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Da autoconstrução à casa sustentável: ensaio projetual

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Academic year: 2021

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KALIOPE WERNECK SAICK

DA AUTOCONSTRUÇÃO À CASA SUSTENTÁVEL: ENSAIO PROJETUAL

Colatina 2019

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DA AUTOCONSTRUÇÃO À CASA SUSTENTÁVEL: ENSAIO PROJETUAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Prof.ª M.a. Amábeli Dell Santo

Coorientadora: Prof.ª M.a. Karla Fadini Fiorot Bussular

Colatina 2019

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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Instituto Federal do Espírito Santo – Biblioteca do campus Colatina)

Elaborado por Richards Sartori Corrêa CRB 6-ES / 767

S132d Saick, Kaliope Werneck

Da autoconstrução à casa sustentável : ensaio projetual / Kaliope Werneck Saick.- 2019.

93 f. : il. ; 30 cm.

Orientadoras: Amábeli Dell Santo, Karla Fadini Fiorot Bussular. Monografia (Graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo, Coordenadoria de Arquitetura e Urbanismo, Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo, 2019.

1. Arquitetura de habitação – Vila Velha (ES). 2. Habitações – Projetos e plantas – Vila Velha (ES). 3. Sustentabilidade – Projetos e construção. I. Dell Santo, Amábeli. II. Bussular, Karla Fadini Fiorot. III. Instituto Federal do Espírito Santo – campus Colatina. IV. Título.

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Dedico este trabalho a Deus, que me guiou e me sustentou até aqui.

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chegar até aqui. Aos meus pais, que me deram suporte para poder me dedicar exclusivamente aos estudos, e as minhas irmãs por todo apoio emocional. Agradeço também as minhas amigas e colegas de turma que compartilharam conhecimento durante todo o curso. E agradeço principalmente, as minhas orientadoras, Amábeli e Karla, por abraçarem a minha ideia, confiarem em mim e por toda a paciência.

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“Seja forte e corajoso! Não fique desanimado, nem tenha medo, porque eu, o Senhor, seu Deus, estarei com você em qualquer lugar para onde você for!” Josué 1.9

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A maioria esmagadora da população no Brasil, quando o assunto é construção, opta por não contratar os serviços de um profissional da área da construção civil. A chamada autoconstrução acarreta erros de planejamento e execução, além de financeiros, devido a essa informalidade. Respeitar as normas existentes e utilizar soluções que sejam condizentes com a topografia, a insolação incidente, além do correto dimensionamento dos ambientes e escolha adequada dos materiais e técnicas, interferem diretamente na qualidade do espaço. Dessa forma, este trabalho analisa uma residência autoconstruída localizada em Vila Velha-ES sob aspectos técnicos, e propõe um novo projeto para a mesma adequado às legislações municipais, utilizando ainda diretrizes de sustentabilidade do Selo Casa Azul, considerando ainda condicionantes do terreno, valorização da iluminação e ventilação naturais. Os resultados alcançados demostram que é possível ainda que em um terreno pequeno e fora dos padrões ter uma construção dentro dos padrões exigidos pela legislação e ainda atendendo critérios de sustentabilidade pensados no projeto. Em relação à sustentabilidade, através do melhor aproveitamento da insolação associado ao posicionamento adequado das aberturas para melhor proveito da ventilação, e também, reaproveitamento da água da chuva, a proposta traz redução de aproximadamente 64% no que se refere ao consumo energético, e de aproximadamente 30% quanto ao consumo de água. Os resultados enfatizam a importância fundamental do profissional da construção civil, o qual, para um mesmo espaço, consegue proporcionar uma construção sadia para os moradores.

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The majority of the population in Brazil, when it comes to construction, chooses not to hire the services of a professional in the field of civil construction. The so-called self-construction causes planning and execution errors, as well as financial problems, due to this informality. Respect the existing standards and use solutions that are consistent with the topography, the incident sunlight, in addition to the correct dimensioning of the environments and adequate choice of materials and techniques, directly interfere in the quality of the space. In this way, this work analyzes a self-built residence located in Vila Velha-ES under technical aspects, and proposes a new project for it suitable to the municipal legislation, also using sustainability guidelines of the Selo Casa Azul, also considering conditions of the land, valuing natural lighting and ventilation. The results achieved show that it is possible, even on a small and non-standard land, to have a construction within the standards required by law and still meeting sustainability criteria designed in the project. In relation to sustainability, through the better use of sunlight associated with the adequate positioning of the openings to better benefit from ventilation, and also the reuse of rainwater, the proposal brings a reduction of approximately 64% with regard to energy consumption, and approximately 30% for water consumption. The results emphasize the fundamental importance of the civil construction professional, who, for the same space, manages to provide a healthy construction for residents.

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Figura 2 – Perfil mínimo de desempenho para certificação. ...29

Figura 3 – Níveis de gradação do Selo Casa Azul. ...30

Figura 4 – Identificadores extras para obtenção de pontos do Selo Casa Azul. ...30

Figura 5 – Exemplo de telhado verde. ...35

Figura 6 – Exemplo de brise vegetal ...35

Figura 7 – Insolação no verão e inverno no hemisfério sul ...37

Figura 8 – Tipos de iluminação zenital. ...38

Figura 9 – Matriz Energética Mundial em 2016. ...40

Figura 10 – Matriz Energética Brasileira em 2017. ...40

Figura 11 – Mapa eólico brasileiro...42

Figura 12 – Ciclo da biomassa. ...43

Figura 13 – Oferta Interna de Energia Elétrica, por fonte (%) - anos de 2015 a 2020. 43 Figura 14 – Mapa de irradiação solar global no plano inclinado - média anual brasileira. ...44

Figura 15 – Ilustração do esquema simplificado de aproveitamento de águas pluviais. ...46

Figura 16 – Foto do terreno e seu entorno. ...49

Figura 17 – Edificação existente...50

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Figura 21 – Área externa e Closet. ...53

Figura 22 – Planta de implantação. ...57

Figura 23 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento. ...58

Figura 24 – Planta Layout – Primeiro Pavimento. ...59

Figura 25 – Planta Baixa – Segundo Pavimento ...59

Figura 26 – Planta Layout – Segundo Pavimento. ...60

Figura 27 – Diagrama de setorização da edificação ...61

Figura 28 – Planta de cobertura. ...62

Figura 29 – Corte AA. ...62

Figura 30 – Corte BB. ...63

Figura 31 – Corte CC. ...63

Figura 32 – Corte DD. ...64

Figura 33 – 3D. ...65

Figura 34 – Vista externa da residência. ...65

Figura 35 – Vista superior da residência. ...66

Figura 36 – Estudos de insolação do terreno nos períodos de solstícios e equinócios, às 9h e às15h. ...67

Figura 37 – Gráfico da direção média horária predominante do vento em Vila Velha varia durante o ano. ...68

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Figura 40 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento, Layout 2, adaptado PcD. ...70

Figura 41 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento, Layout 3. ...71

Figura 42 – Planta Baixa – Segundo Pavimento, Layout 3. ...72

Figura 43 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento, Layout 4. ...73

Figura 44 – Planta Baixa – Segundo Pavimento, Layout 4. ...73

Figura 45 – Plantas esquemáticas dos pavimentos indicando a permeabilidade dos ventos nos ambientes. ...74

