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Reforma trabalhista: regulamentação do teletrabalho (home office)

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Academic year: 2021

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UNIJUI - UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

TAINÁ APARECIDA MASSAIA

REFORMA TRABALHISTA: REGULAMENTAÇÃO DO TELETRABALHO (HOME OFFICE)

Santa Rosa 2018

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TAINÁ APARECIDA MASSAIA

REFORMA TRABALHISTA: REGULAMENTAÇÃO DO TELETRABALHO (HOME OFFICE)

Monografia final do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Monografia.

UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais

Orientador: MSc. Darlan Machado Santos

Santa Rosa (RS) 2018

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A Deus, qυе nos criou e foi criativo nesta tarefa. Sеυ fôlego dе vida еm mіm mе fоі sustento е mе dеυ coragem para questionar realidades е propor sempre υm novo mundo dе possibilidades.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao meu pai João pela motivação e amparo nos momentos de dificuldade, a minha mãe Luci por toda a preocupação, quando eu estava me sentindo esgotada, sempre me apoiando.

Ao meu marido Alex que sempre esteve comigo nessa caminhada, que teve toda a paciência nesses cinco anos, sempre me ajudando no que precisava, me ajudando com as tarefas quando precisei fazer meus trabalhos e estudos.

Aos meus irmãos que sempre se sentiram orgulhosos desde o começo da faculdade, me apoiando sempre e me dando motivação para continuar.

A todos os demais familiares, cunhados(as), sobrinhos(as) primos (as).

Aos verdadeiros amigos que fiz durante os cinco anos, as amizades, conversas, palestras, congressos.

Aos meus colegas de trabalho da empresa Alibem, onde tive o prazer de estagiar durante a faculdade, e que de alguma forma me ajudaram no meu aprendizado.

A essa instituição pelo excelente ambiente oferecido aos seus alunos e os profissionais qualificados que disponibiliza para nos ensinar.

Ao meu orientador Darlan Machado Santos muito obrigada pelo auxílio neste trabalho e toda a ajuda no que precisei, pela paciência, dedicação e ensinamentos.

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“A força do direito deve superar o direito da força” Rui Barbosa

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RESUMO

Neste trabalho será abordado um debate sobre as mudanças no teletrabalho com a reforma trabalhista, este tipo de prestação de serviço estava omisso na lei, mas que vem sendo praticado em todo o Brasil. Apontar as vantagens e desvantagens em que a reforma trabalhista trouxe para os teletrabalhadores com a lei nº 13.467/2017. Com quem fica a responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada a prestação do teletrabalho, controle de horas extras, doenças ocupacionais no teletrabalho e os demais questionamentos que devem ser enfrentados com a reforma.

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ABSTRACT

In this paper we will discuss a debate about the changes in teleworking with the labor reform, this type of service provision was omission in the law, but that has been practiced all over Brazil. To point out the advantages and disadvantages in which the labor reform brought to the teleworkers with the law nº 13.467 / 2017. With whom is the responsibility for the acquisition, maintenance or supply of technological equipment and the necessary and adequate infrastructure to provide telework, control of overtime, occupational diseases in telework and other questions that must be faced with the reform.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

1 BREVE RELATO DOS DIREITOS SOCIAIS ... 12

1.1 Conceito constitucional de direitos fundamentais da pessoa humana ... 15

1.2 A Breve evolução histórica das relações de trabalho... 16

1.3 O Surgimento do direito do trabalho ... 18

1.4 A Conceituação ... 20

1.5 A Modalidades do teletrabalho ... 23

2 O TELETRABALHO ... 26

2.1 A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho ... 28

2.2 Das vantagens e desvantagens do Teletrabalho ... 30

1.3 Das doenças ocupacionais e acidentes de trabalho ... 34

CONCLUSÃO ... 37

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INTRODUÇÃO

Com a evolução dos meios tecnológicos e dos meios de comunicação, o empregado não precisa mais trabalhar na sede principal da empresa. O próprio domicílio do empregado, poderá ser no metrô, no carro, um avião, todos podem ser considerados locais de trabalho.

Na década de 1950 o termo teletrabalho foi mencionado em trabalhos de Norbert Wierner. Nas décadas seguintes, o trabalho realizado em casa ganhou novamente destaque e na década de 70, formulou-se o primeiro conceito de teletrabalho. Este primeiro conceito enfatizava a utilização das tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas atividades de trabalho, destacando a importância entre distancia-tempo na relação empresa-trabalhador, assumindo a forma Individual.

O teletrabalho diferencia-se do trabalho tradicional não só por implicar, a realização de tarefas mais complexas do que os manuais, mas também porque abrange setores diversos como: tratamento, transmissão e acumulação de informação; atividade de investigação; secretariado; consultoria, assistência técnica e auditoria; gestão de recursos, venda e operações mercantis em geral.

Como uma alternativa que busca cortar gastos e ao mesmo tempo flexibilizar o ambiente de trabalho, muitas empresas têm adotado e incentivado tais políticas de home office para seus funcionários.

Com a reforma trabalhista foi regulamentado o regime de teletrabalho, popularmente conhecido como Home Office, que trata da prestação de serviços fora

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das dependências do empregador, passando a constar expressamente no dispositivo da CLT sobre o teletrabalho, que antes da reforma o teletrabalho era considerado como trabalho em domicilio.

Iremos também tratar neste debate se com a reforma trabalhista o trabalhador em regime de teletrabalho poderá ou não realizar às horas extras, além disso fazer uma reflexão se existe a possibilidade na modalidade do teletrabalho do controle da jornada de trabalho e na produção de eventuais horas extraordinárias.

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1 BREVE RELATO DOS DIREITOS SOCIAIS

Dentre os direitos do homem, encontramos os direitos sociais, os quais ora são classificados como direitos de segunda geração, ora, como de terceira geração (BEDIN, 2002). Ou, ainda, como preferem outros autores, direitos de segunda dimensão, a exemplo de Sarlet (2009, p. 45), objetivando salientar a complementaridade de uma geração a outra e não a substituição de uma pela outra:

[...] é de se ressaltarem as fundadas críticas que vêm sendo dirigidas contra o próprio termo “gerações” por parte da doutrina alienígena e nacional. Com efeito, não há como negar que o reconhecimento progressivo de novos direitos fundamentais tem o caráter de um progresso cumulativo, de complementaridade, e não de alternância, de tal sorte que o uso da expressão “gerações” pode ensejar a falsa impressão da substituição gradativa de uma geração por outra, razão pela qual há quem prefira o termo “dimensões” dos direitos fundamentais, posição esta que aqui optamos por perfilhar, na esteira da mais moderna doutrina.

Contudo, embora importante tal classificação, o que se pretende, por ora é contextualizar historicamente a luta pelos direitos sociais a fim de podermos posteriormente entender sua natureza ou essência e de verificarmos se tais direitos, em especial os dos trabalhadores, estão atualmente se afastando de suas origens e finalidades precípuas.

