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Empreendedorismo, inovação e redes : um estudo sobre as empresas da Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de Geociências

RODRIGO ITO

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E REDES: UM ESTUDO SOBRE AS EMPRESAS DA INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DA UNICAMP

CAMPINAS 2019

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RODRIGO ITO

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E REDES: UM ESTUDO SOBRE AS EMPRESAS DA INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DA UNICAMP

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM POLÍTICA CIENTÍFICA E TECNOLÓGICA

ORIENTADOR: PROF. DR. ANDRE LUIZ SICA DE CAMPOS

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO RODRIGO ITO E ORIENTADA PELO PROF. DR. ANDRE LUIZ SICA DE CAMPOS

CAMPINAS 2019

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Ito, Rodrigo,

It6e ItoEmpreendedorismo, inovação e redes : um estudo sobre as empresas da Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp / Rodrigo Ito. – Campinas, SP : [s.n.], 2018.

ItoOrientador: Andre Luiz Sica de Campos.

ItoDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Geociências.

Ito1. Redes. 2. Incubadoras de empresas. 3. Empreendedorismo. 4. Inovação. I. Campos, André Luiz Sica de, 1970-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Geociências. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Entrepreneurship, innovation and networks : a review on the companies from Unicamp Technological Incubator

Palavras-chave em inglês: Networks

Business Incubator Entrepreneurship Innovation

Área de concentração: Política Científica e Tecnológica Titulação: Mestre em Política Científica e Tecnológica Banca examinadora:

Andre Luiz Sica de Campos

Anapatrica de Oliveira Morales Vilha Edmundo Inácio Júnior

Data de defesa: 18-03-2018

Programa de Pós-Graduação: Política Científica e Tecnológica

Identificação e informações acadêmicas do(a) aluno(a)

- ORCID do autor: https://orcid.org/0000-0001-5100-7905

- Currículo Lattes do autor: http://lattes.cnpq.br/8062083794770553

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AUTOR: Rodrigo Ito

EMPREENDEDORISMO, INOVAÇÃO E REDES: UM ESTUDO SOBRE AS EMPRESAS DA INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA DA UNICAMP

ORIENTADOR: Prof. Dr. André Luiz Sica de Campos

Aprovado em: 18 / 03 / 2019

EXAMINADORES:

Prof. Dr. André Luiz Sica de Campos - Presidente Prof. Dr. Edmundo Inácio Junior

Profa. Dra. Anapatricia de Oliveira Morales Vilha

A Ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros, encontra-se disponível no SIGA - Sistema de Fluxo de Dissertação e na Secretaria de Pós-graduação do IG.

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTO

Colocar um ponto final no trabalho nunca é fácil, tampouco tentar recordar todas as pessoas que ajudaram de alguma forma para realização deste trabalho. Então, de antemão, já peço desculpa às pessoas que esqueci de citar.

Primeiro, gostaria de agradecer à minha família por todo apoio que precisei durante esses dois últimos anos. Meus pais, meu irmão e minha avó me ajudaram de tantas formas possíveis para que conseguisse terminar o mestrado e este trabalho. A eles, meu amor.

Gostaria também de agradecer ao meu orientador, o Professor André Sica. Obrigado, professor, por ter aceitado ser o meu orientador, pela paciência que o senhor teve comigo e pelos conselhos acadêmicos e pessoais que me concedeu. Ao senhor, meu muito obrigado e a esperança que tenhamos mais quatro anos de muito trabalho.

Gostaria de agradecer também à Professora Janaina Pamplona da Costa. Professora, muito obrigado por ter tirado um pouco do seu tempo, mesmo quando não tinha nenhuma obrigação, para me ajudar com o desenvolvimento da minha dissertação.

Gostaria de agradecer também à Professora Leda Gitahy. Professora, as conversas sobre suas aventuras e desventuras pelo mundo, os conselhos acadêmicos e as aulas de metodologia me ajudaram a tornar um pesquisador e um cidadão melhor. Espero que a senhora continue a inspirar tantas pessoas como inspirou a mim e minha turma.

Gostaria de agradecer também à Professora Beatriz Bonacelli. Professora, meu eterno agradecimento por me ajudar com as questões burocráticas do mestrado e por me incentivar a continuar a minha carreira acadêmica.

Também gostaria de agradecer aos Professores que lecionaram os cursos que participei no DPCT: Professora Conceição, Professor Queiroz, Professor Ruy, Professor Dagnino e Professor Furtado.

Gostaria de agradecer também aos três Professores que aceitaram participar da minha banca de qualificação e de defesa. Primeiro, gostaria de agradecer à Professora Anapatrícia Vilha por ter aceito ser parte da minha banca de defesa. Segundo, aos Professores Edmundo Inácio e Bruno Fischer. Professores, muito obrigado pelos conselhos concedidos no exame de qualificação para que eu pudesse melhorar o meu trabalho.

Quero também agradecer a três Professores muito especiais da Universidade Federal do Ceará. Aos Professores Jair do Amaral e Maria Cristina de Melo, meus eternos mentores, meu muito obrigado por confiarem em mim e por terem me apresentado a Economia da Inovação. Ao Professor Ricardo Pereira, meu agradecimento por ter me incentivado a perseguir a carreira acadêmica.

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Também gostaria de agradecer aos vários amigos, de longa data ou que fiz durante o mestrado, que me ajudaram bastante. Primeiro, à Connie. Nunca pensei que ia me tornar amigo de uma das autoras cujos trabalhos eu já lia bastante desde a minha época de graduação em economia no Ceará. Connie, muito obrigado por todo apoio que você me deu e pelas conversas divertidas durante os nossos almoços!!

A todos os meus amigos da economia, em especial, o Gui, o Lucas e a Vanessa. Muito obrigado por escutarem minhas reclamações, por tentarem entender o meu trabalho e por me falarem palavras de motivações. A vocês, meu eterno agradecimento.

A todos os meus amigos da pós-graduação em Direito e Relações Internacionais que sempre me apoiaram nas minhas decisões acadêmicas. Em particular, a Candice, a Francisca e o Jonas que me escutaram várias vezes que queria fazer mestrado e sempre me disseram que eu tinha capacidade para voar mais alto.

Ao Jerry, meu melhor amigo desde a época do colégio, por sempre me escutar e me dar um abrigo quando preciso ir para São Paulo!

Claro que não deixaria os meus amigos do DPCT de lado: Andressa, Bia, Everton, Gui, Jean, Matheus, Iraima, Vini, Victo, Marina, Manu, Nilton, Érica, Dani, Lu, Yama (sei que você não é do DPCT, mas a gente te considera como), as Cris, Lis, Jenny, Lucas, Diegão, Diego, Dam, Luis Otávio, Edgar, Altair, Felipe e Anna Carolina. Meu muito obrigado por terem tornado a minha jornada do mestrado mais fácil e agradável.

Algumas pessoas do DPCT merecem um agradecimento complementar. A Carol e Erica S., muito obrigado por tudo que vocês fizeram para me ajudar a se tornar um melhor pesquisador: obrigado pelas discussões durante as madrugadas, pela leitura dos trabalhos e pelas conversas sem sentido.

A Martha e Fernanda, meu eterno agradecimento pelos conselhos, pelos almoços (em Campinas e em Fortaleza) e por me empurrarem para fazer o doutorado.

Ao Paulo, meu obrigado por me ajudar pacientemente com o software de redes. À Liz, meu obrigado pelas conversas e pelas dicas de trabalho!

Ao Ciro e R. Autran, meu muito obrigado pelas conversas construtivas, pela companhia no DPCT e por sempre estarem dispostos a conversar sobre assuntos randômicos quando eu precisei falar de outra coisa para além da dissertação.

Gostaria também de agradecer a todas as pessoas que me ajudaram com as entrevistas e com as questões burocráticas: Val, Gorete, Cris e Max da secretaria de Pós-graduação do IG; Lucas Baldoni; o pessoal da Inova; e Aline Figlioli!!! Também quero agradecer a todos os funcionários que tornam o IG um local agradável para o desenvolvimento

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de trabalhos acadêmicos: as moças da limpeza, os guardas, a Dona Raimunda e as bibliotecárias. Sem vocês, nós pesquisadores não seríamos nada.

