O Teorema de Estrutura para Anéis Primitivos
Curso de Matemáti a - HabilitaçãoLi en iatura
Departamento de Matemáti a
Centro de Ciên iasFísi as eMatemáti as
Universidade Federal de Santa Catarina
Professora Orientadora: VirgíniaSilvaRodrigues
Florianópolis- SC
Primeiramenteagradeço aDeuspelosmomentosde inspiraçãonarealização deste
trabalho.
A professora Virgínia Silva Rodrigues pela dedi ação, orientação e onselhos, os
quais omtribuírammuito para arealização deste trabalho.
Aosprofessores daban aque dispuseram-sea lereste trabalho. Eaos professores
que tantome ensinaram aolongo desses 4anos.
A meus pais, minhairmã e minha namorada peloapoioe arinhoin ondi ional.
Aos amigos que ao longo dessa jornada ompreenderam e ajudaram sempre que
Introdução 5 1 Módulos 7 1.1 Módulos . . . 7 1.2 Submódulos . . . 9 1.3 Módulos Quo ientes . . . 12 1.4 Homomorsmos . . . 13
1.5 Soma DiretaInterna . . . 16
1.6 Sequên ias Exatas. . . 18
2 Anéis Semi-simples e Radi al de Ja obson 22 2.1 Condições de Cadeia . . . 22
2.2 Módulos Semi-simples . . . 24
2.3 Anéis Semi-simples . . . 25
2.4 Radi al de Ja obson . . . 27
3 Anéis Primos e Semiprimos 32 3.1 Ideais Primos . . . 32
3.2 Ideais Semiprimos, Anéis Primos e Semiprimos . . . 35
4 Teorema de Estrutura para Anéis Primitivos à Esquerda 38 4.1 Anéis Primitivos eSemiprimitivos . . . 38
4.2 OTeoremade Estrutura . . . 40
Con lusão 48
A teoria moderna de anéis omeçou quando J. H. M. Wedderburn demonstrou
seu famoso teorema de estrutura para álgebras semi-simples de dimensão nita
so-bre orpos, em 1907. Vinte anos mais tarde, E. Noether e E. Artin introduziram
as ondições de adeia as entente e de adeia des endente sobre ideais unilaterais,
substituindo adimensão nita,eArtinprovouoanálogodoteoremade Wedderburn
para anéis (álgebras) semi-simples. Esta teoria passou a ser, desde então, a pedra
fundamental dateoria de anéis não- omutativos.
Neste trabalho, estudamos o teorema de estrutura para anéis primitivos que é
uma generalização do teorema de Wedderburn-Artin. A grosso modo, este teorema
de estrutura diz que um anel primitivoà esquerda
A
(isto é, um anel que possui um módulo à esquerda simples e el), é isomorfo a um anel denso das transformaçõeslineares sobre um
A
-módulo simples eel.Alémdeste isomorsmo,oteoremagarantequese
A
éartinianoàesquerdaentãodim
k
(V ) = n <
∞
eA ∼
= M
n
(k)
, ondek
é um anel de divisão, enun iado que nos lembra oteorema de Wedderburn-Artin para anéis artinianos à esquerda simples. Ese
A
não é artiniano à esquerda, entãodim
k
(V )
é innita e existem um subanelA
n
deA
eum homomorsmosobrejetordeA
n
paraM
n
(k)
.Alémdademonstração doteoremadeestrutura,objetivamosestudaralguns
tópi- os da teoria de anéis e módulos. Dentre os tópi os estudados, estão os anéis e
módulossimples esemi-simples, anéis
J
-semi-simples (ou Ja obson semi-simples, ou semiprimitivo), anéis e ideais primos e semiprimos e anéis primitivos à esquerda (àdireita). Visamos estudarsuas ara terizações eas relaçõesexistentes entre eles.
Durante o trabalho, pressupomos que o leitor esteja familiarizado om teoria de
anéis. Salientamos também que em todo trabalho,
A
é um anel om unidade não ne essariamente omutativo. Esta informação é importante pois não a repetimosduranteo trabalho. Por m, apresentamos um breve resumodesse trabalho.
Colo amos um primeiro apítulo sobre teoria geral de módulos, introduzimos
denições, exemploseresultados importantesparaodesenvolvimentodestetrabalho.
Nosegundo apítulo,estudamosas lassesdeanéissemi-simplese
J
-semi-simples. Tratamosbrevemente anéis om ondição de adeiaas endente edes endente.anteriormente.
No nosso último apítulo, desenvolvemos alguns resultados, omo o Teorema da
Densidadede Ja obson-Chevalleyealgunsoutrospré-requisitosparaademonstração
Módulos
Neste apítulo,denimos móduloseapresentamos umasérie deexemplos amde
tornar lara ao leitor essa estrutura. A grosso modo, os módulos são uma
generali-zação de espaçosvetoriais,onde aoinvés de orpos, usamosanéispara o onjuntode
es alares. A teoria de módulos está fortemente rela ionada om a teoria de anéis e
grupos, e isso se reete, omo o leitor poderá onstatar, em diversos teoremas
exis-tentes para anéise grupos,que mediantemodi ações,são provados para módulos.
1.1 Módulos
Denição 1.1 Seja
M
um onjunto não vaziomunido de uma operação soma+ : M
× M →
M
(x, y)
7→ x + y.
M om a operação + é dito um grupo se as propriedades a seguir são válidas:
(i) aasso iatividadeda soma:
(x + y) + z = x + (y + z)
, paraquaisquerx, y, z
∈ M
; (ii) existên ia do elemento neutro para a soma: existe um úni o0
∈ M
tal quex + 0 = 0 + x = x
, para todox
∈ M
;(iii)existên ia doelemento oposto: para todo
x
∈ M
, existeumúni oy
∈ M
, tal quex + y = y + x = 0
. Denotamosy
por−x
.M
é dito grupo abeliano ou omutativo se:(iv) a operação
+
é omutativa, ou seja,x + y = y + x
, para quaisquerx, y
∈ M
. Exemplo 1.2(
Z, +), (Q, +), (R, +), (C, +)
são grupos abelianos.(
Z
p
− {0}, ·)
,p
primo é um grupo abeliano multipli ativo.Denição 1.3 Seja
M
um grupo abeliano.M
é dito ummódulo à esquerda sobreA
(ou umA
-módulo à esquerda) se existe uma operação de multipli ação de elementosde
A
por elementos deM
tal qual a denida abaixo, satisfazendo as propriedades de (i) - (iv) para quaisquerx, y
∈ M
ea, a
1
∈ A
:· : A × M →
M
(a, y)
7→ a · y
(i)a
· (a
1
· x) = (a · a
1
)
· x
; (ii)a
· (x + y) = a · x + a · y
; (iii)(a + a
1
)
· x = a · x + a
1
· x
; (iv)1
· x = x
.De modoanálogo, denimos
A
-módulos à direita onsiderandoa multipli ação à direita por elementos doanelA
.Se
a
∈ A
em
∈ M
, es revemos simplesmenteam
para denotar o elementoa
· m
. Emtodotrabalho,M
éumA
-módulo àesquerda. Não havendo onfusão quanto a isso,es revemos sempreM
é umA
-módulo. A notaçãoA
M
(M
A
)é também usada para dizer queM
éumA
-móduloà esquerda (àdireita).Exemplo 1.4 O grupo trivial
{0}
é um módulo sobre qualquerA
-módulo.Exemplo 1.5 Seja
I
umideal à esquerda do anelA
. EntãoI
admiteuma estrutura deA
-módulo (à esquerda) om somae multipli ação induzidos pela soma e multipli- ação deA
.De fato, dados
α
∈ A
ex
∈ I
, temos queαx
∈ I
. Sendo queI
é um ideal à esquerda deA
, então as propriedades para queI
seja umA
-módulo são laramente satisfeitas.Exemplo 1.6 Todo grupo abeliano
(M, +)
pode ser onsiderado omo um módulo sobre o anelZ
dos números inteiros denindo a multipli ação por:· : Z × M → M
zm
7→
0
sez = 0
m +
· · · + m
|
{z
}
z
vezes sez > 0
(
−m) + · · · + (−m)
|
{z
}
−z
vezes sez < 0
para todo
z
∈ Z
e para todom
∈ M
.Denição 1.7 Sejam
R, S
anéiseM
umgrupoabeliano(aditivo). Então,M
édito um(R, S)
bimódulo seM
é umR
-módulo à esquerda e umS
-móduloà direita.Aqui, abe ressaltarmos que para quaisquer
r
∈ R
,s
∈ S
em
∈ M
, vale:(rm)s = r(ms).
