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DESLOCAMENTOS PENDULARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA: UMA ANÁLISE SOBRE A DINÂMICA DOS FLUXOS NA VIDA DISCENTE

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DESLOCAMENTOS PENDULARES NA REGIÃO METROPOLITANA DE JOÃO PESSOA: UMA ANÁLISE SOBRE A DINÂMICA DOS FLUXOS NA VIDA

DISCENTE

Angela Thaís Araújo de AlmeidaAlcebíades de Sousa Filho♠ Pedro Henriques Oliveira de Freitas

Victor Hugo Dias Diógenes

RESUMO

A relação entre demografia e urbanização demonstrou um ponto de inflexão em meados da década de 1980, quando o crescimento das cidades deixou de orientar a atração de movimentos migratórios de grandes massas populacionais. Desde então, as migrações de longa distância com destino à Região Sudeste cederam espaço para uma elevação dos movimentos intrametropolitanos e os movimentos pendulares, reflexo das mudanças na dinâmica econômica e social de cada Estado. Nesse sentido, as regiões metropolitanas são aglomerações urbanas que acontecem, com frequência, deslocamentos pendulares, com frequência diária e cujas motivações almejam diversos fins, tais como trabalho, saúde e estudo. Diante do exposto, esta pesquisa busca analisar a dinâmica do deslocamento pendular por motivo de estudo na Região Metropolitana de João Pessoa (RMJP), para o ano de 2010. A metodologia consiste na utilização de microdados do Censo Demográfico 2010 e optou-se por trabalhar com estatísticas descritivas em algumas variáveis: sexo, idade, renda, local de residência e nível de instrução. Os resultados demonstraram evidências de que o munícipio que recebe um maior contingente populacional por motivo de estudo é João Pessoa, em decorrência de sua força de polarização e pela presença de elevado número de instituições públicas e privadas de ensino. O segundo lugar, em número de destinos, foi o município de Cabedelo, tendo em vista ter sido o segundo destino mais procurado na RMJP.

Palavras-chave: Fluxo migratório; Deslocamento pendular; Motivo de estudo; Região Metropolitana de João-Pessoa; Censo Demográfico 2010.

INTRODUÇÃO

As regiões metropolitanas são grandes aglomerações urbanas que apresentam algumas diversificações no contexto sociodemográfico. É neste tipo de ambiente que acontecem, com frequência, os deslocamentos pendulares. Tais deslocamentos podem ser caracterizados como fluxos de movimentos diários que são realizados entre o local de residência e o de trabalho, estudo, saúde, lazer etc. (LIMA,2015).

Estudos sobre deslocamentos pendulares têm sido desenvolvidos em todo o território nacional, pois o entendimento acerca destes podem proporcionar uma maior

Mestranda (graduada em Ciências Atuariais pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). angelathaisaa@gmail.com

♠ Mestrando (graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). asf27@ufrn.edu.br

Mestrando (graduado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). pedrofreitasufrn@gmail.com

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compreensão do espaço urbano de uma determinada região. De acordo com Ântico (2005), deslocamentos pendulares são aspectos importantes a serem considerados na dinâmica urbana metropolitana. Segundo Ojima; Pereira e Silva (2013), existem cidades que polarizam os fluxos regionais, dado seu aspecto econômico e populacional.

Ao explorar a relação entre a demografia e a urbanização, Silva (2013) argumenta que o crescimento das cidades proporcionou movimentos migratórios que envolveram a mobilidade de grandes massas populacionais com destino à Região Sudeste. Contudo, em meados de 1980, houve no Brasil uma redução dos movimentos migratórios para essa região e tal fato só foi possível graças às mudanças na dinâmica econômica e social de cada Estado. Desta forma, a redução deste tipo de movimento de longa distância contribuiu para uma elevação dos movimentos intrametropolitanos e dos movimentos pendulares.

Para Milagres (2009), o conhecimento desses fluxos e como eles se comportam é de relevância para a criação de políticas e estratégias de localização geográfica dos diversos ramos de atividade, isso porque permite uma maior adequação no planejamento urbano de uma determinada região. Portanto, as pesquisas relacionadas ao deslocamento pendular têm por finalidade compreender as dinâmicas dos fluxos migratórios nas principais Regiões Metropolitanas do país.

Nesta perspectiva, Aranha (2005) argumenta que 7,4 milhões de brasileiros trabalhavam ou estudavam fora do seu munícipio de residência no ano 2000. Verifica-se, através deste apontamento quantitativo, que uma parcela expressiva da população brasileira realizava com frequência o deslocamento pendular. Este tipo de deslocamento espacial, quando feito diariamente, pode gerar alguns problemas, principalmente no que diz respeito ao congestionamento das vias rodoviárias e o tempo gasto pelos indivíduos.