Por fim, gostaria de agradecer a todos os empreendedores que entrevistei. Meu muito obrigado por terem tirado uma hora para conversar comigo e por inovarem em um país tão complicado como o nosso. De coração, espero que vocês tenham muito sucesso com suas inovações!

Por fim, gostaria de agradecer o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por ter me concedido a bolsa de estudos no 131891/2017-0.

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EPÍGRAFE

Let us fight to free the world – to do away with national barriers - to do away with greed, with hate and intolerance. Let us fight for a world of

reason – a world where science and progress will lead to all men’s happiness.

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RESUMO

Empreendedorismo e inovação tecnológica são duas atividades coletivas e que estão associadas ao desenvolvimento econômico regional. Por trás desta ideia do coletivo, há a percepção de que o indivíduo empreendedor normalmente apresenta qualificações técnicas para desenvolver novas soluções tecnológicas; no entanto, muitas vezes, carece de recursos (conhecimento, informações e capital) que facilitem o logro de suas iniciativas. A partir dessa inferência, organizações híbridas são construídas para incentivar o empreendedorismo e facilitar a formação de relações (redes) com atores e instituições que possuam esses recursos. Um exemplo disso são as incubadoras de base tecnológica: organizações cujo apoio a novas empresas vai além da oferta de espaço físico ou institucional, pois auxiliam na construção de novas relações. Isto é, nessas organizações, uma das principais atividades é ajudar os empreendedores a obterem recursos que carecem. Assim, dada a importância das incubadoras para a concretização do empreendedorismo e, com efeito, para formação de redes de inovação, optou-se por estudar, especificamente, a INCAMP, incubadora de empresas de base tecnológica da Unicamp, que faz parte do Sistema de Inovação da Região Metropolitana de Campinas (RMC). O objetivo geral é investigar as inter-relações das firmas incubadas e graduadas com diferentes instituições para que os representantes das empresas possam desempenhar atividades relacionadas à inovação e ao empreendedorismo. Além disso, há três objetivos específicos. O primeiro é identificar as características das redes acessadas pelas empresas, a título de exemplo, quais recursos que circulam. O segundo é apurar os facilitadores e as barreiras para que as empresas possam estabelecer relações com diferentes atores e instituições. O terceiro é averiguar a efetividade das redes para a concretização das atividades de inovação e empreendedorismo das empresas. A metodologia utilizada é a Análise de Redes Sociais. Recorre-se a quatro indicadores desenvolvidos por Pamplona da Costa (2012) para analisar as características da rede: a força das relações (elos) e a estrutura, consistência e nível de abertura da rede. Os principais resultados alcançados são i) os atores e instituições localizados na RMC fornecem informações, conhecimento, tecnologia e espaço físico aos representantes das empresas entrevistadas; ii) nem todos os recursos são obtidos na RMC, alguns são obtidos na cidade de São Paulo e outros fora do país; iii) a INCAMP, a Unicamp e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) são as três instituições com maior presença na rede das empresas; e iv) as redes são formadas majoritariamente por relações de negócios e de habilidades, são poucas as relações financeira e tecnológica.

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ABSTRACT

Entrepreneurship and technological innovation are two collective activities, and both are associated with regional economic development. Behind the idea of collectiveness, there is a perception that the entrepreneurial individuals have technical qualification to develop new technological solutions; however, they often lack resources (knowledge, information and capital) that facilitate the success of their initiatives. From this inference, hybrid organizations are built to promote entrepreneurship and to foster the formation of relations (networks) with actors and institutions that have those resources. An example is the technological incubators: organizations where not only are offered physical space or institutional support to new firms, but also support to create new relations. Namely, at these organizations, one of the main activities is to help entrepreneurs to obtain resources they lack. Therefore, due to the importance of incubators to entrepreneurship and, consequently, to the formation of innovation networks, we have chosen to study these organizations. Specifically, we have opted to study INCAMP – a technological incubator that belongs to Unicamp and is part of the Metropolitan Region of Campinas (RMC) Innovation System. In this research, the main objective is to investigate the relations built by entrepreneurs from incubated and graduated firms with different institutions so they can carry out activities related to innovation and entrepreneurship. Beyond this, there are three specific objectives. The first one is to identify network features, such as, the resources that flow through them. The second is to investigate the facilitators and barriers for companies to establish relations with different actors and institutions. The third is to verify the effectiveness of the networks for the accomplishment for activities related to innovation and entrepreneurship of the companies. The methodology is Social Network Analysis. It is used four indicators developed by Pamplona da Costa (2012) to analyze the features of the network: the strength of the relations (ties) and the structure, consistency and level of network openness. The main results are: i) actors and institutions located in The RMC region offer information, knowledge, technology, and physical space to the entrepreneurs; ii) not all resources are obtained in the RMC, some are obtained in the city of São Paulo and others outside the country; iii) INCAMP, Unicamp and Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) are the three institutions with the largest presence in the network; iv) networks are formed mainly by business and skills relations, few financial and technological relations.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Buracos estruturais e elos fracos... 40

Figura 2 – Quadro analítico... 63

Figura 3 – Rede da empresa 1... 69

Figura 4 – Rede da empresa 2... 73

Figura 5 – Rede da empresa 3... 76

Figura 6 – Rede da empresa 4... 78

Figura 7 – Rede da empresa 5... 82

Figura 8 – Rede da empresa 6... 84

Figura 9 – Rede da empresa 7... 87

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Tipos de Sistema Regional de Inovação... 33

Quadro 2 – Uma tipologia dos elos estudados em Análise de Redes Sociais... 39

Quadro 3 – Sub-redes de inovação... 42

Quadro 4 – Arcabouço para entender as redes nas incubadoras de empresas... 46

Quadro 5 – Serviços oferecidos pela INCAMP………...………... 55

Quadro 6 – Perfil sintético das empresas e empreendedores entrevistados... 57

Quadro 7 – Outras entrevistas... 58

Quadro 8 – Indicadores de consistência das sub-redes... 60

Quadro 9 – Sumário dos indicadores de governança da rede... 61

Quadro 10 – Informações das entrevistas... 65

Quadro 11 – Distribuição das empresas para análise... 66

Quadro 12 – Recursos e relações da empresa 1... 69

Quadro 13 – Recursos e relações da empresa 2... 72

Quadro 14 – Recursos e relações da empresa 3... 75

Quadro 15 – Recursos e relações da empresa 4... 77

Quadro 16 – Recursos e relações da empresa 5... 81

Quadro 17 – Recursos e relações da empresa 6... 84

Quadro 18 – Recursos e relações da empresa 7... 87

Quadro 19 – Indicadores para consistência da sub-rede de negócios... 89

Quadro 20 – Indicadores para consistência da sub-rede de habilidades... 91

Quadro 21 – Indicadores para consistência da sub-rede tecnológica... 93

Quadro 22 – Indicadores para consistência da sub-rede financeira... 94

Quadro 23 – Lançamento de produtos ou serviços ... 100

Quadro 24 – Número de funcionários... 100

Quadro 25 – Distribuição das empresas para análise... 103

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS APEX – Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimento APL – Arranjo Produtivo Local

AVC – Acidente Vascular Cerebral AVC – Acidente Vascular Cerebral

BNDES – Banco de Desenvolvimento Econômico e Social CEPID – Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão

COVs – Compostos Orgânicos Voláteis EBT – Empresa de base tecnológica

ESPM – Escola Superior de Propaganda e Marketing

FAPESP – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo FEAGRI – Faculdade de Engenharia Agrícola

FEBRAEC – Federação Brasileira das empresas de consultoria e treinamento FEEC – Faculdade de Engenharia Elétrica e Computação

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos HT – Hélice Tripla

IFCE – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará IFGW – Instituto de Física

INCAMP – Incubadora de Empresa de Base Tecnológica da Unicamp INOVA – Agência de Inovação da Unicamp

PIPE – Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas PUC-PR – Pontifícia Universidade Católica do Paraná RMC – Região Metropolitana de Campinas

SCIELO – Scientific Eletectronic Library Online

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SNI – Sistema Nacional de Inovação