Exemplo 1.8 Todo anel
A
é um (A, A
)-bimóduloExemplo 1.9 Todoespaçovetorialsobre um orpo
K
éum(K, K)
-bimódulo, e on-sequentemente, umK
-módulo.1.2 Submódulos
Denição 1.10 Seja
M
um grupo. Um sub onjunto não vazioN
deM
é um sub-grupo deM
quando o onjuntoN
é um grupo om a operação deM
.Proposição 1.11 Sejam
M
um grupo eN
um sub onjunto não vaziodeM
. EntãoN
é um subgrupo deM
se e somente se as seguintes ondições são satisfeitas: (i)'x + y
∈ N
, para quaisquerx, y
∈ N
;(ii)' para todo
x
∈ N
, existe−x ∈ N
tal quex + (
−x) = (−x) + x = 0
.Demonstração: De fato, se
N
é um subgrupo, é laro que as ondições (i)' e (ii)' são válidas. Suponhamos que as ondições (i)' e (ii)' sejam satisfeitas. É laro que+
é uma operação emN
asso iativa. Por outro lado, dadox
∈ N
, por (ii)' existe−x ∈ N
talquex + (
−x) = (−x) + x = 0
. Por (i)',0
∈ N
.Napráti a, veri amos as ondições (i)'e (ii)'para mostrar que
N
é um submó-dulo de um grupoM
.Denição 1.12 Sejam
M
umA
-móduloeN
umsub onjuntonãovaziodeM
. EntãoN
éA
-submódulo deM
, ou simplesmente, um submódulo se: (i)N
é subgrupo aditivodeM
;(ii)
N
é fe hado em relação à operação·
, isto é, dadosα
∈ A
en
∈ N
, tem-se queαn
∈ N
.Proposição 1.13 Seja
M
umA
-módulo. Um sub onjunto não vazioN
deM
é um submódulo deM
se, e somente se, as seguintes ondições são satisfeitas:(i)'
∀ n, n
′
∈ N, n + n
′
∈ N
;
Demonstração: Se
N
ésubmódulo,então(i)'e(ii)'sãosatisfeitas. Re ipro amente, provemosqueN
ésubmódulodeM
. Claramente,+
éumaoperaçãoemN
,poisvale (i)', que é asso iativa e omutativa. ComoN
é não vazio, existex
∈ N
. Por (ii)',0 = 0x
∈ N
. Dadoy
∈ N
, temos que−1 ∈ A
(é o oposto de1
emA
), daí−1y = −y ∈ N
. Logo,N
é um subgrupo deM
e por (ii)' segue queN
é umsubmódulo de
M
.A seguir,apresentamos alguns exemplos de submódulosde um módulo.
Exemplo 1.14 Seja
M
umA
-módulo. Então{0}
eM
sãosubmódulosdeM
hama-dos submódulos triviais.Exemplo 1.15 Sejam
N
1
eN
2
submódulos de um móduloM
. Então o onjuntoN
1
+ N
2
:=
{n
1
+ n
2
: n
1
∈ N
1
e n
2
∈ N
2
}
é um submódulo deM
.De fato,
N
1
+ N
2
⊂ M
. Sejamx, y
∈ N
1
+ N
2
. Então,x = x
1
+ x
2
omx
i
∈ N
i
ey = y
1
+ y
2
omy
i
∈ N
i
, parai = 1, 2
, segue quex + y = (x
1
+ x
2
) + (y
1
+ y
2
) =
(x
1
+ y
1
) + (x
2
+ y
2
)
∈ N
1
+ N
2
. Além disso, dadon
1
∈ N
1
en
2
∈ N
2
e para todoα
∈ A
,segue queαn
1
∈ N
1
eαn
2
∈ N
2
. Logo,α(n
1
+ n
2
) = αn
1
+ αn
2
∈ N
1
+ N
2
. Portanto,N
1
+ N
2
éum submódulo deM
.Exemplo 1.16 Sejam
M
umA
-módulo e{N
i
}
i∈I
é uma família de submódulos deM
, ondeI
é um onjunto qualquer não vazio. EntãoJ =
∩
i∈I
N
i
é submódulo de
M
. De fato, sejamn
1
en
2
∈ J
. Entãon
1
en
2
∈ N
i
,
∀ i ∈ I
. Assim,n
1
+ n
2
∈
N
i
,
∀ i ∈ I
, istoé,n
1
+ n
2
∈ J
.Sejam
α
∈ A
en
∈ J
. Então,n
∈ N
i
,
∀ i ∈ I
, e daí,αn
∈ N
i
,∀i ∈ I
. Logo,αn
∈ J
.Denimosagora alguns tiposde módulos quesão relevantes para otrabalho.
Denição 1.17 Um
A
-móduloM
é dito í li o se existex
∈ M
tal queM = Ax =
{ax : a ∈ A}
. Neste aso, dizemos queM
é gerado porx
, isto é, todo elementoy
∈ M
é da formay = ax
para alguma
∈ A
.Exemplo 1.18 Todo anel
A
visto omo um módulo sobre si mesmo (A
A
ouA
A
) é í li o gerado por1
. Trivialmente,{0}
é módulo í li o sobre qualquer anel.Denição 1.19 Um
A
-móduloM
é dito simples seM
6= {0}
e seus úni os submó-dulos são os triviais.Demonstração: Seja
M
umA
-módulo simples. Então existe0
6= x ∈ M
. Assim,Ax
é um submódulo não nulodeM
. ComoM
ésimples, segue queAx = M
.Denimos agora o anulador de um
A
-módulo. Taldenição é muito usada neste trabalho.Sejam
A
um anel eM
umA
-módulo àesquerda, o onjuntoAn
A
(M) :=
{a ∈ A : am = 0, ∀ m ∈ M}
é hamado de anulador àesquerda domódulo
M
.Na verdade,
An
A
(M)
é um ideal deA
. De fato,0
∈ An
A
(M)
. Sejamx, y
∈
An
A
(M)
eα
∈ A
. Então0 = xm + (
−y)m = (x + (−y))m = (x − y)m, ∀m ∈ M
e portanto,x
− y ∈ An
A
(M)
. Também,0 = α(xm) = (αx)m,
∀m ∈ M
e(xα)m =
x(αm) = 0,
∀m ∈ M
, poisαm
∈ M
. Logo,An
A
(M)
éideal deA
.De maneiraanálogaé denido anulador à direitade um
A
-módulo.Para ada
m
∈ M
,denimosoanuladoràesquerdadesteelementoporAn
A
(m) :=
{a ∈ A : am = 0}
e é fá ilverqueAn
A
(m)
é um ideal àesquerda deA
. SeA
fosse omutativoentãoAn
A
(m)
seria ideal deA
.Denição 1.21 Se
An
A
(M) =
{0}
entãoM
é dito umA
-módulo el.Proposição 1.22 Seja
M
umA
-módulo. EntãoM
é umA/I
-módulo, om a op-eração· : A/I × M → M
denida porαm = (α + I)m := αm
, se, e somente se,IM =
{0}
(ondeI
é um ideal sobreA
).Demonstração:
(
⇒)
ComoM
é umA/I
-módulo, dadosα
∈ I
em
∈ M
, temos queαm = (α + I)m = αm = 0
, poisα + I = α = 0
. Logo,IM =
{0}
.(
⇐)
Denimos· : A/I × M →
M
(α, m)
7→ αm := αm
Mostremosque
·
está bem denida. Sejam(a, m), (a
1
, m
1
)
∈ A/I × M
tais que(a, m) = (a
1
, m
1
)
,daím = m
1
ea = a
1
. Issonos dizquea
−a
1
∈ I
,masporhipótese,(a
− a
1
)m = 0
. Portanto,am = a
1
m
e istoé equivalentea dizermos queam = a
1
m
. Notemos que aspropriedades para queM
seja umA/I
-módulo de orrem dofato de queM
éumA
-móduloe da denição damultipli ação. Corolário 1.23 SejaM
umA
-módulo. EntãoM
é umA/An
A
(M)
-módulo el. Demonstração: ComoAn
A
(M)M =
{0}
, entãoM
é umA/An
A
(M)
-módulo pela proposição a ima. Provemos queM
é el. ChamemosR = A/An
A
(M)
, temos queprovar que
An
R
(M) =
{0}
. De fato, sejax
∈ An
R
(M)
. EntãoxM = 0
e pela denição de·
segue quex
· m = xm = 0, ∀m ∈ M
. Entãox
∈ An
A
(M)
e daí,x = 0
.1.3 Módulos Quo ientes
Sejam
M
umA
-módulo eN
um submódulodeM
. Dadosx, y
∈ M
, denimos a relaçãox
≡ y (mod N)
se, esomentese,x
− y ∈ N.
