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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Adair Antonio Bulegon Junior

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS

2017

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Adair Antonio Bulegon Junior

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Orientadora: Profª Drª Med. Vet. Denize da Rosa Fraga Supervisora: Med. Vet. Anelise Döwich Decian

Ijuí, RS 2017

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Adair Antonio Bulegon Junior

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, apresentado ao Curso de Medicina Veterinária, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médico Veterinário.

Aprovado em 20 de Novembro de 2017:

______________________________________ Denize da Rosa Fraga, Drª. (UNIJUÍ)

(Orientadora)

______________________________________ Luciane Ribeiro Viana Martins, MSc. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2017

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha mãe, Eveni Ferreira da Silva Bulegon, que não mediu esforços para que este sonho se tornasse realidade, estando sempre ao meu lado em todos os momentos da minha vida. Com ela aprendi que não se deve desistir de um sonho, e que humildade, honestidade e generosidade são valores essenciais, que dignificam o homem.

Aprendi que amor não é somente uma palavra, com ela aprendi a amar. É mãe, pai, professora, amiga, companheira, é a rainha da nossa família, e a responsável por todas as

minhas conquistas. As mais belas palavras não são capazes de expressar toda a minha admiração e o amor que eu sinto, te amo mãe.

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AGRADECIMENTOS

A concretização deste trabalho ocorreu, principalmente, pelo auxílio, compreensão e dedicação de várias pessoas. Agradeço a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste sonho em minha vida, onde de maneira especial, agradeço:

- a Deus, que guiou meus passos durante esta longa caminhada, pois sem ele nada seria possível;

- a minha mãe, Eveni Ferreira da Silva Bulegon, que sempre esteve presente em minha vida, me apoiando e incentivando nas horas difíceis, de desânimo е cansaço;

- a meu pai, Adair Antonio Bulegon (in memoriam), que me proporcionou a vida, e tenho a certeza de que onde estiver sempre estará guiando os passos de nossa família, e hoje junto comigo comemora a realização deste grande sonho;

- as minhas irmãs, Janaine Bulegon e Jaqueline Bulegon, e a minha sobrinha, Andrieli Bulegon Queiroz, agradeço pelo carinho e incentivo, e por sempre me apoiarem em todos os momentos que precisei;

- a minha namorada, Vitória de Lima Brombilla, por estar sempre ao meu lado, me incentivando a seguir em frente e não desistir. Aos seus pais, Elisangela Costa de Lima e Pedro Luiz de Carvalho Brombilla, a sua avó, Mercedes Costa de Lima, por me acolherem em seu lar e me tratarem como um filho, agradeço pelo carinho e compreensão;

- a minha professora, do curso técnico em agropecuária do Colégio Agrícola de Frederico Westphalen, da Universidade Federal de Santa Maria, médica veterinária, Diana Bertani Giotto, grande responsável pelo incentivo a iniciar esta jornada acadêmica;

- a minha professora, orientadora, doutora médica veterinária, Denize da Rosa Fraga, pelo auxílio na elaboração deste relatório, pela paciência, incentivo e colaboração ao longo de toda minha formação acadêmica, a qual tenho grande respeito e admiração pela pessoa que és, batalhadora e amiga, sendo para mim um exemplo de ser humano e profissional a ser seguido;

- a minha supervisora de estágio, médica veterinária, Anelise Döwich Decian, pela oportunidade e pelos ensinamentos compartilhados ao longo do meu estágio, colaborando diretamente para minha formação acadêmica e humana;

- aos co-supervisores de estágio, médicos veterinários, Diego Tolotti Rodrigues, Gustavo Schafer, Luciano Felipe de Oliveira, Rodrigo Coppetti Adams e Vilson Land, pela paciência, apoio e conhecimentos compartilhados durante meu estágio;

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- a Cotripal Agropecuária Cooperativa, pela oportunidade e principalmente a toda equipe do setor de assistência veterinária, pelos ensinamentos transmitidos e pela bela acolhida ao longo do meu estágio;

- a todos os professores, que compartilharam seus conhecimentos e contribuíram diretamente para minha formação, pelo tanto que se dedicaram a mim em todos os momentos que precisei, agradeço pelos ensinamentos e pela amizade de todos;

- a professora Cristiane Beck, a qual tenho grande admiração e respeito, agradeço pela amizade e carinho ao longo desta jornada;

- a professora Luciane Ribeiro Viana Martins, que acreditou em meu potencial e me deu a oportunidade de ser monitor e bolsista, agradeço pela confiança e pela amizade;

- aos meus amigos, que conviveram diariamente comigo ao longo da graduação, Cezar Augusto Bergoli Pereira, Juliano Antonio Trezzi, Marcelo Schmitz Neumann, Ronaldo Junior da Silva, Tiago da Silva Bulegon e Willian Muller, que estiveram sempre ao meu lado, agradeço pelos momentos compartilhados, pela lealdade e amizade;

- aos amigos que conquistei durante esta jornada, em especial, Aloísio Martins, Anderson Buratti, Andréia Gollo, Douglas Stum Marder, Fernando Deutschmann, Joel Vicenzi, Jocacio Casali, Natalí Suliman, Natanael de Carli, Paulo Basso, Ricardo Redin e Rodrigo Schmalz, agradeço pelo apoio, amizade e companheirismo;

- a todos os colegas e amigos, pelo bom convívio, amizade e companheirismo durante a graduação;

Por fim, agradeço a todos que contribuíram de alguma forma, para que este objetivo fosse alcançado, aos que acreditaram e incentivaram a concluir a graduação e me tornar, Médico Veterinário.

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“No que diz respeito ao empenho, ao compromisso, ao esforço, à dedicação, não existe meio termo. Ou você faz uma coisa bem

feita ou não faz.”

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RESUMO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTOR: ADAIR ANTONIO BULEGON JUNIOR ORIENTADORA: DENIZE DA ROSA FRAGA

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, com ênfase em Bovinocultura Leiteira. Este foi realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada na cidade de Panambi, Rio Grande do Sul, Brasil, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017, totalizando 150 horas de atividades realizadas. A supervisão interna de estágio ficou a cargo da Médica Veterinária, Anelise Döwich Decian, e a orientação pela professora Doutora Médica Veterinária, Denize da Rosa Fraga. O estágio desenvolvido teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico obtido ao longo da graduação, acompanhando médicos veterinários qualificados no campo para assim adquirir novos conhecimentos através de uma troca de experiência profissional. As atividades desenvolvidas serão expressas em forma de tabelas, sendo especificadas as atividades acompanhadas em atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, atividades nas áreas de reprodução e medicina veterinária preventiva. Serão relatados dois casos acompanhados, um clínico e outro cirúrgico, o primeiro de uma cetose clínica pós-parto em uma fêmea bovina da raça holandesa, e o segundo um deslocamento de abomaso a esquerda em uma fêmea bovina da raça holandesa. A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi de grande valia, visto que permitiu unir o conhecimento teórico com a prática, vivenciar a realidade enfrentada pelo médico veterinário que atua no campo, acompanhar a rotina da assistência veterinária de uma cooperativa importante para o agronegócio, trabalhar em equipe e agregar novos conhecimentos para minha vida profissional.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resumo das Atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 14 Tabela 2 - Atividades Reprodutivas (ginecológicas e obstétricas) realizadas em fêmeas

bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 14 Tabela 3 - Situação Reprodutiva das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017………... 14