Figura 46 – Condutividade térmica dos materiais. ...75

Figura 47 – Detalhe da janela em veneziana. ...75

Figura 48 – Vista A. ...76

Figura 49 – Vista B. ...77

Figura 50 – Planta de cobertura com placas solares. ...79

Figura 51 – Gráfico da radiação solar útil incidente no Espírito Santo. ...80

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1.1 OBJETIVO ...16

1.1.1 Geral ...16

1.1.2 Específicos ...16

1.2 MÉTODO ...16

2 AUTOCONSTRUÇÃO...19

2.1 HISTÓRICOEPANORAMADASITUAÇÃOATUAL ...19

2.2 CONSEQUÊNCIASDAAUTOCONSTRUÇÃO ...21

3 PROJETO ARQUITETÔNICO ...23

3.1 SUSTENTABILIDADECOMOPARÂMETROPROJETUAL ...24

4 SELOS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL...26

4.1 LEEDFORHOMES ...26

4.2 PROCESSO AQUA ...27

4.3 SELO CASA AZUL ...29

4.3.1 Paisagismo ...33

4.3.2 Flexibilidade de projeto ...35

4.3.3 Desempenho térmico – vedações ...36

4.3.4 Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos ...36

4.3.5 Iluminação e ventilação natural ...38

4.3.6 Fontes alternativas de energia ...39

4.3.7 Aproveitamento de águas pluviais ...45

5 ESCOLHA E ANÁLISE DO PERFIL DOS MORADORES ...47

6 CONDIÇÕES DO TERRENO E AUTOCONSTRUÇÃO EXISTENTE ...48

7 PROPOSTA DE PROJETO SUSTENTÁVEL ...56

7.1 CONFORTO TÉRMICO E LUMÍNICO – INSOLAÇÃO, ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃONATURAL ...66

7.2 PAISAGISMO ...69

7.3 FLEXIBILIDADEDEPROJETO ...70

7.4 DESEMPENHO TÉRMICO DAS VEDAÇÕES, MATERIAIS DA FACHADA E FACILIDADEDEMANUTENÇÃO ...74

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REFERÊNCIAS ...86 ANEXO A – RECORTE DO MAPA DE ZONEAMENTO DE VILA VELHA ...93

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1 INTRODUÇÃO

Quando se pensa em construir, um dos fatores mais considerados na atual situação do país são as condições financeiras. E visando à economia, a maioria esmagadora da população opta por não contratar os serviços de um profissional, fato este comprovado por pesquisa realizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR). Esta pesquisa concluiu que menos de 15% dos entrevistados, que construíram ou reformaram, no âmbito residencial, utilizaram-se de projetos ou de assistência técnica de profissionais da área da construção civil, tanto arquitetos e urbanistas, quanto engenheiros (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2015).

Em razão desse grande número de construções realizadas sem a assistência de um profissional habilitado, ocorre um fenômeno urbano conhecido como autoconstrução. Esta, por sua vez, é uma modalidade construtiva autônoma que visa à redução do custo final, já que economiza no custo da mão de obra, item de grande peso no valor total (BALTHAZAR, 2012).

A autoconstrução, considerando toda sua informalidade, não é um fenômeno recente, sendo uma prática realizada desde a antiguidade. Na sociedade atual, é realizada sem o auxílio de profissionais habilitados, tornando-se uma alternativa para a parcela da população sem condições de conquistá-la através do mercado (FERREIRA, 2019). Assim, erros de planejamento e execução podem ocorrer durante todo o processo. Estes erros acarretam, na maioria das vezes, ambientes insalubres, desconfortáveis e diversos casos de patologias que necessitam serem reparadas, gerando, com frequência, um maior custo. De forma geral, a prática da autoconstrução prejudica a qualidade final do espaço.

A qualidade do espaço arquitetônico pode ser medida pelas condições mínimas e dignas que este espaço garante ao usuário. Para que a habitação seja de qualidade, devem-se respeitar as normas existentes, sejam elas municipais, estaduais e/ou de cunho regulador. Além disso, deve atender a aspectos como solução adequada na topografia, preocupação com a insolação incidente na edificação, dimensionamento correto dos ambientes, adequação tecnológica, escolha correta de materiais e

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técnicas construtivas, manutenção e segurança a incêndio e acessibilidade (SEGNINI JR, 2008).

O desenvolvimento do projeto arquitetônico engloba ainda, parâmetros estéticos, de acordo com o estilo e gosto do cliente, parâmetros construtivos, conforme a norma vigente em cada cidade, parâmetros espaciais, condizentes com a cidade em que é implantado, e parâmetros de conforto, tanto ergonômico, térmico, lumínico ou acústico.

Para o Grupo de Trabalho de Sustentabilidade da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura (ASBEA, 2012), a falta de qualidade nos projetos influencia diretamente na sustentabilidade do espaço construído.

A definição do conceito de sustentabilidade e de desenvolvimento sustentável, para Van Bellen (2005), gira em torno da manutenção da integridade ambiental, de forma a atender as necessidades das gerações atuais sem que comprometam as futuras, ou seja, sem privilegiar uma espécie em detrimento de outra, e sem destruir recursos finitos.

Desta forma, visando à melhoria na qualidade dos espaços, o projeto arquitetônico pode e deve incorporar critérios de sustentabilidade previamente estabelecidos, considerando fatores sociais, ecológicos e econômicos a curto, médio e longo prazo (VAN BELLEN, 2005).

A partir do exposto, buscando ressaltar a importância do projeto arquitetônico e a qualidade espacial potencializada pelo mesmo e, em oposição a uma obra autoconstruída, o presente trabalho apresenta uma proposta de projeto arquitetônico para um terreno em que se tem uma obra autoconstruída. A partir do lote existente e das necessidades dos moradores, propõe-se a aplicação dos parâmetros fundamentais para a execução de um projeto, a fim de buscar melhorias na qualidade do espaço, e por consequência, na vida dos seus moradores. O projeto inclui também aspectos sustentáveis para que, além de agregar valor ao imóvel, facilite e melhore o cotidiano dos habitantes, trazendo a eles, um retorno financeiro ao que será investido, podendo, ao mesmo tempo, colaborar na preservação dos recursos naturais disponíveis no meio ambiente.

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Para suprir esses objetivos, foram utilizados ainda, no projeto proposto, parâmetros do Selo Casa Azul. Este selo tem por intenção incentivar as pessoas a utilizarem de forma mais racional os recursos naturais disponíveis em nossa natureza, e seguir em seus projetos as diretrizes de sustentabilidade propostas nele.

1.1 OBJETIVO

Serão listados a seguir o objetivo geral e os específicos deste trabalho.

1.1.1 Geral

Elaborar um projeto arquitetônico utilizando princípios de sustentabilidade.

1.1.2 Específicos

a) Analisar uma obra autoconstruída e os resultados da falta de um projeto arquitetônico elaborado por um profissional;

b) Utilizar diretrizes de sustentabilidade baseadas no Selo Casa Azul; c) Propor um projeto arquitetônico para o mesmo espaço.

1.2 MÉTODO

Inicialmente realizou-se a revisão de literatura, onde foram pesquisados em livros, revistas científicas e periódicos sobre os temas relevantes para este trabalho. Abordou-se a ocorrência da autoconstrução no país, suas causas e consequências; a importância do projeto arquitetônico, seu papel na qualidade final de uma construção, elementos e conceitos que contribuem diretamente para essa qualidade; a sustentabilidade, seu conceito, requisitos, selos de certificação ambiental. Após análise dos selos reconhecidos no meio da Arquitetura e do Urbanismo, concluiu-se que o selo mais adequado para aplicação neste estudo foi o Selo Casa Azul, pois este foi desenvolvido especialmente considerando os aspectos brasileiros, o qual se detalhou mais à frente.

Posteriormente, escolheu-se uma edificação para estudo de caso que fosse:

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b) Residencial unifamiliar padrão baixo, conforme NBR 12721:2006 (ASSOCIAÇÃO..., 2005).

Realizou-se a análise da edificação autoconstruída segundo os critérios legais e parâmetros de conforto ambiental. Em relação à legislação, considerou-se o Plano Diretor Municipal de Vila Velha, local onde a mesma se situa.

O terreno em que a edificação escolhida está implantada se localiza em um bairro de periferia, Divino Espírito Santo, no município de Vila Velha, situado no meio de uma quadra, com uma rua sem grande fluxo de veículos e sem calçamento.

Depois de realizada esta análise da obra, foi proposto um projeto em que se adequava as exigências mínimas da legislação vigente no município, em conformidade com os critérios de conforto e aos parâmetros de sustentabilidade pré-estabelecidos.