Veri a-se fa ilmente que
≡ (mod N)
é uma relaçãode equivalên ia. Para adax
∈ M
, asua respe tiva lasse de equivalên ia édada porx + N =
{y ∈ M : y ≡ x (mod N)}
=
{y ∈ M : y − x ∈ N}
=
{x + n : n ∈ N}.
Notemos que por
M
ser um grupo abeliano, dado qualquer submóduloN
(por-tanto,subgrupo)deM
,a lassex + N
( hamada lasse lateralàesquerda) ea lasseN + x
( hamada lasse lateral à direita) oin idem, para qualquerx
∈ M
. Por isso, não fazemosmenção algumaquanto àdireita e àesquerda.Podemos veri ar fa ilmenteque
x + N = y + N
parax, y
∈ M
se, esomentese,x
− y ∈ N
, istoé,x
≡ y (mod N)
.Para fa ilitara es rita,usamos
x
aoinvés dex + N
.Consideremos o onjunto quo iente
M/N =
{x : x ∈ M}
. SendoM
um grupo abeliano, não é difí ilverque(M/N, +)
também o é.Denimos
+ : M/N
× M/N →
M/N
(x, y)
7→ x + y := x + y.
Primeiramente, mostremos que
+
está bem denida. Sejamx, y, x
′
, y
′
∈ M
tais que(x, y) = (x
′
, y
′
)
. Entãox = x
′
ey = y
′
. Daí,x
− x
′
∈ N
ey
− y
′
∈ N
. Portanto,(x + y)
− (x
′
+ y
′
) = (x
− x
′
) + (y
− y
′
)
∈ N
,ouseja,(x + y) = (x
′
+ y
′
)
. Claramente,M/N
éum grupo abeliano. Agora denimos· : A × M/N →
M/N
(a, x)
7→ ax := ax.
Vejamos que
·
está bem denida. Defato,sejamx, y
∈ M
taisquex = y
. Assim,Sejam
a, a
1
∈ A
em, m
1
∈ M
. Então:(i)
a(a
1
m) = aa
1
m = a(a
1
m) = (aa
1
)m = (aa
1
)m
;(ii)
a(m + m
1
) = a(m + m
1
) = a(m + m
1
) = am + am
1
) = am + am
1
= am + am
1
; (iii)(a + a
1
)m = (a + a
1
)m = am + a
1
m = am + a
1
m = am + a
1
m
;(iv)
1m = 1m = m
.Pelo desenvolvimento feito a ima, segue que
M/N
é umA
-módulo, hamado móduloquo iente deM
pelosubmóduloN
.Exemplo 1.24 Seja
I
um ideal à esquerda do anelR
. EntãoR/I
tem a estrutura de umR
-módulo, a operação somaéa própriada estrutura doanelR/I
e aoperação multipli ação de elementos deR
por elementos deR/I
é induzida pelamultipli ação do anelR
.1.4 Homomorsmos
Nesta seção, estudamos um tópi o importante dentro da teoria de módulos, que
são os homomorsmos de módulos. Apresentamos as prin ipais propriedades dos
homomorsmos e introduzimos dois importantes submódulos que são o nú leo e a
imagem de um homomorsmo. Tais on eitos farão toda a diferença quando
es-tudarmos sequên ias exatas que ulminam na ara terização de anéis semi-simples
apresentados mais adiante.
Sejam
M
eN
doisA
-módulos. Umafunçãof : M
→ N
diz-seumhomomorsmo deA
-módulos ou umA
-homomorsmo se para quaisquerm
1
, m
2
∈ M
e qualquerα
∈ A
,veri am-se as seguintes ondições: (i)f (m
1
+ m
2
) = f (m
1
) + f (m
2
)
;(ii)
f (αm) = αf (m)
.Se
f
éumhomomorsmoinjetor,sobrejetoroubijetor,entãof
éditoum monomor-smo, epimorsmo ouum isomorsmo, respe tivamente.Umhomomorsmo
f : M
→ M
éditoum endomorsmoesef
éum isomorsmo entãof
é hamadoum automorsmo. Sef : M
→ N
éumisomorsmo,dizemosque os módulosM
eN
são isomorfos e denotamosporM ∼
= N
.Determinamos por
End(M)
o onjunto de todos os homomorsmos deM
paraM
.Proposição 1.25 Sejam
M
eP
doisA
-módulos . Sejaf : M
→ P
um homomor-smo. Então as seguintes propriedades são satisfeitas:(i)
f (0) = 0
;Demonstração: (i)Temos que
f (0) = f (0 + 0) = f (0) + f (0)
. Daíf (0) = 0
. (ii) De fato, temos que0 = f (0) = f (x + (
−x))
, para todox
∈ M
. Daí,0 =
f (x) + f (
−x)
e segue que−f(x) = f(−x)
.Exemplo 1.26 Sejam
M, N
doisA
-módulos. Então a funçãof : M
→ N
denida porf (x) = 0
para todox
∈ M
é um homomorsmo, hamado homomorsmonulo. Exemplo 1.27 SejaM
umA
-módulo. Então a função1
M
: M
→ M
denida por1
M
(m) = m
(m
∈ M
) é hamado identidade emM
e é um automorsmo.Exemplo 1.28 Seja
N
umsubmódulodeumA
-móduloM
. Entãoafunçãoin lusão anni ai : N ֒
→ M
n
7→ n
é um monomorsmo.
Exemplo 1.29 Seja
N
um submódulo de umA
-móduloM
. Então a funçãoπ : M
→ M/N
x
7→
x
é um epimorsmo, hamado projeção anni a.
Seja
f : M
→ N
umA
-homomorsmo, hamamosimagemdef
(Im(f )
)enú leo def
((Ker(f ))
∗
),respe tivamente aos onjuntos
Im(f ) =
{f(x) : x ∈ M};
Ker(f ) =
{x ∈ M : f(x) = 0}.
(*)Essa éanotaçãousadanaliteraturaem que
Ker
abreviaapalavranú leoem inglês, kernel.Proposição 1.30 Seja
f : M
→ N
umA
-homomorsmo. EntãoIm(f )
eKer(f )
são submódulos deN
eM
, respe tivamente.Demonstração: Mostremos que
Im(f )
éum submódulo deN
.Sejam
n
1
en
2
∈ Im(f)
. Entãon
1
= f (m
1
)
en
2
= f (m
2
)
para algunsm
1
, m
2
∈
M
. Daí,n
1
+ n
2
= f (m
1
) + f (m
2
) = f (m
1
+ m
2
)
eissonos diz quen
1
+ n
2
∈ Im(f).
