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BRUNHAUSER_Determinação da taxa de imprimação em base de solo laterítico

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Determinação da taxa de imprimação em base de solo laterítico

Determination of prime coat rate on lateritic soil base

Katiane Backes Brunhauser1, Ana Elza Dalla Roza2, João Gabriel Ribeiro3

Resumo: Este trabalho tem como objetivo a determinação da taxa de imprimação mais adequada para base de solo laterítico em Sinop – MT, através de ensaios de aderência e penetração. As amostras foram compactadas na modalidade de compactação estática e imprimados com Asfalto Diluído de Petróleo CM-30 variando a taxa de aplicação de ligante nos seguintes valores: 0,8 l/m², 1,0 l/m², 1,3 l/m² e 1,5 l/m². Os ensaios também foram realizados em um trecho de pavimento urbano no munícipio, de base executada com solo da mesma jazida que o utilizado em laboratório. Os valores obtidos nos ensaios em laboratório foram analisados estatisticamente com o objetivo de comparar os valores médios de aderência e penetração para cada taxa de aplicação estudada, determinando a melhor taxa de imprimação. Também foram comparados os valores médios encontrados no trecho com os resultados obtidos nos ensaios em laboratório na taxa de 1,0 l/m². Concluiu-se que a taxa que apresentou os melhores resultados em termos de aderência e penetração nas amostras estudadas em laboratório foi a taxa de 1,0 l/m² e foi observado que não houve diferenças médias estatisticamente signifcantes entre os valores dos ensaios no trecho urbano e no laboratório.

Palavras-chave: penetração; aderência, DIPEA, CM-30.

Abstract:The objective of this work is to determine the most suitable primer rate for the lateritic soil base in Sinop - MT, through adhesion and penetration tests. The samples were compacted in static compaction mode and primed with CM-30 Diluted Petroleum Asphalt varying the binder application rate in the following values: 0,8 l/m², 1,0 l/m², 1,3 l/m² and 1,5 l/m². The tests were also carried out on a stretch of urban pavement in the municipality, based on soil from the same field as the one used in the laboratory. The values obtained in the laboratory tests were statistically analyzed with the objective of comparing the average values of adhesion and penetration for each applied application rate, determining the best priming rate. We also compared the mean values found in the section with the results obtained in the laboratory tests at the rate of 1,0 l/m². It was concluded that the rate that presented the best results in terms of adhesion and penetration in the samples studied in the laboratory was the rate of 1,0 l/m² and it was observed that there were no statistically significant differences between the values of the tests in the urban stretch and in the laboratory.

Keywords: penetration, adhesion, DIPEA, CM-30.

1 Introdução

Alguns dos defeitos que comprometem o desempenho do pavimento, como escorregamento e exsudação, têm como causa a falha na imprimadura e os defeitos podem ser resultado da taxa incorreta de imprimação, falha na aplicação do material ou armazenagem inadequada do material asfáltico.

Segundo DNIT (2014) a imprimação consiste na aplicação de material asfáltico sobre a superfície da base concluída, antes da execução do revestimento asfáltico, possuindo a função de aumentar a coesão da superfície da base, pela penetração do ligante asfáltico, impermeabilizar a base e promover aderência entre a base e o revestimento.

Para que a imprimação desempenhe sua função de maneira eficiente o DNIT (2014) exige cuidados desde a armazenagem até a aplicação do ligante asfáltico. As taxas usuais de aplicação do ligante são da ordem de 0,8 a 1,6 l/m² e recomenda-se o emprego do asfalto diluído CM-30 na imprimação.

De acordo com o DER/SP (2005) a taxa de aplicação da imprimação varia em função do tipo e textura da camada a ser imprimada, sendo a taxa obtida experimentalmente.

Neste trabalho foi utilizado o solo laterítico, indicado como material para execução da base. Foram moldados corpos-de-prova com o solo que compactado na modalidade de compactação estática, 24 horas após submetidos à imprimação, e 24 horas depois da aplicação da taxa, os corpos-de-prova foram submetidos aos ensaios de aderência e penetração.

O projeto teve como objetivo determinação a taxa de imprimação mais adequada para base de solo laterítico no município de Sinop-MT, através dos ensaios de aderência e penetração.

2 Fundamentação Teórica

2.1 O Pavimento

De acordo com Senço (2007), pavimento é a estrutura construída sobre a terraplenagem e destinada para resistir aos esforços oriundos das cargas transmitidas pelos veículos, melhorar as condições de rolamento quanto à comodidade e segurança dos usuários e resistir aos esforços horizontais.

Segundo Bernucci et al (2006) os pavimentos asfálticos, são compostos por quatro camadas: revestimento, base, sub-base e reforço do subleito. A concepção destas estruturas deve ser realizada de acordo com a disponibilidade de materiais nas proximidades da obra, conforme as características dos esforços solicitantes provenientes do tráfego, das propriedades dos solos do subleito e das condições 1

Graduanda em Engenharia Civil, UNEMAT, Sinop, Brasil, katibrunhauser@hotmail.com

2

Graduada, Professor Efetivo, UNEMAT, Sinop, Brasil, ana.roza@unemat.br

3

Mestre, Professor Efetivo, UNEMAT, Sinop, Brasil, jgr06041980@gmail.com

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climáticas da área que será implantada a obra (DER/SP, 2006).

De acordo Villibor et al (2009) em regiões tropicais como o Brasil destacam-se os solos lateríticos. Os solos lateríticos são solos superficiais, típicos das partes bem drenadas das regiões tropicais úmidas. Os solos lateríticos são constituídos por uma camada de solo poroso, rico em ferro e alumínio, tendo uma espessura variável que pode chegar a dezenas de metros (CARVALHO et al, 2015).