Além disso, o projeto teve como um dos seus principais conceitos norteadores a sustentabilidade, e suas diretrizes foram definidas utilizando-se como base o Selo Casa Azul. Foram selecionados alguns critérios, que, dentre os existentes, eram os de possível aplicação no projeto, apresentados no Quadro 1.

Quadro 1 – Critérios do Selo Casa Azul selecionados.

CRITÉRIO OBJETIVO

Paisagismo Auxiliar no conforto térmico e visual do empreendimento, mediante regulação de umidade, sombreamento vegetal e uso de elementos paisagísticos.

Flexibilidade de projeto

Permitir o aumento da versatilidade da edificação, por meio da modificação de projeto e futuras ampliações, adaptando-se às necessidades do usuário.

Desempenho térmico -

vedações

Proporcionar ao usuário melhores condições de conforto térmico, conforme as diretrizes gerais para projeto correspondentes à zona bioclimática do local do empreendimento, controlando-se à ventilação e a radiação solar que ingressa pelas aberturas ou que é absorvida pelas vedações externas da edificação.

Desempenho térmico -

orientação ao sol e ventos

Proporcionar ao usuário condições de conforto térmico mediante estratégias de projeto, conforme a zona bioclimática do local do empreendimento, considerando-se a implantação da edificação em relação à orientação solar, aos ventos dominantes e à interferência de elementos físicos do entorno, construídos ou naturais.

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Quadro 1 – Critérios do Selo Casa Azul selecionados.

(conclusão)

Iluminação natural de áreas comuns

Melhorar a salubridade do ambiente, além de reduzir o consumo de energia mediante iluminação natural nas áreas comuns, escadas e corredores do edifício.

Ventilação e iluminação natural de banheiros

Existência de janela voltada para o exterior da edificação com área mínima de 12,5% da área do ambiente (área correspondente à iluminação e ventilação).

Adequação às condições físicas do terreno

Minimizar o impacto causado pela implantação do empreendimento na topografia e em relação aos elementos naturais do entorno.

Fontes alternativas de energia Proporcionar menos consumo de energia por meio da geração e conservação por fontes renováveis. Facilidade de manutenção da

fachada

Reduzir as atividades de manutenção e os impactos ambientais associados à pintura frequente de fachada, que apresentam custos elevados, particularmente para moradores de habitação de interesse social.

Aproveitamento de águas

pluviais

Reduzir o consumo de água potável para terminados usos, tais como em bacia sanitária, irrigação de áreas verdes, lavagem de pisos, lavagem de veículos e espelhos d'água.

Áreas permeáveis

Manter, tanto quanto possível, o ciclo da água com a recarga do lençol freático, prevenir o risco de inundações em áreas com alta impermeabilização do solo e amenizar a solicitação das redes públicas de drenagem urbana.

Fonte: John e Prado (2010), adaptado pela autora (2019).

Desta forma, o projeto foi desenvolvido observando os critérios selecionados a partir do Selo, em conjunto com as orientações das normas e legislações vigentes, bem como conceitos de conforto. A aplicação dos critérios se deu através da junção de um ou mais critérios de acordo com seu tipo, em função de similaridade de conceitos, ficando dividido em: paisagismo, conforto térmico e lumínico, orientação solar (insolação e iluminação natural) e ventilação natural, flexibilidade de projeto, vedações, placas fotovoltaicas e águas pluviais. O programa arquitetônico foi definido a partir do perfil traçado dos moradores existentes no terreno e das necessidades observadas em visitas ao local.

Por fim, foram propostas soluções projetuais se utilizando das condicionantes favoráveis do terreno, tais como a valorização da iluminação e a ventilação natural, além de explorar o acesso.

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2 AUTOCONSTRUÇÃO

Balthazar (2012) trata da autoconstrução como uma categoria dentro da provisão habitacional informal, ilegal perante as normas urbanas e de construção, e autônoma, onde o proprietário é responsável desde a escolha do terreno até a execução de fato da obra de sua própria moradia.

Mendes e Moretti (2011) preocupam-se que, observando a forma de produção da habitação que vem ocorrendo nos últimos anos, a autogestão da construção ainda seja grande responsável pelas habitações da população de baixa renda. Essa perspectiva é consequência do fato de que a habitação nunca foi considerada na composição do salário mínimo brasileiro, levando o trabalhador a construir sua própria moradia, sem assistência técnica e em terrenos inapropriados, com a renda que lhe cabe.

Braga (2001) reforça ainda que a construção do abrigo para sobrevivência é aceita e desejada pela população de baixa renda e é incentivada pela oferta de lotes baratos e sem infraestrutura, resultando em produções habitacionais precárias, fato este negligenciado pelo poder público.

É importante ressaltar que a qualidade da construção não é o único fator a tornar uma moradia inadequada. A localização desfavorável implica no afastamento de serviços básicos de infraestrutura e exposição a situações de risco. Essa soma da construção da casa própria pelo usuário com a escolha de loteamentos ilegais resulta na perda da qualidade de vida dessa população que mora e trabalha em situações precárias, deixando o planejamento urbano como privilégio para uma minoria exclusiva (BRAGA, 2001).

2.1 HISTÓRICO E PANORAMA DA SITUAÇÃO ATUAL

No princípio, desde a época do sistema de latifúndio e minifúndio, a habitação autoconstruída ocorria em larga escala, sem custos contabilizados. A partir de 1970, visando a maior exploração da agricultura, os moradores foram retirados das propriedades e levaram consigo para as cidades, a tradição rural para solucionar a necessidade de habitação, formando as periferias, sendo elas o retrato do acúmulo de

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capital e do barateamento da construção, tornando as cidades verdadeiros acampamentos, esteticamente desagradáveis e inviáveis de se viver (OLIVEIRA, 2016).

A urbanização brasileira teve aumento significativo a partir de 1940, o que acarretou em grandes mudanças na formatação social e, consequentemente, na estrutura urbana das cidades brasileiras. O aumento da população urbana trouxe, também, o aumento da demanda de serviços, equipamentos urbanos e de moradia, o que não acompanhou o crescimento das cidades na mesma escala. Este fato culminou em uma problemática social, a questão habitacional (MONTEIRO; VERAS, 2017).

Entretanto, no Brasil, nunca houveram políticas públicas voltadas para solucionar o problema de habitação. Somente em 1964, com a criação do Banco Nacional da Habitação (BNH), que a construção civil entrou em um novo ritmo. O BNH facilitou, através da caderneta de poupança, o acesso da classe média ao mercado de habitação, e se uniu a Companhia de Habitação Popular (Cohab) para a construção de habitações populares (OLIVEIRA, 2006).

O modelo de provisão do BNH mostrou-se insatisfatório, uma vez que as residências eram inadequadas às necessidades populares, a sua localização era afastada de tudo, em regiões periféricas e os materiais utilizados eram de baixa qualidade, pois as construtoras possuíam apenas interesses econômicos voltados para o lucro (BALTHAZAR, 2008). Desta forma, o déficit de moradias continuou sendo problema social e a autoconstrução tornou a ser utilizada em larga escala.

Oliveira (2016) fala em seu texto, a respeito de uma pesquisa realizada por arquitetos em Cubatão e Santos, no estado de São Paulo, onde se constatou que a maioria das habitações populares eram próprias. Entretanto, essas casas eram autoconstruídas, pouco a pouco, com a ajuda de amigos e parentes, o que consequentemente diminuía o custo de reprodução da força de trabalho.

Segundo pesquisa realizada pelo CAU/BR em 2015, aproximadamente 85% dos entrevistados que realizaram obras, não contrataram os serviços de arquitetos e urbanistas (Figura 1). A questão financeira apareceu como um dos principais motivos para a não contratação desse serviço. Entretanto, a grande maioria que construiu por

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conta própria não teve uma boa experiência, deparando-se com dificuldades como: encontrar mão-de-obra qualificada, definir a quantidade material e calcular o prazo e custo da obra (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2015).

Figura 1 – Gráfico de percentual de contratação de Arquitetos e Urbanistas.

