• Nenhum resultado encontrado

Prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos no Brasil: um estudo Delphi

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos no Brasil: um estudo Delphi"

Copied!
170
0
0

Texto

(1)

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM CURSO DE MESTRADO EM ENFERMAGEM

ADRIANO DA SILVA ACOSTA

PRIORIDADES DE PESQUISA EM ENFERMAGEM EM CUIDADOS CRÍTICOS NO BRASIL: Um Estudo Delphi

FLORIANÓPOLIS 2018

(2)
(3)

PRIORIDADES DE PESQUISA EM ENFERMAGEM EM CUIDADOS CRÍTICOS NO BRASIL: Um Estudo Delphi

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para obtenção do título de Mestre em Enfermagem. Área de Concentração: Filosofia e Cuidado em Saúde e Enfermagem. Linha de pesquisa: Modelos e Tecnologias para o Cuidado em Saúde e Enfermagem.

Orientadora: Drª. Sayonara de Fátima Faria Barbosa.

FLORIANÓPOLIS 2018

(4)

Acosta, Adriano da Silva

Prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos no Brasil : um estudo Delphi / Adriano da Silva Acosta ; orientadora, Drª. Sayonara de Fátima Faria Barbosa, 2018. 173 p.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, Florianópolis, 2018.

Inclui referências.

1. Enfermagem. 2. Pesquisa. 3. Enfermagem. 4. Cuidados críticos. 5. Técnica Delfos. Consenso. I. Barbosa, Drª. Sayonara de Fátima Faria . II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. III. Título.

(5)
(6)
(7)

DEDICATÓRIA

Dedico esta dissertação aos meus irmãos Alessandra, Jefferson e Rossana. Vocês sempre foram meus maiores incentivadores e fizeram parte desta conquista.

Aos meus pais, mesmo não estando presentes em um momento tão especial, sei que olham por mim sempre e se orgulham imensamente.

Ao Luis Eduardo por valorizar tudo em mim no mínimo que faço

(8)
(9)

“Cada um que passa na nossa vida passa sozinho, pois cada pessoa é única, e nenhuma substitui outra. Cada um que passa na nossa vida passa sozinho, mas não vai só, nem nos deixa sós. Leva um pouco de nós mesmos, deixa um pouco de si mesmo. Há os que levam muito; mas não há os que não levam nada. Há os que deixam muito; mas não há os que não deixam nada. Esta é maior responsabilidade de nossa vida e a prova evidente que duas almas não se encontram ao acaso”

Saint-Exupéry

Inicio meus agradecimentos por DEUS, já que ele colocou pessoas tão especiais em meu caminho, sem as quais certamente não teria dado conta.

Aos meus pais Dirceu e Ivete (in memoriam), que onde quer que estejam, nunca deixaram de me amar, confiar e me guardarem.

Ao meu querido Eduardo, por ser tão importante nessa jornada. Sempre ao meu lado, me fazendo acreditar que poderia ir sempre adiante, mais do que eu imaginava. Por conta de seu companheirismo, paciência, compreensão, apoio, alegria e amor, este trabalho pôde ser concretizado. Obrigado por ter feito meu sonho possível!

Aos meus irmãos, Alessandra, Jefferson e Rossana e meus sobrinhos meu agradecimento especial, pois, sempre se orgulharam de mim e confiaram em meu trabalho. Obrigado pela confiança!

A família Veran, pelos momentos “em família” neste período, me incentivando e pela propaganda positiva a meu respeito. Obrigado pela força!

A minha orientadora Dra. Sayonara de Fátima Faria Barbosa, por acreditar em meu potencial de uma forma a que eu não acreditava corresponder. Grato pela disponibilidade e disposição a me ajudar, proporcionando que eu aproveitasse cada segundo do mestrado para absorver conhecimento. Você sempre foi e será referencia profissional e pessoal para meu crescimento. Obrigado por estar sempre ao meu lado e acreditar tanto em mim!

Aos membros da Banca, Dra. Grace Teresinha Marcon Dal Sasso, Dra. Débora Feijó Villas Boas Vieira, Dra. Bettina Horner Schlindewein Meireles, Dra. Ana Graziela Alvarez e Doutoranda Camila Santos Pires Lima, pela disponibilidade que demonstraram diante de meu convite e pelas contribuições a este estudo.

(10)

Aos professores da pós-graduação e colegas do mestrado, pelos ensinamentos e aprendizado partilhados.

Ao grupo de pesquisa LAPETEC/GIATE, pela oportunidade de aprendizado durante o trajeto de meu mestrado.

Aos professores e colegas do Curso de Enfermagem UNIVALI, em especial as professoras Msc. Pollyana Bortholazzi Gouvea e Msc. Maria Isabel Fontana, que se tornaram verdadeiras amigas durante este período. Obrigado por dividir angústias, auxiliar em dúvidas e me incentivarem sempre. Foi muito bom contar com vocês!

Em especial...

Aos enfermeiros participantes da pesquisa, suas contribuições foram essenciais e sem elas seria impossível a realização deste estudo. Deixo aqui minha gratidão a todos vocês.

(11)

Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

Orientadora: Drª. Sayonara de Fátima Faria Barbosa. RESUMO

A necessidade de estabelecer as prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos tem sido destacada no cenário nacional e internacional nos últimos anos. A pesquisa é fundamental para a prática de enfermagem, especialmente em uma área como o cuidado crítico, onde os enfermeiros ganharam um protagonismo em relação a responsabilidade do cuidado prestado ao paciente. Este estudo teve como objetivo apresentar as prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos no Brasil identificadas através de experts na área. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa Catarina e realizada no período de maio a setembro de 2018. Realizou-se um estudo quantitativo, por meio da técnica Delphi contando com a participação de 116 enfermeiros brasileiros com expertise em cuidados críticos na primeira rodada. Para coleta de dados foram realizadas três rodadas interativas e sequenciais, sendo que a primeira rodada foi composta por um instrumento com perguntas abertas indagando sobre as prioridades de pesquisa em relação aos pacientes e suas famílias, bem como as necessidades profissionais dos participantes. A partir destas respostas foi elaborado o instrumento da segunda rodada que foi constituído de tópicos distribuídos em domínios da prática em terapia intensiva para avaliação do grau de concordância dos participantes. Na terceira rodada, os tópicos foram reapresentados aos participantes por meio de um instrumento contendo a porcentagem estabelecida pelos participantes da segunda rodada, esperando alcançar o consenso em cada tópico reavaliado pelos participantes da pesquisa. Para análise de dados qualitativos e quantitativos foram empregadas, respectivamente, a análise de conteúdo e a descritiva inferencial. Os resultados propiciaram a construção de uma lista de prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos a nível nacional, sendo que estas prioridades foram elencadas em 63 tópicos de pesquisa agrupadas em 14 domínios da prática em terapia intensiva na primeira rodada do estudo, sendo estabelecido o consenso nas rodadas subsequentes. Tópicos como tecnologias do cuidado em ambiente crítico, escalas de avaliação e

(12)

escores nas duas rodadas. Humanização do cuidado em UTI (0,56) e controle de infecção em corrente sanguínea (0,54) foram os dois itens com classificação acima de 0,50 na análise de concordância entre os tópicos nas duas rodadas utilizando o coeficiente Kappa, sendo que sete tópicos obtiveram classificação de concordância moderada entre as rodadas de consenso. Acreditamos que o desenvolvimento deste estudo possa contribuir para definições claras em relação as prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos, visto que a partir do desconhecimento de quais são os problemas ou questões mais significativas que afetam o cuidado de pacientes críticos no Brasil, os esforços de pesquisa de enfermeiros podem ser direcionados para áreas que não são de maior prioridade, aliado ao contexto atual no país no que tange aos conflitos e a ameaça de diminuição dos recursos destinados a pesquisa e a saúde. Palavras-chave: Pesquisa. Enfermagem. Cuidados críticos. Técnica Delfos. Consenso.

