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Políticas públicas de ações afirmativas na educação superior para indígenas : estudo de caso da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

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Academic year: 2021

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO ÉRIKA KANETA FERRI

POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA INDÍGENAS: ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE

MATO GROSSO DO SUL

CAMPINAS 2015

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POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA INDÍGENAS: ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutora em Educação, na área de concentração de Ensino e Práticas Culturais.

Orientador(a):Prof. Dra. Maria Helena Salgado Bagnato

O ARQUIVO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA ALUNA ÉRIKA KANETA FERRI

E ORIENTADA PELA PROF. DRA. MARIA HELENA SALGADO BAGNATO

CAMPINAS 2015

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FACULDADE DE EDUCAÇÃO

TESE DE DOUTORADO

POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA INDÍGENAS: ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE

ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

Autor: ÉRIKA KANETA FERRI

COMISSÃO JULGADORA:

Orientadora Profa Dra MARIA HELENA SALGADO BAGNATO Profa Dra EUNICE ALMEIDA DASILVA

Profa Dra DÉBORA CRISTINA JEFFREY

Prof DrGERSEM JOSÉ DOS SANTOS LUCIANO Profa Dra MARIA BEATRIZ ROCHA FERREIRA

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

CAMPINAS 2015

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Dedico esta pesquisa à população indígena do estado de Mato Grosso do Sul e em especial aos acadêmicos indígenas, os quais tive o privilégio de conhecer e conviver.

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AGRADECIMENTOS A Deus !

À Maria Helena, minha orientadora, pela amizade, pela lição de vida, pela gentileza e doçura. Com sabedoria e discernimento me conduziu nesta trajetória.

À minha família pelo apoio incondicional, pela compreensão da árdua e prazerosa trajetória de vida do pesquisador. Em especial ao meu marido Alencar e meus filhos Barbara e Victor.

Às professoras Gisele, Débora, Maria Beatriz pelas contribuições e sugestões durante a banca de qualificação contribuindo com a trajetória de construção da finalização tese.

Aos professores Eunice, Gersem, Heloisa Helena e Marta por aceitarem a compor a banca de defesa desta tese.

Aos professores do Programa de Pós-Graduação Doutorado em Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), que muito colaboram para a construção/ reconstrução da tese.

Aos amigos do grupo de Pesquisa PRAESA, pelo aprendizado contínuo e eterna amizade. Em especial aos amigos Eunice, Lúcia, Maria Carolina e Marcia pelas colaborações e acolhimento.

Aos colegas estudantes do Programa de Pós-Graduação Doutorado em Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) pela convivência e amizade.

Aos amigos Jair, Fátima e Silvana pelo apoio em todos os momentos de cansaço, angústias e desânimo.

À Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (FUNDECT) pelo apoio financeiro para o desenvolvimento da pesquisa.

À Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e aos participantes da pesquisa, pela contribuição e colaboração na coleta de dados.

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E a todos aqueles que de alguma forma ou outra colaboraram para a conclusão desta pesquisa.

Minha Gratidão a todos e todas!

... A universidade é pública, não é lugar de quem?

Não é lugar de índio? Não é lugar de negro? Não é lugar de gay e lésbica? É lugar de quem?

(8)

GRÁFICO 1 Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Ano e quantidade de publicações – 1992 a 2014 (n. 149)

34

GRÁFICO 2 Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Gênero dos textos e Quantidade – 1992 a 2015 (n. 149)

35

GRÁFICO 3 Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Áreas de Conhecimento – 1992 a 2015 (n. 149)

36

GRÁFICO 4 Revisão Bibliográfica – Base de dados: Scielo – Gênero e Natureza – Ação Afirmativa – Janeiro 2015

(9)

QUADRO 1 Revisão bibliográfica Periódicos CAPES -Fontes e revistas-janeiro de 2015

37

QUADRO 2 Revisão bibliográfica na base de dados Scielo: descritores Ação Afirmativa, Cotas e Cotas Raciais, janeiro de 2015

38

QUADRO 3 Periódicos na base de dados Scielo: descritor Ação

Afirmativa, janeiro de 2015 39

QUADRO 4 Cursos com maior número de acadêmicos indígenas matriculados e da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Ano 2013

50

QUADRO 4A Instituições de Educação Superior no Mato Grosso do Sul, por organização acadêmica e categoria – Ano base 2013

103

QUAD RO 5

Instituições de Educação Superior – Federais e Estaduais – vagas suplementares e cotas para indígenas

109

QUADRO 6 Número total de estudantes matriculados e de cotas nas Universidades Federais-- Ano 2013 -2014

113

QUADRO 7 Número de matriculas na Educação indígena por modalidade e etapa de ensino – Brasil: 2007-2012

118

QUADRO 8 Pessoas indígenas de 10 anos ou mais e de 15 anos ou mais de idade, por localização do domicílio, segundo algumas características educacionais e o sexo Brasil – 2010.

119

QUADRO 9 Proporção das pessoas indígenas de 10 anos ou mais de idade com até 1 (um) salário mínimo e sem rendimento nominal mensal, por localização do domicílio, segundo as Grandes Regiões - Brasil – 2010.

120

QUADRO 10 População Indígena - 2012 cadastrada no SIASI por região, UF, Região e Município – Mato Grosso do Sul

121

QUADRO 11 Distribuição da população indígena do estado de Mato Grosso do Sul, por faixa etária – ano 2012

124

QUADRO 12 População indígena por etnia cadastrada no SIASI – Mato Grosso do Sul -2012

(10)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 Modelo do processo de implementação das políticas 61 FIGURA 2 Distribuição do Tipo de Reserva de Vagas –

Ingressos por Processo Seletivo das IES Públicas – Graduação Presencial – Brasil – 2010

73

FIGURA 3 Taxa de analfabetismo para pessoas indígenas de 10 ou mais anos de idade, segundo Unidade de Federação – 2010

126

FIGURA 4 Mapa do estado de Mato Grosso do Sul 131

FIGURA 5 Localização das Unidades Universitárias da UEMS no estado

132

FIGURA 6 Sede Administrativa Dourados – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

133

FIGURA 7 Organograma da Estrutura Organizacional da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

135

FIGURA 8 Número de Acadêmicos matriculados por etnia no ano de 2008 – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

(11)

TABELA 1 Evolução do Número de Instituições de Educação Superior por categoria Administrativa- Brasil: 2001-201

72

TABELA 2 Crescimento das instituições de educação superior - Brasil, Região Centro-Oeste e Mato Grosso do Sul - 1991-2004

98

TABELA 3 Crescimento das Instituições de Educação Superior, por categoria administrativa - Mato Grosso do Sul 1991-2004

98

TABELA 4 Vagas oferecidas, ingressantes e percentual de ociosidade nas instituições privadas - Região Centro-Oeste 2004

100

TABELA 5 Número de jovens que poderiam pagar

mensalidades nas escolas privadas e número de estudantes matriculados nas IES privadas, em 2004

100

TABELA 6 Presença da cor/raça na sociedade e no campus -

Mato Grosso do Sul 2005 101

TABELA 7 População Indígena E Distribuição Percentual Por Localização de Domicílio e Condição de Indígena, segundo as grandes regiões, 2010 – Brasil

116

TABELA 8 Progressão na Oferta de Vagas - UEMS relativo ao ano de ingresso - 2005 a 2013

136 TABELA 9 Número de Ingressantes e Concluintes Negros e

Indígenas cotistas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul entre os anos de 2004 a 2014

137

TABELA 10 Número de bolsas por programas oferecidos na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, de 2010 a 2013

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AGRAER Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural APIRR Associação dos Povos Indígenas de Roraima

ANAI Associação Nacional de Apoio ao Índio

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAFI Centro Amazônico de Formação Indígena

CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEDI Centro Ecumênico de Documentação e Informação

CE Câmara de Ensino

CEE/MT Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso CEPE/UEMS Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão UEMS

