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Zero, 2007, ano 25, n.5, nov.

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Cinco

estrelas

é

hotel

O

Jornalismo

último troféu doda UFSC écursoumde

pôster.

Afixado em um dos

murais

logo

àdireita de

vessa a portade vidro

ele diz basicamen

lismo da Federa

s vêm se

juntar

às

menageiam

os estu­

seguiram

o melhor aísnos

provões

de

do último pro­

conseguiram

o do

país

no o

resultado,

a como

principal

e

jornalismo

no meiro

lugar geral

idades de comuni­ ExameNacional do

eEstudantes

(Enade)

o aoferecer mestrados

o noBrasil.

huch,

chefe do

depar­

[omalísmo, explica

que

pr�ncipais condições

o arecuperar a

primeira

foi o

Snadee a

os

alu-Boa

imagem

éotermo

adequa­

do, pois

o critério de "estrelamen­

to"ébaseadonas

impressões

queos

avaliadores têm sobre os cursos em

votam. A

explicação

disposta

te do

guia

é a de que "os co­

adores dos cursos avaliados

em um

questionário

no

qual

mam osdadosmais relevantes

as suas

graduações.

Combase

s

formulários,

os consultores E - coordenadores de curso,

adores do MEC,

professores

e

especialistas

- atribuem conceitos

aoscursos, que sãoconvertidos em

estrelas". Oavaliador dá notapara

o curso semtervisitado ainstitui­

ção,

suassalas de aulae seus labo­

ratórios. Também não entrevistou

professores

ou estudantes de tal

graduação.

Cinco,

quatro, três ou nenhuma estrela

depen­

dem do que o avaliador

selecionado para o tra­

balho

acha,

e não

sabe,

sobre

aquela

instituição.

E acha baseadoem infor­

mações

dadas

pelos

coor­

denadores decursossobre seus

próprios

cursos. O

Jornalismo

da UFSC per­

deu e recuperou umaes­

trela sem que nenhuma

mudança

estruturaltenha ocorrido

nessemeiotempo.

Mesmo com um sistema de

avaliação frágil,

oresultado obtido

trazvisibilidade. A

professora

Ma­ ria

José Baldessar,

coordenadora do curso de

Jornalismo,

acredita

que as cinco estrelas influenciam

naprocura

pela graduação.

Acon­

corrência

pelas

vagasaumentae os

estudantes entram cada vez mais

qualificados.

Além de estimular a

discussão dentro da universidade sobreanecessidade deinvestimen­

tos que viabilizem a continuidade

na

qualidade

deensinooferecida.

Doisfatores incomuns também

ajudam

o curso a se destacar. Um

deles é o seu tamanho reduzido.

Oespaço físico nãoé

grande

e en­

tram apenas 30 novos alunos por

semestre.Contandoas

desistências,

são 247 estudantes matriculados.

Isso causa uma

proximidade

entre

alunos e

professores

que convi­ vem diariamente

pelos corredores,

isolados das outras

graduações.

O

outro fator é que os

"equipamen­

tos do curso

quebram".

Nas pa­

lavras do chefe do

departamento

de

Jornalismo,

"os

equipamentos

quebram

porque estão sendo utili­

zados. Estão nas mãos dos alunos

e a gente não reclama se aconte­

ce

algum

acidente. O

importante

é usar essa estrutura". Estrutura

formada por laboratórios de uso

exclusivo dos

alunos,

diferencial

em

relação

àsoutrasuniversidades

paraBaldessar.

Manter o nível éo desafio que o

Jornalismo

da UFSC tem

pela

frente.

E�

2009 será avaliadono­

vamente

pelo

Enadee atélásairão maisdoisGuiasdo Estudante. Pode

parecerfácil paraumcurso emque

"o

grande

lance é uma

espécie

de

sinergia",

como define

Schuch,

masnãoserá. No

período

em queos cursos

superiores

não estavam

sendo

avaliados,

uma di­

ferença

devisões de futu­

ro, de

projetos,

resultou

na saída de um grupo

de

professores,

que em

seguida

criaram o curso

de Cinema. A

disputa

era

entreumavisão maisvol­ tada para a

comunicação

social e

outra para o

jornalismo.

Deu

jor­

nalismo.

Recentemente, dois

professores

pediram

para trocar de

departa­

mento,para Cinemae

Design,

mas

acabaram tendo seus

pedidos

ne­

gados.

Outros dois tiveram

pedido

de processo administrativo aberto para avaliar

irregularidades

na

dedicação

exclusiva. O

quadro

de

professores

conta atualmente com

30

professores

no

total,

mas

destes,

quatroestão afastadosparacursar

doutorado e

pós-doutorado,

seis sãosubstitutosequatrotemvíncu­

locomoutroscursosdas

humanas,

mas dão

alguma

aulano

jornalis­

mo. Restam 16titulares.

Quatro

ti­

tulares a menosé uma

perda

mais

do que considerável. Eoutros dois

professores

ainda

podem

pedir

li­

cença para fazer

pós-graduação

se

conseguirem

asvagas que estão

pleiteando.