Tabela 4 - Diagnósticos Reprodutivos das fêmeas bovinas vazias acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 15 Tabela 5 - Procedimentos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017………... 15

Tabela 6 - Atividades de Medicina Preventiva realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 15 Tabela 7 - Atendimentos Clínicos realizados em bovinos durante o Estágio Curricular

Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 16 Tabela 8 - Procedimentos Cirúrgicos realizados em bovinos durante o Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017... 16

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A - Certificado do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa... 38

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 12

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 14

3 RELATO DE CASO... 17

3.1 CETOSE CLÍNICA PÓS-PARTO EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA ... 17 3.1.1 Introdução ... 17 3.1.2 Metodologia e Resultados ... 19 3.1.3 Discussão ... 20 3.1.4 Conclusão ... 23 3.1.5 Referências Bibliográficas ... 23 4 RELATO DE CASO... 25

4.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA ... 25

4.1.1 Introdução ... 25 4.1.2 Metodologia e Resultados ... 26 4.1.3 Discussão ... 28 4.1.4 Conclusão ... 32 4.1.5 Referências Bibliográficas ... 33 5 CONCLUSÃO ... 35 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 36

ANEXO A – CERTIFICADO DO ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA, REALIZADO NA COTRIPAL AGROPECUÁRIA COOPERATIVA ... 38

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12 1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária apresenta-se como uma sistematização teórica e prática de todo aprendizado adquirido durante a graduação, sendo de suma importância na formação acadêmica, pois possibilita a oportunidade de vivenciar e exercer a profissão.

A realização deste ocorreu na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, Rio Grande do Sul, Brasil. Atuando na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, com ênfase na Bovinocultura Leiteira, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017, totalizando 150 horas de atividades realizadas. A supervisão interna de estágio ficou a cargo da Médica Veterinária, Anelise Döwich Decian, e sobre orientação da professora, Doutora Médica Veterinária, Denize da Rosa Fraga.

Fundada em 21 de setembro de 1957, a Cotripal Agropecuária Cooperativa iniciou pelas mãos de 29 agricultores, no município de Panambi - RS. Após 60 anos desde sua fundação, esta possui atualmente 3.679 produtores associados e 2.146 colaboradores. A cooperativa possui unidades de negócios nos municípios de Ajuricaba, Augusto Pestana, Bozano, Condor, Ijuí, Nova Ramada, Panambi, Pejuçara e Santa Bárbara do Sul, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, abrangendo uma área agricultável de 85 mil hectares.

A Cotripal Agropecuária Cooperativa tem como missão, realizar o ideal de união, trabalho e desenvolvimento mútuo, preconizado pelos fundadores. Seus principais objetivos são receber e comercializar a produção agropecuária, assistir o associado visando o seu aprimoramento tecnológico, fornecer insumos, bens e serviços de qualidade, planejar e apoiar ações que visem o equilíbrio ambiental, e difundir o ideal cooperativista. Tem como visão ser referência de cooperativa de produção, sendo a união, a confiabilidade e a ética seus principais valores.

A cooperativa presta assistência veterinária para produtores rurais, nos municípios de Ajuricaba, Bozano, Condor, Palmeira das Missões, Panambi, Pejuçara e Santa Bárbara do Sul, auxiliando na área de fomento, clínica e cirurgia, além de testes de doenças infectocontagiosas. O departamento técnico possui seis médicos veterinários e três técnicos em agropecuária. A região assistida pelo departamento técnico da cooperativa apresenta-se em expansão na área da bovinocultura leiteira e uma grande área de terra nestes municípios também é destinada a bovinocultura de corte, onde o associado pode comercializar seus

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13 animais junto ao frigorífico da própria cooperativa, o qual está localizado as margens da BR 158, km 142, no município de Condor, Rio Grande do Sul, Brasil.

Durante o período do estágio foram acompanhados atendimentos clínicos, procedimentos cirúrgicos, atividades nas áreas de reprodução e medicina preventiva. Para a escolha do local de estágio levou-se em consideração as atividades desenvolvidas pela cooperativa, ou seja, os trabalhos direcionados a atividade de bovinocultura leiteira, além da oportunidade de acompanhar a rotina e a equipe de trabalho de uma cooperativa importante para o agronegócio, séria e organizada.

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária teve como objetivo principal a aplicação prática do conhecimento teórico adquirido ao longo da graduação, vivenciando a realidade enfrentada pelo médico veterinário no campo, acompanhando a sua rotina e condutas tomadas frente a diferentes casos, na área de fomento, clínica e cirurgia de grandes animais, com ênfase na bovinocultura leiteira, e também objetivou acompanhar o funcionamento de uma cooperativa junto aos seus associados, agregando novos conhecimentos importantes e necessários para o exercício da profissão.

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14 2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As principais atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais serão apresentadas a seguir resumidamente na Tabela 1 e especificados nas Tabelas 2 a 8.

Tabela 1 - Resumo das Atividades acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Resumo das Atividades n %

Atividades Reprodutivas 481 46,79

Procedimentos 309 30,06

Atividades de Medicina Preventiva 164 15,95

Atendimentos Clínicos 56 5,45

Procedimentos Cirúrgicos 18 1,75

Total 1.028 100,00

Tabela 2 – Atividades Reprodutivas realizadas em fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Atividades Reprodutivas n %

Ultrassonografia via transretal 443 92,10

Palpação retal 33 6,86

Palpação vaginal 5 1,04

Total 481 100,00

Com base nas Atividades Reprodutivas listadas na tabela 2, podemos especificar a seguir nas tabelas 3 e 4 a situação do trato reprodutivo e diagnóstico das fêmeas bovinas.

Tabela 3 – Situação Reprodutiva das fêmeas bovinas acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Situação Reprodutiva n %

Vazia 273 56,76

Prenhe 208 43,24

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15 Tabela 4 - Diagnósticos Reprodutivos das fêmeas bovinas vazias acompanhadas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Diagnósticos Reprodutivos n %

Sadia 171 62,64

Endometrite pós puerperal de grau I 34 12,45

Endometrite pós puerperal de grau II 27 9,89

Sem diagnóstico 24 8,79

Endometrite pós puerperal de grau III 8 2,93

Metrite 7 2,56

Retenção de placenta 2 0,74

Total 273 100,00

Tabela 5 - Procedimentos realizados em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Procedimentos n %

Marcação 132 42,71

Brincagem 113 36,57

Protocolo de inseminação artificial em tempo fixo 50 16,18

Leitura do teste de tuberculose 5 1,62

Coleta de sangue para sorologia de leucose 2 0,65

Transfusão sanguínea 2 0,65

Aplicação de medicamentos para indução do parto 2 0,65

Casqueamento corretivo 2 0,65

Aplicação de antisséptico umbilical 1 0,32

Total 309 100,00

Tabela 6 - Atividades de Medicina Preventiva realizadas em bovinos acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Atividades de Medicina Preventiva n %

Vacinação para brucelose (ANABORTINA®) 157 95,73

Aplicação e leitura de reação à tuberculina para teste de tuberculose

5 3,05

Coleta de sangue para teste de brucelose 2 1,22

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16 Tabela 7 - Atendimentos Clínicos realizados em bovinos durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Atendimentos Clínicos n %

Mastite clínica 9 16,07

Metrite 7 12,50

Suspeita de tristeza parasitária bovina 7 12,50

Suspeita de hipocalcemia 5 8,92

Suspeita de cetose 5 8,92

Parto distócico com auxílio de correntes 4 7,13

Miíases 3 5,36

Desnutrição 3 5,36

Retenção de placenta 2 3,57

Sobrecarga de rúmen 2 3,57

Deslocamento de abomaso à esquerda 2 3,57

Suspeita de deslocamento de abomaso à esquerda 1 1,79

Cetose 1 1,79

Leucose 1 1,79

Suspeita de leucose 1 1,79

Septicemia 1 1,79

Fratura em membro pélvico 1 1,79

Claudicação 1 1,79

Total 56 100,00

Tabela 8 - Procedimentos Cirúrgicos realizados em bovinos durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Fomento, Clínica e Cirurgia de Grandes Animais, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, localizada em Panambi, RS, no período de 24 de julho a 25 de agosto de 2017.