(13)

degree on Nursing) - Post-Graduation Program on Nursing. Federal University of Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

Academic Tutor: Dr. Sayonara de Fátima Faria Barbosa. ABSTRACT

The need to establish research priorities in critical care nursing has been highlighted in the national and international scenario in recent years. Research is fundamental to nursing practice, especially in an area such as critical care, where nurses have gained a leading role in relation to the responsibility of the care provided to the patient. This study aimed to present the nursing research priorities in critical care in Brazil identified through experts in the area. The research was approved by the Research Ethics Committee of the Federal University of Santa Catarina and carried out from May to September 2018. A quantitative study was conducted using the Delphi technique, with the participation of 116 Brazilian nurses with expertise in critical care in the first round. For data collection, three interactive and sequential rounds were performed. The first round was an instrument with open questions asking about the research priorities in relation to the patients and their families, as well as the professional needs of the participants. Based on these responses, the instrument of the second round was elaborated, which was composed of topics distributed in areas of practice in intensive care to evaluate the degree of agreement of the participants. In the third round, the topics were resubmitted to the participants by means of an instrument containing the percentage established by the participants of the second round, hoping to reach consensus on each topic reassessed by the participants of the research. For analysis of qualitative and quantitative data, respectively, the content analysis and the inferential descriptive were used. The results led to the construction of a list of priorities for nursing research in critical care at the national level, and these priorities were listed in 63 research topics grouped in 14 domains of intensive care practice in the first round of the study, consensus being established in subsequent rounds. Topics such as critical care technologies, pain assessment and management scales, interventions to reduce HCAI, as well as topics related to patient safety were the ones that obtained the best scores in the two rounds. Humanization of ICU care (0.56) and infection control in the blood stream (0.54) were the two items with a classification above 0.50 in the concordance analysis between the topics in the two rounds using the

(14)

study can contribute to clear definitions regarding the priorities of nursing research in critical care, since from the lack of knowledge of what are the most significant problems or issues that affect the care of critical patients in Brazil, the efforts of nurses' research can be directed to areas that are not of higher priority, allied to the current context in the country regarding conflicts and the threat of diminishing resources for research and health Keywords: Research. Nursing. Critical Care. Delphi Technique. Consensus.

(15)

170p. Disertación (Maestría en Enfermería) - Programa de Pós-Graduación en Enfermería. Universidad Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2018.

Orientadora: Dra. Sayonara de Fátima Faria Barbosa. RESUMEN

La necesidad de establecer las prioridades de investigación en enfermería en cuidados críticos ha sido destacada en el escenario nacional e internacional en los últimos años. La investigación es fundamental para la práctica de enfermería, especialmente en una área como el cuidado crítico, donde los enfermeros ganaron un protagonismo en relación con la responsabilidad del cuidado prestado al paciente. Este estudio tuvo como objetivo presentar las prioridades de investigación en enfermería en cuidados críticos en Brasil identificadas a través de expertos en el área. La investigación fue aprobada por el Comité de Ética en Investigación de la Universidad Federal de Santa Catarina y realizada en el período de mayo a septiembre de 2018. Se realizó un estudio cuantitativo, por medio de la técnica Delphi contando con la participación de 116 enfermeros brasileños con la habilidad en atención crítica en la primera ronda. Para la recolección de datos se realizaron tres rondas interactivas y secuenciales, siendo que la primera ronda fue compuesta por un instrumento con preguntas abiertas indagando sobre las prioridades de investigación en relación con los pacientes y sus familias, así como las necesidades profesionales de los participantes. A partir de estas respuestas se elaboró el instrumento de la segunda ronda que fue constituido de tópicos distribuidos en ámbitos de la práctica en terapia intensiva para evaluación del grado de concordancia de los participantes. En la tercera ronda, los temas fueron presentados a los participantes a través de un instrumento que contenía el porcentaje establecida por los participantes de la segunda ronda, esperando alcanzar el consenso en cada tema revaluado por los participantes de la investigación. Para el análisis de datos cualitativos y cuantitativos se emplearon, respectivamente, el análisis de contenido y la descriptiva inferencia. Los resultados propiciaron la construcción de una lista de prioridades de investigación en enfermería en cuidados críticos a nivel nacional, siendo que estas prioridades fueron enumeradas en 63 tópicos de investigación agrupados en 14 dominios de la práctica en terapia intensiva en la primera ronda del estudio, consenso en las siguientes rondas. Los temas como tecnologías

(16)

seguridad del paciente, fueron los que obtuvieron los mejores escores en las dos rondas. La Humanización del cuidado en UTI (0,56) y control de infección en la corriente sanguínea (0,54) fueron los dos ítems con clasificación superior a 0,50 en el análisis de concordancia entre los tópicos en las dos rondas utilizando el coeficiente Kappa, siendo que siete temas obtuvieron una clasificación de concordancia moderada entre las rondas de consenso. Creemos que el desarrollo de este estudio puede contribuir a definiciones claras en relación con las prioridades de investigación en enfermería en cuidados críticos, ya que a partir del desconocimiento de cuáles son los problemas o cuestiones más significativas que afectan el cuidado de pacientes críticos en Brasil, los esfuerzos de investigación de enfermeros pueden ser dirigidos a áreas que no son de mayor prioridad, aliado al contexto actual en el país en lo que se refiere a los conflictos y la amenaza de disminución de los recursos destinados a la investigación y la salud.

Palabras clave: Investigación. Enfermería. Cuidados críticos. Técnica Delfos. Consenso.

(17)

Figura 1 - Busca de Especialistas Doutores. ... 48 Figura 2 - Aplicação de Filtros Relativos à Formação Acadêmica para a Busca de Especialistas Doutores. ... 48 Figura 3 - Aplicação de Filtros Relativos à Área de Atuação para a Busca de Especialistas Doutores. ... 49 Figura 4 - Seleção de Preferências na Busca por Especialistas Doutores. ... 49 MANUSCRITO 2

(18)
(19)

MANUSCRITO 1

Quadro 1 - Domínios da prática em terapia intensiva a partir das sugestões de pesquisa dos participantes. Brasil, 2018. ... 67

(20)
(21)

Tabela 1 - Duração e número de participantes por titulação em cada rodada. Brasil, 2018. ... 55 MANUSCRITO 1

Tabela 1 - Distribuição dos participantes da pesquisa quanto aos aspectos sócio demográficos. Brasil, 2018. ... 65 Tabela 2 - Distribuição dos tópicos nos diferentes domínios de pesquisa na totalidade da amostra (n=116). Brasil, 2018. ... 68 Tabela 3 - Distribuição dos domínios de pesquisa por titulação dos participantes. Brasil,2018. ... 68 Tabela 4 - Distribuição dos domínios de pesquisa por regiões brasileiras. Brasil, 2018. ... 69 Tabela 5 - Distribuição dos domínios de pesquisa por principal atividade profissional. Brasil, 2018. ... 70

MANUSCRITO 2

Tabela 1 - Distribuição dos participantes da pesquisa quanto aos aspectos sócio demográficos. Brasil, 2018. ... 90 Tabela 2 – Distribuição dos tópicos de pesquisa por concordância de consenso muito elevada na 2ª rodada delphi. Brasil, 2018. ... 94 Tabela 3 - Critérios para determinar o grau de consenso na 2ª rodada. Brasil, 2018. ... 96 Tabela 4 - Distribuição dos tópicos de Pesquisa em domínios com base na 2ª e 3ª rodadas. Brasil, 2018. ... 97

(22)
(23)

AACN Associação Americana de Enfermeiros de Cuidados Críticos

ANPPS Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNS Conselho Nacional de Saúde

CVC Cateter Venoso Central

DCN Diretrizes Curriculares Nacionais

EAs Eventos Adversos

EfCCNa Federação Europeia de Associações de Enfermagem de Cuidados Críticos

FAPEs Fundações de Apoio às Pesquisas Estaduais GIATE Grupo de Pesquisa Clínica, Tecnologias e