Apesar de serem escassas as camadas de laterita, são amplamente utilizadas em obras de pavimentação no meio urbano de Sinop, por apresentarem um desempenho satisfatório como camadas de sub-base e base (DALLA ROZA E CRISPIM, 2013).

Para que haja interação entre a base do pavimento e o revestimento é executada uma camada de ligação ou camada intermediária, que de acordo com Bernucci et al (2006), são denominadas de binder ou imprimação.

Segundo Senço (2001) a imprimação é a aplicação de uma camada de material asfáltico sobre a superfície da base concluída, antes da execução do revestimento, servindo para aumentar a coesão da superfície da base, pela penetração do material betuminoso, impermeabilizar a base e promover condições de aderência entre a base e o revestimento.

O DNIT (2014) recomenda o emprego do asfalto diluído CM-30 na imprimação, sendo este em conformidade com a especificação brasileira vigente de asfalto diluído (ANP, 2007).

Os asfaltos diluídos resultam da diluição de um cimento asfáltico de petróleo por destilados leves de petróleo, com o objetivo de reduzir temporariamente sua viscosidade, facilitando sua aplicação (SENÇO, 2007).

A taxa de aplicação do ligante deve ser determinada experimentalmente na obra considerando-se que a taxa ideal é a máxima absorvida em 24 horas pela base, as taxas variam conforme o tipo e a textura da base (DNIT, 2014).

Considerando as condições locais, deve ser determinada a taxa de aplicação de ligante asfáltico mais eficiente. O DNIT (2014) apresenta as taxas usuais da ordem de 0,8 l/m² a 1,6 l/m². Já para o DER/PR (2005) as taxas variam de 0,8 l/m² a 1,3 l/m² variando de acordo com o tipo de solo, e para o DER/SP (2005), a variação das taxas para cada tipo de solo são de 0,7 l/m² a 1,5 l/m², conforme Tabela 1.

Tabela 1. Taxas usuais de asfalto diluído para imprimação DER/PR e DER/SP

Taxas usuais de asfalto diluído para imprimação Brita graduada 0,9 a 1,3 l/m²

Brita corrida 1,0 a 1,3 l/m² Camadas estabilizadas

Solo arenoso fino

1,0 a 1,2 l/m² 1,0 a 1,3 l/m² Solo brita arenoso 1,0 a 1,2 l/m² Solo brita argiloso 0,9 a 1,1 l/m² Fonte: Adaptado de DER/PR e DER/SP (2005).

A espessura (profundidade) da penetração da imprimadura varia em função das diversas características intrínsecas do solo, do seu grau de

compactação e do material utilizado na imprimação (VILLIBOR E NOGAMI, 2009).

2.2 Equipamento DIPEA

O equipamento DIPEA (Dispositivo Portátil para Ensaio de Aderência), orginalmente utilizado para controle de argamassa e concreto de cimento Portland, foi adaptado por Pereira (2002) que propôs um ensaio em campo para avaliação da aderência dos geotêxteis às camadas do pavimento, que permitisse avaliar a taxa adequada de espargimento de ligante sobre o Geossintético.

Segundo Pereira (2002) é um ensaio do tipo arrancamento e consiste de um disco de aço que deve ser colado à superfície que se deseja ensaiar. A este disco é aplicada uma força de tração axial que o arranca juntamente com o material ao qual está colado. A concepção do aparelho DIPEA garante a perpendicularidade entre o parafuso de tração e o disco de aderência. A transferência de torque é eliminada por um rolamento de encosto.

A Figura 1 apresenta imagem equipamento DIPEA (lado A) e discos de aderência (lado B).

Figura 1: Equipamento DIPEA e discos de aderência. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Pereira (2002) adaptou o equipamento original que possuía diâmetro de 65 mm para 100 mm.

A medida da aderência é efetuada através de um torquímetro de relógio dotado de um ponteiro de arraste com faixa de trabalho adequado ao que se deseja medir. Os valores de torque podem ser correlacionados com a taxa de emulsão inicial (PEREIRA, 2002).

De acordo com Pereira (2002) o ensaio de arrancamento é bastante simples, consistindo de basicamente três operações: colar a placa à superfície da manta, arrancar e ler o torque.

2.3 Resultados de outros autores

Villibor e Nogami (2009) apresentam fatores que influenciam no processo de imprimação em laboratório. São eles a taxa de aplicação, teor de umidade de compactação, características do solo, irrigação prévia, umidade na ocasião da imprimadura e peso específico seco.

Foi constatado pelos autores que a penetração da imprimadura com taxa de 1,2 l/m² é cerca de 55% superior à penetração com taxa de 0,7 l/m².

Ainda segundo os autores as amostras moldadas próximas à umidade ótima que apresentavam penetrações inferiores a 4 mm, diminuindo a umidade

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de compactação para valores inferiores ao teor ótimo (𝑤𝑜𝑡 – 2%) a amostra apresentava valor de penetração superior a 8 mm.

Nos corpos de prova ensaiados por Villibor e Nogami (2009) apresentaram maior penetração da pintura asfáltica aqueles que foram irrigados antes da aplicação da imprimadura. Esses autores também indicam que na execução de uma base de solos lateríticos é necessário esperar que o teor de umidade atinja de 50 a 70% da umidade inicial de compactação, possibilitando assim a penetração elevada da imprimadura na base.

Para a mesma energia de compactação a penetração da imprimação varia inversamente com o peso especifico seco e para peso especifico seco diferentes com o mesmo teor de unidade, é obtida uma maior penetração da imprimadura com uma energia de compactação menor (VILLIBOR E NOGAMI, 2009). Villibor e Nogami (2009) também apresentam considerações sobre o processo de imprimação em campo, verificando que as penetrações das imprimaduras obtidas nas bases executadas, são 28% superiores ao valor médio das penetrações obtidas em laboratório.