CEPPIR/MS Coordenadoria de Políticas Para a Promoção da Igualdade Racial CPI/SP Comissão Pró-Índio de São Paulo

CERA Centro de Educação Rural de Aquidauana CIMI Conselho Indigenista Missionário

CINEP Centro Indígena de Estudos e Pesquisas

CIR Conselho Indígena de Roraima

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CNEEI Comissão Nacional de Educação Escolar Indígena

COAB Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira

COES Comissão de Estágio

COUNI Conselho Universitário

CTI Centro de Trabalho Indigenista

CUIA Comissão Universidade para os Índios DID Divisão de Inclusão e Diversidade

DPs Dependências

DRA/UEMS Diretoria de Registro Acadêmico/ UEMS

EEOC Comissão para a Igualdade de Oportunidade no Emprego EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EUA Estados Unidos da América

FIES Fundo de Financiamento estudantil

FLASCO Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais FUNAI Fundação Nacional do Índio

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Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação ee Serviços

IES Instituições de Ensino Superior

IESPs Instituições de Ensino Superior Públicas

IESALC Intercultural e Diversidade Cultural no Ensino Superior na América Latina e Caribe

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

ISA Instituto Socioambiental

LACED Laboratório de Pesquisa em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento

LI Licenciatura Intercultural

MEC Ministério da Educação

NEI-SECD Núcleo de Educação Indígena da Secretaria Estadual de Educação, Cultura e Desportos

NI Núcleo Insikiran de Formação Superior Indígena NEAB Núcleo de estudos Afro-Brasileiros

OAB Ordem dos Advogados do Brasil

ODIN Observatório de Direitos Indígenas CINEP Centro Indígena de Estudos e Pesquisas

OMIR Organização das Mulheres Indígenas de Roraima

ONGs Organizações Não Governamentais

ONU Organização das Nações Unidas

OPAN Operação Anchieta

OPIR Organização dos Professores Indígenas de Roraima OUI. Organização Universitária Interamericana

PAE Programa de Apoio estudantil

PPP Projeto Político Pedagógico

PIBIC Programa de Bolsas de Iniciação Científica

PIBIC -AF Programa Institucional de Iniciação Científica - PIBIC nas Ações Afirmativas

PIBID Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência

PROEC/UEMS Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários UEMS

PROEIB-Andes Programa de Formación em Educación Intercultural Bilingue para los Países Andinos

(14)

PUC-Goiás Pontifícia Universidade Católica de Goiás

PUMC Programa Universitário Nacional e Multicultural PVUI Programa Vale Universidade Indígena,

RIF-FOEI Rede Interamericana de Formação de Formadores em Educação Indígena

SECAD Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão

SAU Sistema Acadêmico da UEMS

SEPPIR Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial SENAR Serviço Nacional de Aprendizagem Rural

SPI Serviço de Proteção ao Índio

SETAS Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social

SISU Sistema de Seleção Unificada

TCC Trabalho de Conclusão de Curso

TI Terra Indígena

UCDB Universidade Católica Dom Bosco

UEL Universidade Estadual de Londrina

UEMS Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro

UFAM Universidade Federal do Amazonas

UFGD Universidade Federal da Grande Dourados UFMG Universidade Federal de Minas Gerais UFMS Universidade Federal de Mato Grosso do Sul UFSCAR Universidade Federal de São Carlos

UNB Universidade de Brasilia

UFPR Universidade Federal do Paraná

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UFRR Universidade Federal de Roraima

UFT Universidade Federal do Tocantins

UNAM Universidade Autônoma do México

UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura

UNI União das Nações Indígenas

UNIGRAN Centro Universitário da Grande Dourados UNICAMP Universidade Estadual de Campinas

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(16)

POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS NA EDUCAÇÃO SUPERIOR PARA INDÍGENAS: ESTUDO DE CASO DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL

O estudo teve como objetivo analisar a implementação de política públicas de Ação Afirmativa para indígenas na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Caracterizou-se como estudo qualitativo, estudo de caso político histórico organizacional. Para coleta dos dados empíricos, utilizou-se de entrevistas, as quais foram analisadas numa perspectiva da educação crítica e nos estudos de implementação de políticas públicas. Os sujeitos da pesquisa foram: Pró-Reitores, Membros da Comissão de Acompanhamento dos alunos cotistas e coordenadores de cursos com o maior número de alunos indígenas. Os resultados apontam que os participantes da pesquisa buscam saídas e alternativas, com ações e atividades, mesmo que pontuais, como por exemplo: as monitorias, as atividades em grupo, disciplinas e optativa que contemplem a temática indígena, criação Centro de Estudos, Pesquisa e Extensão em Educação, Gênero, Raça e Etnia – CEPEGRE, somados as atividades de apoio desenvolvidas no Projeto de extensão Rede de Saberes. Bem como na projeção de inseri-los em programas de pós–graduação. Discorrem sobre as dificuldades e desafios enfrentados, ora afirmando que entre os indígenas há dificuldades de aprendizagem, ora reiterando que existem barreiras na compreensão do português, especialmente entre aqueles que têm a língua materna como princípio. Conclui-se que a Política de Ação Afirmativa na referida IES é inédita, mesmo diante das adversidades, movimentos contra hegemônicos têm ocorrido na busca por uma educação híbrida e multicultural.

(17)

PUBLIC POLICIES OF AFFIRMATIVE ACTION IN HIGHER EDUCATION: THE INCLUSION OF INDIGENOUS PEOPLES IN THE SOUTH MATO GROSSO STATE UNIVERSITY

The study aimed to analyze the implementation of public policy of affirmative action for indigenous peoples at the State University of Mato Grosso do Sul. It was characterized as a qualitative study, study of organizational historic political event. For collection of empirical data, we used interviews, which were analyzed from the perspective of critical education and implementation of public policy studies. The subjects of the research were: Pro-Rectors, members of the Monitoring Committee of quota students and course coordinators with the largest number of indigenous students. The results indicate that the survey participants seek outlets and alternatives, actions and activities, even though point, for example, the tutoring, group activities, disciplines and elective that address indigenous issues, creation Studies Center, Research and extension Education, Gender, Race and Ethnicity - CEPEGRE, added support activities developed in the extension project Knowledge Network. As well as on the projection insert them into graduate programs. Discuss about the difficulties and challenges faced, sometimes stating that among the natives there learning difficulties, now reiterating that there are barriers in understanding the Portuguese, especially among those who have a mother tongue as a principle. We conclude that the Affirmative Action Policy in that IES is unprecedented, even in the face of adversity, against hegemonic movements have occurred in the search for a hybrid and multicultural education.

(18)

CAMINHOS E ESCOLHAS

INTRODUÇÃO...26

CAPÍTULO I – ... 31

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA ... 31

CAPÍTULO I – TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA ... 32

1.1APRESENTAÇÃO ... 32

1.1.1 Trajetória metodológica da revisão bibliográfica ... 32

1.1.2 Revisão Bibliográfica Portal Periódicos Capes ... 33

1.1.3 Revisão bibliográfica periódicos Scielo ... 38

1.1.4 Apontamentos sobre os achados da revisão bibliográfica ... 40

1.2POR ONDE CAMINHAMOS? ... 44

1.3O CENÁRIO E OS SUJEITOS DA PESQUISA ... 48

FONTE: ELABORADO PELA AUTORA A PARTIR DOS DADOS DA PRÓ – REITORIA DE EXTENSÃO E ASSUNTOS COMUNITÁRIOS (UEMS, 2013). . 50

CAPÍTULO II ... 51

MARCO DE ANÁLISE DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS 51 CAPÍTULO II – MARCO DE ANÁLISE DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ... 52

