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Fundo documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo: um relato de caso

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO - LATO SENSU GESTÃO EM ARQUIVOS. Nayane Viale Vargas. FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO: UM RELATO DE CASO. Foz Do Iguaçu/PR 2017.

(2) Nayane Viale Vargas. FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO: UM RELATO DE CASO. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Arquivos, da Universidade Federal de Santa Maria, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão em Arquivo.. Foz Do Iguaçu/PR 2017.

(3) Nayane Viale Vargas. FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO: UM RELATO DE CASO. Monografia apresentada ao Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Arquivos, da Universidade Federal de Santa Maria, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Gestão em Arquivo.. Aprovada em 16 de Setembro de 2017. __________________________________________ Rosani Beatriz Pivetta da Silva, Ms (UFSM) Presidente da banca - Orientadora. __________________________________________ Raone Somavilla, Drº (UFSM). __________________________________________ Rosanara Pacheco Urbanetto, Drª (UFSM).

(4) DEDICATÓRIA. Dedico aos meus pais, exemplo de generosidade e amor!.

(5) AGRADECIMENTOS. Inicialmente, gostaria de fazer o meu agradecimento a Deus por ter me dado sabedoria para saber enfrentar todas as adversidades que me deparei nessa trajetória e permitir a realização de mais esse sonho. À minha família, minha mãe Marineia, meu pai Sérgio e a minha irmã Nayara, obrigado por estarem sempre comigo, apoiando, encorajando e principalmente, acreditando em mim em todos os momentos. Amo muito todos vocês! Agradeço a dedicação e a presença constante da minha mãe nesta jornada, efetivamente presente, a qual está sendo muito difícil, mas não me deixou sozinha, acreditou que era possível. Muito obrigado mãe, te amo! A minha orientadora e professora Rosani Beatriz Pivetta da Silva por ter me acolhido num momento delicado e orientado em leituras, textos e conversas, me direcionado com muita sabedoria e assim, colaborado muitíssimo para a concretização desse estudo. A minha querida colega de curso Evelise Batista Machado meus agradecimentos por me acolher tão bem em sua casa. E por ser um exemplo de incentivo e dedicação, meu muito obrigado! Aos tutores (as) e professores (as) do Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão em Arquivo, do Polo de Foz do Iguaçu/PR, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) que contribuíram para essa formação, acrescentando conhecimentos significativos para minha atuação profissional. Por fim, dedico igualmente os meus sinceros agradecimentos a todos que me fizeram crescer e amadurecer ao longo desse processo. Muito obrigada!.

(6) “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina” Cora Coralina.

(7) RESUMO. FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO: UM RELATO DE CASO AUTORA: Nayane Viale Vargas ORIENTADORA: Profª Drª Rosani Beatriz Pivetta da Silva. O presente estudo teve como objetivo relatar o tratamento arquivístico realizado no Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) a fim de fazer a difusão do mesmo. Para isto, caracterizou as funções e atividades relacionadas ao tratamento arquivístico e descreveu as etapas arquivísticas realizadas no Fundo da Inspetoria de Higiene Pública. A metodologia aplicada foi estudo de caso, com uma abordagem qualitativa, fundamentada por uma revisão bibliográfica. A descoberta desse fundo documental evidencia a relevância desta documentação e fomenta o Arquivo como local de difusão e memória para seus usuários e a sociedade em geral, em especial para os capixabas. Os resultados adquiridos pela pesquisa tão-somente associaram e corroboram com as literaturas de diversos autores que discutem a Arquivística como fonte de informação e, revelaram alguns resultados, mesmo que poucos mais de grande significância para o meio histórico, arquivístico e social sobre a instituição Inspetoria de Higiene Pública versando sobre as políticas de saúde pública do estado do Espírito Santo da época, sendo eles, trabalhos científicos, artigos e dissertação realizados com essa base documental. Palavras-chave: Fundo. Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo. Tratamento Arquivístico..

(8) ABSTRACT. THE DOCUMENTARY FUND OF THE INSPECTORY OF PUBLIC HYGIENE OF THE HOLY SPIRIT: A CASE REPORT AUTHOR: Nayane Viale Vargas ADVISOR: Rosani Beatriz Pivetta da Silva. The present study had as objective to report the archival treatment carried out in the Documentary Fund of the Inspection of Public Hygiene of the Holy Spirit (1853-1922) in order to disseminate it. For this, he characterized the functions and activities related to the archival treatment and described the archival stages carried out in the Fund of the Public Hygiene Inspection. The applied methodology was a case study, with a qualitative approach, based on a bibliographical review. The discovery of this documentary fund evidences the relevance of this documentation and fosters the Archive as a place of diffusion and memory for its users and society in general, especially for the capixabas. The results acquired by the research are only associated with and corroborate how the literature of several authors that discuss Archives as a source of information revealed some results, even if few more of great significance for the historical, archival and social environment on the institution Public Health dealing with public health policies of the state of Espírito Santo of the time, being, scientific papers, articles and dissertation carried out with this documentary base. Keywords: Fund. Inspection of Public Hygiene of Espírito Santo. Archival Treatment..

(9) LISTA DE ILUSTRAÇÕES. Figura 1: Documento BR.ES.APEES.IHIG.ADM.2176 CH00, APEES, 2017. ........... 35 Figura 2: Documento BR.ES.APEES.IHIG.ADM.2205 p.77, APEES, 2017. ............. 37 Figura 3: Documento BR.ES.APEES.IHIG.SAN.0592 p.19, APEES, 2017. .............. 38 Figura 4: Documento BR.ES.APEES.IHIG.SAU.0213 p.17, APEES, 2017. .............. 39 Figura 5: Documento BR.ES.APEES.IHIG.LIC.0093 p.01, APEES, 2017. ................ 40 Figura 6: Documento BR.ES.APEES.IHIG.EST.0127 p.16, APEES, 2017. .............. 41 Figura 7: Documento BR.ES.APEES.IHIG.NOR.0011 p.31, APEES, 2017. ............. 42 Figura 8: Documento BR.ES.APEES.IHIG.POR.0185 p.09, APEES, 2017............... 43 Figura 9: Foto da caixa 13, Inspetoria de Higiene Pública, APEES, 2017. ............... 49.

(10) LISTA DE TABELA. Quadro1: Planilha de descrição, Inspetoria de Higiene Pública, APEES/UFES....... 46.

(11) LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS. AN APEES APERJ ATOM CNA CONARQ DUA ES FAPES IHIG ISAD (G) NEPESP NOBRADE SCIELO SEBRAE UFES UFSM. Arquivo Nacional Arquivo Público do Estado do Espírito Santo Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro Access to Memory Congresso Nacional de Arquivologia Conselho Nacional de Arquivo Declaração Universal sobre os Arquivos Espírito Santo Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo Inspetoria de Higiene Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística Núcleo de Estudos e Pesquisa em Subjetividade e Política Norma Brasileira de Descrição Arquivística Scientific Electronic Libranic Online Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Universidade Federal do Espírito Santo Universidade Federal de Santa Maria.

