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Obtenção da Resistência e da Endurance: Características e Métodos

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OBTENÇÃO D A RESISTÊNCIA E D A "ENDURANCE": CARACTERÍSTICAS E MÉTODOS

Lamartine Pereira da Costa

A resistência e a "endurance", conforme vimos no estudo comparado das qualidades físicas essenciais, constituem ao lado da fôrça as caracte-rísticas passíveis de desenvolvimento através dó Princípio da Sobrecarga. Diferentemente, portanto, da velocidade, da coordenação e da

descontra-ção — dependentes de um empenho predominante do sistema nervoso —, a evolução metodológica para a obtenção das qualidades essencialmente cardiorrespiralória e musculares somente obteve impulso em anos recen-tes, após o surgimento de uma base de conhecimentos fisiológicos efetivos.

Um simples exáffte da evolução dos recordes e dos resultados despor-tivos de um modo geral, segundo dados de Jokl (1966), assim como das técnicas e dos implementos desportivos, confirmarão essa assertiva. A maior parte do progresso desportivo dos últimos anos deve-se ao apareci-mento de atletas mais fortes e de maior capacidade de resistência e de "endurance", uma vez que a potencialidade dos outrós setores tem uma amplitude consideravelmente menor. A figura 1 mostra-nos, gràficamente, um exemplo dêsse fenômeno, comparando a evolução dos resultados do Atletismo das Olimpíadas, numa prova característica de velocidade, 100 metros rasos, e outra típica de capacidade cardiorrespiratória, isto é,

10.000 metros.

Embora saibamos que os efeitos da sobrecarga eram reconhecidos desde a Antigüidade Grega, e que a êles tinham chegado através da expe-rimentação empírica, êsse ccnhecimento era aplicado quase sempre para o ganho -da fôrça em face de um desenvolvimento mais evidente para a observação externa: o "superatleta", ou seja, o desportista caracterizado por uma extraordinária capacidade de trabalho em qualquer disciplina, e, sem dúvida, um produto do elevado rendimento que nos oferece a metodo-logia moderna do treinamento.

O convívio com os meios da prática desportiva, mesmo nos centros adiantados, mostra uma tendência dos técnicos para o desenvolvimento de certas qualidades. Uma observação mais apurada revela que há uma na-tural inclinação no sentido das características atléticas do treinador. No futebol brasileiro, para citar um exemplo típico, temos assistido ao aparecimento de esquemas de treinamento baseados em cânones do Judô, da G i -nástica Acrobática, do Halterofilismo etc. Quando se enfrenta o cerne da

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questão do condicionamento físico, ou melhor, a observação das qualidades físicas em jôgo, h á o peso da formação estrutural desportiva do treina-dor, aparecendo assim os que "acreditam" mais na fôrça, na velocidade, na coordenação etc.

Não citamos essa constatação apenas por ser incompatível com a teo-ria do treinamento total, mas principalmente porque é necessário subli-nhar o valor da resistência e da "endurance" nos fatores de manobra da modalidade visada. Evidentemente, o halterofilista de competição ou o velocista do atletismo necessitam de um mínimo dessas qualidades em pauta, mas a maioria das modalidades deve izr por base a capacidade

cardiopulmonar.

Estudos recentes de Cooper e seus colaboradores (1966-67-68), deri-vados de importantes trabalhos de pesquisa subvencionados pela Fôrça Aérea dos Estados Unidos, têm confirmado a tese que a condição física está íntima e predominantemente ligada ao grau de resistência e "endu-rance". No pensar daquela eminente autoridade, os exercícios ginástíccs e o trabalho contra-resistència são simples acessórios da preparação física. Concordem ente, na União Soviética, outro pesquisador de renome, Zimkin (segundo informe do Frof. Mário Ribeiro Can'.arino), comparando experimentalmente o máximo de desenvolvimento das qualidades essen-ciais envolvidas no ideal de coordenação do gesto desportivo, obteve os seguintes valores:

