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Relatório de estágio curricular supervisionado em Medicina Veterinária

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO

RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE ESTUDOS AGRÁRIOS

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Camila Ritterbusch Karlinski

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Ijuí, RS

2017

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Camila Ritterbusch Karlinski

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica Médica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica

Veterinária.

Orientadora: Prof.ª MV. Dr.ª Cristiane Beck Supervisor: MV. Rodrigo Friesen

Ijuí, RS 2017

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Camila Ritterbusch Karlinski

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

Relatório de Estágio Curricular Supervisionado na área de Clínica Médica de Pequenos Animais apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Médica

Veterinária.

Aprovado em 24 de novembro de 2017:

______________________________________________

Cristiane Beck MV. Dr.ª (UNIJUÍ) (Orientadora)

______________________________________________ Cristiane Elise Teichmann MV. MSc. (UNIJUÍ)

(Banca)

Ijuí, RS 2017

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DEDICATÓRIA

Às mulheres da minha família, em especial aquelas que me antecederam. Gratidão pelos caminhos, pelas dores e pelos amores que viveram, me dando a oportunidade de estar aqui. Gratidão pela vida!

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, primeiramente, por terem me dado a vida, assim como por todo apoio, incentivo e condições dadas para que eu pudesse me dedicar aos estudos, sendo fundamental para minha chegada até aqui. Obrigado por sempre terem acreditado em mim e por viabilizarem que eu realizasse tantos sonhos. Obrigado pela determinação e dedicação para que esse diploma chegasse. Todo meu amor e gratidão a vocês!

Agradeço a minha querida prima, Maikiara, pelo carinho de irmã e pela cumplicidade, além de todo incentivo para o meu estágio final e pelo amparo enquanto estive em Curitiba. Obrigada por tudo, te amo!

Agradeço a Pâmela, por estar presente nesse momento da minha vida, assim como em todos os outros, me ajudando, aconselhando e trazendo conforto no meio de toda tensão. Obrigado pela amizade incondicional, pela compreensão, pela preocupação e carinho comigo. Amo você!

Agradeço a toda equipe da Clinivet por ter me recebido e acolhido tão bem, me proporcionado ótimos momentos durante o estágio. Agradeço em especial a Dr.ªLília, pelos ensinamentos, conselhos e pelo carinho tão especial que teve comigo e a Dr.ªAna Letícia, por ter despertado o amor pela oftalmologia em mim. Levarei o tempo que passei com vocês sempre na minha memória e coração. Obrigado!

Agradeço também a equipe do Hospital Veterinário da Unijuí, pelo tempo incrível que passei junto à eles, dividindo conhecimento e experiências, onde aprendi tanto e também fiz muitas amizades que levarei para toda minha vida. Obrigada, amigos! Agradeço as professoras Cristiane Beck e Luciana Viero pela confiança e oportunidade do estágio.

Por fim, agradeço a todos os professores pela participação na minha formação, pelos conhecimentos compartilhados e pela ética ensinada, especialmente a minha orientadora, professora Cristiane Beck, por toda ajuda e atenção que teve comigo nesses momentos finais da faculdade. Gratidão!

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A grandeza de uma nação pode ser julgada pelo modo que seus animais são tratados.

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RESUMO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO EM MEDICINA VETERINÁRIA

AUTORA: Camila Ritterbusch Karlinski ORIENTADORA: Cristiane Beck

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Clinivet – Hospital Veterinário, em Curitiba-PR, na área de clínica médica de pequenos animais, no período de 06 de setembro de 2017 à 10 de outubro de 2017, totalizando 150 horas, sob orientação da Prof.ª Dr.a Cristiane Beck e supervisão interna do médico veterinário Rodrigo Friesen. Durante o estágio foi possível acompanhar diferentes atividades referentes a rotina da clínica de animais de companhia, como atendimentos clínicos, exames de imagem, procedimentos ambulatoriais e coleta de material biológico para exames. Dois casos, entre os acompanhados, foram selecionados para compor o relatório de conclusão de curso, sendo o primeiro um relato de caso de “Degeneração crônica de válvula atrioventricular bilateral em um canino”, e o segundo de “Neosporose Canina”. O estágio é uma oportunidade de viver a rotina clínica e aplicar na prática o conhecimento adquirido durante o curso, contribuindo para a construção da carreira profissional.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 12 Tabela 2 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes

sistemas orgânicos e doenças infecciosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 13 Tabela 3 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema

cardiovascular, hematopoiético e linfopoiético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 13 Tabela 4 – Tabela 4 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do

sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 14 Tabela 5 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo doenças infecciosas

durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 14 Tabela 6 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema

endócrino durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais no Clinivet Hospital Veterinário, no período de 09 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 15 Tabela 7 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema

nervoso e ortopédico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 15

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Tabela 8 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções oftálmicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 16 Tabela 9 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções de pele e

anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 17 Tabela 10 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema

respiratório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 18 Tabela 11 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema

urogenital durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 18 Tabela 12 – Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio

Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017... 19

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LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS

% Por cento 4+ Quatro cruzes

ALT Alanina aminotransferase BID Bis in die

bpm Batimentos por minuto g/dL Gramas por decilitro h Hora

ICC Insuficiência cardíaca congestiva

ICCD Insuficiência cardíaca congestiva direita ICCE Insuficiência cardíaca congestiva esquerda IECA Inibidor da enzima conversora de angiotensina IV Intravenoso

IVM Insuficiência valvular mitral IVT Insuficiência valvular tricúspide Kg Quilograma

LCR Líquido cefalorraquidiano mg/kg Miligramas por quilo ml Mililitro

mmHg Milímetros de mercúrio PAS Pressão arterial sistólica

PCR Reação em cadeia de polimerase pH Potencial hidrogeniônico

PR Paraná

RIFI Reação de imunofluorescência indireta SNC Sistema nervoso central

SNS Sistema nervoso simpático

SRAA Sistema renina angiotensina aldosterona TID Ter in die

VO Via oral μL Microlitros

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 11

2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 12

3 DESENVOLVIMENTO ... 21

3.1 CASO CLÍNICO 1: DEGENERAÇÃO CRÔNICA DE VÁLVULA ATRIOVENTRICULAR BILATERAL EM UM CANINO – RELATO DE CASO ... 21

3.1.1 Introdução ... 21

3.1.2 Metodologia... 23

3.1.3 Resultados e discussão ... 24

3.1.4 Conclusão ... 28

3.1.5 Referências bibliográficas... 29

3.2 CASO CLÍNICO 2: NEOSPOROSE CANINA – RELATO DE CASO ... 31

3.2.1 Introdução ... 31 3.2.2 Metodologia... 33 3.3.3 Resultados e discussão ... 33 3.3.4 Conclusão ... 36 3.3.5 Referências bibliográficas... 36 4 CONCLUSÃO ... 39 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 40

ANEXO A - ECOCARDIOGRAFIA DEMONSTRANDO O AUMENTO DAS CÂMARAS CARDÍACAS ... 43

ANEXO B – ECOCARDIOGRAFIA DEMONSTRANDO REGURGITAÇÃO DE VÁLVULA MITRAL ... 44

ANEXO C – ECOCARDIOGRAFIA DEMONSTRANDO REGURGITAÇÃO DE VÁLVULA TRICÚSPIDE ... 45

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1 INTRODUÇÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária foi realizado na Clinivet – Hospital Veterinário, na área de clínica médica de pequenos animais, no período de 06 de setembro a 10 de outubro de 2017, totalizando 150 horas, tendo a supervisão interna do Médico Veterinário Rodrigo Friesen e a orientação da Prof.ª Dr.ª Cristiane Beck.