2.1APRESENTAÇÃO ... 52

2.2ANÁLISE DE POLÍTICAS PÚBLICAS ... 52

2.3ANÁLISE DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ... 57

CAPÍTULO III – ... 63

EDUCAÇÃO SUPERIOR: POLÍTICAS PÚBLICAS DE DEMOCRATIZAÇÃO E ACESSO ... 63

CAPÍTULO III – EDUCAÇÃO SUPERIOR: POLÍTICAS PÚBLICAS DE DEMOCRATIZAÇÃO E ACESSO ... 64

3.1APRESENTAÇÃO ... 64

3.2APROXIMAÇÕES: POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO SUPERIOR, DEMOCRATIZAÇÃO E ACESSO ... 65

(19)

3.4EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA NO CENÁRIO BRASILEIRO ... 85

3.5EDUCAÇÃO SUPERIOR NO ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL ... 94

3.6INDÍGENAS NAS UNIVERSIDADES BRASILEIRAS ... 105

CAPÍTULO IV ... 114

POPULAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL E DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ASPECTOS SOCIOECONOMICOS, DEMOGRÁFICOS E EDUCACIONAIS ... 114

CAPÍTULO IV – POPULAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL E DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL: ASPECTOS SOCIOECONOMICOS, DEMOGRÁFICOS E EDUCACIONAIS ... 115

4.1APRESENTAÇÃO ... 115

4.2A REALIDADE DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS DO BRASIL ... 115

4.3A REALIDADE DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS DO ESTADO DE MATO GROSSO DO SUL ... 121

CAPÍTULO V ... 128

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA PARA INDÍGENAS ... 128

CAPÍTULO V – UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL: A IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE AÇÃO AFIRMATIVA PARA INDÍGENAS ... 129

5.1APRESENTAÇÃO ... 129

5.2UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL:O LÓCUS ... 129

5.3IMPLEMENTADORES:PERFIL E CONSIDERAÇÕES ... 140

5.4MARCO MOBILIZADOR:LEI ESTADUAL Nº2.589, DE 26 DE DEZEMBRO DE 2002, A UEMS ... 144

5.4.1 A dualidade: Visível e Invisível – Igual e Diferente ... 154

5.4.2 Parcas ações e/ou inexistência de discussões sistemáticas nos cursos ... 157

5.4.3 Adversidades ... 158

5.4.4 Intolerância e Resistências ... 162

(20)

5.4.7 Desafios apontados ... 169

5.4.8 Avaliando a política de Ação Afirmativa ... 171

5.4.9 Reconhecimento de uma formação elitista ... 172

5.5PROJETO DE EXTENSÃO REDE DE SABERES: ... 174

5.6PROGRAMAS DE APOIO ESTUDANTIL ... 177

5.6.1 Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) ... 179

5.6.2 Programa Vale Universidade Indígena (PVUI) ... 180

5.6.3 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) ... 184

5.6.4 Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) ... 185

5.6.5 Programa Ciência Sem Fronteiras ... 186

5.6.6 Serviço de Atendimento Psicológico (SAP) ... 186

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 187

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS* ... 191

TERMODECONSENTIMENTOLIVREEESCLARECIDO ... 217

TERMODECONSENTIMENTOLIVREEESCLARECIDO ... 218

ROTEIRODEENTREVISTAECARACTERIZAÇÃODOSSUJEITOSDA PESQUISA ... 220

ROTEIRODEENTREVISTAECARACTERIZAÇÃODOSSUJEITOSDA PESQUISA ... 221

Entrevista 1 – MCAAC 1/ OCPR ... 223

Entrevista 2 – OCPR / CC ... 232 Entrevista 3 – OCPR2 ... 238 Entrevista 4 – CC 1 ... 248 Entrevista 5 – PR ... 256 Entrevista 6 – OCC 1r ... 269 Entrevista 7 – OCC 2 ... 274 Entrevista 8 – CC 3 ... 279 Entrevista 9 – CC 4 ... 288 Entrevista 10 – CC 2 ... 291 Entrevista 11 – CC ... 300 Entrevista 12 - MCAAC 2 ... 305 ANEXO1: ... 315

(21)

INDÍGENASNAUNIVERSIDADEESTADUALDEMATOGROSSODOSUL

... 315

ANEXO2: ... 317

LEIESTADUALNº2.605,DE6DEJANEIRODE2003,COTASPARA NEGROSNAUNIVERSIDADEESTADUALDEMATOGROSSODOSUL . 317 ANEXO3: ... 319

RESOLUÇÃOCOUNI-UEMSNº241,DE17DEJULHODE2003 ... 319

ANEXO4: ... 322

RESOLUÇÃOCOUNI-UEMSNº250,DE31DEJULHODE2003 ... 322

ANEXO5: ... 324

RESOLUÇÃOCEPE-UEMSNº430,DE30DEJULHODE2004 ... 324

ANEXO6: ... 336

RESOLUÇÃOCOUNI-UEMSNº437, DE 11 DE JUNHO DE 2014. ... 336

ANEXO7–PARECERCOMITÊDEÉTICAEMPESQUISADA UNIVERSIDADEFEDERALDEMATOGROSSODOSULNÚMERO814.869/ 2014 ... 338

ANEXO8: ... 342

PORTARIANORMATIVANO 18,DE11DEOUTUBRODE2012 ... 342

ANEXO9: ... 356

LEINº12.711,DE 29DEAGOSTODE2012 ... 356

ANEXO10: ... 359

RESOLUÇÃOCEBNº3,DE10DENOVEMBRODE1999(*) ... 359

ANEXO11: ... 363

(22)

...que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica, nem com balanças, nem barômetros, etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. (Manoel de Barros)

Venho do estado de Mato Grosso do Sul, terra de Manoel de Barros, sua poesia aborda sobre a importância e o encantamento que os fatos de nossa história nos provoca. O poeta enfoca sobre as “coisas miúdas”, sobre a terra, nos convidando a mergulhar e nos introjetar nos pequenos espaços, nos entrelaçarmos nas fissuras.... Nos convida a “desver”.

A partir das leituras e reflexões a cerca da poesia de Manoel de Barros, ao iniciar uma escrita de uma tese considerei importante que na produção textual sejam contempladas questões como: de que lugar estou falando? Em que contexto produzo este texto? Minha trajetória pessoal está intimamente imbricada na minha forma de pensamento, produção de sentidos e subjetivações.

Procurar memórias e explicações lógicas para minhas escolhas profissionais não somente é uma viagem ao passado, como também uma passagem melancólica por minha infância com algumas tribulações e um pensamento já divergente da sociedade contemporânea. Penso ser válido ressaltar que apareceram várias perguntas em minha cabeça quando me dispus a recordar, tais como: De onde vim? Por que fiz estas escolhas e trilhei estes caminhos?

A escolha pelo curso de Pedagogia, no vestibular do ano de 1988, se deu por conta do encantamento que tenho pelo ensino e pelas possibilidades de atuação no mercado de trabalho, mas não atuei imediatamente.

Já a escolha pela Enfermagem foi um sonho guardado na gaveta do tempo por alguns anos. Trabalhando na atenção especializada na dispensação de medicamentos de alto custo, vivenciei por inúmeras vezes o descaso no trato com os pacientes, o que me levou à decisão de pedir demissão e cursar Enfermagem.

Fui aprovada no vestibular em 1997; naquele mesmo ano, num projeto de extensão, fui desenvolver trabalhos nas aldeias de Dourados e me encantei com o que

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Francisco Horta Barbosa, falei ao diretor: vou trabalhar com índios.

Em 2001, após a conclusão da graduação em Enfermagem fui selecionada e ingressei na FUNASA, hoje SESAI, e passei a trabalhar nas Aldeias de Caarapó, no sul do estado de Mato Grosso do Sul.

Essa experiência profissional foi deveras marcante e permitiu que eu conhecesse e reconhecesse as dificuldades que os povos indígenas vivenciavam. Encontrei um espaço de crescimento profissional e pessoal, e alguns fatos foram extremamente importantes: o acolhimento da equipe e dos agentes indígenas de saúde, a forma como fui recebida pelas comunidades, a amizade estabelecida, especialmente com os povos indígenas.

