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De empregado a empregador: a decisão pelo spin out em tecnologia da informação

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UNIVERDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

KARINA ZACCARON DA SILVA

DE EMPREGADO A EMPREGADOR:

A DECISÃO PELO SPIN OUT EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

FLORIANÓPOLIS, SC 2019

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Karina Zaccaron da Silva

DE EMPREGADO A EMPREGADOR:

A DECISÃO PELO SPIN OUT EM TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Dissertação submetida ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina para obtenção do título de Mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho.

Orientadora: Profa. Dra. Andrea Valéria Steil.

Florianópolis, SC 2019

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Silva, Karina Zaccaron da Silva

De empregado a empregador: a decisão pelo spin out em tecnologia da informação / Karina Zaccaron da Silva Silva ; orientadora, Dra. Andrea Valéria Steil Steil, 2019.

189 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Filosofia e Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Florianópolis, 2019.

Inclui referências.

1. Psicologia. 2. Spin out. 3. Empreendedorismo Tecnológico. 4. Teoria do Comportamento Planejado. 5. Profissionais de TI. I. Steil, Dra. Andrea Valéria Steil. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. III. Título.

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Karina Zaccaron da Silva

De empregado a empregador: a decisão pelo spin out em Tecnologia da Informação

Este trabalho em nível de mestrado foi avaliado e aprovado por banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Iúri Novaes Luna Universidade Federal de Santa Catarina

Prof.ª Dra. Solange Maria da Silva Universidade Federal de Santa Catarina

Certificamos que esta é a versão original e final do trabalho de conclusão que foi julgado

adequado para obtenção do título de Mestre em Psicologia Organizacional e do Trabalho.

_________________________________________________________ Profa. Dra. Andrea Barbara da Silva Bousfield

Coordenadora do Programa

___________________________________________________________ Prof.ª Dra. Andrea Valéria Steil

Orientadora Florianópolis, 23 de setembro de 2019.

Andrea Valeria

Steil:72835940

944

Assinado de forma

digital por Andrea Valeria Steil:72835940944 Dados: 2019.11.20 19:42:11 -03'00'

Andrea Barbara da

Silva

Bousfield:69065985034

Assinado de forma digital por Andrea Barbara da Silva Bousfield:69065985034

DN: cn=Andrea Barbara da Silva Bousfield:69065985034, ou=UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina, o=ICPEdu

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Este trabalho é dedicado a Clara e Antônio (in

memoriam), meus eternos inspiradores. Aos

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AGRADECIMENTOS

Compartilho da mesma ideia de Haguette (2007), quando afirma que escrever não é tarefa tão simples assim. Por isso reforço meus sinceros agradecimentos às pessoas que, direta ou indiretamente, me auxiliaram na redação e no resultado deste trabalho. Realmente, esta Dissertação só foi possível graças ao apoio de muitas pessoas. Aproveito este espaço para expressar meu sincero agradecimento:

À UFSC, pelo meu regresso; e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, por ter-me acolhido durante este período acadêmico. Ao corpo docente, especialter-mente aos que foram meus professores. Seus exemplos em sala de aula serão como um guia para a minha trajetória profissional. Agradeço a sinceridade, assertividade e coerência na transferência de conhecimentos em prol de aprendizagem dos seus alunos e formação de futuros docentes e pesquisadores.

Expresso minha profunda admiração e gratidão à minha professora e orientadora, Dra. Andrea Valéria Steil, personagem fundamental nesta conquista. Desde o primeiro contato, soube me acolher, orientar e incentivar. Sempre assertiva, paciente e determinante nas suas colocações, me ensinou, me incentivou e me auxiliou na manutenção do foco para o propósito de concluir o Mestrado. Aproveito para registrar minha admiração a ela como profissional, mas, acima de tudo como pessoa, de uma humanidade e ética extraordinária, exemplo a ser seguido por todos. Parabéns por ser quem você é! Gratidão eterna!

Agradeço aos ilustres participantes desta pesquisa, que gentilmente concederam o seu precioso tempo e, principalmente, se dispuseram a revelar narrativas sobre suas trajetórias profissionais recheadas de peculiaridades. Saibam que muitos segredos ficam guardados comigo. Não apenas por uma posição ética inerente à minha profissão, mas por um imenso respeito por cada um de vocês e em agradecimento pelas histórias concedidas. Recebi todas elas como verdadeiros presentes. Cada frase, cada relato, proporcionou um grande aprendizado sobre detalhes e situações comuns a muitos dos entrevistados. Possibilitaram-me constatar com riqueza de detalhes o universo do empreendedorismo no Ecossistema de Inovação na Grande Florianópolis, as possibilidades de atuação dos profissionais do conhecimento e, mais especificamente, os profissionais da área da informação e da tecnologia. Agradeço imensamente pela oportunidade de conhecer as histórias incríveis de pessoas engajadas em fazer acontecer. Pessoas que buscam um mundo melhor, a partir de sua coerência em gerar valor à sociedade em alinhamento com seus próprios valores. Parabéns pelas experiências e, mais uma vez, muito obrigada!

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Agradeço aos queridos colegas do laboratório KLOM, pela parceria, apoio, trocas e momentos gratificantes durante o período em que estivemos juntos. Espero que esta amizade se estenda para além dos muros da UFSC. Uma participação especial deve ser destacada, aqui, aos colegas Janine da Silva Alves Bello, Denise de Cuffa e Gabriel Horn Iwaya que, além do apoio, me auxiliaram com feedbacks fundamentais para o aprimoramento deste trabalho. Gratidão!

Agradeço a Darly Henriques da Silva, que foi e continuará sendo minha inspiração. Obrigada pela sua disponibilidade e preciosa contribuição. Agradeço à minha querida irmã, Ângela Zaccaron da Silva que, mesmo longe fisicamente, sempre foi minha “âncora” de apoio ao longo desta trajetória. Agradeço também a todos os parentes, amigos(as), colegas de profissão que, mesmo de longe, me incentivaram.

Agradeço à minha família. Aos meus filhos queridos: Larissa, Luan e Lorenzo, crianças saudáveis, felizes e tranquilas, meus maiores tesouros e motivadores. Agradeço ao apoio incondicional de meu companheiro, Júnior. Outro amante do conhecimento, que sempre me incentivou a continuar em busca de meus objetivos. Sem você, este sonho não se tornaria realidade. Gratidão!

Agradeço também à minha atenciosa secretária Roseli Nunes. Apesar da idade avançada e de alguns problemas de saúde, foi fundamental como suporte nos afazeres domésticos. Talvez, sem você, este trabalho não teria sido concluído. Finalmente, agradeço a Deus, pois não sou cética. Sempre acreditei numa força maior, que rege todo o Universo e, em especial, a minha vida. Por várias vezes senti esta presença superior, que me deu forças para persistir até o fim.

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Uma força motriz na criação de novas empresas reside no desenvolvimento de novas tecnologias por membros de empresas atuais. Quando isso acontece, um funcionário ganha incentivo para sair da matriz e iniciar um novo empreendimento, por meio do spin out. (...) Os funcionários empreendedores criam novos empreendimentos em um setor diferente, combinam várias experiências em negócios maduros e buscam aquisições. Essas conclusões levam os acadêmicos e profissionais a olhar para a acumulação de conhecimento e experiência nos negócios dos funcionários como fonte de inovação.