Por

Thiago

Santaella

ZEBO

EDiÇÃO

CláudiaMussi, Diego Ribas,Ana PaulaFlores,DomitilaAndréFaust,Becker, FOTOGRAFIA AgênciaFotojornalismo,Vera FleschEnsaio TELEFONES+55(48)3721.6599 / 3721.9490/3721.3215

������

ElaineManini,PaulaReverbel,RenanFagundes FAX:3721.9490 MelhorPeçaGráfica

AGRADECIMENTOSMauroCésar da I, II, III,IVeXI

JORNAL

LABORÁTÓRIO

ZERO

EDITORAÇÃO

AnaCarolinaDall'Agnol, Silveira,Ricardo Barreto NAINTERNET Set Universitário / PUC-RS

ANO XXV- N°

5 CláudiaMussi,LuizaFerreira,PaulaReverbel, SITE:www.zero.ufsc.brCIRCULAÇÃO:zero@cce. 1988,89,90,91,92e98

NOVEMBRO 2007 Renan Dissenha I?ROFESSORCOORDENADORLucio ufsc.br

UNIVERSIDADE FEDERALDE

B�io

SANTACATARINA- UFSC REPORTAGEM

AmandaBusato,Diego ERRATA 3"melhor

FECHAMENTO: 08 DE NOVEMBRO Ribas, Diogo Honorato,DomitilaBecker,Ingrid MONITORIALucasNeumann Nos créditosdeinfográfiadaedçãodoZero Jomal-laboratóJiodoBrasil

Santos,LucasSampaio,NaianaCantú,Paula emRevista faltou citaroalunoMichel LuisDias EXPOCOM1994

REDAÇÃO

DO JORNAL Reverbel,RenanDissenha, Thiago Santaella,

INFORMAÇÕES

Siqueira

CURSO DEJORNALISMO Vera Flesch IMPRESSÃO:Diário Catarinense

UFSC

-CCE

-JOR CIRCULAÇÃO:Nacional Melhor Jomal-laboratóJio

Trindade

-Florianópolis

ILUSTRAÇÃO

AllanSieber,Lucas DISTRIBUiÇÃO:Gratuita TIRAGEM:5.000 I Prêmio Foca

CEP88040-900 Neumman Sind.dos JornalistasdeSC,2000

02

ZERO

NOVEMBRO

-

07

(3)

semana

do

jornalismo

Volta

ao

mundo

pela

Globo

o

repórter

esportivo

que

chegou

a

correspondente

internacional

não

poupa

elogios

à

emissora

nem

críticas

aos

EUA

Seu

currículoenumeracoberturas quevãodesde a

Copa

do Mundo atéa Guerrado

Iraque,

passando

por acontecimentos históricoscomo amorte

da

princesa

Dianae a

viagem

espacial

do

primeiro

astronautabrasileiro.

Marcos

Uchôa,

queseformouem

jornalismo pela

FACHA

(Faculdades

Integradas

Hélio

Alonso)

temmaisdeseteidiomasnapontada

língua,

é casadoe

pai

de três filhos.Comum

jeito

simples

eatémeiotímido

chegou

paraaentrevistaao

ZERO,

porém

aospoucosse

transformou,

soltou overboerevelou toda a suagarrae

paixão

pela

profissão.

Uchôacomeçouem

1984

naTVMancheteetrêsanosmaistardepassou paraa

Rede Globo.Como

repórter

esportivo,

cobriu

jogos

olímpicos,

cincocopas domun­

doetrês

temporadas

de Fórmula1,além de mundiais de

vôlei, basquete, ginástica

etênis.Foi

correspondente

da Rede GloboemLondres de

1996

a

2007,

onde cobriu acontecimentosmarcantese

mergulhou

na

geopolítica,

paixão

adquirida

através

deseu

pai

- exilado

político

entre

1964

e 1980.Em entrevistaexclusiva parao ZEROUchôacontacomoéabusca

pela

veracidade dos fatos- durantea

guerra

morou em uma casade família

iraquiana,

para sentirna

pele

osacontecimentos

- etambém fala de

experiências

marcantes,como acobertura dotsunami.O

jor­

nalistaainda discuteética

profissional

erevelaassuntosqueviu,masnãomostrou

nasreportagens,alémde relatarodesafio detransmitirtemas

complexos

como a

geopolítica

por meiodo

telejomalismo.

Zero:

Vocêcomeçou

suacarreirafazendo coberturas

esportivas,

passouacobrirassuntosde

geopolítica

econtinua

permeando

oesporte.Por queaescolha detemastãodiferentes?

MarcosUchoa:Naverdadeeunão

escolhi,

eufuiumpouco escolhido.As coi­ sasforamcomo oZeca

Pagodinho:

deixaavidamelevar.Eu comeceinaTV Man­

cheteantesdecomeçarnaTVGlobo.Eram 1500no concurso emquepassavam

60;

desses60ficaram dois:eu e umagarota.Eles

precisavam

imediatamente de um

repórter

paraoesporteeelanão

entendia,

nãogostavadeesporte.Euentendia

egostava,então virei

repórter

deesporteporumacoincidência.

Depois

fuipra TV

Globo tambémnessaárea.

Quando

eufuipra

Londres, já

comeceiafazercoisas

de

geral,

masporqueeusempremeinteressei

pela

área internacional.Meu

pai

era

exilado

político,

elesaiuno

golpe,

evoltounaanistia. Eu não vivicom

ele,

mas a

minhamãememandava

junto

comminhasirmãspra vê-loemvários

lugares.

Passeiadesenvolverumacuriosidade

pela

áreainternacional porqueaminha vida acabou sendomuito

ligada

à área.