Como enfermeira, esta convivência me impactou muito, especialmente quando fui atuar nas comunidades indígenas de Dourados, na Aldeia Bororó, no ano de 2002. Deparei-me com um quadro de mortalidade infantil considerado um dos mais altos entre crianças indígenas de 0 a 5 anos da época, se aproximava de 140 por 1.000 nascidos vivos.

As causas de mortalidade infantil eram: pneumonia, diarreia e desnutrição, ou seja, doenças evitáveis e relacionadas aos determinantes sociais. O quadro social que assolava tais comunidades era marcado por condições de moradia precárias, ausência de saneamento básico e, ainda, pela falta de alimentos. O que fazer diante deste cenário? O conhecimento adquirido na universidade ajudaria a mudá-lo?

Apesar dos meus questionamentos, nesta equipe de trabalho encontrei um grande amigo Dr. Zelik Trajber, pediatra de formação e indigenista de coração. Sua história de vida já revela bastante do seu compromisso com a causa indígena. Quando ainda era estudante, foi deportado do país, perseguido e torturado, e ficou exilado em Cuba. Retornou ao Brasil após o fim da ditadura, concluiu a graduação em medicina na USP e, em 2001, foi convidado a trabalhar em comunidades indígenas do Mato Grosso do Sul. Esse colega foi extremamente importante para as mudanças de paradigmas em mim construídas.

Nosso trabalho não se limitou a ações assistenciais, mas incluiu articulações com diversos setores. Foram inúmeras as vezes que atendi crianças em estágio terminal de desnutrição severa e, em alguns casos, já em óbito. Era, portanto, necessário pensar em outros caminhos!

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severa pudessem ser acompanhadas semanalmente e tivessem acesso a alimentos adequados para a sua idade. Foi assim que, depois de uma reunião exaustiva, nossa equipe criou o que chamávamos de sopão e pesagem das crianças, que eram grandes encontros com mulheres e crianças indígenas, acompanhados de uma equipe multiprofissional (formada por agentes comunitários indígenas, auxiliares de enfermagem, médico, nutricionista, dentista e vacinadores).

A ideia principal não era oferecer alimentos, mas identificar o que elas produziam e poderiam incluir na alimentação dos filhos, e dessa forma, conhecermos quais eram os alimentos que faziam parte da dieta dos guaranis e a forma de preparo dos mesmos. E a partir disso, junto com as mães produzir a sopa e trabalhar os conceitos dos alimentos e suas propriedades.

Lembrando que nem todas as famílias indígenas têm a possibilidade de produzir alimentos, pois, especialmente entre os guaranis, as condições socioeconômicas e de acesso à terra são muito precárias. É uma reserva de cerca de 14.000 indígenas para uma área de aproximadamente 3.5000 hectares, na qual existe ainda uma disputa interna entre as famílias de maior poder.

Diante da necessidade de buscar parcerias, mobilizamos o comércio do município de Dourados para arrecadar alimentos. Nessa situação, pude perceber e sentir a discriminação e o preconceito presente nos discursos. Recebemos “não” e “passa amanhã” por diversas vezes, mas isso não nos desanimava. Depois de muitas discussões e reivindicações, conseguimos que a administração municipal efetuasse a compra dos alimentos para o sopão.

Paralelamente a isso, comecei, também, a vivenciar o preconceito dos colegas, que me dirigiam perguntas como: Por que está fazendo isso? Por que quer trabalhar com índios? Enfrentei muitos outros estereótipos, que prefiro não descrever.

Posso dizer que essa experiência marcou profundamente minha vida, pois uma coisa é conhecer a realidade dos povos indígenas por meio dos livros e artigos, outra é vivenciar a negligência e o descaso com esses povos. Após esta experiência profissional, tinha uma convicção pessoal e um compromisso de estar nessa luta, contribuindo nesse embate.

Já enquanto pesquisadora, essa aproximação se deu pela possibilidade de conhecer a realidade das mulheres da Aldeia Bororó. Os momentos do tereré, das trocas e conversas informais me tocaram profundamente, pois apesar das dificuldades

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de um futuro melhor para seus filhos.

A pesquisa também me oportunizou algumas aproximações aos aspectos antropológicos e conceituais, aspectos estes necessários para melhor entendimento das formas de vida e de organização social dos povos indígenas.

Mas algumas inquietações ainda estavam presentes: porque só existem não índios nas equipes de saúde profissionais? E me perguntei: Se somos iguais, por que não temos as mesmas oportunidades?

Posteriormente, em 2004, ingressei como docente do curso de Enfermagem no Centro Universitário da Grande Dourados, e em 2007, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), onde tenho contato com os acadêmicos indígenas.

Já como docente na universidade, a convivência com os acadêmicos indígenas permitiu-me acompanhar suas histórias e testemunhar as dificuldades, os sofrimentos, as desistências, os “silêncios” e o preconceito que eles enfrentam. Tais inquietações e observações somam-se às discussões pedagógicas e ao acompanhamento da reformulação do projeto pedagógico do curso, em que temas como a interculturalidade ou a diversidade étnica sequer são mencionados, especialmente no que diz respeito à proposta institucional de Ação Afirmativa.

Portanto, minhas inquietações acerca da temática deste estudo se construíram a partir da minha atuação como enfermeira nas comunidades indígenas do sul do estado de Mato Grosso do Sul e a minha inserção como docente na Universidade e o convívio com acadêmicos indígenas nas atividades de ensino, pesquisa e extensão (nas Aldeias Bororó e Jaguapiru) reafirmaram estas inquietações.

(26)

INTRODUÇÃO

As inquietações tornaram-se mal-estar, neste sentido, utilizo as palavras da autora Rolnik (1995):

“É o mal-estar que nos invade quando forças do ambiente em que vivemos (e que são a própria consistência de nossa subjetividade), formam novas combinações, promovendo diferenças de estado sensível em relação aos estados que conhecíamos e nos quais nos situávamos“(p.1).

Minhas inquietações acerca da temática deste estudo se constroem a partir da atuação enquanto enfermeira nas comunidades indígenas do sul do Estado de Mato Grosso do Sul e na Universidade através do convívio com acadêmicos indígenas nas atividades de ensino, extensão (nas Aldeias Bororó e Jaguapiru) e também como pesquisadora a partir de 2001. Posteriormente, em 2004, iniciei como docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário da Grande Dourados e, em 2007, na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), onde tenho contato com os acadêmicos indígenas1.

O desempenho dos papéis de enfermeira e pesquisadora nas reservas indígenas de Dourados e Caarapó permitiram que eu me aproximasse do modo de vida, de produção de saúde, da cultura e da forma de organização social de povos indígenas, em especial dos Guaranis Kaiowás. Povos de uma riqueza cultural2 singular.

A Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul e o estado de Mato Grosso do Sul são pioneiros na oferta de cotas para negros e índios, com a proposta institucional de política de Ação Afirmativa. A política de Ação Afirmativa vai ao encontro das reivindicações dos movimentos da liderança indígena, indigenistas, movimentos de

1

Optou-se na tese por utilizar o termo indígena, termo aceito por diversos pesquisadores e antropólogos. Indígena: (lat indigena). Pessoa natural de um país em que habita; aborígine; originário ou próprio de um país ou de uma localidade (MICHAELIS, 2008, p. 467).

2 O conceito utilizado de cultura no texto se apoia em Giroux (1992, p. 65), considerada uma forma de produção, especificamente como formas nas quais os seres humanos compreendem suas formas de vida, sentimentos, crenças, pensamento e a sociedade mais ampla.

(27)

professores indígenas, Organizações Não Governamentais (ONGs) e instituições de ensino em prol da causa indígena. Em relação aos estudantes indígenas, a política inclui o desenvolvimento de programas para apoia-los na trajetória acadêmica.