Fonte: Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (2015).

2.2 CONSEQUÊNCIAS DA AUTOCONSTRUÇÃO

Em uma obra autoconstruída não há assessoria, fazendo com que haja falta de planejamento, a execução de uma obra maior do que a imaginada inicialmente e, por vezes, a contratação de mão de obra desqualificada. Tudo isso culminando em um serviço mal feito, ocorrendo o retrabalho, ocasionando mais gastos e ampliação no cronograma. Além disso, a falta de uma ajuda especializada acarreta compra de material na quantidade errada, aumentando a perda de tempo e dinheiro (CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO DO BRASIL, 2015).

Devido à baixa qualidade construtiva a autoconstrução não contribui para a criação de um mercado imobiliário. A casa construída não se torna uma mercadoria com valor para troca, servindo assim apenas para fins de habitação. Além disso, o público-alvo desse padrão de habitações, que é a classe popular, possui renda baixíssima e nenhum poder de compra. De toda forma, a autoconstrução contribuiu e continua contribuindo para o fenômeno de favelização que tomou conta das cidades (OLIVEIRA, 2016).

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As habitações consideradas precárias, que não levam em conta quaisquer quesitos de conforto ambiental e com possíveis problemas estruturais, são consequência direta de construções executadas sem o acompanhamento de profissionais habilitados das áreas de arquitetura ou engenharia (GHISLENI, 2017).

Baptista Júnior e Romanel (2013) afirmam que um dos maiores impactos do planeta causado ao meio ambiente é proveniente da produção e descarte de resíduos da indústria da construção civil. Obras sem projeto e planejamento geram um maior desperdício de materiais, devido a improvisos, projetos malfeitos e especificações e detalhamentos realizados de forma errada.

Uma possível solução para o problema da autoconstrução é o acesso da população de baixa renda ao serviço profissional, por meio da Lei 11.888/2008 de Assistência Técnica à Moradia de Interesse Social (BRASIL, 2008). Esta lei tem uma característica diferente da produção em massa do Minha Casa Minha Vida, pois é um trabalho individual e personalizado que mantêm as famílias nos locais onde já habitam. Essa lei é uma iniciativa fundamental para que todos tenham acesso a habitação no país. Entretanto, ela não é conhecida em diversas cidades brasileiras, ampliando assim o abismo entre o profissional e a comunidade carente (GHISLENI, 2017).

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3 PROJETO ARQUITETÔNICO

De acordo com Melhado (1994, p.195), pode-se definir projeto como um “[...] serviço integrante do processo de construção, responsável pelo desenvolvimento, organização, registro e transmissão das características físicas e tecnológicas especificadas para uma obra, a serem consideradas na fase de execução.” O projeto arquitetônico, por sua vez, possui normas a serem seguidas e se divide em três etapas, o estudo preliminar, o anteprojeto e o projeto executivo.

Essas etapas compõem uma metodologia de projeto que ocorrem após a definição do programa de necessidades. O profissional de arquitetura se utiliza dessa metodologia processual, pois, a mesma potencializa o tempo e os ciclos de trabalho, produz um resultado final mais satisfatório com relação ao esperado, possibilita decisões projetuais mais adequadas em cada caso considerando aspectos funcionais, ambientais e bioclimáticos (CUNHA, 2006). Ou seja, um projeto realizado seguindo as etapas corretas tende a ser mais bem-sucedido. Ressalta-se que durante o estudo preliminar, o arquiteto expõe a concepção inicial ao futuro usuário do espaço, para verificar se as soluções definidas pelo profissional estão em sintonia com o desejado pelo usuário. Durante o anteprojeto busca-se a interação com os demais profissionais que desenvolverão os projetos complementares.

Conforme exposto, a adequada elaboração do projeto arquitetônico em conjunto com uma boa execução garante a obtenção de um espaço funcional e com qualidade. Em sintonia com este pensamento, Ghisleni (2017) afirma que o projeto é fundamental na fase de concepção da obra, sendo uma das primeiras etapas a ser pensada, a fim de garantir um bom direcionamento e evitar futuras falhas. Além disso, sem ele, os imóveis não podem ser regularizados junto aos órgãos públicos.

A importância do profissional de arquitetura e urbanismo se dá, portanto, pela qualidade final atribuída à edificação, quando executada levando em conta os anseios do usuário, as técnicas construtivas modernas existentes, e os conceitos estéticos, éticos e históricos (CORBELLA; YANNAS, 2013). Assim, a formação do arquiteto o capacita a solucionar a complexidade da elaboração das construções, observando os diversos aspectos comentados anteriormente. Estes, quando bem aplicados, conferem a qualidade à obra.

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Um projeto é considerado de qualidade quando inclui os conceitos de arquitetura bioclimática, preocupando-se com a adequação ao clima e com o conforto térmico, acústico e visual do morador. Essa arquitetura bioclimática está atrelada diretamente com as construções sustentáveis, pois os seus valores contribuem para: economia de energia, preservação dos recursos naturais, diminuição da poluição proveniente de geração de energia e aumento da qualidade de vida do usuário (CORBELLA; CORNER, 2011).

3.1 SUSTENTABILIDADE COMO PARÂMETRO PROJETUAL

O conceito de sustentabilidade surgiu em meados do século XX, quando o crescimento do capitalismo e os impactos dele ao meio ambiente começaram a aparecer. Assim, a partir desse momento, preocupando-se com as consequências futuras das atitudes atuais para a natureza, buscou-se reunir a economia, ambiente e sociedade em um único pacote, dando base ao que chamamos de desenvolvimento sustentável (MEDEIROS, 2012).

Após o fim da II Guerra Mundial, em 1945, com a evolução das técnicas construtivas e a fartura do combustível, não se fazia questão de uma arquitetura de qualidade, pois os problemas de iluminação, temperatura e ruídos eram solucionados artificialmente, já que seu custo era mínimo. Somente no fim do século XX, em 1973, com o surgimento da crise de energia, que a arquitetura consciente e preocupada em poupar a energia convencional ressurgiu, utilizando-se de métodos naturais (CORBELLA; YANNAS, 2013).

Lamberts, Dutra e Pereira (2014) mostram que para suprir a crise, foi necessário aumentar a produção de energia, e consequentemente a criação de novas usinas hidrelétricas, termelétricas e nucleares, acompanhadas de seus impactos ambientais. Como meio de reduzir o consumo de energia, necessitou-se aumentar a eficiência das edificações, cabendo ao arquiteto a responsabilidade de criar projetos que atendessem esse objetivo e propiciassem maior conforto aos usuários.

Para a AsBEA (2012) a importância de os princípios de sustentabilidade serem adotados desde a etapa de projeto se deve ao fato de que até mesmo medidas aparentemente simples podem colaborar para a melhoria da qualidade dos espaços.

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Além disso, construir de forma sustentável significa aplicar esses princípios a todo o processo de produção do empreendimento, desde a escolha da matéria-prima até o descarte correto dos entulhos (MEDEIROS, 2012).

De acordo a Confederação Nacional da Indústria (2017), o desenvolvimento sustentável, ou sustentabilidade, nada mais é que um instrumento que procura viabilizar e compatibilizar o desenvolvimento econômico com a proteção do meio ambiente.

Utilizar os parâmetros de sustentabilidade para construir casas é importante, pois pode solucionar previamente os impactos ambientais que a construção irá causar, minimizando-os e aumentando a eficiência e durabilidade, gerando também menos resíduos. Uma construção sustentável pode apresentar custo inicial maior que a convencional, mas é um investimento a longo prazo, o qual é retornado com a redução do custo de manutenção e aumento na qualidade de vida (MEDEIROS, 2012). Buscando regulamentar e categorizar a aplicação desses conceitos, foram criados os selos de certificação ambiental.