Informática em Saúde e Enfermagem IES Instituição de Ensino Superior

IPCS Infecção Primária de Corrente Sanguínea IRAS Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde LAPETEC/GIATE Laboratório de Produção Tecnológica em Saúde

e Grupo de Pesquisa Clínica em Tecnologias e Informática em Saúde e Enfermagem

LDB Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional

LPP Lesão Por Pressão

MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online

MRSA Staphylococcus Aureus Resistente a Meticilina NAS Nursing Activities Score

OMS Organização Mundial de Saúde

OPAS Organização Pan-Americana de Saúde PAVM Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica

(24)

PNCIRAS Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas a Assistência à Saúde PNCTIS Política Nacional de Ciência, Tecnologia e

Inovação em Saúde

PNPG Plano Nacional de Pós-Graduação PPE Prioridades de Pesquisa em Enfermagem RDC Resolução da Diretoria Colegiada SCIELO Scientific Eletronic Library Online

SAV Suporte Avançado de Vida

SUS Sistema Único de Saúde

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UFSC Universidade Federal de Santa Catarina

VM Ventilação Mecânica

(25)

1. INTRODUÇÃO ... 27 2. OBJETIVOS ... 33 2.1 OBJETIVO GERAL ... 33 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 33 3. REVISÃO DE LITERATURA... 35 4. MÉTODO ... 47 4.1 TIPO DE ESTUDO ... 47 4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 47 4.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO ... 50 4.4 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEIS... 51 4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS ... 52 4.6 COLETA E ORGANIZAÇÃO DOS DADOS ... 53 4.7 ANÁLISE DE DADOS ... 55 4.8 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS ... 57 5. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 59 5.1 MANUSCRITO 1 – PRIORIDADES DE PESQUISA PARA CUIDADOS CRÍTICOS EM ENFERMAGEM: UM ESTUDO DELPHI NO BRASIL ... 60 5.2 MANUSCRITO 2 – CONSENSO NAS PRIORIDADES NACIONAIS DE PESQUISA DE ENFERMAGEM EM CUIDADOS CRÍTICOS COM A UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DELPHI ... 82 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS... 113 REFERÊNCIAS ... 117 APÊNDICES ... 125 APÊNDICE A - CONVITE ENVIADO AOS EXPERTS PARA PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA – 1ª RODADA ... 126 APÊNDICE B – INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – 1ª RODADA ... 127 APÊNDICE C - CONVITE ENVIADO AOS EXPERTS PARA PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA – 2ª RODADA ... 134 APÊNDICE D - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – 2ª RODADA ... 135

(26)

APÊNDICE F - INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS – 3ª RODADA ... 146 APÊNDICE G – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ... 162 ANEXOS ... 165 ANEXO 01 – APROVAÇÃO DO COMITÊ̂ DE ÉTICA EM PESQUISA COM SERES HUMANOS ... 166 ANEXO 02 – INSTRUÇÃO NORMATIVA 01/PEN/2016 ... 169

(27)

1. INTRODUÇÃO

O primeiro passo para o desenvolvimento de uma agenda de pesquisa de enfermagem em cuidados críticos como em qualquer outra área de conhecimento seria a identificação das prioridades de investigação junto a estes profissionais. Ramelet & Gill (2011), trazem em seu estudo que a pesquisa é a pedra angular da geração de novos conhecimentos e evidências para apoiar práticas melhoradas e buscar melhores resultados para a assistência prestada aos pacientes. Todavia, ainda existem barreiras, tanto para a realização de investigações clínicas quanto para a implementação de práticas baseadas em evidencias.

Em um estudo desenvolvido de forma conjunta em 20 países europeus a respeito das prioridades de pesquisa em cuidados críticos para enfermeiros, obteve-se como um dos principais resultados, a constatação de que as pesquisas internacionais a respeito da temática ainda apresentam desafios específicos devido a diversidade da população, bem como a prática clínica dos profissionais e contextos envolvidos em diferentes países. Além disso, o número de pacientes é relativamente pequeno em comparação com outras populações em pesquisas clínicas e serviços de saúde (BLACKWOOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

Entretanto, apesar de diversas pesquisas contínuas em cuidados intensivos em nível mundial, permanecem ainda muitas perguntas não respondidas sobre a prevenção, o diagnóstico, o tratamento de doenças graves, bem como os cuidados prestados ao paciente em estado crítico. Para alcançar o maior impacto nestes estudos visto aos recursos limitados, torna-se essencial a identificação das prioridades de pesquisa em cuidados críticos (REAY; ARULKUMARAN; BRETT, 2014).

No Brasil, a preocupação com a temática das prioridades de pesquisa em enfermagem não é nova, mas a continuidade da sua discussão é justificada num momento em que se coloca na pauta da enfermagem a necessidade de redefinir as áreas de conhecimento e as linhas de pesquisa orientadoras da produção científica dessas áreas(OLIVEIRA, 2014).

O que vem sendo observado é que a enfermagem, como campo de saber, ciência e tecnologia vem se fortalecendo desde a década de 70 no país. Sua inserção no Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ocorreu em 1986, e se consolidou como área específica de produção de conhecimento com o Comitê Assessor de Enfermagem em 2006 (VALE; SILVA, 2015).

A partir desta ótica, a necessidade de definições claras de prioridades e políticas de pesquisa em saúde vem apresentando destaque no cenário nacional e internacional nos últimos anos. A Política Nacional

(28)

de Ciência, Tecnologia e Inovação em Saúde (PNCTIS) define a pesquisa em saúde como o conjunto de conhecimentos, tecnologias e inovações produzidos que resultam em melhoria da saúde da população (OLIVEIRA, 2013).

A Agenda Nacional de Prioridades de Pesquisa em Saúde (ANPPS) é definida como um instrumento de gestão pelo qual o Ministério da Saúde detalha as prioridades de pesquisa para esse campo. Coloca-se como parte fundamental da PNCTIS e objetiva aumentar a seletividade e capacidade de indução de fomento à pesquisa no país (BRASIL, 2008).

No campo da Enfermagem, o que se tem constatado empiricamente é uma variedade de linhas e áreas de pesquisa, bem como a indefinição dos seus conteúdos, muitas vezes conflitantes com as próprias pesquisas que contêm. Se diversos são os espaços de produção, mais diversificado ainda se mostra este cenário quando se trata de incluir o que foi produzido nas demandas classificatórias das agências reguladoras e de fomento, tais como a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), as Fundações de Apoio às Pesquisas Estaduais (FAPEs), entre outros (FONSECA; OLIVEIRA, 2013).

De acordo com Organização Mundial de Saúde (OMS), os profissionais enfermeiros constituem a maior parte da força de trabalho em saúde. Contudo, existe uma grande variação nos níveis da educação inicial para a enfermagem entre países da Região das Américas e ao nível mundial (WHO, 2012).

Em estudo recente frente a situação da educação em enfermagem na América Latina e no Caribe rumo à saúde universal, evidenciou-se que o Brasil apresenta a maior porcentagem de corpo docente (professores em ambos os regimes tempo integral e meio período) e professores com títulos de Doutorado (55,1%); as escolas do Caribe não Latino (13,3%) e da América Central e do Caribe Latino (5,4%) indicaram a menor porcentagem de docentes com títulos de Doutorado. Uma explicação possível para este resultado é que o Brasil apresenta um número bem maior de programas de pós-graduação (Mestrado e Doutorado), tornando os cursos de nível superior mais acessíveis aos enfermeiros do país, comparativamente aos outros países (CASSIANI et al., 2017).

Desta forma, a pesquisa em enfermagem tem um grande desafio a ser superado, sendo que este desafio abrange a enfermagem em um modo geral, bem como na área de terapia intensiva, que enquanto especialidade e área de assistência cuja complexidade e avanços exigem bases cada vez mais bem fundamentadas (KOIZUMI, 1997; AVILA et al., 2013).

(29)

Para Lopez (2003), estas pesquisas são vitais para as práticas de enfermagem, especialmente em uma área como o cuidado crítico, onde a assistência prestada de enfermagem continua a aumentar em sua complexidade e os enfermeiros assumem a cada dia uma maior responsabilidade para o cuidado destes pacientes. Além disso, estes estudos podem identificar desafios e problemas que exigem o desenvolvimento de novas diretrizes de prática e abordagens para a gestão de cuidados ao paciente e a organização de unidades de cuidados intensivos.