(12) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12 1.1 PROBLEMA ........................................................................................................ 13 1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................ 13 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13 1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................... 13 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 14 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA ....................................................................... 14 2 FUNDO DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO (1853-1922)........................................................................................................... 16 3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 19 3.1 ARQUIVÍSTICA ................................................................................................... 19 3.2 FUNÇÕES E ATIVIDADES NO TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO ....................... 20 3.2.1 Identificação Documental .............................................................................. 21 3.2.2 Análise Documental ....................................................................................... 21 3.2.3 Preservação e Conservação .......................................................................... 22 3.2.4 Higienização ................................................................................................... 23 3.2.5 Classificação Documental ............................................................................. 23 3.2.6 Descrição Arquivística ................................................................................... 24 3.2.7 Difusão Arquivística ....................................................................................... 25 3.2.8 Microfilmagem ................................................................................................ 27 3.2.9 Digitalização ................................................................................................... 29 4 ASPECTOS METODOLÓGICOS .......................................................................... 30 4.1 TIPO DE PESQUISA ........................................................................................... 30 4.2 ETAPAS DA PESQUISA ..................................................................................... 31 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS .................................................... 34 5.1 O TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO APLICADO NO FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO ..................... 34 5.1.1 Primeira etapa ................................................................................................. 34 5.1.2 Segunda etapa ................................................................................................ 44 5.1.3 Terceira etapa ................................................................................................. 47 5.1.4 O armazenamento e acondicionamento do fundo no APEES .................... 48 5.2 O FUNDO COMO UMA REALIDADE DE ACESSO: RESULTADOS ATUAIS .... 50 6 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 54 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 55.

(13) 12. 1 INTRODUÇÃO. Este presente estudo teve como ponto de partida o projeto de pesquisa intitulado “Tratamento, Conservação e Análises dos documentos da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922)” com objetivo de realizar a descrição, análise, digitalização e a microfilmagem do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo. Deste modo, este estudo relatou como foram realizados os procedimentos arquivísticos, descrevendo cada etapa do tratamento arquivístico realizado nos documentos do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (18531922), na qual participei como bolsista de iniciação científica no período de maio de 2013 a setembro de 2014 pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Cabe aqui salientar que, o interesse pela construção desse trabalho esteve fortemente associado às inquietações surgidas no decorrer dos trabalhos realizados na iniciação científica e, com a possibilidade de cursar esta Pós-graduação lato sensu em Gestão em Arquivos, promovida Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), despertou-me o interesse em explicitar os resultados até então obtidos com o tratamento arquivístico e a divulgação do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública. O Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo está preservado pela instância do poder público estadual, o Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, localizado na capital Vitória, no Espírito Santo. Este Fundo foi produzido durante o período de 1853 a 1922 e é composto, principalmente de ofícios, correspondências, relatórios, alvará de licença, memorandos, telegramas e mapas estatísticos. Seu conteúdo, uma documentação que demonstra a rica história da saúde pública no Estado do Espírito Santo da época, sendo possível perceber vários tipos de relações sociais, politicas, entre a população e o Estado, o Governo Imperial com órgãos de outros estados e as relações entre as instituições que compunham a Inspetoria. Este projeto foi realizado em conjunto com os Departamentos de Psicologia e de Arquivologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), contou com a participação de professores, pesquisadores e alunos bolsistas de iniciação científica de ambos os cursos e foi planejado para ser executado em 24 meses, entre novembro de 2012 a.

(14) 13. novembro de 2014, tendo sido, no entanto, prorrogado por mais dois anos e concluído em 2016. Contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa/ES (FAPES).. 1.1 PROBLEMA. A problemática desse estudo configurou-se a partir da hipótese de uma relação entre o fundo documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) e a divulgação técnica científica das informações contida nesses documentos. A luz desta hipótese levantou-se o seguinte problema de pesquisa: Se a realização do tratamento arquivístico realizado no Fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) tem contribuído para sua valorização?. 1.2 OBJETIVOS. 1.2.1 Objetivo Geral Relatar o tratamento arquivístico realizado no Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) a fim de fazer a difusão do mesmo.. 1.2.2 Objetivos Específicos  Caracterizar, a partir do referencial teórico pertinente ao objeto, as funções e atividades arquivísticas realizadas nos documentos do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública;  Possibilitar o desenvolvimento de produção acadêmica sobre a temática relacionada aos documentos resgatados sobre a saúde pública do Estado do Espírito Santo (1853-1922);  Descrever as etapas do tratamento arquivístico realizadas no Fundo da Inspetoria de Higiene Pública, sob a guarda do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo;  Explicitar os resultados alcançados por meio da divulgação do Fundo em estudo..

(15) 14. 1.3 JUSTIFICATIVA. O interesse por fazer esse estudo teve como suporte a pesquisa de iniciação científica na qual participou-se na Universidade Federal do Espírito Santo, no projeto intitulado “Tratamento, Conservação e Análises dos documentos da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922)”. Pois se acredita que este trabalho possa contribuir para valorizar as informações contidas nos documentos do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo no período de 1853 a 1922 e assim, proporcionar a difusão desse fundo aos diversos tipos de usuários e ao público em geral. Bellotto (1989) nos ressalta que o acesso é a finalidade maior dos arquivos, independentemente de idade documental. Além disso, a pesquisa também é importante para fomentar e acrescentar a construção de conhecimentos na área da Arquivologia, pois amplia o debate sobre como pensar e efetivar maneiras de difundir o Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922). Assim, a relevância desta pesquisa concentra-se em contribuir para novas pesquisas voltadas na área de Arquivologia e estimular debates sobre esta temática.. 1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA. A partir dessa perspectiva, este trabalho está estruturado em seis capítulos, além das referências bibliográficas consultadas para fundamentar o estudo, sendo o primeiro e o sexto capítulos, respectivamente, a introdução e a conclusão. No segundo capítulo apresenta-se uma breve contextualização da Instituição Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo na época de 1853 a 1922, abordando sua criação e fatos que compõe a história administrativa desta Instituição, como os episódios recorrentes de epidemias gerados pela varíola. O terceiro capítulo apresenta-se a revisão de literaturas, baseada em livros, artigos e textos de diversos autores e instituições, onde se busca conceitos e outras características envolvendo o tratamento arquivístico utilizado no fundo documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo como a análise, higienização, identificação, ordenação e classificação, descrição, digitalização e microfilmagem. O quarto capítulo aborda os aspectos metodológicos e cita o tipo de pesquisa, a abordagem qualitativa e os procedimentos metodológicos usados neste trabalho..

(16) 15. O quinto capítulo tem a finalidade de expor a análise e os resultados alcançados até o momento, após a descoberta do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública no APEES. Neste momento da análise relatamos o tratamento arquivístico aplicado no Fundo, expondo as diversas etapas realizadas e também citamos os procedimentos que ainda faltam ser realizado, mas que estão programados para serem efetuados e, explicita alguns resultados alcançados até o momento..