Procedimentos Cirúrgicos n % Amochamento térmico 9 50,00 Orquiectomia 3 16,66 Enucleação 2 11,10 Omentopexia 1 5,56 Abomasopexia 1 5,56 Laparotomia exploratória 1 5,56

Correção de prolapso de vagina pela Técnica de Bühner modificada

1 5,56

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17 3 RELATO DE CASO

3.1 CETOSE CLÍNICA PÓS-PARTO EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA

3.1.1 Introdução

A cetose é uma doença causada pela elevação anormal dos corpos cetônicos, ácido acetoacético, acetona e ácido β-hidroxibutiríco nos tecidos e na corrente sanguínea do animal, esta elevação ocorre devido a uma diminuição na concentração sanguínea e hepática de glicose, dando início a mobilização de lipídios para estes serem hidrolisados, servindo como fonte de energia, ocasionando assim um aumento na concentração sanguínea de corpos cetônicos, ácidos graxos livres ou não-esterificados (AGL/AGNE) e diminuição dos níveis de glicose circulante (FLEMING, 2006).

Os corpos cetônicos são produtos oriundos do metabolismo dos ácidos graxos, sendo eles, o β-hidroxibutirato (βHB), o acetoacetato e a acetona. Em situações normais os corpos cetônicos estão em baixas concentrações sanguíneas (máximo 10 mg/dL), mas em casos onde há insuficiência de energia exigida pelo animal e uma boa reserva de lipídeos, ocorre o processo conhecido como lipomobilização que é a hidrólise dos triglicerídeos nos depósitos de gordura corporal, este processo libera uma grande quantidade de ácidos graxos livres (AGL) para a circulação sanguínea para serem oxidados. Esta liberação em excesso também faz com que grande quantidade de AGL sejam oxidados, acarretando em um aumento de corpos cetônicos no sangue (GONZÁLEZ, 2009).

A cetose pode ser classificada como subclínica ou clínica, a forma subclínica é a mais comum, onde o animal é acometido pela doença e este reduz o seu desempenho produtivo, existe um aumento de corpos cetônicos, chegando em até 20 mg/dL, porém não são suficientes para a manifestação dos sinais clínicos, já na forma clínica da doença os corpos cetônicos se encontram acima de 20 mg/dL, em maiores concentrações, e comumente acima de 25 mg/dL evidenciando assim os sinais clínicos (SANTOS, 2006).

Esta doença pode ser de origem primária ou secundária, a forma primária ocorre em vacas de boa condição corporal e alta capacidade de produção (RADOSTITS et al., 2010), devido um balanço energético negativo que se inicia no final da gestação e se estende durante o início da lactação, onde a capacidade de ingestão de alimentos não é suficiente para atender a exigência energética requerida pelo animal (FLEMING, 2006), já a forma secundária

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18 acontece quando outras enfermidades levam o animal reduzir o seu consumo de alimento (RADOSTITS et al., 2010).

Os sinais clínicos manifestam-se de forma gradativa, o animal acometido ingere uma menor quantidade de alimentos e diminui a produção de leite devido a diminuição de energia, seguido de apatia, emagrecimento progressivo, fezes secas e diminuição dos movimentos ruminais, já os parâmetros fisiológicos como temperatura, frequência cardíaca e respiratória encontram-se inalterados, em alguns casos sinais nervosos também podem ser observados, porém são menos frequentes(RADOSTITS et al., 2010).

O diagnóstico da doença clínica pode ser realizado através da constatação de fatores de risco, como o início da lactação, aliado aos sinais clínicos apresentados pelo animal (KAHN, 2008), já para o diagnóstico definitivo de cetose subclínica ou clínica, exames complementares podem ser realizados, detectando a presença de corpos cetônicos na urina, plasma ou leite, sendo as fitas colorimétricas de urina amplamente utilizadas nos bovinos leiteiros por serem de rápido e fácil diagnóstico (FLEMING, 2006).

O tratamento desta enfermidade se baseia principalmente na reconstituição do metabolismo energético normal para a produção leiteira (GUARD, 2000) e para isto são administradas soluções a base de glicose, e glicocorticóides por via intravenosa, para promover uma hiperglicemia transitória e reduzir a absorção de glicose, também podem ser utilizados precursores de glicose como o propilenoglicol e o glicerol por via oral ou junto à alimentação, fornecendo fonte para a gliconeogênese, prolongando assim o efeito hiperglicêmico (FLEMING, 2006).

O prognóstico desta enfermidade é considerado reservado, uma vez que os animais severamente acometidos podem necessitar um novo tratamento, pois este proporciona uma hiperglicemia transitória, no entanto esta pode não ser suficiente para suprir as necessidades energéticas do animal (GUARD, 2000). Para Radostits et al. (2010) dificilmente os animais acometidos morrem, no entanto a doença precisa ser diagnosticada e tratada logo após o surgimento dos sinais clínicos, evitando assim o agravamento do caso. A prevenção está diretamente ligada à condição corporal do animal no final da gestação, sendo os animais obesos mais propensos a desenvolver a doença (SANTOS, 2006).

A cetose é considerada uma doença de grande importância econômica para os rebanhos leiteiros, uma vez que a principal perda se deve a drástica diminuição da produção de leite, e após a recuperação o animal geralmente apresenta dificuldades para retomar o seu potencial de produção devido a um gasto excessivo das suas reservas de energia e gordura (RADOSTITS et al., 2010).

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19 O objetivo deste relato é descrever um caso clínico de cetose em uma fêmea bovina da raça holandesa, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

3.1.2 Metodologia e Resultados

Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, foi atendida uma fêmea bovina da raça holandesa, com aproximadamente quatro anos de idade, pesando 620 kg de peso vivo, em uma propriedade no interior do município de Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil.

Na anamnese, os proprietários relataram que a fêmea havia parido há 12 dias e necessitado de auxílio no momento do parto em decorrência de ser um parto gemelar, mas que a mesma havia expulsado a placenta logo após o parto. A queixa principal era a redução na ingestão de alimentos, o emagrecimento progressivo e a diminuição da produção de leite. A alimentação do animal era composta basicamente de silagem de milho e concentrado, no entanto a quantidade não foi informada, e água à vontade, sendo que a mesma permanecia em um sistema de confinamento Compost Barn com os demais animais em lactação.