Z: Foiassim que

surgiu

o seuinteresse

pela geopolítica?

MU: Euacho quesim.

Quando

criança,

a

primeira

vezqueeu

viajei

pra

fora,

o

papai

pegouagenteemParise agentefoi decarroaté

Varsóvia,

onde ele fazia

doutorado.Agenteatravessouo murode

Berlim,

quetinha trêsouquatroanos.

Tinhauns caras commetralhadora

apontando

praumhomemetrês criancinhas.

Estávamoseu eminhas duasirmãseelesentravamnocarro,fechavamocarro, tiravamosbancoseenfiavamvaretasnotanqueda

gasolina.

Eraumacoisa tão

absurda...em

Varsóvia,

por

exemplo,

agentenão

podia

brincarem

alguns lugares

porqueainda tinhamuitabomba da

segunda

guerramundial.Eumelembro que agentefoinumcampode

concentração

que

criança

não

podia

visitar,mas o carro

do

papai

tinhauma

placa

de Berlim.Eueraloirinhona

época

etinhaatécabelo

[risos],

eles acharam queagenteeraalemão.Entãoo

guarda polonês

falou: deixa

vocêsveremoquevocês fizeram.Eumelembro deterficado chocado

pelo cheiro,

pelas

coisas,me mareoumuito. A

Europa

éhistória pra tudoquantoé

lado,

e como meu

pai

gostava muito,contavapragenteisso. Eudesenvolvimuitocedo

esseprazerde entenderopresenteatravés do

passado.

Z: Comoé fazeracobertura deumassuntotão

complexo

como ageo­

política

-que

exige

contextualização

-sem correr orisco deser

simplista

na

televisão,

emqueotempoé bastante reduzidoe a

linguagem precisa

seracessível?

MU:

É

particularmente

difícil você

explicar

assuntos

complicados,

que têm

muitahistóriapor trás. Eudiria queumamatériade internacional bem feitapre­

cisariade quaseodobro dotempodeumamatéria

nacional,

porquevocêtemque

explicar

afloresta portrásdaárvore. Nãoadianta você

simplesmente

falar:teve

umabomba quematou tantaspessoas.

Explicar

porquetevea

bomba,

de onde

vem esse

ódio,

de ondevemessegrupoé muitodifícilparaatelevisão.Eutento

fazer,

massempre

brigando

com oseditorespor maistempo.

Z: Oensinode

geopolítica

deveriasermaiornasfaculdades de

jorna­

lismoou oaluno deve buscaresseconhecimentoporconta

própria?

MU: Eu

diriaque

parao

cidadão,

oassunto

geopolíticaé

básico. Vocênão

pode

entendera suavida

hoje

sementenderaáreainternacional- a

globalização

éum

fato,

goste-seounão. AChina está fechando fábricasnoBrasile emvários

lugares

do

mundo,

opreçoda

gasolina

tema ver comessa

emergência

daChina.

Petróleo,

bolsa de

valores,

tudo estámuito

interligado hoje

nomundoeissoserefletena

vida

aqui.

Entãotodoo

cidadão,

sequer saber por que eleestá

vivendo,

oque está

vivendo,

temquesepreocuparcom oqueacontecelá fora.

Agora,

soboaspectodo

jornalista

emsieu

achomaisdifícil.Sevocê

imaginar

quantos

correspondentes

oBrasiltem,são muitopoucos.

Pouquíssimos

meiosde

comunicação

pagam para

o

profissional

trabalhar fora do

país

para

explicar

omundoparao seu

próprio

país.

Issoé lamentável.

Hoje

setrabalhamuitocom

agências,

cominternet,

É

um

jornalismo paupérrimo.

Então,

quando

o

estudante,

novo,en­

trana

profissão,

oque interessa aeleéo

jornalismo

local.De­

pois

elevaievoluindoprauma

áreaestadualou

nacional,

mas aáreainternacional éaúltima

preocupação

dele,

porque é a que está mais distante de in­

fluirna suacarreira.

Começar

nacarreiraedizer:

"quero

ser

correspondente"

é como

jogar

na loteria e dizer "eu quero

ganhar

naloteria". Todos nós queremos,mas a

possibilidade

de você

conseguir

ser um cor­

respondente

é muitopequena. Z: Você cobriua Guerra

do

Iraque

e oTsunami. Nas matérias você

conseguiu

passaruma forte

emoção

duranteacobertura. Você acha queessa

emoção

pode

influenciar

de

alguma

formao

jornalista?

MU: Semdúvida.Sevocênãoseemocionatem

algum problema,

porqueessas coisas são emocionantes.Você vêmuito

sofrimento,

muitagentemorta.

Ninguém

gostadever essascoisas. Por maisque você

esteja

triste,o seusofrimentonãose

comparacom odas pessoas queestãoali.Então

quando

vocêestánuma

situação

dessas,

temqueterahumildade de pensar que ali vocênão interessa.

Qualquer

coisaque você

esteja

sentindo ali é umagota

d'água

diante deum oceanode

lágrimas

daspessoasque

perderam fann1ia,

casas,

vidas,

emprego. Vocêtemque tentarnãodeixar quea

emoção

pareçaumacoisa sua, quer

dizer,

amatéria não é você:"olha só quecoisatriste,eutenho

dificuldades,

meuDeusé chocantever isso...". Vocêtem

queter cuidadoemtratardosofrimento deoutraspessoas.