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RESUMO

Esta pesquisa buscou compreender os fatores cognitivos que influenciam profissionais de TI em sua decisão de empreender por meio de spin out. No berço das inovações tecnológicas, spin

outs são empresas independentes, criadas por ex-funcionários de uma empresa-mãe, em geral

concorrendo no mesmo setor. Na atual Economia Criativa, a mobilidade de trabalhadores do conhecimento tem sido uma preocupação prática e acadêmica. Assim, pretende-se contribuir com o entendimento do fenômeno do spin out realizando uma análise em nível do indivíduo. Para isso, desenvolveu-se uma investigação interpretativa, por meio de estudos de casos múltiplos, para se conhecer os fatores que desencadeiam o comportamento de spin out em profissionais de TI, especificamente no Ecossistema de Inovação da Grande Florianópolis (SC). Realizou-se a coleta de dados primários por meio de entrevistas individuais e em profundidade, com sete ex-funcionários de empresas de TI que efetuaram o spin out. Os resultados corroboram estudos anteriores, ao identificarem a mobilidade do conhecimento periférico e, portanto, não central, adquirido na empresa-mãe, para acionar o spin out no segmento de software. A recorrência de elementos nos casos investigados sugere, ainda, que a opção pelo comportamento de spin out deu-se devido à intenção empreendedora. Esta intenção desenvolve-se nos profissionais de TI a partir de uma atitude favorável ao comportamento de spin out, aliada a normas subjetivas advindas de sócios, cônjuges, amigos e colegas de trabalho, e é fortalecida pelo controle comportamental percebido (forte senso de autoeficácia desses profissionais, a confiança em suas capacidades, a percepção de controle das oportunidades disponíveis e os recursos necessários para empreender. Os resultados também evidenciam que a intenção de sair da organização (IS) pode ter efeito moderador entre a intenção empreendedora e o comportamento de spin out.

Palavras-chave: Spin out. Empreendedorismo tecnológico. Teoria do Comportamento

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ABSTRACT

This research sought to understand the cognitive factors that influence IT professionals in their decision to undertake spin out. At the cradle of technological innovation, spin outs are independent companies created by former employees of a parent company, often competing in the same industrial segment. In today's Creative Economy, mobility of knowledge workers has been a practical and academic concern. Thus, it is intended to contribute to the understanding of the spin out phenomenon by performing an analysis at the individual level. An interpretative investigation was developed through multiple case studies to know the factors that trigger the spin out behavior in IT professionals, specifically in the Greater Florianópolis Ecosystem of Innovation (SC). Primary data were collected through in-depth, one-on-one interviews with seven former IT company spin-off employees. The results corroborate previous studies, by identifying the mobility of peripheral and, therefore, non-central knowledge, acquired in the parent company, to trigger the spin out in the software segment. The recurrence of elements in the investigated cases also suggests that the option for spin out behavior was due to behavioral intention. This intent develops in IT professionals from a spin-out attitude, coupled with subjective norms arising from partners, spouses, friends, and co-workers, and is strengthened by perceived behavioral control, these professionals' strong sense of self-efficacy, their confidence in their abilities, their sense of control over available opportunities and the resources they need to undertake. The results also show that the intention to leave the organization can have a moderating effect between entrepreneurial intention and spin out behavior.

Keywords: Spin out. Technology entrepreneurship. Planned Behavior Theory. IT

professionals.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Busca e seleção de artigos sobre spin out ... 39

Figura 2 – Teoria do Comportamento Planejado ... 45

Figura 3 – Relação entre crenças, avaliação das consequências do comportamento e formação da atitude ... 46

Figura 4 – Taxonomia da intenção de rotatividade em organizações de base tecnológica ... 53

Figura 5 – Procedimento metodológico e estratégias de investigação ... 61

Figura 6 – Investigação, por meio da Teoria do Comportamento Planejado, dos fatores cognitivos que acionam um comportamento específico ... 62

Figura 7 – Processo de análise temática ... 72

Figura 8 – Citações sobre IE ... 119

Figura 9 – Representação do que é ser empreendedor segundo os entrevistados ... 122

Figura 10 – Citações sobre atitudes de protagonismo, autorrealização e busca por desafios 124 Figura 11 – Citações sobre ser inovador, ter reconhecimento social e gerenciar um negócio próprio ... 124

Figura 12 – Citações referentes a ter independência e construir riqueza ... 126

Figura 13 – Citações referentes a “ousar” ... 128

Figura 14 – Citações referentes a ser competitivo e ser dinâmico ... 129

Figura 15 – Citações referentes a normas subjetivas favoráveis ao comportamento de spin out ... 132

Figura 16 – Citações referentes a normas subjetivas desfavoráveis ao comportamento de spin out ... 133

Figura 17 – Citações referentes ao CCP (know-how) para o comportamento de spin out ... 139

Figura 18 – Citações referentes ao CCP (auto eficácia) para o comportamento de spin out . 141 Figura 19 – Citações referentes ao CCP (competências técnicas e gerenciais) para o comportamento de spin out ... 142

Figura 20 – Citações referentes ao CCP (empregabilidade) para o comportamento de spin out ... 143

Figura 21 – Citações referentes ao CCP (capital social) para o comportamento de spin out 145 Figura 22 – Citações referentes ao CCP (percepção de controle financeiro) para o comportamento de spin out ... 147

Figura 23 – Citações referentes ao CCP (percepção de oportunidade de mercado) para o comportamento de spin out ... 148

Figura 24 – Citações referentes ao CCP (acesso ao conhecimento) para o comportamento de spin out ... 151

Figura 25 – Citações referentes ao CCP (momento ideal) para o comportamento de spin out ... 152

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Figura 26 – Citações referentes à intenção de sair da organização (fatores organizacionais) 156 Figura 27 – Citações referentes à intenção de sair da organização (fatores ocupacionais) ... 157 Figura 28 – Citações referentes à intenção de sair da organização (fatores psicológicos) .... 158 Figura 29 – Citações referentes à intenção de sair da organização (fatores individuais) ... 159 Figura 30 – Proposição da pesquisa incluindo a IS como efeito moderador ao modelo para

o comportamento de spin out ... 161 Figura 31 – Convite para divulgação da pesquisa e composição da amostra ... 187

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Constructos relacionados ao comportamento empreendedor ... 50 Quadro 2 – Eixos temáticos para a análise ... 65 Quadro 3 – Caracterização dos participantes da pesquisa ... 77 Quadro 4 – Processo de codificação e categorização dos dados para intenção

empreendedora ... 118 Quadro 5 – Processo de codificação e categorização dos dados para atitude ... 121 Quadro 6 – Processo de codificação e categorização dos dados para norma subjetiva ... 131 Quadro 7 – Processo de codificação e categorização dos dados para o controle

comportamental percebido (auto eficácia) ... 137 Quadro 8 – Processo de codificação e categorização dos dados para o controle

comportamental percebido (foco na percepção de controle) ... 146 Quadro 9 – Processo de codificação e categorização dos dados referente à intenção dos

profissionais de TI em deixar as organizações ... 154 Quadro 10 – Protocolo de abordagem... 179 Quadro 11 – Roteiro da entrevista ... 185

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ACATE Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia

ANPROTEC Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores ATT Atitude

BRASSCON Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação.

CAAE Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CERTI Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras CCP Controle Comportamental Percebido

CLT Consolidação das Leis Trabalhistas CNPJ Cadastro nacional de pessoa jurídica CNS Conselho Nacional de Saúde

CESH Comitê de Ética em Pesquisas com Seres Humanos IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IS Intenção de Sair da Organização

IE Intenção Empreendedora

KLOM Grupo de pesquisa interdisciplinar em conhecimento, aprendizagem e memória organizacional

NS Norma Subjetiva

ONG Organização não governamental

PPGP Programa de Pós-Graduação em Psicologia QEI Escala de Intenção Empreendedora

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro. TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TCP Teoria do Comportamento Planejado TI Tecnologia da Informação

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ... 25 1 INTRODUÇÃO ... 27 1.1 OBJETIVOS ... 31 1.1.1 Objetivo geral ... 31 1.1.2 Objetivos específicos ... 31

1.2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA ... 32

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 35

2.1 O FENÔMENO SPIN OUT DE FUNCIONÁRIOS ... 36

2.1.1 A diferença conceitual entre Spin out, Spin Off e Startup ... 36 2.1.2 Resultados das investigações sobre o fenômeno spin out de funcionários ... 41

2.2 A TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO ... 44

2.2.1 Intenção empreendedora (IE) para o comportamento de spin out ... 48 2.2.2 Intenção de sair da organização (IS) para o comportamento de spin out ... 52

2.3 AMBIENTE ONDE OCORRE O FENÔMENO DO SPIN OUT E O CONTEXTO DOS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO ... 55

2.3.1 O contexto dos Ecossistemas de Inovação ... 55 2.3.2 O polo tecnológico da Grande Florianópolis (SC)... 56 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 59