Diante do exposto, esta pesquisa objetiva analisar a dinâmica do deslocamento pendular por motivo de estudo na Região Metropolitana de João Pessoa, identificando os seus principais fluxos e os respectivos volumes e características. Com relação ao espaço geográfico, em função dos dados coletados na pesquisa, tornou-se necessário realizar um recorte na quantidade de municípios estudados da Região Metropolitana de João Pessoa- RMJP. Devido a essa delimitação, optou-se por estudar apenas os municípios que são limítrofes à capital do Estado da Paraíba, ou seja, apenas os munícipios de Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita, devido à proximidade territorial entre estas localidades. Cumpre destacar que os movimentos pendulares abordados na pesquisa são os deslocamentos realizados pela população na RMJP, entre o município de residência e o município de estudo.

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Face ao exposto, torna-se imprescindível compreender o tipo de fluxo migratório na RMJP, pois um bom entendimento acerca dos deslocamentos pendulares ajudaria o governo municipal a elaborar estratégias que podem melhorar a qualidade de vida no meio urbano, principalmente no que diz respeito à mobilidade dos indivíduos em uma dada Região Metropolitana. Além disso, os resultados obtidos a partir desta pesquisa podem contribuir na identificação dos municípios onde há maior déficit e maior oferta de escolas, possibilitando um melhor planejamento educacional por parte do poder público.

MÉTODOS

A área de estudo contempla a Região Metropolitana de João Pessoa, a qual foi criada pela Lei Complementar Estadual, no ano de 2003, e instituída pelo Decreto nº 59. A região em destaque, de acordo com o IBGE do ano de 2010, detinha uma área territorial de 2.734.371 Km² e uma população de 1.914.713 habitantes, distribuídos em 13 municípios. Os municípios que compõem esta região são: Alhandra, Bayeux, Caaporã, Cabedelo, Conde, Cruz do Espírito Santo, João Pessoa, Lucena, Mamanguape, Pitimbu, Rio Tinto e Santa Rita. Torna-se necessário esclarecer que, no ano de 2013, o munícipio de Mamanguape deixou de compor a RMJP. Tal exclusão se deu pelo fato da criação da Região Metropolitana do Vale do Mamanguape.

Para elaboração desta pesquisa, utilizou-se como fonte os microdados da amostra do Censo Demográfico do ano de 2010, que é fornecido pelo Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE). A tabulação e tratamento dos microdados foram realizados mediante utilização dos programas planilhas eletrônicas, como suporte para elaboração de tabelas e gráficos. A confecção de mapas foi realizada mediante programa Qgis, versão 3.10.13.

A pesquisa conta com uma delimitação espacial referente apenas aos municípios limítrofes à capital do Estado da Paraíba (João Pessoa). Tendo em vista essas seleções, as estatísticas descritivas serão realizadas nos municípios de Bayeux, Conde, Cabedelo, João Pessoa e Santa Rita. A base do Censo demográfico do ano de 2010 trouxe as informações pertinentes à migração por motivo de estudo e trabalho de forma desagregada, diferentemente dos Censos anteriores. Devido esta separação, foi possível selecionar na base de dados a seguinte pergunta feita aos entrevistados: Município e Unidade da Federação ou país estrangeiro que frequentava escola (ou creche), tendo em vista que a presente pergunta se subdivide em três opções, a saber: 1- neste município, 2 - em outro munícipio e 3 - em país estrangeiro.

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A identificação dos indivíduos que realizam deslocamento pendular foi feita através da resposta dos estudantes que responderam que estudavam em outro município. Para identificar as características dos estudantes que realizam este tipo de deslocamento, optou-se em trabalhar com as variáveis dispostas no Quadro 1.