Ainda segundo os autores as bases compactadas com uma umidade elevada, a penetração da imprimadura é reduzida afirmam que a secagem prévia da base, ocasiona um aumento na penetração da imprimadura. Sugerem também a determinação da penetração no teor de umidade 𝑤𝑜𝑡 – 2% como critério para a fixação do tipo e da taxa de material asfáltico a ser utilizado.

Para Villibor e Nogami (2009), as imprimaduras que apresentam resultados satisfatórios são caracterizadas por: espessura de penetração do material betuminoso situada entre 4 e 10 mm e película residual do material betuminoso na superfície, com espessura não excessiva. As imprimaduras, nessas condições, resistiriam aos esforços de cravamento do agregado da capa na base e aos horizontais, produzidos pelo tráfego.

Ramalho (2011) avalia em laboratório a utilização de emulsão com Óleo de Xisto na imprimação de três tipos de solos (arenoso, cascalho de quartzo argiloso e laterítico) e compara os resultados obtidos nos ensaios de penetração, coesão, aderência e impermeabilização com os resultados encontrados nos ensaios com corpos de prova imprimados com Asfalto Diluído de Petróleo CM-30.

Para moldagem dos corpos-de-prova foi utilizada energia de compactação do Proctor Intermodificado, sendo a compactação executada em três teores de umidade 𝑤𝑜𝑡 - 1%, 𝑤𝑜𝑡 e 𝑤𝑜𝑡 + 1% (RAMALHO, 2011). Um dos solos estudados pelo autor é o Cascalho Laterítico Argiloso, este solo apresentava 70,2% de pedregulho, 3,2% de areia grossa, 14,8% de areia fina, com frações significativas de silte e argila. Os corpos de prova utilizados para os ensaios de penetração e aderência foram imprimados com uma taxa de aplicação de 1,0 l/m², pois para todas as condições de umidade a taxa de 1,0 l/m² foi que apresentou melhor desempenho para o solo laterítico (RAMALHO, 2011).

Os resultados obtidos por Ramalho (2011) na determinação das espessuras de penetração nos corpos de prova de solo laterítico, imprimados com Asfalto Diluído de Petróleo CM - 30 após 24 horas da compactação e rompidos com 48 horas, são apresentados na Tabela 2.

Tabela 2. Solo laterítico imprimado com 24 horas após compactação com CM-30

Ramos CP Espessura de penetração (mm) Média (mm) w

Ótima 14 9,8 8,6 10,2 7,4 8,2 8,84 Fonte: Adaptado de RAMALHO (2011)

Segundo o autor a aderência do Asfalto Diluído de Petróleo CM-30 para o solo laterítico varia entre 1,0 Nm a 1,8 Nm.

Rabêlo (2006) estuda os principais fatores que interferem para a medida da penetração da imprimação em bases rodoviárias do estado do Ceará, os materiais betuminosos utilizados nos ensaios foram a emulsão RM-1C, o asfalto diluído CM-30 e uma mistura com adição do líquido da castanha de caju (LCC).

Os corpos de prova ensaiados pelo autor foram moladados no teor de umidade 𝑤𝑜𝑡 – 2% por apresentarem melhores medidas da penetração da imprimação betuminosa, também foram irrigados previamente com água à taxa de 0,5 l/m² e depois imprimados à uma taxa de aplicação de 1,0 l/m². O autor analisa seis amostras de solos, duas amostras enquadradas no grupo A-4 da classificação HRB (Highway Research Board) e quatro enquadradas no grupo A-1.

Os resultados obtidos por Rabêlo (2006) mostram que os valores da penetração betuminosa tenderam a decrescer com o aumento do teor de umidade de moldagem.

Ainda segundo o autor o acréscimo da taxa de ligante resultou em um aumento nos valores de penetrações nos solos de classe A-1 e A-4, e com o acréscimo da taxa de irrigação prévia de 0,5 l/m² para 1,0 l/m² as penetrações obtiveram seus valores reduzidos para ambas as classes estudadas.

Rabêlo (2006) considerou como satisfatória a imprimação cuja penetração alcançou a medida mínima de 4 mm, que depois de alcançada esta medida, todos os atributos de coesão, impermeabilidade e condições de aderência foram atendidos.

Almeida et al (2016) analisa a aplicação do ensaio de arrancamento por torção para a avaliação da aderência de bases imprimadas. O solo escolhido pelo autor para a realização dos ensaios é um solo arenoso.

O autor utiliza duas taxas aplicação 0,8 l/m² e 1,2 l/m² para os três tipos de ligantes (CM-30, Emulsão Asfáltica especial para Imprimação e um ligante alternativo a base de óleo vegetal) testados nos ensaios.

Os corpos de provas ensaiados pelo autor foram moldados na umidade 𝑤𝑜𝑡 – 2% e na energia de compactação intermediária

(4)

Almeida et al (2016) realiza um tratamento estatístico das médias de aderência e de penetração, e verifica que os arrancamentos das amostras são diferentes entre si e a penetração não.

O autor observou em seus ensaios de aderência que existiam três tipos de ruptura no corpo de prova, que são: i) rompimento do ligante na superfície da base; ii) rompimento da base onde o ligante penetrou; iii) rompimento abaixo da penetração do ligante.

Ainda segundo o autor os valores de aderência encontrados em seus ensaios não mostram uma relação direta com os valores de penetração, portanto sugere que a verificação da penetração não seja o único parâmetro para se avaliar a imprimação, reconhecendo que existe a necessidade de se estabelecer um valor mínimo de aderência entre base e imprimação seja considerada satisfatória.