(17) 16. 2 FUNDO DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO (18531922). No Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) foi encontrado um fundo documental inédito, contendo documentos produzidos pela Instituição chamada Inspetoria de Higiene Pública, durante o período de 1853 a 1922. Esses documentos contêm valiosos registros, de grande valor histórico, de um órgão ligado diretamente ao Governador da Província. As primeiras ações sociais de amparo à saúde da população no Estado do Espírito Santo foram iniciadas em meados do século XVI. Foi nesse período que se deu a fundação da Santa Casa da Misericórdia de Vitória por missionários jesuítas, considerada por alguns historiadores como uma das primeiras instituições do gênero criada no Brasil colonial (SCHWAB; FREIRE, 1979). Por volta de 1822, as Capitanias passaram à condição de Províncias e foi promulgada pelo Governo Imperial a Lei de Municipalização das Atividades de Saúde, iniciando-se um período de descentralização das ações de saúde. Nesse período essa medida não teve impactos expressivos na Província do Espírito Santo devido ao atraso econômico. Em 1850, diante ao elevado número de óbitos, o Governo Imperial criou a Junta de Higiene Pública para combater a doença e estabeleceu serviços parecidos em outras Províncias. Conforme o autor Cabral (2014), a instituição Junta de Higiene Pública foi, Criada pelo decreto n. 598, de 14 de setembro de 1850, a Junta de Higiene Pública tinha por atribuição propor o que fosse necessário para a salubridade nas cidades, bem como indicar medidas que se convertessem em posturas municipais e exercer a polícia médica nas visitas às embarcações, boticas, lojas de drogas, mercados, armazéns e em todos os lugares, estabelecimentos e casas que pudessem provocar dano à saúde pública (CABRAL, 2014, p. 1).. No Espírito Santo, ocorreu a criação da Inspetoria de Higiene Pública com o objetivo de incrementar o nível de salubridade da Província. Esta Instituição possuía a função de criar e coordenar ações voltadas a proporcionar um maior controle sanitário do ambiente e da população do estado do Espírito Santo, fiscalizava o exercício da medicina e da farmácia, praticava estudos sobre epidemias, epizootias e moléstias reinantes, exercia a polícia sanitária, entre outras atribuições (CABRAL, 2014)..

(18) 17. Além de ter sido também a Instituição responsável pelas políticas de assistência à saúde nos momentos em que a população capixaba 1 era acometida de surtos epidêmicos. Com o surto de febre amarela no Rio de Janeiro, criou-se a Inspetoria Geral de Higiene pelo Decreto de nº 9.544, de 3 de fevereiro 1886: A Inspetoria Geral de Higiene possuía amplas atribuições, como a fiscalização do exercício da medicina e da farmácia; o estudo das epidemias, epizootias e moléstias reinantes; a direção do serviço de vacinação e seu estudo; a direção de socorros sanitários; a polícia sanitária, sobretudo que, direta ou indiretamente, interessasse à saúde dos habitantes das cidades, vilas e povoados do Império; a organização das estatísticas demógrafo-sanitárias; e a organização e o aperfeiçoamento do Código Farmacêutico brasileiro (CABRAL, 2014, p. 1).. A série de documentos encontrados no APEES que retratavam a história administrativa desta Instituição produzidos no período entre 1853 a 1922 possibilitou perceber as diversas relações sociais, políticas e econômicas entre a população e o Estado, o Governo Imperial com órgãos de outros estados e as relações entre as instituições que compunham a Inspetoria. Nos documentos localizados no Arquivo do Espírito Santo, citamos algumas espécies documentais descobertas como ofícios, correspondências, relatórios, requerimentos, decretos, portarias, resoluções, petições, alvará de licença, memorandos, telegramas e mapas estatísticos, etc., e neles continham diversas informações da Inspetoria de Higiene Pública, destacamos: Oficio nº 90 solicitava cuidados na aplicação da verba federal para a distribuição dos medicamentos e tratamento dos indigentes; Cópia de Ofício nº 76 sobre indenização à proprietária de prédio usado como lazareto no ano de 1889; Telegrama recebido em Santa Cruz pelo inspetor de hygiene em ocasião de visita, informando a substituição do inspector pelo Dr. Florêncio de Azevedo no comando da comissão enviada à referida província; Resposta ao Ofício n°142 que solicitava lympha vaccinica; Resolução n° 10 informa a disponibilidade do cargo de chefe dos guardas ocupado pelo senhor Olindo Pinto da Victoria e nomeado no cargo de chefe dos guardas o senhor Ernestino dos Santos; Circular informando exemplares da coleção de Decretos e Actos da presidência do governo a contar de 8 de julho de 1899 a 21 de setembro. Segundo os estudiosos da língua tupi, capixaba significa roça, roçado, terra limpa para plantação. Os índios que aqui viviam chamavam de capixaba sua plantação de milho e mandioca. Com isso, a população de Vitória passou a chamar de capixabas os índios que habitavam na região e depois o nome passou a denominar todos os moradores do Espírito Santo (ESPÍRITO SANTO, 2017). 1.

(19) 18. de 1907; Cópia de Ofício nº 35 estabelecendo normas para festejos carnavalescos do ano de 1890. Episódio de epidemias era um grave problema nesse período histórico, como ocorreu com a varíola, a febre amarela e o tifo. O projeto em parceria entre o APEES e a UFES favoreceu a análise sobre a incidência de enfermidades no Espírito Santo e também a maneira como o poder público lidava com elas. Ainda, nos documentos notou-se a existência dos “Hospitais de Isolamento”, ou seja, um local usado para o afastamento social dos doentes, e também as ações voltadas à destinação dos mortos. Um tema novo da História capixaba, no entanto, alvo de poucos estudos. No acervo destacam-se processos e troca de correspondências dentre os responsáveis pela Inspetoria de Saúde Pública e os municípios que possibilitaram notar as principais ações e os problemas enfrentados. Como exemplo, as atividades de recolhimento de carne estragada no comércio, a solicitação para abrir novas farmácias e a solicitação de licenças e aposentadorias por questões de saúde. Documentos estes, que possibilitaram desvendar uma história guardada no passado sobre a saúde no estado do Espírito Santo e suas epidemias, que atualmente estão sendo reveladas. Henriques (2000) menciona que as instituições de arquivo são voltadas aos serviços de custódia, conservação e divulgação de sua documentação, bem como responsáveis pela preservação da memória e seu testemunho, viabilizando o acesso das informações..