— velocidade = 147% — força = 275% — resistência = 4.000%

Também da Suécia nos chega um dado bastante significativo, rela-tado por Skõld (1967). O programa de treinamento físico do Exército Sueco, estabelecido após sucessivas experimrntações, a partir de 1950, com o apoio de importantes nomes da fisiologia do esforço daquele país, baseia--se num denominado "treinamento de condição" (Condition Training), que prevê a adoção de três estágios, todos montados num arcabouço da resis-tência e da "endurance": Rush Training — corrida'de velocidade para preparo muscular de fôrça e explosão; internai Training — corrida de intensidade forte com intervalos curtos de recuperação para desenvolvi-mento do sistema de transporte de oxigênio pelo corpo; e Distance

Train-ing — corrida em longas distâncias para fortalecimento da estrutura óssea,

dos ligamentos, das articulações assim como desenvolvimento da capaci-dade de suportar trabalho pesado por longos períodos (figura 2). De acor-do com as conclusões experimentais organizadas e controladas, a capaci-dade de trabalho físico e mental dos militares submetidos a êsse tipo^de treinamento foi melhor do que qualquer outro tipo de método adotado. Semelhantemente às conclusões de Cooper nos E. U . A„ outros tipos de atividades são consideradas cornplementares.

Conelusivamente, buscamos a opinião de um dos maiores nomes da Fisiologia Desportiva moderna, o Dr. Per-Olof Astrand (1967), dp Insti-tuto Sueco de Educação Física, que preconiza uma base cardiopulmonar 208

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para a forma física ideal, inclusive para o pleno desenvolvimento da fôrça muscular.

Essas constatações assumem no momento uma posição de importância na evolução da Educação Física, e j á se coloca em discussão a efetividade da chamada ginástica "formal" (Rijksdorf, 1967). A expressão-chave da atualidade é a condição física para a qual os sistemas e métodos clássi-cos de Educação Física não oferecem meios integralmente eficientes de obtenção.

D.- uma maneira generalizada, a pesquisa orienta-se progressivamente para o estabelecimento de pré-requisitos para a criação de uma nova me-todo^gia. Isto é observado principalmente quanto à problemática da apli-cação de cargas e aperfeiçoamento da habilidade motora durante a idade escolar. U m repasse na literatura sôbre a matéria mostra que o objetivo nos escalões mais avançados de experimentação tem sido o de prever quando e como o adolescente pode começar a ser submetido a cargas espe-cíficas de resistência e "endurance". Alguns dados recolhidos à guisa de exemplificação (Sukop, 1965; Turblin, 1965; Filin, Toptchian e Siris, 1965; Hanne ,1965; Jirka e Adamus, 1965; Iwanow, 1965; Hebbelink, 1964) fazem crer que até os dez anos de idade a preparação deve ser visando à coorde-nação; rios 10 aos 12 pode ser iniciada a aplicação de processos de treina-mento de resistência e "endurance"; e, após os 15 anos, pode-se objetivar a melhoria da fôrça; a velocidade e a descontração, como parte de dons naturais e sujeitas a aperfeiçoamento através de exercícios não ligados ao Principio da Sobrecarga, não são adjudicadas '. uma idade de referên-cia. A apücação das cargas deve ser feita cuidadosamente com uma pro-gressão menos acentuada, pois a variação de potencialidade física entre os adolescentes é imprevisível.

Frente a essa situação podemos prever uma extinção gradativa dos métedos ginásticos, nos próximos anos, em favor da busca de urna condi-ção física de concepcondi-ção moderna e à medida que a pesquisa puder dar torma prática de aplicação em massa dos atuais métodos de treinamento despóítivo. Tentativas nesse sentido estão em andamento, principalmente nos meios militares, sabendo-se que na Suécia (Skold, 1967), na Alema-nha e na França (Nascimento, Coutinho e Tubino, 1968), a preparação física da tropa j á é baseada nos cânones da atual metodologia.

