir a filosofia de Peirce. Mais tarde, o próprio Peirce disse que teria sido ele a utilizar primeiramente esse conceito.

3 Nosso vestibular atesta isso. Os cursos que dão um maior status ou que prometem uma rentabilidade maior são os mais disputados. É inte-ressante observar que isso é historicamente construído, em que essa forma pragmática de pensar está presente.

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Por existência, devemos, aqui, entender “como o modo de ser próprio do homem enquanto é um modo de ser no mundo”, é assim nas palavras do próprio Sartre. Seu modo de ser é diferente dos outros seres vivos, porque somente o homem é possuidor de uma característica fundamental, qual seja: a

liber-dade. Eis aí o conceito fundamental do pensamento sartreano.

Existir significa estar em relação com o mundo. Portanto, eu somente me realizo e posso conhe-cer-me a partir da relação com os outros. Assim escreve Jacqueline Russ (1991, p. 336), sobre a questão do existir, para Sartre:

E, com efeito, a criação humana é livre. Em Sartre, eu existo e eu sou livre são duas proposições rigorosamente sinôni-mas e equivalentes. O que é existir no vocabulário sartreano? Existir é estar aí, num universo absurdo e contingente, construir-se e imprimir sua marca sobre as coisas. Não há essência humana congelada e preestabelecida, essência que precederia a existência. O homem surge no mundo e desenha nele sua figura.

Se de fato acreditarmos que “não há essência humana congelada e preestabelecida, essência que precederia a existência”, poderíamos, então, pensar nos alunos de escolas públicas, que, em condições materiais desfavoráveis frente aos problemas de sua existência, poderiam compreender que tais condi-ções têm um caráter histórico e, portanto, poderiam ser modificadas.

Se mostrarmos ao nosso aluno que ele é um “homem que surge no mundo e desenha nele sua fi-gura”, compreenderá a importância de suas escolhas, tornando-o o responsável por elas. Compreenderá, ainda, que cada escolha implica resultados, e isso é inexorável.

“Antonio Rezende4, no livro Curso de Filosofia – reúne vários autores, escrevendo sobre a relação

do eu e o outro para Sartre –, entre esses autores Gerd Bornheim nos diz:”

Sartre pretende que há uma “ligação fundamental” entre o eu e o tu. Se olho os olhos do outro, sua cor, por exemplo, apreendo um objeto, mas, se capto o olhar do outro tudo muda de figura, pois me sinto visto pelo outro, e sei que atrás desse olhar do outro há uma consciência. Acontece que o olhar do outro me reduz à condição de objeto, de um em-si. Disso deriva o sentimento originário da minha relação com o outro, que é a vergonha. Tudo se passa como se o outro me flagrasse em meu menos ser, nessa incompletitude radical a que me condena o nada que eu sou. A conseqüência não se faz esperar: a relação intersubjetiva dá-se necessariamente no horizonte do conflito; ou bem o outro me olha e sou objeto para ele, ou então reajo e transformo o outro em objeto através de meu olhar. A relação objeto-objeto não exis-te, o em-si é exterior a si próprio. E a relação sujeito-sujeito também termina não se verificando: como poderia o nada relacionar-se com o nada? Assim, a intersubjetividade somente se concretiza com o recurso à dicotomia sujeito-objeto. (REZENDE, Antonio (Org.). Curso de Filosofia. Para professores e alunos dos cursos de segundo grau e de graduação).

Existe uma idéia básica que perpassa o Existencialismo como um todo5. A relação entre o “ser-aqui”6

e o mundo realiza-se enquanto transcendência, ou seja, pela possibilidade. Por isso, o Existencialismo baseia-se em três pontos fundamentais: necessidade, possibilidade e impossibilidade.

Necessidade do possível

Isso significa que o homem “está condenado” a ter de fazer escolhas. Assim, as relações do homem com as coisas são constituídas pelas possibilidades que ele possui de usar e de manipular as coisas, em vista das suas próprias necessidades. É claro que essas escolhas estão associadas às condições históricas em que estamos inseridos. Realizamo-las porque somos animais que trabalham. Portanto, dizer que al-guma é possível é acreditar que o projeto que se constrói vai se realizar.