(20) 19. 3 REFERENCIAL TEÓRICO. 3.1 ARQUIVÍSTICA. A Arquivística, também chamada de Arquivologia, estuda e trata os documentos, transformando-os em informações possivelmente capazes de produzir conhecimento e avanço social. A prática da Arquivística encontra-se em diversas áreas como em pesquisas, estudos e discussões a cerca das informações. Arquivística estuda as funções do arquivo, princípios e técnicas, além disso, contribui com soluções para os problemas de gestão das informações, do processamento e da disseminação da informação garantindo o acesso aos diferentes usuários. Deste modo, a função da arquivística destina-se a tornar acessíveis os documentos e a promover sua utilização. O acesso à informação é usado como instrumento para tomada de decisões nas organizações, como também apoio a pesquisas, necessária que a informação esteja organizada e estruturada. A arquivística tradicional desenvolveu princípios teóricos e práticos para o tratamento dos arquivos definitivos, cuja função essencial, é de tornar acessíveis documentos custodiados. Para Lopes (1998) a arquivística tradicional é a que “se recusa a questionar a origem, isto é, a criação, a utilização administrativa, técnica e jurídica dos arquivos, dos documentos recolhidos aos arquivos definitivos” (LOPES, 1998, p.61). Na arquivística integrada, defendida por autores contemporâneos, amplia uma visão global das informações nas organizações. Lopes (1998) afirma como sendo “a única a propor a transformação da Arquivística numa disciplina científica, que se preocupa com o tratamento global das informações, da sua criação até o destino final” (LOPES, 1998, p.42). De acordo com Rousseau & Couture (1998), a arquivística integrada implica em atingir três objetivos essenciais: Garantir a unidade e a continuidade das intervenções do arquivista nos documentos de um organismo e permitir assim uma perspectiva do princípio das três idades e das noções de valor primário e secundário; permitir a articulação e a estruturação das atividades arquivísticas numa política de organização de arquivos; integrar o valor primário e o valor secundário numa definição alargada de arquivo (ROUSSEAU E COUTURE, 1998, p.70)..

(21) 20. A arquivística contribuiu na aplicação dos princípios teóricos e práticos no tratamento do fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo, mesmo sendo um fundo fechado, ou seja, um “fundo que não recebe acréscimos de documentos em função de a entidade produtora não se encontrar mais em atividade” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p. 98) e Belloto conceitua-se o fundo documental como sendo: O conjunto de documentos produzidos e/ou acumulados por determinada entidade pública ou privada, pessoa ou família, no exercício de suas funções e atividades, guardando entre si relações orgânicas e que são preservados como prova ou testemunho legal e/ou cultural, não devendo ser mesclados a documentos de outro conjunto, gerado por outra instituição, mesmo que este, por qualquer razão, lhe seja afim (BELLOTTO, 2006, p.128).. Não se sabe ao certo como procedeu a origem do Fundo documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo e a gestão destes documentos em fase corrente e intermediária, mas, cabe destacar que, as instituições Arquivísticas devem disponibilizar suas informações de forma a valorizar o interesse dos seus usuários e garantir que os serviços prestados sejam cada vez mais valorizados e de qualidade, proporcionando o acesso como forma de democratizar a informação. Neste sentido, o tratamento arquivístico se faz necessário para preservar e disponibilizar as informações contidas neste Fundo.. 3.2 FUNÇÕES E ATIVIDADES NO TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO. O tratamento arquivístico consiste numa área funcional da Arquivologia que abarca. procedimentos. técnicos. sobre. a. documentação.. Compreende. o. desenvolvimento de procedimentos direcionados a analisar, identificar, classificar, descrever os documentos de um arquivo, entre outros. Além desses procedimentos, foram também propostos no planejamento do tratamento do Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo a higienização, digitalização e a microfilmagem dos documentos. O tratamento arquivístico engloba diversas atividades e funções da arquivologia na qual proporciona o adequado processamento documental para atender a principal função de um arquivo – o acesso à informação, pois “democratizar o seu acesso é criar a consciência sobre sua importância” (PAVEZI, 2010, p. 28)..

(22) 21. Atender as necessidades dos usuários e da comunidade em geral, disponibilizando as informações e documentos de forma adequada e mais rápida. Além de possibilitar a recuperação da informação almejada e evitar o manuseio do documento físico, com isso, impede o desgaste e deterioração do original. Para Rousseau e Couture (1998) qualquer organismo para existir, funcionar e se desenvolver, precisa de informação. Assim, todos os membros do organismo necessitam de informação para desempenhar suas funções e possibilitar o acesso e o controle das informações.. 3.2.1 Identificação Documental. A Identificação Documental refere-se a um estudo detalhado da gênese documental, onde a instituição que produz o documento e o tipo documental é essencial, pois permite demonstrar o contexto de produção dos documentos, o que colabora nos demais procedimentos arquivísticos. A identificação documental, para a autora Pazin (2012), antecede: À classificação e à avaliação é o momento em que o profissional de arquivo toma contato pela primeira vez com corpus documental com o qual irá trabalhar durante o processo de organização arquivística. Essa etapa consiste em compreender a função dos documentos no momento de sua criação, a partir da análise do contexto de produção documental e das funções exercidas pela entidade produtora (PAZIN, 2012, p.15).. O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística relata que a identificação consiste no “processo de reconhecimento, sistematização e registro de informações sobre arquivos com vistas ao seu controle físico e/ou intelectual” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.104).. 3.2.2 Análise Documental. O processo da análise no tratamento arquivístico abrange a organização estabelecida entre a produção e o uso (DANUELLO; NASCIMENTO; GUIMARÃES, 2006), com intuito de tratá-lo com a finalidade de disseminar e recuperar as informações (SARACEVIC, 1999). Além disso, antes de organizar é preciso analisar a informação, logo, usa-se de métodos tanto no momento de pensar como na hora de agir, com o objetivo de representar a informação, intensificando a sua disseminação e o uso..

(23) 22. Garcia Gutierrez (1984, p. 79-80) caracteriza a análise documental como “todo reconhecimento e estudo que se faz de um documento”, levando em consideração a forma e o conteúdo do documento. Acrescenta ainda que, Uma técnica documental que permite, mediante uma operação intelectual objetiva, a identificação e a transformação dos documentos em produtos que facilitem a consulta dos originais em áreas de controle documental e com o objetivo último de serviço à comunidade científica (GARCIA GUTIERREZ, 1984, p. 83).. Bernardes (1998) relata a importância do estudo da estrutura administrativa do órgão, a análise das competências, funções e atividades de cada uma de suas unidades e o levantamento da produção documental: entrevistas com funcionários, responsáveis e encarregados, até o nível da seção, para identificar as séries documentais geradas no exercício de suas competências e atividades. Outra atividade abordada pela autora é a análise do fluxo documental desde a origem ao encerramento do trâmite. A Análise Documental consiste em um processo que faz parte da Organização da Informação, onde constitui mecanismos teórico-metodológicos que ao serem utilizados são levados à identificação do documento. 3.2.3 Preservação e Conservação Para Cassares (2000) a preservação é “o conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativas, política e operacional que contribuem direta ou indiretamente para a preservação da integridade dos materiais” (CASSARES, 2000, p. 15). Além disso, a preservação é uma “função arquivística destinada a assegurar as atividades de acondicionamento, armazenamento, conservação, restauração de documentos” (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p. 61). Os autores Camargo, Bellotto e Cassares abordam respectivamente que a conservação documental é o “conjunto de procedimentos e medidas destinadas a assegurar a proteção física dos arquivos contra agentes de deterioração” (CAMARGO; BELLOTTO, 1996, p.18) e o “conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de degradação de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos: higienização, reparos, acondicionamento” (CASSARES, 2000, p.15)..