Isto pôsto, podemos passar para o estudo das características dos méto-dos de aplicação de cargas de resistência e "endurance" e suas implicações.

Em princípio, é necessário observarmos os meios através dos quais as cargas são assimiladas. Como o nome indica carga compreende um traba-lho contra-resistênçia. Haverá sempre contra-resistência num movimento, e seu valor mínimo será a fôrça de gravidade sôbre a massa do segmento corporal em ação. Além disso, chamamos a uma conjugação qualquer de movimentos musculares contra-resistência de exercício. O exercício, por sua vez, implica sempre em contrações musculares. Estas, num último estágio, são as responsáveis pelas transformações da estrutura do tecido muscular no processo de adaptação à sobrecarga que podem efetivar-se numa (contração estática) ou em três dimensões (contração dinâmica). Desta maneira, chegamos às duas grandes divisões dos exercícios:

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Por outro lado, uma subdivisão dos isotônicos impõe-se pelo ângulo de consumo de oxigênio, uma vez que esta é sua principal caractérística, enquanto se' torna negligível nos isométricos. De fato, os exercícios de velocidade, que demandam uma grande quantidade de oxigênio a curto prazo, .não oferecem .condições de criação de um débito, pois consomem a reserva existente nos tecidos. Contrariamente, nos exercícios de maior duração há necessidade de apelar para o meio exterior. Teremos então um equilíbrio entre a absorção e o consumo (steady-state) ou um débito, que surgirá inevitavelmente num tempo dependente da forma física do indivíduo e que acabará por eliminar as condições de movimentação. A terminologia usada para a primeira hipótese é de exercícios anaeróbicos

(sem oxigênio) e, para a segunda, de exercícios aeróbicos (com oxigênio). O quadro n.° 1 apresenta uma visualização numérica dessas condições de acordo com Toni-Nett (1965) e em relação às provas clássicas de corrida do Atletismo; pelas proporções postas em evidência, podemos classificar as corridas de 100 a 800 metros como exercícios prevalentemente anaeró-bicos e a partir de , 1.500 metros, como prevalentemente aeróanaeró-bicos.

Resumidamente teríamos então:

anaeróbicos exercícios isotônicos'

Aplicação de cargas < ^ ^ aeróbicos exercícios isométricos

Na atualidade, essas são as alternativas válidas para o aperfeiçoamento das qualidades físicas essenciais, e, para o caso específico da resistência e da "endurance", os meios disponíveis são restringidos aos exercícios aeró-bicos. Assim sendo, a atitude do treinador em face dessas, fundamentais características é de um condicionamento de seu raciocínio em tômo dos fenômenos ligados à utilização do oxigênio. O quadro n.° 2 mostra uma síntese bastante simplificada, relacionando os esforços de resistência com os efeitos da sobrecarga sob a ação do oxigênio.

O aperfeiçoamento dos meios de inalar, transportar e absorver o com-bustível vital ao esforço faz crescer progressivamente o valor do chamado

consumo máximo de oxigênio, que é a forma mais apropriada de se medir

a capacidade de resistência e "endurance" de um atleta, e cujo aumento é ó objetivo final dos processos de adaptação para as qualidades em lide. Um idéia dessa assertiva, em proporção numérica, nos é apresentada por Cooper, que procura correlacionar os valores do consumo máximo de oxi-gênio com a capacidade de trabalho:

Consumo Máximo de 02 Capacidade de trabalho

até 28 m l muito pobre

28.1 a 34 m l pobre 34.1 a 42 m l sofrível 42.1 a 52 m l boa , mais de 52.1 m l excelente 210