4 Este é um dos maiores estudiosos do Existencialismo no Brasil.

5 Aqui estamos querendo referir-nos ao Existencialismo em geral. É uma noção comum aos vários pensadores representantes dessa corrente filosófica. Aqueles ditos existencialistas cristãos ou ateus.

6 “Ser-aqui” é o simples existir. Estar no mundo para, a partir daí, poder fazer suas escolhas.

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Possibilidade do possível

Aqui está presente a idéia de que nossas escolhas podem se realizar. Podemos ver aquilo que es-colhemos tornar-se uma realidade. No entanto, necessitamos compreender de que nossas escolhas não se realizarão inexoravelmente.

Impossibilidade do possível

O que vale dizer que nem tudo o que escolhemos poderá se realizar. Como nossas escolhas estão voltadas para o futuro, elas existem apenas como possibilidades. Daí, a certeza de que elas poderão, ou não, realizar-se.

A tradição filosófica antes de Sartre afirmava que “a essência precedia a existência”. Sartre inverte essa premissa, dizendo que é “a existência que precede a essência”. Como o homem constrói a sua es-sência? Ele faz isso por meio de sua liberdade. A liberdade, para Sartre, faz do homem uma espécie de Deus criador do seu mundo e o torna responsável pelo próprio mundo. Por conta de que o homem está condenado a ter de escolher, ele está abandonado a ser o que de fato é. Assim, ele afirmava: “primeiro o homem existe, somente depois será alguma coisa, e tal como a si próprio se fizer”.

Como abordamos em aula, Sartre mostra-nos que, a partir da possibilidade de nossas escolhas, nós poderemos ser um “em-si” ou um “ser-para-si”. E o que isso significa? Primeiramente, é importante destacar que os outros seres vivos – animais ou vegetais – são apenas seres “em-si”. Ocorre que o ho-mem também pode tornar-se um “em-si”. Isso ocorrerá quando se contentar em viver conforme o já estabelecido. Quando ele aceitar a moral exterior. Ser semelhante ao garçom que existe para obede-cer, para fazer o que os outros desejam. Imagina que aqui estão aqueles alunos que vivem apenas para cumprir regras, que não interiorizam o porquê das coisas. Agem a partir da verdade da “autoridade”. Encontram-se, certamente, nessa condição, aqueles que se apegam dogmaticamente a uma religião, a uma ideologia etc. Por fim, ser um ser “em-si” é perder o caráter da transcendência para reduzir-se à fac-ticidade. Sartre chama isso de “espírito da seriedade”.

Ao passo que se tornar um “ser-para-si” é viver a partir da perspectiva da autonomia. É ser um “ho-mem forte”, conforme Espinosa nos diria, isso significava ser um ho“ho-mem ético. Portanto, ser um “ser-pa-ra-si” é ter a coragem de escolher; é fazer escolhas conscientes e responder por elas; é saber que existe uma História, e que podemos mudá-la, se assim desejarmos.

Ele também nos fala do processo da angústia, que surge quando o homem toma consciência en-tre aquilo que ele é e aquilo que ele quer ser. Ao defrontar-se com a liberdade, o homem vive a angústia da escolha. Desse modo, o homem nada mais é do que o seu projeto7.

Homem de “má-fé” é aquele que aceita as verdades exteriores. Aquele que prefere conscientemen-te ser apenas um “em-si”; em outras palavras: ele recusa ser um “ser-para-si”, para torna-se um “em-si”.

O existencialismo sartreano é uma moral da ação, porque o homem é compreendido a partir dos seus atos.

Eis a máxima de Sartre. À luz da mesma, poderemos significar o nosso fazer pedagógico: “o impor-tante não é o que fazem do homem, mas o que ele faz do que fizeram dele”.

7 Projeto = “Ser lançado adiante”.

Referências

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