Destarte, pode-se afirmar que o surgimento dos direitos sociais está atrelado à Segunda Revolução Industrial e seus consequentes movimentos sociais, no final do século XIX e início do século XX, como explica Wolkmer (1991, p. 15):

Na contextualização histórica dos direitos de “segunda dimensão” está mais do que nunca presente o surto do processo de industrialização e os graves impasses sócio-econômicos que varreram a sociedade ocidental entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX. O capitalismo concorrencial evolui para a dinâmica financeira e monopolista, e a crise do modelo liberal de Estado possibilita o nascimento do Estado do Bem-Estar Social, que passa a arbitrar as relações entre o capital e o trabalho. [...] a socialização alcança a política e o Direito (nascem o Direito do Trabalho e o Direito Sindical).

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Vislumbra-se de tal contexto histórico a relevância dos movimentos sociais na conquista dos direitos sociais, caracterizando sua essência protetiva, com a presença de um Estado ocupante de um papel garantidor de direitos. Colussi (2009, p. 31) descreve de forma bastante elucidativa a situação citada:

O direito a um salário digno e a uma previdência social, bem como o direito à associação sindical e o direito à greve, só seriam pautados pelos movimentos operários que se desenvolveram a partir do final do século XIX na Europa. Tais movimentos surgiram com a consciência de classe, ou seja, com a percepção pelos operários de que melhores condições de trabalho e salários dependiam inevitavelmente de sua mobilização.

Tal conjuntura fica igualmente clara pelas palavras de Trindade. Ao mencionar o episódio que deu origem ao 1º de maio, Dia do Trabalhador - a greve nacional deflagrada nos Estados Unidos pela jornada de oito horas, em 1º de maio de 1886, que resultou em mortes, prisões arbitrárias, inclusive com condenações à morte de grevistas, mas que em 1º de maio de 1890 levou à aprovação da lei que instituiu naquele país a jornada de oito horas - comenta:

[...] as décadas de passagem para o século XX foram palco de cruenta e só parcialmente bem-sucedida luta pela conquista de direitos – assim mesmo, praticamente só na Europa Ocidental e na América do Norte. Cada conquista – civil, política, econômica, social ou cultural -, por mínima que fosse, teve atrás de si histórias de truculenta repressão estatal, intolerância patronal, defesa encarniçada de privilégios por parte das classes dominantes, prisões odiosas, enforcamentos, extradição de sindicalistas, degredo, mortes e mais mortes e mais mortes de trabalhadores e de trabalhadoras. (TRINDADE, 2002, p. 147).

Complementa ainda Trindade (2002, p. 149):

Se, no final do século XIX, os trabalhadores do sexo masculino já conquistavam direitos políticos em vários países, à medida que o século XX avançou, os êxitos da pressão operária e camponesa também forçaram o próprio conceito oitocentista de direitos humanos (direitos civis e políticos) a se expandir, com a progressiva incorporação jurídica dos direitos econômicos e sociais, nunca contemplados pelas revoluções burguesas.

Constata-se, por conseguinte, que o surgimento dos direitos sociais está diretamente ligado a transformações na sociedade, diferentemente das dimensões ou gerações de direitos anteriores, que pareciam concretizar direitos naturais ou já inerentes ao homem como tal. É essa a visão apresentada por Bobbio (2004, p. 70):

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Enquanto a relação entre mudança social e nascimento dos direitos de liberdade era menos evidente, podendo assim dar vida à hipótese de que a exigência de liberdades civis era fundada na existência de direitos naturais, pertencentes ao homem enquanto tal, independentemente de qualquer consideração histórica, a relação entre o nascimento e crescimento dos direitos sociais, por um lado, e a transformação da sociedade, por outro, é inteiramente evidente. Prova disso é que as exigências de direitos sociais tornaram-se tanto mais numerosas quanto mais rápida e profunda foi a transformação da sociedade.

Bonavides (2005, p. 564) traça com clareza o importante panorama que envolve o surgimento desses novos direitos e as mudanças que espelham na sociedade:

Os direitos da segunda geração merecem um exame mais amplo. Dominam o século XX do mesmo modo como os direitos da primeira geração dominaram o século passado. São os direitos sociais, culturais e econômicos bem como os direitos coletivos ou de coletividades, introduzidos no constitucionalismo das distintas formas de Estado social, depois que germinaram por obra da ideologia e da reflexão antiliberal do século XX.

Ao continuar, percebe-se, nas palavras do autor, a relevância dos direitos sociais, pela grande ligação e, por que não dizer, complementaridade ao princípio da igualdade. Diz ele:

Nasceram abraçados ao princípio da igualdade, do qual não se podem separar, pois fazê-lo equivaleria a desmembrá-los da razão de ser que os ampara e os estimula. (BONAVIDES, 2005, p. 564).

Além disso, Bonavides (2005, p. 565) chama a atenção para o fato de os direitos sociais terem proporcionado uma nova visão do papel do homem na sociedade, que, pelas dimensões/gerações de direitos anteriores, estava centrada no indivíduo e, agora, volta-se ao coletivo.

Os direitos sociais fizeram nascer a consciência de que tão importante quanto salvaguardar o indivíduo, conforme ocorreria na concepção clássica dos direitos da liberdade, era proteger a instituição, uma realidade social muito mais rica e aberta à participação criativa e à valoração da personalidade que o quadro tradicional da solidão individualista, onde se formara o culto liberal do homem abstrato e insulado, sem a densidade dos valores existenciais, aqueles que unicamente o social proporciona em toda a plenitude.

O ponto crucial a destacar, com relação ao surgimento dos direitos sociais, é que tais direitos foram fruto de muita luta, eles foram realmente uma conquista das

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classes oprimidas. Não se pode olvidar que a efetivação desses direitos foi, e continua sendo, primordial ao equilíbrio da sociedade, e tamanha são sua importância e grandeza que passam a ser previstos pelos textos constitucionais, como será exposto após conceituá-los no subtítulo a seguir.

1.1 Conceito constitucional de direitos fundamentais da pessoa humana

Três pontos importantes de estruturação da Constituição da República Federativa do Brasil, que foi promulgada no dia cinco de outubro de 1988, completam-se por intermédio da incorporação constitucional do conceito de direitos fundamentais da pessoa humana, dois outros eixos característicos da Constituição de 1988, quais são, o seu conceito estruturante de Estado Democrático de Direito e sua matriz principiológica humanística e social distintiva.