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Nos primórdios do treinamento organizado e em concordância com um fato simples de observação do cotidiano, sabia-se que se um indivíduo repetisse muitas vêzes um determinado gesto haveria um ganho de resis-tência para a prática daquele gesto. Após as experimentações dos técnicos e corredores finlandeses (vide: "Histórico, Evolução e Fundamentos do Treinamento Desportivo Moderno"), no período de 1915 a 1935, êsse con-ceito ficou abalado quanto ao seu absolutismo: obtinha-se também mais resistência através de menor número dç repetições do gesto, se realiza-das mais intensamente com intervalos curtos para recuperação. Essa des-coberta seria hoje aceita sem maiores dificuldades à luz do Princípio da Sobrecarga; entretanto, nã época, atraiu a atenção de alguns estudiosos, entre os quais o treinador Wondemar Gerschler. Após o término da Se-gunda Guerra Mundial, Gerschler uniu-se ao fisiologista Herbert Reindell, de Freiburg, quando acabaram por estabelecer o primeiro método cientí-fico de treinamento visando à resistência e à "endurance": o Interval

Training. Graças a êsses eméritos pesquisadores alemães, em .que pêse os

erros de apreciação inicial, são reconhecidas, atualmente, duas formas bá-sicas para o aumento do consumo máximo de oxigênio: o trabalho com cargas contínuas e q com cargas intervaladas. Há ainda, uma terceira, menos eficiente, que procura conciliar os propósitos das duas primeiras: o treinamento com cargas em circuito.

As referidas formas de divisão metodológica não se originam somente de uma necessidade de sistematização. Antes de tudo a sua adoção pre-ferencial atende a um imperativo de neutralização da tendência hoje disseminada em aplicar esquemas padronizados de treinamento conheci-dos sob terminologia característica: Interval Training, Circuit Training, Power Training etc. Não que sejam processos ineficazes, mas sim porque levam o treinador a um enclausuramento de raciocínio dentro de fór-mulas, esquemas e receitas incompatíveis com a flexibilidade que se deve ter diante do fenômeno biológico do condicionamento físico.

Em nossa opinião, o treinador deve possuir conhecimento de base das implicações do esforço para ajustar a teoria à prática. São incontáveis as tentativas fracassadas de aplicação dos métodos modernos de treina-mento. Se nos juntarmos a um nível normal de preparação, ou seja, o requerido para classes escolares, grupos de militares etc, certamente haverá rendimento. Contudo, se aumentarmos as cargas, objetivando um nível elevado de preparação, as sutilezas das reações advindas solicitarão providências de ajustagem que não são encontradas no receituário dos métodos, mas que poderão ser concebidas partindo-se das diversas alter-nativas oferecidas pelos fundamentos assimilados pelo treinador.

Por outro lado, é importante ressaltar que os processos padronizados já cumpriram seus objetivos numa primeira instância. A atualidade j á oferece condições para processos flexíveis baseados em roteiros possíveis de ajustagens de acordo cora a situação. O método conhecido sob o nome de Fartlek, originário da Suécia e proposto para o preparo de fundistas, abriu o caminho para essa concepção, e o recente Altitude Training, criado no Brasil, constitui um bom exemplo de "roteiro de treinamento".

Assim sendo, é plausível que possamos manter os processos regrados para a aplicação cm massa, por imposição de organização de trabalho, e que preconizemos a nova concepção para o alto nível desportivo.

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As. três alternativas de aplicação de cargas para a obtenção de resis-tência e de "endurance" serão estudadas em seus pormenores em capítulos apropriados; resta-nos, portanto, apreciar as razões que nos levarão a -decidir sôbre a escolha de uma delas em particular.

Primeiramente coloquemos em plano secundário o treinamento com cargas em circuito, em face de sua posição conciliatória entre os dois es-quemas de base. A adoção dessa forma de trabalho misto impõe-se quando não há ambientes adequados para a apjicação de cargas contínuas ou in-tervaladas ou se deseja dar maior atrativo ao treinamento pela variedade de ações (Morgan e Adamson, 1961). A experiência, entretanto, tem de-monstrado que se trata do meio mais rápido, embora limitado, de se obter resistência e "endurance" (Pausch, Grundmann e Hofmann, 1965).