3 Metodologia

3.1Materiais

3.1.1 Solo

O solo utilizado neste trabalho é o solo Laterítico (Laterita, conhecido popularmente como cascalho), indicado como material para execução de base. O solo é proveniente de uma jazida do município de Sinop-MT. A localização da cascalheira pode ser observada na Figura 2.

Figura 2: Localização da jazida (11º52’50.27’’S e 55º37’5670’’O). Fonte: Google Earth, 2017

3.1.2 Asfalto Diluído CM-30

O asfalto diluído utilizado na imprimação é de cura média CM-30, como a norma DNIT (2014) recomenda, em conformidade com a especificação de asfalto diluído (ANP, 2007), atendendo aos requisitos da Tabela 3.

Tabela 3. Especificação Brasileira de Asfalto Diluído, Tipo Cura Média Características CM-30 No asfalto diluído Viscosidade cinemática, cSt, a 60ºC 30-60 Viscosidade Saybolt-Furol, s 25ºC 50ºC 75-150 - Ponto de fulgor (V.A. Tag), °C, mín. 38 Destilação até 360ºC,

%volume do total destilado,mín. 225ºC 260ºC 316ºC 25 40-70 75-93 Resíduo, 360ºC, % volume, mín. 50 Água, % volume, máx. 0,2 No resíduo de destilação Viscosidade, 60°C P² 300 - 1200 Betume, % peso, mín.² 99,0 Ductibilidade, 25ºC, cm, mín. ¹ ² 100

Nota: ¹Se a dutilidade obtida a 25°C for menor do que 100cm, o asfalto diluído estará especificado se a dutilidade a 15,5°C for maior que 100cm. ²Ensaio realizado no resíduo da

destilação. Fonte: Adaptado de ANP (2007). 3.2 Métodos

3.2.1 Caracterização do solo

O solo utilizado foi caracterizado através dos ensaios de determinação do limite de liquidez (ABNT, 1984a), determinação do limite de plasticidade (ABNT, 1984b), análise granulométrica (ABNT, 1984c) determinação da massa específica dos grãos (ABNT, 1984d) e Índice de Suporte Califórnia (ABNT, 1987).

3.2.2 Preparação dos corpos de provas

A compactação dos corpos de prova foi realizada na modalidade de compactação estática, todos compactados no teor de umidade ótimo (𝑤𝑜𝑡) e no peso específico seco máximo (𝛾𝑑𝑚𝑎𝑥). A determinação do 𝑤𝑜𝑡 e 𝛾𝑑𝑚𝑎𝑥 foi feita conforme a ABNT (1986), utilizando a energia intermediária, porque esta é a energia utilizada em campo na execução da base.

Para os corpos de prova submetidos à imprimação foram confeccionados moldes de chapa de aço com dimensões de 20 cm x 20 cm x 15 cm, onde se obteve uma camada final compactada de 10 cm de espessura em uma prensa hidráulica com capacidade de 30 toneladas.

A compactação dos corpos de prova foi executada em duas camadas de 5 cm e cada camada prensada com aproximadamente 7 toneladas, foram moldados 16 corpos de prova, 4 corpos de prova para cada taxa de aplicação.

A Figura 5 apresenta um corpo de prova moldado na modalidade de compactação estática.

Centro Sinop N

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Figura 5: Corpo de prova. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Após 24 horas da compactação, foi realizada a varredura da superfície dos corpos de prova. Antes da aplicação da taxa de ligante os corpos de prova foram levemente umedecidos com uma taxa de 0,5 l/m² de água e logo após imprimados variando a taxa de aplicação de ligante nos seguintes valores: 0,8 l/m², 1,0 l/m², 1,3 l/m² e 1,5 l/m².

A Figura 6 apresenta os corpos de prova logo após a aplicação do CM-30.

Figura 6: Corpos de prova imprimados. Fonte: Acervo Particular, 2017.

A Figura 7 mostra a diferença dos corpos de prova logo após a aplicação da imprimação, do lado A da figura é um o corpo de prova que foi imprimado a uma taxa de 0,8 l/m² e do lado B um corpo de prova imprimado a uma taxa de 1,3 l/m².

Figura 7: Corpos de prova com taxas diferentes de aplicação. Fonte: Acervo Particular, 2017.

As aplicações das taxas foram realizadas com auxílio de um pulverizador de compressão prévia, de modo a obter uma aplicação uniforme dos materiais asfálticos sobre os corpos de prova. A quantidade de material betuminoso foi calculada em função da área de aplicação e das taxas testadas.

O asfalto diluído CM-30 foi aplicado à uma temperatura de 40ºC.

Os corpos de prova foram imprimados sobre uma balança eletrônica com precisão de 10 gramas, para o controle da taxa de aplicação. Após a imprimadura os corpos de prova foram deixados em repouso durante 24 horas para a cura do asfalto diluído, conforme DNIT (2014).

3.2.3 Ensaio de aderência

Para o ensaio de aderência utilizou-se o equipamento DIPEA adaptado por Pereira (2002), seguindo o procedimento: (I) o disco de aderência foi colado à superfície imprimada dos corpos-de-prova, utilizando-se uma cola à bautilizando-se de epóxi, espalhando a cola uniformemente, formando um filme fino; (II) após a cola secar completamente, foi instalado o equipamento DIPEA, ajustando a altura da peça de reação girando o parafuso no sentido anti-horário até que este encontrasse o disco de aderência e só então atarrachá-los; (III) instalar o Torquímetro dotado de ponteiro de arraste, aplicando o torque no sentido horário até arrancar totalmente o disco de aderência; (IV) após o arrancamento total do disco foi feito a leitura no Torquímetro.

Passado 24 horas da aplicação da taxa, os discos de aderência foram colados nos corpos de prova, após a secagem da cola o equipamento DIPEA e o torquímetro foram instalados, com o torquímetro devidamente instalado foi aplicado o torque até o disco de aderência ser arrancado por completo do corpo de prova.