Na sociedade histórica, entretanto, antes do advento da Democracia contemporânea, ou seja, até finais do século XIX e início do século XX, em síntese, por vários milênios, certa característica comum se reiterava no Direito, “praticamente em todos os seus segmentos: o viés de confirmar e sedimentar situações fáticas de desequilíbrio de poder reguladas por suas regras” (Delgado, 2017). O mesmo autor assim explica:

Efetivamente, o Direito, em seus distintos segmentos, corroborava a desigualdade de poder existente na vida social, nas inúmeras e mais relevantes manifestações dessa desigualdade. Relações de propriedade, de trabalho, familiares, de gênero, de poder político, etc. Tratava-se, de certo modo, de um Direito da Desigualdade - instituidor, avalista e reprodutor da desigualdade no plano da sociedade civil e da sociedade política. Tal característica comum permeou o Direito Civil e o Direito Penal ao longo dos séculos, desde a Antiguidade. Ela também esteve demarcada no núcleo dos segmentos jurídicos emergentes no processo de desarticulação do feudalismo e formação do Estado Nacional europeu, tais como o Direito Administrativo, o Direito Tributário tempos depois, além do Direito Comercial (hoje denominado Direito Empresarial). Essa característica desigualitária comum iria afetar, inevitavelmente, as próprias funções exercidas pelo Direito, de maneira geral, fazendo-o emergir, na sociedade histórica até o advento da democracia contemporânea, como inegável instrumento de dominação social, econômica e politica. Claro que não se pode negar que o Direito, mesmo em formações históricas do passado, possuísse certo caráter civilizatório, respeitado o modesto patamar de desenvolvimento da respectiva sociedade e do Estado. Em alguma medida, a institucionalização do Direito atenuava a arbitrariedade, a imprevisão e a violência no exercício do poder nas sociedades em nas sociedades em que ele se afirmasse. Além disso, há que se perceber que nem todas as relações normatizadas pelo Direito eram, efetivamente, relações de desequilíbrio de poder

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(notem-se determinadas relações de vizinhança, por exemplo); nes(notem-ses casos, cumpria a ordem jurídica mais claramente sua função civilizadora.

(18) DELGADO, Mauricio Godinho. Funções do Direito do Trabalho no Capitalismo e na Democracia. In: DELGADO, M. G.; DELGADO, G. N. Constituição da República e Direitos Fundamentais dignidade da pessoa humana, justiça social e Direito do Trabalho. 4. ed. São Paulo: LTr, 2017, p. 76.

Essas circunstâncias, entretanto, não afastam a inevitável conclusão de que, em tais sociedades históricas pré-democráticas, o Direito desempenhava função dominadora muito mais acentuada do que sua natural função civilizatória. É tão evidente e incisiva essa preponderância que não há exemplo histórico, até finais do século XIX-momento em que a Democracia começa a despontar no cenário social, cultural e político do Ocidente -, da existência de qualquer ramo jurídico direcionado à regência principal de interesses de setores econômicos e sociais subordinados, tais corno os trabalhadores, os camponeses, os consumidores, os doentes, os idosos etc.

O direito mesmo em formações históricas do passado, em alguma medida, a institucionalização do Direito atenuava a arbitrariedade, a imprevisão e a violência no exercício do poder nas sociedades e nas sociedades em que ele se afirmasse.

1.2 A Breve evolução histórica das relações de trabalho

É necessário relacionar a evolução das relações de trabalho, especialmente ao direito trabalhista brasileiro. Sérgio Pinto Martins (2009, p. 3) afirma esse entendimento:

É importante compreender o Direito do Trabalho sem conhecer seu passado. Esse ramo do direito é muito dinâmico, mudando as condições de trabalho, com muita frequência, pois é intimamente relacionado às questões econômicas.

Na Grécia o trabalho era sinônimo de escravidão, conforme aponta Sérgio Pinto Martins (2009, p. 4):

Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo. Compreendia apenas a força física. A dignidade do homem consistia em participar dos negócios da cidade por meio da palavra. Os escravos não tinham o significado de realização pessoal. As necessidades da vida tinham características servis, sendo que os escravos é que deveriam desempenhá-las, ficando às atividades mais nobres destinadas as pessoas, como a política.

Um novo conceito é aplicado ao conceito de trabalho, o escravo era considerado como uma propriedade de seu senhor.

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O Código Lex Aquilia (284 a.C) considerava o escravo como coisa. Era visto o trabalho como desonroso. A Locatio Conductio tinha por objetivo regular a atividade de quem se comprometia a locar suas energias ou resultado de trabalho em troca de pagamento. Estabelecia, portanto, a organização do trabalho do homem livre. Era dividida em três formas: a ) locatio Conductio rei, que era o arrendamento de uma coisa; b) locatio Conductio operarum, em que era locados serviços mediantes pagamento; c) locatio Conductio operis, que era a entrega de uma obra ou resultado mediante pagamento (empreitada. (MARTINS: 2009, p 4)

O direito é produto da evolução histórica da sociedade, razão pela qual é imprescindível que se realize uma análise da evolução dos fatos para que se compreenda sua evolução. Deste modo, torna-se instigante a busca de respostas sobre a origem do ordenamento jurídico atual, compreendendo-se as motivações de suas alterações e adaptações.

As relações reguladas pelo direito do trabalho muito se modificaram de acordo com os acontecimentos históricos, visto que há uma correlação entre a evolução histórica da sociedade capitalista e os tipos de organizações de trabalho e produção que a ela se adéquam.

Não encontramos ainda no país um conceito jurídico de teletrabalho, mas essa palavra é normalmente utilizada para fazer uma alusão ao ofício praticado em telecentros, ou externamente ao estabelecimento do empregador, ou seja, em qualquer lugar onde o trabalhador se encontre, utilizando-se dos instrumentos de comunicação que o avanço das tecnologias trazem à sua disposição.

O trabalho à distância fala tanto do teletrabalho quanto do trabalho em domicílio, sendo este demostrado por exemplo na profissão do alfaiate ou do artesão, conforme trecho de Silveira e Silva (2004, p. 103).

O teletrabalho sendo o trabalho exercido total ou parcialmente distante da empresa de forma telemática diferencia-se do trabalho em domicilio. Já que este, em regra, acontece fora da empresa e sem contato pessoal com a mesma, e ainda, utiliza-se dos meios normais de comunicação como o telefone e faz, enquanto teletrabalho é norteado por alta tecnologia, por enquanto, o teletrabalho pode existir

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na modalidade em domicilio, mas com ela não se confunde já que na maioria das vezes o trabalho em domicilio não é teletrabalho.

Mister se faz colocar as palavras de Domenico de Masi (2000), definindo o teletrabalho desta forma:

Um trabalho realizado longe dos escritórios empresariais e dos colegas de trabalho, com comunicação independente com a sede central do trabalho e com outras sedes, através de um uso intensivo das tecnologias da comunicação e da informação, mas que não são necessariamente sempre de natureza informática.

Na década de 1950 o termo teletrabalho foi mencionado em trabalhos de Norbert Wierner, considerando por muitos como pai da cibernética. Nas décadas seguintes, o trabalho realizado em casa ganhou novamente destaque e na década de 70, formulou-se o primeiro conceito de teletrabalho.

Este primeiro conceito enfatizava a utilização das tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) nas atividades de trabalho, destacando a importância entre distancia-tempo na relação empresa-trabalhador, assumindo a forma Individual to Business.

Por estes e outros motivos, o home office pode ser entendido como um modo flexível para desempenhar o trabalho, abrangendo diversas atividades, permitindo que os trabalhadores desempenham suas funções independentemente de tempo e espaço.

1.3 O Surgimento do direito do trabalho

A relação tradicional de trabalho e de emprego, cada vez mais cede espaço as inovações e as novas relações contratuais, permitindo a ausência física do trabalhador. Ressaltando-se o novo método e o novo ambiente de trabalho, onde a ferramenta primordial do trabalho é a tecnologia. As constantes transformações emergem para uma relação de trabalho também diferenciada que não mais apresentam as características de tempo, espaço e organização, próprias das

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atividades comuns. Neste novo modelo de trabalho o esforço físico humano é substituído pela atividade informatizada.