No entanto, sem o conhecimento dos problemas ou questões mais significativas que afetam o bem-estar dos pacientes críticos, os esforços de investigação dos enfermeiros podem ser direcionados para áreas que não são de máxima prioridade nos sistemas de saúde, bem como no contexto dos cuidados de saúde destinados aos pacientes críticos (LOPEZ, 2003).

Embora existam alguns estudos internacionaissobre prioridades de pesquisa em cuidados intensivos (Lewandowski & Kositsky,1983; Lindquist et al., 1993; Daly et al., 1996; Goldfrad et al., 2000; Lopez, 2003); eles se relacionam com países individuais e abrangem apenas os últimos 25 anos, onde se evidenciou que as pesquisas em cuidados críticos apresentam desafios específicos devido à diversidade da população, prática clínica e contextos. Todos os estudos usaram alguma forma de método de consenso de especialistas para identificar as prioridades e, como seria de esperar, a lista das principais prioridades difere de acordo com o país e o momento em que foram identificadas. Isso se deve ao fato de que, o foco das prioridades de pesquisa não é estático, mas muda de acordo com as ideologias culturais, com os desafios locais, influenciados pelos recursos políticos e econômicos das comunidades individuais (BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

Os mesmos autores ainda referem que nos primeiros estudos entre enfermeiras de cuidados intensivos nos Estados Unidos e na Austrália, as prioridades identificadas foram principalmente direcionadas aos resultados para a assistência aos pacientes e o uso da tecnologia, como o desmame da ventilação mecânica, os dispositivos para minimizar os riscos de desenvolvimento de lesão por pressão e o uso de sistemas fechados de aspiração para reduzir a pneumonia nosocomial. Estes dados geraram pesquisas para avaliar a eficácia dos protocolos assistências de desmame ventilatório e sistema fechado de aspiração e tem levado a mudanças na prática clínica (BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

(30)

Delineando outro foco de pesquisa, em um estudo Delphi realizado com enfermeiros da Associação de Enfermagem de Cuidados Críticos de Hong Kong, as prioridades de pesquisa foram em relação ao paciente e familiar. Estas prioridades foram focadas no uso do toque terapêutico para aliviar a dor e ansiedade, reduzir a fadiga no desmame ventilatório, reduzir o estresse familiar e estimular a participação da família na assistência ao paciente (LOPEZ, 2003).

Enquanto isso, no Reino Unido no mesmo período, as prioridades de pesquisa identificadas por uma amostra de enfermeiros e médicos de 325 unidades de cuidados intensivos (UTI’s) estavam relacionadas com os aspectos organizacionais da prática clínica e suporte do sistema orgânico, tais como intervenções precoces, cuidados de alta dependência, transferências inter-hospitalares e a utilização de cateteres de artéria pulmonar (GOLDFRAD et al., 2000).

Em todos os estudos realizados ao nível mundial foi possível observar que as prioridades de investigação em enfermagem em cuidados intensivos são dinâmicas e estão em constante mudança em resposta aos desenvolvimentos nos sistemas de saúde e na busca de resultados de melhorias na assistência prestada ao paciente crítico.

Embora as prioridades de pesquisa em cuidados intensivos tenham sido identificadas em outros países, nenhum estudo deste tipo foi realizado no Brasil. Portanto, no atual ambiente de aumento dos custos de saúde e aumento das restrições orçamentárias, é essencial determinar as áreas de maior prioridade de pesquisa para enfermeiros de cuidados intensivos, de modo a estarem voltadas para a necessidade em saúde da população.

O interesse em trabalhar com essa temática surgiu inicialmente através do Laboratório de Produção Tecnológica em Saúde e Grupo de Pesquisa Clínica, Tecnologias e Informática em Saúde e Enfermagem (LAPETEC/GIATE), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), no qual os estudos, de modo geral, estão direcionados para o desenvolvimento de pesquisa em informática na área de terapia intensiva e segurança do paciente (SASSO et al., 2011). Ademais, os resultados deste estudo fornecerão orientação para os esforços de pesquisa em enfermagem de cuidados críticos, propondo uma agenda de pesquisa nesta área.

Segundo Spies et al. (2015), o conhecimento dos enfermeiros sobre as lacunas no cuidado pode ser usado para impulsionar a pesquisa de enfermagem. Esta agenda de pesquisa posiciona estrategicamente o enfermeiro para planejar e conduzir pesquisas que sejam relevantes para decisões de políticas de saúde e mudanças na prática clínica. Ao aplicar

(31)

as evidências obtidas através da pesquisa de enfermagem, os enfermeiros podem melhorar a qualidade da prática de cuidados e, assim, melhorar os resultados relacionados à saúde.

Vale ressaltar que apesar de existirem diferentes estudos de revisão que expressam o que vem sendo desenvolvido por especialistas na área de cuidados críticos na enfermagem em território nacional, foi identificada a inexistência de estudos que evidenciem quais são ostópicos e prioridades de pesquisa nesta área. Por conseguinte, os esforços devem centrar-se em projetos de investigação que sejam da mais alta prioridade, tal como são percebidos pelos especialistas e pesquisadores que estão à frente dos estudos e da prática no país.

Diante ao exposto, este estudo visa responder a seguinte pergunta de pesquisa: Quais as prioridades de pesquisa em enfermagem de cuidados críticos no Brasil conforme tópicos de pesquisa identificados por enfermeiros especialistas e pesquisadores da área?

(32)
(33)

2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL

- Analisar as prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos no Brasil identificada por especialistas e pesquisadores na área.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Identificar os tópicos de pesquisa em enfermagem em

cuidados críticos propostos por enfermeiros especialistas e pesquisadores no Brasil voltados para o cuidado dos pacientes e sua família, e para as necessidades profissionais dos enfermeiros intensivistas.

- Avaliar o consenso das prioridades de pesquisa em

enfermagem em cuidados críticos propostos por enfermeiros

(34)
(35)

3. REVISÃO DE LITERATURA

Os estudos utilizados para construção da bibliografia foram localizados e apresentados sob a forma de uma revisão narrativa, a partir da busca de textos livres obtidos em diferentes bases de dados como Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Medical Literature and Retrivial Online (MEDLINE), bem como a busca manual de outros estudos para compor este subcapítulo. Os estudos selecionados contemplaram temas como: a Agenda Nacional de Pesquisa em Saúde, pesquisas em enfermagem em cuidados intensivos, as prioridades de pesquisa de enfermagem em cuidados críticos e a metodologia Delphi.

Em outubro de 2014, a Organização Pan-Americana de Saúde/ Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e os seus Estados-Membros adotaram a resolução CD53/5, Rev. 2 - Estratégia para o Acesso Universal à Saúde e Cobertura Universal de Saúde (Saúde Universal), que primeiramente a define como a ausência de barreiras socioculturais, organizacionais, econômicas, geográficas, e relacionadas aos gêneros no que tange aos cuidados da saúde; e em segundo momento, como a capacidade dos sistemas de saúde em atender as necessidades das populações em qualquer nível de cuidado, fornecendo infraestrutura, adequada capacidade de recursos humanos, e tecnologias da saúde sem causar danos financeiros (PAN AMERICAN HEALTH ORGANIZATION, 2014).

Esses dois conceitos são de suma importância para a melhoria dos resultados e visam alcançar outros objetivos significativos do sistema de saúde, baseando-se no direito humano básico para ser capaz de desfrutar de uma vida saudável. A estratégia de Saúde Universal também representa um guarda-chuva inclusivo para outras questões e outros agentes afetados pela área da saúde (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2012).

Além disso, a Saúde Universal requer sistemas de saúde sólidos, apoiados por pessoal de saúde motivado equitativamente distribuído e que tenham adquirido uma combinação adequada de habilidades, resultando assim na prestação de serviços de saúde de qualidade com base nas necessidades da população (CASSIANI, 2014).