(24) 23. O documento para ser preservado e conservado depende de procedimentos arquivísticos adotados ao longo de sua vida, para que isso possa alongar sua vida útil, conservando e protegendo as informações de possíveis danos. Um exemplo disso é a forma de acondicionar e armazenar os documentos, pois realizado essas duas atividades de forma adequadas, a vida útil dos documentos se aumentará e serão preservadas por muito mais tempo. Além disso, o gerenciamento dos documentos é um procedimento essencial para uma instituição, na qual se faz necessário estipular práticas para garantir a organização e preservação dos documentos, com intuito de tomar decisões, recuperar a informação, preservar a memória, acesso facilitado, entre outras. 3.2.4 Higienização. O Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística conceitua a higienização como sendo a “retirada, por meio de técnicas apropriadas, de poeira e outros resíduos, com vistas à preservação dos documentos” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.103). Resíduos estes, clipes oxidados ou não, os excrementos de insetos, os grampos metálicos, os itens generalizados utilizados como marcadores de páginas, etc. Os instrumentos usados na limpeza dos documentos consistem em trincha, pano, aspirador, pincel, entre outros, para proporcionar a limpeza superficial do documento, retirando a sujidades e assim, evitando a proliferação de insetos e microrganismos como bactérias e fungos nos documentos. 3.2.5 Classificação Documental. Lopes (1997) defende a utilização da classificação e da descrição no tratamento da informação, ou seja, esses procedimentos são complementares e inseparáveis, onde a classificação constitui a base dos demais procedimentos. A classificação precede todas as atividades da gestão documental, com exceção da produção. Será “a primeira intervenção que irá garantir a qualidade e os fundamentos para as atividades de descrição e avaliação” (CONARQ, 2014, p. 60)..

(25) 24. Classificar é analisar e identificar conteúdos de documentos, selecionando em categoria de assunto sob a qual sejam recuperados, podendo-lhe atribuir códigos (ARQUIVO NACIONAL, 2005). Logo, o objetivo básico da classificação é “dar visibilidade às funções e às atividades do organismo produtor do arquivo, deixando claras as ligações entre os documentos” (GONÇALVES, 1998, p.12). Nesse sentido, “a dispersão de documentos compromete a integridade do arquivo, por isso a classificação está fundamentada no princípio de proveniência e no princípio da ordem original” (APERJ, 2012, p.14) para garantir a preservação do contexto e a organicidade de sua produção. 3.2.6 Descrição Arquivística. A Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística (2000) conceitua a descrição como, A elaboração de uma acurada representação de uma unidade de descrição e de suas partes componentes, caso existam, por meio da extração, análise, organização e registro de informação que sirva para identificar, gerir, localizar e explicar documentos de arquivo, o contexto e sistema de arquivo que os produziu (ISAD (G), 2000, p. 4).. Tessitore (2003, p. 30) descreve a descrição como “um conjunto de procedimentos que levando em conta os elementos formais e de conteúdo do documento, possibilitam a elaboração de instrumentos de pesquisa”. A descrição deve-se pautar em alguns princípios, a Norma Brasileira de Descrição Arquivística (NOBRADE) determina estes princípios para serem adotado no Fundo documental, sendo eles:  Descrição do geral para o particular – com o objetivo de representar o contexto e a estrutura hierárquica do fundo e suas partes componentes;  Informação relevante para o nível de descrição – com o objetivo de representar com rigor o contexto e o conteúdo da unidade de descrição;  Relação entre descrições – com o objetivo de explicitar a posição da unidade de descrição na hierarquia;  Não repetição da informação – com o objetivo de evitar redundância de informação em descrições hierarquicamente relacionadas. (BRASIL, NOBRADE, 2006, p. 10). Além disso, a descrição deve ser dinâmica e evoluir com o tempo; pauta-se nos princípios arquivísticos; os documentos devem estar classificados e respeitar o princípio de respeito aos fundos..

(26) 25. Rodrigues (2003) explicita que a descrição de documentos organicamente produzidos e acumulados, consiste de forma geral em ter uma apresentação das características físicas; o conteúdo dos documentos serem analisados e na identificação do contexto de criação e utilização dos arquivos. Ao realizar estas etapas será possível facilitar o acesso aos documentos e informações de forma mais precisa. Lembrando-se que cada documento possui sua especificidade. Salienta-se que é preciso existir instrumentos que possibilitem o acesso às informações. Bellotto (2006) afirma que apenas um arquivo provido de instrumentos de pesquisa conseguirá cumprir sua função junto à comunidade científica e ao meio social a qual pertence. Os instrumentos de pesquisa necessitam ser frequentemente avaliados e qualificados, pois é por meio destes instrumentos que os usuários poderão conhecer as informações disponibilizadas no arquivo. Assim, a função de descrição é essencial nesse processo, pois fornece dados necessários para que sejam elaborados os instrumentos de pesquisa, de modo a permitir a divulgação e a consulta aos arquivos. 3.2.7 Difusão Arquivística. Especificamente na Arquivologia, a difusão constitui-se como um dos quatro grandes setores principais que foram objeto de estudo por especialistas dos arquivos, sendo eles, o tratamento, a conservação, a criação e a difusão (ROUSSEAU e COUTURE, 1998). Deste modo, a difusão é uma das finalidades da existência dos arquivos e Bellotto destaca como sendo funções do arquivo: Descrever, dar à consulta, divulgar (no caso dos arquivos históricos) seus documentos. Quanto à função cidadã, social e cientifica, cabe aos arquivos preservar a memória social, atender aos direitos dos cidadãos, facilitar a investigação histórica (BELLOTTO, 2002, p. 20).. E nessa linha, Jardim explicita que a memória é uma extensão ao campo arquivístico, mas os arquivos não são apenas lugares de memória. Para o autor “a memória no espaço arquivístico só é ativada, porém se tais lugares de memória forem gerenciados também como lugares de informação, onde esta não é apenas ordenada, mas também transferida" (JARDIM, 1998, p 245). É enquanto lugares de informação - espaços caracterizados pelo fluxo informacional - os arquivos redefinem sua dimensão político-social (FONSECA; JARDIM, 2004)..