Conforme cita Fincato (2014, p.108) “as tecnologias de informação tornaram-se um elemento indissociável do desenvolvimento da atividade econômica, construindo-se em fator cada vez mais importante na organização e estruturação das sociedades modernas”. O que acarretou mudanças significativas nas relações de trabalho.

Assim, o trabalho ganha destaque a partir do momento que flexibiliza as relações de emprego, notoriamente também no contexto brasileiro, como explica Fincato (2014, p.108):

[...] apreciando se a novel legislação possui o condão de evitar ou resolver os conflitos resultantes e apresentando, caso necessárias, alternativas, principalmente à luz do direito comparado europeu e da experiência negocial coletiva brasileira.

Em face dos pressupostos da globalização e das mudanças no sistema de produção num sentido geral, pesquisas afirmam que o mercado entrou em crise em razão da crescente competição internacional, devido aos avanços tecnológicos sem fronteiras. Diante disso todo o processo foi dinamizado a partir da inevitável quebra das barreiras nacionais.

Considerando a alta competitividade para ingressar e manter-se no mercado de trabalho, característica comum no mercado atual, entende-se a necessidade das empresas acompanharem o mercado e agirem em paralelo, com os novos recursos tecnológicos, ampliando a sua automação. Esta possibilidade de descentralização do trabalho refletiu sobre um grande número de pessoas que hoje trabalham a distância, o qual se institucionaliza como teletrabalho.

Os avanços das tecnologias de comunicação se elevaram a tal modo que se faz necessário refletir que tais mudanças sociais fazem surgir novas formas na relação de trabalho, que a sociedade vive neste momento, “uma nova mudança no seu sistema de produção” uma verdadeira Revolução Tecnológica. Esta nova versão

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de trabalho caracteriza-se pela centralização do conhecimento da informação e sua aplicação.

1.4 A Conceituação

O teletrabalho gera muita polêmica e debates sobre seu surgimento, estruturação, organização, manutenção, aplicação, extinção ou regulamentação, seja no Brasil ou na Europa, fomenta inúmeras pesquisas.

No Brasil, considerando a condição de país em desenvolvimento, esta modalidade de trabalho tem surgido lentamente, onde há a concretização apenas em alguns segmentos econômicos e profissões, mas nos últimos anos tem crescido rapidamente ganhando até legislação específica na Reforma Trabalhista de 2017.

Quando conceituamos o teletrabalho cabe observar a relação entre a utilização ou não de tecnologias de informação e comunicação e a periodicidade da quantidade de horas/mês despendidas em atividades que são desenvolvidas fora do escritório tradicional, principalmente para não confundir teletrabalho com trabalho e domicilio, porque, segundo Alice Monteiro de Barros:

[...] o teletrabalho distingue-se do trabalho tradicional não só por

implicar, em geral, a realização de tarefas mais complexas do que as manuais, mas também porque abrange setores diversos como: tratamento, transmissão e acumulação de informação; atividade de investigação,; secretariado; consultoria, assistência técnica e auditoria; gestão de recursos, venda e operações mercantis em geral. Desenho, jornalismo, digitação, redação, edição, contabilidade, tradução, além de utilização de novas tecnologias, como informática e telecomunicações, geralmente afetas ao setor terciário.

Amauri Mascaro (2011) define teletrabalho como sendo aquele cuja execução é exercida em lugar diverso do estabelecimento do empregador, por vezes, sendo na própria residência do obreiro, em que se desenvolve através do uso de tecnologias modernas que possibilitam o controle e a eficácia do trabalho.

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Essa nova forma de prestação de serviço é importante, pois demonstra uma maior dinamicidade no acompanhamento das relações empregatícias em relação às inovações tecnologias que estão constantemente sendo inseridas às inovações tecnológicas que estão constantemente sendo inseridas no mercado, alterando não só a maneira como é prestado o serviço, mas também como a maneira de como é prestado o serviço, mas também as relações interpessoais e o cotidiano das pessoas.

O desenvolvimento de atividades pelos empregados na modalidade de teletrabalho vem ganhando adeptos no cenário brasileiro, principalmente em setores onde a presença física não se mostra como um fator determinante para o desenvolvimento das atividades ou em grandes metrópoles onde o deslocamento dos profissionais, às vezes, é maior que o período de trabalho desenvolvido, ocasionando perda de produtividade e acréscimo dos níveis de estresse e doenças.

João Hilário Valentim (2010) aponta a necessidade de três elementos básicos: a) utilização de novas tecnologias referentes à informática e à telecomunicação; b) ausência ou redução de contrato pessoal do trabalhador com o padrão, superiores hierárquicos ou colega; c) o local de prestação de serviços geralmente é a casa do trabalhador.

Para a OIT, Organização Internacional do Trabalho, o teletrabalho define-se da seguinte maneira “A forma de trabalho efetuada em lugar distante do escritório central e/ou do centro de produção, que permita a separação física e que implique o uso de uma nova tecnologia facilitadora da comunicação”.

Embora muitas definições do teletrabalho existam, todas possuem em comum os seguintes fatores:

a) Espaço físico de trabalho externo;

b) Larga utilização da tecnologia da informação e comunicação; e c) As mudanças na organização e realização do trabalho

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Martins (2013) entende a este tipo de trabalho, como “periférico, à distância e remoto”. Sendo que o teletrabalho não se confunde com os demais trabalhos da área de informática como analistas programadores ou digitadores. Salienta que nem todo teletrabalho é realizado em domicilio, podendo ser realizado em um veículo conectando-se com o empregador por meio de computador, smatphone, iphone etc. Deste modo, todo teletrabalho é realizado à distância, no entanto, nem todo trabalho à distância pode ser considerado teletrabalho.

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:

XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos. (BRASIL, 1988).

O artigo 6º da CLT, não diferenciava o trabalho realizado no domicilio do empregado e o executado no estabelecimento do empregador:

Art. 6º - Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego.

Parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão do trabalho alheio. (BRASIL, 1943).

Logo, o teletrabalho é um tema que permite ampla abordagem, justamente em razão de suas peculiaridades e da flexibilização das regras tradicionais do labor. Neste sentido Junior (2013 p. 2) contextualiza o tema dentro de uma visão geral, conforme resenha citada:

O teletrabalho é uma forma mais versátil de se produzir nos dias de hoje. O empregado que executa essa maneira de trabalho realiza a produção técnica de seus serviços à distância, sem depender das instalações e recursos diretos daquele que o contrata, sendo geralmente realizado na estrutura doméstica.

O teletrabalho surgiu devido ao declínio de infraestrutura das cidades e do atual nível de difusão da tecnologia. Notavelmente é uma maneira de se trabalhar evidenciada com o avanço da tecnologia, e entre benefícios e malefícios, considero essa liberdade dada ao trabalhador de poder realizar seu trabalho da maneira que mais lhe achar conveniente e proveitosa um grande avanço, visto que podemos muitas vezes observar que o rigoroso controle de carga horária faz muitos trabalhos apresentarem uma produtividade baixa.

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Além de ser uma forma mais rentável, dada a diminuição do tempo gasto com o trajeto para o serviço, consideremos também os gastos com a formação da estrutura para se receber esse empregado. Resumindo, pode-se economizar tempo e gastos e aumentar a produtividade.