SOFTEX – Programa para Promoção da Exportação do Software Brasileiro U-E – Universidade-Empresa

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UFSCAR – Universidade Federal de São Carlos UFU – Universidade Federal de Uberlândia UNESP – Universidade Estadual Paulista UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo UNIFOR – Universidade de Fortaleza

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 18

CONTEXTO DA PESQUISA ... 18

QUADRO TEÓRICO ... 22

QUESTÕES DE PESQUISA, OBJETO DE ESTUDO E UNIDADE DE ANÁLISE ... 24

ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ... 24

CAPÍTULO 1 - REVISÃO TEÓRICA ... 26

1.1.EMPREENDEDORISMO ... 26 1.1.1. Empreendedorismo Tecnológico ... 26 1.1.2. Empreendedorismo Acadêmico ... 28 1.2.INOVAÇÃO SISTÊMICA ... 30 1.2.1. Sistema de Inovação ... 30 1.2.2. Ecossistema de Empreendedorismo ... 34 1.3.REDES ... 37

1.4.INCUBADORA DE BASE TECNOLÓGICA ... 43

1.4.1. Conceito, racionalidade e críticas ... 43

1.4.2. Processo de incubação ... 45

1.4.2. Incubadoras e redes: estudos empíricos ... 47

1.5.CONCLUSÕES PRELIMINARES ... 49

CAPÍTULO 2 - ESCOPO DA PESQUISA E METODOLOGIA ... 52

2.1.PESQUISA ... 52

2.2.INCAMP ... 54

2.3.AMOSTRA DA PESQUISA ... 56

2.4.METODOLOGIA DE ANÁLISE DE REDES ... 58

2.5.QUADRO ANALÍTICO ... 62

2.6.QUESTIONÁRIOS ... 64

2.7.OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA ... 65

CAPÍTULO 3 - ESTUDO DE CASO ... 67

3.1. PERFIL E AS RELAÇÕES DOS EMPREENDEDORES E DAS EMPRESAS ... 67

3.1.1. Empresa 1 ... 67 3.1.2. Empresa 2 ... 70 3.1.3. Empresa 3 ... 73 3.1.4. Empresa 4 ... 76 3.1.5. Empresa 5 ... 78 3.1.6. Empresa 6 ... 82 3.1.7. Empresa 7 ... 84 3.2.INDICADORES ... 87

3.2.1. Consistência das sub-redes ... 88

3.2.2. Força dos elos, estrutura e nível de abertura da rede ... 94

3.2.3. Parâmetros de efetividade da rede ... 99

3.3.DISCUSSÃO ... 101

Natureza dos empreendedores ... 101

Relações ... 102 Instituições de destaque ... 106 Tipologia ... 110 3.4.CONCLUSÕES PRELIMINARES ... 112 CONCLUSÃO ... 114 REFERÊNCIAS ... 118 ANEXOS ... 128

ANEXOA–QUESTIONÁRIO A SER APLICADO NAS EMPRESAS ... 128

ANEXOB–RAZÕES E MOTIVAÇÕES PARA FORMAÇÃO DA REDE (PARTE DO QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS) ... 132

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ANEXOC–QUESTIONÁRIO APLICADO DURANTE A ENTREVISTA COM A GESTORA DA INCUBADORA ... 133 ANEXOD–QUESTIONÁRIO APLICADO DURANTE A ENTREVISTA COM UMA ESPECIALISTA EM PARQUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORA DE EMPRESAS ... 134 ANEXOE-QUESTIONÁRIO APLICADO DURANTE A ENTREVISTA COM UMA ESPECIALISTA EM PARQUES

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INTRODUÇÃO

Contexto da pesquisa

Inovação e empreendedorismo tornaram-se palavras frequentes no vocabulário de diversos representantes da sociedade a partir dos anos 1980. Políticos, acadêmicos e empresários, ao defenderem uma associação positiva entre a realização dessas atividades e o desenvolvimento econômico regional (Castells e Hall, 1994; Etzkowitz, 2003; Saxenian, 1994), apoiam e incentivam iniciativas dessa natureza (Lundvall e Borrás, 2005).

As Incubadoras de Empresas são uma dessas iniciativas: infraestruturas desenhadas para fomentar e apoiar o empreendedorismo a partir do fornecimento de espaço físico a preços acessíveis e do suporte ao desenvolvimento de novos negócios e de firmas em estágios iniciais (Gerlach e Brem, 2015). Este suporte não se restringe apenas ao auxílio que os proprietários dessas empresas recebem quanto a questões administrativas, mas também ao apoio para conectá-los a uma rede de contatos que os ajudem a adquirir recursos complementares para a realização da atividade de inovação (Soetanto e Jack, 2013).

A concepção que perpassa pelas Incubadoras de Empresas1 é de que a inovação e o empreendedorismo de caráter tecnológico são atividades coletivas (Freeman e Soete, 2008 [1974]). Logo, para ocorrerem os atos de inovar e empreender, demanda-se a interação das firmas com atores e instituições do sistema de inovação2. e, por consequência, a formação de redes, objetivos a serem alcançados nesses ambientes de inovação (Cantù, 2010).

As redes3 são “estruturas de colaborações formais e informais e de relações de interesses comuns entre organizações com e sem fins lucrativos” (Pamplona da Costa, 2012, p. 1, tradução nossa), pelas quais circulam recursos (por exemplo, ideias, informações e conhecimentos) utilizados nas atividades econômicas (Granovetter, 2009 [1985]). Nas atividades de inovação e de empreendedorismo, em particular, as colaborações são importantes para que as empresas possam adquirir recursos complementares, acessar novos mercados e novas tecnologias e obter conhecimentos externos (Pittaway et al., 2004).

As redes podem apresentar diferentes idiossincrasias que afetam diretamente as atividades econômicas. Os elos ou as ligações que as compõem podem ser fracos ou fortes. No primeiro caso, os agentes econômicos adquirem recursos que não demandam confiança entre

1 Nesta dissertação, trabalha-se com Incubadoras de Empresa de Base tecnológica. Para compreender outros tipos de incubadoras, ver Etzkowitz (2002).

2 Por sistema de inovação, entende-se como um conjunto de “elementos e relações que interagem na produção, difusão e uso de conhecimento novo e economicamente útil” (Lundvall, 1992, p. 2, tradução nossa).

3 Na literatura de economia e de administração, é recorrente encontrar trabalhos que equiparam as abordagens de redes, Arranjos Produtivos Locais (APL) e clusters. Nesta pesquisa, entende-se que essas abordagens são diferentes e opta-se por utilizar a lente de redes. Para mais informações sobre APL e Clusters, ver Cassiolato e Szapiro (2003) e Delgado, Porter e Stern (2014).

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eles para serem transmitidos. Por outro lado, quando os elos são fortes, recursos que necessitam de confiança, como os segredos industriais4, podem ser repassados, (Granovetter, 1973).

Além isso, dependendo do número de ligações, a estrutura da rede pode ser bem unida ou fragmentada. Quanto maior o número de ligações, mais unida é considerada a rede e maior o número de recursos transacionados (Pamplona da Costa, 2012). No que se refere ao nível de abertura ao ambiente externo, há redes fechadas e abertas. Nesse último caso, quanto maior o contato da rede com agentes econômicos de diferentes clusters, maior a variedade de informações que podem ser obtidas e a probabilidade de geração de inovações tecnológicas (Powell e Grodal, 2005).

Formuladores de políticas públicas e idealizadores de ambientes de inovação tendem a reconhecer também a associação positiva entre o estabelecimento de redes e o desenvolvimento econômico e tecnológico. Pamplona da Costa (2015), ao analisar o Programa para Promoção da Exportação de Software Brasileiro (SOFTEX), identificou que o Governo Federal brasileiro financiou a formação de redes de inovação de software para elevar a

performance de firmas dessa indústria, tendo como um dos resultados a elevação da atividade

de inovação das empresas do setor em Recife5.

A Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp (INCAMP) é um exemplo de ambiente de inovação onde se busca formar relações para auxiliar as empresas incubadas em seu desenvolvimento. Idealizada em 2001, a partir do desejo de alguns dos gestores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a INCAMP visa catalisar a geração de inovações tecnológicas e facilitar a interação da instituição com atores de diferentes sistemas de inovação, sobretudo da Região Metropolitana Campinas (RMC). Desde sua fundação, 25 empresas já se graduaram e, atualmente, 9 firmas estão incubadas (Inova, 2018).

A INCAMP está localizada na RMC, uma das regiões econômicas mais avançadas do Brasil (Pamplona da Costa, 2015) e que hospeda a terceira universidade mais importante da América Latina, a Unicamp (QS Top Universities, 2019). Além da proximidade geográfica com a cidade de São Paulo (principal polo econômico do país), a região abriga diversos institutos de pesquisa públicos e privados (por exemplo, o Instituto Agronômico de Campinas e o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações) e empresas multinacionais de grande porte (por exemplo, a Samsung e a Bosch). Essas e outras características tornam a RMC conducente à realização da inovação e do empreendedorismo.

4 Granovetter (1973) classifica os elos a partir do nível de confiança. Quanto maior for a confiança, mais forte será o elo. Na seção 1.3, apresenta-se esta discussão de forma detalhada.

5 A pesquisa de Pamplona da Costa (2015) observa a eficácia do Programa SOFTEX a partir da comparação de duas regiões distintas do Brasil: Pernambuco e São Paulo.

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Nesse contexto, entende-se que: (i) as redes são importantes à realização do empreendedorismo e da inovação; (ii) a RMC mostra-se favorável a essas atividades; e (iii) a INCAMP é construída para facilitar a formação de redes. Partindo desses pressupostos, esta pesquisa busca compreender as características das relações que os representantes das empresas incubadas e graduadas estabelecem para conduzir atividades alusivas ao processo de inovação e empreendedorismo. Para tanto, optou-se por analisar 5 empresas incubadas e 2 graduadas da INCAMP, tendo como objetivo geral investigar as inter-relações dessas firmas com diferentes instituições para que os representantes das empresas possam desempenhar atividades relacionadas à inovação e ao empreendedorismo.

Os objetivos específicos são:

1. Identificar as características das redes acessadas pelas empresas: os elos, a estrutura e o nível de abertura da rede, bem como os recursos que nela circulam;

2. Apurar os facilitadores e as barreiras para que os representantes das empresas incubadas e graduadas possam estabelecer relações com diferentes atores e instituições;

3. Averiguar a efetividade das redes para a concretização das atividades de inovação e empreendedorismo das empresas.

A escolha por desenvolver este trabalho pode ser justificada por algumas razões. Nos espaços das universidades e dos formuladores de políticas, aceita-se a máxima de que a competitividade da empresa e o desenvolvimento econômico estão entrelaçados (Etzkowitz, 2003). Na medida em que as firmas tornam-se mais competitivas, elas tendem a expandir, o que demanda a utilização de mais recursos e contratação de funcionários (Penrose, 2006 [1959]). O crescimento das firmas reverbera na economia: novos produtos serão adicionados ao mercado, as pessoas irão consumir mais e fundos arrecadados por meio de impostos poderão ser aplicados para aumentar o bem-estar da sociedade (Phan, Siegel e Wright, 2005). Nesse sentido, apoiar as empresas, principalmente, as de base tecnológica, torna-se desejável (Vedovello, Judice e Maculan, 2006).

A concepção de que a inovação e o empreendedorismo tecnológico são atividades coletivas é amplamente aceita nos debates acadêmico e círculos empresarial e político. Isso reflete na constituição do aparato institucional de apoio às empresas e na construção de empreendimentos destinados à realização dessas duas atividades (Etzkowitz, 2003; Nelson, 1993a). No entanto, esta formação demanda tempo, esforços e recursos financeiros. Assim, se houver baixa criação de novas empresas ou se as firmas existentes não utilizarem o aparato

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institucional para inovar, pode-se observar distorções no Sistema de Inovação (Schot e Steinmueller, 2018).

Estudar as empresas incubadas e as que passaram pelo processo de incubação da INCAMP – de forma mais específica, suas relações – justifica-se considerando que o sucesso dessas firmas pode desencadear benefícios socioeconômicos à RMC, efetivando os esforços financeiros e de tempo da Unicamp e de seus representantes depositados no apoio a essas firmas. Debruçar sobre as relações das firmas e compreendê-las é relevante para identificar padrões e lacunas e propor prescrições para ajudar na construção de novos elos que contribuam nas atividades de inovação.

Na literatura brasileira de incubadoras de empresas, são poucos os trabalhos que estudam esses empreendimentos e redes simultaneamente. No Scientific Eletectronic Library

Online (SCIELO), há apenas um artigo nesta temática: o de Gallon, Ensslin e Silveira (2009)

que aborda o nexo entre redes sociais e desempenho das empresas6. No Scientific Periodical

Eletronicals Library (SPELL), são identificados cinco trabalhos – dentre esses, o trabalho

mencionado anteriormente. Neto e Locachevic (2018) buscam compreender os motivos e as características das redes. Loiola e Lagemann (2013) analisam a associação entre relações informais e a performance das firmas. Pereira e Nascimento (2013) mapeiam a evolução das redes de inovação de uma empresa incubada no Centro Incubador Tecnológico, em Cascavel, ao longo de sete meses. Nascimento et al. (2011) estudam o papel de intermediadora das incubadoras entre empresas e atores do sistema que possuem recursos, principalmente informações.

Em nenhum dos trabalhos supracitados, foi realizado qualquer tipo de comparação em relação às redes estabelecidas de empresas incubadas e graduadas. Além disso, apenas no trabalho de Loiola e Lagemann (2013), utiliza-se indicadores de redes (tamanho, densidade e coesão) para analisar os dados. Mesmo na literatura internacional, há uma lacuna acerca de métricas para analisar empresas incubadas, visto que a maior parte dos estudos sobre essa temática é descritiva (Bruneel et al., 2012). Dessa forma, a contribuição da pesquisa desta dissertação consiste na investigação e comparação das características das redes de empresas incubadas e graduadas. Soma-se a isso, a aplicação de quatro indicadores de redes desenvolvidos por Pamplona da Costa (2012) que só foram utilizados em seu trabalho sobre a

6 A busca por artigos nesta temática foi refeita no dia 1 de dezembro de 2018 e utilizou “incubadora” e “rede” como palavras-chave. Obteve-se 6 artigos, no entanto, apenas um era sobre incubadora de base tecnológica e redes.

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indústria de software: i) a força dos elos; ii) a estrutura da rede; iii) a consistência da sub-rede; e iv) o nível de abertura da rede7,8.

Quadro Teórico

Nesta pesquisa, o arcabouço teórico é construído a partir de três campos de

pesquisa que, muitas vezes, sobrepõem-se: a Economia da Inovação, a Política Científica e Tecnológica e a Sociologia Econômica. De início, discutem-se algumas facetas do empreendedorismo tecnológico: o modo de operação (Prodan, 2007), a sua importância ao desenvolvimento econômico regional (Venkataraman, 2004) e a sua característica coletiva (Sousa, Videira e Margarida, 2008). A escolha por este tipo de empreendedorismo, dentre vários no rol de denominações, dá-se pelo fato do incentivo à criação de empresa de base tecnológica (EBTs) ser um dos objetivos traçados na construção e no suporte de Incubadoras de Empresas (Anttiroiko, 2004; Castells e Hall, 1994; Monck, 1988).

Em seguida, aborda-se um caso específico de empreendedorismo tecnológico: o empreendedorismo acadêmico. É cada vez mais recorrente a comercialização de tecnologias desenvolvidas nos espaços acadêmicos, seja por meio de licenciamento ou da criação de novas empresas (Grimaldi et al., 2011). Por trás desse movimento, está a noção de que o empreendedorismo acadêmico contribui para o desenvolvimento econômico regional (Vale, 2012), justificando a construção de diversos tipos de mecanismos para apoiá-lo: no nível da esfera pública, arcabouços normativos pró-empreendedorismo e programas de incentivo à pesquisa tecnológica (Meyer, 2003); e, no nível das universidades, o estabelecimento de espaços para abrigar as empresas (por exemplo, as incubadoras) (Grimaldi et al., 2011).