(27) 26. Assim, o Arquivo tem relevância essencial, por possui função básica de tornar acessível às informações. Uma forma de isso acontecer é pela difusão dos documentos, seja essa educativa, cultural, editorial, etc., sendo um instrumento a ser utilizado na Arquivística para possibilitar um maior conhecimento do fundo documental e da história local por meio do acesso a informação. Valorizar o fundo consiste em demonstrar sua rica história e memória que consta nos registros documentais de um arquivo para seu público em geral, seja ele, usuário, consulente, leitor, pesquisador e a sociedade em geral que desconheça a existência do arquivo, e para isso, dependerá de atividades de promoção para tomarem conhecimento do mesmo. Conforme a autora Bellotto (1991, p. 228) relata, a difusão no arquivo tem duas vias de ação, ou seja, “lançar elementos de dentro do arquivo para fora, procurando atingir um campo de abrangência cada vez mais amplo” e a outra função “o retorno dessa mesma política, acenando com atrativos no recinto do arquivo”. Logo, praticar a ação cultural e educativa deve ser trabalhado dentro das instituições arquivísticas e fora delas. A prática da ação cultural e educativa possui um caráter transformador da realidade social e pressupõe que os indivíduos sejam sujeitos ativos num processo sistemático de criação de novos bens culturais e conhecimentos, e não em atividades esporádicas, ou seja, que eles participem ativamente no “sentido de opinar, formular e criar” (ROSA apud CABRAL, 2012, p.41), como sujeitos da cultura, por meio de trocas de experiências, debates que permitam aos indivíduos uma visão mais reflexiva e crítica do mundo onde se vive (CABRAL, 2012). A função da difusão é de extrema importância num arquivo, pois contribui a fim de difundir o arquivo, sua relevância para a sociedade, os documentos e informações ali contidos, possibilita a acessibilidade aos documentos, aproxima o arquivo e o usuário da informação, facilita o conhecimento das atividades e serviços prestados pelo arquivo, valoriza o profissional da informação, entre outras funções. As atividades que se pode trabalhar por meio da difusão são diversas, independente do sentido que seja: editorial, cultural e educativo, etc, pois pensar o arquivo como um espaço de difusão, não se restringe apenas a realizar eventos circunstanciais, mas, porém, implementar um “programa sistemático visando aproximar o público em geral com o intuito de dar acesso à informação e fomentar a criação de conhecimentos” (CABRAL, 2012, p.35)..

(28) 27. O profissional da informação consiste peça fundamental, visto que, propicia fazeres informacionais e qualificam quanto à precisão, relevância e propósito da informação (VALENTIM, 2008). Lidar com a informação demanda competências específicas, assim, o arquivista precisa direcionar as tarefas à sociedade, difundindo o conhecimento nas mais diversas formas e lugares. E não apenas priorizar a preservação das informações, pois de acordo com Santos (2009, p.185) pode essa “prioridade resultar em restrição de acesso” por parte do profissional arquivista. Rockembach (2015) esclarece que o papel ativo do arquivista no processo de difusão, [...] diz respeito a um contato mais próximo entre os profissionais da informação e os usuários, na medida em que se procura atender tanto necessidades informacionais como a criação de novas demandas (ROCKEMBACH, 2015, p.106).. Deste modo, o arquivista deve mediar essas atividades e encontrar meios para que no fim o usuário tenha o conhecimento do que é e o que se faz num arquivo, como também, para que se tenha acesso aos documentos e informações. Ressalta-se que mediar é facilitar a disseminação e o acesso à informação. O profissional da informação atuando como mediador pode desempenhar o papel de organizador, localizador, identificador, conselheiro e tutor. Para Mello e Perez (2009) os profissionais do arquivo competem Trabalhar com esses novos usuários, fornecendo instrumentos que possibilitem o interesse pela pesquisa e o conhecimento do arquivo. Para isso, devem promover o arquivo como espaço de acesso, tendo um eficiente meio de divulgação do acervo, a fim de atender as atividades culturais, educativas e editoriais (MELLO; PEREZ, 2009, p.3).. Os Arquivistas devem ser agentes transformadores para mediar o acesso entre os arquivos e os usuários, mediante práticas de difusão, para que o arquivo seja fonte de memória, cultura e conhecimento.. 3.2.8 Microfilmagem Conforme relata Andrade (2004) “ao contrário do que muitos pensavam, o microfilme não se enfraqueceu com as novas tecnologias, especificamente com a digitalização” (ANDRADE, 2004, p.54). Deste modo se evidencia a utilização e a aceitação da microfilmagem como veículo de armazenamento, recuperação e transmissão da informação..

(29) 28. A microfilmagem é usada no sistema de gerenciamento e preservação de informações, por meio da captação de imagens dos documentos, por processo fotográfico. Segundo Andrade (2004) a microfilmagem garante a preservação do documento original e da informação, por meio da produção de uma cópia permanente, reformatada para um novo suporte, cuja base é composta de plástico transparente e flexível. Para o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística a microfilmagem é um meio de “produção de imagens fotográficas de documento em formato altamente reduzido” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.120). Segundo Paes (1997): Um bom serviço de microfilmagem pressupõem, em primeiro lugar, a organização arquivística dos documentos e o estabelecimento de um criterioso programa de avaliação e seleção do acervo documental. Uma vez organizados os arquivos e os documentos devidamente selecionados, o especialista, baseado na analise da documentação a ser microfilmada, deverá proceder a um estudo de viabilidade econômica, de acordo com as disponibilidades financeiras da instituição (PAES, 1997, p.157).. A microfilmagem tem como objetivo principal reduzir o volume documental, garantir a durabilidade e proporcionar a preservação do documento. Tendo como benefícios a economia de espaço, a rapidez na localização, validade legal, integridade do arquivo, entre outras. No entanto, o processo de microfilmagem possui um alto custo. Sua realização exige profissionais capacitados para desempenharem esta técnica, já que os materiais utilizados são de elevado custo. O microfilme consiste no resultado do processo de reprodução em filme em diferentes graus de redução e, o Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia (2008, p.249) menciona o microfilme como “reprodução em filmes de 105, 35, 16 ou 8 milímetros, de imagem ou documento, para arquivo ou coleção”. O microfilme reduz de maneira eficaz o volume dos arquivos e consisti em um meio de armazenagem mais prático, proporcionando o acesso mais eficiente, rápido e seguro dos documentos. O Decreto de nº 1.799 de 30 de janeiro 1996 autoriza a microfilmagem em todo território nacional. Podem ser microfilmados Os documentos oficiais ou públicos, de qualquer espécie e em qualquer suporte, produzidos e recebidos pelos órgãos dos Poderes Executivo, Judiciário e Legislativo, inclusive da Administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e os documentos particulares ou privados, de pessoas físicas ou jurídicas..