É considerada uma forma de trabalho mais prática, visando a flexibilidade da carga horária e maneira de conduzir o próprio trabalho. Alguns aspectos que podemos citar enfocando as características acima seriam a livre escolha do trabalhador de realizar seu trabalho em momentos propícios que lhe renderão uma maior produtividade, assim como evitar diversos transtornos como o deslocamento até o trabalho, enfrentando trânsito, horários rígidos, e também a maneira de adaptar seu trabalho à forma adequada que escolheu, ou seja, trabalhar dentro de casa, ao ar livre, no período noturno, entre escolhas cabíveis ao trabalhador. É notável que essa flexibilidade conseguida pelo teletrabalho só seja possível com um controle mais preciso sobre as atividades do trabalhador e exige também uma relação de maior confiabilidade entre o empregador e o empregado. [...] Fincato (2014, p. 111) apresenta a seguinte definição sobre o teletrabalho: O teletrabalho constitui uma difícil tarefa, na medida em que há um número de variações terminológicas, e suas flexões conforme o contexto geográfico, temporal e até mesmo científico. A palavra telecommuting3, que originou o vocábulo teletrabalho na língua portuguesa, foi utilizada pelo norte-americano Jack Nilles (1997), na década de 70. Definindo como qualquer atividade profissional que é realizada fora do local tradicional de trabalho, em que alguma das técnicas de telecomunicação é utilizada.

Denise Pires Fincato (2003), enfim, afirma que é teletrabalho:

[...] fenômeno moderno (ou nem tanto) a partir do qual alguém presta serviços por meio das ferramentas de comunicação e informação (notoriamente internet), distante geograficamente de seu tomador de serviços. A relação poderá ser autônoma ou subordinada [...].

Os trabalhadores organizaram manifestações e greves em busca de melhores condições de trabalho, redução de jornada de 13 horas para 8 horas e garantias trabalhistas, esse acontecimento ocorreu em 1º de maio de 1886. (MARTINS, 2008)

1.5 A Modalidades do teletrabalho

É necessário trazer para esse debate, as características do teletrabalho, importa ressaltar que no que se refere ao elemento especial, o teletrabalho subdivide-se em diferentes modalidades de acordo com a localidade no qual ele é prestado.

Sustenta Frederico Silveira e Silva que tal definição é importante em razão de demonstrar a distinção entre teletrabalho e equipara ao trabalho à domicilio, que é um equívoco muito comum na doutrina brasileira ao conceituar aquele.

Embora o teletrabalho não seja tão somente o trabalho á domicilio, isto não impede que seja realizado na residência do trabalhador. Portanto o teletrabalho em

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domicilio é umas das modalidades de teletrabalho, podendo ser considerada com a mais genuína destas.

A cerca do teletrabalho em domicilio, afirma Jack Niles que este seria válido e eficiente diante da redução de custos significativos tanto para o empregador quanto para o trabalhador, permitindo ainda o acesso ao emprego a pessoas que antes não tinham esta possibilidade.

No que diz a respeito ao teletrabalho realizado em telecentros, referem-se a “locais de trabalho situados fora da sede central da empresa, que disponibilizam recursos e todas as instalações de informática e de telecomunicações necessárias ao desenvolvimento desta forma de trabalho”.

Ainda no que concerne aos telecentros, cumpre destacar que há quatro modalidades especificas: a) os telecentros satélites são unidades separadas da sede principal em razão de finalidades geográficas visando-se o fácil acesso aos trabalhadores, possuindo constante comunicação eletrônica com a sede; b) as telecabana são empresas inauguradas para a realização de trabalhos mais administrativos, como emissão de faturas e preenchimentos de dados, instaladas em locais onde os imóveis e a mão de obra são mais baratas; c) os telecottage são, por sua vez. Estruturas criadas por iniciativa da administração pública ou da comunidade que vislumbram o desenvolvimento local, d) por fim, há cetros compartilhados ou comunitários, os quais se reúnem teletrabalhadores que laboram para inúmeras empresas que formam parceria para estruturar e manter as instalações.

A terceira modalidade de teletrabalho a mencionada é o teletrabalho nômade, no qual os trabalhadores não possuem local fixo para a prestação do serviço dispondo de equipamentos que permitem seu labor em qualquer local do mundo.

O teletrabalho coaduna tais objetivos, associando diversos benefícios, que envolvem o sucesso de sua aplicação. Neste sentido, distribui-se em modalidades diferenciadas conforme sua forma de organização, ou seja, dependem do local de sua realização, conforme arranjos apresentados por Costa (2004, p. 15):

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Home-office – é o teletrabalho realizado no domicílio do teletrabalhador; o

espaço de trabalho na empresa é mudado para um escritório na residência do trabalhador.

- Teletrabalho móvel – o trabalho é realizado por pessoas que estão

constantemente se movimentando, seja em viagens, visitando ou trabalhando nas instalações de clientes; os teletrabalhadores móveis usam celulares, laptops, palmtops, por exemplo, para a realização de suas tarefas; o escritório passa a ser qualquer lugar onde o teletrabalhador esteja: o carro, o avião, o trem ou o escritório do cliente.

- Escritórios satélites – escritórios pertencentes à própria empresa, geralmente em áreas fora do centro, em locais de aluguel mais barato e de acesso mais fácil para os empregados.

- Telecentros – escritórios equipados com os recursos tecnológicos

necessários ao teletrabalho, onde diversas empresas ou pessoas podem alugar espaço pelo tempo necessário (um dia, uma semana ou o período de um projeto).

- Telecottages – proposta originária dos países escandinavos, é uma iniciativa típica das comunidades para atrair empregos, atualizar a mão-de-obra e criar competitividade para a economia local, especialmente na Europa. Os telecottages funcionam como locais onde é oferecido treinamento e disponibilizada infra-estrutura e tecnologia para moradores e empresas da comunidade, e em praticamente todos os casos recebem ou receberam subsídios governamentais.

São espécies de teletrabalho nômades os escritórios virtuais (possuem estrutura lógica de um escritório que pode ser móvel ou fixo), escritórios turísticos (locais em áreas destinadas as férias) e hoteling (espécie de teletrabalho nômade na qual o teletrabalhador reserva um espaço em um escritório tradicional).

A modalidade de teletrabalho é definida em razão da estrutura na qual o serviço é realizado bem como em razão de sua natureza. Ainda, frisa-se em que qualquer das modalidades a utilização da tecnologia e dos meios de comunicação são intermediadores do afastamento físico entre o trabalhador e a empresa.

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2 O TELETRABALHO

A Lei 13.467/2017, conhecida como Reforma Trabalhista, incluiu, alterou e excluiu diversos dispositivos da CLT- Consolidação das Leis do Trabalho. Essas mudanças passaram a ter validade a partir de novembro de 2017. Diante disso algumas mudanças surgiram com potencial de influenciar muito algumas rotinas trabalhistas de empresas de tecnologia.

Com a reforma trabalhista foi regulamentado o regime de teletrabalho, popularmente conhecido como Home Office, que trata da prestação de serviços fora das dependências do empregador.