Segundo dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (2012), o estado de Mato Grosso do Sul concentra a segunda maior população de indígenas do Brasil, de aproximadamente 70.383 mil pessoas, que enfrentam precárias condições de vida e possuem indicadores sociais alarmantes. Essa situação possui uma longa trajetória histórica, que tem como pano de fundo a luta fundiária, pois o estado tem como principal fonte de renda e desenvolvimento a agricultura e a pecuária, o que provoca inúmeras tensões entre indígenas e parte da sociedade envolvida.

Nas palavras de Gersem dos Santos Luciano, índio Baniwa, a educação tornou-se uma das condições e uma das causas da formação da consciência de cidadania. Ela pode possibilitar o domínio dos códigos básicos estruturantes da sociedade não indígena, a consequente capacidade de reformulação de estratégias de resistência e de promoção de culturas, valores e conhecimentos, e a apropriação de outros saberes úteis e necessários à melhoria das condições de vida (LUCIANO, 2006, p. 165). Nesse sentido, a educação superior tem sido um dos caminhos que os indígenas procuram para se apropriarem de outros conhecimentos e saberes e, dessa maneira, viabilizarem a ocupação de espaços na formulação de estratégias contra hegemônicas.

A educação superior é um espaço de discurso e, como tal, detém o poder porque produz conhecimento, detendo também parte do controle simbólico, pois controla o texto, a produção e comercializa esse mesmo conhecimento. Ter acesso à educação, principalmente a superior, é adquirir formas de empoderamento, é assumir poder, é ter a possibilidade de ocupar novas posições na divisão social do trabalho, de classes. Saber é Poder. Discurso é, então, objeto de poder porque o realiza, constrói o poder, conforme nos aponta Boaventura de Sousa Santos (2009).

Ao longo e a cada momento da história, as instituições, as forças e os processos estruturados constrangem e interferem todo o tempo nas relações e ações dos sujeitos, mas, aquelas, simultaneamente, são produzidas, instituídas e estruturadas pela práxis desses mesmos sujeitos. Dessa forma, os sujeitos são, ao mesmo tempo, produtores e produtos de relações e instituições que eles mesmos engendram e pelas quais são engendrados. Cabe, neste caso, estudar profundamente, em toda a complexidade, as dimensões micro e as suas relações com a estruturada macropolítica.

(28)

Referindo-me ao autor Dias Sobrinho (2010), instituições e estado são

construídos por seres humanos, carregam as contradições sociais e os diferentes projetos existenciais e coletivos. Portanto, na implementação e na implantação de uma

política institucional é necessário identificar: que lugares os atores das políticas ocupam; quais os compromissos numa dada formação social; quais as concepções de mundo e; o papel que atribuem às políticas referidas.

Um problema de pesquisa supõe a possibilidade de buscar informações a fim de esclarecê-lo e compreendê-lo. Portanto, não deve ser tratado pelo senso comum ou pela simples especulação.

Pois,

A fase de formulação, de explicitação do problema de pesquisa, é uma fase crucial em qualquer pesquisa, pois dela dependerão todas as demais decisões, o que significa dizer que a busca de clareza em relação ao problema é fundamental não apenas na elaboração do projeto, mas em todo o processo da pesquisa (LEAL, 2002, p. 237).

Nessa perspectiva, a presente pesquisa permeou as seguintes indagações: Como a política de Ações Afirmativas está sendo implementada na UEMS? Quais ações/atividades afirmativas e discussões sistemáticas ou ações programadas são desenvolvidas nos cursos e IES?

Quais são as concepções dos coordenadores, pró-reitores e membros da Comissão de Acompanhamento de alunos cotistas sobre a implementação da política de Ação Afirmativa na IES.

A partir dessas questões a presente tese de doutoramento aborda sobre a implementação das Políticas de Ações Afirmativas para populações indígenas, numa indagação de que forma se dá e se deu o processo histórico dos 10 anos de implementação de tal política sob o olhar dos diversos membros da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul. Dessa forma, buscou-se identificar e compreender como circulam os discursos, a compreensão de gestores, pró-reitores, membros de comissões de acompanhamento de Ações Afirmativas e coordenadores sobre a referida política. Portanto, o interesse desta tese é investigar sob quais condições tais políticas funcionam e como estão sendo implementadas.

Destarte, mergulhando na micropolítica proposta pela pesquisa, buscou-se compreender o movimento dialético e as razões que, em alguns casos usam, globalizam e, em outros se colocam em oposição.

(29)

A presente tese tem como objetivo geral analisar a implementação das políticas públicas de Ações Afirmativas direcionadas aos povos indígenas na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, considerando:

O período entre os anos de 2003 a 2014; Graus e formas da implementação;

Comportamentos dos agentes envolvidos na implementação;

A estrutura de operação envolvendo as dimensões organizacionais, jurídicas, financeiras e apoio logístico.

Os objetivos específicos são:

Situar as políticas de Ações Afirmativas para indígenas presentes no Brasil e no estado de Mato Grosso do Sul;

Compreender de que maneira as políticas de Ações Afirmativas são implementadas pelos diversos segmentos da Universidade (Pró-Reitorias, Membros da Comissão de acompanhamento dos alunos cotistas, Coordenadores de Curso, Conselhos);

Identificar as dificuldades e facilidades no processo de implementação das políticas de ações afirmativas;

Mapear as Ações/atividades Afirmativas, discussões sistemáticas ou ações programadas desenvolvidas nos cursos e da IES.

Na abordagem da implementação de políticas educacionais, partimos da concepção que a educação é entendida como prática social, envolvendo diversos atores: o educando, o educador e a política institucional. Neste universo é que se tecem as articulações políticas permeadas e definidas por condições objetivas e subjetivas

Os estudos sobre o processo de implementação de Políticas Públicas são parcos e na grande maioria se centram nos resultados, ou seja, nas consequências. Os resultados destes estudos têm demonstrado hiatos entre o que é formulado e o que é implementado, sendo que, os efeitos alcançados são totalmente distintos dos objetivos e metas previamente almejados. Nesta assertiva, o estudo da implementação a partir do “olhar” dos implementadores3 acrescenta uma nova dimensão na análise de Políticas Públicas, oferece-nos um “ponto de vista”. Colaborando dessa forma, com o debate e o intercâmbio por meio da análise de dados e informações da experiência da Instituição de Ensino Superior (IES) pesquisada, que se destaca pelo fato de ser uma das primeiras IES com a iniciativa da implantação de cotas e da Política de Ação Afirmativa.

(30)

Para esse movimento de aproximação e com o intuito de atender aos objetivos propostos pelo estudo, a tese foi organizada em cinco capítulos.

O primeiro capítulo trata do Percurso Metodológico da Pesquisa, iniciando com revisão bibliográfica sobre a temática, delineamento metodológico e percurso do estudo, bem como os sujeitos e o cenário da pesquisa.

O segundo capítulo intitulado Marco Teórico de Análise de Implementação de Políticas Públicas discorre sobre os principais marcos teóricos de análise de implementação de políticas públicas que nortearam o pensamento epistemológico da tese.

O terceiro capítulo trata das Ações Afirmativas: Políticas Públicas para Inclusão de Indígenas na Educação Superior, buscando elementos para contextualizar os aspectos históricos conceituais de Ação Afirmativa e a relação com as políticas públicas de democratização e inclusão de indígenas na educação superior.

O quarto capítulo, aborda as Populações Indígenas do Brasil e do Estado de Mato Grosso do Sul: Aspectos Socioeconômicos, Demográficos e Escolarização, contextualiza os aspectos socioeconômicos, demográficos e a escolarização das populações indígenas do Brasil e, em especial, as idiossincrasias dos povos de Mato Grosso do Sul,

Já o quinto capítulo Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul: A Implementação de Políticas Públicas de Ação Afirmativa para Indígenas, aborda o processo de implementação, a partir da descrição e detalhamento das características da IES pesquisada, bem como as percepções e narrativas dos implementadores que permeiam e entrelaçam o processo histórico da implantação das políticas de Ações Afirmativas da referida política na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

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CAPÍTULO I –

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CAPÍTULO I – TRAJETÓRIA METODOLÓGICA DA PESQUISA 1.1 Apresentação

Para atender aos objetivos propostos da pesquisa, organizou-se o presente capítulo a partir de uma revisão bibliográfica e da definição do marco teórico e metodológico da pesquisa.