A Figura 8 mostra o Equipamento DIPEA instalado, para a realização do ensaio de aderência.

Figura 8: Instalação DIPEA. Fonte: Acervo Particular, 2017.

A Figura 9 apresenta o equipamento DIPEA e os discos logo após a aplicação do torque.

(6)

Figura 9: Equipamentos após Ensaio de aderência. Fonte: Acervo Particular, 2017.

O torquímetro que foi utilizado possui faixa de trabalho de 0 a 6 N.m com escala de 0,2 N.m e dotado de ponteiro de arraste.

Para cada taxa de aplicação foram realizados 10 ensaios de aderência.

3.2.3 Ensaio de penetração.

Após 24 horas da imprimação, foram retiradas amostras dos corpos de prova para a determinação da espessura de penetração em relação às taxa de aplicação da imprimação, as espessuras foram medidas com a utilização de um paquímetro.

Para cada taxa de aplicação foram realizados 10 ensaios de penetração.

3.2.3 Ensaio in loco

Os ensaios de aderência e penetração foram realizados em um trecho de pavimento urbano no município de Sinop – MT, de base executada com solo da mesma jazida que o utilizado nos ensaios em laboratório e energia de compactação intermediária compactada com rolo compactador do tipo pé de carneiro vibratório.

O trecho de análise foi dividido em seções alternando entre borda direita (BD), eixo (E) e borda esquerda (BE), foi verificada no ato da imprimação a taxa de ligante de acordo com DNIT (2014) neste mesmo trecho.

O controle da quantidade do ligante asfáltico aplicado foi realizado pela empresa responsável pela execução da imprimação, conforme DNIT (2014).

No trecho foi realizado apenas a coleta da taxa de aplicação na Borda Esquerda (BE) e Eixo (E).

Na Figura 3 está apresentado o trecho escolhido para a realização dos ensaios de aderência e penetração.

Figura 3: Localização do trecho (11º50’9.18’’S e 55º32’46.79’’O). Fonte: Google Earth (2017).

Os ensaios de aderência e penetração foram realizados 24 horas após a execução da imprimação. Foram realizados 10 ensaios de aderência e 10 ensaios de penetração para seção escolhida.

Na Figura 4 é mostrado o trecho 24 horas após a execução da imprimação.

Figura 4: Trecho de realização dos ensaios. Fonte: Acervo Particular, 2017.

3.3 Tratamento Estatístico

Nessa seção são encontrados os métodos de coleta e tratamento do banco de dados, para comparação das taxas de aplicação do CM-30 nos ensaios de penetração e aderência.

3.3.1 Coleta de dados

Os dados coletados de cada taxa de aplicação nos ensaios de penetração e aderência do solo foram então organizados em séries com 10 observações de cada taxa de aplicação (tr_0,8; tr_1,00; tr_1,30; tr_1,50), como mostrado na Tabela 4.

Tabela 4. Tratamentos a serem comparados

Aderência Penetração tr_0,80 tr_0,80 tr_1,00 tr_1,00 tr_1,30 tr_1,30 tr_1,50 tr_1,50

Fonte: Acervo Particular, 2017.

Onde:

 tr_0,80: taxa de aplicação do ligante 0,8 l/m²; N

(7)

 tr_1,00: taxa de aplicação do ligante 1,0 l/m²;

 tr_1,30: taxa de aplicação do ligante 1,3 l/m²;

 tr_1,50: taxa de aplicação do ligante 1,5 l/m². 3.3.2 Análise exploratória dos dados

Foram aplicados ao conjunto de dados as principais medidas descritivas (mínimo, máximo, médias, desvio padrão, coeficiente de variação), e gráficos do tipo boxplot (em que se pode observar o comportamento da distribuição de cada taxa) para os dados de aderência e penetração do solo com o intuito de comparar estes tratamentos, com o auxílio do

software livre “R”.

3.3.3 Análise de Variância (ANOVA)

Por meio de uma ANOVA, foram comparados as 4 taxas de aplicação nos ensaios de aderência e posteriormente de penetração coletados em laboratório e in loco conforme a Equação 1.

𝑋𝑖𝑗= 𝑀É𝐷𝐼𝐴𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙+ 𝑇𝑖+ 𝑒𝑖𝑗 (Equação 1) Sendo as variações dos índices i=tr_0,80, tr_1,00, tr_1,30, tr_1,50 e j=1,…,10.

Em que 𝑋𝑖𝑗 representa a observação 𝑗 de aderência ou penetração nas taxas de aplicação 𝑖, 𝑀É𝐷𝐼𝐴𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 é o efeito médio comum a variação de todas as taxas de aplicação, 𝑇𝑖 é o efeito da taxa de aplicação em determinada observação 𝑖 e 𝑒𝑖𝑗 é o erro relacionado a cada observação de 𝑋𝑖𝑗. O parâmetro 𝑒𝑖𝑗 é uma componente aleatória.

Os principais pressupostos da ANOVA são:

1) Aditividade de cada efeito da equação acima na variável 𝑋𝑖𝑗;

2) Normalidade dos erros 𝑒𝑖𝑗; 3) Independência dos erros 𝑒𝑖𝑗;

4) Homogeneidade das variâncias dos ensaios de aderência/penetração, em cada grupo de 10 observações.

Os pressupostos 1 e 3, são facilmente verificados na Equação 1. Posteriormente foi investigada a normalidade, pelo teste de Shapiro-Wilks, e as semelhanças das variâncias pelo teste de Bartlett. Atendidas as pressuposições descritas, tem-se que, as comparações das médias possam ser feitas por meio da ANOVA (paramétrica), validada por um teste F, na sua forma unilateral com nível de significância α (frequentemente tomado como 10%), com análise das hipóteses as Equações 2 e 3.