Conforme dispõe a Lei nº 13.467/2017 que traz o seguinte texto:

Art. 75-A. A prestação de serviços pelo empregado em regime de teletrabalho observará o disposto neste Capítulo.

Art.75-B. Considera-se teletrabalho a prestação de serviços

preponderantemente fora das dependências do empregador, com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo.

Parágrafo único. O comparecimento às dependências do empregador, para a realização de atividades específicas que exijam a presença do empregado no estabelecimento não descaracteriza o regime de teletrabalho.

Art.75-C. A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho deverá constar expressamente no contrato individual de trabalho, que especificará as atividades que serão realizadas pelo empregado.

§ 1º Poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho desde que haja mútuo acordo entre as partes, registrado em aditivo contratual.

§2º Poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantindo prazo de transição mínimo de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. Art.75-D. As disposições relativas à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada á prestação do trabalho remoto, bem como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito.

Parágrafo Único. As utilidades mencionadas no caput deste artigo não integram a remuneração do empregado.

Art 75.E. O empregador deverá instruir os empregados, de maneira Express e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho.

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Parágrafo único. O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador.

No parágrafo primeiro do artigo 75-C para o inicio do teletrabalho é necessário mútuo acordo, pois o parágrafo segundo afirma que o empregador pode determinar, sem anuência do obreiro, o retorno do empregado ao ambiente empresarial. A disposição conflita com o artigo 468 da CLT, que exige bilateralidade nas alterações contratuais, em razão do principio da inalterabilidade contratual lesiva, bem como por força do artigo 7º da CF/88 que diz que os direitos devem visar a melhoria da condição social do trabalhador.

Com relação ao artigo 75- D da CLT, observa-se que não ocorre a transferência para o empregado das despesas relativas à atividade, pois essas são do empregado, pelo princípio da alteridade. Apenas determina-se que o reembolso das despesas deve ser previsto em contrato escrito. Por isso, deve ser disciplinado o prazo para os pedidos de reembolso por parte do trabalhador, os documentos que serão necessários e a disponibilidade de equipamentos e material que podem ser adquiridos ou se o empregador realizará a aquisição diretamente, como prevê claramente o artigo 168, item I, do CLT de Portugal.

Os pressupostos da relação de emprego no teletrabalho sempre puderam, assim, ser aferidos da situação concreta posta em análise com o simples concurso dos elementos fáticos-jurídicos inseridos no caput do artigo 3º da CLT(trabalho por pessoa natural, prestado com não eventualidade, onerosidade e subordinação) e também no caput do artigo 2º da CLT.

O trabalho assalariado e por conta alheia desenvolvia-se, tradicionalmente, dentro do estabelecimento empresarial criado e mantido pelo empregador, em uma estrutura rígida de organização e divisão do trabalho.

Inicialmente, a prestação efetivada além dos limites da vigilância direta do empresário se restringia ao trabalho a domicílio e à prestação de serviços dos vendedores, agentes etc.

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O teletrabalho surgiu com a alteração da aludida forma de organização clássica do trabalho, ao aproveitar-se das facilidades de trabalho à distância oferecidas pelo uso das novas tecnologias, bem como da interferência do processo de globalização da economia, que exigia estruturas mais flexíveis de trabalho. É utilizado em grande escala nos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A depender da região onde seja observado, o teletrabalho pode assumir caracteres diversos, influenciado, também, pela natureza dos novos instrumentos utilizados, tanto para a execução do trabalho em si, quanto para a comunicação permanente ou eventual com o empregador.

Por conta disso, o teletrabalho é usado com maior frequência em determinadas atividades profissionais que não exigem a presença física do trabalhador dentro do estabelecimento empresarial, principalmente naquelas de natureza intelectual. Quando comparado com o trabalho tradicional, o teletrabalho apresenta diversas vantagens, dentre elas destaca-se a desnecessidade de utilização de meios de transportes públicos ou particulares para o percurso residência-trabalho-residência.

2.1 A prestação de serviços na modalidade de teletrabalho

A prestação de serviços na modalidade de trabalhado deverá constar expressamente no contrato individual de teletrabalho, que determinará as atividades que serão realizadas pelo empregado. (artigo 75-C)

Registrado em aditivo contratual, poderá ser realizada a alteração entre regime presencial e de teletrabalho. (§ 1 º do art. 75-C da CLT). Porem poderá ser realizada a alteração do regime de teletrabalho para o presencial por determinação do empregador, garantido prazo de transição de quinze dias, com correspondente registro em aditivo contratual. " (§ 2º do art. 75-C).

Os equipamentos necessários para a realização do teletrabalho e despesas usuais correspondentes (aquisição de aparelhos tecnológicos e instalações de suporte; assinaturas de telefonia, internet; etc.). As disposições sobre à responsabilidade pela aquisição, manutenção ou fornecimento dos equipamentos

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tecnológicos e da infraestrutura necessária e adequada à prestação do trabalho remoto, como ao reembolso de despesas arcadas pelo empregado, serão previstas em contrato escrito. " (art. 75-D, caput, CLT).

A lei segue a diretriz geral de que os custos e encargos relativos ao contrato empregatício e à prestação de serviços nele contratada cabem ao empregador, ao invés de ao empregado. Isso é o que deriva do próprio conceito de empregador explicitado pela ordem jurídica. De fato, o artigo explicitado pela ordem jurídica. De fato, o art. 2º, caput, da CLT, enfatiza ser empregador "a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assalaria e dirige a prestação de serviço". Nesse quadro, a regra do art. 75-D da CLT tem de ser interpretada em harmonia com a regra do art. 2º, caput, da mesma CLT, colocando sob ônus do empregador esses custos inerentes ao teletrabalho.

Esclarece, de toda maneira, o parágrafo único do art. 75-D da Consolidação que tais utilidades "não integram a remuneração do empregado". Efetivamente, em princípio, são utilidades fornecidas para a prestação de serviços, não apenas para viabilizá-la como também para tomá-la de melhor qualidade. Por isso não ostentam mesmo natureza salarial.

Relativamente ao meio ambiente de trabalho - embora este esteja situado longe das vistas do empresário -, a Lei estipula que o "empregador deverá instruir os empregados, de maneira expressa e ostensiva, quanto às precauções a tomar a fim de evitar doenças e acidentes de trabalho" (caput do art. 75-E da CLT). E aduz o mesmo diploma normativo: "O empregado deverá assinar termo de responsabilidade comprometendo-se a seguir as instruções fornecidas pelo empregador" (parágrafo único do art. 75-E da CLT).

Pela lógica do teletrabalho, que estende, em alguma medida, o conceito de meio ambiente do trabalho também para o ambiente privado do trabalhador, pode-se falar, em tese, abstratamente, na possibilidade de responsabilidade empresarial pelos danos da infortunística do trabalho também nesses casos.

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Porém, não há dúvida de que, concretamente, embora não seja tão árdua a comprovação da configuração do dano, torna-se mais difícil do que o padrão usual a comprovação tanto do nexo causal como, especialmente, da culpa do empregador. Esse é um tema, contudo, que apenas o acúmulo de experiências práticas, ao longo do tempo, poderá agregar maiores dados para a mais aprofundada reflexão a respeito.