No intuito de subsidiar esta tese, foi realizada uma revisão bibliográfica com o objetivo de mapear as publicações sobre a temática. Dessa forma, buscou-se identificar o número de textos encontrados na base de dados eleita, o número de publicações por ano, gênero, áreas de conhecimento, principais revistas e periódicos.

1.1.1 Trajetória metodológica da revisão bibliográfica

A referida revisão bibliográfica foi realizada em janeiro de 2013 e revisada/atualizada em janeiro de 2015. Foi feita busca no Portal CAPES – Periódicos CAPES – e Scielo, e incluíram-se todas as publicações do tipo textos completos e resumos disponíveis virtualmente, opção esta devido ao acesso à recente publicação sobre a temática pesquisada.

A busca deu-se por meio de descritores e por assunto; após leitura detalhada, os resumos foram lançados em planilha Excel e os resultados, descritos em gráficos e tabelas.

O período escolhido para a busca foi entre os anos de janeiro de 1999 a janeiro de 2015, período onde começam a se despontar no país as primeiras iniciativas de cotas e ampliação das políticas de Ações Afirmativas na educação superior no Brasil.

Os descritores utilizados por assunto foram: “Ação Afirmativa”;

“Indígenas” and “Educação Superior”; “Indígenas” “Ensino Superior”;

“Indígenas” “Universidade” “Cotas Raciais”;

“Cotas Sociais”;

(33)

Foram incluídas na revisão todos os artigos disponíveis com os descritores “Ação Afirmativa” por se considerar uma temática ainda recente em nosso país e com escassas publicações.

Para a análise foram considerados os seguintes elementos dos artigos: ano de publicação, título, palavras-chave e gênero. Considerou-se a abrangência das áreas de conhecimento, como ciências sociais, educação, psicologia, sociologia, administração, entre outras, bem como a natureza das pesquisas, como qualitativa, quantitativa e qualitativa/quantitativa.

1.1.2 Revisão Bibliográfica Portal Periódicos Capes

Na revisão bibliográfica no Portal Periódicos Capes foram encontrados na primeira busca 221 títulos. Após leitura detalhada dos resumos, selecionaram-se 149 textos. Consideraram-se os textos que tratavam em seus resumos da temática das Ações Afirmativas no contexto da educação superior com o foco nas cotas raciais e especificamente indígenas.

Dos 149 textos selecionados entre os anos de 1999 a 2015, identificou-se entre os anos de 2007 e 2012 um aumento de produção, como ilustra o Gráfico 1 a seguir. Esse aumento pode estar relacionado à adoção das primeiras experiências de políticas de cotas e outras formas de inclusão, aumentando o interesse de pesquisadores pela temática.

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Grafico 1. Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Ano e quantidade de publicações – 1992 a 2014 (n. 149)

Quanto ao gênero, após a leitura dos resumos e seleção dos textos, encontraram-se: 58 artigos, 39 teses, 31 dissertações, 15 ensaios teóricos, três que não continham registro, dois dossiês, uma resenha e uma revisão de literatura, como se observa no Gráfico 2 a seguir.

(35)

Grafico 2. Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Gênero dos textos e Quantidade - 1992 a 2015 (n. 149)

Há variedade entre as áreas do conhecimento com o maior número de textos, sendo que a Educação apresentou 69 textos; Ciências Sociais 28; Direito: dez; Sociologia: nove: Psicologia e a Antropologia oito; Filosofia: três; História e Administração: dois; Comunicação, Economia, Relações Internacionais e Bioética: um; e; seis não declararam, conforme se observa no Gráfico 3 a seguir.

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Gráfico 3. Revisão Bibliográfica – Base de dados: Periódicos Capes – Áreas de Conhecimento – 1992 a 2015 (n. 149)

*Optou-se por manter separado as áreas filosofia e sociologia.

A partir das áreas de conhecimento se observam as possibilidades e diversidade de integração e perspectivas nos estudos selecionados, o que pode contribuir para uma visão mais ampla e significativa da temática.

Entre as fontes também havia diversidade de revistas, como podemos observar no quadro 1, abaixo. Na fonte Banco de Teses e Dissertações foram encontrados 70 textos; a Revista Estudo Feministas e Cadernos de Pesquisa possuía seis artigos; Educação e Pesquisa, Práxis Educativa e Revista Brasileira de Educação, quatro artigos; as revistas Australian Aboriginal Studies, Ensaio, Horizontes Antropológicos, Universitas Humanística e Vértices, possuíam dois artigos, e as demais apresentaram um artigo cada.

(37)

Quadro 1: Revisão bibliográfica Periódicos CAPES -Fontes e revistas-janeiro de 2015.

Revistas / Fonte Quantidade

Australian Aboriginal Studies 2

Australian Journal of Indigenous Education 1 Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações 70

Cadernos de Pesquisa 6

Cadernos de Saúde Pública 1

Cadernos Pagu 1

Ciências Sociais Unisinos 1

Civitas 1

Desenvolvimento em Questão 1

Educação 1

Educação e Pesquisa 4

Educação Temática Digital 1

Educar em Revista 1

Ensaio 2

Espacio Abierto: Cuaderno Venezolano de Sociología 1

Estudos Avançados 1

Estudos de Sociologia 1

Estudos Econômicos 1

Exame 1

Horizontes Antropológicos 2

Journal of Latin American Studies 1

Latin American Perspectives 1

Latin American Research Review 1

Motricidade 1

Nuances: Estudos sobre Educação, 1

Organizações & Sociedade 1

Práxis Educativa 4

Psicologia & Sociedade 1

Psicologia: Ciência e Profissão, 1

Reflexão & Ação 1

Revista Antípoda 1

Revista Brasileira de Educação 4

Revista Brasileira de Estudos de População 1 Revista Brasileira de Política Internacional 1

Revista de AdministraçãoContemporânea 1

Revista de Cultura e Política: Lua Nova 1

Revista do Centro de Educação UFSM 1

Revista de Estudios Sociales 1

Revista de Filosofia do Direito, do Estado e da Sociedade 1 Revista de História da África e de Estudos da Diáspora Africana:

Sankofa 1

Revista Direito e Práxis 1

Revista Espaço do Currículo 1

Revista Estudo Feministas 6

Revista Gestão Universitária na América Latina 1 Revista do Departamento de História e Ciências Sociais- OPSIS 1 Revista Latinoamericana de Ciencias Sociales 1

Revista Psicología Política 1

Revista Thema 1

Roteiro 1

Semina 1

Tempo Social 1

Tribal College Journal of American Indian Higher Education 1

Universitas Humanística 2

Varia História 1

Vértices 2

World Journal of Education 1

Total 149

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Elaborado pela autora.

1.1.3 Revisão bibliográfica periódicos Scielo

Encontraram-se 79 artigos que continham as palavras–chave: Ação Afirmativa, cotas e cotas raciais. Após leitura minuciosa, foram selecionados 26 artigos que tratavam especificamente sobre o tema das ações afirmativas, e entre os 26 encontrados, um foi excluído por tratar de tema contrário ao interesse desta pesquisa, como podemos observar no Quadro 2 a seguir. Entre os 25 incluídos, o ano de publicação variou do ano de 2002 ao ano de 2014.

Quadro 2: Revisão bibliográfica na base de dados Scielo: descritores Ação Afirmativa, Cotas e Cotas Raciais, janeiro de 2015.