A Clinivet é um hospital veterinário e centro diagnóstico fundado em 18 de março de 1987 e se localiza na rua Holanda, 894, bairro Boa Vista, em Curitiba-PR, com atendimento 24 horas. O hospital possui uma equipe composta por 45 médicos veterinários de diversas especialidades e também com uma equipe de enfermagem.

A estrutura conta com dez consultórios, sendo consultórios específicos para cardiologia, oftalmologia, atendimento de felinos e sala de imunização, além de centro de fisioterapia, centro de odontologia e sala de preparação de quimioterápicos. Possui ainda cinco salas de internamento, divididos em internamento geral, canil para animais de grande porte, gatil, doenças infectocontagiosas e tratamento semi-intesivo.

O centro de diagnóstico contempla um laboratório de análises clínicas, serviço de diagnóstico por imagem, com radiografia, ecografia, tomografia computadorizada e endoscopia. O serviço de cardiologia dispõe ainda de ecocardiografia e eletrocardiografia. O Bloco cirúrgico é composto por duas salas cirúrgicas, internamento pré-operatório, sala de preparo e esterilização de materiais e ala de recuperação pós-cirúrgica.

Durante o estágio foi possível vivenciar a rotina nas diferentes especialidades, acompanhando os atendimentos clínicos, atendimentos de emergência, realização de exames e procedimentos ambulatoriais. A escolha da Clinivet para a realização do estágio final se deu por se tratar de um centro de referência em medicina veterinária, contanto com excelentes profissionais, estrutura moderna, recursos diversificados e rotina intensa.

O objetivo do estágio é oportunizar ao acadêmico aplicar o que foi aprendido durante o curso, além de agregar mais conhecimento através da vivência prática e troca de experiências com colegas e profissionais. O contato com os médicos veterinários e clientes possibilita a construção de uma postura profissional humana e ética.

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2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária, na área de clínica médica de pequenos animais, na Clinivet – Hospital Veterinário, compreenderam o acompanhamento de atendimentos clínicas, auxílio na contenção dos animais, auxílio na coleta de materiais biológicos para exames complementares, acompanhamento de exames de imagem e procedimentos ambulatoriais. As referidas atividades estão detalhadas nas tabelas a seguir.

Tabela 1 – Procedimentos ambulatoriais realizados e/ou acompanhados durante o Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Procedimentos Nº Cães Nº Gatos Total % Administração de medicamentos 20 07 27 5,6 Aferição de pressão arterial 15 07 22 4,5 Atendimentos clínicos 172 31 203 41,9 Coleta de sangue 148 27 175 36,2 Coleta de urina ecoguiada 41 07 48 9,9

Eutanásia 01 01 02 0,4

Limpeza de feridas 03 00 03 0,6 Limpeza de miíase 01 00 01 0,2 Sutura de laceração 01 00 01 0,2 Remoção de pontos cirúrgicos 02 00 02 0,4

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Tabela 2 – Diagnósticos clínicos estabelecidos de acordo com os diferentes sistemas orgânicos e doenças infecciosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Sistemas Nº Cães Nº Gatos Total % Cardiovascular, hematopoiético e linfopoiético 14 05 19 9,45 Digestório 18 08 26 12,94 Doenças infecciosas 07 04 11 5,47 Endócrino 08 00 08 3,98 Nervoso e ortopédico 06 01 07 3,48 Oftálmico 62 3 65 32,34 Pele e anexos 30 5 34 16,92 Respiratório 05 01 06 2,99 Urogenital 21 04 25 12,44 Total 171 31 201 100,00

Tabela 3 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema cardiovascular, hematopoiético e linfopoiético durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total % Anemia hemolítica imunomediada 00 01 01 5,26 Cardiomiopatia hipertrófica 00 01 01 5,26 Insuficiência cardíaca bilateral 11 03 14 73,68 Insuficiência cardíaca esquerda 01 00 01 5,26

Linfoma 02 00 02 10,53

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Tabela 4 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema digestório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Colecistite 02 00 02 7,69

Colestase 02 00 02 7,69

Dipilidiose 00 02 02 7,69

Doença inflamatória intestinal 00 02 02 7,69

Enterite 01 00 01 3,85 Epúlide acantomatoso 02 00 02 7,69 Gastroenterite 02 01 03 11,54 Gastroenterite medicamentosa 01 01 02 7,69 Granuloma eosinofílico 00 01 01 3,85 Hepatopatia crônica 01 00 01 3,85 Lama biliar 02 00 02 7,69 Pancreatite 01 00 01 3,85 Saculite 04 01 05 19,23 Total 18 08 26 100,00

Tabela 5 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo doenças infecciosas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total % Clamidiose felina 00 01 01 8,33 Giardíase 00 01 01 8,33 Leishmaniose 01 00 01 8,33 Leptospirose 04 00 04 33,33 Neosporose 01 00 01 8,33 Toxoplasmose 00 01 01 8,33

Traqueobronquite infecciosa canina 02 00 02 16,67 Vírus da leucemia felina 00 01 01 8,33

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Tabela 6 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema endócrino durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total % Diabetes mellitus 05 00 05 62,50 Hipotireoidismo 01 00 01 12,50

Pseudociese 02 00 02 25,00

Total 08 00 08 100,00

Tabela 7 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema nervoso e ortopédico durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Artrose 01 00 01 14,29

Hérnia de disco L7-S1 00 01 01 14,29 Luxação de patela grau 2 01 00 01 14,29

Meningioma 01 00 01 14,29

Ruptura ligamento cruzado 01 00 01 14,29 Síndrome vestibular periférica 02 00 02 28,57

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Tabela 8 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções oftálmicas durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total % Atrofia progressiva de retina 02 00 02 3,08

Catarata 07 00 07 10,77

Ceratopatia bolhosa 01 00 01 1,54 Ceratite crônica 00 01 01 1,54 Ceratite eosinofílica 01 00 01 1,54 Ceratite pigmentar 01 00 01 1,54 Ceratite por exposição 01 00 01 1,54 Ceratoconjuntivite seca 12 00 12 18,46 Conjuntivite por irritação 01 00 01 1,54

Dacriocistite 01 00 01 1,54 Descemetocele 01 00 01 1,54 Esclerose da lente 03 00 03 4,62 Florida spot 00 01 01 1,54 Glaucoma 03 00 03 4,62 Hemorragia subconjuntival 01 00 01 1,54 Lipidose da córnea 01 00 01 1,54 Luxação da lente 02 00 02 3,08 Miíase 01 00 01 1,54 Neurite óptica 01 00 01 1,54 Úlcera de córnea 17 00 17 26,15 Úlcera de córnea indolente 04 01 05 7,69 Uveíte facogênica 01 00 01 1,54