Cassiani; Bassalobre-Garcia & Reivez (2015) afirmam que neste contexto, os enfermeiros desempenham um papel importante no âmbito da Saúde Universal, em razão de seu contato próximo com pessoas e, com isso apresentam uma maior compreensão de suas necessidades. Sua educação deve, portanto, qualifica-los para produzir e aplicar provas científicas dentro de sua prática, ao mesmo tempo em que fomenta o

(36)

pensamento crítico e reflexivo, a fim de proporcionar uma melhor qualidade e cuidado centrado nas pessoas e comunidades.

A partir desta ótica o compromisso, o trabalho colaborativo, e o intercâmbio de conhecimentos e experiências realizadas pelas 25 redes internacionais de enfermagem na América Latina podem ser um exemplo claro das contribuições para a Saúde Universal; no entanto, ainda se observa uma necessidade de definir prioridades para a pesquisa colaborativa (CASSIANI, 2014).

Para Munari et al. (2011), a ciência de enfermagem tem sido objeto de investigação rigorosa, mas ainda existem algumas desigualdades importantes no que se refere à capacidade dos enfermeiros de conduzir pesquisas e de implementar novas evidências na sua prática cotidiana. Entretanto, enquanto o número de publicações sobre pesquisa em enfermagem tem crescido de forma importante na última década, uma proporção menor foi produzida em relação à pesquisa de serviços e sistemas de saúde.

Em toda a comunidade de enfermagem internacional, é aceito que o bom conhecimento, habilidades e competências dos enfermeiros são vitais para garantir a qualidade dos cuidados aos pacientes. Poder-se-ia argumentar que a aplicação do conhecimento de maneira informada e inteligente é uma marca registrada da preparação de enfermeiros e, no ambiente de cuidados intensivos, deve haver congruência entre as necessidades do paciente e as habilidades, conhecimentos e atributos do enfermeiro para o mesmo. Além disso, todos os pacientes críticos devem ter acesso a um enfermeiro especialista em cuidados críticos de enfermagem (FULBROOK et al., 2012).

Para Ferreira et al. (2016), a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é reconhecida como um local de internação para pacientes em estado crítico e que têm a necessidade de atenção especializada e ininterrupta. Assim, os cuidados de enfermagem exigem do enfermeiro reconhecimento rápido e preciso do estado de saúde de cada pessoa, devido à instabilidade dos pacientes.

O processo de cuidar e gerenciar podem ser considerados fundamentais no exercício do trabalho do enfermeiro em seu dia a dia. O cuidar é representado pela investigação, levantamento de dados, planejamento, a implementação, evolução, a avaliação e o convívio de pacientes com diversos profissionais de saúde. Já a gestão tem como base a organização, a assistência e a possibilidade de promover a qualificação da equipe de enfermagem, por meio da educação continuada, apropriando-se dos modelos e estratégias de administração, da

(37)

determinação da equipe e da tecnologia utilizada na UTI (CAMELO, 2012).

O trabalho do enfermeiro em uma UTI é caracterizado por atividades assistenciais e gerenciais complexas que requer um conhecimento técnico e científico, cuja tomada de decisões e adoção de condutas seguras estão diretamente associadas à vida e à morte das pessoas. O profissional possui responsabilidades, tais como: gerenciamento do cuidado de enfermagem, implementação do cuidado de enfermagem de maior complexidade, tomada de decisão, liderança em enfermagem, comunicação, educação continuada/permanente, gerenciamento de recursos humanos e materiais (FERREIRA et al., 2016).

Ao prestar o cuidado de enfermagem a pacientes de alta complexidade na UTI, o enfermeiro se envolve, aprendendo a exercitar seu compromisso, propiciando estreita relação com o paciente e, consequentemente, colaborando com uma assistência de qualidade. Logo, nesse ambiente, o enfermeiro articula os diversos meios de trabalho da equipe de saúde e favorece a prestação direta de cuidados de maior complexidade ao paciente (CAMELO, 2012).

Nestas unidades geralmente encontramos pacientes debilitados e com maior dependência de cuidados da equipe e, por isso o dimensionamento dos profissionais de enfermagem deve ser estimado mediante o uso de ferramentas, considerando as diversas atividades praticadas nesse setor, contribuindo para que seja favorável as condições de trabalho e, consequentemente, o bem-estar dos trabalhadores de enfermagem que lidam diariamente com o binômio – vida e morte (INQUE; MATSUDA, 2010).

Vale salientar que a assistência prestada ao paciente em UTI é uma atividade dividida entre todos os membros da equipe de saúde e, dessa forma, também é uma atribuição do enfermeiro. Segundo a Lei do Exercício Profissional nº 7498/86, art.11, estabelece que o enfermeiro exerce todas as atividades de enfermagem, cabendo-lhe privativamente o planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de enfermagem. A lei relata ainda que é uma das atuações privativas do enfermeiro prestar cuidados de maior complexidade e que exijam um conhecimento técnico-científico e, ainda, capacidade para tomar decisões imediatas (COFEN, 2014).

Face a necessidade de regulamentação da prática de enfermagem em terapia intensiva, além da legislação específica prevista pelo Conselho Federal de Enfermagem, outras foram implementadas, o que reforça a importância e o envolvimento do enfermeiro nestas unidades.No Brasil

(38)

a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 007/2010 fixa e estabelece parâmetros para o dimensionamento do quadro de profissionais de enfermagem nas unidades assistenciais das instituições de saúde e assemelhados. Ressalta-se que a RDC determina em seu artigo 72, parágrafo 1º o cumprimento dos artigos 13,14 e 15 - recursos humanos - em um prazo de três anos a partir de sua data de publicação, como recurso mínimo um enfermeiro coordenador para no máximo duas UTI’s, com especialidade em terapia intensiva ou outra relacionada à assistência ao paciente grave específica para a modalidade de atuação, bem como um enfermeiro assistencial para cada oito leitos ou fração (BRASIL, 2010).

O Ministério da Saúde (Agencia Nacional de Vigilância Sanitária), através da RDC nº 137 de 8 de fevereiro de 2017 alterou a RDC nº 7 de 24 de fevereiro de 2010 no artigo 3 com o seguinte texto: o responsável técnico médico, os coordenadores de enfermagem e de fisioterapia devem ter título de especialista, conforme estabelecido pelos respectivos conselhos de classe e associações reconhecidas por estes para este fim (BRASIL, 2017).

Esteparágrafo da RDC nº 7 foi revogado pela RDC nº 137, ou seja, a partir desta publicação, para ser responsável técnico médico, coordenador de enfermagem ou de fisioterapia de uma Unidade de Terapia Intensiva, não bastará que este profissional tenha especialização latu sensu em terapia intensiva, ele precisará ter outro diferencial: ser titulado pelos respectivos conselhos de classe e associações reconhecidas (BRASIL, 2017).

Para Oliveira (2014), a enfermagem constitui-se como campo de conhecimento aplicado na grande área da saúde e enquanto tal alinha-se às políticas de saúde de uma forma mais geral. Pensar as prioridades de pesquisa em enfermagem significa apontar focos de interesse e de investimentos, sobre os quais o conjunto de pesquisadores possa estabelecer consensos.

Ainda para a autora supracitada, o estabelecimento de Prioridades de Pesquisa em Enfermagem (PPE) implica em ajustar o foco desse campo de pesquisa naquilo que é essencial para dar visibilidade ao saber próprio constituído, ou seja, no cuidado de enfermagem como categoria teórica, nos sujeitos do cuidado, nas competências profissionais e também nos grandes problemas nacionais transversais, de forma a melhor definir o campo disciplinar e a faceta interdisciplinar desse campo de conhecimentos.

Marshall (2004) refere que o desenvolvimento de prioridades de pesquisa para enfermeiros de cuidados intensivos tem sido previamente examinado a partir das perspectivas de especialistas em enfermagem de

(39)

cuidados críticos a nível internacional. Apesar das dificuldades para identificação destas questões de pesquisa, uma variedade de técnicas vem sendo utilizadas para determiná-las, no entanto, ainda falta uma clara articulação destas prioridades para enfermeiros desta área, que são oportunas e englobam todos os aspectos da prática de enfermagem de cuidados intensivos.