3.1 CONCEPÇÃO EPISTEMOLÓGICA DO ESTUDO ... 59 3.2 ABORDAGEM E DESIGN DO ESTUDO ... 60 3.3 ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS ... 63 3.4 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS ... 63

3.4.1 A técnica da entrevista individual em profundidade ... 64 3.4.2 Questões retrospectivas para a entrevista individual em profundidade ... 64

3.5 PREPARAÇÃO PARA A COLETA DE DADOS ... 66

3.5.1 Teste do protocolo de abordagem e de entrevista ... 66

3.6 AMOSTRA DA PESQUISA ... 67

3.6.1 Composição dos participantes da pesquisa ... 67

3.7 A COLETA DE DADOS ... 68

3.7.1 O local e os “ambientes” da coleta de dados... 69 3.7.2 O registro dos dados coletados ... 69 3.7.3 Procedimentos éticos ... 70

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4 O FENÔMENO SPIN OUT COMO MOVIMENTO DELIBERADO DOS

PROFISSIONAIS DE TI NOS ECOSSISTEMAS DE INOVAÇÃO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS (SC) ... 77

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 77 4.2 DESCRIÇÃO DOS CASOS ANALISADOS ... 79

4.2.1 Caso do empreendedor Poseidon (E1) ... 79 4.2.2 Caso da empreendedora Atenas (E2) ... 85 4.2.3 Caso do empreendedor Ares (E3) ... 90 4.2.4 Caso do empreendedor Zeus (E4) ... 95 4.2.5 Caso do empreendedor Apolo (E5) ... 100 4.2.6 Caso do empreendedor Hermes (E6) ... 106 4.2.7 Caso do empreendedor Aquiles (E7) ... 111 5 COMPREENSÃO DO FENÔMENO DE SPIN OUT DE FUNCIONÁRIOS A PARTIR DA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO ... 117

5.1 DA INTENÇÃO EMPREENDEDORA PARA O COMPORTAMENTO DE SPIN OUT DE FUNCIONÁRIOS ... 117 5.2 ATITUDES SOBRE O COMPORTAMENTO DE SPIN OUT DE FUNCIONÁRIOS . 120 5.3 NORMAS SUBJETIVAS REFERENTES AO COMPORTAMENTO DE EFETIVAÇÃO

DO SPIN OUT ... 130 5.4 CONTROLE COMPORTAMENTAL PERCEBIDO NA INTENÇÃO DE EFETIVAR O

SPIN OUT... 136

5.5 A EMERGÊNCIA DA INTENÇÃO DE SAIR DA ORGANIZAÇÃO COMO

CATEGORIA DE ANÁLISE ... 153 5.6 PROPOSIÇÃO TEÓRICA PARA O COMPORTAMENTO DE SPIN OUT DE

FUNCIONÁRIOS ... 160

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 163

6.1 IMPLICAÇÕES ACADÊMICAS DA PESQUISA ... 166 6.2 LIMITAÇÕES DO ESTUDO DE CASO ... 167 6.3 OPORTUNIDADES DE PESQUISAS FUTURAS ... 167 6.4 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS ... 168

REFERÊNCIAS ... 171 APÊNDICE A – Protocolo de abordagem ... 179 APÊNDICE B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 181 APÊNDICE C – Roteiro da entrevista ... 185 APÊNDICE D – Divulgação da pesquisa para composição da amostra ... 187 APÊNDICE E – Formalização do convite aos participantes ... 189

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APRESENTAÇÃO

Idealizei realizar o Mestrado optando por este tema de pesquisa após minha trajetória prática na área de gestão de pessoas em empresas de médio e grande porte. Nesse sentido, durante dez anos como Analista de RH, posteriormente como docente em cursos nesta área, autônoma e empresária, os vínculos que os profissionais do conhecimento mantinham com seu trabalho e com as organizações chamavam minha atenção. Na atual sociedade, o conhecimento e o capital humano estão inevitavelmente atrelados à manutenção e sustentabilidade das empresas, especialmente as de base tecnológica. E por elas devem ser valorizados.

Assim, minha motivação em realizar esta pesquisa teve como base a observação desses vínculos profissionais, para os quais procurava respostas respaldadas em estudos científicos. Nesse sentido, ao longo da minha trajetória profissional, me indagava: Como manter, na equipe de trabalho, profissionais que realmente fazem diferença? Por que alguns profissionais, em geral os mais qualificados, saem das organizações? Quais são as expectativas dos profissionais do conhecimento para suas trajetórias profissionais, diante desse novo contexto socioeconômico e do mundo do trabalho?

Na busca por respostas teóricas e práticas, escolhi investigar os profissionais da área da tecnologia da informação. Afinal, na “capital da inovação” – a cidade de Florianópolis, importante polo tecnológico –, esses profissionais são “talentos técnicos” e detentores de competências imprescindíveis para quase todos os tipos de empresas e nos mais diversos segmentos econômicos. Ao aprofundar estudos sobre as “intenções dos profissionais de TI, de sair da organização”, constatei vasta literatura sobre o tema e uma certa consolidação das investigações sobre o constructo.

Entretanto, pesquisas evidenciam um fenômeno em crescente expansão e pouco investigado e que, por isto, escolhi como foco do meu estudo: o desligamento voluntário dos profissionais de TI para empreender, fenômeno também caracterizado como spin out de funcionários. Desta forma, por meio desta pesquisa, procurei compreender os fatores cognitivos que influenciaram os profissionais da área de TI na decisão de sair de uma empresa privada para empreender.

Estruturei esta Dissertação em cinco capítulos. No primeiro, a Introdução, contextualizo o problema de pesquisa, sua justificativa teórica e prática e exponho os objetivos do estudo.

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No capítulo 2 apresento a fundamentação teórica, em que, além de aprofundar os estudos sobre o fenômeno e comportamento do spin out, contextualizo os Ecossistemas de Inovação da Grande Florianópolis e o modelo teórico adotado e balizador desta investigação.

No capítulo 3 faço um relato sobre os procedimentos metodológicos utilizados para esta investigação. Também explicito a delimitação do escopo da pesquisa, os pressupostos epistemológicos e teóricos do estudo, bem como as estratégias metodológicas utilizadas para a coleta e interpretação dos dados.

No capítulo 4 relato os resultados da pesquisa, com a caracterização dos participantes e uma breve descrição dos casos estudados. No capítulo 5 analiso os dados e discuto os resultados da pesquisa, apresentando as evidências agregadas para a compreensão do spin out de funcionários a partir da teoria do comportamento planejado.

Por último, no capítulo 6, faço as considerações finais da pesquisa, incluindo um relato sobre suas limitações e sugestões para estudos futuros.

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1 INTRODUÇÃO

Na atual “Economia Criativa”1 (COSTA; SOUZA-SANTOS, 2011), um novo contexto socioeconômico emerge no mundo corporativo e empresarial. A partir de um paradigma primário e da indústria, surge a economia da informação e do conhecimento (DRUCKER, 1993). Alguns autores (DOMINGUES, 2011) afirmam que se vive, hoje, a “revolução da tecnociência”2. Nesse sentido, consideram que as novas tecnologias não só transformam o processo produtivo, mas revolucionam o modelo de desenvolvimento humano e o próprio estilo de vida das pessoas (AUDY; PIQUÉ, 2016).

Nesta sociedade do conhecimento (DRUCKER, 1993) e da internet das coisas (CASTELLS, 2004), as empresas de base tecnológica destacam-se por gerarem inovações e incrementos tecnológicos de alto valor agregado (COZZI; JUDICE; DOLABELA, 2007). Essa capacidade de inovar, entretanto, somente se realiza por meio do capital humano detentor de conhecimento tácito e competência técnica (FLEURY; FLEURY, 2003), fundamentais para o desenvolvimento e a geração de novos produtos e serviços tecnológicos.

Dada a importância do capital humano detentor de conhecimento e competência técnica para o desenvolvimento social e econômico, este estudo enfatizou a intenção comportamental de spin out de funcionários. O spin out de funcionários (THOMPSON; CHEN, 2011) independentes (CIRILLO, 2019) consiste no movimento dos profissionais do conhecimento que se demitem de uma organização em que atuam, para empreender.