Quanto à opção entre cargas contínuas ou intervaladas, os dados experimentais comparativos têm convergido no sentido de que se trata mais de uma questão ligada à aplicação de cargas do que de método: o rendi-mento é proporcional ao valor em intensidade e duração da carga assi-milada, não importando o meio utilizado (Roskamm e Classing, 1967; Malerecki, 1966).

Essa tomada de posição é válida, entretanto, em determinadas con-dições, principalmente nas da organização das experimentações referen-ciadas, quando foram comparados resultados de diferentes grupos (in-clusive controle) de militares (Roskamm) ou de atletas (Malerecki), sub-metidos às duas alternativas. A longo prazo, em situação difícil de ser repetida pela pesquisa, a experiência empírica tem comprovado a relativi-dade das opções.

Sabe-se, hoje, que no atleta submetido ao trabalho de cargas contínuas o aproveitamento é mais demorado, embora os efeitos sejam mais durá-veis (SUongeis e Willeput, 1968). Além disso, observa-se um remarcável rendimento no uso das cargas intervaladas no primeiro ano de aplicação; nos seguintes, o atleta atinge rapidamente o potencial obtido no ano an-terior e o processo reduz-se a um valor mínimo. Isto tem sido constatado por tôda a parte, inclusive pelo Autor do presente trabalho, quando res-ponsável pelo treinamento da representação brasileira de Pentatlo Militar durante seis anos consecutivos. Daí a preferência atual dos treinadores por fórmulas mistas, aplicando-se, em sessões separadas e obedecendo a um controle único, cargas contínuas e cargas intervaladas.

Além disso, recentes estudos em torno do problema da altitude em face da realização das Olimpíadas de 1968, na Cidade do México (2240 metros), deram origem a novas interpretações sobremaneira significati-vas. Segundo apreciação de Barbashova (1967) sôbre trabalhos de pes- . quisas realizados na União Soviética por Letunov, Zimkin, Bernshteyn, Korobkov, Gandelsman, Ivanov e outros eminentes cientistas, não somen-te a hipoxia resultansomen-te de elevadas altitudes produz alsomen-terações bioquími-cas no metabolismo celular, mas também a hipoxia criada pelo débito de oxigênio dos esforços de resistência e "endurance".

Assim, as adaptações celulares de caráter permanente que se instalam em indivíduos que passam a viver em regiões de altitudes seriam encon-212

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Iradas também nos atletas submetidos, por vários anos, a esforços intensos e duradouros. Esta seria uma explicação viável para a chamada "memória fisiológica", reconhecível principalmente em corredores (Stampfl, 1960) e nadadores (Carlile, 1963), treinados ao longo de várias temporadas e que apresentam uma rápida e aparentemente inexplicável retomada a níveis razoáveis de forma física, quando solicitados èm curto período de prepa-ração. O "lastro". desses atletas estaria situado na intimidade do corpús-culo celular e não no aparelho cardiorrespiratório, como se julgava ante-riormente, de forma a comportar imobilização e não adaptação.

Essas alterações celulares compreenderiam, em última e resumida análise, uma maior absorção do oxigênio no nível tissular, agora não ori-ginada de um aumentado número de vasos ativados, mas sim em razão de uma melhor.eficiência da atividade das enzimas envolvidas no proces-samento da assimilação (principalmente por parte da citocromoxidase, segundo constatações de Barbashova).

Caso sejam verdadeiras essas proposições, a metodologia do treina-mento desportivo deverá . beneficiar-se, nos próximos anos, com a ten-dência generalizada de certos ramos científicos no sentido da moderna biologia nuclear, pois os conhecimentos em estrutura e função dos sistemas muscular e cardiorrespiratório já atingiram a etapas que apenas permitirão um progresso mais lento e dependente de uma evolução de ordem geral na pesquisa.