Em meados dos anos 2000 a enfermagem em cuidados críticos, como muitas outras áreas especializadas da prática de enfermagem, tinha uma base de conhecimento relativamente pequena desenvolvida através da realização de pesquisas. No entanto, nesta época já existia uma expectativa de garantir que o cuidado do paciente fosse baseado em pesquisas continuas, visto que ainda existiam neste período poucas evidências sobre a qual se baseavam as práticas de enfermagem, bem como o intuito de desenvolver uma base de conhecimento apropriada de cuidados intensivos de enfermagem se fazia necessário, aliada a preocupação de ser realizada de forma racional para garantir que o progresso não fosse casual (MARSHALL, 2004).

Diante deste cenário, em território nacional vem sendo observado um aumento nos últimos anos da criação de Cursos de Pós-Graduação em Enfermagem stricto senso, bem como um crescimento exponencial do número de pesquisadores, com impacto direto sobre as demandas às agências de fomento e sobre os recursos disponibilizados para a área. Por outro lado, esse crescimento não vem sendo capaz de corrigir as assimetrias entre as regiões geográficas brasileiras. Cabe destacar que a distribuição dos Cursos de Doutorado em Enfermagem no Brasil é caudatária da mesma assimetria entre as regiões brasileiras, no conjunto das pós-graduações, evidenciando a concentração desses programas na Região Sudeste e, de certa forma, a perpetuação da carência de pesquisas, de pesquisadores e de formação de doutores em algumas regiões do país (OLIVEIRA, 2013).

No Brasil, a enfermagem representa aproximadamente 60% dos profissionais da área da saúde, possuindo 900 cursos de graduação em enfermagem, além de 37 doutorados, 51 mestrados acadêmicos e 21 profissionais, credenciados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, 2016).

Segundo Erdmann et al. (2012), o advento dos cursos de pós-graduação contribuiu para a constituição do habitu científico da enfermagem brasileira, mediante a realização de uma atividade de pesquisa como requisito necessário à obtenção da titulação requerida, caracterizando, assim, o estreito vínculo entre a pós-graduação e o desenvolvimento da pesquisa. Ratificam ainda que é de vital importância

(40)

a compreensão da necessidade da pós-graduação, para formar mestres e doutores em enfermagem, altamente qualificados e produtivos em quantidade que possa compor os quadros de corpo docente, qualificando o ensino nos cursos de graduação existentes e a prática de enfermagem no país.

O impacto deste crescimento da pós-graduação se evidencia também na melhoria da produção científica, com aumento expressivo no número de documentos indexados na base Scopus/SCImago e, consequentemente, no ranking mundial, em que a Enfermagem brasileira ocupava o 18º lugar da produção mundial da área de enfermagem em 2000 e ascendeu para o 9º lugar em 2016, superado pelos Estados Unidos da América, Reino Unido, Austrália, Canadá, França, Alemanha, China e Espanha (SCOCHI et al., 2013).

De acordo Scochi et al. (2013), o desenvolvimento do mestrado profissional no campo de pós-graduação em Enfermagem, vem ao encontro de suprir uma lacuna na formação de profissionais altamente qualificados para o mercado público e privado, sendo reforçado este aspecto no Plano Nacional de Pós-Graduação (PNPG) de 2011-2020. O foco dos programas é a capacitação de profissionais para a produção de conhecimento científico-tecnológico e inovação para a geração de produtos e processos que possam transformar e qualificar a prática profissional. Espera-se nesse nível de ensino, não apenas a produção, mas também a difusão e o consumo de pesquisas e tecnologias, que possam contribuir para o melhor desempenho dos serviços, qualificando a assistência e/ou o ensino.

Independentemente de todos os esforços dos pesquisadores em cuidados críticos, as buscas por pesquisas que identificam as prioridades de estudo específicas de cuidados intensivos em enfermagem são escassas no cenário mundial. O ímpeto inicial para identificar prioridades de pesquisa para enfermeiros de cuidados críticos originou-se na América do Norte, onde foram realizados dois estudos no inicio dos anos 80 com uma revisão dos achados na sequencia. Outras pesquisas nesta área foram realizadas em países como Austrália, Reino Unido, Republica da Irlanda, Finlândia, Hong Kong, e um estudo mais recente realizado entre enfermeiros de cuidados intensivos de 20 países europeus (MARSHALL, 2004; BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

Embora existam alguns estudos sobre prioridades de pesquisa em enfermagem em cuidados críticos, estes em sua maioria foram realizados em países de forma isolada. Todos os estudos usaram alguma forma de método de consenso de especialistas para gerar as prioridades e, como seria de esperar, a lista das principais prioridades difere de acordo com o

(41)

país e o tempo em que isso foi gerado (BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

Em 1980, a Associação Americana de Enfermeiros de Cuidados Críticos (AACN) encomendou um estudo para estabelecer prioridades de pesquisa de enfermagem de cuidados críticos usando uma técnica Delphi. Este estudo teve como objetivo determinar, por consenso, o que estava afetando o bem-estar de pacientes criticamente doentes que poderiam ser resolvidos ou respondidos por meio de pesquisas. O uso da técnica de Delphi na determinação do consenso foi vantajoso na medida em que permitiu aos pesquisadores recorrer facilmente à experiência dos enfermeiros de cuidados intensivos em todo o país (MARSHALL, 2004). De acordo com a autora supracitada, as prioridades clínicas identificadas no estudo de Lewandowski & Kositsky (1983) foram revisadas por Lindquist et al. em 1993. Nesta revisão observou-se que poucas pesquisas foram realizadas nas questões prioritárias identificadas. Embora esta revisão tenha sugerido a necessidade de manter um foco nessas áreas prioritárias, a mudança constante na tecnologia levou a AACN a conduzir um novo estudo na década de 1990. Para o segundo estudo de prioridades de pesquisa, o Comitê de Pesquisa AACN reconheceu que várias estratégias poderiam ser usadas para determinar as prioridades de pesquisa. Reconhecendo os recursos necessários para conduzir o estudo Delphi original, foi decidido adotar um método trifásico que envolveu a identificação de uma lista abrangente de tópicos de pesquisa, confirmando e classificando estes tópicos, e alcançando o consenso sobre o ranking de prioridades de pesquisa.

As prioridades de pesquisa identificadas nos anos 80 nestes estudos citados anteriormente, fornecem um ponto de partida útil para direções de pesquisa em cuidados intensivos. Entretanto, a relevância dessas prioridades para a pesquisa internacional de enfermagem em cuidados críticos não estava clara. Sua aplicabilidade dentro dos cuidados de enfermagem intensivos australiano precisava ser especificamente considerada, particularmente pelo fato dos enfermeiros de cuidados críticos na Austrália serem responsáveis pela gestão de pacientes assistidos por outros profissionais de saúde, como terapeutas respiratórios, que fazem parte da equipe de cuidados críticos nos Estados Unidos (MARSHALL, 2004).

Para determinar as prioridades de pesquisa na Austrália como em todos os outros países que desenvolveram este tipo de estudo, a técnica Delphi foi a escolhida para identificar as áreas de prioridades clínicas de pesquisa em enfermagem específicas ao contexto australiano. O painel Delphi foi constituído de uma amostra nacional de 29 especialistas em

(42)

enfermagem clínica e consultores clínicos de enfermagem que atuavam no atendimento direto ao paciente (DALY; CHANG; BELL, 1996).

Em relação a técnica Delphi, este é um método destinado à dedução e refinamento de opiniões de um grupo de pessoas experts, também denominados especialistas, peritos ou participantes por meio da aplicação de questionários estruturados, que circulam entre os participantes, com a realização de feedback estatístico de cada resposta, até a obtenção de consenso (a circulação dos questionários também é denominada rodada ou rounds) (KEENEY; HASSON; MCKENNA, 2011).

