Resenhas
97GEORG
PÓLYA,
!945:
How to
SolveIt,
a
New
Aspect
of
Mathematical Method'
Princenton University
Press.(Traduzido
para
o
português como
.áArte
de Resotverhoblemas. Rio
de Janeiro :Interciência,
1978).
, confer€ncia de
l9l7
que apaßceu em Schweiz'n der
Heuristik no American Mathematícal Monthly, vol. 48, PP' 450-465.98
Resenhasblema nâo deve ser exercida como simples meio para a conæcução de um
fim,
mæ de modo talque se aprenda o mais possível a respeito do probÞma.
A
descriçãð mais minuciosa das quatro fasesenconta*e nas duæprimeiraspartesdolivro.
A primeira parte leva-nos pal:a a classroom: as questões e instnrções são então intoduzidas, enquanto tais, para uso didático, chamando+e a atenção tambdm para o momento essencialem que se t¡atademedi¡adequadamenteaajudaaoaluno; suaproporçãodeveserajustadademodoque,porum lado, ele n¿io se qì¡ede
peçlexo
diante do þrobbmalevantadoe, por outro lado,elenãoseprive, pelo excesso de ajuda, da realização de uma atividade mental independente e da vivência dadesco-berta de uma soluçâ'o,
A
segunda parte oferece (na forma de perguntas e respostas) umavisão panorâmica do processoheu¡lstico global, articulado segundo suas várias fases.
A
primeira fase.é então dividid¿ em duassubaartes:
antepõe+e ao proæsso da análise mais precisa do conteúdo do problemaumaetapa um todo e ça entÍe asda solução;
de solução
no que diz respeito à sua correção intema,
no
outro caso fuata{e, pelo contrário, de confrontaro resultado, bem como o mdtodo de sblução empregado, com o problemalevantado. Como acentuao Sr. Pólya, a verificação inte¡na do procedimento de soluçâo pode realizar*e, relativamente a cada
dimte.
?or
outro lado,podemos
todo de solução indagando se, no caso deum
problenla_de construção,os
foram todos utilizados, ou se, quando éfeita
a prova deum
teoremama
dições dó teorcma fo¡àm utilizadas. Po¡de que æ considerações atinentes à quarta tra¡scendem o conteúdo ideativo da soluçâo
-
como oùaçado do plano, na segunda fase, transcende o conteúdo ideativo da formulação do probbma.
Enðontramos, pois, na seqiÉncia das quatro fases, uma es1Écie de articulação simétrica.
Quarrto à caracterização da segunda fase, que é, como já
foi
dito, a fase heu¡ísticaem sentidoestrito, ela se faz mais extensivamente apenas na te¡cei¡a parte,emborajánaprimeiraparte vários
aspectos sejam pormen oriz âdamente apreæn tados em e xemplos in stru tivos,
A
teræira parte, que constitui a substância dolivro,
compõe+e sob a formade um concisodictionary da heurlstica. Nesse pequeno léxico encontram+e, apoiadas porexemplos, discussões e
explicações minuciosas sobre muitas das questões e instruções sugestivas extrardas da
lista.
Dis-cutem.se, em particular, os ângulos capazes de propiciar a descoberta e um plano para a solução deum problema levantado: o método de variaçâo de um problemapor "decomposição e
¡ecombina-ção", por generalização ou especialização,
o
tecurso a elementos auxilia¡es ou a probbmas mais acessfveis, a utilização de analogias.Na consitleração das diferentes formas de ¡emissío de um dado problema a um outro já tratado, evidencia-se o fato, digno de nota, de haver duas possibilidades no que toca ao significado de uma
tal rctomada: ela podè ser metodologicamente heurística, no sentido de que a soluçâo já conhecida
de
de modelom
do Probbma Pæsente' oupo
uando asoluç
por exemplo,pode serprocedi-Resenhas
99 auma analogia; no:i"ïï'::i:ffiï:
nto Pelo uso de
no-tação aproPriada, de figuræ
as questions and suggestion esgota nas explicações que
Para esse
fim,
nalo seria preciso que se elegesse aautor a fazé-lo foi, entre outras õoisas, a possibilidade assim garantida de dar expressão adiversos temas e ângulos, sem obrigar-se a realiza¡ uma constnrção mais vastae, conse.qüentemenþ, a dar ao
liwo
uma ðonformaçâo mâs ambiciosa. De fato, o dictionøry comPorta, aldm dæ explicações já mencionadas, tambdm considerações e indicações de esffcie variada:1.