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4 SELOS DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL

Os selos de certificação ambiental, ou selos verdes, são metodologias para avaliação dos impactos e certificação ambiental das edificações. A criação desses selos surgiu a partir da demanda da indústria da construção em se adequar à nova era de sustentabilidade. Eles são de extrema importância, uma vez que a qualidade dos ambientes construídos é influenciada diretamente pela sua aplicação, e sem os seus métodos não seria possível determinar parâmetros e metas para analisar o cumprimento das demandas sustentáveis do país em que a construção está inserida (GRUNBERG; MEDEIROS; TAVARES, 2014).

Almeida, Viana e Pisani (2014) por sua vez, afirmam que esses selos são as certificações concedidas aos movimentos de conscientização e práticas sustentáveis que vêm ocorrendo dentro da construção civil, para comprovar sua contribuição para o desenvolvimento sustentável e para a minimização dos diversos impactos no meio ambiente.

Entretanto, para Batista (2016), essas certificações são capazes de avaliar a sustentabilidade de edificações de uma maneira mais simples, considerando apenas índices de desenvolvimento, podendo abordar todos os aspectos sustentáveis ou focar em apenas um deles.

No Brasil existem três selos que são amplamente utilizados, sendo, em primeiro lugar o Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) for Homes, dos Estados Unidos, em segundo lugar o Processo AQUA, uma adaptação do sistema NF Bâtiments Tertiaires – Démarche HQE, criado na França, e em terceiro lugar, o primeiro sistema totalmente brasileiro, o Selo Casa Azul, criado pela Caixa Econômica Federal (GRUNBERG; MEDEIROS; TAVARES, 2014). A seguir será tratado sobre cada um desses sistemas.

4.1 LEED FOR HOMES

O sistema de classificação LEED, sigla para Leadership in Energy and Environmental, e em português, Liderança em Energia e Design Ambiental, foi criado

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em 1993 pelo United States Green Building Council (USGBC) com o objetivo de promover e fomentar práticas de construções sustentáveis (UGREEN, 2018).

De forma resumida, para certificar um projeto é necessário atingir uma pontuação mínima. Essa pontuação está relacionada à satisfação de diversos requisitos de Construção Verde, divididos nas seguintes Categorias de Crédito:

a) Localização e Transporte; b) Lotes Sustentáveis; c) Eficiência da Água; d) Energia e Atmosfera; e) Materiais e Recursos;

f) Qualidade Interna dos Ambientes; g) Inovação e Prioridades Regionais.

Cada categoria possui pré-requisitos e créditos, sendo os pré-requisitos elementos obrigatórios para que se possa obter a certificação e os créditos são onde é possível realmente obter pontuações que irão contribuir para o nível de certificação almejado. De acordo com essa pontuação, o edifício pode atingir quatro níveis: certificado (40 pontos), prata (50 pontos), ouro (60 pontos) e platina (80 pontos ou mais), sendo, quanto maior a pontuação, melhor sua classificação.

4.2 PROCESSO AQUA

O Processo AQUA-HQE é uma certificação internacional da construção sustentável, lançado em 2008, e adaptado a partir da certificação francesa Démarche HQE (Haute Qualité Environnementale) para ser aplicado no Brasil, através da Fundação Vanzolini. A proposta desse processo é que haja um novo olhar para a sustentabilidade nas construções brasileiras, e por esse motivo, ele foi desenvolvido de acordo com a cultura, o clima, as normas técnicas e a regulamentação presentes no Brasil, mas buscando sempre uma melhoria contínua de seus desempenhos. O processo é dividido em duas frentes: o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e o perfil de Qualidade Ambiental do Edifício (FUNDAÇÃO VAZOLINI, 2015).

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O processo AQUA avalia o desempenho ambiental de uma edificação na fase de projeto, ou seja, avaliando a sua qualidade arquitetônica e técnica e na fase de execução, levando em conta a sua gestão.

A avaliação da Qualidade Ambiental do Edifício é feita em 14 categorias de preocupação ambiental, em que o empreendedor deve realizá-la em, pelo menos, três fases (pré-projeto, projeto e execução). As categorias são:

a) Relação do edifício com o seu entorno;

b) Escolha integrada de produtos, sistemas e processos construtivos; c) Canteiro de obras de baixo impacto ambiental;

d) Gestão da energia; e) Gestão da água;

f) Gestão de resíduos de uso e operação do edifício; g) Manutenção – permanência do desempenho ambiental; h) Conforto higrotérmico;

i) Conforto acústico; j) Conforto visual; k) Conforto olfativo;

l) Qualidade sanitária dos ambientes; m) Qualidade sanitária do ar;

n) Qualidade sanitária da água.

Essas categorias deverão ser hierarquizadas de acordo com o contexto e estratégia de cada empreendedor (Figura 2), e, para conseguir a certificação, o empreendimento deve alcançar, no mínimo, três categorias no nível “melhores práticas”, quatro categorias no nível “boas práticas” e sete categorias no nível “base” (FUNDAÇÃO VAZOLINI, 2015).

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Figura 2 – Perfil mínimo de desempenho para certificação.

Fonte: Fundação Vazolini (2015).

4.3 SELO CASA AZUL

O Selo Casa Azul é um guia com boas práticas, produzido pela Caixa Econômica Federal, para que uma habitação seja mais sustentável. De forma mais específica, este selo pode ser definido como uma classificação socioambiental, avaliada por diversos critérios, dividida em seis categorias, além de uma categoria extra. O banco usou deste recurso para difundir o uso racional de recursos naturais nas construções e a melhoria da qualidade habitacional. O empreendimento que adotar soluções eficientes nos seus projetos e atender a, no mínimo, 15 itens obrigatórios poderá receber os selos Bronze, Prata e Ouro. Se atender a mais sete critérios obrigatórios, recebe o selo Diamante (Figura 3). Além disso, é possível obter alguns indicadores a mais, denominados #mais, (Figura 4) para cada área, aumentando a pontuação juntamente aos critérios obrigatórios (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, 2019).

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Figura 3 – Níveis de gradação do Selo Casa Azul.

Fonte: Caixa Econômica Federal (2019).

Figura 4 – Identificadores extras para obtenção de pontos do Selo Casa Azul.

Fonte: Caixa Econômica Federal (2019).

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Quadro 2 – Categorias/critérios e classificação do Selo Casa Azul.

CATEGORIAS/CRITÉRIOS

FAIXA DE

PONTUAÇÃO OBRIGATÓRIO DIAMANTE

1. QUALIDADE URBANA E BEM ESTAR

1.1 Qualidade e Infraestrutura no

Espaço Urbano 4 4 x x

1.2 Relação com o Entorno: Interferências e Impactos no

Empreendimento 3 3 x x

1.3 Coleta Seletiva 3 3 x x

1.4 Melhorias no Entorno 3 3

1.5 Recuperação de Áreas Degradadas

e/ou Contaminadas 3 3

1.6 Revitalização de Edificações Existentes e Ocupação de Vazios

Urbanos 3 4

1.7 Paisagismo 3 3 x

1.8 Equipamentos de Esporte e Lazer 3 4

1.9 Adequação às Condições do Terreno 3 3 1.10 Soluções Sustentáveis de Mobilidade 2 4 x 2. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA E CONFORTO AMBIENTAL FAIXA DE

PONTUAÇÃO OBRIGATÓRIO DIAMANTE

2.1 Orientação ao Sol e aos Ventos 3 3 x x

2.2 Desempenho Térmico e Lumínico 4 4 x x

2.3 Dispositivos Economizadores de

Energia 2 2 x x

2.4 Medição Individualizada de Gás 3 3 x x

2.5 Ventilação e Iluminação Natural dos

Banheiros 2 3

2.6 Iluminação Natural de Áreas

Comuns 3 3

2.7 Sistema de Aquecimento Solar 4 4

2.8 Geração de Energia Renovável 3 5 x

2.9 Elevadores Eficientes 2 2

3.1 Dispositivos Economizadores de

Água 3 3 x x

3.2 Medição Individualizada de Água 3 3 x x

3.3 Áreas Permeáveis 4 4 x x

3.4 Reuso de Águas Servidas/Cinzas 5 5

3.5 Aproveitamento de Águas Pluviais 4 4 x

3.6 Retenção ou Infiltração de Águas

Pluviais 3 3

4. PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL PONTUAÇÃO FAIXA DE OBRIGATÓRIO DIAMANTE

4.1 Gestão de Resíduos da Construção

e Demolição 3 3 x x

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Quadro 2 – Categorias/critérios e classificação do Selo Casa Azul.