Em sua forma original, foi concebida como um método utilizado na obtenção do consenso confiável pela opinião de um grupo de especialistas a uma série de questionários com feedback controlado (HASSON; KEENEY, 2011). Os especialistas são previamente escolhidos de acordo com o envolvimento de cada um no tema em questão, o qual pode ser mensurado pelo tempo de atuação na área, número de trabalhos desenvolvidos, elaboração de pesquisas direcionadas para o tema, participação em setores relacionados ao assunto ou, ainda, pelo conjunto dessas características (SCARPARO et al., 2012; WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000).

É entendida como um método sistematizado de julgamento de informações, destinada ao alcance do consenso de opiniões entre os especialistas sobre um determinado assunto, por meio de validações articuladas em rodadas de questionários, favorecidas pelo anonimato. É realizada de forma coletiva por especialistas, também chamados de peritos ou juízes. Seu uso é determinado quando há carência de dados históricos, necessidade de abordagem interdisciplinar ou para o estímulo de criação de novas ideias (SCARPARO et al.,2012).

Envolve a aplicação de questionários a um grupo de especialistas por meio de rodadas, com o objetivo de alcançar o consenso sobre o objeto de estudo. No intervalo de cada rodada são feitas análises estatísticas das respostas e os resultados são compilados em novos questionários, os quais são novamente distribuídos ao grupo. Os questionários elaborados devem ser claros e objetivos, sendo que o objetivo principal da técnica é tentar obter o mais confiável consenso entre os especialistas, embora isso nem sempre seja possível (KAYO; SECURATO, 1997; PEREIRA; ALVIM, 2015).

Possui como características básicas o anonimato, a representação estatística da distribuição dos resultados e o feedback de respostas do grupo, aliado a duas premissas essenciais que sustentam todo o desenvolvimento da técnica: a flexibilidade e as contribuições que os

(43)

especialistas trazem para o grupo (PEREIRA; ALVIM, 2015; OLIVEIRA; COSTA; WILLE, 2008).

A utilização da técnica Delphi permite que profissionais de enfermagem, com experiências diversificadas, peritos em determinado tema, possam colaborar para a construção de consensos de opiniões sobre o assunto estudado, favorecendo a discussão de aspectos relevantes para o futuro da enfermagem. É importante destacar que o uso da técnica Delphi requer rigor, requisitos e etapas que caracterizem essa técnica. A adequação para a realidade da enfermagem não pode implicar em descaracterização dos princípios da técnica, sob o risco de prejudicar a confiabilidade das investigações (SCARPARO et al.,2012).

De acordo com Marshall (2004), o trabalho preliminar feito por Daly, Chang & Bell (1996) utilizando a técnica Delphi é o único estudo que identifica as prioridades de pesquisa especificamente para enfermeiras australianas do cuidado crítico. No entanto, os resultados deste estudo devem ser cuidadosamente considerados, pois refletem a opinião de apenas dezessete enfermeiros especialistas em cuidados críticos que completaram a terceira e última rodada do questionário. Além disso, esses dados apresentam mais de uma década e podem não refletir necessariamente as necessidades dos enfermeiros de cuidados críticos australianos no século XXI.

Na Europa, o primeiro estudo utilizado como consenso para estabelecer as prioridades nacionais de investigação em cuidados intensivos foi desenvolvido por Leino-Kilpi & Suominem (1997). Nesta pesquisa foi realizado um estudo mais amplo sobre a enfermagem em cuidados intensivos na Finlândia, onde foi solicitado a vinte e nove enfermeiros de cuidados críticos para identificarem as três áreas de pesquisa mais importantes no campo da enfermagem de cuidados intensivos. As questões mais importantes identificadas diziam respeito aos recursos de adaptação do pessoal e à qualidade dos cuidados de enfermagem. A experiência de cuidados e tratamento em terapia intensiva também foi considerada importante. Embora as prioridades de pesquisa identificadas neste estudo sejam de interesse, não há uma descrição clara da aquisição ou análise de dados, tornando os resultados de pouco uso, exceto para uma descrição inicial (MARSHALL, 2004).

Anos depois, no Reino Unido e na República da Irlanda, diretores clínicos e os gerentes de enfermagem de unidades de terapia intensiva nos dois países foram selecionados para participarem das pesquisas. Os dados deste estudo revelaram que a comunidade de cuidados intensivos no Reino Unido e República da Irlanda identificaram como prioridades de investigação os aspectos organizacionais da prática clínica e aspectos

(44)

práticos do apoio do sistema de órgãos. O discreto equilíbrio entre a representação do médico e da enfermeira no grupo nominal pode ter influenciado os achados deste estudo particular e consequentemente nem todas as prioridades de pesquisa identificadas podem ser relevantes para a prática de enfermagem de cuidados críticos (GOLDFRAD et al.,2000). No continente asiático, tem origem em Hong Kong um dos trabalhos mais recentes feito para estabelecer prioridades de pesquisa em enfermagem de cuidados intensivos, onde um método Delphi foi usado como ferramenta geradora de dados. O painel de Delphi neste estudo consistiu de uma amostra aleatória de 100 especialistas em enfermagem em cuidados críticos, gerentes de enfermarias, enfermeiros e gerentes de departamento que eram membros da Associação de Enfermeiros de Cuidados Críticos de Hong Kong (LOPEZ, 2003).

De acordo com Lopez (2003), os resultados desses estudos demonstraram que o processo de documentação das prioridades de pesquisa em enfermagem é essencial para construir uma base de conhecimento para a prática de enfermagem. Uma base sólida para a prática em cuidados intensivos de enfermagem surgirá através de pesquisas que sejam substanciais, relevantes e necessárias. Os resultados dos estudos norte-americanos, australianos e finlandeses não refletem necessariamente as necessidades encontradas pelos enfermeiros de cuidados intensivos de Hong Kong.

Corroborando ao exposto, Blackwood; Albarran; Latour (2011) relatam que neste estudo Delphi realizado com enfermeiros da Associação de Enfermagem de Cuidados Críticos de Hong Kong as prioridades foram muito relacionadas ao paciente e familiar, focado no uso do toque terapêutico para alivio da dor e ansiedade, reduzir a fadiga no desmame, reduzir o estresse familiar e sobre a participação da família na assistência ao paciente.

Isso difere do estudo realizado no Reino Unido e República da Irlanda onde as prioridades de pesquisa identificadas por uma amostra de enfermeiros e médicos de 325 unidades de cuidados intensivos estavam relacionadas com aspectos organizacionais da prática clínica e suporte do sistema orgânico, tais como intervenção precoce, cuidados de alta dependência, transferências inter hospitalares e utilização de cateteres de artéria pulmonar (GOLDFRAD et al., 2000).

Segundo Blackwood; Albarran; Latour (2011), a literatura disponível sobre a identificação de prioridades de pesquisa sugere que o foco das prioridades de pesquisa não é estático, mas muda de acordo com as ideologias culturais, os desafios locais e os recursos políticos e econômicos das comunidades individuais. Diante deste fato, a Federação

(45)

Europeia de Associações de Enfermagem de Cuidados Críticos (EfCCNa), identificou a necessidade de propor um estudo que ampliasse a conscientização e identificasse as diferenças na prática de cuidados intensivos, enfatizando os princípios de governança da entidade que é o de trabalhar em conjunto - para alcançar mais.

O estudo demonstrou interesse, comprometimento, entusiasmo consideráveis entre os enfermeiros de cuidados intensivos europeus por darem prioridade a tópicos de pesquisa relevantes para o cuidado ao paciente e cuidados intensivos em enfermagem. O painel internacional foi composto por clínicos, educadores, gestores e pesquisadores, e cada grupo apresentou uma perspectiva sobre temas prioritários. Os resultados desta pesquisa demostraram um predomínio das prioridades em cinco áreas principais: questões de segurança do paciente; impacto da prática baseada em evidências nos resultados; impacto da força de trabalho de enfermagem; bem-estar de pacientes e familiares; impacto dos cuidados paliativos no pessoal de enfermagem e na prática (BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2011).