De acordo com a teoria do comportamento planejado (AJZEN, 1991), havendo recursos e oportunidades disponíveis no ambiente, e estando o comportamento sob controle da vontade do indivíduo, a intenção comportamental é o antecedente imediato do comportamento em questão. Ou seja, nas condições descritas pelo modelo teórico, a intenção prediz o comportamento.

1 A definição da “Economia Criativa está nos círculos de criação, produção e distribuição de bens e serviços que

utilizam a criatividade e capital intelectual como matérias-primas, baseadas em diversas atividades do conhecimento” (COSTA; SOUZA-SANTOS, 2011, p. 4).

2 O termo tecnociência não é novo e ganhou espaço no meio acadêmico principalmente pelos filósofos e

pesquisadores das áreas das ciências humanas. Sua origem foi historicamente associada a Bruno Latour, para evitar a “repetição interminável de ‘ciência e tecnologia´” (DOMINGUES, 2011, p. 169). Porém, atualmente o termo já é utilizado sob diferentes perspectivas. Desde o clássico Gilbert Hottois, na obra: O paradigma bioético:

uma ética para a tecnociência (1991), quando o autor problematiza a questão ética dos avanços tecnológicos,

até à concepção de empresarialização da atividade científica, noção formulada por Javier Echeverría para explicar o processo de tecnociência acompanhando as transformações recentes, na organização e na interação da prática científica (DOMINGUES, 2011, p. 168).

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As intenções comportamentais decorrem de três antecedentes: a atitude frente ao comportamento, as normas subjetivas e o controle comportamental percebido (AJZEN, 1991). Esse modelo sugere que os três antecedentes contribuem para a gênese da intenção comportamental e, esta, por sua vez, prediz um determinado comportamento.

Desta forma, este estudo utiliza o modelo teórico de Ajzen (1991) para compreender a como se origina a intenção comportamental relacionada ao comportamento de spin out de profissionais da área de TI. O foco do estudo está, portanto, na formação da intenção comportamental para spin out de funcionários de empresas de base tecnológica da Grande Florianópolis.

Nessas empresas, o profissional de TI representa um especialista em tecnologia que, em geral, detém conhecimento de ponta associado à inovação (LANDONI, 2018). Para muitos teóricos (JOSEPH et al., 2007; MOURMANT; GALLIVAN; KALIKA, 2009; MOURMANT; VOUTSINA, 2010; SANTOS, 2017), o profissional de TI é considerado um capital humano essencial às empresas de base tecnológica.

Para as empresas de base tecnológica se diferenciarem de forma estratégica no mercado, elas precisam criar novas demandas de mercado – ter “proatividade de mercado”, articular mecanismos para desenvolver e aprimorar tecnologias de maneira ágil e enxuta – bem como estar atentas à percepção e avaliação dos clientes, a fim de manter constantes e recorrentes ajustes de produtos/serviços (RIES, 2012). Estes são alguns elementos indispensáveis à criação de vantagem competitiva (PRAHALAD; HAMEL, 1997) e manutenção da empresa.

Porém, além destes fatores externos à organização (elementos para criar vantagem competitiva), outra preocupação para gestores de empresas de base tecnológica é a retenção dos profissionais de TI qualificados e considerados importantes (STEIL; PENHA; BONILLA, 2016).

Estudos na área apontam a problemática da escassez, no mercado de trabalho, de profissionais de TI qualificados (BELLO, 2017; SANTOS, 2017). Isto ocorre em função do aumento exponencial no número de organizações de base tecnológica e de uma oferta proporcionalmente menor de graduados em TI (BELLO, 2017). Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (BRASSCOM3), em 2015 o Brasil apresentou um déficit de 195 mil profissionais desta área. Para 2022, a Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro (SOFTEX4) prevê um déficit ainda maior,

3 https://brasscom.org.br/ 4 https://www.softex.br/

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podendo superar 400 mil vagas (BELLO, 2017). Além disto, pesquisas constatam que os profissionais de TI mais qualificados tendem a trocar de empresas em busca de melhores salários (MANGIA; JOIA, 2015).

Alinhada à necessidade prática de gestores, de conseguir manter os valiosos profissionais de TI nas equipes de trabalho, a comunidade acadêmica internacional (JOSEPH

et al., 2007; AHUJA et al., 2007; CHO; JOHANSON; GUCHAIT, 2009) e nacional

(FERNANDES; SALLES; RAMOS FILHO, 2013; BELLO, 2017; STEIL et al., 2019) tem ampliado investigações empíricas sobre os antecedentes do turnover dos profissionais de TI. Tais pesquisas buscam entender, por meio de uma análise de nível individual, como esses profissionais decidem desligar-se da organização. Ou seja, estes pesquisadores têm-se dedicado a compreender os determinantes da intenção dos profissionais de TI de sair deliberadamente da empresa. Para tanto, utilizam aportes teóricos da psicologia social e cognitiva, como a teoria do comportamento planejado, para determinar empiricamente os antecedentes da intenção comportamental de um indivíduo de deixar a organização na qual trabalha (STEIL; FLORIANI; BELLO, 2019).

O constructo “intenção de sair das organizações” (IS) já foi amplamente discutido na literatura de sistemas de informação. Antecedentes como a exaustão (MOORE, 2000), o estresse no trabalho (AHUJA et al., 2007) e o risco de obsolescência profissional (JOSEPH et

al., 2007) já foram identificados. Entretanto, em contexto nacional, estudos sobre a mobilidade

na carreira desses profissionais ainda carecem de maior investigação.

No Brasil, os estudos sinalizam que esses profissionais mudam de empresa também com a finalidade de aprender novas habilidades e para se manter empregáveis (SANTOS, 2017) em um cenário em que a dinâmica corporativa tem sido cada vez mais incerta e instável.

Além do turnover, estudos sobre turnway5 (MANGIA; JOIA, 2015; SANTOS, 2017)

evidenciam que os profissionais de TI podem mudar de área de atuação, saindo da área técnica para assumir cargos de gestão. Outros estudos, mais recentes, identificam ainda outro fenômeno em expansão: a intensificação do desligamento voluntário dos profissionais da área de TI para abrirem seus próprios negócios (KRUEGER; REILLY; CARSRUD, 2000; MOURMANT; GALLIVAN; KALIKA, 2009; VOUTSINA; MOURMANT, 2010; CHEN, 2014). Este fenômeno, também denominado de spin out (AGARWAL et al., 2004; YEGANEGI et al.,

5 Estudos sobre o turnway investigam a transição de carreira, em que os profissionais abandonam suas áreas

(30)

2016) de funcionários (THOMPSON; CHEN, 2011) independentes (CIRILLO, 2019), vem sendo investigado especialmente por estudiosos da gestão do conhecimento.

Constatado, principalmente, em função da atual Economia Criativa e dos arranjos inerentes ao contexto do atual mundo do trabalho (RIBEIRO, 2011; BENDASSOLLI, 2010), o fenômeno spin out tem sido mais investigado em indústrias de alta tecnologia, em que o conhecimento tecnológico é frequentemente incorporado ao capital humano (FRANCO; FILSON, 2006).

O foco principal dos estudos sobre spin out está na mobilidade do conhecimento, que é transferido da empresa-mãe para novos empreendimentos (AGARWAL et al., 2004). Esta corrente de investigação utiliza a abordagem da teoria da aprendizagem para compreender como ocorre esse processo de transferência do conhecimento. Para esta abordagem, a preocupação com a saída voluntária de capital humano qualificado para empreender (spin out) tem sido foco de pesquisadores, ao avaliarem como as organizações de alta tecnologia podem reter seus profissionais com kwon-how crítico (ZUCKER; DARBY; ARMSTRONG, 1998).

Outro grupo de pesquisadores têm explicado o spin out também como reação a crises organizacionais. Pesquisadores desta abordagem sugerem que empregados frustrados podem considerar oportunidades fora do limite da organização para continuar a desenvolver ideias com alto valor percebido (HELLMANN, 2007). Podem também desligar-se porque não encontram apoio suficiente para seus projetos por parte de seu empregador (YEGANEGI et al., 2016), ou ainda devido a desacordos estratégicos (KLEPPER; THOMPSON, 2010).