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Tabela 9 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções de pele e anexos durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total % Carcinoma mamário 01 00 01 2,86 Cisto dermóide 00 01 01 2,86

Demodicose 02 00 02 5,71

Dermatite alérgica à saliva da pulga 01 00 01 2,86 Dermatite atópica canina 09 00 09 25,71

Dermatofitose 00 01 01 2,86

Esteatite 01 00 01 2,86

Hipersensibilidade alimentar 01 01 02 5,71 Laceração por trauma 01 00 01 2,86 Lacerações por interação animal 02 00 02 5,71

Lipoma 01 00 01 2,86 Malasseziose cutânea 03 00 03 8,57 Mastocitoma 01 00 01 2,86 Mastocitose 01 00 01 2,86 Necrose folicular 00 01 01 2,86 Otite externa 02 00 02 5,71 Piodermite 03 00 03 8,57 Placa eosinofílica 00 01 01 2,86 Sínus 01 00 01 2,86 Total 30 5 34 100,00

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Tabela 10 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema respiratório durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Asma 00 01 01 16,67

Bronquite crônica 01 00 01 16,67 Colapso traqueal 01 00 01 16,67 Edema pulmonar cardiogênico 02 00 02 33,33

Pneumonia 01 00 01 16,67

Total 05 01 06 100,00

Tabela 11 – Diagnósticos clínicos estabelecidos envolvendo afecções do sistema urogenital durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017.

Diagnóstico Nº Cães Nº Gatos Total %

Cistite 01 01 02 8,00

Doença renal crônica 10 03 13 52,00 Incontinência urinária 01 00 01 4,00 Prostatite cística 04 00 04 16,00 Tumor das células de Sértoli 01 00 01 4,00

Urolitíase 03 00 03 12,00

Vulvovaginite infantil 01 00 01 4,00

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Tabela 12 – Exames complementares solicitados durante a realização do Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária na área de Clínica Médica de Pequenos Animais na Clinivet – Hospital Veterinário, no período de 06 de setembro de 2017 a 10 de outubro de 2017. (continua) Exames Nº Cães Nº Gatos Total %

Albumina 24 21 45 3,1 ALT 133 23 156 10,7 Análise de Líquor 04 01 05 0,3 Citologia 28 09 37 2,5 Colesterol 17 02 19 1,3 Contagem de reticulócitos 02 01 03 0,2 Coproparasitológico 03 02 05 0,3 Creatinina 133 23 156 10,7 Cultura e Antibiograma 31 04 35 2,4 Cultura fúngica 17 03 20 1,4

Dimetilarginina simétrica - SDMA 04 02 06 0,4

Ecocardiografia 19 05 24 1,6 Ecografia abdominal 49 11 60 4,1 Ecografia ocular 01 00 01 0,1 Eletrocardiografia 05 00 05 0,3 ELISA cinomose 07 00 07 0,5 ELISA FIV/FELV 00 13 13 0,9 Estimulação ACTH 02 00 02 0,1 FA 62 15 77 5,3 Fósforo 41 03 44 3,0 GGT 19 02 21 1,4 Glicemia 153 23 176 12,1 Hemogasometria 16 02 18 1,2 Hemograma 148 27 175 12,0 Histopatológico 12 04 16 1,1 PCR cinomose 01 00 01 0,1 PCR FIV/FeLV 00 13 13 0,9 PCR toxoplasmose 00 01 01 0,1 Potássio 41 05 46 3,2 Radiografia de abdômen 01 00 01 0,1 Radiografia de coluna 01 00 01 0,1 Radiografia de pelve 06 00 06 0,4

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(conclusão) Radiografia de tórax 01 00 01 0,1 Radiografia de traqueia 01 00 01 0,1 Relação proteína:creatinina 03 00 03 0,2 Ressonância magnética 01 00 01 0,1 T4 livre 01 00 01 0,1 Teste de fluoresceína 68 12 80 5,5 Teste de Schirmer 18 00 18 1,2 Teste de supressão do cortisol 02 00 02 0,1

Tomografia 01 00 01 0,1 Triglicerídeos 17 02 19 1,3 Ureia 56 07 63 4,3 Urinálise 43 07 50 3,4 Urocultura 18 05 23 1,6 Total 1210 248 1458 100,0

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3 DESENVOLVIMENTO

3.1 CASO CLÍNICO 1:

DEGENERAÇÃO CRÔNICA DE VÁLVULA ATRIOVENTRICULAR BILATERAL EM UM CANINO – RELATO DE CASO

Camila Ritterbusch Karlinski, Cristiane Beck

3.1.1 Introdução

A função das válvulas cardíacas é permitir a passagem do sangue em sentido único, evitando o fluxo retrógrado, portanto, válvulas competentes viabilizam pressões ventriculares elevadas durante a sístole. O funcionamento das válvulas do coração pode estar afetado por doença cardíaca crônica adquirida ou congênita, que podem ter como mecanismo a estenose das válvulas, obstruindo o fluxo, ou a incompetência de fechamento, que leva a regurgitação do sangue dos ventrículos para os átrios (RUSH; BONAGURA, 2008).

A doença valvular crônica é um distúrbio degenerativo de causa ainda pouco conhecida (RUSH; BONAGURA, 2008), embora acredita-se que o estresse mecânico das válvulas e múltiplos estímulos químicos estejam envolvidos (WARE, 2015), além de possível influência hereditária (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008). A doença afeta os folhetos valvulares, sendo a válvula mitral acometida na maior parte dos casos. Ocorre com maior frequência em cães de idade média à avançada, de portes pequeno e médio, sendo que, os machos parecem ser mais acometidos (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008). É conhecida também como endocardiose, degeneração valvular mucoide ou mixomatosa, fibrose valvular crônica, entre outros (RUSH; BONAGURA, 2008; WARE, 2015).

As lesões se caracterizam por nodos presentes na extremidade livre ou na base valvular, evoluindo para placas maiores aglutinadas, que espessam e distorcem a válvula. Estiramento, prolapso e ruptura da válvula também podem ocorrer (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008; RUSH E BONAGURA, 2008; WARE, 2015). Com a progressão da doença as válvulas não se coaptam adequadamente, levando ao regurgitamento sanguíneo (WARE, 2015).

Alguns animais permanecem assintomáticos por um período prolongado, devido à alterações compensatória no tamanho do coração e no fluxo sanguíneo (WARE, 2015). Com a redução do débito cardíaco, em função do regurgitamento mitral, são acionados mecanismos

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compensatórios, como ativação do SNS e SRAA, com a finalidade de manter o volume ejetado para a aorta (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008).

O sopro cardíaco é um achado importante (LIMA, 2005; RUSH; BONAGURA, 2008), que precede os demais sinais. Na IVM são esperados tosse, dispneia, intolerância ao exercício, aumento do esforço respiratório, cianose (LIMA, 2005; RUSH; BONAGURA, 2008), fraqueza e diminuição da força. Já na IVT, os sinais que podem ser observados incluem dificuldade respiratória, ascite, hepatomegalia, esplenomegalia (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008), cianose, vômito e diarreia (LIMA, 2005). Quando se estabelece o quadro de edema pulmonar cardiogênico os animais podem apresentar tosse, taquipneia e dispneia, além de síncopes (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008).