𝐻

0

: 𝑡𝑟

0,80

= 𝑡𝑟

1,00

= 𝑡𝑟

1,30

= 𝑡𝑟

1,50 (Equação 2)

𝐻

1

: 𝑡𝑟

0,80

≠ 𝑡𝑟

1,00

≠ 𝑡𝑟

1,30

≠ 𝑡𝑟

1,50 (Equação 3)

E posteriormente tem-se a comparação das médias dos tratamentos duas a duas pelo teste de Tukey, com as análises das eguintes hipóteses as Equações 4 e 5.

𝐻

0

: 𝑡𝑟

𝑖

= 𝑡𝑟

𝑖+1 (Equação 4)

𝐻

1

: 𝑡𝑟

𝑖

≠ 𝑡𝑟

𝑖+1 (Equação 5)

Caso, não houvesse o atendimento dos pressupostos de normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias, primeiramente seria aplicada a transformação Box Cox nos dados, e replicadas as análises descritas. Posteriormente seria aplicada uma transformação inversa para as inferências das médias. Caso ainda não fosse obtidos os pressupostos, lançar-se mão de técnicas não paramétricas, em que será aplicado o teste de Kruskal-Wallis para comparação das médias em bloco e também para a comparação das médias duas a duas.

Ainda com intuito de capturar as diferenças de aderência e penetração, foi realizado um experimento com 10 observações de uma mesma taxa em um trecho de pavimento urbano e os mesmos resultados foram comparados com análises construídas em laboratório em termos de aderência e penetração, a comparação foi realizada seguindo o procedimento: (I) realizou-se o teste de Shapiro Wilks nos pares de vetores de dados de penetração e de aderência (no trecho e em laboratório), para avaliar a normalidade dos mesmos; (II) executou-se nos mesmos pares de vetores o teste F, para avaliar se os vetores possuem homogeneidade nas variâncias; Se estes pressupostos foram alcalçados, (III) efetua-se o teste t, para a comparação das médias dos pares de vetores investigados; caso contrário (IV) realiza-se a transformação Box Cox; e replica-se o teste de Shapiro Wilks e o F. Se ainda assim os pressupostos não forem completadados, será realizado o teste não paramétrico de Wilcoxon, para comparação das diferenças médias.

Para maiores detalhes sobre aplicação dos testes contidos nesta seção, pode-se consultar trabalhos de Bussab e Moretin (2006), Vieira (2006), Casella e Berger (2002).

4 Resultados

4.1 Caracterização do solo

A caracterização do solo obtida nos ensaios de limite de liquidez – LL, determinação de limite de plasticidade – LP e análise granulométrica é apresentada na Tabela 5.

Tabela 5. Características geotécnicas do solo PE AG AM AF S+A LL LP TRB (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) -

45 10 15 20 10 23 NP A-1-b Nota: Classificação segundo a ABNT (1995): pedregulho -

PE (2,00 ≤ ϕ < 60mm), areia grossa – AG (0,60 ≤ ϕ < 2,00mm), areia média – AM (0,20 ≤ ϕ < 0,6mm), areia fina –

AF (0,06 ≤ ϕ < 0,2mm) e silte + argila – S+A (ϕ ≤ 0,06mm), NP – não plastico. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Os valores de Índice de Suporte Califórnia (CBR) e peso específico dos sólidos são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6. Características do solo CBR Expansão Massa Específica Teor de umidade ótimo (%) (%) (kN/m³) (%) 55,5 0,67 20,45 9,75

(8)

4.2 Ensaio de aderência

Por meio da análise do gráfico de boxplot (Figura 10), pode-se ter a noção do comportamento da aderência em relação às taxas de aplicação.

Figura 10: Comportamento da Aderência em Laboratório. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Observa-se que o comportamento mediano da aderência em laboratório, na taxa de aplicação 1,00 l/m² (tr_1,00) possui os melhores índices.

A Tabela 7 apresenta as análises descritivas da aderência para cada taxa de aplicação.

Tabela 7. Análise Descritiva da Aderência em Laboratório

Estatística tr_0,80 tr_1,00 tr_1,30 tr_1,50 Mínimo (N.m) 0,20 0,40 0,30 0,20 Máximo (N.m) 0,90 0,80 1,00 0,60 Média (N.m) 0,52 0,67 0,60 0,43 Desvio Padrão (N.m) 0,22 0,13 0,24 0,13 CV(%) 42,33 18,68 39,28 31,10 Observações 10 10 10 10 Nota: CV – Coeficiente de variação. Fonte: Acervo Particular,

2017.

Os valores máximo, mínimo e média de aderência também possuem os melhores resultados na taxa de 1,0 l/m² do CM-30, que também possui menor variação que os demais.

Proseguindo-se os testes, o teste de Bartllet apresentou os seguintes resultados: χc2= 5,32 e p − valor = 0,81, o que revela que há homogeneidade nas variâncias dos tratamentos de aderência. Já o teste de normalidade de Shapiro Wilks demonstrou que: Wc= 0,98 e p − valor = 0,61, o que indica que há normalidade dos resíduos da ANOVA.

Em seguida foi realizado teste F, e o mesmo revelou Fc= 0,98 e p − valor = 0,04 signifcante estatisticamente, indicando que há indícios de diferenças médias entre os ensaios de aderência. Na sequência realizou-se o teste de Tukey para a comparação das médias de aderência duas a duas.