(30) 29. 3.2.9 Digitalização. Nessa nova era tecnológica, as empresas e instituições reconhecem que a informação possui um valor enorme para o desempenho das atividades e para a tomada de decisões, assim iniciaram a implantar de sistemas informatizados. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) cita que “gerenciar de forma estratégica informações e dados disponíveis nas instituições, exige o uso de técnicas e ferramentas que possibilitem a acessibilidade aos dados de forma rápida e confiável” (SEBRAE, 2017, p.1). Utilizar processos sistematizados para gerenciar a informação é de grande importância. E a digitalização surgiu como um meio de dinamizar o acesso do conteúdo dos documentos e a disseminar as informações, com a visualização da imagem do documento instantaneamente. De tal modo que, a digitalização é dirigida ao acesso, difusão e preservação do acervo documental (CONARQ, 2010). A digitalização consiste em um “processo de conversão de um documento para o formato digital por meio de dispositivo apropriado, como um escâner” (ARQUIVO NACIONAL, 2005, p.69). O Conselho Nacional de Arquivos (CONARQ) conceitua a digitalização como, Um processo de conversão dos documentos arquivísticos em formato digital, que consiste em unidades de dados binários, denominadas de bits que são 0 (zero) e 1 (um), agrupadas em conjuntos de 8 bits (binary digit) formando um byte, e com os quais os computadores criam, recebem, processam, transmitem e armazenam dados (CONARQ, 2010, p. 5-6).. A digitalização pode ser indicada tanto para empresas públicas como para empresas privadas que têm documentos que necessitam ser consultados e gerenciados de maneira rápida e organizada. A CONARQ (2010) cita vantagens do processo de digitalização como: - Permitir o intercâmbio de acervos documentais e de seus instrumentos de pesquisa por meio de redes informatizadas; - Promover a difusão e reprodução dos acervos arquivísticos não digitais, em formatos e apresentações diferenciados do formato original; - Incrementar a preservação e segurança dos documentos arquivísticos originais que estão em outros suportes não digitais, por restringir seu manuseio (CONARQ, 2010, p. 6).. Visto isso, após a digitalização dos documentos, estes podem ser disponibilizados em rede e acessados por diversas pessoas ao mesmo tempo, desde que tenham permissão para tal, ou seja, o processo de digitalização é usado para a recuperação e disseminação da informação a fim de difundir os documentos..

(31) 30. 4 ASPECTOS METODOLÓGICOS. 4.1 TIPO DE PESQUISA. O presente estudo tem uma abordagem qualitativa, está qualificada como uma pesquisa do tipo estudo de caso à medida que busca compreender o tratamento realizado no Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) sob a custódia do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES). Corroborando com o método escolhido, Gil destaca que o estudo de caso não é produzir conhecimento com grande potencial de generalização, “mas sim permitir uma visão global do problema” e acrescenta que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2002, p.54-55). Segundo Fonseca, Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador (FONSECA, 2002, p. 33).. A abordagem qualitativa como afirma Minayo (2009, p. 22) aprofunda-se “no mundo dos significados, das ações, dos motivos”. Esta opção metodológica deve-se à natureza do problema a ser estudado, neste caso, como a realização do tratamento arquivístico tem contribuído para a valorização do Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853 a 1922), visto que, diante deste universo amplo e complexo de investigação, a pesquisa qualitativa mostra-se igualmente adequada, pois, devido ao seu caráter mais interpretativo, possibilita alcançar de maneira mais aprofundada e abrangente o problema delineado (MINAYO, 2009)..

(32) 31. Quanto ao desenvolvimento no tempo, esta pesquisa classifica-se como uma pesquisa retrospectiva, pois o pesquisador se valeu de registros de dados já existentes. O estudo é desenhado para explorar fatos do passado, podendo ser delineado para retornar, do momento atual até um determinado ponto no passado. (FONTELLES, et al., 2009). Empregou-se ainda uma revisão bibliográfica, que de acordo com Gil (2002) é tido como o primeiro passo de toda a pesquisa científica, como neste caso, para auxiliar na definição dos objetivos já mencionados neste estudo, inicialmente, foram pesquisadas diferentes obras de autores na área da Arquivologia, como Heloisa Liberalli Belloto, Janice Gonçalves, Ieda Pimenta Bernardes, Luís Carlos Lopes no intuito de implementar o estudo com informações consistentes e coerentes. Ainda foram pesquisadas informações contidas em sites eletrônicos, como o Scientific Electronic Libranic Online (SCIELO) e biblioteca eletrônica que abrange uma coleção de periódicos científicos, artigos e livros na área de arquivologia, além dos sites do Arquivo Nacional (AN) e do Conselho Nacional de Arquivo (CONARQ). Como forma complementar, utilizou-se fotografias retiradas pela própria pesquisadora de documentos originais, com autorização do APESS, como instrumento para registrar as séries documentais do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública e enriquecer este trabalho. Tittoni (2009) pontua que a utilização da fotografia é bastante antiga. No entanto, recentemente, esteve mais presente como instrumento de trabalho e produção de conhecimento. Assim, o uso de fotografias revela um recurso metodológico enriquecedor na pesquisa e marca um momento na história, registrando um olhar com um fluxo discursivo próprio e singular.. 4.2 ETAPAS DA PESQUISA. O tratamento do Fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922). teve. como. iniciativa. um. trabalho. multidisciplinar. entre. os. Departamentos de Psicologia e de Arquivologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Com o objetivo de realizar a descrição, análise, digitalização e a microfilmagem do Fundo por meio do projeto intitulado “Tratamento, Conservação e Analises dos documentos da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-.

(33) 32. 1922)”, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa/ES (FAPES) e contando com alunos bolsistas de iniciação científica que colaboraram na descrição documental dos documentos do fundo permitindo a recuperação da história administrativa dessa inspetoria. Este fundo documental foi encontrado quase por acaso, no contexto do trabalho de garimpagem da equipe de pesquisadores e bolsistas do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Subjetividade e Política (NEPESP), do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), em busca de vestígios documentais sobre a história da loucura no Espírito Santo no ano de 2013. Concomitantemente, a equipe do núcleo buscava os documentos sobre a história da loucura no Estado, a equipe do APEES, à época, finalizando as obras de adequação e reforma de seus espaços físicos localizou as 22 (vinte e duas) caixas esquecidas em um espaço ocupado pelo Arquivo Público. Ao efetuar a mudança dos documentos do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES) para o novo espaço, na Rua 07 de Setembro, no Centro de Vitória, a equipe técnica do órgão promoveu a reorganização do acervo. No decorrer dos procedimentos foram localizados materiais ainda não catalogados, que podem ser fontes de pesquisas inéditas no Estado. Dentre eles estão ofícios e relatórios da Inspetoria de Higiene Pública (APEES, 2016, p. 1).. O primeiro momento foi à identificação dos documentos do Fundo que retratavam a história administrativa do órgão da Inspetoria de Higiene Pública, identificando gênero, espécie e tipo documental do fundo. Em seguida foi elaborado o arranjo documental, ou seja, estruturado em série para facilitar os instrumentos de pesquisa e auxiliar na descrição Arquivística do fundo. Dessa forma, oito séries foram identificadas para estruturação do fundo Série Administrativo, Série Vigilância Sanitária, Série Assistência à Saúde, Série Licenciamentos, Série Controle Estatístico e Epidemiológico, Série Normatizações, Controle portuário e Série Imprensa. No segundo momento, ocorreu a descrição arquivística dos documentos do Fundo. Com base em uma classificação na etapa anterior foi designado o Código de Referência. para. cada. documento,. exemplificado. pelo. código. BR.ES.APEES.IHIG.ADM.0007, referenciando ao País; Estado; Arquivo; Fundo; Tipo do documento e Sequência numeral..