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) prevê que o funcionário com jornada externa não tem direito ao pagamento de horas extras, salvo se houver controle desta jornada externa.

Importante destacar que o controle de jornada do teletrabalhador pode ser feito por meio de programas de computador, que permitem o controle das horas registradas, do que foi efetivamente feito no dia de labor e ainda com possível acesso visual remoto por webcam. Apesar da reforma não especificar a exceção de que quando a jornada seja controlada, haveria direito ao pagamento de eventuais horas extras. É provável que a Justiça do Trabalho aplique tal regra da jornada externa, por comparação. Assim, o prejuízo neste aspecto pode ser relativizado.

No caso de o empregado ir na empresa eventualmente não afasta sua condição de teletrabalhador, pois o contrato esporádico é salutar até para se evitar o isolamento total e estipular o convívio social entre colegas ou treinamento e, porventura, entrega de documentos pessoais ou profissionais. O que não pode acontecer é a exigência contínua de comparecimento ao ambiente de trabalho que se equipare a um controle diário e fixo de forma camuflada. Havendo um simples agendamento para melhor organizar as atividades, não há descaracterização do regime de teletrabalho.

2.2 Das vantagens e desvantagens do Teletrabalho

O teletrabalho é uma oportunidade de criação de emprego para as cidades menos desenvolvidas, podendo ser realizada em casa, ou através da criação de centros de Teletrabalho. Podendo ocorrer muitas vantagens nesse regime de teletrabalho como por exemplo aumentar a produtividade reduzindo os custos de

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espaço no escritório, demissões e absentismo (de todos os tipos que incluem :greves, enchentes, congestionamento, etc).

Na prática, o home office já era adotado por grandes empresas. Trata-se de uma boa alternativa para as companhias, considerando os cortes fixos, e para os funcionários que ganham mais autonomia, podendo trabalhar em horários flexíveis e de qualquer lugar acessando à internet.

Em relação às vantagens conexas à empresa, ao trabalhador e a sociedade, Duarte (2005, p. 2) pontua prioritariamente as seguintes considerações:

“Diminuição do stress; aumento do bem-estar; maior disponibilidade para a família; diminuição de despesas com vestuário, alimentação, transporte; controle do próprio ritmo pessoal e de trabalho; aumento da produtividade; ausência de competição; menor número de interrupções no trabalho; menor número de afastamento por problemas de saúde; menor rotatividade de pessoal; maior capacidade de concentração; autodisciplina e organização pessoal; e maior tempo livre. Geração de empregos virtuais; diminuição no congestionamento nas cidades; redução da poluição do ar; redução do consumo de combustível e energia; maior utilização de mão-de-obra de deficientes físicos; maior utilização de mão-de-mão-de-obra incapacitada temporariamente.”

Além da organização e limpeza do local onde a atividade laborativa é executada, que pressupõem condições seguras e institui prevenções diversas, a SOBRATT (2013) apresenta recomendações que incluem: eletricidade, e instalações elétricas da casa em boas condições. Desconectar os equipamentos quando necessário. Evitar o uso de extensões duvidosas sem aterramento. A fiação deve ser devidamente organizada e sem riscos. Extintor de emergência para o caso de incêndio. Projeto ergonômico previsto pela NBR 17 e níveis de iluminação estabelecidos pela NBR 5413, da ABNT (registradas no INMETRO), preferencialmente de acordo com os seguintes requisitos:

- Iluminação: 500 Lux

- Níveis de ruído: Máximo 65 DB(A); - Temperatura do ambiente: 20/23ºC; - Umidade relativa do ar: não inferior a 40%; - Velocidade do ar não superior à 0,75 m/s;

- Cadeira com características ergonômicas(NR-17);

- Mesa com bordas arredondadas (sem quinas) e dimensões de profundidade e altura ergonômica;

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Dentro das vantagens, DE MASI (2001) afirma que:

Levando os trabalhos para fazer em casa (como, de resto, já fazem os juízes e advogados, jornalistas e pesquisadores, intelectuais e artistas de todo gênero),servindo se do telefone, do fax e do microcomputador, esses milhões de trabalhadores poderiam trabalhar de roupão entre as paredes domésticas, regulando o tempo ao seu próprio biorritmo e os métodos às suas preferências. Resultaria daí uma maior autonomia, uma menor alienação, uma grande economia de energia, de combustível e de tempo, menos poluição e congestionamento do trânsito; a vida familiar poderia tornar se mais alegre com a presença maior dos vários membros; a vida do bairro seria intensa, pondo fim ao absurdo desperdício das duplas estruturas (casa e escritório); o preço das áreas urbanas poderia diminuir, pela utilização mais racional dos edifícios; poderia melhorar a vida nas cidades, que cada vez se emaranham mais num inferno de gente a se deslocar sem sentido ou interrupção.

O trabalho é realizado em telecentros, pode ser constatada até uma certa flexibilidade na escolha da localização do domicilio, já que a princípio, o escopo destes é que sejam localizados em periferia, fora dos centos urbanos conturbados, VERA WINTER (2005):

[...] vantagens não só para o teletrabalhador, como para a sociedade, a difusão do trabalho até em zonas isoladas ou periféricas, permitindo o aproveitando de trabalhadores da zona rural e, ao mesmo tempo, o descongestionamento das áreas superpovoadas.

Conforme cita Winter (2005) pode se referir ainda como vantagens ao teletrabalhador, o conforto de trabalhar onde possa se sentir mais à vontade, o que proporciona considerável diminuição nos graus de estresse, redução de gastos com transporte e vestuário. Dessa maneira, pode se constatar uma:

[...] maior motivação ao trabalho pelo empregado e um menor índice de doenças profissionais, reduzindo as faltas, pois o que interessa é o cumprimento do objetivo no prazo, o que pode ser equacionado de maneira mais flexível em comparação da atividade desempenhada dentro do estabelecimento da empresa.

Para Domenico De Masi (2000) entende que a essência do trabalho é a economia de tempo, o que gera a melhora na produção e o aprimoramento da qualidade de vida do trabalhador, relacionando continuamente vantagens a partir do implemento do teletrabalho. O que se constata a partir da:

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[...] autonomia dos tempos e dos métodos, da coincidência entre o lar e o local de trabalho, da redução de custos e do cansaço provocado pelos deslocamentos, da melhoria da gestão da vida social e familiar, além da possibilidade de relações de trabalho mais personalizadas.

Por outro lado, observa ainda que para a implementação eficaz do teletrabalho:

[...] cada habitação deverá ser dotada de um “recanto telemático” onde o teletrabalhador possa encontrar tudo aquilo que lhe é in dispensável para desenvolver as suas tarefas remotas. A palavra passa, portanto, aos urbanistas e arquitetos, que até agora têm procurado tornar “inteligentes” os quarteirões e edifícios destinados ao trabalho de escritório, mas que daqui para frente terão que tornar “inteligentes” as unidades habitacionais destinadas a acolher, juntamente com a vida familiar, também o teletrabalho.

Por tanto é um grande desafio para engenheiros e arquitetos para que possam projetar um espaço especifico para o empregado que trabalha em casa em home office, pois tem que haver um ambiente bom, e cuidados com a questão da ergonomia.

