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ANÁLISE DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS EM FRAGMENTOS DE CERRADO NO ESTADO DO PARANÁ, REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS.

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Academic year: 2021

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ANÁLISE DE VARIÁVEIS CLIMÁTICAS EM FRAGMENTOS DE CERRADO NO ESTADO DO PARANÁ, REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS.

Lia Maris Orth Ritter1, Valquiria Martins Nanuncio1, Elizandra Pitt1, Milton Cezar Ribeiro2 e Rosemeri Segecin Moro1 (1. Universidade Estadual de Ponta Grossa PR. Av Carlos

Cavalcanti, 4748, Uvaranas. 84030-000 Email: liamaris@gmail.com 2. Universidade de São Paulo, Rua do Matão, Travessa 14, Cidade Universitária, SP 05508-900)

Termos para indexação: cerrado, clima, Campos Gerais, Ecologia da Paisagem. Introdução:

Os Campos Gerais situam-se na porção centro-leste do Estado do Paraná. Foram originalmente definidos como uma região fitogeográfica, compreendendo os campos limpos e campos cerrados naturais situados sobre o Segundo Planalto Paranaense (Maack, 1948).

Os fragmentos de cerrado dos Campos Gerais estão sob duas tipologias climáticas segundo Koeppen: Cfa e Cfb (IAPAR, 2000; Melo et al., 2003). Cfa é o clima subtropical, com temperatura média no mês mais frio inferior a 18º C (mesotérmico) e temperatura média no mês mais quente acima de 22º C, com verões quentes, geadas pouco freqüentes e tendência de concentração das chuvas nos meses de verão, contudo sem estação seca definida.

Cfb corresponde ao clima temperado propriamente dito, com temperatura média no mês mais frio abaixo de 18ºC (mesotérmico), com verões frescos, temperatura média no mês mais quente abaixo de 22ºC e sem estação seca definida Melo et al. (2003).

Este trabalho apresenta análises de parâmetros climáticos, realizadas com intuito de verificar a influência deste fator na distribuição dos fragmentos de cerrado no estado do Paraná. É parte da dissertação de mestrado da primeira autora.

Material e Métodos:

Para o cruzamento de dados coletados em campo, foram utilizados materiais oriundos das seguintes fontes: Relatório do Patrimônio Natural dos Campos Gerais, PR - UEPG (Melo

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Utilizou-se composição de imagens dos satélites IRS + Landsat 7 ETM+ geo-referenciada, no sistema de coordenadas Universal Transversa de Mercator (UTM) e Datum “South America Datum, 1969” (SAD 69). As imagens foram adquiridas em Agosto de 2003. Os dados foram trabalhados no Sistema de Processamento de Informações Georreferenciadas

– SPRING (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Além do mapeamento de 30 pontos de cerrado, foram estabelecidas áreas “controle” próximas aos Campos Gerais, caracterizadas como sendo de “ausência potencial de cerrado”, devido às características de solo, clima e outros fatores. As coordenadas destas foram tabeladas junto às ocorrências de cerrado servindo como parâmetro em todas as análises realizadas. Na elaboração dos gráficos boxplot e histogramas foi utilizada a linguagem R (Ikara; Gentleman, 1996).

Para testar se há diferença estatística entre a classificação de clima segundo Koeppen e a Evapotranspiração total anual média, pelo menos para a região de Campos Gerais, foram sorteados pontos usando o procedimento de bootstrap (Manly, 1997), sendo o total de pontos igual a 1.000. Esses pontos foram utilizados como unidades amostrais para os testes estatísticos. Para simular os pontos pelo bootstrap foi utilizada a função “sample ()” da linguagem R (Ikara; Gentleman, 1996).

Definiu-se como área de sorteio dos pontos, estes foram então superpostos nos mapas da classificação de Koeppen e de Evapotranspiração total anual média. Para testar se há diferença estatística entre a evapotranspiração total anual média e o tipo de clima de Koeppen, utilizou-se o teste “U” de Wilcoxon, também conhecido como teste de Mann-Whittney (Zar, 1999). Além disto, foi realizado o teste de Bartlett para comparar a homogeneidade de variâncias entre as amostras, e também o teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar a normalidade dos dados, fazendo uso da função “ks.test ()” do R (Zar, 1999).

Resultados e Discussão:

Conforme dados climáticos obtidos do IAPAR (2000), cruzados com a localização dos pontos, observa-se que a probabilidade de distribuição do cerrado em função das temperaturas médias máximas em 30 pontos de presença, e nos 10 pontos de ausência aponta para uma

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variação de 23,5°C a 25,5°C. Como a média é afetada por valores extremos, ao analisar-se apenas as temperaturas médias para o mês de abril, escolhido aleatoriamente entre outros meses “amenos”, percebe-se que a probabilidade de ocorrência aumenta para uma faixa ampla de variação de temperatura que vai de 17,5º C a 20,5º C.

Quando as de temperaturas máximas são testadas juntamente com dados de altimetria, apresentam, como esperado, uma relação negativa, ou seja, quanto maior a altitude, menores são as temperaturas máximas. As manchas de cerrado, considerando a escala do mapa (1.500.000), inferem possibilidades do cerrado ocorrer num amplo gradiente de temperatura, independente da faixa de altitude. Isto significa que a temperatura, pelo menos para esta região, não atua como filtro ambiental.