Sejamα
∈ A
en
∈ Im(f)
. Entãon = f (m)
, para algumm
∈ M
. Daí,Mostremosque
Ker(f )
éum submódulo deM
.Sejam
m
1
em
2
∈ Ker(f)
. Entãof (m
1
+ m
2
) = f (m
1
) + f (m
2
) = 0 + 0 = 0
. Logo,m
1
+ m
2
∈ Ker(f)
.Sejam
α
∈ A
em
∈ Ker(f)
. Entãof (αm) = αf (m) = α0 = 0
. Portanto,αm
∈ Ker(f)
.Proposição 1.31 Seja
f : M
→ N
umhomomorsmodeA
-módulos. Entãof
é um monomorsmo, se e somente se,Ker(f ) =
{0}
.Demonstração: Seja
f
um monomorsmo. Provemos queKer(f ) =
{0}
. De fato, sejax
∈ Ker(f)
. Entãof (x) = 0
. Segue quef (x) = 0 = f (0)
, o que impli ax = 0
. Por outro lado, suponhamosKer(f ) = 0
. Sejamx
,y
∈ M
tais quef (x) = f (y)
. Entãof (x
− y) = 0
, ouseja,x
− y ∈ Ker(f)
. ComoKer(f ) =
{0}
,segue quex = y
,o que nos mostra quea função
f
é injetora.Estandosubentendido oanel
A
, daquipara frente, es revemos apenasmódulo(s), submódulo(s),homomorsmo(s)eisomorsmo(s)aoinvésdeA
-módulo(s),A
-submódulo(s),A
-homomorsmo(s)eA
-isomorsmo(s).Teorema 1.32
(
Teorema do Homomorsmo)
SejamM
eN
módulosef : M
→
N
um homomorsmo. EntãoM/Ker(f )
eIm(f )
são módulos isomorfos.Demonstração: Denimos
f : M/Ker(f )
→ Im(f)
porf (m) = f (m)
. Provemos quef
está bem denida.Sejam
m, m
′
∈ M/Ker(f)
tais quem = m
′
. Entãom
− m
′
∈ Ker(f)
. Daí,f (m
− m
′
) = 0
,ou seja,f (m) = f (m
′
)
. Logof (m) = f(m
′
)
.Provemos que
f
é um homomorsmo bijetor. Sejamx, y
∈ M/Ker(f)
ea
∈ A
, temos quef(x + y) = f (x + y) = f (x + y) = f (x) + f (y) = f (x) + f (y)
ef(ax) = f (ax) = f (ax) = af (x) = af (x).
Sejam
m
em
′
∈ M/Ker(f)
taisquef (m) = f (m
′
)
. Então,f (m) = f (m
′
)
, o que impli af (m
− m
′
) = 0
, ouseja,m
− m
′
∈ Ker(f)
. Logo,m = m
′
.Notemosque
Im(f) =
{f(x) : x ∈ M} = {f(x) : x ∈ M} = Im(f)
etrivialmentef
ésobrejetora.O orolárioabaixo é uma apli açãodireta doteorema a ima.
Corolário 1.33 Se
f : M
→ N
é um epimorsmo, entãoN
eM/Ker(f )
são iso-morfos.Corolário 1.34 Todomódulo í li oéisomorfoaummóduloquo ientede
A
por um ideal à esquerda deA
.Demonstração: Suponhamos
M = Am
paraalgumm
∈ M
. Denimosf : A
→ Am
porf (a) = am
. Mostremos quef
éum epimorsmo.Sejam
a, b
∈ A
. Entãof (a + b) = (a + b)m = am + bm = f (a) + f (b)
ef (ab) =
(ab)m = a(bm) = af (b)
.Poroutro lado,
Ker(f ) =
{a ∈ A : f(a) = 0} = {a ∈ A : am = 0} = An
A
(m)
ef
é laramentesobrejetor. PeloCorolário1.33,A/An
A
(m)
eAm
são isomorfos. O próximo teorema é muito importante para o nosso trabalho, vamos olo á-loneste apítulo,porémele seráusado maisadiante. Ofato de
A
ser um anel não-nulo garante a existên ia de ideal à esquerda (à direita) maximal. Isso será mostrado naProposição 2.21.
Teorema 1.35 Para um anel
A
não-nulo, as seguintes ondições são equivalentes: (i)A/I
é simples omo umA
-módulo para algum ideal à esquerdaI
deA
;(ii)
I
é um ideal à esquerda maximal deA
.Demonstração: (i)
⇒
(ii)Suponhamos queA/I
ésimples. DevemosmostrarqueI
éum idealàesquerdamaximaldeA
. SejaJ
umidealà esquerdadeA
talqueJ
$ A
eI
⊆ J
. EntãoJ/I
é ideal à esquerda deA/I
. ComoA/I
é simples, segue queJ/I =
{0}
ouJ/I = A/I
. SeJ/I = A/I
, entãoJ = A
, o que ontradiz a hipótese. Logo,J/I =
{0}
,oqueimpli aJ
⊆ I
,ouseja,J = I
. Portanto,I
éideal àesquerda maximal.(ii)
⇒
(i) SuponhamosI
um ideal à esquerda maximal. Provemos queA/I
é umA
-módulo simples. De fato, sejaJ
ideal à esquerda deA/I
(equivalentemente,J
é umsubmódulodeA/I
). Entãoexiste umúni oidealàesquerdaJ
deA
talqueI
⊆ J
eJ/I = J
. Por hipótese,J = I
ouJ = A
. Assim,J =
{0}
ouJ = A/I
. Portanto,A/I
é umA
-módulo simples.1.5 Soma Direta Interna
Sejam
M
um módulo e{M
λ
}
λ∈I
uma família não vazia de submódulos deM
. EntãoM
é hamado soma diretainternados submódulosM
λ
, para todoλ
∈ I
se: (i)M =
P
λ∈I
M
λ
(lembramosqueum elementom
∈ M
ées rito omom =
P
i∈I
m
i
, onde{m
i
}
i∈I
é uma famíliaquase nula) e (ii)M
λ
∩
P
u6=λ
M
u
!
=
{0}, ∀ λ ∈ I
.Notamos
M =
⊕
λ∈I
M
λ
e se
I =
{1, 2, · · · , n}
entãoM = M
1
⊕ M
2
⊕ · · · ⊕ M
n
. A proposição aseguir nos dá ondiçõesequivalentes para quetenhamos soma direta.Proposição 1.36 Seja
{M
i
}
i∈I
uma famílianão vaziade submódulosde ummóduloM
. As seguintes armações são equivalentes:(i) todo elemento
m
∈ M
se es reve de um úni o modo omom =
P
i∈I
m
i
, ondem
i
∈ M, ∀ i ∈ I
e a família{m
i
}
i∈I
é quase nula (uma família é dita quase nula quando ela é nula ex eto para um número nito de termos);(ii)
M =
P
i∈I
M
i
e seP
i∈I
m
i
= 0
, omm
i
∈ M
i
, tem-sem
i
= 0
, para todoi
∈ I
;(iii)
M =
P
i∈I
M
i
eM
j
∩
P
i6=j
M
i
!
=
{0}, ∀ j ∈ I
.Demonstração: (i)
⇒
(ii)É laroqueM =
P
i∈I
M
i
. Suponhamos quem =
P
i∈I
m
i
= 0
, omm
i
∈ M
i
. Mas por (i), todo elemento deM
se es reve de modo úni o. Logo,m
i
= 0
, para todom
i
∈ M
. (ii)⇒
(iii) Sejam
∈ M
j
∩
P
i6=j
M
i
. Entãom
∈ M
j
e es revemosm =
P
i6=j
m
i
, omm
i
∈ M
i
ei
∈ I
. Portanto,P
i6=j
m
i
− m = 0
, e por(ii)
todos os somandos devem ser nulos. Emparti ular,m = 0
.(iii)
⇒
(i) ComoM =
P
i∈I
M
i
, temos quem =
P
i∈I
m
i
, omm
∈ M
onde{m
i
}
i∈I
é uma famíliaquase nula. Provemos que ade omposição dem
éúni a.Suponhamos que existam duas de omposições para
m
, isto é,P
i∈I
m
i
=
P
i∈I
m
′
i
.Para ada
j
∈ I
, temos quem
j
− m
′
j
=
P
i6=j
m
′
i
−
P
i6=j
m
i
=
P
i6=j
(m
′
i
− m
i
)
e portanto,m
′
j
− m
j
∈ M
j
∩
P
i6=j
M
i
(iii)
=
{0}
. Logo,m
j
= m
′
j
.Denição 1.37 Seja
N
um submódulo de um móduloM
. Dizemos queN
é um somando direto deM
se existe um submóduloP
deM
tal queM = N
⊕ P
.Exemplo 1.38 Para qualquer módulo
M
, tem-se sempre queM = M
⊕ {0}
. Os submódulosM
e{0}
são ditos somandos diretos triviais.Exemplo 1.39 Sejam
k
1
=
R(1, 0), k
2
=
R(0, 1), k
3
=
R(1, 1), k
4
=
R(3, 1)
sub-módulos doR
-móduloR × R
. EntãoR × R = k
1
⊕ k
2
= k
1
⊕ k
3
= k
1
⊕ k
4
.Exemplo 1.40 Seja
R
umanel. ConsideremosM
2
(R)
oaneldasmatrizesquadradas2
×2
omentradasnoanelR
. TemosqueN =
0 R
0 R
!