A radiografia de tórax é um dos exames mais utilizados para a avaliação do tamanho e silhueta cardíaca e das alterações do campo pulmonar que possam ser causadas pela ICC, devido sua eficácia e rapidez (SOARES; LARSSON; PINTO, 2004), porém, o diagnóstico definitivo de degeneração das válvulas somente é feito pela avaliação ecocardiográfica, que também é o exame mais indicado para avaliar a progressão da patologia (RUSH; BONAGURA, 2008). Eletrocardiografia também pode ser empregada (RUSH; BONAGURA, 2008; WARE, 2015).

O tratamento é instituído quando o paciente passa a apresentar sinais decorrentes de ICC e consiste em controlar os sinais, otimizar a função cardíaca e amenizar os mecanismos neuro-humorais e renais que são ativados. Fármacos diuréticos, vasodilatadores e inotrópicos positivos, diminuem a pré e pós-carga diminuindo o volume ventricular, que pode contribuir para a redução da regurgitação. Já os IECA, tem como objetivo reduzir a ativação do SRAA. É importante que o proprietário esteja ciente da condição do animal e saiba identificar sinais de descompensação, como tosse e aumento de frequência respiratória, pois podem ocorrer complicações relacionadas à doença valvular crônica que tendem à levar descompensação do animal. A observação da frequência respiratória em repouso pode ser recomendada aos proprietários, para se estabelecer o parâmetro basal e ser monitorada (WARE, 2015).

Dietas para pacientes com ICC devem ter como objetivo a manutenção do peso corporal, ou promover perda de peso em casos de obesidade, além do fornecimento de níveis adequados de proteínas, minerais e vitaminas hidrossolúveis, que se perdem pela diurese, especialmente as do complexo B. A restrição de sódio é importante e deve ser feita de acordo com o grau de severidade da doença, porém, pacientes com uso de diuréticos e outros fármacos devem sempre se alimentar adequadamente, para evitar alterações adicionais como hiponatremia, hipocalemia

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e alterações da função renal devido ao consumo inadequado de nutrientes (RAMIREZ; VADILLO, 2003).

Com a progressão da doença ajustes de medicamentos e doses deverão ser feitas. O prognóstico é reservado. Com uma terapia apropriada e atenção aos sinais de descompensação a sobrevida do paciente pode ser de alguns anos (WARE, 2015).

O objetivo deste trabalho é relatar um caso de degeneração crônica de válvula atrioventricular bilateral em um canino, acompanhado durante a realização do Estágio Final Supervisionado em Medicina Veterinária.

3.1.2 Metodologia

Um canino, fêmea, sem raça definida, de 13 anos, pesando 10kg, foi atendido na Clinivet – Hospital Veterinário. Na anamnese a proprietária relatou que o animal estava apresentando há algumas semanas respiração ofegante, mesmo em repouso, tosse seca e que havia notado aumento progressivo do abdômen, mesmo sem alterações na alimentação. No exame físico, devido à angústia respiratória, a ausculta torácica foi feito com certo grau de dificuldade, porém foi possível verificar sopro em foco mitral e crepitação pulmonar, além de evidente abaulamento do abdômen, que à palpação remetia a presença de líquido.

Amostras de sangue foram coletadas para realização de hemograma e bioquímica sérica (creatinina, glicose e ALT). A cavidade abdominal foi puncionada na linha alba, dois dedos caudal a cicatriz umbilical, utilizando uma seringa de 60ml, torneira de três vias e scalp, sendo extraído 2,057 litros de líquido serossanguinolento. Em seguida, foram realizados os exames de ecocardiografia e ecografia abdominal, onde foram coletados novamente 10ml da efusão peritoneal por abdominocentese, para análise do líquido cavitário. Após estes procedimentos, o animal foi mantido internado.

De acordo com os exames de imagem foi estabelecido o diagnóstico de degeneração de válvula atrioventricular bilateral. O animal permaneceu internado e com acesso venoso. O protocolo terapêutico instituído durante a internação foi enalapril 0,5mg/kg, VO, pimobendana 0,25mg/kg, VO, sildenafil 3mg/kg, VO, e furosemida 6mg/kg, IV. Novas administrações de furosemida foram feitas 4h, 8h, 12h e 16h após a primeira, na dose de 3mg/kg, também IV.

Após passar a noite em observação, o animal recebeu alta sem descompensação respiratória, normocorado, hidratado, sem crepitação pulmonar e se alimentando bem. Como tratamento para casa foi receitado enalapril 0,5mg/kg, BID, espironolactona 2,5mg/kg, BID,

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furosemida 2mg/kg, BID, pimobendana 0,45mg/kg, BID e sildenafil 1,5 mg/kg, TID, todos via oral e de uso contínuo.

Recomendações como manter água à vontade, não permitir exercícios prolongados, afim de não aumentar o esforço cardíaco e respiratório e fornecer dieta adequada, com restrição de sódio, também foram feitas. O retorno foi solicitado em cinco dias e orientado comunicar reaparecimento de tosse ou dificuldade respiratória, ou ainda, ocorrência de vômito e falta de apetite.

Passados os cinco dias, na avaliação do retorno, a paciente se apresentou mais ativa, sem sinais de crepitação pulmonar ou aumento abdominal, na palpação também não pode ser constatado líquido livre. Nova coleta de sangue foi feita para avaliação da função renal (ureia, creatinina e fósforo), devido ao uso de diuréticos diariamente.

3.1.3 Resultados e discussão

De acordo com Kvart e Häggström (2008), a maior prevalência de diagnóstico de doença valvular crônica está em cães de pequeno e médio porte, com idade avançada, que concordam com o perfil da paciente, apesar de se tratar de uma fêmea e a incidência de casos parecer ser maior em machos. O sopro cardíaco em foco mitral, evidenciado na ausculta, condiz com IVM, pois é a característica do turbilhamento do sangue e sua passagem em alta velocidade pela válvula (RUSH; BONAGURA, 2008). Devido à angústia respiratória da paciente, no momento da ausculta torácica não foi determinado com clareza a ocorrência de sopro também em foco tricúspide, entretanto, não pode ser descartada essa possibilidade. A crepitação pulmonar auscultada no exame físico é sugestiva de edema pulmonar (LIMA, 2005).

Os episódios de tosse apresentados pelo animal enquadram-se com um caso de ICCE. Segundo Coelho et. al (2014), um quadro de tosse com início agudo, brando mas que piora rapidamente em animais com dispneia é indicativo de edema pulmonar. Rush e Bonagura (2008), ainda citam que, mesmo sem edema pulmonar, na ICCE o brônquio principal esquerdo pode sofrer compressão com a dilatação do átrio ipsilateral, resultando em tosse, dispneia e intolerância ao exercício, devido a ativação dos receptores da tosse.