Segundo Agarwal (AGARWAL et al., 2004), o contexto das organizações de base tecnológica, como a indústria de software, é susceptível a estar associado a um maior potencial de gerar spin outs. Esse ambiente pode influenciar a capacidade de um empregado de perceber uma perspectiva empreendedora. Através do acesso a informações únicas e peculiares, ele pode descobrir oportunidades potencialmente privilegiadas de produtos ou serviços ainda não explorados, mas com alto potencial de comercialização (AGARWAL et al., 2004).

Ainda de acordo com esse autor, é importante estudar spin out porque novos empreendimentos iniciados pelos funcionários têm mais know-how de mercado que outras

startups (AGARWAL et al., 2004). Estudos mostram que, em comparação a outras startups, os spin outs tendem a estar associados a uma maior probabilidade de sobrevivência, mesmo

durante desacelerações (ERIKSSON; KUHN, 2006).

Os estudos sobre o spin out estão sendo realizados principalmente pela comunidade científica internacional, sendo o tema ainda pouco investigado no Brasil. Em geral, essas pesquisas focalizam apenas na análise em nível da empresa, ou macroeconômica (FRANCO;

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FILSION, 2006; KLEPPER, 2001). Entretanto, autores recentes (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018) sugerem investigar o fenômeno spin out no nível do indivíduo.

Considerando a crescente mobilidade de profissionais do conhecimento, a intensificação de estudos sobre o fenômeno dos spin outs de funcionários, a incipiência dos estudos nacionais e a carência de investigações no nível do indivíduo, a pergunta que esta pesquisa se propôs a responder foi: “Quais são os fatores cognitivos que influenciam os profissionais da área de TI na decisão de empreender por meio do spin out? A teoria do comportamento planejado, proveniente da psicologia social e cognitiva, é utilizada nas investigações sobre como se origina a intenção comportamental, mais especificamente, a intenção de sair da organização (CHO; JOHANSON; GUCHAIT, 2009; GHAPANCHI; AURUM, 2011; SCHLAGEL; KOENING, 2014; BELLO, 2017), nos estudos de psicologia organizacional. Portanto, este foi o modelo teórico utilizado neste estudo, para compreender como ocorre o processo de decisão pelo spin

out, a partir de uma análise em nível do indivíduo.

1.1 OBJETIVOS

Para responder à questão de pesquisa, propõe-se o objetivo geral e os objetivos específicos que nortearão a investigação.

1.1.1 Objetivo geral

Compreender os fatores cognitivos que influenciam os profissionais da área de TI na decisão de empreender por meio de spin out.

1.1.2 Objetivos específicos

A partir do objetivo geral, desenvolveu-se os seguintes objetivos específicos: a) descrever as atitudes dos profissionais da área de TI em relação ao spin out;

b) identificar as normas subjetivas percebidas por profissionais da área de TI referentes ao spin out;

c) descrever o controle comportamental percebido pelos profissionais da área de TI relacionado ao spin out.

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1.2 JUSTIFICATIVA TEÓRICA E PRÁTICA

Esta pesquisa busca contribuir com a comunidade acadêmica no sentido de produzir conhecimento científico sobre a decisão dos profissionais de TI de empreenderem por meio do

spin out. As investigações sobre o spin out estão sendo realizadas principalmente pela

comunidade científica internacional, sendo incipientes no Brasil.

Em geral, os estudos focalizam o fenômeno spin out a partir da perspectiva econômica, enfatizando a análise em nível da empresa ou em nível macroeconômico (FRANCO; FILSION, 2006; KLEPPER, 2001). Poucos e mais recentes estudos buscam compreender o comportamento do spin out a partir de uma perspectiva individual, a do empreendedor. Os autores apontam este fator como uma lacuna que deve estar na pauta de pesquisas futuras (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018).

Nesse sentido, esta pesquisa pretende ampliar a compreensão do fenômeno do spin out por meio de uma análise do comportamento do indivíduo, bem como em território nacional. Espera-se, com este trabalho, subsidiar o desenvolvimento de novos estudos que tratem do tema.

Destaca-se também o método de pesquisa. Como o foco deste estudo está nos processos cognitivos para a tomada de decisão com relação a um comportamento planejado (pressuposto básico desta pesquisa), busca-se a contribuição do modelo da Teoria do Comportamento Planejado (TCP) nas investigações sobre o comportamento do spin out. Através deste modelo, reitera-se a importância da psicologia social e cognitiva para as teorias organizacionais, especialmente nos estudos sobre intenções comportamentais (KRUEGER; REILLY; CARSRUD, 2000; LIÑÀN; CHEN, 2009; COUTO; MARIANO; MAYER, 2010; SCHLAGEL; KOENIG, 2014; OLIVEIRA et al., 2016; FERREIRA; LOIOLA; GONDIM, 2017).

Na prática, espera-se que o resultado desta pesquisa auxilie na compreensão das intenções dos profissionais de TI no comportamento de spin out. Tal compreensão permitirá identificar fatores cognitivos que acionam o comportamento de desligar-se da empresa para empreender. Dessa forma, pretende-se auxiliar gestores de empresas a definir estratégias para reter esses profissionais de TI qualificados, mais alinhadas às demandas e peculiaridades desse grupo de talentos técnicos.

Aos profissionais da área de TI, os resultados desta pesquisa ampliarão a compreensão da dinâmica do empreendedorismo tecnológico e a avaliação de suas próprias atitudes, valores

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e interesses, servindo como balizadores para decisões referentes aos seus vínculos de trabalho, renda e emprego.

Finalmente, ressalta-se que a região da Grande Florianópolis é um importante polo tecnológico do país, captando investimentos públicos e privados que fomentam o empreendedorismo tecnológico nesta região. Esse tipo de empreendedorismo tem contribuído para a economia local, gerando emprego e renda no contexto de Ecossistemas de Inovação amplamente valorizados.

Sendo assim, uma maior compreensão do spin out contribuirá para a implementação de políticas públicas destinadas a captar recursos que estimulem o empreendedorismo de base tecnológica.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta os principais conceitos-chave e o modelo teórico que servirão como base para se alcançar os objetivos propostos para este estudo. Por se tratar de uma investigação no nível do indivíduo, as proposições teóricas aqui explicitadas servem como aportes conceituais para compreender o comportamento de spin out de funcionários nos ecossistemas de inovação da Grande Florianópolis.

A literatura sobre spin out tradicionalmente enfatiza a análise macroeconômica e organizacional para sua compreensão. No entanto, neste trabalho, atende-se a uma agenda de pesquisa solicitada pelos recentes estudos (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018), no sentido de realizar uma análise mais aproximada do empreendedor individual que busque compreender o fenômeno sob a perspectiva do indivíduo, aquele que deliberadamente opta pelo

spin out.

A fundamentação teórica deste estudo prioriza conceitos sob o domínio da psicologia. Relacionados ao comportamento do empreendedor e ao comportamento organizacional, esses conceitos poderão contribuir para a compreensão do comportamento de spin out. Dessa forma, o modelo teórico utilizado nesta pesquisa é proveniente da Teoria do Comportamento Planejado, de Ajzen (AJZEN, 1991, 2011; AJZEN; FISHBEIN, 1977, 1988), e interage com esses conceitos, norteando todo o processo desta investigação.

Portanto, este capítulo explora os fluxos de pesquisa sobre comportamento do empreendedor e comportamento organizacional pela lente da Teoria do Comportamento Planejado, com o objetivo de compreender o comportamento de spin out de funcionários de empresas de TI. A primeira subseção delimita o conceito e o entendimento atual sobre o fenômeno spin out de funcionários. A segunda subseção aprofunda o modelo teórico balizador da investigação, detalhando os antecedentes deste modelo teórico (atitude, norma subjetiva, controle comportamental percebido e intenção comportamental).