QUADRO 1 – Características dos estudantes que realizam deslocamento pendular na RMJP

Código Censo Demográfico Descrição das variáveis

V0001 Unidade da Federação

V0002 Código do município

V0010 Peso amostral

V1006 Situação do domicílio

V0601 Sexo

V6036 Variável auxiliar de idade calculada em anos V0628 Frequenta escola ou creche

V6400 Nível de instrução

V6364 Município que frequentava escola (ou creche)

V6511 Valor do rendimento bruto (ou a retirada) mensal no trabalho principal Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Elaboração própria

Verificou-se, durante o tratamento dos dados, que os municípios os quais fazem parte do estudo apresentavam dois tipos de fluxos: o primeiro representado por um volume grande de pessoas que se deslocavam para um determinado município e vários fluxos com uma baixa intensidade de pessoas se deslocando para outra localidade dentro da região em questão. Ademais, os fluxos com maior volume foram representados no Mapa 1 através de uma seta da cor preta e os deslocamentos pendulares com baixa intensidade por uma seta da cor preta com uma tonalidade mais clara.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos resultados da estatística descritiva, identificou-se que nos municípios que fazem parte do estudo da RMJP, no ano de 2010, estavam matriculados cerca de 342.202 mil estudantes em instituições de ensino público e privado. Deste valor, apenas 19.388 mil discentes não estudavam no seu município de residência, o que representa 5,66%. Observou-se que os municípios de João Pessoa, Cabedelo e Santa Rita detinham o maior número de estudantes que, corriqueiramente, tinham que se deslocar para outro município para estudar. Em termos percentuais, cada uma dessas localidades apresentam os valores de 29,81%, 27,37% e 22,58% desses deslocamentos, respectivamente.

Com relação à situação de domicílio desses estudantes, verificou-se que 18.489 mil (95,36%) residem na área urbana, já na área rural são apenas 899 (4,64%) estudantes. Dessa

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pequena parcela de alunos que residem na zona rural, 525 deles habitam no município de Santa Rita e 271 no município do Conde. Partindo da hipótese de que na área rural não se tem uma grande quantidade de instituições educacionais, os presentes alunos devem ser deslocar com mais frequência. Nos demais municípios, a população de estudantes que mora na área urbana é superior a 80%. Cumpre frisar que, de João Pessoa, apenas 41 estudantes residem na área rural.

Com relação ao nível de instrução, cerca de 6.337 estudantes que realizam deslocamento pendular estavam cursando o Ensino Médio ou possuía Ensino Superior incompleto, este valor representa 32,68%. Dos alunos que responderam essa pergunta, 1.900 estudantes eram do município de Cabedelo. Além disso, 6.364 discentes possuíam Fundamental incompleto, deste montante 25,54% eram do munícipio de Cabedelo, 32,47% de João Pessoa e 25,87% de Santa Rita. Verifica-se, ainda, que 3.391 discentes possuíam Ensino Médio completo.

No que se refere em qual tipo de instituição esses alunos estudavam, verificou-se que, do total de 19.388 estudantes, 11.806 estudantes estudavam em instituições de ensino superior da rede pública e que 7.582 alunos estudavam em instituições privadas. Analisando os municípios de forma individual, observou-se que, dos 5.306 alunos que realizam deslocamento pendular em Cabedelo, mais de 57,41% estudam em instituições privadas.

Os dados revelaram ainda que a maior parte dos estudantes que realiza deslocamento pendular na RMJP, no período analisado, são do sexo feminino; com um percentual de 53,60%, em detrimento ao sexo masculino (46,4%). O município que mostra uma maior discrepância nos valores é Bayeux, onde a população total do sexo feminino representa 58,76% e do sexo masculino 41,24%. O município do Conde também apresenta uma diferença percentual significativa entre os sexos: percebe-se que, no respectivo município, cerca de 43,81% dos estudantes que realizam deslocamento pendular são do sexo masculino e 56,19%, do feminino.

No tocante às idades que apresentam uma maior representatividade no número de pessoas, identificou-se idades entre 15 a 19 anos (em torno de 11,21% para o sexo feminino e 10,26% para o masculino). Verifica-se, ainda, que essa faixa etária representa cerca de 4.163 estudantes. Foi verificado também que o percentual das faixas etárias que variam de 20 a 64 anos perfaz um total de 55,72% ou 10.803 mil alunos. Vale salientar que a faixa de 65 a 88 anos equivale a um percentual irrisório de 1,26% (feminino) e 0,83% (masculino), como era esperado.

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Verificou-se também que, dos 19.388 estudantes que realizam deslocamento pendular, apenas 7.775 deles possuía alguma renda. Com relação à distribuição de renda dessas pessoas, percebe-se que 90,37% são de baixa renda, ou seja, enquadra-se entre a faixa de 0 a 3.000 mil reais. Apenas 59 discentes recebem rendimentos acima de 12.000 mil reais; tal valor compõe apenas 0,75%. Constatou-se, ainda, que 11.613 estudantes não possuíam nenhuma renda.

Analisou-se, de forma individual, quais eram os principais destinos desses estudantes por município. No caso do município do Conde, 582 discentes realizam deslocamento pendular, sendo que 90,54% destes se deslocavam diariamente para estudar em João Pessoa. Já em Bayeux, contatou-se que 3.338 estudantes estudavam em outra localidade.