Nos casos de ICCD, em virtude da pressão aumentada em átrio direito, ocorre aumento da pressão venosa sistêmica, e com isso ascite e hepatomegalia, que foram observadas na paciente (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008). À analise do líquido peritoneal foi observada coloração avermelhada, pH 8,00, proteína 2,6g/dL, hemácias 4+, células nucleadas totais 6000μL, sendo macrófagos 20%, neutrófilos 50% e células mesoteliais 30%, caracterizando o

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mesmo como transudato modificado, corroborando com Lopes et al. (2004), que escreveu que o aumento da pressão hidrostática venosa, causada pela ICCD, leva ao derrame cavitário, que em casos de congestão por cardiopatia é esperado ser do tipo transudato modificado.

Com os exames de hemograma e bioquímica sérica foi constatado policitemia e aumento discreto de ALT e glicose. Distúrbios que levam à diminuição da oxigenação provocam uma resposta fisiológica compensatória renal para produzir mais eritropoietina, que por sua vez, estimula a medula a produzir mais eritrócitos (BUSH, 2004). O débito cardíaco reduzido em casos de ICC é causa de oxigenação deficiente dos tecidos, o que justifica a policitemia, verificada neste caso. O aumento discreto da atividade da ALT é atribuído a lesões dos hepatócitos, que pode ter ocorrido pela congestão hepática. O aumento leve na glicose sérica pode estar associado ao estresse da coleta da amostra sanguínea, pois ocorre liberação de catecolaminas que estimulam a glicogenólise hepática, o que explica a hiperglicemia leve obtida no resultado do exame (BUSH, 2004).

Como exames de imagem, foi optado pela realização de ecografia abdominal, para pesquisar possíveis causas da efusão peritoneal, e ecocardiografia que, segundo Rush e Bonagura (2008), é utilizado para diagnóstico definitivo de IVM. No exame ecográfico abdominal constatou-se hepatomegalia e grande quantidade de líquido livre na cavidade, que são compatíveis com as complicações causadas pelas ICCD, de acordo com a literatura (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008; RUSH; BONAGURA, 2008; WARE, 2015), devido congestão venosa e aumento da pressão hidrostática já mencionadas.

Na ecocardiografia foi constatada frequência cardíaca de 155 bpm, aumento de parede e câmara de ventrículo esquerdo, aumento de câmara atrial esquerda e direita (ANEXO A). As cúspides das válvulas se encontravam espessadas e com característica nodosa na porção livre, indicando processo de degeneração (WARE, 2015). Prolapso de ambas válvulas atrioventriculares também pode ser observado. O Doppler mostrou regurgitação de mitral (ANEXO B) e tricúspide (ANEXO C) de grau importante, PAS de 146 mmHg e hipertensão pulmonar moderada.

Na IVM ocorre, sobrecarga de volume do ventrículo esquerdo, levando à dilatação da câmara ventricular, e regurgitamento de porção desse volume para átrio esquerdo, no momento da ejeção. O aumento da pressão e do volume em átrio esquerdo levam à dilatação atrial progressiva. Com a pressão do átrio esquerdo elevada ocorre a congestão da veias pulmonares e hipertensão pulmonar, que pode evoluir para edema. A IVT pode ocorrer secundariamente à hipertensão pulmonar. Devido à vasoconstrição pulmonar, há sobrecarga de volume no ventrículo direito que sofre dilatação, levando a insuficiência de válvula tricúspide e dilatação

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de átrio direito, devido à regurgitação (KVART; HÄGGSTRÖM, 2008). Dessa forma, o excesso de pressão contra a parede das câmaras cardíacas explica o remodelamento visualizado na ecocardiografia.

A regurgitação do ventrículo esquerdo para o átrio esquerdo acarreta na diminuição do fluxo ejetado para a artéria aorta, diminuindo o débito cardíaco (RUSH; BONAGURA, 2008). Com a diminuição do débito cardíaco mecanismos de compensação são acionados. A queda na pressão arterial é detectada por barorreceptores, que estão presentes no seio carotídeo, no arco aórtico e em outras artérias, aumentando a atividade simpática no coração e na vasculatura e, em contrapartida, diminuindo a atividade parassimpática, promovendo aumento na frequência cardíaca (BROWN, 2006), além de aumentar a vasoconstrição periférica, mantendo a pressão arterial e melhorando o retorno venoso (LIMA, 2005). Aumento na frequência cardíaca e PAS foi verificado na paciente, através da ecocardiografia.

Além disso a diminuição da perfusão renal estimula a atividade do SRAA, que acarretará em vasoconstrição mediada por angiotensina II e retenção de sódio e água pelos rins, devido à ação da aldosterona, produzindo sobrecarga de volume e aumento da pré-carga (LIMA, 2005; BROWN, 2006). Portanto, o aumento da frequência cardíaca e pressão arterial, observadas pelo exame ecocardiográfico do animal, foram algumas das alterações causadas pelos mecanismos compensatório (BROWN, 2006).

Diante do diagnóstico estabelecido e constatação de edema pulmonar cardiogênico e ascite por congestão venosa sistêmica, foi optado por manter o animal internado para observações médicas com acesso venoso. Segundo Lima (2005), sempre que possível o paciente deve ser acessado para administração de medicações pela via IV.

De acordo com o que foi proposto por Atkins et al. (2009), a classificação da degeneração crônica valvular e o tratamento empregado em cada fase são divididos em estágio A, B (dividido em B1 e B2), C e D. O animal deste estudo se enquadra no estágio C, onde já são visualizados sinais clínicos de insuficiência cardíaca associados com alterações na estrutura do coração. O tratamento neste estágio visa otimizar o estado hemodinâmico do paciente, controlando a pré e pós-carga, frequência cardíaca e contratilidade do miocárdio, além de amenizar os sinais associados ao baixo débito cardíaco e hipertensão venosa e promover o retardo da doença. Com esses objetivos, a terapêutica foi instituída com o uso de furosemida e como diurético, enalapril como IECA, pimobendana como inotrópico positivo e vasodilatador e sildenafil como vasodilatador pulmonar, durante a internação da paciente, e adicionado espironolactona para o tratamento em casa.

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A terapia com diuréticos tem como finalidade diminuir o excesso de volume, controlando a congestão venosa e formação de edemas e derrames cavitários (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008). Em quadros de edema pulmonar ou síndrome congestiva importante a furosemida é o fármaco diurético de eleição (LIMA, 2005), ela atua nas alças de Henle, inibindo a reabsorção de sódio, potássio e cloreto (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008).

Inicialmente a paciente recebeu uma dose de 6mg/kg IV, estando dentro do indicado para casos emergenciais. Após 4h da primeira administração, foi feito repique de furosemida com dose de 3mg/kg, pois a paciente ainda apresentava taquipneia, sendo necessário mais 3 aplicações, 8h, 12h e 16h após a primeira, para a frequência respiratória atingir 32 ciclos por minuto, considerado normal. Protocolos com repetidas administrações de furosemida, para normalizar a frequência respiratória são previstos, e devem ser feitas com doses e frequências decrescentes, com base na resposta individual do paciente (LIMA, 2005).

O enalapril foi empregado, por via oral, na dose de 0,5 mg/kg, BID, por ser IECA. Essa categoria de fármacos tem como função inibir a enzima que converte angiotensina I em angiotensina II, e evitar retenção adicional de líquidos e vasoconstrição, diminuindo os sinais da ICC garantindo melhora na qualidade de vida do animal (LIMA, 2005; SCHWARTZ; MELCHERT, 2008).