Podemos citar também algumas desvantagens, a indefinição de horários de trabalho e lazer, falta de atualização profissional em processos gerenciais; ambiente de trabalho confinado (anti-social) e interferência de assuntos domésticos nos assuntos profissionais.

Passando por algumas dificuldades em relação ao distanciamento de outros funcionários da empresa, dificultando o diálogo e a amizade que fazem parte da convivência humana.

Outro ponto importante é o teletrabalhador saber administrar o seu tempo, já que muitos estão laborando em seus lares, isso pode dificultar sua produtividade, verificando ao teletrabalhador saber o horário correto de iniciar suas atividades e seus compromissos particulares.

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1.3 Das doenças ocupacionais e acidentes de trabalho

Sobre acidentes de trabalho e doenças ocupacionais, o trabalhador deve assinar um termo de responsabilidade garantindo que cumprirá as instruções fornecidas pelo empregador para evitar doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Esse termo de responsabilidade dá a entender que o empregador estaria isento de fiscalizar as condições de trabalho de seu funcionário. Caso sofra uma doença ocupacional, por exemplo, poderia ser o próprio empregado o único responsável por isso.

A Reforma Trabalhistas (Lei nº 13.467/2017) trouxe novidades em seu bojo, por exemplo. Segundo Oliveira, as doenças ocupacionais são estados patológicos ou mórbidos, ou seja, de perturbação da saúde do trabalhador, que normalmente vai se instalando insidiosamente e se manifesta internamente, com tendência de agravamento, ou seja, as doenças ocupacionais são as doenças que surgem no decorrer do contrato de trabalho face o desempenho de atividades que exigem posturas ou repetições de procedimentos por parte do trabalhador levando a uma degeneração física ou mesmo psicológica.

No que se refere as atividades de teletrabalho, é mais que lógico compreender que as mesmas se referem a atividades que exigem a repetitividade de digitação. Digitação essa que, devido a continuidade e falta de equipamentos de proteção adequados, pode vir a gerar inúmeros problemas de saúde, como tendinites e bursites, por exemplo.

Ocorre que, quando a nova legislação retira a responsabilidade do empregador caso o mesmo tenha instruído o empregado a respeito das precauções que devem ser tomadas, o trabalhador está totalmente suscetível ao risco de ter que arcar com todos os ônus de uma doença ocupacional.

Logo, podemos afirmar que, diante a novidade legislativa, o trabalhador perde a proteção a sua saúde ocupacional, vez que assume exclusivamente os riscos de doenças ocupacionais.

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Portanto, não há dúvidas de que tal novidade legislativa deve ser vista e analisada com bastante critério face os prejuízos irreversíveis que podem ser causados à saúde do trabalhador.

Talvez pelo fato de o trabalhador prestar os serviços sem a supervisão do empregador isso provoque a isenção de sua responsabilidade. Além disso, a mesma reforma prevê expressamente que as condições do teletrabalho poderão ser negociadas livremente pelos sindicatos, tendo seus acordos, com força acima da previsão legal.

Sobre o mútuo acordo entre patrão e empregado, é importante salientar que o empregado que necessita de seu salário para o sustento básico de sua família e dificilmente se recusará a assinar um ‘acordo’ com seu patrão, enquanto o contrato está ativo. Logo, o consentimento do trabalhador para alterar suas condições de trabalho ou para, por exemplo, dizer que concorda em pagar pelas despesas operacionais do seu trabalho não importa em um real consentimento, de forma livre, como se analisa um contrato cível, já que o trabalhador é a parte mais fraca na relação jurídica patrão-empregado.

"O fato de o empregado trabalhar em domicílio não constitui, por si só, motivo para eximir o empregador da observância das normas de segurança e medicina do trabalho, colocando o trabalhador à margem da proteção legal que deve abranger 'todos os locais de trabalho', sem distinção.” (artigo 154 da CLT).

A proteção à integridade física e psicológica dos empregados, suposto para a preservação da própria dignidade do trabalhador, passa a contar apenas com proteção formal, sustentada em mera declaração, por parte do próprio empregado, quanto às precauções que deve tomar, fragilizando a incidência de normas que previnem o infortúnio laboral, bem como as doenças ocupacionais.

A gravidade dessa nova sistemática prevista na Lei n. 13.467/2017 assume proporções exponenciais, com potenciais endêmicos em termos de saúde pública e, por consequência, de desequilíbrio de contas previdenciárias, se se considerar que as doenças ocupacionais referentes a LER e DORT sempre estão situadas dentre as maiores causas de afastamento por doença do trabalho. A prevenção dessas

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doenças está intimamente ligada à imperatividade de normas ergonômicas, com necessária inspeção de postos de trabalho e efetiva fiscalização do cumprimento da legislação referente à saúde e segurança no trabalho, notadamente a NR 17 do Ministério do Trabalho. E, em se tratando de doenças decorrentes de esforço repetitivo, há que se considerar outro elemento de agravamento do nexo etiológico, a partir da intensificação da produção, por meio do controle eletrônico da produtividade.

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CONCLUSÃO

O Teletrabalho é eficaz tanto para o empregado especializado quanto para o de menor especialização. Dessa forma, alcança um maior número de trabalhadores, inclusive, frise-se, aqueles que hoje encontram-se excluídos do mercado de trabalho.

O texto da Reforma Trabalhista pretende fragilizar em vários aspectos o princípio tutelar, pois retira a proteção da parte mais fraca da relação empregatícia, o trabalhador. Percebe-se, assim, a gravidade trazida pelo texto da Reforma Trabalhista.

O princípio da proteção é caracterizado pela indicação de condutas jurídicas que fixam um complexo normativo relacionado com institutos, regras jurídicas, princípios que possuem o objetivo de estruturar uma rede de proteção à parte hipossuficiente na relação empregatícia, visando reduzir a desigualdade e desestabilização ligadas ao plano fático do contrato firmado entre o empregador e o obreiro. Logo, tal princípio protetivo é responsável pela fundação do Direito do Trabalho.

Com essas alterações na reforma trabalhista para o regime do teletrabalho, subvertendo a lógica da subordinação que permeia o contrato de trabalho ao pretender transferir ao trabalhador os custos da produção e negar os limites constitucionais de jornada diária e semanal em completa, alterando o conceito de empregador e do risco inerente ao desenvolvimento da atividade econômica da empresa. (artigo 2º da CLT). A novidade legislativa também afeta diretamente a saúde física e psicológica do trabalhador atribuindo ao próprio empregado a responsabilidade pela prevenção e fim de evitar doenças ocupacionais e acidentes no ambiente de trabalho, eximindo o empregador de fiscalizá-lo.

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A pesquisa contribuiu no sentido de mostrar que o teletrabalho pode trazer benefícios tanto para o servidor quanto para a organização. Importante ressaltar que nem todo indivíduo possui o perfil para o teletrabalho. Logo, o indivíduo que possui o perfil para o teletrabalho pode alcançar resultados significativos em relação à produtividade, pois ele também pode ao mesmo tempo estar alcançando altos níveis de motivação, satisfação e bem-estar com o trabalho, ou seja, aspectos que podem afetar positivamente seu desempenho na organização.

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