(continua)

4.2 Fôrmas e Escoras Reutilizáveis (ou não utilizadas) 3 3 x x 4.3 Madeira Certificada 1 3 x x 4.4 Coordenação Modular 3 3 4.5 Componentes Industrializados ou Pré-Fabricados 3 3 4.6 Pavimentação e Calçamento com RCD 3 3

4.7 Gestão Eficiente da Água

no Canteiro de Obras 3 4 x

5. DESENVOLVIMENTO

SOCIAL FAIXA DE PONTUAÇÃO OBRIGATÓRIO DIAMANTE

5.1 Capacitação para Gestão

do Empreendimento 2 2 x x

5.2 Educação Financeira e Planejamento Financeiro dos

Moradores 2 2 x x

5.3 Mitigação do Desconforto da População Local Durante as Obras 2 2 5.4 Inclusão de Trabalhadores e Fornecedores Locais 1 1 5.5 Capacitação Profissional dos Empregados 2 2

5.6 Ações para Mitigação de

Riscos Sociais 3 3

5.7 Educação Ambiental dos

Empregados e Moradores 2 2

5.8 Ações para a Geração de

Emprego e Renda 2 2 5.9 Ações de Integração Social na Comunidade 1 1 5.10 Apoio na Manutenção Pós-Ocupação 3 3 x 5.11 Segurança e Saúde no Canteiro de Obras 1 3

6. PRÁTICAS SOCIAIS PONTUAÇÃO FAIXA DE OBRIGATÓRIO DIAMANTE

6.1 Aplicação do BIM na Gestão Integrada do

Empreendimento 3 3

6.2 Gestão para Redução das

Emissões de Carbono 5 5

6.3 Sistemas Eficientes de

Automação Predial 3 3

(34)

Quadro 2 – Categorias/critérios e classificação do Selo Casa Azul.

(conclusão)

6.4 Conectividade 2 2 x

6.5 Ferramentas Digitais Voltadas a

Práticas de Sustentabilidade 3 3

6.6 Possibilidade de Adequação Futura

da UH às Necessidades dos Usuários 3 3

6.7 Outras Propostas Inovadoras 3 10

7. BÔNUS PONTUAÇÃO FAIXA DE OBRIGATÓRIO DIAMANTE

7.1 Critério Bônus 2 6

Fonte: Caixa Econômica Federal (2019).

Segundo Grunberg, Medeiros e Tavares (2014), o Selo Casa Azul é o mais indicado para aplicabilidade no contexto brasileiro, já que de fato foi desenvolvido para nossa realidade e localidade. Dessa forma, este foi o selo escolhido para auxiliar nas diretrizes projetuais deste trabalho.

Dos critérios propostos pelo selo, foram selecionados onze, previamente apresentados, os quais mais se encaixavam para a proposta do projeto aqui trabalhada - residencial de pequeno porte -. As condições do projeto foram elementos limitadores para a seleção dos critérios, por se aplicarem somente em situações de grande escala, como indústrias ou condomínios. Será abordado sobre alguns deles a seguir.

4.3.1 Paisagismo

O uso do sombreamento vegetal e de elementos paisagísticos busca auxiliar no conforto térmico e visual do empreendimento, e na regulação da umidade, além de reduzir os gastos de energia, favorecer a sustentabilidade econômica do empreendimento, reduzir o fenômeno de ilha de calor urbano, reduzir a quantidade de gases do efeito estufa e resgatar e manter a flora e a fauna (JOHN; PRADO, 2010).

Medeiros (2012) aconselha a utilização de árvores, com a criação de massas de vegetação arbórea e arbustiva. Elas, através do seu sombreamento, têm a capacidade de atenuar as temperaturas e ao mesmo tempo permitem a ventilação por

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entre suas copas. Para John e Prado (2010), o sombreamento vegetal é um método de resfriamento indireto, realizado por meio de estudos da geometria solar, que busca impedir a infiltração da radiação solar durante as horas de maior aquecimento do dia no ambiente.

Dias (2016) ressalta que para alguns locais, onde há ocorrência de baixas temperaturas, é importante resfriar o ambiente interno durante o verão, e aquecê-lo durante o inverno. A escolha das árvores é parte fundamental para atingir esse objetivo. Desta forma, Medeiros (2012) sugere a implantação do combinado de árvores perenes, as quais não perdem sua folhagem durante todo o ano, e caducifólias, que perdem suas folhas no inverno, buscando um equilíbrio, ao não desproteger a edificação por inteiro, mas permitindo o sombreamento no verão, e a incidência de insolação durante o inverno.

Telhados e paredes verdes são outras alternativas do paisagismo para auxiliar no controle da temperatura. Segundo Dias (2016), essas técnicas proporcionam grande melhoria no desempenho térmico para as edificações, diminuindo a necessidade de climatização artificial.

Medeiros (2012) afirma que os telhados verdes (Figura 5) são de extrema importância nas cidades, pois, ajudam na redução da temperatura, contribuem para a diminuição da emissão de carbono e consequentemente da poluição do ar, e ajudam a reter, limpar e reduzir a velocidade de escoamento das aguas pluviais, diminuindo também a poluição do ambiente. Já os jardins verticais funcionam como brises vegetais (Figura 6) e produzem oxigênio, reduzem o ruído urbano e ajudam a combater o efeito de ilha de calor, além de serem esteticamente agradáveis.

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Figura 5 – Exemplo de telhado verde.

Fonte: Saraiva (2019).

Figura 6 – Exemplo de brise vegetal

Fonte: Ecotelhado (2019).

4.3.2 Flexibilidade de projeto

A flexibilidade de projeto busca, primeiramente, “permitir o aumento da versatilidade da edificação por meio da modificação de projeto e futuras ampliações, adaptando-se à necessidade do usuário” (JOHN; PRADO, 2010, p. 66).

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Till e Schneider (2005) definem flexibilidade de projeto como a capacidade de se adaptar às mudanças necessárias para atender as necessidades dos usuários. Ele pode ser flexível com relação a: possuir diversas opções de layout, a possibilidade de ajuste da edificação com o passar do tempo, a inclusão de tecnologias, ao aumento da quantidade de habitantes ou na mudança do uso da edificação.

4.3.3 Desempenho térmico – vedações

A instalação de vedações apropriadas favorece o controle da ventilação e radiação solar que adentram pelos vãos, e da radiação absorvida pelas vedações externas do edifício, e propicia maior conforto térmico aos moradores. A cor, o tipo de material, o uso ou não de materiais isolantes em paredes, a orientação, o tamanho e o tipo de vidro dos vãos e a existência ou não de sombreamento, são fatores que influenciam diretamente no desempenho térmico da edificação. Devem-se avaliar também as características de absortância1, capacidade térmica2 e transmitância3 de cada material das paredes e cobertura (JOHN; PRADO, 2010).

Medeiros (2012) afirma que o isolamento nas superfícies externas da edificação e o uso de janelas com vidro duplo ou revestidas com materiais de baixo potencial de irradiação de energia, podem reduzir o consumo de energia com climatização artificial em até 60% e melhorias no conforto ambiental.

4.3.4 Desempenho térmico – orientação ao sol e ventos

A implantação correta da edificação, com relação à orientação solar e aos ventos dominantes, e à interferência de elementos físicos do entorno, sejam eles construídos ou naturais, influencia diretamente no conforto térmico da edificação, levando em

1 “Fração do fluxo de energia irradiante, de comprimento de onda numa faixa estreita, que, incidindo numa superfície, é por ela absorvida; fator de absorção” (MICHAELIS, 2020).