Isto posto, e diante da opção entre o uso de cargas contínuas ou inter-valadas, podemos então especular, num plano teórico, que êste último processo seria o indicado para o atleta iniciante, de modo a colocá-lo o mais rapidamente possível num nível ideal de assimilação. Seguir-se-ia, então, a utilização de cargas contínuas durante o restante de sua vida atlética. O trabalho misto, por sua vez, seria o indicado para uma prepa-ração rápida ou como retorno à atividade após longo período de afasta-mento do trabalho intenso. U m dado convergente para essa tese é encontra-do em Bannister (1967), que localiza um maior rendimento encontra-do treina-mento com cargas intervaladas em adolescentes, pelo motivo de o organis-mo jovem ter condições de adaptações fisiológicas e anatômicas num grau sensivelmente superior ao atingido em idade adulta; essa constatação surgiu empiricamente na natação e culminou com o corredor americano Jim Ryun ultrapassando a barreira dos quatro minutos na milha, aos 15 anos, e batendo o recorde da prova ( 3 m 5 1 s l ) em 1957 com a idade de 20 anos.

Transportando-se para o problema de uma nova metodologia para a Educação Física, poderíamos, em face do exposto, ponderar sôbre o estabelecimento de uma primeira fase, até os 10-12 anos, estruturada sô-bre exercícios de coordenação, velocidade e descontração; de uma segun-da, provavelmente a t é os 15-16 anos, baseada em esforços intensos apli-cados fracionadamente; e, de uma terceira, fundamentada em exercícios contra-resistência com aparelhos e atividades contínuas, como corrida, natação, ciclismo, remo etc.

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100 metros 10,000 M E T R O S 12.0 11.0 10.0 10.6 10.6 10.4 1 0 J 10.2 10.0 a g n w i w H ; D 3 K o M • 2 * d 2 o < P, W J M •< 0< < - l M J K o g g *. ot c> a 01 o c> Oi OI Oi d ^

Ei

ATENA S PARI S S . LUÍ S LONDRE S ESTOCOLM O AMBERE S PARI S AMSTERDA M LO S ANGELE S BERLI N LONDRE S HELSINK I MELBOURN E ROM A TOKI O 189 6 199 0 190 4 190 8 191 2 192 0 192 4 192 8 193 2 193 6 194 8 195 2 195 6 196 0 196 4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4 31.45.8 31.20.8 'Ift 1 U 11 J t r . I O . O 30il5.4 :su 11.4 'jo.sa.o íli.17.0 2KI5.6 ÊS.32.2 28.24.4

FIGURA I : Evolução dos resultados no Atletismo dos Jogos Olímpicos numa prova característica de velocidade (100 metros) e outra típica de endurance (10 mü metros).

f

RVJH TRAlNlNG INTERVAL TRAINING DISTANCE TRAINING

FIGURA 2: Componentes do "Condítion Training".

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QUADRO Tis 1

Prova Reserva necessária Absorção durante

a corrida 100 m ' : 100% 200 m 90 l _ 95% 10 5% 400 m 82% 18% 800 m 65% 35% 1.500 m 50% 50% 5.000 m 20% . 80'. í 10.000 m 10% 90% Maratona 2% . 93%' QUADRO NS 2

Ação Meio Situação de

*epouso

Sob esforço de

resis-tência

Efeitos ãa sobrecarga

Inalação Pulmões 8 l / m i n . de 160 l/min. Aumenta a capacida-ar de ar de de ventilação Transporte Coração 75 bat./min. 195

bat./mi-nuto

Aumenta o volume Sangue 5 l / m i n . de 35 I/min. de Aumenta o volume Sangue

fluxo fluxo total

Absorção Vasos 0,25 1 de O, 5 1 de O, Aumentam em núme-por min. por min. ro e em calibre na

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Referências

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