Os municípios que receberam um maior número de estudantes de Bayeux foi João Pessoa, Mamanguape e Cabedelo. Em termos percentuais, cada um deste representa 88,80%, 1,52% e 1,37%, respectivamente. O número de estudantes que realizam esse tipo de deslocamento em Cabedelo era 5.306 alunos; destes, 89,48% estudavam em João Pessoa. A segunda localidade que recebia um maior número de estudantes proveniente de Cabedelo foi o município de Campina Grande (1,86%). A mesma análise foi realizada para o município de João Pessoa e verificou-se que as localidades que receberam um maior número de estudantes pessoenses em 2010 foram Alagoa Grande, Bananeiras, Bayeux, Cabedelo, Cajazeiras, Campina Grande, Mamanguape, Patos, Rio Tinto e Sapé. Dentre esses municípios, o que mais se destacou foi Campina Grande, pois recebia cerca de 755 estudantes de João Pessoa. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, Santa Rita tinha 4.377 discentes que, diariamente, deixavam seu lugar de residência para estudar em outro munícipio do Estado da Paraíba. Deste total, 2.429 alunos estudavam em João Pessoa.

O segundo com maior representatividade é o município de Bayeux, que conta com um total de 949 estudantes. Ao analisar os destinos, ficou evidente que a maioria dos estudantes que realizam deslocamento pendular na RMJP estudam no município de João Pessoa, logo, configura-se como um polo de atração para esses estudantes, por apresentar uma das maiores malhas educacionais do Estado da Paraíba.

De acordo com os dados do INEPdata (2021), existem, no município de João Pessoa, cerca de 392 escolas que oferecem matrículas na modalidade do Ensino Fundamental e Médio que se encontram ativas nesta localidade. A cidade de Bayeux atualmente conta com aproximadamente 81 escolas em seu território, já no município de Cabedelo são apenas 39 escolas. No Conde, existem apenas 31 e em Santa Rita são

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aproximadamente 128 escolas. Das 39 escolas que funcionam no município de Cabedelo, 7 delas são instituições privadas e 32 são públicas. Analisando ainda o número de escolas no município do Conde, verifica-se que apenas 22 são públicas e 9 são privadas.

Com base no número de escolas no município de Cabedelo, presume-se, então, que esse município apresenta um deficit na quantidade de instituições de ensino, por este motivo, um número expressivo de alunos costuma realizar deslocamento pendular para estudar em outro munícipio do Estado da Paraíba, dado que em seu município de residência a quantidade de escolas não é alta o suficiente para comportar o número de alunos. Outra hipótese que poderia ser levantada para esse deslocamento expressivo em Cabedelo baseia-se nas ideias de Lima (2015), na qual os estudantes realizam esse tipo de movimento por opção própria ou quando essa decisão passa pela deliberação dos pais. A explicação mais plausível para isso ocorrer é a de que tanto os pais como os alunos estão buscando instituições que apresentam um ensino de qualidade.

Analisando os deslocamentos pendulares ocorridos nos cinco municípios da RMJP, conforme demonstrado pela Tabela 1 e pelo Mapa 1, percebe-se que João Pessoa se destaca, ou seja, seu fluxo é o mais expressivo entre os municípios da região. Sendo assim, pode-se evidenciar seguinte conclusão: o município de João Pessoa recebia diariamente cerca de 10.668 mil imigrantes por motivo de estudo.

Identificou-se, assim, que dentre os municípios mais dinâmicos da RMJP, a intensidade de deslocamentos pendulares provenientes de Bayeux, Cabedelo, Conde e Santa Rita são em direção ao município de João Pessoa. Portanto, como esperado, verifica-se que este município possui uma grande concentração de fluxos por deter um maior número instituições públicas e privadas na sua localidade. Percebe-se que esses deslocamentos pendulares em direção a João Pessoa refletem a dinâmica intramunicipal.

Quando se compara a relação dos valores absolutos das saídas e das entradas dos estudantes da RMJP, percebe-se que, dos 19.388 mil estudantes que afirmaram estudar em outro município, 11.445 mil estudam nos limites territoriais da microrregião de João Pessoa, representando um valor de 59,03%. Os 40,97% restantes estudam em outros municípios da Paraíba. É perceptível que o município de Cabedelo, depois de João Pessoa, apresenta a segunda maior saída de estudantes. Analisando o fluxo migratório de Cabedelo, constata-se que ele é negativo, totalizando 4.788 mil pessoas.