2 “A capacidade térmica é a quantidade de calor que deve ser absorvida ou cedida por um corpo para que ocorra variação de 1ºC” (JUNIOR, 2020).

3 “1. Fração da energia radiante que atravessa uma camada de faces paralelas de um meio. 2 Fração de luz com determinado comprimento de onda que atravessa uma coluna de solução;

(38)

consideração também o microclima da região onde estão localizados o lote e as estratégias adotadas em projeto (JOHN; PRADO, 2010).

A ventilação é um fenômeno natural e de extrema relevância para o conforto térmico das edificações. As aberturas devem ser posicionadas, vertical ou horizontalmente, de forma a aproveitar os ventos predominantes da região, favorecendo a ventilação cruzada, seguindo um projeto bem determinado. Outros benefícios da utilização da ventilação do ar natural são a renovação do ar do ambiente e a redução do uso de ventilação mecânica e climatização artificial (MEDEIROS, 2012).

Na Figura 7, observa-se que a fachada norte é a que recebe mais sol durante metade do ano, e que o sol de verão, consideravelmente mais forte, é a orientação mais indicada para o posicionamento de painéis solares fotovoltaicos. A fachada oeste recebe, em todo o ano, a incidência do sol poente, sendo indicado o posicionamento de cômodos de baixo tempo de permanência e a proteção de toda sua extensão, através de marquises ou varandas. A fachada leste tem o sol da manhã incidindo nela em todo o ano, e por isso é a mais indicada para posicionamento dos quartos e de cômodos com maior tempo de permanência.

Figura 7 – Insolação no verão e inverno no hemisfério sul

(39)

4.3.5 Iluminação e ventilação natural

A iluminação natural de áreas comuns como escadas e corredores dos edifícios reduz o consumo de energia e garante o bem-estar do usuário. A iluminação natural de banheiros, por sua vez, melhora a salubridade. A abertura para iluminação natural pode ser de duas diferentes formas em uma edificação: pelos lados, chamada de lateral, e por cima, chamada de zenital (Figura 8). Essas aberturas devem corresponder a, no mínimo, 12,5%, de acordo com o Selo Casa Azul, da área do piso do cômodo. O desempenho dessa abertura depende de como foi aplicada em projeto, fato este definido desde o início da concepção do mesmo (JOHN; PRADO, 2010).

Figura 8 – Tipos de iluminação zenital.

Fonte: Drumond (2013).

A intensidade e distribuição da luz no ambiente interno variam de acordo com diversos aspectos, por exemplo: disponibilidade da luz natural, que varia de acordo com cada local; obstruções externas; tamanho, orientação, posição e detalhes de projeto das aberturas; características óticas dos envidraçados; tamanho e geometria do ambiente e das refletividades das superfícies internas. Um bom projeto de iluminação natural sustentável tira proveito e controla a luz disponível, maximizando suas vantagens e reduzindo suas desvantagens. Ainda demonstra elementos diversos, principalmente

(40)

os relacionados à eficiência energética da construção e à produtividade e saúde do morador (MEDEIROS, 2012).

4.3.6 Fontes alternativas de energia

O uso da eletricidade passou a ser incentivado no mundo todo, principalmente no Brasil, com o passar dos anos, sendo hoje aplicada em grande escala. Essa grande utilização se dá devido à facilidade do seu transporte e do baixo índice de perda energética durante as conversões (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2020).

A energia que utilizamos pode ser obtida a partir da transformação de diversos recursos, que podem ter origens variadas. Essas fontes de obtenção de recursos são divididas principalmente em dois grandes grupos: as fontes de energia não renováveis e as renováveis (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020).

As fontes de energia não renováveis ou convencionais contribuem em várias questões ambientais, tal como a aceleração do efeito estufa. São exemplos desse tipo de fonte: o petróleo, o carvão e o gás natural. Em contra partida, as fontes renováveis são opções energéticas abundantes e que causam pouco impacto negativo ao meio ambiente, tais como: a força das águas, dos ventos e a energia do sol e recursos fósseis (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020).

Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (2020) a composição energética do mundo se dá principalmente por fontes de energia não renováveis, conforme mostra a Figura 9, liderada pelo carvão, petróleo e gás natural.

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Figura 9 – Matriz Energética Mundial em 2016.

Fonte: International Energy Agency (2018) apud Empresa de Pesquisa Energética (2020).

Enquanto no mundo somente 14% da energia consumida provém de fontes renováveis, no Brasil, a realidade é um pouco diferente. Na Figura 10, pode-se observar que quase 43% das fontes de energia no Brasil são renováveis.

Figura 10 – Matriz Energética Brasileira em 2017.

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Pode-se observar que, dentre as fontes renováveis, a hidráulica aparece em primeiro, sendo uma consequência da existência, em quase o todo o país, de diversos e grandes cursos de água, possibilitando, assim, o funcionamento de hidrelétricas de grande porte (CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA, 2020).

Questionamentos a respeito dos impactos da energia hidráulica nos últimos anos têm feito aumentar a visibilidade de outras fontes que surgem como alternativa às fontes já amplamente utilizadas. As fontes alternativas de energia são opções também renováveis, porém pouco utilizadas, sendo elas: a energia solar, a energia eólica e os biocombustíveis (NHS, 2019).

A energia eólica utiliza do vento como sua força motriz. É uma fonte de energia que faz uso de um recurso natural e abundante que teve início no século XIX. Sua geração se dá através de equipamentos que convertem a energia cinética (àquela proveniente dos ventos) em energia elétrica (NHS, 2019).

A Figura 11 apresenta as regiões que têm as maiores velocidades de vento no país. A maior abundância deste fenômeno se dá nas regiões Sul e Nordeste, sendo nestas que se encontram a maior quantidade de parques eólicos (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020). De acordo com a NHS (2019), existem, no Brasil, cerca de 568 parques eólicos, com mais de 7000 aerogeradores.

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Figura 11 – Mapa eólico brasileiro.

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2020).

Outra fonte de energia renovável é a proveniente da biomassa (matéria orgânica vegetal e animal). Os biocombustíveis são obtidos através da queima de plantas, de madeiras, e de restos vegetais e animais. A energia elétrica pode ser gerada através de combustão direta, ou através de fermentação, ou gaseificação, dentre diversas outras formas (Figura 12). São alguns exemplos de biocombustíveis: etanol, biodiesel e biogás. No Brasil, o mais utilizado é o etanol e o biodiesel, sendo um dos países de maior destaque na produção destes combustíveis (NHS, 2019).

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Figura 12 – Ciclo da biomassa.

Fonte: Integra Soluções de Engenharia (2019).

Segundo o Ministério de Minas e Energia (2017), a biomassa ficou em segundo lugar na Oferta Interna de Energia Elétrica (OIEE) em 2016, e desde então tem ficado em terceiro, atrás do gás natural, voltando a subir de posição somente recentemente, devido a uma queda do gás natural (Figura 13).

Figura 13 – Oferta Interna de Energia Elétrica, por fonte (%) - anos de 2015 a 2020.

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A energia solar, outra fonte de energia renovável, é umas das alternativas que mais vem ganhando espaço no mercado de energia. É captada através de células fotovoltaicas presentes em painéis solares, que podem ser instalados tanto em usinas quanto em telhados residenciais (NHS, 2019). No Brasil (Figura 14), as áreas com melhor incidência solar se localizam na região Nordeste (EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2020). Com um bom custo-benefício, o aumento de sua utilização se deu, principalmente, pela redução do preço dos painéis (NHS, 2019).

Figura 14 – Mapa de irradiação solar global no plano inclinado - média anual brasileira.

Fonte: Empresa de Pesquisa Energética (2020) adaptado pela autora.

De modo geral, as fontes alternativas de energia apresentam diversas vantagens quando comparadas às fontes convencionais, sendo destaque seu baixo índice poluente, seu menor impacto ao meio ambiente, a menor quantidade de riscos

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envolvidos no processo de geração de energia, e a redução da dependência do atual modelo energético mundial. Contudo, vale ressaltar as questões negativas que envolvem o assunto, como: a alteração na paisagem e fluxo migratório de aves, através da instalação dos aerogeradores (energia eólica) e o possível aumento de desmatamento, quando relacionado ao uso de biocombustíveis (NHS, 2019).