Pimobendana foi adicionado no protocolo terapêutico por ter conhecido efeito inotrópico positivo além de promover vasodilatação dos vasos periféricos, pulmonares e também das artérias coronárias (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008). A dose empregada foi de 0,25mg/kg, via oral, BID. Já o sildenafil é um fármaco que provoca diminuição da resistência vascular pulmonar e consequentemente, diminui a hipertensão pulmonar (BACH et al., 2006), por ação direta na musculatura lisa dos vasos pulmonares (PAPICH, 2012).

Após passar a noite em observação, o animal recebeu alta no final do dia seguinte, sem descompensação respiratória, normocorado, hidratado, sem crepitação pulmonar e se alimentando bem. Como tratamento para casa foi mantido enalapril 0,5mg/kg, BID, ajustado as doses de furosemida para 2mg/kg, de pimobendana para 0,45mg/kg, BID e de sildenafil para 1,5 mg/kg, TID, e ainda foi adicionado espironolactona 2,5mg/kg, BID, todos por via oral.

Diuréticos como a furosemida são espoliadores de potássio, por essa razão, para o tratamento crônico da ICC não devem ser o único diurético empregado, geralmente são feitas associações com outros fármacos (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008). A espironolactona foi adicionada ao tratamento contínuo por possuir certo efeito diurético, bastante inferior à furosemida, porém é poupador de potássio, e ainda possui efeito benéfico no controle da fibrose

(29)

e remodelamento cardíaco (SCHWARTZ; MELCHERT, 2008), além de ser antagonista da aldosterona (GORDON; KITTLESON, 2010).

O uso crônico de diuréticos pode levar o animal à perda de fluído e eletrólitos (PAPICH, 2012), por isso, no momento da alta, foi recomendado à proprietária sempre manter água à vontade, além de não permitir exercícios prolongados, para não aumentar o esforço cardíaco e respiratório e fornecer dieta adequada, com restrição de sódio. Segundo Ware (2015), a capacidade do rim em excretar sódio e água pode estar alterada devido à insuficiência cardíaca, por isso, a restrição do sal na alimentação é indicada para ajudar a controlar o acúmulo de fluído. Entretanto, Ramirez e Vadillo (2003) ressaltam que, para pacientes em tratamento com diuréticos, o teor de sódio da dieta deve ser adequado para as necessidades nutricionais do animal, evitando complicações como a hiponatremia. Além disso, foi solicitado que, caso ocorresse reaparecimento dos sinais ou vômito e falta de apetite, a proprietária deveria comunicar à veterinária.

No retorno, após cinco dias da alta da paciente, ela se apresentou mais ativa, com ausculta pulmonar normal e sem aumento abdominal com acúmulo de líquido. Nova coleta de sangue foi feita para avaliação da função renal (ureia, creatinina e fósforo) devido ao uso prolongado da furosemida, pois segundo Schwartz e Melchert (2008), pode ter como efeito colateral a diminuição excessiva de fluido, levando o animal a desidratação e insuficiência renal aguda, pela diminuição da perfusão renal.

Com os resultados do exame da função renal dentro normalidade, foi mantido o protocolo já instituído, se manteve a orientação de comunicar qualquer alteração e retorno em seis meses para realização de novos exames para controle da progressão da doença.

3.1.4 Conclusão

O animal do presente estudo apresentou sinais clássicos de degeneração crônica de válvula mitral e tricúspide, relacionados com o baixo débito cardíaco e congestão venosa, e se enquadrou no perfil de pacientes com maior incidência de degeneração valvular crônica, exceto pelo sexo. Foram realizados exames de sangue, análise de efusão peritoneal e de imagem, sendo através da avaliação ecocardiográfica estabelecido o diagnóstico definitivo de degeneração crônica de válvula atrioventricular bilateral. O tratamento instituído se mostrou eficiente, proporcionando qualidade de vida ao animal.

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3.1.5 Referências bibliográficas

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3.2 CASO CLÍNICO 2:

NEOSPOROSE CANINA – RELATO DE CASO

Camila Ritterbusch Karlinski, Cristiane Beck

3.2.1 Introdução

O protozoário Neospora caninum foi descrito pela primeira vez em 1984, em cães com encefalomielite, por Bjerkas, porém, apenas mais tarde estudos comprovaram que, além de hospedeiro intermediário, o cão era também o hospedeiro definitivo (MCALLISTER, 1998; LINDSAY; DUBEY; DANCAN, 1999). Além dos caninos, também atuam como hospedeiros intermediários os bovinos, ovinos, caprinos, equinos e cervídeos (CORBELLINI et al., 2000).

Por ter semelhança na estrutura, o N. caninum já foi bastante confundido com T. gondii (DUBEY, 2003; URQUHART, 2008; LAPPIN, 2015). A diferenciação é feita através da mensuração da espessura de parede do oocisto (BOWMAN, 2006) e sua realização é importante, pois a toxoplasmose é uma doença conhecidamente zoonótica. Apesar de não haver relatos de doença no homem pelo N. caninum (DUBEY, 2003), anticorpos contra o protozoário foram encontrados em humanos imunossuprimidos pelo vírus da imudeficiência humana por Oshiro et al. (2015).

O ciclo de vida do parasita é composto por 3 estágios infecciosos: taquizoítos, bradizoítos e oocistos. Taquizoítos possuem atividade intracelular e bradizoítos são localizado dentro de cistos, nos tecidos. Correspondem aos estágios observados no hospedeiro intermediário. Taquizoítos apresentam divisão rápida, enquanto bradizoítos se dividem lentamente (LAPPIN, 2015). O canino doméstico e o coiote são os únicos hospedeiros definitivos relatados até o momento (TAYLOR, 2015c), portanto, no trato gastrointestinal desses animais se completa o ciclo sexual do protozoário e resulta na liberação de oocistos nas suas fezes, podendo persistir por vários meses em alguns casos (LAPPIN, 2015).

Os oocistos eliminados nas fezes, em contato com o ambiente esporulam, tornando-se infectantes, e são ingeridos pelos hospedeiros intermediários (DUBEY, 2003). De acordo com Lappin (2015), os esporozoítos levam 24h, após a liberação dos oocistos, para se desenvolverem. Além da ingestão dos oocistos, a transmissão ainda pode ocorrer de forma transplacentária e, no caso dos carnívoros, pela ingestão de cistos em tecidos infectados

(MCALLISTER, 1998; LINDSAY; DUBEY; DANCAN, 1999), mais comumente cervídeos e bovinos (TAYLOR, 2015c).

(33)

Nos cães, a transmissão vertical é principal forma de infecção (TAYLOR, 2015c). Cadelas infectadas podem disseminar o protozoário para ninhadas diferentes, entretanto, nem todos os cães de uma mesma ninhada, necessariamente, serão acometidos. Por isso, matrizes soropositivas não devem ser usadas para reprodução, pois existe grande probabilidade de parirem filhotes infectados (BARBER; TREES, 1996). A doença pode acometer cães de todas idades, mas nos filhotes se apresenta de forma mais grave (DUBEY, 2003). Em cães adultos não se pode afirmar se a doença aguda é em virtude de infecção primária ou exacerbação de doença crônica (LAPPIN, 2015).