Ao realizar o exame clínico, com o animal em estação, observou-se que a fêmea apresentava sinais de apatia e prostração, com um escore de condição corporal de 3,5 em uma escala de 1 a 5 (sendo que 1 é muito magro e 5 um animal obeso). Na auscultação foi possível verificar frequência cardíaca de 74 batimentos por minuto, frequência respiratória de 23 movimentos por minuto, motilidade ruminal menor do que 1 movimento por minuto, com temperatura retal de 38,5°C e mucosa vaginal rosada. Na palpação via retal, do trato reprodutivo, verificou-se que o útero se encontrava em processo de involução e sem presença de líquidos, pode-se também observar que as fezes eram secas e escassas, com um escore de fezes em torno de 4,0 em uma escala de 1 a 5 (sendo que 1 é muito líquida e 5 é seca).

Com base na anamnese e sinais clínicos apresentados, suspeitou-se de um caso de cetose, foi então utilizado o aparelho Ketovet®, para mensuração de β-hidroxibutirato (βHB) no sangue, o qual confirmou uma concentração de 5,7 mmol/L, confirmando o diagnóstico de cetose clínica.

Após, foi instituído o tratamento com glicose 50%, no volume de 1000 mL, por via intravenosa; dexametasona (Isacort®), na dose de 0,03 mg/kg, no volume de 10,0 mL, por via intravenosa; uma solução polivitamínica e minerais (Mercepton®), no volume de 100 mL, via

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20 intravenosa, composta por acetil D-L-Metionina (5,00g), Cloreto de colina (2,00g), Cloridrato de tiamina (1,00g), Cloridrato de piridoxina (0,04g), Cloridrato de L-arginina (0,60g), Riboflavina (0,02g), Nicotinamida (0,50g), Pantotenato de Cálcio (0,20g), Glicose (20,0g).

Recomendou-se aos proprietários, repetir a aplicação de dexametasona (Isacort®), na dose de 0,03 mg/kg, no volume de 10,0 mL, por via intramuscular, uma vez ao dia, por um período de dois dias. Após quatro dias do atendimento clínico, em conversa com os proprietários, os mesmos informaram que o animal havia apresentado melhora significativa do quadro clínico, ingerindo a alimentação normalmente e aumentando a produção de leite de forma gradativa.

3.1.3 Discussão

A cetose é uma doença metabólica que afeta principalmente vacas leiteiras de alta produção, geralmente isto ocorre durante o primeiro mês após o parto em fêmeas que estejam com a capacidade de ingestão de alimentos diminuída ou que entram em um balanço energético negativo (SCHILD, 2001).

Para Radostits et al. (2010) vacas com gestação gemelar apresentam um maior risco de desenvolver a doença no estágio final de gestação ou geralmente logo após o parto pois há o início da lactação e consequentemente uma maior necessidade de energia, isto ocorre pois a prenhez gemelar ocupa um grande espaço na cavidade abdominal, comprimindo o rúmen e diminuindo assim a capacidade na ingestão de alimentos de forma significativa, condizendo com o caso, onde a fêmea havia parido gêmeos, fato este que provavelmente acarretou em uma privação nutricional devido a baixa capacidade de ingestão de alimentos.

A fêmea apresentava um escore de condição corporal de 3,5 no momento do atendimento clínico, 12 dias pós-parto, ou seja, depois de um emagrecimento progressivo. Para Santos (2006) os animais que chegam ao final da gestação com escore de condição corporal acima de 3,5 estão mais predispostos a desenvolver a cetose, pois animais obesos antes do parto consomem uma menor quantidade de matéria seca do que aqueles com uma condição corporal adequada, em decorrência principalmente do tecido adiposo afetar as concentrações de leptina que inibem o neuropetídeo, responsável por estimular o apetite atuando nos centros de saciedade do sistema nervoso central.

Neste caso, logo após o parto a fêmea foi remanejada para um lote de animais de alta produção, os quais recebiam alimentação em maiores quantidades para expressarem o seu potencial de produção, no entanto a quantidade não foi informada. Entretanto de acordo com

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21 Fleming (2006) a ração ofertada para a produção de leite no início da lactação, deve ser introduzida de forma gradativa, evitando a alta produção de leite logo após o parto, devendo ser fornecida aos animais uma dieta altamente palatável e de alto valor energético para que esta colabore nas exigências necessitadas pelo animal as quais não são suficientemente supridas pela alimentação.

Para Schild (2001) esta doença acomete normalmente vacas alimentadas com grandes quantidades de concentrados e que possuem um elevado escore de condição corporal, sendo mais frequente em animais confinados, estando de acordo com o caso, onde a fêmea era criada em um sistema de confinamento intensivo e permanecia em um lote de alta produção, recebendo alimentação em maiores quantidades, inclusive o concentrado, por ser um animal de alta capacidade produtiva.

Os sinais apresentados pelo animal de apatia e prostração para Radostits et al. (2010) são geralmente observados em casos de cetose, onde o animal acometido apresenta-se com a aparência deprimida, relutância para se locomover e para se alimentar, estes sinais estão diretamente ligados a alimentação deficiente, e ao acúmulo de gordura no fígado, impedindo o armazenamento e a liberação da glicose. O histórico do animal de emagrecimento progressivo associado à queda na produção de leite, de acordo com Vieira (2000) é comum em casos de cetose, sendo estes os primeiros sintomas observados nos animais acometidos, ocorrendo em resposta a redução do consumo de energia (RADOSTITS et al., 2010).

Para Feitosa (2008) os parâmetros observados durante a realização do exame clínico no animal, como frequência cardíaca de 74 batimentos por minuto, frequência respiratória de 23 movimentos por minuto, temperatura real de 38,5°C e mucosa vaginal rosada, estão dentro dos parâmetros fisiológicos esperados para bovinos adultos. Já a motilidade ruminal menor do que 1 movimento por minuto está reduzida, mas de acordo com Fleming (2006) isto pode acontecer, principalmente em casos de anorexia, redução ou ausência no consumo de alimentos, levando a diminuição dos movimentos peristálticos, estando de acordo com o caso.

Na palpação via retal do trato reprodutivo, verificou-se que o útero estava em processo de involução e sem presença de líquidos, este procedimento segundo Fleming (2006) foi apropriado, sendo importante a realização dos exames físicos, podendo assim diferenciar casos de cetose primária de secundária, onde em casos secundários deve ser realizado o tratamento das enfermidades concomitantes, porém neste caso não foi diagnosticado nenhuma outra doença além da cetose. Para Radostits et al. (2010) as fezes secas e escassas são anormais, porém são comumente vistas em animais acometidos por esta doença, resultado que ocorre principalmente em consequência da hipomotilidade e alimentação deficiente.

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22 Para Schild (2001) o diagnóstico da doença pode ser realizado através do histórico do animal aliado aos sinais clínicos observados, e também pela presença de corpos cetônicos existentes na urina, plasma ou leite, condizendo com o caso onde a fêmea atendida apresentou sinais clínicos compatíveis com os sinais observados nesta doença. Também foi diagnosticado a presença de corpos cetônicos no sangue do animal com auxílio do aparelho Ketovet®, confirmando o diagnóstico de cetose clínica, sendo os valores de referência de 0 a 1,2 mmol/L para animais normais, 1,2 a 5,0 mmol/L para animais acometidos por cetose subclínica e acima de 5,0 mmol/L para animais com cetose clínica.