É

muito cretinovocê

chegar

prauns

pais

que

perderam

osfilhoseperguntar:"você estásofrendo?O quevocê está sentindo?"Masao mesmotempoessaspessoas têm umanecessidade deconversar,de

desabafar,

deterumombro

naquela

hora.Se

vocêse

aproximar

de umamaneiradelicadaaspessoasfalam.Eu achoqueno

final dascontaséumamistura de

respeito,

educação

esensibilidade.

Z:

Quais

ascaracterísticas que umbom

correspondente

deguerra

precisa

ter?

MU:Vocêtemquesermuito

cínico,

nosentido decético. Existemduasguer­

ras: aguerra

real,

das

bombas,

dos soldadose aguerrade

informação.

Você

temgovernos,

exércitos,

porta-vozes, militares

querendo

tevender um

peixe

e

vocêtemquetermuitocuidado denãocompraresse

peixe,

porquenamaioria

dasvezesé mentira.

Geralmente,

essa

informação

édadapravocêporqueeles

querempassaruma

imagem

quetemmuito poucoa ver com averdadeemuito maiscominteresse. O

repórter

émuitovulnerávelareceberum

papel

dizendo

que talcoisaaconteceuevocênãotemcomochecar.Eoquevocê faz?Sefor

esperar prachecarsó vaicontaressahistória

daqui

adoismeses, então não é umaboa

opção.

Poroutro

lado,

seforcontartemquerealmente deixar claro

praspessoas queisso quem diznãosoueu,éogoverno americano. Há vários

exemplos

daguerra que

depois

semostraramqueeramrealmentementiras.A gentecaiu nisso por que nãotinha

jeito.

O

jornalismo

24 horas éumarealidade

danova

geração.

Existemvárias coisasafavor do

jornalismo

24

horas,

agora,

qualidade

não éumadelas.O

jornalismo

24 horasempurrao

jornalista

àten­

dência de achar que dar

primeiro

é mais

importante

doquedar bem.Entãovocê

nãotemtempopara

checar,

para

pesquisar,

parafazer bem feito.Comoresulta­

do,

você dáumanotícia que

alguém

tedeupara

divulgar

evocêfica vulnerável. Podeserusadoem vezde informar.

NOVEMBRO

-

2007

(4)

semana

do

jornalismo

Reportagens

criticas

e senso

do dever

Gustavo

Krieger

fala

sobre

jornalismo investigativo,

denúncias

de

corrupção

e

ainda

lição

de

ética

Ocelular

desculpas,

toca

interrompe

Don't worry,aentrevista,be

happy naquele

marcamaistomummeio

compromisso

metálico. Elepara

pede

a suavoltaàBrasíliaeretomaahistória de onde tinha

parado.

O clima éde

mesade

bar,

ashistóriasparecem causos, só que éumapequenamesadeumalan­

chonetenoaeroportode

Florianópolis.

O

repórter especial

doCorreioBraziliense

edarevista

Rolling

Stone,Gustavo

Krieger,

estásendo

entrevistado, logo depois

de fazerocheck-ine umpoucoantesdeembarcar. Obarulhode aviões

deco-landoe

pousando

entrecortaasrespostas. "

É

odia

seguinte

àsua

palestra

paraaSemanado

Jornalismo.

Aroupa

i

éa mesmado diaanterior. Osolhos levemente avermelhados indicamuma "l noitemal

dormida,

ounãodormida.Masa

disposição

paracontarhistórias .

continuaa mesma.Decauso emcauso,

Krieger

traçaumpanoramado

jor­

nalismo

político

na nossafase democrática:seuserros,acertos,

mudanças

eexageros. Com maisde20anosdedicadosao

jornalismo,

o

repórter

cobre

eleições

desde

1986

e

passou pordiversos

veículos,

entreeles: ZeroHora,

,.

Folha deSão

Paulo,

Jornal

do

Brasil,

TV

Globo,

TV

Record,

revista

Época

eRadiobrás.Ao

longo

dacarreira,

participou

das

primeiras

denúncias do governo

Collor,

docasoWaldomiroDinizedo escândalo sobreamáfia das

ambulâncias,

sendo

premiado

poressasduas últimasmatériase

perseguido

pela polícia

porcausada

primeira (a

Folhafoi invadida

pela

PolíciaFederal em

1990,

duranteogovernoFernando Collor de

Mello).

Zero

-Começando pelo

clichê do

jornalismo político.

Você acha

queo seutrabalhointerferenovotodo eleitorado?

Gustavo

Krieger

- Acho

que

sim,

otrabalho quea

imprensa

faztem

algum

graude

interferência,

sim,na

formação

da

opinião

pública

e,portanto,do

voto;mas agenteaindatem certadificuldade de entender

qual

éessetama­

nho.Ano

passado,

durantea

eleição presidencial,

teveumadiscussãoenor­ medo

porquê

daspessoasvotaremnoLula apesar de todasasdenúnciase

escândalosquea

imprensa

tinha mostrado sobreoPTno

período

anterior. Naminha

impressão

oqueaconteceufoium

choque

de

agenda:

teveuma

agenda

da

moralidade,

quefoia

agenda

que amídia

colocou;

e uma

espécie

de

agenda

pragmática

queoLula levouparaa

campanha, apostando

queaspessoasvota­

riam

pela

estabilidade

econômica,

pelos

programassociais,

pelas mudanças

que

oBrasil sofreu.Eofatoéqueaspessoasescolherama

agenda pragmática.