Tabela 8: Teste de Tukey para comparação da aderência em laboratório

Comparações Diferenças absolutas

entre as médias (N.m) p-valor tr_0,80-tr_1,00 0,15 0,29 tr_0,80-tr_1,30 0,08 0,77 tr_0,80-tr_1,50 0,09 0,70 tr_1,00-tr_1,30 0,07 0,83 tr_1,00-tr_1,50 0,24 0,03 tr_1,30-tr_1,50 0,17 0,19 Fonte: Acervo Particular, 2017.

Assim verifica-se que há diferença estatisticamente signifcantes em termos de aderência, somente entre a taxa de aplicação de 1,0 l/m² (tr_1,00) e a taxa de aplicação 1,5 l/m² (tr_1,50). As taxas restantes possuem comportamentos similares nos resultados de aderência.

Com o aumento da taxa de aplicação de ligante de 1,0 l/m² para 1,5 l/m² a média da aderência tende a diminuir de forma significativa. Em comparação as duas taxas a que apresenta, portanto o melhor desempenho é a taxa de 1,0 l/m².

Em relação à parte financeira para as taxas que apresentaram termos de média de aderência semelhantes poderia se usar a que teve menor custo de máteria prima, a taxa de aplicação 0,8 l/m² (tr_0,80). Porém em relação à segurança poderia se utilizar a taxa de aplicação 1,0 l/m² (tr_1,00) que possui a maior média de aderência.

4.4 Ensaio de penetração

Para os ensaios de penetração, também foi construído um gráfico de boxplot (Figura 11) de cada tratamento, com intuito de avaliar o comportamento das distribuições de cada taxa de aplicação.

Figura 11: Comportamento da Penetração em Laboratório. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Observa-se que o comportamento mediano da penetração em laboratório, na taxa de aplicação de 1,0 l/m² (tr_1,00) possui os melhores índices.

As análises descritivas apresentadas na Tabela 9 monstram maiores informações sobre os tratamentos relativos à penetração do solo.

Tabela 9. Análise Descritiva da Penetração em Laboratório

Estatística tr_0,80 tr_1,00 tr_1,30 tr_1,50 Mínimo (mm) 3,00 4,11 3,75 1,89 Máximo (mm) 8,17 7,44 5,43 5,33 Média (mm) 5,11 5,40 4,45 3,75 Desvio Padrão (mm) 1,66 0,91 0,49 1,15 CV(%) 32,43 16,80 11,09 30,67 Observações 10 10 10 10 Nota: CV – Coeficiente de variação. Fonte: Acervo Particular,

2017.

Pode-se verificar que os valores médios de penetração das taxas 0,8 l/m² (tr_0,80), 1,0 l/m²

(9)

(tr_1,00) e 1,3 l/m² (tr_1,30) estão dentro da faixa de 4 e 10 mm considerada por Villibor e Nogami (2009) como comportamento satisfatório da imprimação, apenas a taxa de 1,5 l/m² teve o valor médio de penetração inferior a 4 mm.

Verifica-se que a taxa de aplicação 1,0 l/m² (tr_1,00) também possui a maior média de penetração e com um coeficiente de variação baixo.

O teste de Bartllet apresentou os seguintes resultados: χc2= 14,52 e p − valor = 0,11, o que revela que há homogeneidade nas variâncias dos tratamentos de penetração. Já o teste de normalidade de Shapiro Wilks demonstrou que: Wc= 0,97 e p − valor = 0,42, o que indica que há normalidade dos resíduos da ANOVA.

O teste F revelou Fc= 4,22 e p − valor = 0,01 significante estatísticamente, indicando que há índicios de diferenças médias entre os valores de penetração.

Desta forma, foi efetuado o teste de Tukey, para a comparação das médias de penetração duas a duas, como indica a Tabela 10.

Tabela 10. Teste de Tukey para comparação da penetração em Laboratório

Comparações Diferenças absolutas

entre as médias (mm) p-valor tr_0,80-tr_1,00 0,29 0,94 tr_0,80-tr_1,30 0,66 0,57 tr_0,80-tr_1,50 1,36 0,05 tr_1,00-tr_1,30 0,95 0,26 tr_1,00-tr_1,50 1,65 0,01 tr_1,30-tr_1,50 0,70 0,51 Fonte: Acervo Particular, 2017.

Assim verifica-se que há diferença estatisticamente signifcantes em termos de penetração média, somente entre os tratamentos tr_0,80 e tr_1,50, e também tr_1,00 e tr_1,50. O restante dos tratamentos

possuem comportamentos semelhantes

inferêncialmente.

Em relação à parte financeira para as taxas que apresentaram termos de média de penetração semelhantes e apresentam comportamento satisfatório, poderia se usar a que teve menor custo de máteria prima, a taxa de aplicação 0,8 l/m² (tr_0,80). Porém em relação à eficiência, a taxa de aplicação de 1,00 l/m² (tr_1,00), possui a maior média de aderência, seria a mais satisfatória.

4.3 Ensaio in loco

No trecho escolhido para ensaios in loco foi realizada a coleta de taxa de aplicação do asfalto diluído na Borda Esquerda (BE) e Eixo (E).

Porém os ensaios de aderência e penetração foram apenas realizados no eixo do trecho, pois na borda esquerda, a superfície da base apresentava irregularidades, portanto não proporcionando a colagem total do disco na superfície da base imprimada.

A Figura 12 mostra a superfície que apresentava irregularidades (lado A) e a superfície sem irregularidades (lado B).

Figura 12: Superfícies da base com e sem irregularidades. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Com a realização do ensaio de bandeja conforme DNIT (2014) a taxa de aplicação no eixo da pista foi de aproximadamente 1,0 l/m².

4.3.1 Comparação da aderência em laboratório e in

loco

Para a comparação foram utilizados os resultados dos ensaios obtidos em laboratório da taxa de aplicação de 1,0 l/m², pelo fato de ser próxima à taxa encontrada no trecho.