4.3.7 Aproveitamento de águas pluviais

Para John e Prado (2010) o aproveitamento de águas pluviais pode reduzir o consumo de água potável de algumas finalidades, tais como em bacia sanitária, irrigação de áreas verdes, lavagem de pisos, lavagem de veículos e espelhos d'água. Medeiros (2012) por sua vez, pontua que esse aproveitamento pode reduzir em até 50% o consumo de água de uma residência, podendo ser usada também em máquinas de lavar roupa e lavagem de automóveis.

De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (2015), o sistema de aproveitamento de águas pluviais (Figura 15) é composto por técnicas de execução simples e de baixo custo, com objetivo de coletar e reservar essa água de chuva para uso posterior, de fins não potáveis. Reaproveitar as águas pluviais contribui para a conservação dos recursos hídricos disponíveis no meio ambiente, para a redução do risco de enchentes e erosões nas cidades, para a redução do escoamento superficial e para a redução da conta de água da concessionária, além de ser uma água quase sem poluentes e possuir um sistema de instalação pouco complexa. Esse sistema é composto por:

a) Área impermeabilizada de captação; b) Calhas e condutores verticais; c) Filtro autolimpante;

d) Reservatório de descarte da água de limpeza do telhado (água da primeira chuva);

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Figura 15 – Ilustração do esquema simplificado de aproveitamento de águas pluviais.

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5 ESCOLHA E ANÁLISE DO PERFIL DOS MORADORES

Para o presente trabalho foi necessário selecionar uma família de classe média que residisse em uma casa autoconstruída. A família selecionada é composta por cinco membros, sendo eles o pai, 37 anos, programador autônomo que tem seu escritório em casa; a mãe, 35 anos, anteriormente trabalhava como vendedora em loja de brinquedos, e, atualmente, é dona de casa. Três filhos, sendo eles, duas meninas, a mais velha de 12 anos e a mais nova de 5 anos, e um menino, o do meio, de 9 anos, todos estudantes.

Sendo assim, as maiores necessidades de projeto, em relação ao perfil apresentado da família, é buscar atender as necessidades de trabalho do pai, com seu local de trabalho dedicado, e, garantir aos filhos, locais de estudo próprios, a fim de maior rendimento escolar.

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6 CONDIÇÕES DO TERRENO E AUTOCONSTRUÇÃO EXISTENTE

O terreno escolhido, a partir da análise de uma edificação autoconstruída nesse mesmo local, é, na verdade, um meio lote, localizado no bairro Divino Espírito Santo, em Vila Velha/ES, com cerca de 134m², retangular e com dimensões de 13,50m de comprimento por 9,9m de largura. É implantado no meio de uma quadra, com uma via de acesso, conforme planta de situação, apresentada no Mapa 1 (destaque em amarelo do ponto de visualização da foto) e na Figura 16 (muro da edificação destacado em amarelo).

Mapa 1 – Planta de localização.

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Figura 16 – Foto do terreno e seu entorno.

Fonte: Autora (2019).

Em relação à topografia, o terreno é plano e não possui desníveis a serem vencidos e levados em consideração no projeto. Em contrapartida, é uma área desafiadora no que tange a suas dimensões e a sua localização, por se localizar em uma via extremamente estreita, sendo um dificultador para o acesso à residência que ali será proposta.

A respeito da construção existente no terreno (Figura 17), foi feito um levantamento as built (Figura 18), ou seja, representando a obra conforme construída, em que são apresentados todos os problemas existentes, tanto em relação ao projeto quanto ao conforto.

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Figura 17 – Edificação existente.

Fonte: Autora (2019).

Figura 18 – As built da autoconstrução existente.

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A casa autoconstruída mostrada possui diversos problemas de fluxo e setorização. Um exemplo disso é a falta de uma circulação para acesso aos quartos, onde deveria ser o setor íntimo da residência. A falta dessa circulação retira a privacidade dos moradores. O escritório também é prejudicado pelo fluxo não planejado, pois para acessar o mesmo é necessário passar por dentro do quarto e do closet, além de ser um ambiente enclausurado e sem aberturas.

A configuração da planta, primeiramente, não obedece às normas e leis vigentes no município, pois não respeita aos afastamentos laterais mínimos necessários para abertura de vãos (abaixo de 1,50, como aparecem na Figura 18, com 1,45m e 0,95 m), nem de índices mínimos de permeabilidade do solo (há pavimentação em toda área externa). Além disso, para uma família de cinco pessoas, as dimensões dos cômodos são insuficientes, a exemplo do banheiro, que é o único da residência, e possui largura de 90cm, não atendendo nem ao mínimo exigido. Essas dimensões não proporcionam o conforto mínimo necessário para os usuários, além dos problemas de ventilação e iluminação, devido ao mau posicionamento das aberturas, não levando em consideração a posição do sol e a incidência dos ventos, pois a fachada principal da casa, de acesso para a sala, é voltada para o oeste e nela incide o sol da tarde durante todo o verão, e não é ideal para alocação de ambientes de longa permanência. Caso não haja alternativa para disposição dos ambientes, deve-se haver no mínimo proteção para essas aberturas.

Um dos closets da casa e o escritório não possuem nenhuma abertura para ventilação e iluminação. A cozinha, apesar de possuir tal abertura, tem sua ventilação e iluminação prejudicadas pela cobertura da garagem. As Figuras 19 a 21 apresentam o interior da edificação.

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Figura 19 – Banheiro.

Fonte: Autora (2019).

Figura 20 – Cozinha.

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Figura 21 – Área externa e Closet.

Fonte: Autora (2019).

Na Lei Nº 4.575/2007 do Plano Diretor Municipal (PDM) de Vila Velha – ES está definido o zoneamento urbanístico da cidade, o qual estabelece as categorias de uso e as respectivas zonas, em função das quais são fixados os diversos índices de controle da ocupação do solo.

De acordo com o Mapa de Zoneamento Urbano do PDM, Lei nº 4.575/2007 (VILA VELHA, 2007), encontrado no Anexo A, o lote situa-se na Zona Especial de Interesse Urbanístico (ZEIU), conforme mostra o Mapa 2. Essa região tem por característica parâmetros urbanísticos bem limitados, a exemplo da taxa de ocupação máxima que é de 60%, conforme apresenta o Quadro 3 (VILA VELHA, 2013).

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Mapa 2 – Recorte do Mapa de Zoneamento do município de Vila Velha, apresentando as regiões no entorno do terreno.

Fonte: Autora (2019).

Quadro 3 – Índices urbanísticos da Zona Especial de Interesse Urbanístico.

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Com os dados obtidos na legislação e com as informações coletadas in loco, foi possível comparar o permitido com o construído (Quadro 4). Como resultado, percebe-se que, o terreno em questão, encontra-se com área mínima abaixo do proposto em lei. A edificação apresenta dimensões de seus cômodos reduzidas, estando com medidas abaixo do estabelecido pela legislação no banheiro, closet, escritório e quartos. A taxa de ocupação da edificação encontra-se dentro do permitido, porém não atende às dimensões mínimas de afastamento lateral e não apresenta nenhuma taxa de permeabilidade, sendo uma área totalmente impermeável.

Quadro 4 – Quadro comparativo de índices urbanísticos.

Fonte: Autora (2019).

Logo, o caso apresentado demonstra um perfil encontrado diversas vezes quando dito sobre autoconstrução: ambientes pequenos, sem conforto – ergonômico, térmico, lumínico –, por vezes, inseguro, e sem atender as normas vigentes. Sendo assim, a contratação de um profissional da área da construção civil, garantirá ao usuário um espaço funcional e de qualidade, que vise o seu bem estar. Para tanto, este trabalho propõe um novo projeto para este espaço, vislumbrando outras possibilidades de ocupação e de aproveitamento de espaço.

Referências

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