É

claro quea

imprensa

influência,

maselanãoforma voto,éumelemento de decisão.

Z

-A

imprensa

amadureceu desdeofim da ditadura? GK

-Quando

eu

cheguei

na

redação,

um

repórter

político

queao mesmotem­

potrabalhavaemgoverno era, não sóumacoisa

aceitável,

comoabsolutamente

esperado.

Eulembroque

quando

recusei,no meu

primeiro

empregocomo

repór­

ter

político,

meueditorveioe meperguntou"em que

partido

vocêquer queeu

te

empregue?".

Eudissenão,estátudo

bem,

não

precisa,

vimtrabalhar

aqui

no

jornal.

Ele disse

"não,

osalário

aqui

éuma

porcaria.

Fica

tranqüilo

quevocê não

temquetrabalhar

lá,

não. Eeu

ponho

um emcada

partido

para

garantir

aim­

parcialidade".

Hoje

vocêtemuma

separação

muito

clara,

comodizia Lúcio

Flávio,

"jornalista

é

jornalista

e

político

é

político".

Z

-Qual

éo seu

hobby

agora?

GK

-[risadas]

Eu

brinco,

né? Sou

repórter

de

política, hobby repórter

da

Rolling

Stone.

É

achance deescreverdeumoutro

jeito

sobreoutrascoisas. Me

faz bem.

Z

-Jornalismo pró-ativo

ou

jornalismo investigativo?

GK- Temum

amigo

meuquefalaque não éo

jornalismo

queé

investigatívo.

É

apauta,o

repórter.

Todo

jornalismo

em

princípio

temqueser

investigativo.

Você

temque

investigar

para cobriresporte,senãovocê vaifazer release.Eu

prefiro

o

teimo

jornalismo

investigativo,

mas euacho que todo

jornalismo

queseprezatem

queterumcomponentede

investigação,

não

pode

serreservadoa

alguns

super­

agentessecretos.

Z

-Comovocê

conseguiu

seuempregonaFolhaem1990?

GK- Mandei

ocurrículo.Na

verdade,

uma

amiga

minha mandouumcurrícu­

lo. Trêsmeses

depois

mechamaramparaumaentrevistaemSãoPaulo.

Quando

cheguei lá,

oNelson

Blecher,

queera o caraquetinhame

chamado,

melevoupara

almoçar

e eu

aproveitei

paraperguntaroqueeutinha que fazerpara

ganhar

o

emprego. "Fala mal da Folha".Como?"Fala mal da Folha queo

pessoal

vaiachar

que você éumcara

crítico,

independente

ete contrata.Até

brinquei

comele:

Olha,

euqueroesseemprego. Euvoufazerisso.Seder

errado,

navoltavaiter

porrada.

Entrei

lá,

desanquei

o

jornal

efui contratado.

Z

-Comoque vocêvirou

repórter político?

Vocêsaiuda faculdade deter­ minadoaisso?

GK- Nafaculdade

eu

queria

ser

repórter

de

política,

trabalharnaFolhae

ajudar

aderrubarum

presidente

da

república.

[uma

risada,

quaseum

suspiro]

Apareceu

o

Collornaminha vidaentãodeuparafazerumpoucodetudo.Euvenho deumafamí­

lia de

políticos.

lidocomissohámuitotempo:

participei

demovimento

estudantil,

fiz militância

política,

entãoparamim,esse era ocampo.Lembro que

quando

fui traba­

lharnaZero Horameofereceramumavaga paraser

repórter

de cidade.Aíeu

negociei

para ir paralácom urnsaláriomenordesdequefossepara

política.

O

complicado

é quena

época

eumilitava

politicamente

e

chequei

àconclusãodeque nãodavamais parafazerisso. Nodiaemqueassinaramaminhacarteirade

trabalho,

tireiaminha

ficha

partidária.

Z

-Queera.

..

GK

-Que

eradoPT. Edeixei de militar.Delápara cánuncamais tivemilitância.

Euatébrinco quenunca

poderia

ser

jornalista

esportivo:

não

consigo

deixardetorcer

pro Grêmio.Nãotem

jeito.

Maseu

consigo

ter

opinião

sobre

política

enãoterlado

em

política,

oque éfundamental parao

repórter.

Eu nãoacreditoem

repórter

de

política

que nãotem

opinião.

Claro quetem.Masachoqueeunãotenho ladoporque

aminha

opinião

ésobreas

questões

em

específico.

Soucapaz de fazerumamatéria

de

investigação

de denúnciacontra

qualquer

pessoa,mesmo se essapessoafor minha

fonteou com

alguém

queeutenhauma

relação

mais

antiga.

Z- Foio

queaconteceucom amatériada Revista

Época

quedenunciou

oWaldomiroDiniz?