O gráfico do tipo boxplot (Figura 13), mostra o comportamento da aderência da imprimação no trecho de pavimento urbano e em laboratório.

Figura 13: Comportamento da Aderência em Labortório e em um Local. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Foram feitas análises descritivas dos mesmos dados, como indica a Tabela 11.

Tabela 11. Análise Descritiva da Aderência em Laboratório

Estatística ader_lab ader_loc Mínimo (N.m) 0,40 0,40 Máximo (N.m) 0,80 1,00 Média (N.m) 0,67 0,62 Desvio Padrão (N.m) 0,13 0,20 CV(%) 18,68 32,08 Observações 10 10

Fonte: Acervo Particular, 2017.

Nota-se que a aderência da imprimadura realizada no laboratório possui maior média e com variação menor.

(10)

Essa diferença pode ser justificada pelo fato de que em laboratório existiu um controle mais rigoroso na aplicação da taxa de ligante.

O teste de normalidade para as varáveis de aderência em laboratório (ader_lab) e in loco (ader_loc), indicam as respectivas estatisticas: Wc= 0,87 e p − valor = 0,11, Wc= 0,89 e p − valor = 0,15, indicando a normalidade de ambas as variáveis.

O teste F apontou Fc= 0,40 e p − valor = 0,18, o que sinaliza que há homogeneidade das variâncias. Contudo, a partir do teste t, efetuado pode-se percerber que não há diferenças médias estatisticamente signifcantes entre as mesmas aderências comparadas, como mostram os resultados: tc= 0,67 e p − valor = 0,51.

4.3.2 Comparação da penetração em laboratório e in

loco

No mesmo trecho, avaliou-se o gráfico do tipo boxplot (Figura 14) da penetração da imprimadura no local e em laboratório.

Figura 14: Comportamento da Aderência em Laboratório e em um Local. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Realizou-se também, as análises descritivas destas variáveis, como revela a Tabela 12.

Tabela 12. Análise Descritiva da Penetração

Estatística pern_lab pern_loc Mínimo (mm) 4,11 3,93 Máximo (mm) 7,44 7,90 Média (mm) 5,40 5,62 Desvio Padrão (mm) 0,91 1,22 CV(%) 16,80 21,63 Observações 10 10

Nota: CV – Coeficiente de variação. Fonte: Acervo Particular, 2017.

Constata-se que a penetração da imprimação realizada no trecho possui a maior média, e com variação maior.

Conforme analisado por Villibor e Nogami (2009), as médias de valores de penetrações tendem a ser maiores em campo.

O teste de normalidade para as varáveis de aderência em laboratório (pern_lab) e no local (pern_loc), apontam as respectivas estatisticas: Wc= 0,90 e p − valor = 0,22, Wc= 0,96 e p − valor = 0,82, indicando a normalidade de ambas as variáveis.

O teste F apontou Fc= 0,56 e p − valor = 0,40, o que indica que há homogeneidade das variâncias.

A partir do teste t, executado nota-se que não há diferenças médias estatisticamente signifcantes entre as mesmas penetrações comparadas, como mostram os resultados: tc= −0,45 e p − valor = 0,66.

5 Conclusões

As taxas de aplicação apresentaram comportamentos semelhates quando comparadas as médias de aderência duas a duas. Se colocadas as taxas em ordem de maior para a menor média de aderência, tem-se em primeiro a taxa de 1,0 l/m² seguida das taxas 1,3 l/m², 0,8l/m² e 1,5 l/m².

Não foram encontradas referências que apresentavam valores de aderência considerados como comportamento satisfatório para imprimação.

As taxas de aplicação 0,8 l/m², 1,0 l/m² e 1,3 l/m² resultaram em valores médios de penetração considerados como satisfatórios (entre 4 mm e 10 mm), somente a taxa de 1,5 l/m² teve o valor médio de penetração inferior a 4 mm.

Com a análise dos resultados dos ensaios de aderência e penetração nas amostras deste trabalho, pode-se dizer que a aplicação do Asfalto Diluído de Petróleo CM-30 na taxa de 1,0 l/m² foi a que apresentou melhores valores de média e mediana dos ensaios. É observado também que a taxa 1,0 l/m² foi a que apresentou os menores coeficientes de variação. Portanto, dentro das amostras analisadas há indícios que a taxa de 1,0 l/m² seja mais adequada para base de solo laterítico.

Comparando para a taxa de 1,0 l/m² os resultados de laboratório e os obtidos no trecho, percebe-se que em termos de média de aderência e penetração os resultados são semelhates e assim sendo dentro das amostras analisadas há indícios que essa também seja a taxa mais adequada em campo.

Desta maneira o ensaio em laboratório pode ser um início para a determinação da taxa de imprimação em campo, porém é necessário efetuar mais ensaios com diferentes tipos de solos, variar o grau de compactação, verificar a permeabilidade da base com e sem a imprimação e pesquisas mais exploratórias com o uso do equipamento DIPEA, para que seja determinada a melhor taxa de imprimação em base de solo laterítico para o município de Sinop – MT. Os ensaios citados nesse parágrafo ficam como sugestões de trabalhos futuros.

Agradecimentos

Agradeço aos meus pais Vanderlea e Sandro e meu irmão Kassio, por todo o amor e apoio. Aos meus amigas e amigos, Mayany Lupatini, Denise Serpa, Juliana Miranda, Henrique Furtado e Lucas Manoel pela ajuda nos ensaios em laboratório e em campo. Aos meus orientadores os professores Ana Elza Dalla Roza e João Gabriel Ribeiro pela orientação, confiança e apoio depositados nesse projeto.

A UNEMAT pela possibilidade de ensino gratuito e oportunidade de crescimento intelectual e pessoal.

(11)

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