A multiplicação intracelular dos taquizoítos, está diretamente relacionada com a manifestação clínica da doença, devido ao rompimento das células acometidas. A patologia é principalmente neuromuscular, porém pode ocorrer em outros tecidos (LAPPIN, 2015). É, frequentemente, observada paresia dos membros pélvicos, que pode evoluir para paresia ascendente progressiva (DUBEY, 2003), resultado de inflamação de músculos e raízes nervosas (TAYLOR, 2015c). Urquhart (2008) e Lappin (2015), destacam que paresia com hiperextensão dos membros pélvicos é o sinal mais comum.

Em muitos casos também pode se desenvolver atrofia muscular, além de polimiosite e doença multifocal do SNC, em conjunto ou isoladamente. Alguns animais também podem apresentar ataxia, miocardite, disfagia, dermatite ulcerativa, pneumonia, hepatite (LAPPIN, 2015) paralisia de mandíbula e insuficiência cardíaca (DUBEY, 2003).

O diagnóstico da neosporose é feito através da demonstração do protozoário por PCR no LCR ou nos tecidos, assim como sorologia para pesquisa de anticorpos. Alguns achados hematológicos e bioquímicos podem indicar afecções musculares secundárias à neosporose, porém são inespecíficos. Análise citológica do líquor e ressonância magnética também podem ser avaliados. O tratamento pode ser feito com diferentes combinações de clindamicina, pirimetamina, sulfadiazina e trimetropim, ou utilizando-os isoladamente (LAPPIN, 2015).

Para evitar a contaminação dos canídeos deve se proteger alimentos e fontes água que possivelmente estejam contaminadas por fezes e incinerar fetos abortados e placentas de bovinos, ou descartá-los com outro modo adequado (URQUHART, 2008). Além disso, Barber e Trees (1996), recomendam não usar cadelas soropositivas para cruzamentos.

O objetivo desse trabalho é relatar um caso de neosporose canina acompanhado durante

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3.2.2 Metodologia

Um canino, macho, da raça Maltês, pesando 3,100kg, de 1 ano e 2 meses de idade foi atendido pelo serviço de neurologia da Clinivet – Hospital Veterinário, Curitiba-PR. Segundo relato da proprietária, o cão estava há cinco dias sem se locomover e já havia sido avaliado por outro profissional que receitou amoxicilina com clavulanato, dipirona e ranitidina, por ter observado sinais de inflamação auricular, porém a terapia não provocou melhora no estado motor do paciente, o que a levou a procurar uma nova opinião. Relatou ainda que, aproximadamente trinta dias anterior à este quadro, o animal sofreu uma queda e horas após apresentou desequilíbrio para o lado direito, que se auto limitou.

Durante o exame físico o animal não apresentou alterações de temperatura, coloração de mucosas, hidratação, frequência cardíaca e frequência respiratória, além de não terem sido observados sinais de otite. Ao exame neurológico, constatou-se estado mental normal, tetraparesia, déficit de propriocepção em membros esquerdos, com nistagmo rotatório e inclinação da cabeça para esquerda e reflexos espinhais normais. As vacinas estavam em dias e os contactantes estavam assintomáticos.

A coleta de sangue foi efetuada para realização de hemograma e bioquímica sérica (creatinina, ALT e glicose) e de dosagem de amônia. Amostra de líquor, por punção lombar, também foi coletada, para análise citológica e sorológica do material. Além disso, amostras de sangue e líquor foram enviadas para a Universidade Federal do Paraná, onde foi realizado o painel neurológico canino, um exame que tem por objetivo a pesquisa de agentes causadores de afecções neurológicas em cães. Tomografia computadorizada do crânio e ressonância magnética foram indicadas, porém, a proprietária optou em realizar apenas a primeira.

Antes da realização de todos os exames e obtenção dos resultados, foi receitado prednisona na dose de 1mg/kg, VO, BID, por 14 dias. Após esse período o paciente retornou, com notável remissão dos sinais. Porém, diante do resultado positivo para Neosporose, obtido através da titulação de anticorpos do LCR por RIFI, foi receitado clindamicina na dose de 10mg/kg, VO, BID, durante 30 dias, e permanecer com o uso do anti-inflamatório nesse período. Passados os 30 dias do tratamento o paciente não retornou para nova avaliação.

3.3.3 Resultados e discussão

A neosporose é uma doença mais comumente relatada em filhotes, acometidos por infecção transplacentária (BARBER; TREES, 1996; CROOKSHANKS et al., 2015), porém

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pode acometer cães de todas as idades (DUBEY, 2003), que se infectam pela ingestão de tecidos contaminados com cistos (MCALLISTER, 1998; LINDSAY; DUBEY; DANCAN, 1999), quando não adquirem da mãe. Lappin (2015) cita que quando a doença se manifesta na fase adulta não há como afirmar se é infecção primária ou agudização de doença crônica.

Em estudos realizados por Barber e Trees (1996), em alguns animais positivos para N.

caninum que se teve acesso ao histórico familiar, pode-se constatar a ocorrência de natimortos,

mortes neonatais, ataxia e paresia, em cães da mesma ninhada ou em outras ninhadas da mesma mãe, o que indicou se tratar de transmissão transplacentária. O animal deste estudo, entretanto, não se tratava de um filhote e o histórico familiar não foi informado, ainda assim, não havia histórico de ingestão de carne crua, era um animal domiciliado e sem hábito de caçar, portanto, sua infecção provavelmente ocorreu de forma vertical.

Plugge et al. (2008), fizeram um levantamento da ocorrência de anticorpos contra N.

caninum em cães errantes e domiciliados, de diferentes raças, sexo e idade, que não

apresentavam sinais neurológicos das áreas urbana, periurbana e rurais da região de Curitiba. Do total de 556 cães testados, 18,17% apresentaram sorologia positiva, sendo que, entre os cães urbanos a ocorrência foi de 12,71%, nos periurbanos de 15,73% e de 25,38% nos cães rurais, demonstrando que há cães portadores do protozoários nos diferentes ambientes e um considerável índice de doença subclínica na região.

Paresia e ataxia dos membros pélvicos que se tornam progressivamente mais graves, são os principais sinais que indicam infecção clínica por N. caninum (BARBER; TREES, 1996). Esta afirmação é compatível com o histórico do animal que, apesar de apresentar tetraparesia, aparentemente, de forma súbita, não deve ser descartado o episódio anterior de ataxia, que pode ter sido a primeira manifestação da doença, então, evoluído para o quadro tetraparésico.

Segundo Taylor (2015c), neosporose com início no cão adulto, geralmente envolve o cerebelo e provoca sinais vestibulares centrais, entre eles, inclinação da cabeça e déficits de propriocepção ipsilateral ao lado acometido, além de paresia e incapacidade de locomoção. Essas alterações foram observadas no animal deste estudo. Nos casos de neosporose estudados por Barber e Trees (1996) e Crookshanks et al. (2007), também foram notados estado mental normal e déficits de propriocepção, além de algum grau de paresia. Chama a atenção ainda que a inclinação de cabeça e o déficit de propriocepção, no caso deste cão, ocorreram para o lado esquerdo, coincidindo com o que cita Taylor (2015b), que estas alterações se desenvolvem do mesmo lado da lesão no SNC.