=
(
0 x
0 y
!
: x, y
∈ R
)
eP =
R 0
R 0
!
=
(
z 0
w 0
!
: z, w
∈ R
)
sãoR
-submódulosdeM
2
(R)
eM
2
(R) =
N
⊕ P
.De fato, tome
Z
Z
. SejamN
eS
submódulos não-nulos deZ
. EntãoN = (n)
eS = (s)
paraalgunsn, s
∈ Z
. Assim,n
· s ∈ N ∩S
. Logo,asomanãopodeser direta.Proposição 1.42 Sejam
M
um módulo eN
1
, N
2
submódulos deM
tais queM =
N
1
⊕ N
2
. EntãoM/N
1
∼
= N
2
.Demonstração: Como
M = N
1
⊕ N
2
, podemos es reverm = n
1
+ n
2
onden
1
en
2
são uni amente determinados. Assim, denimosϕ : M
→ N
2
porϕ(m) = n
2
. É laro queϕ
é um homomorsmo sobrejetor. Por outro lado,Ker(ϕ) =
{m ∈ M :
ϕ(m) = 0
} = {n
1
: n
1
∈ N
1
} = N
1
. Logo,M/N
1
∼
= N
2
.Exemplo 1.43 ConsiderandooExemplo1.40, pelaproposiçãoa ima
M
2
(R)/N ∼
= P
eM
2
(R)/P ∼
= N
.1.6 Sequên ias Exatas
Aseçãosobresequên ias exatasdesempenhapapelimportantenoCapítulo2,pois
está totalmenterela ionada om o teoremade ara terizaçãodos anéis semi-simples.
Denição 1.44 Sejam
{· · · , M
i−1
, M
i
, M
i+1
,
· · · }
uma família não vazia, eventual-mente innita de módulos e{· · · , f : M
i
→ M
i+1
,
· · · }
uma família de homomors-mos. Diz-se que o diagrama:· · · → M
i−1
f
i−1
→ M
i
f
i
→ M
i+1
f
i+1
→ · · ·
é umasequên iaexatase éexataem
M
i
,∀ i ∈ I
, istoé, seIm(f
i−1
) = Ker(f
i
),
∀ i ∈
I
, ondeI
é um onjunto não vazio qualquer.Denição 1.45 Uma sequên ia exata de módulos da forma
0
→ F
f
→ G
→ H → 0
g
é dita uma sequên iaexata urta.
Proposição 1.46 Seja
F
f
→ G
→ H
g
umasequên iaexatademódulos. Entãog
◦f =
0
.Demonstração: Seja
x
∈ F
. Então(g
◦ f)(x) = g(f(x))
, masIm(f ) = Ker(g)
e daí,g(f (x)) = 0
para todox
∈ F
. Logo,g
◦ f = 0
. Proposição 1.47 SejamM, N, P
módulos. Então a sequên ia0
f
o
→ M
→ N
f
→
g
P
→ 0
g
o
éexatase,esomentese,f
éummonomorsmo,g
umepimorsmoeIm(f ) =
Demonstração:
(
⇒)
A sequên ia sendo exata, signi a que é exata emM, N
eP
. Daí,0 = Im(f
o
) = Ker(f )
,Im(f ) = Ker(g)
eIm(g) = Ker(g
o
) = P
, seguindo portantoquef
éum monomorsmo eg
é um epimorsmo.(
⇐)
Sef
éum monomorsmoentãoKer(f ) = 0 = Im(f
o
)
. Seg
é um epimorsmo, entãoIm(g) = P = Ker(g
o
)
e omoIm(f ) = Ker(g)
,seguequeasequên iaéexata.Exemplo 1.48 Seja
n
∈ Z, n ≥ 2
. A sequên ia0
→ nZ
i
→ Z
→ Z
π
n
→ 0
é exata, ondei
eπ
são respe tivamente, as funções in lusão e projeção anni as.Oexemplo seguinte éuma generalização doanterior.
Exemplo 1.49 Se
E
é um submódulo deF
, então a sequên ia0
→ E
i
→ F
→
π
F/E
→ 0
é exata, ondei
eπ
são respe tivamente, as funções in lusão e projeção anni as.Denição 1.50 Dada asequên iaexata demódulos
0
→ E
f
→ F
→ G → 0
g
,dizemos que a mesma inde seIm(f )
é um somando direto deF
.Proposição 1.51 Dada uma sequên ia exata de
A
-módulos0
→ E
f
→ F
→ G → 0
g
, as seguintes armações são equivalentes:(i) a sequên ia inde;
(ii) existe um homomorsmo
ψ : F
→ E
tal queψ
◦ f = 1
E
; (iii) existe um homomorsmoϕ : G
→ F
tal queg
◦ ϕ = 1
G
.Demonstração: (i)
⇒
(ii) Temos queIm(f )
é um somando direto de F, ou seja, existe um submóduloP
deF
talqueF = Im(f )
⊕ P
. Portanto,sex
∈ F
,entãox
é expresso de formaúni a omox = y + p
ondey
∈ Im(f)
ep
∈ P
.Como
y
∈ Im(f)
, segue quey = f (v)
para algumv
∈ E
. Note quev
é úni o, poisf
é uma função injetora.Denimos
ψ : F
→ E
porψ(x) = v
(ondex = y + p
, omy = f (v)
, paraúni ov
). Mostremos queψ
é um homomorsmo. De fato, sejamx
,x
′
∈ F
. Entãox = y + p
ex
′
= y
′
+ p
′
, ondey
,y
′
∈ Im(f)
e portanto,y = f (v)
,y
′
= f (v
′
)
, para úni osv, v
′
∈ E
e ainda,p, p
′
∈ P
. Temos queψ(x + x
′
) = ψ((y + y
′
) + (p + p
′
)) = ψ((f (v + v
′
)) + (p + p
′
))
= v + v
′
= ψ(x) + ψ(x
′
)
eψ(rx) = ψ(r(y + p)) = ψ(ry + rp) = ψ(rf (v) + rp) = ψ(f (rv) + rp)
= rv = rψ(x),
para todor
∈ A.
Agora, mostremos que
ψ
◦ f = 1
E
. Sejae
∈ E
. Então(ψ
◦ f)(e) = ψ(f(e)) = e
. Logo,ψ
◦ f = 1
E
.(ii)
⇒
(i)MostremosqueF = Im(f )
⊕Ker(ψ)
. Sejax
∈ F
. Chamemosf (ψ(x)) =
y
ez = x
− y
. Logo,x = y + z
, e laramentey
∈ Im(f)
. É su iente mostrarmos quez
∈ Ker(ψ)
. De fato,ψ(z) = ψ(x
− y) = ψ(x) − ψ(y) = ψ(x) − ψ(f(ψ(x)))
= ψ(x)
− (ψ ◦ f)(ψ(x))
(ii)
= ψ(x)
− ψ(x) = 0.