(34) 33. Após a criação do código de referência, cada documento era lido e analisado minuciosamente por quem descrevia os documentos, e depois era descrito numa planilha criada para esta finalidade. Nesta planilha, cada Série possuía sua planilha, e cada Planilha estava dividida por metadados que caracterizava os documentos. Sendo respectivamente: Título; Indicação de responsabilidade; Data; Local; Dimensão; Conservação; Pontos de acesso; Documentos relacionados; Número da caixa; Número da pasta; Número da página; Data da descrição; Descrito por e Observação. À medida que os documentos do Fundo em estudo foram sendo identificados, codificados e descritos notava-se a importância desses registros. Terceira e última etapa consiste na microfilmagem e a digitalização do fundo, incluindo higienização e preparação. No entanto, essas etapas ainda não foram iniciadas no Fundo da Inspetoria de Higiene Pública. Atualmente, os documentos foram identificados e codificados até a caixa 13 (treze) e estão no APEES para acesso e pesquisa..

(35) 34. 5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS. 5.1 O TRATAMENTO ARQUIVÍSTICO APLICADO NO FUNDO DOCUMENTAL DA INSPETORIA DE HIGIENE PÚBLICA DO ESPÍRITO SANTO. O tratamento arquivístico aplicado no fundo documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922) foi desenvolvido pelo projeto de pesquisa “Tratamento, Conservação e Análises dos documentos da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922)”, a qual envolveu a parceria entre os Departamentos de Psicologia e de Arquivologia da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Este estudo realizou-se uma retrospectiva dos tratamentos arquivísticos aplicados nos documentos do fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo (1853-1922), pois a pesquisadora se valeu de registros de dados já existentes. Neste caso, as terminologias adotadas neste trabalho acompanham os termos do projeto de pesquisa. Os trabalhos iniciais no acervo se deram inicialmente pela identificação, ou seja, o reconhecimento, sistematização e registros das informações dos documentos do fundo da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo, com o intuito de ter o controle físico e intelectual dos documentos. Em seguida foi realizado um inventário preliminar para maior entendimento das atividades do órgão e dos documentos que as registraram. Como suporte, um levantamento de legislação fora planejado e executado. A identificação foi usada ainda para desenvolver os procedimentos de análise, descrição, microfilmagem e a digitalização do Fundo Documental da Inspetoria de Higiene Pública do Espírito Santo, a fim de que as demais etapas do projeto pudessem ser estruturadas e executadas com perfeição. 5.1.1 Primeira etapa. Na primeira etapa foi realizada a identificação dos documentos do Fundo, onde foi encontrada uma série de documentos que retratavam a história administrativa da Instituição da Inspetoria de Higiene Pública, onde foi possível.

(36) 35. perceber diversas relações sociais, políticas e econômicas entre a população capixaba, o Estado, o Governo Imperial e as relações entre as instituições que compunham a Inspetoria. Nestas vinte e duas caixas, em sua maioria, foram encontradas as espécies documentais como ofícios, correspondências, relatórios, requerimentos, resoluções, petições, alvará de licença, memorandos, telegramas e mapas estatísticos dos anos de 1853 a 1922, provenientes da Inspetoria de Higiene Pública. Foram encontrados muitos ofícios entre a Inspetoria e o Gabinete do Governador sobre solicitações de verba para compra de medicamentos e materiais para suprir necessidades emergenciais, devido aos surtos ou para cuidados com os indigentes (JAPERT; CUNHA; CALIMAN; MORAES; VIALE, 2014, p.6).. Como mostram o dossiê de documentos2 dirigidos a diversas autoridades pela Inspetoria de Higiene do Espírito Santo no ano de 1891, citado abaixo:. Figura 1: Documento BR.ES.APEES.IHIG.ADM.2176 CH00, APEES, 2017.. Fonte: Foto produção própria da pesquisadora, 2017. 2. O Projeto de pesquisa utilizou o termo chumaço para designar o dossiê de documentos..

(37) 36. Com o conhecimento da dinâmica do Fundo da Inspetoria Higiene Pública foi possível elaborar o arranjo documental e determinar as séries para estruturar o fundo, o que é essencial para a elaboração dos instrumentos de pesquisa futuros e a descrição arquivística. Assim, oito séries foram criadas para a estruturação do Fundo: . Administrativo;. . Vigilância sanitária;. . Assistência à saúde;. . Licenciamentos;. . Controle estatístico e epidemiológico;. . Normatizações;. . Controle portuário;. . Imprensa. Esse método de classificação por assunto contribuiu para auxiliar nas atividades de descrição e digitalização, especialmente, na definição do código identificador que cada documento receberia. Ilustrativamente, exemplificamos as séries documentais por meio de fotografias retiradas pela pesquisadora de cada tipo documental classificado e disponibilizado pelo APEES.. 1.. SÉRIE ADMINISTRATIVO: trata sobre os registros das atividades de. controle de pessoal, despesas, compra de material, controle de gastos, nomeação e posse, demissão, transferência de funcionários, distribuição de medicamentos, tesouraria, envio e recebimento de telegramas, receitas e despesas com cuidados médicos, gastos com internação nos lazaretos, envio e recebimento de ofícios e relatórios, etc..

(38) 37. Figura 2: Documento BR.ES.APEES.IHIG.ADM.2205 p.77, APEES, 2017.. Fonte: Foto produção própria da pesquisadora, 2017..

(39) 38. 2. SÉRIE VIGILÂNCIA SANITÁRIA: versa sobre os registros das atividades de inspeção sanitária nas casas, escolas, comércio, entre outros lugares e surtos, epidemias, campanhas, imunização/vacinação, controle ambiental, criação e fechamento de enfermarias, visitas sanitárias, prestação de socorro aos imigrantes, aquisição de medicamentos, envio de atendimento via ambulância, inspeção de navios no porto, suspensão das aulas na capital devido a epidemia, etc.. Figura 3: Documento BR.ES.APEES.IHIG.SAN.0592 p.19, APEES, 2017.. Fonte: Foto produção própria da pesquisadora, 2017..

(40) 39. 3. SÉRIE ASSISTÊNCIA À SAÚDE: aborda sobre os registros das hospitalizações no estado, consultas, encaminhamentos para tratamentos em outros estados, notas de falecimentos, solicitação de verbas para prestação de serviços, internações e altas de indivíduos e de praças, recolhimento de funcionários contaminados pela epidemia, ofícios relatando casos suspeitos de contaminação de varíola, etc.. Figura 4: Documento BR.ES.APEES.IHIG.SAU.0213 p.17, APEES, 2017.. Fonte: Foto produção própria da pesquisadora, 2017..

(41) 40. 4. SÉRIE LICENCIAMENTOS: trata sobre os registros das solicitações e licenças de funcionamentos de estabelecimentos e profissionais, exercício irregular da profissão farmacêutico e de medicina, vistoria nos estabelecimentos da saúde, transferência de licenças, relações de todos os profissionais da saúde, etc.. Figura 5: Documento BR.ES.APEES.IHIG.LIC.0093 p.01, APEES, 2017.. Fonte: Foto produção própria da pesquisadora, 2017..

Referências

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