GK- OWaldomiroera um cara

que foiumafonte

antiga

muitoboa.Umcaraque

conhecinaCPIdoPCeque, por nãoser um

político,

agenteacabouse

aproximando

muito,

chegamos

aterurna

relação

de amizade.E

quando

agentefeza

matéria,

quando

euvia

fita, quando

euvioque iaacontecer,eraóbvioque

aquilo

eramuito grave. Eeraóbviooefeito devastadorque

aquilo

iaternavida do Waldomiro.Eu

fiquei

diante deurnacircunstância que não écomumparao

jornalista,

que éconhecer

pessoalmente

apessoa física queéoalvo dasuamatéria.Envolveupara mimurna

questão

pessoal difícil,

deestarfazendoissocontralUll caraqueeu

conhecia,

queeu

tinha tidouma

relação

de

amizade,

tinha

conversado,

tomado

chope

junto

etal.Não

foiprazeroso,masvocêtemquetomarumadecisão.Eadecisãoera

simples.

Agentese

conheceu

investigando

corrupção

...e eucontínuo

investigando

corrupção.

Z - Outrasmatérias

investigativas

de

destaque

foram sobre o governo

Collor.Você também tinha

algum tipo

de relacionamentocomele?

GK- Eutambém tinhauma

relação

pessoal

com

ele,

masporoutromotivo. Meu

avôera

amigo

do

pai

dele.Umavezteveum

almoço

com oCollorna casadomeuavô e a

imprensa

toda foi

barrada,

masele

queria

queeuentrasse.Eu nãoentrei,

fiquei

lá. Pela

primeira

vez

fiquei

na

calçada,

do lado de fora dacasadomeu

avô,

esperando

que a conversaacabasse.

Quando

eu

chequei

a

Brasília,

agentecomeçouafazernaFolha

matérias

investigativas

sobreogoverno.Eas

primeiras

matériasdas

quais

eu

participei

geraramumprocesso do CollorcontraaFolhae ainvasãodaFolha

pela polícia.

Depois

de todaessa

confusão,

quaseonze anos

depois,

a

Época

memandapara entrevistaro cara emMaceió. Euachandoqueeleiametratar

ígual

umcriminosoeelemerecebe como sefossemos velhos

amigos

de faculdade.Umaótima entrevista.Abriamatéria

mostrandoasfotos delecomo

presidente

queestavam

espalhadas

por todasassalas

daTV que eletinhaem

Alagoas,

edescrevi

aquilo

como o museudesimesmoqueele

estavamontando.OCollor

jamais

perdoou

essa

observação.

Agentenuncamaisvoltou

a conversar

depois

disso.O que provaquea

relação

queum

político

temcom a sua

imagem

éLUnacoisa muitoindividualequeoquemagoaum

político

ouumafonte

pode

nãoter

relação

com oque você

imagina.

O

sujeito

foi capaz depassar por cimadas

matériasde

denúncia,

masnão superouuma

observação

pessoal.

Z-

É

melhortermuitasou

poucas fontes paranãocorrer oriscodeser

manipulado?

GK- Vocêtem

quediversificar.Ouvirlados diferentes delUlla

questão.

'ludoem

política

tem

pelo

menosdois lados.Normalmentetemmeiadúzia. Conversandocom

todos,

vocêsabeoque estáacontecendo porqueos carasnão vãotefalar todaaverdade eboapartedasvezesvão mentir paravocê.Fazendo

analogia

com

jornalismo

esportivo

denovo,

alguém já

viuumtécnicodizerantesdo

jogo

"nósvamos

perder.

O timedelesé muitomelhor doqueo nosso.Onossolateralnãomarca

ninguém.

Ocentroavantenão

faz

gol

quinze jogos.

Seagente

perder

de doisestáótimo"?Não. Damesmaformao

seguinte.

Você

viuemdia de

votação

político

dizer "agentenãotema menorchance.

Abancada delesestáfechada"?Nodia eletedizque"tem

jeito".

Eo

repórter

temque

trabalharcomisso.

É

odiscursoqueeletemquedare a sua

função

édesmistificaro

discurso. PorPaulaReverbele

Thiago

Santaella

06

ZERO

NOVEMBRO

-2007

(5)

Jornalista

cobre

versão

estrangeira

do Brasil

A

correspondente

internacional

Verónica

Goyzueta lança

olhar sobre

o

país

que

produz

futebol,

aviões

e

violência

Peruana

de nascença, brasileira por acaso e

chilena-espanhola

por

profissão.

Essaé Verónica

Goyzueta:

"a

globalização

em

pessoa",

comoelamesma sede­ fine.

Goyzueta

morahá 15 anos no

Brasil,

trabalhacomoeditora darevistachilena

AméricaEconomiaeé

correspondente

do

jornal ABC,

da

Espanha.

Emseucurriculosu­

pranacional,

há também carimboamericanoemexicano:foi

correspondente

do

jornal

Ilempos

del Mundo

(EUA),

da

agência

de notíciasDow

Jones

(EUA),

eda

Agência

de NotíciasNotimex,

(México).

Além

disso,

tem

colaborações jornalísticas publicadas

em

periódicos latino-americanos,

norte-americanoseeuropeus.Massuacarreira começou

distante do

jornalismo.

AntesdeseformarnaUniversidade de Brasília

(UnB)

efazer mestradoemEduca­

ção,

ArteeHistóriada CulturanaUniversidade Presbiteriana Mackenzie deSão

Paulo,

Goyzueta

seformouemletras

pela

PUCdelima,noPeru. Semverfuturonomercado literário peruano,seinscreveuparaumabolsa de estudosnoBrasilefoiaceita.