Ainda neste capítulo, aprofunda-se a literatura sobre dois conceitos-chave utilizados para a compreensão do comportamento de spin out: a intenção empreendedora (IE) e a intenção de sair da organização (IS), ambas relacionadas ao modelo teórico citado. Finalmente, a última subseção retrata o contexto no qual o fenômeno ocorre, trazendo dados específicos sobre o importante Ecossistema de Inovação da região da Grande Florianópolis (SC).

(36)

2.1 O FENÔMENO SPIN OUT DE FUNCIONÁRIOS

A literatura sobre spin out ainda é considerada incipiente. Mas já há um consenso entre os pesquisadores, que associam este fenômeno ao contexto de empresas de alta tecnologia, em geral aos ecossistemas de inovação, incluindo nele outros conceitos, como spin off e startup.

Porém, ainda há confusão em relação ao uso dos termos spin out, spin off e startup. Para esclarecer as diferenças, explora-se, na próxima subseção, o entendimento acadêmico sobre esses conceitos na atualidade. Em seguida, apresenta-se estudos específicos sobre spin outs e seus resultados empíricos.

2.1.1 A diferença conceitual entre spin out, spin off e startup

O fenômeno do spin out tem sido amplamente associado ao contexto “berço” das inovações tecnológicas. Investigado tanto em ambientes acadêmicos, em que é denominado de “spin outs universitários” (DAHL; SORENSON, 2013; KONONOVA, 2018), como em empresas de alta tecnologia, onde são denominados “spin outs corporativos” (AGARWAL et

al., 2004; YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018), o foco desses estudos está na

perspectiva baseada no conhecimento. Por exemplo, os estudos sobre “spin outs universitários” avaliam como ocorre a transferência de conhecimento de pesquisas de ponta, das universidades para a sociedade, por meio da criação de atividades empreendedoras (COZZI; JUDICE; DOLABELA, 2007). Já o “spin out corporativo” investiga como a transferência do conhecimento ocorre por meio de ex-funcionários de indústrias de alta tecnologia, na geração de novos empreendimentos independentes (LANDONI, 2018).

Considerados “grandes inovadores” (AGARWAL et al., 2004), esses ex-funcionários solicitam o desligamento da organização com o objetivo de empreender na mesma área em que atuavam. Desta forma, o fenômeno está intimamente relacionado à transferência de conhecimento, que é deslocado da empresa-mãe por profissionais com amplo conhecimento e experiência, os quais iniciam atividade empreendedora na mesma área.

A literatura sinaliza que as indústrias de alta tecnologia (KLEPPER, 2001; FRANCO; FILSON, 2006; LANDONI, 2018) e com maior know-how são as mais propensas a gerar spin

outs e sobreviver (FRANCO; FILSON, 2006). Isto ocorre pelo fato de o local de trabalho ter o

potencial de influenciar o empregado a perceber uma perspectiva empreendedora (AGARWAL

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principalmente por meio da experiência, como, por exemplo, no “aprender fazendo” ou pela “observação” (NONAKA, 1994).

Na perspectiva da mobilidade do conhecimento por meio das pessoas, os estudos sobre

spin out investigam como a tecnologia é transferida de antigas para novas empresas. Para

especialistas, o empreendedorismo dos funcionários tem um papel importante em empreendimentos tecnológicos (LANDONI, 2018). De acordo com Agarwal e colaboradores (2004):

Funcionários de empresas com conhecimento abundante podem possuir informações únicas e peculiares que lhes permitam descobrir oportunidades potenciais à frente dos outros. Uma vez que a assimetria do conhecimento reside no coração do empreendedorismo, tal acesso ao conhecimento valioso pode ser uma fonte de vantagem. (AGARWAL et al., 2004, p. 504).

Ainda segundo Agarwal e Shah (2014), as experiências organizacionais são fonte essencial de conhecimento, cognições, redes e valores que motivam a entrada no empreendedorismo. De acordo com esses autores, os spin outs são condutores críticos para o transbordamento de conhecimento que, de outra forma, poderia permanecer subvalorizado e não utilizado (AGARWAL; SHAH, 2014).

Desta forma, no contexto de empresas de base tecnológica, as ideias inovadoras geralmente emergem através do know-how do capital humano qualificado, capitaneado por

insights dos trabalhadores do conhecimento, ao vislumbrarem novos produtos ou serviços em

“nichos de mercado” ainda não explorados (AGARWAL et al., 2004; YEGANEGI et al., 2016). Dessa forma, as “inovações introduzidas no mercado pelo empreendedor são o resultado de descobertas ou conscientizações sobre oportunidades que outros não viram” (LANDONI, 2018, p. 264).

Em geral, o “processo que leva à exploração de oportunidades começa com uma descoberta por um empreendedor que: a) cria novos conhecimentos; b) explora as ineficiências do mercado devido à assimetria de informação; e c) introduz usos alternativos de recursos” (LANDONI, 2018, p. 264). Uma ideia inovadora e com potencial para originar novo empreendimento poderá então “tomar corpo” tradicionalmente por dois caminhos: através de

spin off ou spin out corporativos.

Ambos conceitos remetem à ideia de derivagem, que na literatura vigente faz uma analogia com o conhecimento proveniente de uma “empresa-mãe” (SEQUEIRA, 2013). O termo spin off, com este sentido, surgiu na década de 1960 para designar a criação de um novo

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empreendimento (um novo negócio) apoiado por uma organização já estabelecida (empresa-mãe).

Por exemplo, as empresas de base tecnológica são confrontadas com graus elevados de incertezas e ambiguidades (ANDRIES; DEBACKERE, 2006). Elas precisam gerar inovações e manter novos produtos e serviços que possam aumentar a demanda e a aquisição de tecnologia. Com a necessidade de criar inovações para explorar novos negócios em um mercado altamente volátil, estudos sobre spin off – universitários e corporativos – têm se intensificado (AGARWAL et al., 2004; YEGANEGI et al., 2016; KONONOVA, 2018; LANDONI, 2018). Os spin offs são, portanto, novas empresas constituídas com o consentimento e apoio da “empresa-mãe”, que, em geral, possui interesses nesta transação e detém parcialmente o poder acionário e consultivo da nova empresa (SEQUEIRA, 2013). Ou seja, “os spin offs são negócios independentes que as empresas criam intencionalmente como parte de sua estratégia” (LANDONI, 2018, p. 265).

Já os spin outs são novos negócios gerados a partir de ideias que emergem dentro das organizações, porém, sem o consentimento nem influência da “empresa-mãe” (SEQUEIRA, 2013). Para Agarwal e colaboradores (2004), “fundada por ex-funcionários de uma empresa titular, esses pequenos empreendimentos autônomos competem na mesma indústria com a mãe, mas não têm relações de equidade com qualquer incubadora” (AGARWAL et al., 2004, p. 503). Ao contrário do spin off, a escolha por criar um spin out é feita pelo empregado, não pelo empregador (FRANCO; FILSON, 2006).

Para obter um panorama geral sobre o avanço acadêmico relativo ao spin out, realizou-se uma pesquisa na barealizou-se de dados Web of Science, em abril de 2019. Como descritores, utilizou-se o termo “spin out”, adicionado aos termos “corporation/companys”, “IT professionals” e

“entrepreneurs”. Como filtros, incluiu-se apenas artigos publicados a partir de 1960, e revistas

de temas relacionados a “Ciências sociais”, “Ciências da computação”, “Ciências da decisão” e “Psicologia”.

Com estes termos de busca, localizou-se 65 artigos publicados em periódicos internacionais. Após análise do título e resumo, restaram apenas cinco artigos que abordavam o spin out de funcionários independentes (CIRILLO, 2019).

Entre as temáticas centrais dos artigos mapeados nesses 65 periódicos científicos internacionais, pode-se destacar que quase a metade dos estudos (45%) envolveu o empreendedorismo acadêmico e spin off/spin out universitário. Outra parte significativa (38%) tratava de assuntos fora do escopo do tema foco deste estudo. Foram 25 artigos sobre biologia, saúde, jornalismo, gênero, jogos empresariais, currículo, emprego e sociedade. Dos dez artigos

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em que o tema central envolvia o spin off/spin out corporativo, metade consistia de estudos sobre as estratégias de inovação das empresas através do spin off corporativo. Ou seja, apenas cinco artigos relacionam-se efetivamente ao spin out de funcionários, representando apenas 7% dos materiais localizados nessa base de dados.