Com exceção do município de João Pessoa, os demais possuem saldos negativos. O município de Bayeux apresenta saldo negativo de 3.211 estudantes; já o do Conde, 515 pessoas, e Santa Rita, 4.318 estudantes.

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TABELA 1 – Dinâmica do Fluxo migratório na RMJP

Município Saída para estudo Entrada para Estudo Diferença

Bayeux 3344 133 -3211

Cabedelo 5306 518 -4788

Conde 582 67 -515

João Pessoa 5779 10668 4889

Santa Rita 4377 59 -4318

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010). Microdados.

Analisando-se a Tabela 1, percebe-se que os fluxos são mais intensos em direção à cidade de João Pessoa, e isso evidencia que o respectivo município é o polo de atração da RMJP, pois é neste contexto que ele se configura como um município receptor de estudantes. Os municípios de Bayeux, Cabedelo, Conde e Santa Rita se apresentam como municípios expulsores, ou seja, devido à falta de oportunidades educacionais nestas localidades iguais a da Capital, os estudantes são levados a sair de suas residências para estudar em outro município.

Nota-se, ainda na Tabela 1, que o município de Cabedelo se constituiu como receptor, entretanto seu fluxo é muito menor quando se compara com João Pessoa. Cabedelo recebia, em 2010, cerca de 518 estudantes de outros municípios.

O Mapa 1 reflete os fluxos migratórios entre os 5 (cincos) municípios estudados e revela uma expressiva mobilidade espacial da população, representando os municípios receptores dentro de um contexto de migração intramunicipal.

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MAPA 1 – Fluxo dos municípios da RMJP (Bayeux, Cabedelo, Conde, João Pessoa e Santa Rita)

Fonte: IBGE (Censo Demográfico 2010).

Verifica-se, através do Mapa 1, que existe uma centralização do serviço educacional no município de João Pessoa. Observando-se a Tabela 1 e o Mapa 1, percebe-se que há um fluxo superior a 10688 deslocamentos pendulares, por motivo de estudo, para o município de João Pessoa, uma vez que este fluxo teve origem nos municípios do Conde (527), Bayeux (2964), Cabedelo (4748) e Santa Rita (2429).

Nota-se que ocorreram fluxos intensos em direção a Cabedelo, originários de João Pessoa, Bayeux e Santa Rita. Apesar de Cabedelo ter sido o segundo destino mais procurado na RMJP pelos estudantes, foi também o segundo município de origem da região, ou seja, 5306 pessoas se deslocavam em direção a outro município. Percebe-se ainda que o município de João Pessoa recebeu de Cabedelo cerca de 4748 estudantes.

Os resultados encontrados nesta pesquisa, portanto, evidenciam que o munícipio que recebe um maior contingente populacional por motivo de estudo é João Pessoa. Tal situação já era esperada devido à força de polarização deste e também pelo fato de a cidade apresentar um número elevado de instituições públicas e privadas de ensino.

REFERÊNCIAS

ÂNTICO, C. Deslocamentos pendulares na região metropolitana de São Paulo. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, SP, v. 19, n. 4, p. 110-120, 2005.

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ARANHA, V. Mobilidade Pendular na Metrópole Paulista. São Paulo em Perspectiva, São Paulo, SP,v. 19, n. 4, p. 96-109, 2005.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Censo Demográico 2010. Rio de Janeiro, RJ, 2010.

INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. Catálogo escolas, 2021. Brasília, DF, 2021.

LIMA, W. M. Novas mobilidades, espaço de vida e desempenho escolar: o caso dos estudantes de ensino médio no município de Natal-RN. 2015. 106f. Dissertação (Mestrado) – Centro de Ciências Exatas e da Terra, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, 2015.

MILAGRES, F. C. Movimentos migratórios e Pendulares na Região Metropolitana do Vale do Aço: período 1991-2000. 2009. 152f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Tratamento da Informação Espacial,Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, 2009.

OJIMA, R.; PEREIRA, R. H. M.; SILVA, R. B. Cidades-dormitório e a mobilidade pendular: espaços da desigualdade na redistribuição dos riscos socioambientais? In: ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 16., 2008, Caxambu, MG. Anais... Belo Horizonte, MG: ABEP, 2008. Disponível em: http://www.abep.org.br/publicacoes/index.php/anais/article/viewFile/1832/1791. Acesso em: 24 mar.2020.

SILVA, E. T. Estrutura urbana e mobilidade espacial nas metrópoles. 2012. 249f. Tese (Doutorado) – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 2012.

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