Para o tratamento desta doença foi instituído uma terapia com glicose 50%, no volume de 1000 mL, por via intravenosa, estando de acordo com Radostits et al. (2010) que indica a administração de glicose 50% para promover uma hiperglicemia transitória, causando um aumento na secreção de insulina e diminuição da secreção de glucagon, reduzindo a concentração plasmática de ácidos graxos não-esterificados (AGNE), promovendo a melhora clínica do animal. O volume empregado neste caso foi de 1000 mL, porém para Radostits et al. (2010) geralmente 500 mL são suficientes, no entanto o mesmo cita que o volume pode ser ajustado de acordo com o tamanho do animal, capacidade de produção e gravidade do caso.

A utilização da dexametasona é uma prática comum no tratamento de animais acometidos por esta enfermidade (SANTOS, 2006), conforme realizado. Para Kahn (2008) doses 5 a 20 mg proporcionam uma resposta terapêutica de maior duração, estando de acordo com o caso onde a dose utilizada foi de 0,03 mg/kg, totalizando 20 mg. Os glicocorticoides são utilizados nestes casos para prolongar o efeito hiperglicêmico da glicose, diminuindo a absorção tecidual da mesma, além de reduzir a produção de leite por até três dias, diminuindo a energia exigida pelo animal (FLEMING, 2006). Aumentando assim as concentrações de glicose circulante e a sua disponibilidade para o tecido hepático, facilitando a oxidação dos ácidos graxos (SANTOS, 2006). A utilização de glicocorticoides por via intravenosa para o tratamento de cetose é fundamental para gerar uma hiperglicemia, promovendo a melhora clínica do animal e diminuindo as chances de recidivas (RADOSTITS et al., 2010). O uso da dexametasona é aprovado para bovinos, porém esta não possui um período de carência bem definido, sendo recomendado pelo menos 96 horas de carência para o leite (PAPICH, 2012).

Para Kahn (2008) o tratamento com glicose e glicocorticoides pode ser repetido, diminuindo as chances de recidivas, estando de acordo com o caso onde foi recomendado repetir a aplicação de dexametasona, por via intramuscular, durante dois dias. Ainda para Papich (2012) a aplicação da dexametasona deve ser realizada por via intravenosa ou intramuscular, condizendo com o caso.

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23 A aplicação de terapia de suporte, para auxiliar no tratamento, é empregada para estimular as defesas do organismo contra agentes hepatotóxicos adjuvados pela glicose, com ação protetora do parênquima hepático contra agentes nocivos e com vitaminas do complexo B, que intensificam o mecanismo de proteção e estimulam a transmetilação do fígado (MERCEPTON, 1970). Alguns agentes existentes na composição do Mercepton® de acordo Fleming (2006) podem ser utilizados como suplementos alimentares, capazes de aumentar a mobilização de gordura do fígado.

Para prevenir a ocorrência de cetose o ideal é amenizar o balanço energético negativo pós-parto, para isto segundo Radostits et al. (2010) é importante que as vacas cheguem ao momento do parto com um bom escore de condição corporal, evitando a obesidade e também a desnutrição. Logo, é importante ressaltar que esta é uma doença de origem metabólica de grande importância econômica para a atividade leiteira, responsável por grandes prejuízos ocasionados principalmente pela drástica diminuição na produção de leite, sendo de suma importância o rápido diagnóstico e o breve tratamento.

3.1.4 Conclusão

A partir do relato de caso acima descrito, conclui-se que a fêmea foi acometida pela enfermidade denominada de cetose, na forma clínica e de origem primária, causada principalmente pela gestação gemelar que levou a uma limitação no consumo de alimentos. O diagnóstico foi confirmado pelo teste com o auxílio do aparelho Ketovet®, sendo que o tratamento empregado neste caso foi efetivo, proporcionando a melhora clínica do animal.

3.1.5 Referências Bibliográficas

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FLEMING, S. A. Enfermidades Endócrinas e Metabólicas. In: SMITH, B. P. Medicina Interna de Grandes Animais. 3. ed. Barueri: Manole, 2006. cap. 39, p. 1233-1265.

GONZÁLEZ, F. H. D. Ferramentas de diagnóstico e monitoramento das doenças metabólicas. Ciência Animal Brasileira, Goiás, 2009. p. 1-22.

GUARD, C. Doenças Metabólicas: Uma Abordagem de Rebanho. In: REBHUN, W. C. Doenças do Gado Leiteiro. 1 ed. São Paulo: Roca, 2000. cap. 15, p. 613-620.

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24 KAHN, C. M. Doenças Metabólicas. In:__Manual Merck de Veterinária. 9. ed. São Paulo: Roca, 2008. cap. Doenças Metabólicas, p. 681–710.

MERCEPTON: Antitóxico injetável. Rio de Janeiro: Laboratório Bravet Ltda, 1970. Bula de remédio.

PAPICH, M. G. Manual Saunders de Terapia Veterinária Pequenos e Grandes Animais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 829 p.

RADOSTITS, O. M. et al. Doenças Metabólicas. In:__Clínica Veterinária: Um Tratado de Doenças dos Bovinos, Ovinos, Suínos, Caprinos e Equinos. 9. ed. Rio de Janeiro:

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SANTOS, J. E. P. Distúrbios Metabólicos. In: BERCHIELLI, T. T.; PIRES, A. V.;

OLIVEIRA, S. G. Nutrição de Ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2006. cap. 15, p. 423-496. SCHILD, A. L. Doenças metabólicas. In: CORREA, F. R. et al. Doenças de Ruminantes e Equinos. 2. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2001. cap. 5, p. 335-348.

VIEIRA, P. F. Problemas relacionados com o confinamento do gado leiteiro. In: PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. Bovinocultura Leiteira: Fundamentos da

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25 4 RELATO DE CASO

4.1 DESLOCAMENTO DE ABOMASO A ESQUERDA EM UMA FÊMEA BOVINA DA RAÇA HOLANDESA

4.1.1 Introdução

O deslocamento de abomaso é uma enfermidade de origem metabólica observada principalmente em rebanhos leiteiros de alta produção. A causa do deslocamento é multifatorial, sendo pré-requisito para a sua ocorrência a hipomotilidade seguido da distensão gasosa do abomaso. Este fato ocorre geralmente em vacas após o parto, alimentadas com altos níveis de concentrados, favorecendo a diminuição da motilidade e o acúmulo de gás (RADOSTITS et al., 2010). O abomaso parcialmente distendido com gás se desloca pela parede abdominal, lateralmente ao rúmen, saindo de sua posição anatômica (KAHN, 2008).

Os sinais clínicos comumente observados nestes casos são anorexia, defecação escassa, diminuição de movimentos ruminais, drástica redução na produção de leite e na ingestão de alimentos (GUARD, 2006), já a temperatura, frequência cardíaca e frequência respiratória geralmente permanecem normais (REBHUN, 2000).

O diagnóstico é realizado através da auscultação simultaneamente a percussão, sendo audível um som característico metálico-timpânico denominado de “ping” no local em que se encontra o abomaso, diagnosticando o deslocamento do mesmo (GUARD, 2006). O abomaso deslocado manifesta este som timpânico em local de tamanho variável, dependendo da quantidade de conteúdo gasoso existente no abomaso (DIRKSEN, 2008).

