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COMARCA DO ALENTEJO-LITORAL JUIZO DE ODEMIRA
PROC. 1/12.0T2 ODM
Exmo. Sr. Dr. Juiz de Direito
DUARTE LAGO E EDUARDO PRADO, RR. nos autos à margem referenciados, notificados da
acção que lhe move Alfredo Costa e Belmira Monte, vem apresentar a sua Contestação, O que fazem, nos termos e pelos fundamentos seguintes:
I – DEFESA POR EXCEPÇÃO A) Da prescrição;
1. A exposição dos factos que fundamentam a pretensão no requerimento inicial, tiveram lugar na propriedade do comitente, e co-R. Carlos Rio.
2. Os factos expostos pelos AA, ocorreram no dia 19/07/2006.
3. Resulta que os AA, tiveram conhecimento dos danos e a identificação dos alegados RR no dia do incidente.
4. A Ratio do instituto da prescrição consubstancia-se precisamente no ónus que recai sobre os lesados de, em tempo útil exercer o seu direito, Judicial ou exta-judicialmente, para que não impenda eternamente sobre o obrigado a sombra da demanda sempre e apenas pelo livre arbítrio do demandante.
5. A prescrição, como excepção, tem por fonte um facto – o decurso do prazo colocado ao dispor do titular do direito para o seu exercício.
6. Tratando-se esta de uma prescrição extintiva, a qual se sobrepõe á existência da obrigação, e não de uma prescrição presuntiva.
7. As excepções peremptórias como é o caso da prescrição implicam a absolvição dos RR no pedido formulado (Art.º 493 n. 3 do CPC), facultando ainda a este o direito de
T 21 317 76 46 – F 21 317 76 0e – geral@amsf.pt recusar o cumprimento da prestação ou de se opor por qualquer modo ao exercício da obrigação prescrita. (Art.º 304 n. 1 do CC).
8. Sendo certo que;
- O direito de indemnização prescreve no prazo de 3 anos, a contar da data do conhecimento dos factos alegadamente lesivos dos direitos evocados.
- Se trata de uma prescrição extintiva
- O que é necessário para começo da contagem do prazo, é que o lesado tenha conhecimento do direito que lhe compete
Verifica-se no caso que o alegado direito dos AA se encontra prescrito por decurso do prazo legalmente estatuído no artº. 498 nº. 1 do C.C.,excepção que desde já se invoca com as demais consequência legais.
DEFESA POR IMPUGNAÇÃO I – Dos factos
1. Os RR. desconhecem sem ter obrigação de conhecer a factualidade vertida nos artigos 1º a 4º da, aliás douta, petição inicial.
2. Os quais, desde já, se deixam impugnados.
3. Mais impugnam toda a matéria de facto vertida no douto articulado.
4. Com efeito, os RR. foram contratados pelo co-R. Carlos Rio, para prestarem serviços na propriedade deste.
5. Serviços esses consubstanciados no corte de mato e alargamento dos acessos na sobredita propriedade.
6. Para o efeito, os RR. utilizaram os seus tractores e respectivos acessórios.
7. Ora, como é bom de ver, os serviços prestados pelos RR. foram no interesse e sob a direcção do co-R. Carlos, sendo este quem orientou e dirigiu a condução dos mesmos. 8. Os RR utilizaram os tractores com o zelo e diligencia que lhes estava acometida e, bem
assim, em estrita observância com as normas de segurança. , em conformidade com o DL 156/2004 de 30 de Junho (lei da defesa do património florestal contra os incêndios florestais).
9. Ao detectarem uma coluna de fumo na propriedade do co-R. Carlos, bem afastada do local onde efectuavam os trabalhos,
10. Os RR. dirigiram-se de imediato para o local para providenciar a extinção mediante despejo de terra, já que o sitio era constituído, na sua maioria por terra batida.
11. Porem, os AA. ao verem o fumo, de forma precipitada e desordenada, apressaram-se a lançar grandes quantidades de agua que, em conjunto com o vento que se fazia sentir, tiveram o efeito contrário.
12. Na verdade, na ansia de extinguir o foco de incendio, foram os AA. que com a sua conduta precipitada e imprudente, quem potenciou o incendio.
T 21 317 76 46 – F 21 317 76 0e – geral@amsf.pt 14. Tendo os RR., de imediato, alertado para que chamassem os bombeiros, já que,
naquele local, não possuíam rede nos seus telefones móveis.
15. Desconhecem, assim, os RR. o que causou a coluna de fumo na propriedade do co-R. Carlos, porquanto os trabalhos que vinham levando a cabo se situava no local oposto. 16. Porem, já não podem ignorar que, não tivesse ocorrido o lançamento da agua por
parte dos AA. e o foco de incendio seria extinto sem consequências.