Base de Dados/ Descritores Base de Dados Scielo: Artigos completos

Ação Afirmativa 26

Cotas 46

Cotas Raciais 07

Total 79

Elaborado pela autora

Como se observa no Quadro 3 a seguir, a variedade de periódicos totalizou 17, entre os quais o mais frequente foi a revista Cadernos de Pesquisa (periódico da Fundação Carlos Chagas), com cinco textos. Possuíam dois textos as revistas Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas em Educação, Estudos Afro-Asiáticos, Revista Brasileira de Ciências Sociais e a Revista de Estudos Feministas, e um, Cadernos Pagu, Educação & Sociedade, Educação e Pesquisa, Estudos Econômicos, Psicologia & Sociedade, Revista Brasileira de Ciência Política, Revista Brasileira de Educação, Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, Revista Brasileira de Política Internacional, Revista de Administração Mackenzie, Revista de Sociologia e Política, e a Revista Tempo Social.

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Quadro 3: Periódicos na base de dados Scielo: descritor Ação Afirmativa, janeiro de 2015.

Periódicos Número de artigos

Cadernos de Pesquisa 05

Cadernos Pagu 01

Educação & Sociedade 01

Educação e Pesquisa 01

Ensaio: Avaliação de Políticas Públicas em Educação 02

Estudos Afro-Asiáticos 02

Estudos Econômicos 01

Psicologia & Sociedade 01

Revista Brasileira de Ciência Política 01

Revista Brasileira de Ciências Sociais 02

Revista Brasileira de Educação 01

Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos 01

Revista Brasileira de Política Internacional 01

Revista de Administração Mackenzie 01

Revista de Estudos Feministas 02

Revista de Sociologia e Política 01

Tempo Social 01

Total 25

Em relação ao gênero e à natureza, conforme se observa no Gráfico 4 a seguir, foram identificados entre os 25 textos: 11 artigos, nove ensaios, um estudo de caso, uma interpretação textual, um relato, uma revisão de literatura e uma análise documental

(40)

1.1.4 Apontamentos sobre os achados da revisão bibliográfica

Realizar uma revisão bibliográfica exige do leitor vários movimentos: leituras, releituras, aproximações, afastamentos. Tais movimentos são permeados por questionamentos, comparações, inquietações e refutações.

Foi possível identificar vários pesquisadores que se destacam na temática e trazem contribuições com suas pesquisas, mas aqui citaremos apenas alguns estudos, os quais foram considerados relevantes e com relação direta a temática proposta. Os demais estudos levantados permeiam e se entrelaçam na tese, ora no aporte teórico, ora no aporte metodológico, ora nas definições epistemológicas e ora nas discussões dos achados da pesquisa.

Entre os estudos destaco a autora Moehlecke, que ano de 2000 mapeou as propostas de Ações Afirmativas voltadas à população negra no Brasil, levantou questões sobre os embates e conquistas do movimento negro e realizou levantamento dos

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aspectos conceituais e históricos no cenário americano e brasileiro. Em 2002 publicou o artigo “Ação Afirmativa: história e debates no Brasil”, no qual abordou a legalidade e abrangência das Ações Afirmativas, a discriminação e a garantia de direito. Já em sua tese de doutoramento, em 2004, apresentou as teorias norte-americanas e brasileiras sobre políticas de Ações Afirmativas e confrontou com as percepções observadas entre estudantes da Universidade de São Paulo (USP).

Silvério (2002), por sua vez, faz uma abordagem sobre racismo e os fundamentos jurídicos da igualdade de oportunidades.

Entre os textos encontrados há aqueles que tratam das experiências das IES pioneiras nas Ações Afirmativas, por exemplo, o caso da Universidade de Brasília (UNB), abordado em artigo do autor Sansone (2005).

No que se refere ao estado de Mato Grosso do Sul, destaca-se o artigo produzido por Valente (2005), que realizou atividade de pesquisa em Campo Grande (MS) e Belo Horizonte (MG), com o foco nas relações entre Ação Afirmativa, relações raciais e educação básica.

Ainda sobre o estado de Mato Grosso do Sul, no ano 2006 as autoras Bittar e Almeida publicaram o artigo intitulado “Mitos e controvérsias sobre a política de cotas para negros na educação superior”, cujo objetivo foi analisar o processo de implantação das cotas na referida IES a partir das perspectivas dos acadêmicos negros da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul.

Em relação a outras experiências, o estudo da autora Silva (2006) consistiu em uma descrição e comparação de Ações Afirmativas na educação superior no Brasil e na África. Participaram da pesquisa IES brasileiras e africanas que na época haviam implantado cotas, e funcionários do governo federal e estadual.

Guarnieri e Melo-Silva em 2007, abordaram as produções brasileiras sobre a temática das Ações Afirmativas entre os anos de 2002 a 2007 e identificaram três características: (a) dicotomia entre artigos a favor ou contra as medidas; (b) enriquecimento do debate sobre “diversidade”; e (c) visualização dialética, mais integrada e reflexiva.

Outro estudo comparativo entre Estados Unidos e Brasil sobre Ações Afirmativas foi realizado por Oliven (2007). O autor comparou a sociedade brasileira e a norte-americana no que diz respeito a relações raciais e formação da elite. Apresentou também argumentos a favor e contra cotas na seleção para universidades nos dois países (p. 29).

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A mesma autora em 2009 no artigo intitulado “Ações Afirmativas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o seu significado simbólico” trouxe a experiência e o significado simbólico da implementação das Ações Afirmativas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Naquele mesmo ano a autora Moehlecke publicou o artigo “As políticas de diversidade na educação no governo Lula”, no qual analisou como o Ministério da Educação durante o governo Lula, em sua primeira gestão (2003-2006), se posicionou diante da questão da diversidade. Apontando que:

[...] apesar de as chamadas “políticas de diversidade” terem alcançado maior grau de institucionalização no governo Lula, as concepções que norteiam suas ações ainda são muito díspares e apropriadas de forma fragmentada pelas secretarias (MOEHLECKE, 2009,p.461)

Já o artigo de autoria de Oliveira (2009) traz o enfoque da Ação Afirmativa como medida de justiça corretiva, de reconhecimento e auto respeito.

Com o foco nas desigualdades sociais e na relação com a desigualdade racial, Teixeira (2008) faz uma discussão em torno das políticas de Ações Afirmativas como forma de combater a desigualdade racial.

No ano de 2010, o artigo de Matta fez uma análise da implantação de cotas para negros na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, comparando com um estudo realizado na Universidade Federal Fluminense.

Com o mesmo enfoque as autoras Winther e Golgher (2010) realizaram investigação sobre a aplicação de bônus adicional como política de Ação Afirmativa na Universidade Federal de Minas Gerais.

Sobre experiências de outras IES, o autor Tragtenberg (2011) descreve o Programa de Ações Afirmativas da Universidade Federal de Santa Catarina implantado no ano de 2007. O que se destaca no texto é a abordagem do indígena, mas de forma bastante breve e sem maiores detalhamentos, fazendo alusão somente ao número de inscritos no vestibular e matriculados.

Na pesquisa de doutoramento a autora Furtado (2011) descreveu a representação de professores e discentes sobre a inclusão de negros na Universidade Federal do Rio de Janeiro por meio das cotas.

Cruz (2011) desenvolveu pesquisa de doutorado cujo objetivo foi investigar como a Universidade Federal do Maranhão utilizam sistema de cotas para negros, bem como identificar as concepções sobre políticas de Ação Afirmativa por parte dos

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gestores, apreender o sentido político do sistema de cotas e averiguar se a ideologia da meritocracia tem ressonância nos rendimentos acadêmicos.

Orientado por Munanga, precursor no Brasil nas publicações sobre relações raciais e ações afirmativas, a pesquisa de Cruz (2011) enfocou a igualdade e a Ação Afirmativa a partir dos princípios jurídicos.

No que se refere à implementação, no ano de 2011 a autora Melo realizou um estudo cujo objetivo foi analisar o processo de implementação das cotas raciais nos cursos de graduação da Universidade Federal do Pará.