Para consolidar o diagnóstico, foram realizados exames complementares. O hemograma e bioquímico sérico não demonstraram alterações significativas, apenas um pequeno aumento

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na glicose, que provavelmente foi provocado pelo estresse da coleta de amostra sanguínea, mediado pela liberação de catecolaminas que estimulam a glicogenólise hepática (BUSH, 2004).

Com o resultado normal, obtido da dosagem de amônia plasmática, foi descartado insuficiência hepática ou desvio portossistêmico, como causa dos sinais neurológicos (BUSCH, 2004). Na análise do LCR foi observado citologia normal, porém, havia grande contaminação por eritrócitos, o que pode ter subestimado a contagem de células inflamatórias. No entanto, a concentração de proteína estava aumentada, o que pode significar produção intratecal de globulinas (TAYLOR, 2015a).

Tomografia computadorizada da região cervical foi realizada, pela suspeita de luxação atlantoaxial, pois, de acordo com Zani (2015), cães jovens de pequeno porte são comumente acometidos e os sinais neurológicos provocados são semelhantes aos observados no paciente, como ataxia e paresia. Diante da conclusão do exame, onde não foi possível observar alterações detectáveis pelo método, a patologia foi descartada. A ressonância magnética seria o exame ideal para avaliação de lesões no parênquima cerebral ou medular (TAYLOR, 2015a), porém, por opção da proprietária, não foi realizado.

Com o resultado inconclusivo dos exames anteriores, uma amostra de sangue e LCR foi enviada para a Universidade Federal do Paraná, onde foi realizado o exame painel neurológico canino. Os agentes pesquisados foram Bartonella sp., Blastomyces dermatitidis sp., Borrelia

burgdorferi, Cinomose, Coccidioides sp., Cryptococcus sp., Histoplasma capsulatum, Neospora caninum, Toxoplasma gondii e Vírus da Doença do Nilo. Utilizando o método de

RIFI foi feita a titulação de anticorpos presentes no LCR e se obteve resultado positivo para N.

caninum, determinado o diagnóstico de neosporose. Conforme elucidado por Lappin (2015),

com demonstração de anticorpos no LCR aliada aos os sinais característicos da doença e exclusão de outras causas que induzam clínica semelhante, principalmente a toxoplasmose, pode-se estabelecer o diagnóstico presuntivo.

Antes do resultado positivo para N. caninum, foi receitado a administração de prednisona na dose de 1mg/kg, VO, BID, por 14 dias, provocando importante remissão dos sinais. Segundo Lappin (2015), a administração de glicocorticoides não é indicada em animais soropositivos, por provocar a doença clínica, devido à ativação dos bradizoítos nos cistos teciduais.

A possível explicação para o papel do corticoide na melhora clínica do animal foi o controle da inflamação e, consequentemente, das complicações secundárias à ela, pois, segundo Taylor (2015c), a manifestação da doença ocorre secundariamente à inflamação de músculos e

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tecido nervoso, provocada pela presença do protozoário. Barber e Trees (1996), comprovaram a ocorrência de inflamação multifocal com infiltrado de células mononucleares e, em alguns casos, neutrófilos e eosinófilos e focos de necrose, através da avaliação histológica de diferentes tecidos coletados na necropsia de animais submetidos à eutanásia, confirmados com neosporose.

Como terapia específica contra o protozoário foi optado pela administração somente de clindamicina, na dose de 10 mg/kg, VO, BID, durante 30 dias, com nova avaliação no fim do tratamento. A clindamicina é um antibiótico da classe das lincosaminas que tem sido descrito como eficaz no tratamento para a doença clínica causada pelo N. caninum, porém, não parece ter efeito sobre os bradizoítos, sendo assim, o animal permanece com a forma latente da doença (DUBEY et al., 2007). Lappin (2015), indica o tratamento com esta dose, durante 4 semanas, porém, TID.

O prognóstico da doença é de reservado à ruim e está associado ao tempo de demora para início do tratamento e o grau de severidade dos sinais (BARBER; TREES, 1996; CROOKSSHANKS et al., 2007). Em geral, animais que desenvolvem a doença de forma grave em poucos dias tem menos chances de sobrevivência do que aqueles com característica crônica (BARBER; TREES, 1996). A evolução do tratamento com clindamicina neste caso não pode ser avaliada, pois após os trinta dias de terapia o paciente não compareceu para o retorno solicitado.

3.3.4 Conclusão

A neosporose clínica se manifestou nesse cão na idade adulta, que provavelmente foi infectado de forma vertical, e os sinais apresentados condiziam com doença do sistema nervoso central. O diagnóstico foi feito pela titulação de anticorpos no LCR combinado com os sinais e a exclusão de outras patologias. A administração de glicocorticoides não provocou agravo na doença nesse paciente, resultando na remissão dos sinais, já a clindamicina foi empregada para tratamento específico da neosporose, porém, não foi possível avaliar sua eficácia.

3.3.5 Referências bibliográficas

BARBER, J. S.; TREES, A. J. Clinical aspects of 27 cases of neosporosis in dogs. The

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BUSH, B. M. Bioquímica plasmática: nutrientes e metabólitos. In: BUSH, B. M. Interpretação

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LINDSAY, D. S.; DUBEY, J. P.; DUNCAN, R. B. Confirmation that the dog is a definitive host for Neospora caninum. Veterinary Parasitology, Amsterdam, v. 82, n. 4, p.327-333, maio 1999.

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ZANI, C. C. et al. Instabilidade atlantoaxial em cães: fisiopatologia, abordagens clínico-cirúrgicas e prognóstico. Veterinária e Zootecnia, Botucatu, v. 22, n. 2, p.163-182, jun. 2015.

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4 CONCLUSÃO

O Estágio Curricular Supervisionado em Medicina Veterinária proporciona a oportunidade de consolidar de forma prática a aprendizagem adquirida durante os cinco anos do curso. Vivenciando a rotina do médico veterinário na clínica de pequenos animais, é possível perceber os desafios que a vida profissional impõe, o que incentiva o desenvolvimento do raciocínio lógico de forma rápida frente às adversidades, para garantir o melhor atendimento ao paciente.

A necessidade de constante atualização e especialização se tornam evidentes para corresponder a demanda de proprietários cada vez mais exigentes e informados, com crescente tendência a buscar serviços de especialistas e disponibilidade dos mais diversos e atuais recursos. Do mesmo modo, observar a relação entre o médico veterinário e proprietário, estimula a formação de um perfil profissional não apenas teórico, mas também humano e ético. Além disso, presenciar a troca de experiência entre colegas faz entender a importância do trabalho em equipe.

A realização do estágio na Clinivet – Hospital Veterinário atendeu a todas expectativas, proporcionando acompanhamento intenso do dia-a-dia de profissionais de diversas especialidades, dispostos a esclarecer dúvidas e discutir os casos, além da excelente convivência com toda a equipe.

Dessa forma, o estágio final é um momento de muita importância, que marca a transição da vida acadêmica para a vida profissional, aprimorando a preparação do aluno para o mercado de trabalho. Encerro minhas atividades na graduação com grande satisfação e felicidade com a profissão que escolhi.

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