17. Mais sabem que, a origem do incendio não foi provocada pela utilização dos tractores, como pretendem os AA. fazer crer, porquanto
18. Como se disse, os trabalhos efectuados na manha daquele dia e inicio da tarde, desenrolaram-se na zona oposta à do aparecimento do fumo e,
19. Por outro lado, admitindo que o tractor em funcionamento pudesse expelir faúlhas, o que se concebe por mera hipótese académica, tal não era e nem poderia ser, causa directa e adequada à produção do sinistro,
20. Pois, como já aludido, para alem dos trabalhos realizados serem na localização oposta, era composta de terra batida e caso tais faúlhas houvesse não atingiriam altura superior a 50cm,
21. Isto é, absolutamente, insusceptíveis de potenciar um incendio. Sem conceder, no entanto, sempre se dirá que,
22. Os AA. reclamam prejuízos diversos decorrentes do incêndio.
23. Sem esquecer que, foram os AA. que com a sua conduta imprudente e precipitada que deram origem à verdadeira propagação do incendio, no que tange aos alegados danos, nada de concreto e objectivo alegam.
24. Tão só se “limitando” a elencar o numero de arvores e animais perdidos e respectivo valor e,
25. O mesmo é dizer, para os alegados danos não patrimoniais.
26. Com efeito, os AA. não lograram demonstrar, de forma clara e inequívoca, os prejuízos decorrentes,
27. Limitando-se a um mero calculo aritmético sem estar, como se impõe, devidamente fundamentado.
28. Não sendo demostrados os factos que explicam o apuramento dos valores reclamados quer a titulo de danos patrimoniais quer a titulo de danos não patrimoniais.
29. De resto, o pedido formulado é, sempre, excessivo.
30. Impugnam, por isso, os RR. Todos os demais factos vertidos nos artigos 22º a 25º do petitório.
II – Do Direito
31. Como já referido, os RR. foram contratados pelo co-R. Carlos, para, sob ordem e direcção deste, efectuarem trabalhos na sua propriedade.
T 21 317 76 46 – F 21 317 76 0e – geral@amsf.pt 33. Isto é, a responsabilidade pelos trabalhos efectuados encontrava-se transferida para o
co-R. Carlos, beneficiário do trabalho,
34. Pois, conforme aludido, não foram os RR. que deram origem ao foco de incêndio e nem o mesmo ocorreu da actividade que os RR vinham desenvolvendo.
35. Não obstante, conforme também referido, ter a coluna de fumo ter surgido no perímetro da propriedade em que trabalhavam.
36. Entendem, por isso, os RR. que não lhes está acometida qualquer responsabilidade pela produção do incêndio e,
37. Do mesmo passo, não lhe poder ser imputada responsabilidade pela reparação dos prejuízos causados aos AA..
38. De resto, a questão em causa configura uma situação de responsabilidade pelo risco, a qual, por força da relação existente entre os RR e o co.R, exclui a sua própria responsabilidade face aos AA.
39. Responsabilidade essa, de resto, que o RR. repudiam na medida em que não foi decorrente do exercício da sua actividade que o incêndio se propagou.
40. Por consequência, entendem não lhes poder ser assacada qualquer responsabilidade pelo ressarcimento dos prejuízos reclamados pelos AA.
41. Estamos assim perante um contrato de mandato numa relação de comitente/comissário onde está em causa a responsabilidade pelo risco, dado que os RR se encontravam a receber ordens e direcção do co-R e actuando no interesse deste. 42. Assim, tal responsabilidade cabe ao comitente co-R Carlos nos termos do art. 500º do
CC português. A responsabilidade do comitente é um caso de responsabilidade pelo risco.
43. Tal conclusão impõe-se pela inserção sistemática do art. 500º, que está colocado na subsecção que trata pela responsabilidade pelo risco e pela própria letra do preceito que determina que o comitente, verificado determinados requisitos, responde independentemente de culpa pelos danos que o comissário causar.
44. Ora, por definição o comissário actua no interesse do comitente, pelo que se conclui que o comissário não pode responder pelo risco enquanto comissário.
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Nestes termos,
e nos melhores que V.Exa. doutamente suprirá,
1. Deve a excepção invocada obter provimento com a consequente absolvição
dos RR´s do pedido, caso assim não se entenda o que, por mera hipótese
académica se admite
2. Deve a acção ser julgada improcedente por não provada e, em consequência
serem os RR´s absolvidos do pedido, tudo com as legais e devidas
consequências.
Junta:
1 documento (Contrato de Prestação de Serviços) Procurações Forenses
DUC autoliquidado Valor: o da pi Os Advogados