A partir da concepção de que a inovação e o empreendedorismo tecnológico são atividades coletivas, recorre-se a quadros teórico-normativos que são centrados nesta ideia: Sistema de Inovação e Ecossistema de empreendedorismo. Em relação ao Sistema de Inovação, Freeman (1988), Lundvall (1992) e Nelson (1993) reconhecem a firma como o principal locus de inovação e que diversas instituições, localizadas em um espaço geográfico,

fornecem suporte às empresas. Além disso, Lundvall (1992) argumenta que a aprendizagem, tão importante para a inovação, pode ocorrer a partir da interação dos atores de um sistema. No Ecossistema de Empreendedorismo, também se demonstra que a inovação é desempenhada em

7 Na seção 2.4, apresenta-se detalhadamente cada um desses indicadores.

8 Pamplona da Costa (2012) aponta que uma das limitações de seu trabalho é a investigação das redes de inovação apenas na indústria de software. A autora acredita que as redes de inovação de outras indústrias devem apresentar características das redes que ela identificou.

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um contexto social, institucional e econômico (Isenberg, 2010, 2011). A diferença desta última abordagem é o foco no empreendedorismo (Stam, 2015).

O quadro teórico do Sistema de Inovação também permite realizar análises da dinâmica da inovação nos níveis setorial (Malerba, 2002) e regional (Asheim e Gertler, 2005; Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a). Nesta dissertação, opta-se pelo segundo recorte. A partir da conceptualização de Sistemas de Inovação em Redes Regionais9 (Asheim e Gertler, 2005), procura-se compreender as redes formadas pelas empresas incubadas e graduadas da INCAMP com a infraestrutura institucional de suporte da RMC e do Estado de São Paulo.

O arcabouço teórico do Ecossistema de Empreendedorismo, assim como o Sistema Regional de Inovação, auxilia na compreensão das atividades do empreendedorismo e da inovação, estruturadas a partir de um ecossistema que possui diferentes tipos de elementos institucionais, organizacionais e sociais (disponibilidade de mercado, capital humano, financiamento, arcabouço regulatório, educação, sistema de suporte, universidades e cultura empreendedora) (Alvedalen e Boschma, 2017; Audretsch e Belitski, 2017; Foster et al., 2013). Na literatura de Sociologia e Economia, os trabalhos de alguns autores auxiliam no entendimento das redes, principalmente aquelas relacionadas a atividades econômicas. Granovetter (2009 [1985]) e Burt (1992) defendem que os elos e as estruturas das redes sociais afetam diretamente essas atividades. Os dois autores argumentam pela importância de se obter informações de diferentes círculos sociais para evitar a esclerose das redes e, com efeito, o declínio da atividade econômica10. Em relação à inovação, autores advogam que as redes podem ser benéficas a esse processo. Freeman (1991) e Pittaway et al. (2004) apontam que é cada vez mais comum as empresas estabelecerem relações com instituições e outras firmas para compartilhar custos, adquirir novos conhecimentos e acessar novas tecnologias e mercados, por exemplo.

Por fim, realiza-se uma revisão da literatura sobre Incubadoras de Empresas para descobrir como as redes são formadas nesses ambientes e quais recursos são necessários para que as firmas possam se desenvolver. Nas incubadoras, o apoio dos gestores desses ambientes (Bruneel et al., 2012) e a rede de contatos prévia dos empreendedores (Baêta e Vasconcelos, 2003) ajudam a formar redes externas com diferentes instituições do Sistema de Inovação

9 Asheim e Gertler (2005) identificam três tipos de Sistema Regional de Inovação: i) Sistemas Regionais Imbricados na Territorialidade; ii) Sistema de Inovação em Redes Regionais; e iii) Sistema Nacional de Inovação Regionalizado. Cada um desses pode ser diferenciado pelo tipo de aprendizagem entre os atores do sistema e o arcabouço institucional de apoio. O ponto central do tipo Redes Regionais é a aprendizagem localizada e interativa entre as firmas e a infraestrutura institucional de suporte em uma região específica.

10 Na seção 1.3 sobre redes, apresenta-se um estudo de caso (Grabher, 1993a) sobre o declínio da indústria de aço em Ruhr, Alemanha. Para o autor, a principal causa foi a falta de comunicação das empresas do setor com outras firmas e instituições fora da região. Com efeito, as informações que circulavam pelas empresas eram as mesmas, o que dificultava a inserção de novas técnicas ou ideias que ajudassem a aperfeiçoar os produtos lá fabricados.

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(Soetanto e Jack, 2013). Ainda, há a possibilidade de criação de redes internas entre as empresas incubadas (Baêta e Vasconcelos, 2003; Soetanto e Jack, 2013). Por essas redes, circulam informações, conhecimentos, tecnologia e aporte financeiro, dentre outros recursos (Bruneel et

al., 2012).

Questões de pesquisa, objeto de estudo e unidade de análise

Nesta dissertação, estabeleceu-se a seguinte questão de pesquisa: quais os tipos

e as características das relações que os representantes das empresas estabelecem para conduzir atividades relacionadas ao processo de inovação e empreendedorismo?

O objeto de estudo são 5 empresas incubadas e 2 graduadas e a unidade de análise são as suas relações11. Essas empresas foram formadas, em sua maioria, por antigos alunos e pesquisadores da Unicamp. Além disso, atuam em setores onde se utilizam conhecimentos científicos e tecnológicos para o desenvolvimento de novos produtos e processos e para prestação de serviços, a título de exemplo, saúde, biotecnologia e inteligência artificial.

Estrutura da dissertação

Nesta dissertação, com o intuito de apresentar os argumentos de forma

encadeada e lógica, optou-se por dividi-la em cinco partes. Além da introdução e da conclusão, há três capítulos de desenvolvimento: i) a revisão teórica, ii) a metodologia e iii) o estudo de caso. A seguir, são apresentadas, de forma detalhada, as propostas de cada capítulos.

• Capítulo 1 – Revisão teórica: o objetivo principal deste capítulo é construir o suporte teórico que auxiliará na análise dos dados. Dessa forma, inicia-se com a apresentação do empreendedorismo tecnológico e de uma de suas variações, o empreendedorismo acadêmico. Em seguida, recorre-se a dois quadros teórico-normativos cujo argumento que os une é a noção coletiva do empreendedorismo e da inovação: i) Sistema de Inovação, e ii) Ecossistema de Empreendedorismo. As teorias de redes sociais e de inovação são apresentadas para destacar a importância das redes no processo de inovação das empresas. Por fim, discute-se sobre Incubadoras de Empresas e são

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apresentados trabalhos empíricos que relacionam esses ambientes às redes de inovação.

• Capítulo 2 – Escopo da Pesquisa e Metodologia: o objetivo principal deste capítulo é apresentar o escopo da pesquisa e seu aparato metodológico. Para alcançar este objetivo, são apresentadas as amostras da pesquisa e a justificativa de sua escolha, bem como o quadro analítico, os indicadores para analisar as redes (estrutura, consistência e nível de abertura das redes e a força dos elos) e os instrumentos de coleta de dados. Finalmente, discute-se a operacionalização da pesquisa.

• Capítulo 3 – Estudo de caso: o objetivo principal deste capítulo é analisar os dados colhidos nas entrevistas realizadas com gestores da INCAMP e das sete empresas entrevistadas. Para tanto, estrutura-se o capítulo da seguinte forma: i) descrição do perfil dos empreendedores e das relações das empresas; ii) apresentação das características das relações das empresas, a partir dos indicadores de redes; iii) análise dos dados colhidos e dos indicadores; e iv) enunciação das principais conclusões.