Com base nos 1.000 pontos sorteados por bootstrap (Manly, 1997), 442 para Cfa e 558 para Cfb (figura 1), testou-se se os valores de evapotranspiração total anual média são estatisticamente diferentes para os dois tipos de classificação de Koeppen. Pode-se observar que, conforme o esperado, o procedimento de bootstrap da função “sample()” da linguagem R foi eficiente para simular os pontos amostrais. Também com auxílio da R, foi feito o cruzamento entre a localização dos pontos com os dois mapas de interesse. Esta informação foi organizada em forma tabular.

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Figura 1: Pontos aleatórios utilizados como unidades amostrais para os testes de significância da relação entre evapotranspiração e tipos climáticos nos Campos Gerais.

O número de pontos pode ser considerado relativamente grande para as duas classes (Cfa e Cfb), o que, de certa forma, não influenciaria na estimativa das variâncias. Todavia, ao se verificar se as variâncias são homogêneas pelo teste de Bartlett, foi verificado que a variância da evapotranspiração para Cfa é estatisticamente maior, quando comparada a variância para o Cfb (Bartlett's K-squared=550, df = 1, p-valor <<0,0001; figura 2).

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Figura 2: Amplitude de variação dos valores de evapotranspiração para os tipos climáticos Cfa e Cfb nos Campos Gerais.

Com base neste resultado, assumiu-se então que as variâncias não são homogêneas, passando-se ao teste de normalidade. A função “ks.test()”retornou que os dados apresentam distribuição estatisticamente diferente de uma normal padrão (D = 0,54, p-valor <<0,0001 – figura 3). Considerando que os dados não estão normalmente distribuídos, e que as variâncias não são homogêneas, optou-se pelo o teste não-paramétrico de Mann-Whittney (Zar, 1999) para comparar as evapotranspirações em função das classes de Koeppen. Este apontou que o valor médio de evapotranspiração foi estatisticamente superior para a classe Koeppen Cfb (EvapCfb=1108+248), quando comparada à classe Cfa (EvapCfa=909+82).

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600 800 1000 1200 1400 1600 0. 000 0. 001 0. 00 2 0 .0 03 0. 00 4 Função de Densidade

Evapotranspiração total anual média

D ens idad e Cfa Cfb

Figura 3: Função de densidade da distribuição dos valores de evapotranspiração para os tipos climáticos Cfa e Cfb nos Campos Gerais.

Comparando os valores plurimodais de evapotranspiração para o clima Cfb com sua distribuição espacial percebe-se que todos os picos modais se encontram em áreas praticamente fora das ocorrências de cerrado nos Campos Gerais (figura 4).

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Figura 4: Pontos aleatórios utilizados como unidades amostrais para os testes de significância da relação entre evapotranspiração e tipos climáticos nos Campos Gerais.

A primeira moda (próximo de 800mm, em tom verde escuro) corresponde ao litoral e Vale do Ribeira. A segunda moda (próxima de 1.200mm, em tom amarelo), bem como a terceira moda (próxima de 1.400mm, em tom alaranjado) correspondem à parte do Norte Velho não compreendida pelos Campos Gerais senso Maack. Embora esta seja uma região com remanescentes savânicos, está fora do escopo fitogeográfico deste estudo.

A moda da distribuição Cfa (em torno de 900), no entanto, corresponde bem à área geográfica dos campos Gerais com fragmentos de cerrado (parte dos municípios de Tibagi, ventania e Arapoti).

Ao se analisar a probabilidade dos parâmetros conhecidos de evapotranspiração para os Campos Gerais (strictu senso) estarem relacionados à ocorrência de cerrado, observa-se

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uma alta probabilidade destas ocorrências se darem em taxas acima de 950 mm/ ano, o que abrange a maior parte da área de estudo.

Os testes apontam para uma nítida influência latitudinal nos valores de evapotranspiração. Pode-se afirmar, portanto, que a evapotranspiração por si, não determina a distribuição no cerrado nos Campos Gerais, sendo componente de um conjunto maior de variáveis.

Conclusões:

Após analisar-se alguns dados climáticos relacionados ao cerrado nos Campos Gerais, conclui-se que a temperatura e a evapotranspiração não parecem atuar como filtro ambiental nesta região. Mas ainda assim são fatores importantes, visto que as análises permitem estabelecer faixas de preferência para ocorrência do cerrado. Provavelmente, as variáveis testadas fazem parte de um grupo maior, que analisado como um todo, permitiria estabelecer os padrões de distribuição dos fragmentos savânicos. Para tanto, faz-se necessária a continuidade dos estudos.

Referências Bibliográficas:

IAPAR. Instituto Agronômico do Paraná. Cartas Climáticas do Estado do Paraná. Curitiba, 2000. Disponível em: http://200.201.27.14/Site/Sma/Cartas_Climaticas/CartasClimaticas.htm Acesso em 09 jul. 2007.

IHAKA, R.; GENTLEMAN, R. R language for data analysis and graphics. J.Comput.Graph. Stat. v.5 p.299-314. 1996.

MAACK, R. Notas preliminares sobre clima, solos e vegetação do Estado do Paraná. Curitiba, Arquivos de Biologia e Tecnologia, v.2, p.102-200, 1948.

MANLY, B.F.J. Randomization, bootstrap and Monte Carlo methods in biology. 2. ed. New York: Chapman & Hall, 1997. 399p.

MELO, M.S. de et al. Caracterização do Patrimônio Natural dos Campos Gerais do Paraná. Projeto financiado pela Fundação Araucária e CNPq. Ponta Grossa: UEPG, 2003. (relatório final). Disponível em: <www.uepg.br/natural.htm> Acesso em 07 jun. 2006.

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