A figura 1 sumariza o processo de busca e seleção de artigos sobre spin out.

Figura 1 – Busca e seleção de artigos sobre spin out

Fonte: A autora (2019).

Convém esclarecer que, para maior aprofundamento do tema, foram incluídos outros artigos na redação desta seção.

Dos artigos selecionados inicialmente, relacionados ao foco deste estudo, a maioria utilizou como metodologia os estudos de casos numa investigação descritiva e interpretativa. Os estudos empíricos foram realizados em empresas de base tecnológica (HINDLE; YENCKEN, 2004; CIRILLO, 2019) ou em indústrias de alta tecnologia, tais como: indústria de semicondutores (BRITTAIN; FREEMAN, 1986), disco rígido (AGARWAL et al., 2004) e indústrias de biotecnologia e baseadas na internet (LANDONI, 2018).

Outra característica dessas pesquisas foi o nível macroeconômico ou o nível organizacional para análise (FRANCO; FILSION, 2006; KLEPPER, 2001). Estudos no nível do indivíduo não receberam tratamento similar por parte da comunidade acadêmica até o momento.Entretanto, autores mais recentes (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018) têm sugerido a necessidade de ampliar as investigações sobre o fenômeno do spin out na perspectiva

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do indivíduo. Para esses autores, são fundamentais novos estudos que investiguem o fenômeno na perspectiva do funcionário empreendedor. Essa pauta deveria estar na agenda de pesquisas sobre o fenômeno spin out de funcionários (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018).

Com relação ao conceito do spin out, foi possível constatar uma certa confusão nas terminologias encontradas na literatura. Agarwal e colaboradores (2004) definem spin out como

“empreendimentos fundados por funcionários empreendedores de uma empresa incubada”

(AGARWAL et al., 2004, p. 501). Na mesma linha, para Franco e Filson (2006) spin outs são “empresas iniciadas por um funcionário de uma empresa incubada” (FRANCO; FILSON, 2006, p. 841). E Frerichs e Wiersma (2004) definem spin out como “um indivíduo ou grupo de indivíduos que deixam uma empresa-mãe para iniciar um novo negócio independente, com base em conhecimentos e competências específicos construídos dentro da empresa-mãe” (FRERICHS; WIERSMA, 2004, p.38).

Já Klepper e Sleeper (2005) descrevem o termo spin off como entrantes fundadas por empregados de empresa da mesma área (KLEPPER; SLEEPER, 2005). Da mesma forma, Thompson e Chen (2011) empregam o termo “spin off de funcionários” para se referirem a “novas firmas fundadas por ex-funcionários de empresas estabelecidas no mesmo setor” (THOMPSON; CHEN, 2011, p. 455). Já para Hellmann (2007), uma startup descreve a empresa criada por ex-funcionários. Segundo esse autor, “se os funcionários são donos do capital intelectual, eles podem sair para fazer uma startup” (HELLMANN, 2007, p. 919).

O traço comum entre as definições de spin outs é o fenômeno da mobilidade de trabalhadores, que iniciam empresas independentes criadas por ex-funcionários (YEGANEGI

et al., 2016) de empresa-mãe, em geral concorrendo no mesmo setor. Portanto, este estudo

utilizará esta definição.

Convém esclarecer que academicamente já existe quem discuta as diferenças entre “startup” e “spin out” (DŽUPKA; VAJDA, 2014; KONONOVA, 2018). Conceitualmente, “startup é uma instituição humana projetada para criar novos produtos e serviços sob condições de extrema incerteza” (RIES, 2012, p. 24). É um modelo de empresa jovem ou embrionária, em fase de construção de seus projetos, que está atrelada fortemente à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras (GITAHY, 2011).

Esses conceitos se aproximam bastante de negócios gerados por spin outs. Porém, existe uma diferença conceitual importante. Startup consiste no negócio em si, ou seja, trata-se de uma atividade empreendedora iniciada em ambientes de extrema incerteza. Já o spin out refere-se ao fenômeno, ou refere-seja, à mobilidade de profissionais do conhecimento que saem de empresas já estabelecidas para fundar (iniciar) outras empresas.

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O fenômeno do spin out enfatiza a gênese do empreendedorismo no comportamento do empreendedor, que decide deixar uma organização para empreender, de modo diverso do conceito de startup, que focaliza as características do negócio em si. Nos ecossistemas de inovação e no contexto de empresas de alta tecnologia, esses novos empreendimentos tecnológicos gerados por spin outs (constituídos por ex-funcionários de uma empresa-mãe) geralmente são startups.

A partir desse levantamento, constata-se que o spin out de funcionários (THOMPSON; CHEN, 2011) independentes (CIRILLO, 2019) é um fenômeno ainda em consolidação (AGARWAL et al., 2004; YEGANEGI et al., 2016), que precisa ser mais investigado, para se chegar à sua compreensão. Apesar do avanço nas investigações, especialmente as internacionais (AGARWAL et al., 2004; FRANCO; FILSON, 2006; KLEPPER; SLEEPER, 2005; THOMPSON; CHEN, 2011), os estudos ainda são incipientes e o conceito necessita de maior consenso entre os especialistas (YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018).

2.1.2 Resultados das investigações sobre o fenômeno spin out de funcionários

Os estudos sobre o fenômeno do spin out enfatizam a mobilidade do conhecimento (KLEPPER; SLEEPER, 2005; AGARWAL et al., 2004, 2014; FRANCO; FILSON, 2006). Nesse sentido, este é transferido da empresa-mãe para novas empresas, por meio da mobilidade de funcionários (LANDONI, 2018).

A maioria desses estudos aborda a teoria da aprendizagem e compreende os spin outs como intimamente relacionados à tecnologia central das empresas-mãe (FRANCO; FILSON, 2006). Nesse sentido, o conhecimento e a experiência adquiridos em empresas de alta tecnologia são considerados ativos que atraem profissionais com aspirações empreendedoras. Há, por exemplo, alguns funcionários que chegam a “negociar um salário menor em troca da oportunidade de adquirir conhecimento em uma organização com o objetivo de iniciar seu próprio negócio” (LANDONI, 2018, p. 264).

Para essa corrente de investigação, proveniente da teoria da aprendizagem, a preocupação com a saída voluntária de capital humano qualificado para empreender (spin outs) tem feito pesquisadores avaliarem como as organizações de alta tecnologia podem reter os profissionais essenciais à empresa. Agarwal et al. (2004) propõem que spin outs podem ser menos prováveis quando os empregadores estão na vanguarda da tecnologia, pois, neste caso, poderão ter mais sucesso em manter o pessoal-chave interessado. Outras explicações para o

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spin out focalizam na análise do custo-benefício econômico para deixar o emprego, sugerindo

que pacotes de remuneração personalizados também podem impedir que funcionários valiosos saiam da empresa para iniciar seus próprios empreendimentos (CAMPBELL et al., 2012).

Entretanto, segundo Franco e Filson (2006), a remuneração generosa pode ser uma estratégia ambígua. Ela poderá impedir que alguns saiam, mas também pode financiar aqueles que aspiram empreender. No entanto, para os profissionais que percebem no empreendedorismo resultados e benefícios psíquicos (por exemplo, autorrealização) além de recompensas financeiras (FRANCO; FILSON, 2006), o comportamento de spin out será uma escolha deliberada.

Outra corrente de pesquisadores tem explicado spin outs como reações a crises organizacionais ou como oportunidades limitadas de avanço na escala corporativa (AGARWAL et al., 2004). Hellmann (2007) sugere que empregados frustrados podem considerar oportunidades alternativas fora do limite da organização, para continuar a desenvolver ideias às quais eles se apegam devido ao seu alto valor percebido (HELLMANN, 2007).

Klepper e Thompson (2010) observam que funcionários podem sair de suas organizações devido a desacordos estratégicos. Em particular, quando os funcionários acreditam fortemente nas perspectivas de um novo produto, tecnologia ou modelo de negócio, mas não encontram apoio suficiente para seus projetos por parte de seu empregador, eles podem sair para buscar o novo recurso ou atividade (KLEPPER; THOMPSON, 2010).