Não é surpreendente que tópicos relacionados à segurança do paciente tenham sido classificados entre as prioridades de enfermagem em cuidados intensivos, ou seja, intervenções para prevenir infecções nosocomiais, sepse e pneumonia associada a ventilador e prevalência e prevenção de incidentes críticos. Segundo a WHO (2009), a segurança do paciente é um problema global que envolve preocupações relacionadas a incidentes críticos, tais como erros médicos e eventos adversos, bem como infecções relacionadas à assistência a saúde.

Estas questões de segurança do paciente apresentam muitos desafios para os enfermeiros que prestam assistência em unidades de terapia intensiva. Esses pacientes estão criticamente doentes e mais vulneráveis do que os demais que se encontram hospitalizados. Eles geralmente estão em ventilação mecânica e recebem infusões por cateteres venosos centrais, o que os torna mais suscetíveis a infecções nosocomiais, de acordo com vários estudos e relatórios que documentaram a extensão dos eventos adversos em todo o mundo. (WHO, 2009).

Ainda na Europa, o estudo mais recente acerca das prioridades de pesquisa em cuidados críticos em adultos foi desenvolvido no Reino Unido em parceria com a Aliança James Lind (JLA). A JLA é uma iniciativa sem fins lucrativos que facilita parcerias de pacientes, cuidadores e profissionais de saúde para identificar e priorizar incertezas sobre cuidados e tratamentos e, ao fazê-lo, influenciar futuras pesquisas. A pesquisa foi realizada em um período de 15 meses entre os anos de

(46)

2013 e 2014, contando como participantes enfermeiros da prática assistencial, e com a opinião de pacientes, familiares e médicos assistentes visando identificar e priorizar perguntas não respondidas sobre cuidados intensivos de adultos que são importantes para as pessoas que foram criticamente doentes, seus familiares e aos profissionais de saúde que os assistem (REAY; ARULKUMARAN; BRETT, 2014).

Os resultados da análise do estudo refletiam sobre as semelhanças e diferenças nas prioridades de pesquisa entre os grupos de profissionais e os de pacientes/família. Pacientes e familiares sugeriram tópicos de pesquisa aos quais eles poderiam se relacionar facilmente. Os mais citados estavam relacionados conforto e reabilitação pós UTI, com 73% e 56% das respostas respectivamente. Embora estes tópicos também fossem temas selecionados pelos clínicos, eles constituíam uma proporção menor de respostas (34%) entre os profissionais de saúde (REAY; ARULKUMARAN; BRETT, 2014).

Considerando que a pesquisa clínica é fundamental para melhorar os resultados das melhores práticas e assistência aos pacientes, a determinação de prioridades de pesquisa tem permitido progressos significativos na área da saúde, sendo reconhecida por profissionais a necessidade da identificação de questões de pesquisas relevantes (ARULKUMARAN; REAY; BRETT, 2016).

No entanto, sem o conhecimento dos problemas mais importantes que afetam os doentes críticos, os esforços de investigação dos enfermeiros podem ser descoordenados e orientados para áreas que não são de máxima prioridade. Consequentemente, se fez necessário determinar as prioridades de investigação para orientar as agendas de investigação em enfermagem em cuidados intensivos (BLACKWOOD; ALBARRAN; LATOUR, 2010).

(47)

4. MÉTODO

Com o intuito de responder à questão de pesquisa deste estudo, optou-se pela utilização da Técnica Delphi. Esta escolha ocorreu em virtude da possibilidade de reunir pessoas que trabalham com este tema, sem a necessidade de reuni-los em um ambiente físico, desenvolvendo o processo por meio de um ambiente virtual, garantindo a todos os participantes o espaço para expressar suas opiniões e repensar suas posições a partir dos dados gerados pelo grupo de participantes.

A técnica Delphi é caracterizada como uma série de pesquisas interpessoais com feedback controlado. Tem sido amplamente utilizada em uma variedade de contextos de enfermagem para obter opiniões anteriormente desconhecidas de um grupo de indivíduos informados. A premissa da técnica é que a opinião coletiva do grupo ou painel é mais válida do que as opiniões individuais (KEENEY; HASSON; MCKENNA, 2011; GILL et al., 2013).

4.1 TIPO DE ESTUDO

Pesquisa descritiva e exploratória de natureza quantitativa. A pesquisa quantitativa se centra na objetividade, dessa forma, este tipo de pesquisa é capaz de identificar a natureza profunda das realidades, seu sistema de relações, sua estrutura dinâmica. Ela também pode determinar a força de associação ou correlação entre variáveis, a generalização e objetivação dos resultados através de uma mostra que faz inferência a uma população (PITA; PÉRTEGAS, 2002).

4.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

Os participantes da pesquisa foram enfermeiros especialistas e pesquisadores em cuidados críticos, sendo doutores e mestres em enfermagem e especialistas experts da prática assistencial, que residiam no país.

A amostra foi intencional não probabilística, pois justifica-se uma vez que o interesse é selecionar experts na temática do estudo (SCARPARO et al., 2012). Para a seleção foi realizada a busca simples pelo “Assunto (título ou palavra chave da produção) ” no banco de dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) com as palavras chave: “cuidados críticos”, “cuidados intensivos”, “terapia intensiva”.

(48)

Para a seleção dos participantes, foi considerado de extrema importância o nível relevante de qualificação profissional sobre a área temática a ser estudada, para a obtenção do consenso de ideias especializadas.

A primeira busca foi realizada para os doutores. Dessa forma selecionou-se o item: “Doutores”, na nacionalidade “Brasileira” (Figura1).

Figura 1 - Busca de Especialistas Doutores.

Fonte: Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2018).

Em seguida foram aplicados os filtros para “Formação Acadêmica”: Doutorado, “País”: Brasil; “Região”: Todas e “Unidade de Federação”: Todas (Figura 2).

Figura 2 - Aplicação de Filtros Relativos à Formação Acadêmica para a Busca de Especialistas Doutores.

Fonte: Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2018).

(49)

Para a “Atuação Profissional” os filtros foram, Grande área: “Ciências da Saúde”; Área: “Enfermagem”; Subárea: “Enfermagem em Saúde do Adulto e do Idoso” e Especialidades: “Todas” (Figura 3). Figura 3 - Aplicação de Filtros Relativos à Área de Atuação para a Busca de Especialistas Doutores.

Fonte: Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2018).

E nas “Preferências” foi indicada a seleção de currículos atualizados nos últimos 12 meses (de 30 de abril de 2017 a 30 de abril de 2018) (Figura 4).

Figura 4 - Seleção de Preferências na Busca por Especialistas Doutores.

Fonte: Plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (2018).

Referências

Documentos relacionados

da resposta imune que, frequentemente, resultam em anular a ação de biopatógenos, por meio da ativação do sistema complemento, opsonização dos antígenos para

Esses vírus se ligam a receptores específicos localizados na superfície da membrana celular e entram na célula hospedeira via fusão do envelope viral, com a superfície da célula em

Algumas dificuldades podem ser encontradas quando se deseja de- monstrar este tipo de organela através de microscopia ótica, já que a produção bacteriana de flagelos não é contínua

Este trabalho traz uma contribuição conceitual sobre a utilização do sistema de gestão de produtividade que poderá motivar futuras pesquisas sobre o tema, bem

(a) Cada empresa de transporte aéreo estrangeira designada pelo governo do seu país de origem deve conduzir suas operações dentro do Brasil de acordo com especificações

Inicialmente, foi feita a documentação fotográfica (câmeras com filme e digitais) das áreas atingidas pelos liquens em três abrigos com pinturas rupestres no Parque: Abrigo Norte

Discutir os benefícios alcançados até o momento (físico, econômico, social, etc); discutir as estratégias que os usuários vêm utilizando para lidar com a

Pretendo, a partir de agora, me focar detalhadamente nas Investigações Filosóficas e realizar uma leitura pormenorizada das §§65-88, com o fim de apresentar e