Considerações fundamentalmente metodológicas :a.. sobre
*étodo.
lógicos deprova;
é pormenorizadamente examinada a indução completae, também, a ptova indireta, suas vantâgens e dewantagens, assim como a possibilidade
de obte¡*e uma plova direta a partir de uma indireta;
b.
concementes ao õonfronto entre problemas de descob¡ir e problemas de ptovat Qtroblemsto
find
e probbms to P/ove);c.
referénciã ao paradoio hourístico ægundoo
qual um problema que exija mais pode, eventualmente, se¡ mais fácil de solucionar;d.
sobreo
signihôado dasimetriaeam
ximasegundo aqual oqueé
simétricoháde sertratado, sempre que possível, tambdm simetricamente'
2.
biscussões Pedagógicas:a.
sobre a importância de provas exatas e, porouto
lado, sob¡e a necessidade evenfual delimit¿¡mo<ros a proyas incompbtas, o que conûrdo deve apenas ser feito com basta¡rte
tato;
b.
sobrenotações
strução conræniente de figwas'3.
Dive¡sasconsidera
heuilstica (algumæ delas sâo exfraídas do ensaiodo autor que
está
;
faz*e refer6ncia,ente
outfas coisas, ao papeldesempenhado pela operação inconsciente com um probbma.
4,
Indicações histôricasiobre as contribuições de pensadores impottantes às questões dah9u-rística.
São mais extensivamente apreséntadas ãs concepções de Pappus sobre análise e sit-tese, método regressivo e progressivo.5. E
ainda outrascoisæ
mesmopor
brincadei¡a.É determinante para a
est
o de que o Sr. Pólya nãovisa, nesse livro, apresentar
o
domínio de probbmas'Ele dirige-se, como já
foi
dito¡ a um público maior e, ao mesmo professõres, age também ele próprio comþ pedagogo, obedecendotal que recomenda a restrição ao que seja Presumidamente cap^z
tes àe mais nada, em despertar um certo grau de circunspecção e prudéncia mentais em uma esfeta ampla de leitores, evita tõdæ æ complica$es que possam ser prejudiciais a tal prop5sito. (Apenas obsewações ocasionais fazem alusâo a algumas dessas complicações.) Abstém-se tambdm de todo
uso de simbolismos insólitos. Ele procede d¿ mesma manei¡a inclusive em relação aos resultados de
suæ próprias considerações næ Acta
Prych
as concepções de Pappusso-bre o proædimento regressivo, renuncia
à
as concepções que se obtem quando se leva em conta qr¡e a redução de ump
de maneira geral, a um únicopi-bbma
auxiliæ a resolver, mas a vârior deles-
do que resultam as estrutur¿xi pata cuja ilustraçãoitrtuitiua o Sr. Pólya faz uso da representação por diagramæ ("representaçâo geométrica de uma ca-deia de pensamentol).
Por tudo isso, a dxposição apresenta{e sempre dotada do caráter do que é elementan e natural-mente acessível,
Dessa auto-restrição pedagogica praticada pelo autor advém, sem dúúda, uma certa dificuldade.
Com efeito, o propóìito do livro nalo se resume exclusivamente ao exerelcio de uma influência pro-3 CT. nota 1 acima.
100
Resenlwsprocedimentos progressivo e regressivo'
Encontramoì,
pìir,
já no que concerne às questões relativas ao método regressivo, uma oportu'nidade para
ir
¡¿m
¿á ireurísùca tradicional, átravés do empægo dos modemos métodos da lógica matemática.Resenhas
l0l
mais estrito.
problem æ de o¡dem superior as probbmáticas que envolvem a pre-s de solução para toda uma classe de probbmas, de modo a fazer*e
par-L02
Resenhasticular,
foi
inventada com essa pretensão a geometria analíticade
Descartes, que permite que seobtenham rgspostas p¿ua um vasto domfnio de questões geométricas por meio de um procedimento
precisamente delineado de antemão. Vários cálculos e procedimentos de decisâo da matemática
mais recentes importam igualmente em uma tal economia de inventividade, no que diz respeito a um certo domlnio de problemæ.
As considera@es feitæ aqui sobre as possibilidacles de superaçâo da heu¡ística tradicional
refe-remreàsperspectivasatinentesaoladológico-matemáticodãheu¡lstica. Fazmvaleresseladoé, porém, apenas uma parte daquilo que se pode esperar de um maior desenvolvimento da heurística, daquilo que o próprio Sr. Pólya tem especialmente em vista quando, no prefácio a seu liv¡o, mani-festa a esperança de que à heurlstica, que possui um longo pæsado, esteja tambdm ¡eservado um fututo.