No ano de 2012, Santos discutiu o conjunto de relações políticas institucionais entre movimentos negros no Brasil e Colômbia entre os anos de 1991-2006 numa perspectiva comparada.

Naquele mesmo ano Aranha et al fizeram uma análise do impacto da adoção do programa de bônus no processo de seleção da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) sob a perspectiva da inclusão racial, da educação pregressa e da faixa de renda. Ainda no ano de 2012, autora Silva realizou pesquisa com o objetivo de analisar as dissertações defendidas em Universidades Federais de 2001 a 2011 com o foco nas ações afirmativas. Tendo analisado 22 dissertações, os resultados apontaram que:

[...] foram identificados os conceitos de Ações Afirmativas presentes nas dissertações, o argumento da justiça social conjugado com o argumento da reparação ocorreu em mais da metade das dissertações e também foi identificado temas como “Ações Afirmativas e democratização do acesso”, “comparações entre cotistas e não cotistas”, “contexto das ações afirmativas” e “trajetória de vida”(SILVA, 2012, p.7).

Em relação à UEMS, em 2013 o artigo “Ações Afirmativas na Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul: uma análise dos efeitos para as identidades negras”, de autoria de Santana e Backes, analisou os efeitos da educação superior nas identidades dos negros da referida IES.

No que se refere à inserção de indígenas na educação superior, a pesquisa de Paz (2013) analisa os aspectos significativos das itinerâncias do grupo multiétnico de estudantes indígenas ingressos nos cursos de graduação da Universidade de Brasília por meio do Convênio de Cooperação FUB/FUNAI 001/2004.

Na temática das Ações Afirmativas o autor Sito (2014) analisa dois manifestos que foram entregues ao Congresso Nacional, no ano de 2006, por intelectuais brasileiros que se posicionaram publicamente em relação à política de cotas. Na análise, o autor

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mostra que o conceito de “ações afirmativas” se mostrou em disputa: de um lado, é tomado como uma medida racialista e desigual; de outro, é entendido como uma medida de desconstrução do racismo.

Após a revisão e exaustiva leitura dos artigos, observa-se que a grande maioria das publicações está centrada na temática do negro, cota racial para negros, racismo e preconceito. Dentro da temática das políticas públicas de Ações Afirmativas no ensino superior a maioria dos estudos se centram nos negros.

As leituras nos apontam que ainda são parcas as publicações específicas sobre Ações Afirmativas para indígenas na educação superior. No entanto, mesmo com uma visão em alguns momentos periférica e específica de algumas IES e grupos indígenas do país, os estudos me permitiram aproximações significativas com a temática.

1.2 Por onde caminhamos?

O presente estudo se configura como descritivo e analítico, aplicando-se a análise documental e bibliográfica de um caso concreto. Assume uma perspectiva político-cultural e possui caráter qualitativo. Caracteriza-se como um estudo de caso, numa perspectiva político organizacional, ou seja, o interesse do pesquisador recai sobre a vida de uma instituição (GIL, 2006).

Um estudo de caso consiste na triangulação de pessoas, eventos e circunstâncias. Apresentando em forma de história um tema relacionado a uma política pública acompanhada por informações contextuais e de fundo. É uma forma estruturada para compartilhar experiências, revelar desafios e oportunidades com as quais uma organização se depara e comunica lições aprendidas e práticas pioneiras que podem auxiliar outras em situações similares (GRAHAM, 2010, p. 27).

Os princípios éticos atenderam às exigências da Resolução 196/1996 e da Resolução nº 304/2000 (BRASIL, 2002). Esta resolução incorpora:

Sob a ótica do indivíduo e das coletividades os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado (BRASIL, 2002, p. 1).

(45)

A pesquisa somente ocorreu após autorização da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, consubstanciado no parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob número 814.869/ 2014 (ANEXO 7), bem como do consentimento e assinatura do entrevistado do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (APÊNDICE 1).

Inicialmente foi realizada busca dos textos e legislações institucionais que contemplassem a política de Ações Afirmativas da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com o intuito de nos aproximarmos dos documentos oficiais que abordassem a temática. A análise documental favorece a observação do processo de maturação ou de evolução de indivíduos, grupos, conceitos, conhecimentos, comportamentos, mentalidades, práticas, entre outros (CELLARD, 2008).

Dessa forma, a análise documental apoiou-se em documentos tais como: Ø Lei Estadual Nº 2.589, de 26 de dezembro de 2002 (ANEXO 1); Ø Lei Estadual nº 2.605, de 6 de janeiro de 2003 (ANEXO 2);

Ø Resolução COUNI-UEMS nº 241, de 17 de julho de 2003 (ANEXO 3); Ø Resolução COUNI-UEMS nº 250, de 31 de julho de 2003 (ANEXO 4); Ø Resolução CEPE-UEMS nº 430, de 30 de julho de 2004 (ANEXO 5); Ø Resolução COUNI-UEMS nº 437, de 11 de Junho de 2014 (ANEXO 6); Ø Relatório Físico Financeiro ano 2014-2018;

Ø Projeto de Desenvolvimento Institucional (PDI) 2012- 2014.

Optou-se por analisar a implementação de políticas de Ações Afirmativas para indígenas na UEMS por meio do modelo empírico utilizado pela equipe do Núcleo de Estudos em Políticas Públicas da Unicamp (NEEP/Unicamp) (1995) apud Rus Perez (2010, p. 71), que inclui as seguintes dimensões:

Primeira dimensão: Trata das relações entre o desenho ou a formulação da política, de um lado, e o formato que os programas adquirem no final do processo, de outro;

Segunda dimensão: A dimensão temporal do processo e seus efeitos diferenciados no tempo sobre a organização em que se processam, sobre os atores que implementam (resistências e adesões) e as modificações das condições iniciais;

Terceira dimensão: Refere-se às condições que propiciam ou entravam o processo de implementação.

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Utilizaram-se como descrição de “implementadores” da política de Ação Afirmativa os funcionários da IES que cumprem ou cumpriram funções administrativas e pedagógicas. Entre eles: coordenador de curso no momento, membros da Comissão de Acompanhamento dos acadêmicos indígenas e Pró-Reitores de ensino e extensão.

Para nos aproximarmos das percepções dos implementadores, optou-se pela entrevista e utilizou-se como instrumento de coleta de informações o roteiro semiestruturado (APÊNDICE 2). Segundo Minayo, a entrevista (2010)

[...] é utilizada como fonte de informação, fornece dados secundários e primários, referentes a fatos, ideias, crenças, maneira de pensar, opiniões, sentimentos, maneiras de sentir, maneiras de atuar, conduta ou comportamento presente ou futuro, razões conscientes ou inconscientes de determinadas crenças, sentimentos, maneira de atuar ou comportamentos (p.262).

Após contato pessoal e explanação dos objetivos da pesquisa, as entrevistas foram agendadas, gravadas e transcritas na íntegra, com a utilização de gravador iPad e armazenadas em Drive.

Os discursos produzidos a partir das entrevistas foram analisados à luz da Educação Crítica, utilizando como referência autores como Henry Giroux (1992, 1997, 2003), Luis Armando Gandin (2002), Michael Apple (2006, 2008, 2011) e João Paraskeva (2001, 2002, 2005). Dentro da perspectiva da educação como prática social, foram realizadas aproximações e buscou-se compreender a maneira como as políticas de Ações Afirmativas foram implementadas na IES, a partir do olhar dos coordenadores, professores, membros da comissão de acompanhamento de alunos cotistas e Pró-Reitores.

A Educação Crítica, na corrente do pensamento crítico, traz à tona a reflexão sobre o caráter político da educação, desvelando referenciais epistemológicos, filosóficos, políticos e pedagógicos que orientam as práticas sociais e que, por isso, não são referenciais neutros e, consequentemente, tais práticas também não são neutras (SILVA, 2011, p.8)

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