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CAPÍTULO 1 - REVISÃO TEÓRICA

O objetivo deste capítulo é construir a revisão teórica que será o suporte desta

dissertação. Para alcançar este propósito, recorre-se a teorias de três campos de pesquisa: i) Economia da Inovação; ii) Política Científica e Tecnológica; e iii) Sociologia Econômica. O capítulo está estruturado em cinco tópicos: 1.1) inicialmente, discute-se a importância do empreendedorismo tecnológico para economia, algumas características desta atividade e uma de suas variações, o empreendedorismo acadêmico; 1.2) descreve-se dois quadros teórico-normativos acerca do caráter coletivo da inovação: Sistema de Inovação e Ecossistema de Empreendedorismo; 1.3) discorre-se sobre redes sociais e de inovação; 1.4) caracterizam-se as Incubadoras de Empresas e alguns elementos associados a elas; e 1.5) conclui-se com um resumo sobre os principais achados.

1.1. Empreendedorismo

1.1.1. Empreendedorismo Tecnológico

Na literatura de teoria econômica, autores de diferentes linhas de pensamento

tencionam compreender o empreendedorismo e suas características. Schumpeter (1982 [1911]), precursor dos estudos de inovação, descortina o empreendedor como aquele indivíduo que desempenha novas combinações e cria novas necessidades aos consumidores. Por outro lado, Kirzner (1999), da Escola Econômica Austríaca12, assimila o empreendedor como um indivíduo em constante estado de alerta para descobrir falhas de mercado e obter ganhos econômicos a partir da correção dessas imperfeições13.

Em vias similares ao empreendedorismo de Schumpeter (1982 [1911]), o empreendedorismo tecnológico pode ser compreendido como a ação de um indivíduo ou grupo de indivíduos que constituem empresas, cujo modus operandi está pautado em conhecimentos científicos e tecnológicos para gerar inovações tecnológicas, e que assumem riscos para mantê-las funcionando (Prodan, 2007). Por conseguinte, esses indivíduos são empreendedores de tradição schumpeteriana: “descobrem, criam e exploram oportunidades de modo a criar valor graças à introdução de novos bens, serviços, processos e organizações” (Blanco, 2007, p. 4, tradução nossa).

12 Para mais informações sobre a Escola Econômica Austríaca, ver Mises (1949) e Hayek (1944).

13 Em Kirzner (1999), o autor traça um panorama comparativo entre sua visão sobre empreendedorismo e a de Schumpeter. Enquanto, para o segundo economista, o empreendedor é aquele que, por meio das novas combinações, causa distúrbios ao fluxo circular da economia. Para o primeiro, o empreendedor é aquele que, ao notar esses desequilíbrios, irá procurar corrigi-los, levando o fluxo circular de volta ao estado de equilíbrio.

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O empreendedorismo tecnológico tem sido importante para o desenvolvimento econômico regional. O processo de globalização – caracterizado pelo aumento de diversos fluxos (conhecimento, pessoas, informações e capital) e pela diminuição das barreiras comerciais entre os países – e a elevação do ritmo de introdução de inovações são alguns dos fatores que acarretam um modelo de competição cada vez mais intenso mundialmente (Vale, 2012). Para que as regiões possam prosperar, é cada vez mais comum o apoio de diferentes atores a iniciativas que estimulem a geração de inovações e o empreendedorismo, sobretudo o tecnológico (Isenberg, 2010; Prodan, 2007). Venkataraman (2004), ao realizar uma releitura dos trabalhos de Schumpeter, comenta que o empreendedor de “veia” tecnológica possibilita o desenvolvimento econômico, uma vez que, no longo prazo, as inovações introduzidas por eles acarretam em uma permanente elevação do nível de qualidade de vida das pessoas.

Esse tipo de empreendedorismo não é concretizado apenas pela ação de um indivíduo; depende da colaboração de atores heterogêneos (por exemplo, professores acadêmicos, investidores de risco e agentes públicos) e da presença de infraestruturas intangíveis na região onde é desempenhado.

Prodan (2007) argumenta que, comumente, os empreendedores carecem de conhecimentos, recursos e rede de contatos necessários para o crescimento das firmas. O autor defende que, apesar desses empreendedores normalmente apresentarem conhecimento técnico elevado, não possuem conhecimentos sobre gestão de negócios, tampouco capital próprio. Em função disso, o autor propõe o empreendedorismo tecnológico como um exercício coletivo, cuja participação de outros atores é fundamental para sua concretização. Nesse cenário, acadêmicos podem colaborar com a formação de recursos humanos e a cooperação em projetos de P&D; investidores com o aporte de recursos e oferecimento de consultorias sobre negócios; e o governo com o estabelecimento de um ambiente pró-negócios e a formulação e implementação de políticas de incentivos às pequenas e médias EBTs.

De forma semelhante, Sousa, Videira e Margarida (2008) defendem a essencialidade das redes sociais para a criação e desenvolvimento de novas EBTs. Para os autores, o capital social dos empreendedores construído ao longo da vida – seja por experiências profissionais, pessoais ou educacionais – colabora para que eles obtenham recursos tangíveis (capitais financeiro, humano e físico) e intangíveis (conhecimentos científicos e tecnológicos), necessários para o crescimento das firmas. Além disso, os autores também defendem que incertezas presentes nas fases iniciais das empresas (por exemplo, falta de informação sobre um mercado ou uma tecnologia) podem ser reduzidas pelo acesso dos empreendedores a redes sociais.

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Venkataraman (2004) discorre que, para o empreendedorismo tecnológico ocorrer, é necessária a presença de infraestruturas intangíveis. O autor, ao comparar regiões que obtiveram êxito na promoção deste tipo de empreendedorismo com aquelas que não alcançaram resultados similares, conclui que as primeiras apresentam idiossincrasias não tangíveis: “ideias novas, empreendedores modelos, fóruns informais, oportunidades específicas na região, redes de segurança, liderança executiva e acesso a mercados” (p. 162, tradução nossa).

Em outras palavras, ambientes de sucesso são aqueles onde i) há centros de ensino e pesquisa de excelência que produzam novas ideias potenciais para diferentes aplicações comerciais; ii) pessoas que empreendem tornam-se exemplos em suas comunidades; iii) há locais informais que os empreendedores possam discutir sobre tecnologias e negócios; iv) o desenvolvimento tecnológico está pautado nas competências centrais, nos recursos naturais da região ou em algum outro tipo de vantagem; v) a tentativa para empreender e o fracasso são valorizados; vi) o empreendedor consegue acessar diferentes mercados para lançar os seus produtos; e vii) a liderança governamental facilita o acesso do empreendedor a diferentes recursos (Venkataraman, 2004).

Por trás dessas infraestruturas, observa-se a presença das redes sociais. Para que suas iniciativas obtenham sucesso, os empreendedores, muitas vezes, acessam informações e conhecimentos produzidos nas universidades ou formalizam parcerias em encontros informais. Mesmo que esses empreendimentos não atinjam o resultado esperado e venham a fracassar, a rede de contatos desses empreendedores irá valorizar a tentativa e poderá oferecer novas oportunidades de negócios e parcerias.

1.1.2. Empreendedorismo Acadêmico

O apoio ao empreendedorismo tecnológico por diferentes esferas institucionais

da sociedade tem sido justificado pela importância desta atividade ao desenvolvimento econômico regional (Vale, 2012). Nos espaços acadêmicos e governamentais, por exemplo, é cada vez mais aceita a ideia de que a universidade, por meio da criação de novas tecnologias e de novas empresas, contribui a esse desenvolvimento (Laukkanen, 2003; Ndonzuau, Pirnay e Surlemont, 2002; Rucker Schaeffer, Fischer e Queiroz, 2018). Nesse sentido, tornou-se recorrente o incentivo a um tipo particular de empreendedorismo tecnológico: o empreendedorismo acadêmico (Grimaldi et al., 2011; Hayter, 2016b; Wood, 2011).

O empreendedorismo acadêmico pode ser entendido como uma atividade multifacetada que envolve a proteção e comercialização de tecnologias desenvolvidas por membros da academia (Wood, 2011). Materializa-se na busca por recursos financeiros na

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indústria para dar suporte a pesquisas científicas; no patenteamento e no licenciamento dos resultados da pesquisa; e no fomento à criação de spin-offs (empresas desenvolvidas por acadêmicos para explorar economicamente conhecimentos científicos e tecnológicos14) (Grimaldi et al., 2011; Louis et al., 1989).