Há especialmente dois fato¡es ca¡acterlsticos aos quais
o
Sr. Pólya faz menção nesse conþxto. Um deles é a muliplicidade de orientações de pesquisa muito dife¡enbs que constituem a heurística e cuja contribuição para o tratâmento satisfatório dæ questões heurísticas é indispensável. Revela-+e entlio da maior importância a dualidade de modos de abordagem na heurlstica (tambdmmencio-nada
pelo
S¡. Pólya): a abordagem orientada na direção do que é especificamente psicológico eaquela orientada na direção dos conteúdos mentais objetivos. A problemática da heurística pode,
como dificilmente poderia uma outra qualquer, servir de elo entrc esses dois modos de abordagem.
É certo que muitas vezes será tambm necessá¡io que se respeite, no interior da heurística, a separa-ção entre eles; mas uma abordagem assim separada não se mostr4 po¡ si só, inteiramente satisfatória.
E antes caracterfstico do objeto da heurística o fato de que, no que lhe diz rcqpeito, se toquem na vida mental uma esfera temática natural e uma de conþúdos objetivos, pertencendo
essencial-nr€nt€ o confronto comparativo entrc os dois æpectos ao que se trata de pesquisar. De resto, pode-mos tirar proveito dessa comparação inclusive para a abordagem isolada de ambos os aspectos. Há decerto, no quadro daheurística, ainda uma multiplicidade de outras possibilidades de evolução no sentido de uma tal conexiio e da fecundação recíproca entre a abordagem psicológica e aquela
rela-tiva aos conteúdos objetivos.
O outro fator caracte¡lstico acentuadopelo Sr. Pólya é o papel que cabe àheurísticaenquanto métododeexposição: àapresentaçãosistemáticadeumaciência-o Sr.Pólyapensaespecifica-mente na matemática
-
opõe-se sua âpresentação heurlstica, na qual a ciência é expostain
stotu nascendl.Essa fo¡ma de aproveitamento da linha de abordagBm heulstica adquire uma enorme
impor-tância quando o que está em c¿usa nÍio é a busca de soluções para probþmas particulares
determina-dos, mæ
o
curso de evolução de uma ciência em grosso. Nossa pesquisa mental encontra{e, nave¡dade, in statu nascendi em todos os domínios; essaevoluçâ'onãodiz respeito tão somente aos
conteúdos particulareî, mas também à totalidade do quadro,esûuturação e princípios daci6ncia. E esse, de qualqrær modo, o entendimento que æ impõe anós quando
-
no espírito das idéiasfun-damentais de uma phílosophie ouvefte
-
nos desvencilhamos da teoria tradicional doconhecimen-loapriori,reputandoainadequadaaosdadosconcrctosedemasiadamenþsimples. Paraessavisão
filosófica, segundo aqual nosso conhecimento está, em todos os domlnios, fundamentalmente em evolução e nossas concepções permanecem, em todos os estágios, sempre pæsíveis de revisão, a
his-tória da ciência, e sua exposição, passam a teî uma enome importância. A historiografia aqui em causa nâo é decerto história em sentido
estrito;
sua tarefa importa antes em que o conteúdoobje-tivo de um processo acabado de conhecimento seja pas e dæ decisões que nele acontecem, e despido o
mo um prooesso significativo
e
apropriado ("idôneempiricamente dado ou, talvez, apenas capaz de ser inræstigadoexperimentalmente. O Que se pre¡
tenâe com isso nÍúc é, porÉm, nada mais que a exposição heurística de uma ciéncia, ou de um
capí-tulo
de sua evolução, e de fato umaexposiçãono sentido de umaheurística objetivamenÈ orienta-da, voltada, na reconstruçã'o do caminho de pesquisa percorrido, não tanto para o modo como sechegou de
lacto
-
a fim de exprimir-me comoo
Sr. Pólya-
às ideias e resultados, mas para omo-do como (na etapa em causa) a eles
þria
sido possível chegar.Esse modo
dl
abordagem heurístico-objetivo das vias de evofução da pesquisa é próprio para preservar-nos,pot
um lado, de preconceitos dogmáticos e,por
out¡o, de um relatiúsmodtico,
Ûma tal considiração histórica é, em última análise, posível em todos os domínios da pesquisaResenhas
103estimulada e influenciada por dados e exigências exteriores, mæ na--o determinada por eles em seus
em épocas pæsadæ deixando de lado suas opiniões ælativas a seusprobbmæ afuais. Noentanto' já é particuiarmente sensível que a filosofia ca¡ece de uma æpresentação heurística de sna evolução
passada.
de que à heurística esteja tambem reservado um futuro'