O tratamento para a correção do deslocamento consiste no reposicionamento do abomaso para a sua posição anatômica, podendo ser realizado através de métodos não cirúrgicos ou cirúrgicos, no entanto as técnicas cirúrgicas são mais utilizadas por apresentarem maior eficiência e diminuir consideravelmente os casos de recidivas em lactações seguintes (RADOSTITS et al., 2010), ainda é importante para o tratamento corrigir possíveis anormalidades hidroeletrolíticas utilizando terapias de suporte (GUARD, 2006).

As correções cirúrgicas geralmente apresentam um bom prognóstico, mas para isto é fundamental o rápido diagnóstico e a pronta correção cirúrgica (KAHN, 2008). Geralmente, grande parte dos animais que passam por procedimentos cirúrgicos para a correção do deslocamento de abomaso apresentam resultados satisfatórios quando a técnica utilizada e o pós-operatório são realizados corretamente (GUARD, 2006).

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26 Para diminuir a ocorrência deste problema é essencial adequar o manejo e a nutrição das vacas durante o período seco, a fim de evitar a ocorrência do balanço energético negativo, para isto é indispensável assegurar a ingestão de matéria seca no final da gestação, fornecer alimentos volumosos de boa qualidade e restringir a alimentação concentrada (RADOSTITS et al., 2010), estimulando a motilidade dos pré-estômagos, entre eles o abomaso, para assim evitar a hipomotilidade ou a atonia, também é importante reduzir a ocorrência de doenças inflamatórias que podem acarretar em uma diminuição no consumo de alimentos (GUARD, 2006). A incidência de deslocamentos também pode ser diminuída se realizado um rápido enchimento ruminal (KAHN, 2008), expandindo fisicamente o rúmen, gerando uma barreira que dificulta o deslocamento do abomaso na cavidade abdominal (RADOSTITS et al., 2010).

Esta doença é responsável por grande parte das perdas econômicas existentes na bovinocultura leiteira, principalmente pela drástica diminuição na produção de leite durante o deslocamento do abomaso e o descarte do produto ao longo do pós-operatório, além de custo para a realização da cirurgia e de medicamentos (RADOSTITS et al., 2010).

O objetivo deste relato é descrever um caso de deslocamento de abomaso à esquerda, em uma fêmea bovina da raça holandesa, acompanhado durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

4.1.2 Metodologia e Resultados

Durante o período de Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, realizado na Cotripal Agropecuária Cooperativa, foi atendida uma fêmea bovina da raça holandesa, com aproximadamente cinco anos de idade, pesando 637 kg de peso vivo, em uma propriedade no interior do município de Palmeira das Missões, Rio Grande do Sul, Brasil.

Na anamnese a proprietária relatou que a fêmea havia parido há nove dias, necessitando de auxílio no momento do parto, por ser um bezerro macho de grande porte, mas informou que a placenta foi expulsa logo após o parto. A queixa principal era o emagrecimento progressivo do animal e a drástica diminuição na produção de leite há aproximadamente três dias. A alimentação do animal era composta de silagem de milho, concentrado e água à vontade, e a mesma permanecia em um sistema de confinamento Compost Barn, junto com os demais animais em lactação.

Ao realizar o exame clínico, constatou-se que a fêmea apresentava um escore corporal de 3,0 em uma escala de 1 a 5 (sendo que 1 é muito magro e 5 um animal obeso). Na

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27 auscultação foi possível verificar frequência cardíaca de 68 batimentos por minuto, frequência respiratória de 24 movimentos por minuto e motilidade ruminal menor do que 1 movimento por minuto, a temperatura retal aferida foi de 38,6°C. Após, foi realizado a percussão sonora no lado esquerdo do animal com o auxilio do estetoscópio, entre os espaços intercostais e a fossa paralombar, auscultando o som característico de “ping metálico” entre 10ª e 13ª espaço intercostal, realizando também a auscultação do lado direito onde não foi diagnosticado nenhum som anormal. Na palpação retal, do trato reprodutivo, verificou-se que o útero estava em processo de involução, e também que havia reduzida quantidade de fezes no reto.

Após a anamnese e exames clínicos, foi diagnosticado que o caso se tratava de um deslocamento de abomaso à esquerda, sendo então realizada a correção cirúrgica do caso utilizando a técnica de abomasopexia pelo flanco esquerdo.

Antes de iniciar o procedimento, foi realizada a higienização do local com água e sabão na fossa paralombar esquerda, seguido de tricotomia ampla no local e lavagem com água e Cloreto de alquil dimetil benzil amônio (CB30®). Realizou-se o mesmo procedimento na linha média ventral, ao lado direito do umbigo, para posterior fixação do abomaso. Realização de antissepsia no local a ser realizada a incisão com iodo (Iodo glicerinado®), no volume de 50 mL, e álcool.

Após a antissepsia se deu início ao procedimento, realizando anestesia local com uma associação de cloridrato de lidocaína sem vasoconstritor (2,00 g) e adrenalina (2,00 mg) (Anestésico Bravet®), no volume de 100 mL; usando a técnica linear, anestesiando a linha de incisão em três camadas, pele, subcutâneo e muscular, posteriormente prévia higienização das mãos com água e detergente, e troca de luvas.

Com o auxílio de um bisturi foi realizada uma incisão para uma laparotomia exploratória na fossa paralombar esquerda, incisando a pele e subcutâneo, músculo oblíquo abdominal externo e interno, transverso do abdômen e peritônio, visualizando o abomaso deslocado. Utilizando uma agulha e um fio de náilon número 3, realizou-se uma sutura continua festonada na curvatura maior do abomaso, deixando duas extremidades de fio para realizar a fixação do mesmo no assoalho do abdômen. Logo após, com o auxílio de uma agulha de metal em aço inoxidável de tamanho 40x16 e mangueira especifica, foi realizada a descompressão do órgão para a retirada de gás e posterior reposicionamento em seu local anatômico. Para a passagem dos fios de nylon na parede lateral ventral direita, foi utilizada uma agulha curva, direcionando o fio ao local desejado, protegendo a extremidade da agulha com a mão para evitar perfurações. Repetiu-se o procedimento com o outro fio, reposicionando o abomaso no assoalho da cavidade abdominal. Posteriormente, já no meio

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28 externo, os fios foram transpassados em um botão, realizando um nó de cirurgião e mais quatro nós simples, fixando então o abomaso em seu local anatômico.

A sutura na fossa paralombar esquerda foi realizada em três camadas, a primeira com o peritônio e o músculo transverso do abdômen, realizada com fio categute cromado número 4, em sutura continua simples, a segunda com o músculo oblíquo abdominal externo e interno, e subcutâneo, aproximados com categute simples número 3, através de uma sutura continua simples, reforçando a sutura com pontos simples em sultan, a terceira e última camada foi à pele, com fio de náilon não absorvível e sutura continua festonada. Após o procedimento foi realizada a lavagem do local com ringer lactato e aplicado spray à base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina de prata (Aerocid total®).