As spin-offs, particularmente, consideradas uma das formas mais recorrentes do empreendedorismo acadêmico, oferecem alto potencial de crescimento econômico, de criação de riqueza e de novos empregos, e de atração de mão de obra qualificada à região onde são instaladas (Castells e Hall, 1994). Além disso, apresentam algumas especificidades: surgem em contextos tradicionalmente não-comerciais, como universidades e centros de pesquisa; e seus idealizadores, enquanto cientistas empreendedores, são guiados por valores, normas e padrões científicos, idiossincrasias que dificilmente são encontradas no empreendedor convencional (Siegel e Wright, 2015). Quanto a essa última particularidade, Ndonzuau, Pirnay e Surlemont (2002) afirmam que o fato da natureza do cientista empreendedor e das firmas acadêmicas serem distintas dificulta a obtenção de financiamento de investidores privados. Para os autores, a relativa ausência de capacidades empreendedoras dos cientistas e a incerteza e instabilidade presentes nas tecnologias em desenvolvimento acarretam no baixo apoio financeiro de investidores de risco, especialmente nas fases iniciais de formação das empresas.

Outra característica é que a criação de spin-offs tem sido mais recorrente a um grupo específico de acadêmicos: alunos de pós-graduação. Conforme observam Lam e Campos (2015), o mercado de trabalho nas universidades está cada vez mais restrito, fomentando a busca por oportunidades fora do quadro de empregos da academia. Nesse cenário, fundar uma EBT pode ser uma opção, já que permite aos alunos de pós-graduação – que normalmente carecem de recursos e de conhecimentos comerciais para avançar suas empresas (Ndonzuau, Pirnay e Surlemont, 2002) – dar continuidade aos seus estudos e, ao mesmo tempo, obter retorno financeiro e estabelecer relações com membros da indústria (Wood, 2011). A constituição de diferentes mecanismos para fomentar o empreendedorismo acadêmico pode contribuir para superar esses desafios (Grimaldi et al., 2011).

Na esfera pública, a criação de um arcabouço legal favorável ao empreendedorismo (por exemplo, o Bayh-Dole Act15 e a Lei da Inovação16), o suporte financeiro para realização

14 A definição de spin-off utilizada nesta pesquisa abrange empresas que foram fundadas por acadêmicos a partir da observação de que poderiam explorar economicamente a pesquisa por eles desenvolvidas. Para compreender outros tipos de spin-offs, ver Parhankangas e Arenius (2003).

15 O Bayh-Dole Act foi elaborado para facilitar a comercialização de tecnologias desenvolvidas nas universidades norte-americanas (Grimaldi et al., 2011).

16 No Brasil, a partir da criação da Lei da Inovação, foram criados mecanismos para permitir o afastamento dos pesquisadores das universidades públicas de suas atividades para se dedicarem no desenvolvimento de empresas de base tecnológica (Morais, 2008).

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de Pesquisa e Desenvolvimento (por exemplo, o Small Business Innovation Research17 e o Programa FAPESP Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas – PIPE18) e bolsas para geração de empregos são algumas das medidas adotadas por diferentes governos (Grimaldi et al., 2011; Meyer, 2003; Fapesp, 2018).

No nível das universidades, o estabelecimento de espaços para abrigar empresas (por exemplo, Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas), a permissão para que empreendedores possam utilizar equipamentos da universidade (por exemplo, biblioteca e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento), a realização de eventos para que eles conheçam investidores e parceiros potenciais e a condução de cursos sobre empreendedorismo são alguns dos mecanismos desenvolvidos para apoiar o empreendedorismo acadêmico (Grimaldi et al., 2011).

Assim como é importante o auxílio do governo e da universidade para realização do empreendedorismo acadêmico, as redes também são essenciais. Estabelecer novos contatos e acessar diferentes recursos colabora com a atividade empreendedora e, com efeito, ao sucesso das empresas. A título de exemplo, no Vale do Silício, várias das empresas de origem acadêmica cresceram exponencialmente, porque, em grande medida, obtiveram informações sobre nichos de mercados e tecnologias, investimentos de capitalistas de riscos e apoio de advogados especializados em propriedade intelectual (Saxenian, 1994). Em Cambridge, o contato das firmas acadêmicas com outras empresas permitiu a difusão de informações sobre novos produtos e formas de comercialização (Castells e Hall, 1994).

Nas próximas seções, a partir da discussão de teorias sobre inovação sistêmica e redes sociais, aprofunda-se na ideia de que o empreendedorismo tecnológico e, por ventura, o acadêmico, estão imbricados em um tecido de inter-relações.

1.2. Inovação sistêmica 1.2.1. Sistema de Inovação

O argumento da inovação imbricada em uma série de inter-relações não é

recente. Na década de 1960, Sabato e Botana (1975) afirmavam que o subdesenvolvimento da América Latina seria superado a partir da interação entre a esfera produtiva, a esfera científico-tecnológica e o Estado, sob comando deste último, que, juntos, promoveriam a mudança

17 O Small Business Innovation Research é um programa do governo norte-americano para financiar pesquisas de inovação de pequenas EBTs (Meyer, 2003).

18 O PIPE é um programa do Estado de São Paulo no qual são concedidos recursos de subvenção econômica para que pequenas EBTs realizem pesquisas de inovação (FAPESP, 2018).

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tecnológica. No entanto, foi somente nos anos 1980 que este argumento ganhou força com a criação do Sistema Nacional de Inovação (SNI) – um arcabouço teórico normativo para compreender e facilitar a inovação tecnológica (Freeman, 1988; Lundvall, 1992; Nelson, 1993).

Na literatura, umas das definições mais recorrentes de Sistema de Inovação é:

[um sistema] constituído por elementos e relações que interagem na produção, difusão e uso de conhecimento novo e economicamente útil e que o sistema nacional engloba elementos e relações, sejam localizadas dentro das fronteiras de um Estado Nação (Lundvall, 1992, p. 2 tradução nossa).

A ideia central por trás deste arcabouço é de que a empresa é o principal locus da inovação. No entanto, para realizar esta atividade, a firma depende de diferentes instituições (universidade, laboratório de pesquisa, investidores, bancos etc.) que oferecem recursos (capital, conhecimento, informação e trabalhadores qualificados) e de um Estado que estabeleça um quadro regulatório favorável (por exemplo, leis que facilitem a aproximação das empresas privadas a universidades públicas ou que acadêmicos obtenham retornos financeiros com suas pesquisas) (Freeman e Soete, 2008 [1974]; Nelson e Rosenberg, 1993).

No arcabouço do Sistema de Inovação, a aprendizagem é uma das principais atividades. As empresas utilizam as pesquisas desenvolvidas em seus laboratórios de P&D ou nas universidades como fontes de inovação; mas também os conhecimentos e as informações que emergem da aprendizagem das atividades de produção, distribuição e consumo (Lundvall, 1992). Esses recursos colaboram para o aperfeiçoamento dos produtos e processos, permitindo o avanço nas trajetórias tecnológicas (Queiroz, 2006).

No sistema de inovação, as empresas estabelecem diferentes relações para

conduzir as atividades relacionadas ao processo de inovação. Alguns autores argumentam que a cooperação em indústrias baseadas em conhecimento é fundamental, uma vez que as relações das empresas com outras firmas, consumidores e fornecedores contribuem para seu processo de aprendizagem, provendo insumos para as empresas superem problemas tecnológicos, aperfeiçoem características de seus produtos e reduzam incertezas e custos relacionados à inovação (Freeman, 1991; Lundvall, 1992).

As relações presentes no sistema formam as redes, que são “estruturas de colaborações formais e informais e de relações de interesses comuns entre organizações com e sem fins lucrativos” (Pamplona da Costa, 2012, p. 1). Tais estruturas alteram-se dependendo do contexto no qual se inserem. Por exemplo, nos Estados Unidos, as redes são mais variadas e intensas (Pamplona da Costa, 2012a), o que pode ser observado na forte interação das empresas norte-americanas com outras firmas, institutos de pesquisa e agências de fomento (Freeman, 1991). Por outro lado, no Brasil, algumas das relações entre os atores do sistema são

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baixas. Um exemplo é o reduzido interesse de várias empresas brasileiras em estabelecer parcerias formais e informais com universidades, dado a realização de atividades limitadas de P&D e o baixo nível de confiança entre os atores (Campos, 2010).