Provemos ainda que
Im(f )
∩ Ker(ψ) = {0}
. Sejay
∈ Im(f) ∩ Ker(ψ)
. Entãoy
∈ Im(f)
,istoé,y = f (x)
paraalgumx
∈ E
etambémψ(y) = 0
. Logo,0 = ψ(y) =
ψ(f (x)) = (ψ
◦ f)(x) = x
. Portanto,y = f (x) = f (0) = 0
.(i)
⇒
(iii)Sabemos que existe um submóduloP
deF
tal queF = Im(f )
⊕ P
. Sejaw
∈ G
. Então existex
∈ F
tal queg(x) = w
. Comox = y + p
, ondey
∈ Im(f)
ep
∈ P
, temos queg(x) = g(y + p) = g(y) + g(p) = g(p)
, poisy
∈
Im(f ) = Ker(g)
. Logo,g(p) = w
.Mostremos que
p
om esta propriedade é úni o. Suponhamos que existap
′
∈ P
tal que
g(p
′
) = w
. Então
g(p) = g(p
′
)
e isso impli a que
g(p)
− g(p
′
) = 0
, ou seja,
g(p
− p
′
) = 0
. Assim
p
− p
′
∈ Ker(g) = Im(f)
e daí,p
− p
′
∈ Im(f) ∩ P = {0}
. Donde,p = p
′
.
Denimos
ϕ : G
→ F
porϕ(w) = p
, ondep
é talqueg(p) = w
. Mostremos queϕ
é um homomorsmo. Sejamw, w
′
∈ G
. Entãow = g(x)
ew
′
= g(x
′
)
para algunsx, x
′
∈ F
. Mas
F = Im(f )
⊕ P
e isso impli a quex = y + p
ex
′
= y
′
+ p
′
, ondey, y
′
∈ Im(f)
ep, p
′
∈ P
. Logo,ϕ(w + w
′
) = ϕ(g(y + p) + g(y
′
+ p
′
)) = ϕ(g(y + y
′
+ p + p
′
))
= ϕ(g(y + y
′
) + g(p + p
′
))
(∗)
= ϕ(g(p + p
′
)) = p + p
′
= ϕ(w) + ϕ(w
′
)
eϕ(rw) = ϕ(rg(y + p)) = ϕ(g(r(y + p))) = ϕ(g(ry + rp))
= ϕ(g(ry) + g(rp))
(∗)
= ϕ(g(rp)) = rp = rϕ(w),
∀ r ∈ A.
As igualdades
(
∗)
se devem ao fato de quey + y
′
e
ry
∈ Ker(g)
. Além disso,(g
◦ ϕ)(w) = g(p) = w, ∀ w ∈ G
. Logo,(g
◦ ϕ) = 1
G
.(iii)
⇒
(i) Mostremos queF = Im(f )
⊕ P
, ondeP = Im(ϕ)
. Sey
∈ Im(f) ∩ P
, então existemz
∈ E
ew
∈ G
tais quey = f (z) = ϕ(w)
. Comog(y) = 0
, segue que0 = g(y) = g(f (z)) = g(ϕ(w)) = (g
◦ ϕ)(w) = w
. Assim,y = 0
e portanto,Agora, seja
y
∈ F
. Então é laro quet = y
− ϕ(g(y)) ∈ Ker(g) = Im(f)
. Portanto,y = t + ϕ(g(y))
∈ Im(f) + Im(ϕ)
. Assim,F = Im(f )
⊕ H
e a ondição(i) ésatisfeita.
Corolário 1.52 Se a sequên ia exata urta
0
→ E
f
→ F
→ G → 0
g
inde, entãoF ∼
= E
⊕ G
.Demonstração: Comoasequên ia inde,então
F = Im(f )
⊕Im(ϕ)
,por(iii)
⇒ (i)
do teorema a ima. Além disso,ϕ
é injetor (poisg
◦ ϕ = 1
G
, isto é,ϕ
tem inversa à esquerda) daí,G ∼
= Im(ϕ)
.Por
f
ser injetor,Im(f ) ∼
= E
. Logo,F = Im(f )
⊕ Im(ϕ) ∼
= E
⊕ G
. Exemplo 1.53 SejamA
umanel eR = M
2
(A)
oaneldas matrizesdeordem2
sobreA
. É fá il veri ar que os onjuntosI =
(
a 0
b 0
!
: a, b
∈ A
)
eJ =
(
0 c
0 d
!
: c, d
∈ A
)
são ideais à esquerda de
R
e portantoR
-submódulos (à esquerda) deR
. ClaramenteR
R = I
⊕ J
e portanto, a sequên ia exata urta0
→ I
i
→ R
→ R/I → 0
π
inde. Na sequên ia dadai
é a in lusão eπ
a projeção anni as. Notemos queR/I ∼
= J
.Anéis Semi-simples e Radi al de
Ja obson
Nesse apítulotrabalhamos om duas lasses importantes de anéis,asaber, ados
anéis semi-simples e dos anéis
J
-semi-simples. Estudamos as ara terizações destes anéis, assim omo, a relação entre eles. Enun iamos, sem demonstrar, oteorema deWedderburn-Artin,um asoparti ulardoteoremadaestruturaparaanéisprimitivos.
2.1 Condições de Cadeia
Nesta seção, denimos módulos e anéis noetherianos (artinianos). Para isso,
falamos brevemente sobre ondições de adeia. Nosso objetivo é apenas lembrar
denições e resultados rela ionados,sem demonstrá-los.
Dadoum onjunto
C
,dizemosqueumafamíliadesub onjuntosF =
{C
i
: i
∈ I}
deC
satisfaza ondiçãode adeiaas endente(CCA)seF
não ontémumasubfamília estritamente res enteC
i
1
$ C
i
2
$ · · ·
, ou seja, para qualquer adeia as endenteC
i
1
⊆ C
i
2
⊆ · · ·
deelementos deF
,existeuminteiron
talqueC
i
n
= C
i
n+1
= C
i
n+2
=
· · ·
.A ondição de adeia des endente (CCD) é formulada de maneira semelhante,
invertendo osentido das in lusões.
Denição 2.1 Seja
M
umA
-móduloàesquerda. DizemosqueomóduloM
é noethe-riano (respe tivamente artiniano) se a família de todos os submódulos deM
satisfaz CCA (respe tivamente CCD).Para o aso em que
M = A
temos as deniçõespara anéis noetherianos e artini-anos.Dizemosqueoanel
A
énoetheriano àesquerda(respe tivamenteàdireita)seA
é noetheriano quandovisto omoumA
-móduloàesquerda(respe tivamenteàdireita) eartinianoàesquerda(respe tivamenteàdireita)seA
éartinianoquandovisto omo umA
-módulo à esquerda (respe tivamente à direita). Se o anelA
é noetheriano à esquerda e àdireita,A
diz-se simplesmentenoetheriano. O mesmo vale para o aso artiniano.Apresentamos agora um resultado bem onhe ido e muito útilpara en ontramos
exemplos de módulos noetherianos. Ao leitor interessado, indi amos ([4℄, Theorem
1.9, p. 375).
Proposição 2.2 Um módulo
M
é noetherianose, e somente se, ada submódulodeM
énitamentegerado(M
éumA
-módulonitamentegeradoseexistemm
1
,
· · · , m
s
∈
M
tais queM = Am
1
+ Am
2
+
· · · + Am
s
).Exemplo 2.3 O
Z
-móduloZ
é noetheriano, pois todo submódulo deZ
é í li o e portantonitamentegerado. Entretanto,oZ
-móduloZ
nãoéartiniano, poisobtemos a adeia estritamente res ente de ideais deZ
2
Z % 4Z % 8Z % · · · % 2
n
Z % · · · .
Exemplo 2.4 Corpos e anéis de divisão são anéisnoetherianos e artinianos.
Para nalizar esta seção, gostaríamos de lembrar um resultado útil para o
tra-balho. Primeiramenteapresentamos duas denições.
Denição 2.5 Dado um
A
-módulo à esquerdaM
, uma série normal paraM
é uma adeia de submódulosM = M
0
⊃ M
1
⊃ · · · ⊃ M
s
.