Para o pós-cirúrgico institui-se a terapia com solução energética, hidratante e polivitamínica (Fortemil®), no volume de 500,0 mL, por via intravenosa; solução polivitamínica e minerais (Mercepton®), no volume de 100 mL, por via intravenosa; glicose 50%, no volume de 500 mL, por via intravenosa; aplicou-se Benzilpenicilina G Procaína, na dose de 10.989 UI/kg, Benzilpenicilina G Benzatina, na dose de 10.989 UI/kg, Sulfato de Dihidroestreptomicina, na dose de 11,54 mg/kg, Piroxicam, na dose de 1,09 mg/kg (Pencivet®), no volume de 70 mL, por via intramuscular, uma vez ao dia, por um período de cinco dias; megluminato de flunixina (Flunixina injetável UCB®), na dose de 2,1 mg/kg, no volume de 15 mL, por via intramuscular, uma vez ao dia, durante três dias e aplicação de spray à base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina de prata (Aerocid total®) no local da incisão, na fossa paralombar e no ponto no assoalho ventral da cavidade abdominal.

Além disso, foi recomendado fornecer ao animal somente alimentos volumosos e água à vontade, durante os sete primeiros dias após a cirurgia, reintroduzindo a alimentação concentrada na dieta de forma gradativa. Após 16 dias foi retornado a propriedade para realizar a remoção dos pontos de pele, observando que o local da incisão estava bem cicatrizado, em conversa com a proprietária a mesma relatou que a fêmea se alimentava normalmente e aumentava a produção de leite de forma gradativa.

4.1.3 Discussão

O deslocamento de abomaso é a doença mais comum que afeta o abomaso dos ruminantes, sendo uma enfermidade do trato digestório notada principalmente em rebanhos leiteiros (SANTOS, 2006). De acordo com Radostits et al. (2010) o deslocamento do abomaso a esquerda, ocorre comumente em vacas adultas de grande porte, geralmente dentro das seis

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29 primeiras semanas após o parto, condizendo com o caso onde a fêmea atendida possuía aproximadamente cinco anos de idade, 637 kg de peso vivo, e havia parido há nove dias um bezerro de grande porte.

Para Kahn (2008) em casos típicos de deslocamento de abomaso, os primeiros sinais clínicos são a perda de apetite e a anorexia, devido à impossibilidade de realizar a digestão. A função do abomaso nos ruminantes é realizar a digestão de substratos degradados parcialmente nos compartimentos anteriores, com este distendido e deslocado o mesmo não consegue realizar este processo de digestão do alimento, ocasionando a diminuição da produção de leite, estando de acordo com a queixa relatada pela proprietária de emagrecimento progressivo e drástica diminuição na produção de leite.

A alimentação do animal era composta de silagem de milho, concentrado e água à vontade, e a mesma permanecia em um sistema de confinamento Compost Barn, segundo Santos (2006) as dietas ricas em alimentos concentrados são altamente fermentáveis, promovendo a diminuição da ruminação e também da contratilidade do abomaso, facilitando o acúmulo de gás e dificultando o seu esvaziamento. Para Radostits et al. (2010) durante a gestação o rúmen é comprimido e elevado do assoalho abdominal em decorrência da expansão do útero e o abomaso empurrado para frente e para a esquerda, após o parto o rúmen desce e pressiona o abomaso atônico e distendido por gás, ocasionando o deslocamento.

Os parâmetros observados na auscultação de frequência cardíaca de 68 batimentos por minuto, frequência respiratória de 24 movimentos por minuto e temperatura retal de 38,6°C, de acordo com Feitosa (2008) são considerados normais para bovinos adultos, porém Kahn (2008) ressalta que animais acometidos pelo deslocamento geralmente não apresentam alterações em seus parâmetros fisiológicos. Para Dirksen (2008) a atividade normal do rúmen de bovinos adultos é de duas a três contrações fortes a cada dois minutos, mas após horas de jejum o rúmen tende a repousar, diminuindo os movimentos peristálticos, justificando a motilidade ruminal diminuida e também a pouca quantidade de fezes no reto.

A percussão sonora e a auscultação simultânea entre o terço superior da nona e 13° costela (KAHN, 2008) e a palpação da fossa paralombar esquerda normalmente fazem surgir altos sons metálicos “pings”, característicos do deslocamento de abomaso (RADOSTITS et al., 2010), condizendo com o caso, onde foi audível o som característico de “ping”, entre o 10ª e 13ª espaço intercostal, diagnosticando o deslocamento de abomaso a esquerda.

Os sinais clínicos descritos pelos autores acima citados conferem com a sintomatologia apresentada pelo animal neste caso. Desde modo, o diagnóstico foi realizado em base a anamnese e os sinais clínicos observados, e confirmado após a realização de uma

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30 laparotomia exploratória pelo flanco esquerdo, visualizando o abomaso ectópico, utilizando a técnica de abomasopexia pelo flanco esquerdo para a correção do deslocamento, estando de acordo com Turner e McIlwraith (2002) que indica a realização da laparotomia exploratória do lado esquerdo para o diagnóstico e correção do deslocamento de abomaso, sendo a abomasopexia pelo flanco esquerdo uma das técnicas recomendadas para a correção cirúrgica, permitindo o reposicionamento e a fixação do abomaso em seu local anatômico.

A região da fossa paralombar esquerda deve ser tricotomizada e preparada para o procedimento cirúrgico com prévia higienização, realizando o mesmo procedimento na linha média ventral, desde o processo xifoide até o umbigo, e da linha média a veia abdominal subcutânea, para posterior fixação do abomaso (HENDRICKSON, 2010), estando de acordo com o procedimento realizado neste caso.

A realização da anestesia local com uma associação de cloridrato de lidocaína sem vasoconstritor, associado à adrenalina, no volume de 100 mL, está de acordo com Papich (2012) sendo recomendado por ser um anestésico local que inibe a condução nervosa bloqueando os canais de sódio, além de possuir propriedades antiarrítmicas, esta associação de cloridrato de lidocaína com a adrenalina tem a finalidade de prolongar a ação anestésica quando utilizadas em anestesias locais. Para este procedimento foi empregado à técnica linear, anestesiando a linha de incisão em três camadas, pele, subcutâneo e muscular, estando de acordo com Turner e McIlwraith (2002) que recomenda esta técnica para a realização do bloqueio anestésico, podendo também ser utilizado o bloqueio paravertebral ou L invertido.

A laparotomia exploratória geralmente é realizada com o animal em estação, após a anestesia local, incisando a pele e subcutâneo, músculo oblíquo abdominal externo, oblíquo abdominal interno, transverso do abdômen e peritônio, acessando o meio interno da cavidade abdominal, visualizando o abomaso ectópico (TURNER e MCILWRAITH, 2002), estando de acordo com o procedimento realizado neste caso. A abomasopexia pelo flanco esquerdo seguiu a técnica indicada por Hendrickson (2010) possibibilitando a fixação direta do abomaso na parede ventral do abdômen, reposionando o mesmo em seu local anatômico.

A incisão realizada para a laparotomia exploratória, geralmente é fechada em três camadas, a primeira fechando o peritônio e o músculo transverso do abdômen em sutura continua simples, utilizando categute cromado de número 3, a segunda com o músculo oblíquo abdominal externo e interno, e subcutâneo em sutura continua simples, com categute simples de número 3, já a terceira camada deve ser à pele, em sutura contínua festonada com fio caprolactam polimerizado (TURNER e MCILWRAITH, 2002), condizendo em grande parte com o procedimento realizado neste caso, diferindo somente o número do fio utilizado

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31 na primeira linha de sutura e o material do fio utilizado na terceira linha de sutura, onde neste caso foi utilizado o náilon.