As relações e o quadro institucional que formam um sistema de inovação em escala nacional colaboram para compreender a diferença de competitividade entre os países e a maneira como os conhecimentos são difundidos pelas instituições (Sharif, 2006). No entanto, dependendo da dinâmica da inovação e do recorte metodológico, é necessário adequar o conceito a um recorte regional ou setorial. O recorte setorial demonstra que as relações entre setores variam significativamente (Nelson e Rosenberg, 1993). As idiossincrasias econômicas e institucionais de diferentes regiões de um país dificilmente são apreciadas pelo recorte do SNI (Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a).

Na literatura de Sistema de Inovação, Malerba (2002) destaca-se por defender a perspectiva setorial. Para o autor, os setores apresentam características particulares relacionadas a fronteiras, atores, relações, processos de inovação, aprendizagem e produção. Em cada setor, os agentes possuem competências, crenças, organizações e comportamentos distintos – o que, por sua vez, afeta a estrutura das redes. Logo, as relações das firmas com universidades, outras empresas, usuários, fornecedores e instituições de suporte variam e são mais intensas em alguns setores do que em outros. Nos setores farmacêutico e de computação, por exemplo, há uma demanda maior por conhecimento provindo da universidade, já nos setores aeronáutico e siderúrgico, a relação universidade-empresa (U-E) é menos relevante (Nelson e Rosenberg, 1993). Considerando que, dificilmente, essas características são captadas pelo recorte nacional, torna-se necessário analisar a dinâmica dos setores separadamente.

Além das abordagens nacional e setorial do Sistema de Inovação, há também o

recorte regional. Diferentes países, principalmente os de dimensões territoriais extensas, possuem regiões distintas em termos de trajetórias econômica e institucional, capacidade governamental e formas de aprendizagem. Assim, de forma similar à heterogeneidade presente nos setores econômicos, há diferenças entre as regiões que não são observadas pelo recorte do SNI. Portanto, faz-se necessário também ter um nível de análise que identifique tais diferenças regionais.

Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria (1997) argumentam que a evolução das regiões segue trajetórias que são moldadas por forças econômicas, políticas e culturais. Ao analisarem diferentes regiões europeias (como a região italiana da Emília Romana), os autores observaram que algumas regiões apresentam recursos e capacidade de governança supralocal que são intrínsecas a elas. Por sua vez, essas características afetam a forma como o processo de inovação é conduzido: i) as empresas organizam-se de acordo com o ambiente onde estão

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inseridas; ii) o setor público pode favorecer ou dificultar esse processo19; e iii) a presença e a participação de instituições do subsistema de P&D contribuem para a dinâmica da inovação.

Outro fator que afeta o processo de inovação em diferentes regiões é a aprendizagem. Alguns autores indicam que o conhecimento tácito tornou-se o principal diferencial das inovações e que depende de relações de confiança para ser transmitido durante o processo de aprendizagem. Por sua vez, esses autores acreditam que a proximidade geográfica entre os agentes é o que permite a construção desta confiança (Asheim e Gertler, 2005; Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a).

Nesse contexto, podem ser identificados três tipos de sistemas regionais: i) Sistemas Regionais Imbricados na Territorialidade; ii) Sistemas de Inovação em Redes Regionais; e iii) Sistema Nacional de Inovação Regionalizado. Esses três casos apresentam formas de aprendizagem, relações entre os atores e arcabouços institucionais diferentes. No quadro 1, estão sistematizadas algumas dessas características.

Quadro 1 – Tipos de Sistema Regional de Inovação

Tipo Relações entre os atores Aprendizagem / Arcabouço institucional Sistemas

Regionais Imbricados na Territorialidade

• A aprendizagem ocorre

majoritariamente a partir da interação entre pequenas e médias empresas que pouco se relacionam com institutos de conhecimento

• Suporte de baixo para cima (bottom-up) à formação de redes para que as firmas acessem serviços de inteligência ou pesquisa de mercado

Sistema de Inovação em Redes Regionais

• A aprendizagem é localizada e interativa entre as firmas com a infraestrutura institucional de suporte em uma região específica

• Suporte institucional a partir de intervenções de políticas públicas para aumentar a colaboração e a capacidade de inovação dos atores (formação de redes)

Sistema Nacional de Inovação Regionalizado

• Parte da atividade de inovação – e, consequentemente, a aprendizagem – é realizada por atores que não estão na mesma região

• A interação entre os atores se assemelha ao Modelo Linear de Inovação

• Suporte do governo nacional para formação de redes entre os atores de uma região com outros fora desse local

Fonte: Elaboração própria baseada em Asheim e Gertler (2005).

19 Em algumas regiões de um país, determinados governos apresentam maior capacidade para formular políticas públicas e arrecadar recursos financeiros por meio de impostos. Em consequência, conseguem mobilizar recursos da região para a atividade de inovação e engendrar um ambiente favorável a essa atividade no entorno das empresas (Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a). Um exemplo de capacidades regionais diferentes é São Paulo e Pernambuco. Enquanto, no primeiro estado, o setor industrial e o sistema de Ciência e Tecnologia são consolidados; no segundo, o mesmo setor e esse sistema não são tão dinâmicos quanto os primeiros (Pamplona da Costa, 2012a).

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Neste trabalho, utiliza-se como referencial analítico o Sistema Regional de Inovação, mais especificamente, o segundo tipo: em Redes Regionais. Argumenta-se que as empresas da INCAMP estão localizadas em uma região favorável para que possam desempenhar suas atividades. A RMC e o Estado de São Paulo hospedam instituições de ensino e pesquisa de renome (como a Unicamp, a Universidade de São Paulo, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações, a Embrapa) (Bambini e Bonacelli, 2018). Somam-se a isso programas (por exemplo, o PIPE) e arcabouços normativos específicos para o empreendedorismo e a inovação em rede (por exemplo, a Lei Paulista para Inovação). Assim, nota-se que há uma infraestrutura institucional favorável para que as empresas incubadas possam interagir e que há um conjunto de políticas públicas direcionado para elevar a interação das empresas com outras instituições.

1.2.2. Ecossistema de Empreendedorismo

Na literatura de inovação sistêmica, está cada vez mais em voga a utilização de um novo arcabouço para compreender as atividades de inovação e empreendedorismo imbricadas em um contexto social e institucional: o Ecossistema de Empreendedorismo (Audretsch e Belitski, 2017; Isenberg, 2010; Rucker Schaeffer, Fischer e Queiroz, 2018). A noção de ecossistema assemelha-se ao Sistema Regional de Inovação: para que o empreendedorismo e a inovação ocorram, as empresas relacionam-se e estabelecem arranjos colaborativos com instituições de suporte de uma região (Rucker Schaeffer, Fischer e Queiroz, 2018) e essas instituições, por sua vez, influenciam a forma como o processo de inovação é conduzido pelas empresas (Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a). No entanto, uma das diferenças é que, no Ecossistema de Empreendedorismo, há uma ênfase adicional ao empreendedorismo (Audretsch e Belitski, 2017; Inácio Júnior et al., 2016). Isto é, propõe-se analisar a ação individual de alguém disposto a correr riscos, assim como o contexto onde o empreendedorismo é realizado (Autio et al., 2014; Stam, 2015).

O Ecossistema de Empreendedorismo pode ser definido como um ambiente geograficamente delimitado20, onde concentram-se diferentes elementos institucionais, organizacionais e sociais (disponibilidade de mercado, capital humano, financiamento, arcabouço regulatório, educação, sistema de suporte, universidades e cultura empreendedora)

20 O caráter geograficamente delimitado pode ser explicado por duas vertentes: primeiro, as regiões apresentam configurações distintas que afetam diretamente o empreendedorismo e a inovação (Cooke, Gomez Uranga e Etxebarria, 1997a); e, segundo, empresas de base tecnológica e diferentes instituições tendem a estar próximos geograficamente, pois esta proximidade tende a facilitar a transmissão de conhecimento tácito – o transbordamento de conhecimento (Audretsch e Feldman, 2004; Isenberg, 2011).

Referências

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