Osfatores da série são os módulos quo ientes
M
i
/M
i+1
(i = 0, 1,
· · · , s − 1
). Denição 2.6 Uma série de omposição(nita) para umA
-móduloM
é uma série normalM = M
0
⊃ M
1
⊃ · · · ⊃ M
s
tal que ada fator dasérie, isto é,M
i
/M
i+1
é umA
-módulo simples para todoi
∈ {1, 2, · · · , s − 1}
.Para maiores detalhes, veja ([4℄, p. 375)
Teorema 2.7 Um
A
-módulo à esquerdaM
é noetherianoe artiniano se, e somente se,M
possui um série de omposição nita.Denição 2.8 Um
A
-móduloM
é dito semi-simples se todo submódulo deM
é um somando direto deM
.Proposição 2.9 Todo submódulo de um módulo semi-simples é semi-simples.
Demonstração: Sejam
M
um módulo semi-simples eN
um submódulo deM
. SejaH
um submódulo deN
. Provemos que existe um submóduloP
deN
tal queN = P
⊕ H
.Sendo
M
semi-simples, existe um submóduloJ
deM
tal queM = J
⊕ H
, poisH
é um submódulo deM
. Mostremos queN = (J
∩ N) ⊕ H
.É laroque
(J
∩N)∩H = {0}
,poisJ
∩N ∩H ⊂ J ∩H = {0}
. Como(J
∩N)⊕H
é um submódulo deN
, resta provarmos queN
⊂ (J ∩ N) ⊕ H
.Seja
n
∈ N
. Entãon
∈ M
e portanto,n = u + v
ondeu
∈ J
ev
∈ H
. Daí,u
∈ J ∩N
,poisu = n
−v
. Portanton = u+v
∈ (J ∩N)⊕H
eentãoN = (J
∩N)⊕H
.Logo,
N
é semi-simples.Exemplo 2.10 Seja
K
um orpo. Então todoK
-espaço vetorial é umK
-módulo semi-simples. Em parti ular,K
é umK
-módulo semi-simples.De fato,sua úni a de omposição é atrivial,isto é,
K = K
⊕ {0}
Exemplo 2.11 Todo módulo simples é semi-simples.Defato, seja
M
um módulo simples. Então seus úni os submódulos são{0}
eM
e obviamenteM =
{0} ⊕ M
.Consideremos
D
um anel de divisão. Notemos queD
não possui ideais à es-querda e nem à direita que não sejam os triviais. Portanto,D
D
eD
D
são simples e onsequentemente semi-simples.O seguinte resultado é interessante, pois garante que todo módulo semi-simples
não-nulo possui submódulo simples. Este resultado é fortemente usado na
demons-tração doTeorema 2.13 a seguir.
Proposição 2.12 Todo
A
-módulosemi-simplesnão-nulo ontémumsubmódulo sim-ples.Demonstração: Seja
M
umA
-módulo semi-simples não-nulo. Seja0
6= m ∈ M
. EntãoAm
é um submódulo não-nulo deM
e, pela Proposição 2.9, temos queAm
é semi-simples. Mostremos queAm
ontém um submódulo simples. Pelo Lema de Zorn, existeN
um submódulo deAm
que é maximal om respeito a propriedadede que
m
6∈ N
. SendoAm
semi-simples, existeN
′
submódulo de
Am
tal queAm = N
⊕ N
′
.
É laro que
N
′
é não-nulo, pois aso ontrário,
Am = N
eteríamos um absurdo, poism
não perten eria aAm
.Mostremos que
N
′
é simples. SejaN
′′
um submódulo não-nulo deN
′
. EntãoN
⊕ N
′′
deve onter
m (
pelamaximidadedeN)
. Logo,Am = N
⊕ N
′′
eissoimpli a
que
N
′′
= N
′
.
Oteoremaabaixo não édemonstrado aqui. Aoleitor interessado, indi amos ([5℄,
p. 26).
Teorema 2.13 Seja
M
umA
-módulo. São equivalentes: (i)M
é semi-simples;(ii)
M
é somadireta de uma família de submódulos simples; (iii)M
é soma de uma família de submódulos simples.2.3 Anéis Semi-simples
Um anel
A
é dito semi-simples à esquerda seA
, omoA
-módulo à esquerda, é semi-simples, isto é,A
A
é semi-simples. Analogamente, denimos anel semi-simples à direita onsiderandoA
omoA
-módulo àdireita.Oteoremaabaixo ara terizaanéissemi-simplesàesquerda. Oanálogodomesmo
ara teriza anéis semi-simples àdireita.
Teorema 2.14 Seja
A
um anel. Então são equivalentes: (i)A
é semi-simples à esquerda;(ii) toda sequên ia exata urta de
A
-módulos à esquerda inde; (iii) todoA
-módulo à esquerda é semi-simples.Demonstração: (ii)
⇒
(iii)SejaM
umA
-móduloeN
um submódulo deM
. Sabe-mos que a sequên ia0
→ N
i
→ M
→ M/N → 0
π
inde. Portanto,N
é um somando direto deM
.(iii)
⇒
(ii)SejaM
umA
-móduloàesquerdasemi-simples. Consideremosasequên ia exata urta0
→ P
f
→ M
→ G → 0
g
. ComoIm(f )
eKer(g)
são submódulos deM
, seguequeIm(f )
eKer(g)
sãosomandos diretosdeM
,poisM
ésemi-simples. Logo, a sequên ia inde.(iii)
⇒
(i)ComotodoA
-móduloàesquerdaésemi-simples,seguequeA
ésemi-simples à esquerda.(i)
⇒
(iii) SejaM
umA
-módulo à esquerda. SeM =
{0}
, laramenteM
é semi-simples à esquerda.Suponhamos
M
6= {0}
. Então existe0
6= m ∈ M
. Consideremos oA
-submódulo í li oAm
deM
.Seja o epimorsmo de módulos
ϕ : A
→ Am
dado porϕ(a) = am
. Clara-menteA/Ker(ϕ) ∼
= Am
. ComoA
é semi-simples à esquerda, podemos es reverA = Ker(ϕ)
⊕ I
, ondeI
éum submódulo semi-simples deA
.Portanto,
Am ∼
= (Ker(ϕ)
⊕ I)/Ker(ϕ) ∼
= I
(veja Proposição 1.42).Logo,
Am
éumA
-módulosemi-simplese,peloTeorema2.13,Am
éumasomade módulossimples. Agora,M =
P
m∈M
Am
esegue novamentedoTeorema2.13queM
ésemi-simples.
Exemplo 2.15 Corpos e anéis de divisão são anéis semi-simples à esquerda.
Denição 2.16 Dizemosque
I
é umideal à esquerdaminimal deA
seI
6= {0}
e seJ
é um ideal à esquerda deA
tal que{0} ⊂ J ⊂ I
entãoJ =
{0}
ouJ = I
.Corolário 2.17 Todo anel semi-simples à esquerda é noetheriano à esquerda e
ar-tiniano à esquerda.
Demonstração: Seja
A
um anel semi-simples à esquerda. Podemos es reverA
A =
⊕
i∈I
U
i
, onde os
U
′
i
s
sãoA
-submódulos simples deA
(de fato, adaU
i
é um ideal à esquerda minimaldeA
).Temos que
1
∈ A
e é es rito omo1 = u
i
1
+
· · · + u
i
t
ondeu
i
j
∈ U
i
j
paraj
∈ {1, 2, · · · , t}
. Logo,A
⊂
t
⊕
j=1
U
i
j
⊂ A
e assim,A =
t
⊕
j=1
U
i
j
.Reindexando e reordenando os índi es
i
j
′
s
, hamamosJ =
{1, · · · , t}
. Logo,A =
⊕
i∈J
U
i
é umasoma direta nita. Daí,
A =
⊕
i∈J
U
i
⊃
t−1
⊕
i=1
U
i
⊃
t−2
⊕
i=1
U
i
⊃ · · · ⊃
2
⊕
i=1
U
i
⊃ U
1
⊃ 0
e issonos diz que
A
A
possui uma série de omposição.PeloTeorema2.7,
A
A
éartinianoenoetheriano,istoé,A
omoumanel énoethe-riano à esquerda eartinianoà esquerda.