Depois

detransitarumtempo

pela

comunicação social,

porcritériosnão convencionaisacabou

migrando

parao

jornalismo:

"acheios

publicitários chatos,

então

passei

afazer

algumas

matériascom os

jornalistas

eencontreiminha

vocação.

Não seicomodemoreitantopara

descobrir!".

Foicom essa

paixão

escancarada

pela

profissão,

um

jeitinho

à brasilei-ra

(no

melhor

sentido)

detrataraspessoase um

carregado

sotaqueperua­ no, que

Goyzueta

desmarcousuapresençanaentregado Prêmio Wladimir

Herzog

-o

segundo

mais

antigo

do

pais

na

área,

depois

doEsso

-emSão

Paulo,

para

participar

daVI Semanado

Jornalismo

daUFSC.

Depois

deuma

palestra

paraosfuturos

colegas

de

profissão

sobreas­

suntosvariadoscomo os

choques

culturaise ascaracterísticas do trabalho de

correspondente,

atensãode fazeracoberturanafavela da Rocinhaedos abusos de

poder

no

nordeste,

Cháveze aliberdade de

imprensa,

acuriosa

população

deumavila nordestina que acredita queo

país

foi descoberto

por

espanhóis;

a

jornalista

e

presidente

da

Associação

dos

Correspondentes

Estrangeiros (ACE)

conversou com a

equipe

doZero.

Zero

-Comoo

correspondente

internacional

pode

fugir

do

estereótipo

bra­

sileiro de

carnaval,

futebol,

florestaemulher?

Verónica

Goyzueta

-Os

correspondentes

queestãoinstaladosno

Brasil,

que traba­

lhampara

jornais

diários,

acabamfazendomaismatériassobre

política

eeconomiae conseguem

fugir

do

estereótipo.

É

acoberturade

agência

internacionalquefazmuito acoisade Carnavale

futebol,

por queos

jornais

procuram. Os

editores,

muitas vezes,

pedem estereótipos.

Todo mundo quer sabercomoestáofutebolnoBrasil.

Disso,

não

temmuitocomo

fugir.

A

diferença

entreasnotíciasde

correspondentes

ede

agências

é queno

segundo

caso,escreve-se umtextosem umleitor

definido,

fica

pasteurizado. Já

o

correspondente pode

trazerreferênciasnacionais,amatériaficamaisinteressante,mas saibemmaiscaroparaas

redações.

Z-Aviolência éoutro assunto recorrenteemmatériassobreoBrasil.

Como não banalizarotema?

VG-Aviolência está banalizada

e,àsvezes,os

jornais

-estrangeiros

enacionais-dão

issocomo sefosseumacoisanormal:morreramvinte,

depois

trinta...parece

normal,

masnãoé.Aindatemosqueterespantocom esse

tipo

de

notícia,

nos

indignar.

A

imprensa

estrangeira

deve

cumprir

seu

papel

de informare

quando

temesse

tipo

denotíciaelatem

que

divulgar. Felizmente,

oBrasil tambémtemmuitasnotícias boas para

dar,

como a

questão

do

etanol,

por

exemplo.

A visitado Bushao

país

teve

grande

impacto,

mas os cor­

respondentes já

tinham dadomuitamatériasobreoassunto, sobreos carrosqueestavam

rodandocomdois

tipos

de combustível. Z- No

balanço final,

a

imagem

do Brasil que vocêtem contatonoexterioré

mais

positiva

ou

negativa?

VG-

É

muito

positiva.

O

país

temum

estereótipo, claro,

masaindaéum

estereótipo

positivo,

de

alegria,

deum

país

interessantecom umaculturamuito rica. Mesmoo es­

tereótipo

do futebolgerauma

imagem

simpática. Quando

você

viaja

paraoexteriore

falaque é

brasileiro,

é semprebem

recebido,

porquetemessa

imagem

de

cultura,

bossa

nova,samba.Infelizmentetemnotícias

negativas também,

masissoporqueo

pais

é mui­

to

grande.

Tem muitas coisasboas decrescimento

econômico,

maistambémtemmuitos

conflitossociaissérios.Eesseéodesafio do

correspondente: explicar

comoéesse

pais

do

crescimento,

desenvolvimento,

grandes

indústrias,

que

produz

aviões,masquetambém

temconflitosmuito graves,

violência,

massacres,assassinatos,

injustiças,

desmatamentos.

Eodesafiomaior élevarissoem

fragmentos

aoleitor.Seriabomcontartudo deuma vez

SÓ,

mastemosquecontarempartes,emcada matéria.

PorDomitilaBecker

semana

do

jornalismo

(

Política,

ambientalismo

e

jornalismo

nalTcltivo

Descrente

e

entediado

com as

editarias

comuns,

Marco

Sá Corrêa

optou

pela

disfuncional revista

Piauí

Das

poucasperguntasqueoinsuficientetempoentreostrasladosme

permitiu

fazera MarcosSá

Corrêa,

afirmoque

decerto,

todasas

inteligentes

respostasmepareceram

atemporais.

Euvosconto:Sá Corrêaé

jornalista,

editor dositeOECOedaRevistade

grande

su­ cessoentrenosotros,

PiaUÍ;

além desercolunista semanal do

jornal

OEstado deS.Paulo na

página

demeioambiente.

Comumcurriculo

invejável, já dirigiu

aRevista

Época

eeditoua

Veja

pormuitos anos.Transitandocomdesenvoltura

pelo ciberespaço, já

escreveuparaossitesNomínimo

eAOL.