Dessa forma, os estudos sobre spin out geram discussões sobre os “prós” e “contras” da saída voluntária de capital humano qualificado a fim de empreender. Se, por um lado, a retenção de profissionais talentosos é uma preocupação de gestores de empresas de base tecnológica, por outro lado, pesquisadores (AGARWAL et al., 2004; YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018; CIRILLO, 2019) reforçam os benefícios da mobilidade social de trabalhadores do conhecimento considerados mecanismos-chave e essenciais ao crescimento econômico (HINDLE; YENCKEN, 2004).

De acordo com alguns autores (LANDONI, 2018; CIRILLO, 2019), a exploração da inovação por um spin out não é necessariamente uma ameaça para a empresa-mãe. Essa corrente de investigação apropria-se das teorias organizacionais (incluindo o comportamento organizacional) para sugerir que as empresas-mãe nem sempre são ameaçados por seus spins

outs, porque elas não poderiam (ou não teriam escolhido) buscar a mesma inovação buscada

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A propósito, o estudo de Moore e Davis (2004) cita uma indústria de tecnologia que adotou a política de incentivo e apoio ao spin out com base na seguinte constatação: “sabíamos que não conseguiríamos acompanhar muitas das tecnologias ou dedicar recursos para estar na vanguarda em todas as áreas simultaneamente” (MOORE; DAVIS, 2004, p. 11). Afinal, os “spins outs se beneficiariam da inovação que a empresa-mãe demora a buscar devido a limitações organizacionais ou a uma estratégia diferente” (LANDONI, 2018, p. 266).

Preocupados com uma análise mais refinada sobre o fenômeno, estudos mais recentes (HELMANN, 2007; YEGANEGI et al., 2016; LANDONI, 2018) têm avaliado o quanto os funcionários que realizam o spin out de empresas privadas estão envolvidos com a tecnologia central de suas organizações (YEGANEGI et al., 2016). De acordo com Helmann (2007), os

spin outs são menos propensos a surgir a partir de experiências de funcionários em atividades

relacionadas à tecnologia central da “empresa-mãe” (HELMANN, 2007). Para esses autores,

spin outs baseados em ideias não relacionadas à tecnologia principal de uma empresa matriz

podem produzir produtos diferentes e atender às necessidades de diferentes grupos de clientes (HELMANN, 2007) ou diferentes indústrias (YEGANEGI et al., 2016).

O estudo de Yeganegi et al. (2016) sobre propriedade intelectual e capital de risco, realizado com empresas de alta tecnologia, em 29 países diferentes, constatou que os profissionais que não estão envolvidos com a tecnologia central de suas organizações são os mais propensos a deixá-las para abrir suas próprias empresas (YEGANEGI et al., 2016). Além disso, os fundadores que recombinam elementos de conhecimento que divergem modestamente do conhecimento de suas firmas mães (antigos empregadores) são susceptíveis a se tornarem mais impactantes no mercado.

O estudo desses autores ainda encontrou correlações estatisticamente significativas entre spin outs e variáveis demográficas. O resultado sugeriu que variáveis demográficas como idade (mais velhos) e sexo (feminino) têm relação negativa e estatisticamente significante com o spin out (YEGANEGI et al., 2016). O sucesso educacional também revelou estar intimamente relacionado a este fenômeno. Ainda no estudo desses autores, foi possível constatar que a percepção de capacidade e a falta de medo do fracasso têm relações positivas e significativas com o spin out, corroborando pesquisas anteriores.

Já o estudo de caso realizado por Landoni (2018), em indústrias de biotecnologia e baseadas na internet, fornece evidências que suportam as duas perspectivas teóricas (aprendizagem e organizacional). O estudo sugere que o empreendedor que planeja o spin out move-se para um mercado diferente do mercado da empresa-mãe – como esperado pela teoria

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organizacional. Por outro lado, os empreendedores de spin out têm experiência em processos intensivos de pesquisa – como esperado pela teoria do aprendizado (LANDONI, 2018). Ou seja, “a atividade de aprendizado geralmente ocorre em ambientes intensivos em pesquisa, o que abre oportunidades para a exploração da inovação em um mercado diferente” (LANDONI, 2018, p. 272).

A partir desses estudos, foi possível constatar que o fenômeno do spin out ocorre em indústrias de alta tecnologia, pois os trabalhadores do conhecimento conseguem enxergar nichos de mercado potencialmente viáveis, os quais a empresa não tem interesse em explorar.

Estudos ainda apontam variáveis relacionadas às frustrações com relação à empresa na qual trabalham esses profissionais do conhecimento (HELLMANN, 2007), mobilizando-os a iniciar uma atividade empreendedora. Isto pode ocorrer especialmente aos profissionais que percebem benefícios psíquicos no empreendedorismo, além das recompensas financeiras (FRANCO; FILSON, 2006). Para estes, a decisão pelo spin out será uma escolha deliberada.

Para compreender como a decisão pelo comportamento de spin out é tomada, será detalhado a seguir o modelo teórico norteador desta pesquisa: a Teoria do Comportamento Planejado de Ajzen (1991). Este modelo está coerente com a premissa deste estudo, ao considerar que o processo do spin out se origina de um comportamento planejado e volitivo.

2.2 A TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO

O modelo balizador desta pesquisa é a Teoria do Comportamento Planejado (TCP) (AJZEN, 1991). Este modelo teórico é uma extensão da Teoria da Ação Racional (TAR) (AJZEN; FISHBEIN, 1977, 1988), elaborada para preencher lacunas identificadas no modelo original de Ajzen (1991). Ambas proposições teóricas provêm da ciência psicológica social e cognitiva.

Com baixa consistência preditiva, estudos psicológicos anteriores falharam ao avaliar certas atitudes e traços de personalidade para prever o comportamento humano (MISCHEL, 1969). Nesse sentido, tanto a TCP como a TAR têm como objetivo predizer e explicar o comportamento humano em contextos específicos (AJZEN; FISHBEIN, 1988; AJZEN, 1991).

Segundo a Teoria do Comportamento Planejado, o antecedente imediato do comportamento é a intenção comportamental. Conceitualmente, “[...] as intenções são assumidas para capturar os fatores motivacionais que influenciam o comportamento. Elas são indícios de quão difícil as pessoas percebem e estão dispostas a tentar, de quanto de um esforço que o indivíduo planeja exercer a fim de executar o comportamento” (AJZEN, 1991, p. 181).

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Desta forma, a intenção comportamental é um construto psicológico que representa um processo cognitivo, deliberado e consciente de tomada de decisão (IWAYA; STEIL, 2019).

Para um determinado comportamento ser realizado, além da intenção comportamental, Ajzen (1991) reitera os “fatores não motivacionais, como a disponibilidade de oportunidades e recursos necessários” (AJZEN, 1991, p. 182) para efetivar o comportamento específico. Ou seja, quando o indivíduo percebe as circunstâncias favoráveis (oportunidades e recursos disponíveis) e seu comportamento está sob seu controle, quanto maior for a intenção, mais propenso estará o indivíduo a realizar o comportamento planejado.

De acordo com Ajzen (1991, 2011), as intenções comportamentais podem influenciar significativamente a execução do comportamento quando três antecedentes conceitualmente independentes da intenção interagirem entre si: as atitudes, as normas subjetivas e o controle comportamental percebido. A figura 2 representa as influências desses elementos no modelo.

Figura 2 – Teoria do Comportamento Planejado

Fonte: Ajzen (1991).

Segundo este modelo, atitude (ATT) “refere-se ao grau em que uma pessoa tem uma avaliação favorável ou desfavorável com relação ao comportamento em questão” (AJZEN, 1991, p. 188). As atitudes são formadas por crenças (AJZEN, 1991) desenvolvidas a partir da avaliação das informações que as pessoas possuem em relação ao desempenho de um determinado comportamento. Ou seja, as crenças se formam a partir de atributos (objetos, características ou eventos) vinculados ao comportamento, que o indivíduo avalia como positivos ou negativos ao observar as consequências de determinado comportamento (AJZEN, 1991).

Referências

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