Os resultados a seguir são utilizados no apítulo 4, porém vamos apresentá-los
(sem demonstração) agora em virtudedo ontexto em que estamos.
Lembramos que um anel
A
é simples se, e somente se, seus úni os ideais são os triviais({0}
eA
).Teorema 2.18 Seja
A
um anel simples. Então são equivalentes: (i)A
é artiniano à esquerda;(ii)
A
é semi-simples à esquerda;(iii)
A
tem um ideal minimal à esquerda;(iv)
A ∼
= M
n
(D)
para algum número naturaln
e algum anel de divisãoD
.Oteoremaa imanos diz queum anelsimplessatisfazendo CCDé semi-simplesà
esquerda. AhipótesedesatisfazerCCDéessen ial,poisabaixoexibimosumexemplo
de anelsimples(estenãosatisfazCCD) quenãoésemi-simples. Aoleitorinteressado,
indi amos ([5℄, p. 40).
Exemplo 2.19 Sejam
D
um anel de divisão eV
D
=
⊕
i>1
e
i
D
um
D
-espaço vetorial à direita de dimensão innita. ConsideremosE = End(V
D
)
eI
um ideal deE
onsistindo de posto nito. Então o quo ienteA = E/I
é anel simples mas não é semi-simples.Finalizamos esta seção om o teorema de Wedderburn-Artin que omo dissemos
no iní io deste apítulo, é um aso parti ular do teorema de estrutura para anéis
primitivos, teorema este que originou nosso trabalho. O teorema de
Wedderburn-Artin é muito importante, pois a maneira omo os anéis semi-simples à esquerda (à
direita) são ara terizados (produto de matrizes quadradas sobre anéis de divisão)
nos traz, omo orolário,queanéissemi-simplesàesquerdasãosemi-simplesàdireita
(e re ipro amente), ou seja,podemos dizerapenas anéis semi-simples.
Teorema 2.20 (Teorema de Wedderburn-Artin) Seja
A
um anel semi-simples à esquerda. EntãoA ∼
= M
n
1
(D
1
)
× M
n
2
(D
2
)
× · · · × M
n
r
(D
r
)
para anéis de divisãoD
1
,
· · · , D
r
e inteiros positivosn
1
,
· · · , n
r
onvenientes. O númeror
é uni amente determinado, assim omo os pares(n
1
, D
1
),
· · · , (n
r
, D
r
)
. Então há exatamenter
módulos simples à esquerda mutuamente não isomorfos.2.4 Radi al de Ja obson
O radi al de Ja obson de um anel
A
é denotado porrad A
e é denido omo a interse ção de todos os ideais à esquerdamaximais deA
.Dea ordo omestadenição,
rad A
deveriaser hamadoradi alàesquerdadeA
. Similarmente, denimos radi al à direita deA
omo sendo a interse ção de ideais à direitamaximais. Defato,o radi alàdireitaeà esquerda oin idemeessa distinçãoProposição 2.21 Seja
A
um anel não-nulo. EntãoA
possui ideais à esquerda ma-ximais.Demonstração: Seja
F =
{I : I
é ideal àesquerda próprio deA
}
. Claramente,F
6= ∅
pois0
∈ F
e onsideremosF
par ialmenteordenado pelain lusão. SejaF
′
um sub onjunto não vazio de
F
e totalmente ordenado. ConsideremosJ =
S
I
′
∈F
′
I
′
. Claramente,
J
éumidealàesquerdadeA
,poisF
′
étotalmenteordenado.
Poroutro lado,
J
6= A
,pois aso ontrário,1
∈ J
. Logo,1
∈ I
′
para algum
I
′
∈ F
′
e
isso nos dáque
I
′
= A
, absurdo.
Logo,
J
∈ F
e é uma ota superior paraF
′
em
F
. Pelo Lema de Zorn, existeI
um elementomaximal emF
, istoé,I
éum idealà esquerda própriodeA
talque seK
éidealàesquerdaprópriodeA
talqueI
⊂ K $ A
entãoK = I
,ouseja,I
é idealà esquerda maximalde
A
.Do exposto a ima,
rad A
6= A
. SeA = 0
, não há ideais à esquerda maximais e denimosrad A = 0
.O lema abaixo, uja demonstração pode ser en ontrada em ([5℄, p. 50) nos dá
uma ara terização dos elementos do
rad A
. Lema 2.22 Sejay
∈ A
. Então são equivalentes: (i)y
∈ rad A
;(ii)
1
− xy
é invertível à esquerda para qualquerx
∈ A
; (iii)yM = 0
para qualquerA
-módulo à esquerda simplesM
.Lembramos que o anulador de um módulo
M
é dado porAn
A
(M) :=
{a ∈ A :
am = 0,
∀ m ∈ M}
.Observemosqueno asoemque
A
6= 0
,aexistên iadeideaisàesquerdamaximais deA
nos dá trivialmente a existên ia deA
-módulos simples (veja Teorema 1.35), sendo que no asoA = 0
,rad A = 0
. Podemos enun iar oseguinteCorolário 2.23
rad A =
T An
A
(M)
, interseção dos anuladores de todos osA
-módulos simples. Em parti ular,rad A
é um ideal deA
.Demonstração: Provemos que
rad A
⊆
T An
A
(M)
. Sejay
∈ rad A
. Pelo Lema 2.22,yN = 0
para qualquerA
-módulosimplesN
. Logo,y
∈ An
A
(N)
, paraqualquerA
-módulo simplesN
, istoé,y
∈
T An
A
(M)
(interseção dos anuladores de todos osA
-módulossimples).Agora, seja
y
∈
T An
A
(M)
, para todoM
simples. Então,yM = 0
para todoA
-módulosimplesM
. PeloLema 2.22,y
∈ rad A
.Denição 2.24 Seja
A
um anel. Dizemos queA
é Ja obson semi-simples (ouJ
-semi-simples) serad A = 0
.Maisadiante, veremosqueanoção de
J
-semisimpli idadeébemrela ionada om a noção de simpli idade.Exemplo 2.25
Z
é um anelJ
-semi-simles, poisrad
Z =
T
p
primop
Z = 0
, masZ
não é semi-simples (Z
não é artiniano).Lema 2.26 Seja
A
umanel não-nulo. Entãotodo ideal àesquerdapróprio deA
está ontido em um ideal à esquerda maximal.Demonstração: Seja
B
um idealàesquerdaprópriodeA
. ConsideremosF =
{I $
A : I
éideal à esquerdadeA
eB
⊂ I}
. TemosqueF
6= ∅
,poisB
∈ F
. Suponhamos queF
sejapar ialmenteordenado pelain lusão.Seja
F
′
um sub onjunto não vazio de
F
e totalmente ordenado. Claramente,J =
S
I
′
∈F
′
I
′
é um ideal àesquerda de
A
, poisF
′
é totalmenteordenado e
J
6= A
. Por outro lado,B
⊂ J
poisB
⊂ K
para algumK
∈ F
′
⊂ F
(na verdade,B
⊂ I
′
, para todoI
′
∈ F
′
). Assim,
J
∈ F
e é uma ota superior paraF
′
em
F
. Pelo Lema de Zorn,F
possuium elemento maximal,existeI
idealàesquerda própriodeA
talqueB
⊂ I
eseK
é um elemento deF
talqueI
⊂ K $ A
entãoK = I
, istoé,I
é idealà esquerda maximal.
Teorema 2.27 Seja
A
um anel. Então são equivalentes: (i)A
é semi-simples;(ii)
A
éJ
-semi-simples e artiniano à esquerda.Demonstração: (i)
⇒
(ii) SejaA
um anel semi-simples eU = rad A
. Então podemos es reverA = U
⊕ B
para algum ideal à esquerdaB
deA
. SuponhamosU
6= 0
. Istoimpli aqueA
6= 0
edaí,U
6= A
. Logo,B
6= 0
. PeloLema 2.26,existeM
um ideal à esquerda maximal deA
talqueB
⊂ M
. Por denição,U = rad A
⊂ M
e assim,U + B
⊂ M
. Portanto,M = A
eisso éum absurdo.Sendo