"Veja bem,

pra começodeconversa eunão seise sou esse caraque trabalhaemvárias

áreas".MarcosSá Corrêaafirmater

passado

por muitasmídiase

editorias,

masadmite

queoqueofeztomarrumostãodistintosemdeterminadas

épocas

desuavidafoiofato

de desconsiderar

importante

determinadosassuntos."Política

hoje

eu nem

leio,

achopo­ lítica brasileiraumramo

degenerado

da

primatologia.

É

coisademacaco".

Cobrindoumaárea ondeaspessoas que faziampartedomeio eram,nasuamaioria, muito

importantes

como

figuras históricas,

a

política

eravista porelecomo umaforma

de

militância,

umatobrando de resistência. "Elanosdavauma enorme

sensação

deestar

fazendo

algo

de

útil,

oqueao seu verévitalno

jornalismo".

Enquanto

o

regime

aestava

banindo da vida

pública,

o

jornalista

resistiaàsfontes oficiais.

"Depois

deumcertotempo,

no

regime civil,

descobrique

aquilo

nãomeinteressavamais,porincrívelquepareça,

porqueademocraciatrouxe

políticos

sem

qualidade,

desinteressantes".

Dizendonãoacreditarem

jornalismo

isento,Sá Corrêa afirmou que você

pode

ser

profissionalmente

correto,veraz,devetomarvários

cuidados,

mas aalmatiraa

isenção

do trabalho do

repórter.

Depois

quesedesinteressou

pela política

nãoconseguemaisfazê­ la: "tenho horror

aquilo, nojo"

epassouaacreditarquese navida

pessoal

seuinteresse erapor meioambiente.Aúnicacoisa que

poderia

fazercomo

jornalista

eracobri-lo.

Crentede queo

jornal

impresso

como

conhecemos,

quenosapresenta

notícias,

vai

acabarempoucos anos,

perdendo

espaçoparao

jornal on-line,

edequeolivro queéfeito

paraleituratemaforma

ideal,

devendo permanecerentrenósporumbomtempo,senão

eternamente.O

jornalista

acreditanãosaber até

quando

sustentaráesta

opinião,

visto que existem

soluções tecnológicas

que aindanão estãoà vista.

"Quando

eucomeceiatrabalharo

computador

tinhaummonitor

verde,

defósfo­

ro, vocêmal

conseguia

lerseu nome.Oconforto

mudou

incrivelmente,

como

cristallíquido, pode

serqueumdia apareça,nesse ramode eletrô­

nica,umatelatãoconfortávelquantoumbom livro".

Quando questionado

sobrea

especialização

naárea ambientalSá

Corrêa disse acreditarno

jornalista

como um

generalista

enãoumespe­ cialistanato:

"Algumas

áreas,

como a

ambiental,

éuma

especialização

tão

ampla,

avelocidade das descobertasemtodososcampos de

pesquisa

que

confluemparaoentendimento das

questões

ambientaiséde tal

ordem,

que sempre

precisará

semanterantenadono

'quem

é

quem'

e noslivros

que estão

saindo;

senão,édifícil entender das

grandes

questões

queestão

emjogo".

APiauíMarcosSá Corrêa éumdos fundadores daRevistaPiauí. Conversando

numa mesa

informalmente, ele.joão

MoreiraSalleseDorriteHarazim,se

questionavam:

"Putaissotá muitochato!Como équesefazum

negócio

diferente?".Entãoresolveram fazerumarevista

cujo

único critérioeditorial fosse

alguém

na

redação

realmentesein­

teressarpor

alguma

pauta,

depois

provar queéinteressantecontandoumacoisaconca­

tenadaque interessea

alguém.

"Nas

publicações

dísídidasemeditoriasa

sensação

que

temosé deque quer

queira,

quernão,amatériatemque sair para

preencher

as

páginas

simplesmente".

"NaPiauíeuposso acharuma

porcaria,

mas

alguém

gostou".

Quando questionado

sobreafalta deumaestruturaedeumacadeiadecomando

muitobem definidanarevista,MarcosSáfoiincisivo:"A Piauí é deliberadamente anár­

quica".

"EunãotenhocertezaqueaPiauí

funciona,

elaédisfuncionalquase quepornatu­

reza". A pequena

redação

daPiauíficanum

antigo

escritóriode WalterMoreira

Salles,

comtrêssalasinteiramente

abertas,

literalmente

conjugadas, ligada

por

grandes

arcos,

onde tudo está misturadomeiode

propósito,

onde

redação,

área dearteesecretariase misturamharmoniosamente. "Nãotemumasalafechada

(

...

)

a

redação

tambémnãofe­

chanunca, sempretemgentelá.

É

umambientesó. Oquese conversa numasalaseouve naoutra.A revistasemantêm

discutida,

todo mundosemetenacoisade todo mundoo

tempo

todo.Etemmuitareportagemsendo feita lá dentro".

"Eu.joão,

DorriteeMario

(Sergio Conti),

ficamosnasalamenor,bemnosfundos.

Depois

temumasala dereuniãodooutrolado do corredorque éusadamuito mais pra

comerdoque praoutracoisa!

Às

vezesvocê recebeumapessoapradarentrevista,aíela

é bem útil também". PorAmandaBusato

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