Segundo Guard (2006) o pós-cirúrgico instituído envolve a terapia de suporte, justificando o emprego da solução energética, hidratante e polivitamínica Fortemil®, no volume de 500,0 mL, por via intravenosa, solução de Mercepton®, no volume de 100 mL, via intravenosa e glicose 50%, no volume de 500 mL, por via intravenosa, corrigindo possíveis anormalidades, devido principalmente à alimentação deficiente nestes casos, promovendo terapia de suporte para doenças concomitantes como a cetose e a hipocalcemia principalmente. Para Radostits et al. (2010) doenças como cetose, retenção de placenta, metrite e mastite, provocam inapetência, diminuindo a ingestão de alimentos e predispondo ao deslocamento, no entanto nenhuma outra enfermidade foi observada neste caso.

As benzilpenicilinas G também são chamadas de penicilinas de longa ação, em virtude do tempo que permanecem no organismo do animal (SPINOSA, 2010a). A Benzilpenicilina G Procaína e a Benzilpenicilina G Benzatina, presentes no produto utilizado neste caso são penicilinas naturais, que diferem somente pelas suas características farmacocinéticas, onde a Benzilpenicilina G Procaína leva de 1 a 3 horas para atingir níveis terapêuticos na corrente sanguínea, que são mantidos em torno de 12 horas, já a Benzilpenicilina G Benzatina atinge níveis terapêuticos dentro de 8 horas, com seus efeitos podendo perdurar de 3 a 30 dias. Estas devem ser administradas preferencialmente pela via intramuscular profunda, sendo lentamente liberadas. As penicilinas naturais têm curto espectro de ação, atuando principalmente sobre microrganismos gram-positivos (SPINOSA, 2010a), neste caso a dose administrada de Benzilpenicilina G Procaína, na dose de 10.989 UI/kg, Benzilpenicilina G Benzatina, na dose de 10.989 UI/kg, está de acordo com o recomendado (PENCIVET, 2001).

O Sulfato de Dihidroestreptomicina é um aminoglicosideo, com atividade predominante sobre microrganismos gram-negativos, sendo por isto geralmente associado às penicilinas naturais, visando ampliar o espectro de ação do produto. Este antibiótico atua interferindo na formação da proteína da bactéria, permitindo a incorporação de aminoácidos incorretos, ocasionando a morte celular, sendo a dose recomendada de 8 a 12 mg/kg (SPINOSA, 2010b) estando de acordo com a dose utilizada neste caso.

Já o Piroxicam é um potente antiinflamatório, analgésico e antipirético, classificado por ser um inibidor não seletivo das cicloxigenases, bloqueando a síntese das prostaglandinas que são importantes mediadores da dor, inflamação e febre, empregado para o alívio da dor após traumas agudos ou intervenções cirúrgicas (ANDRADE, 2008), sendo que a dose utilizada neste caso está de acordo com o recomendado em bula (PENCIVET, 2001).

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32 O Pencivet® foi instituído principalmente para prevenir infecções após a cirurgia, atuando sobre bactérias positivas e negativas, sensíveis aos princípios ativos existentes na composição, e também para eventuais processos inflamatórios, sendo o período de carência para o leite de cinco dias após a última aplicação (PENCIVET, 2001).

Para Papich (2008) o uso do megluminato de flunixina, na dose de 2,1 mg/kg, por via intramuscular, uma vez ao dia, durante três dias esta de acordo, sendo um anti-inflamatório não esteroidal (AINE), com efeitos analgésicos e anti-inflamatórios pela inibição da síntese de prostaglandinas, importantes mediadores da dor, inflamação e febre, com período de carência no leite de 72 horas após a última aplicação. Sendo aplicado neste caso para o alívio da dor e inflamação após a cirurgia.

O spray à base de clorfenvinfós, cipermetrina e sulfadiazina de prata foi utilizado para prevenir infecções no local da incisão e evitar miíases, para Sartor e Santarém (2010) o clorfenvinfós é um composto orgânico derivado do ácido fosfórico, utilizado para o controle de carrapatos e larvas, geralmente utilizado em associações com piretróides. A cipermetrina é um piretróide, composta de ésteres que são solúveis na maioria dos solventes orgânicos, sendo estável quando exposta ao ar e a luz, utilizada como ectoparasiticida. Já a sulfadiazina possui efeito bacteriostático e bactericida, sendo que em soluções os sais de prata são altamente germicidas (PAULINO, 2010), justificando o seu uso após a cirurgia até a cicatrização do local. Segundo Turner e McIlwraith (2002) os pontos de pele podem ser removidos 10 a 14 dias após a cirurgia, condizendo com o que foi executado neste caso.

Além disso, foi recomendado fornecer ao animal somente alimentos volumosos e água à vontade, durante sete dias após a cirurgia, reintroduzindo a alimentação concentrada gradativamente. Após a cirurgia é fundamental estimular a motilidade do órgão (HENDRICKSON, 2010). Para reduzir casos de deslocamento de abomaso é importante a ingestão de matéria seca no final da gestação, as fibras na dieta são responsáveis por aumentar o preenchimento ruminal e estimular a ruminação, já após o parto a silagem e os alimentos concentrados devem ser introduzidos lentamente na dieta (RADOSTITS et al., 2010).

4.1.4 Conclusão

A partir do relato de caso acima descrito, conclui-se que a fêmea bovina foi acometida pela patologia denominada de deslocamento de abomaso à esquerda, sendo realizada a correção cirúrgica através da técnica de abomasopexia pelo flanco esquerdo. O procedimento cirúrgico e o pós-operatório foram eficazes, proporcionando a melhora clínica do animal.

(33)

33 4.1.5 Referências Bibliográficas

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PAPICH, M. G. Manual Saunders de Terapia Veterinária Pequenos e Grandes Animais. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. 829 p.

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34 SPINOSA, H. S. Antibióticos: Aminoglicosídios, Polimixinas, Bacitracina e Vancomicina. In: SPINOSA, H. S.; GÓRNIAK, S. L.; BERNARDI, M. M. Farmacologia Aplicada à

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35 5 CONCLUSÃO

A realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporcionou um grande aprendizado, unindo o conhecimento teórico adquirido ao longo da graduação com a atividade prática, agregando conhecimentos necessários para a vida profissional. Conhecer a realidade enfrentada pelo médico veterinário que atua no campo e adquirir novos conhecimentos na área é fundamental para o exercício da profissão e para enfrentar a realidade de um profissional no mercado de trabalho.

O desafio de promover a melhora clínica de um animal exige uma conduta ética e tomada de decisões adequadas, abordando o conhecimento e o raciocínio lógico. Atuando na prevenção de patologias até o seu controle e profilaxia, sempre visando o bem estar dos animais e o auxílio ao produtor em sua atividade. O desajuste entre a genética, o manejo sanitário, reprodutivo e nutricional inadequado, acrescido à falha de imunização preventiva dos animais, torna fundamental a existência de profissionais capacitados.

Portanto, este estágio foi de grande valia, possibilitando exercer o cotidiano do profissional que trabalha a campo, permitindo o contato direto com profissionais da área e produtores. O setor agropecuário e as propriedades enfrentam diferentes problemas, sendo necessário um profissional qualificado e preparado, que seja capaz de realizar um atendimento de qualidade e solucionar problemas. Este estágio ainda permitiu aperfeiçoar a prática requerida para exercer a profissão, com excelentes profissionais, os quais colaboraram diretamente para o meu aprendizado.

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