Tosse
Elie Fiss Pneumologia
Faculdade de Medicina do ABC
TOSSE
Fenômeno reflexo de defesa para expulsar substâncias estranhas da
arvore brônquica através de movimentos expiratórios bruscos e
violentos, efetuados com a glote semi cerrada
Bethlem N. Pneumologia, 3aed. Livraria Atheneu - 1984
TOSSE
Mantém a saúde do sistema respiratório por dois mecanismos:1. Estimulação mecânica da laringe causa imediato movimento expiratório
2. Aumento do depuração mucociliar
TOSSE
Importância clínica da tosse
Atelectasias Colapso pulmonar Retenção de secreções Pneumonias de repetição
Anne B. Chang, Pediatric Pulmonology 28:59-70 (1999)
TOSSE
Doenças respiratórias
Esôfago, estomago, rim,
útero, ouvido médio, seios
paranasais
Bethlem N. Pneumologia, 3aed. Livraria Atheneu - 1984
TOSSE
1.500.000 consultas /ano
1ª causa de procura do
médico pelo paciente
45% expectorante
40% antitussígeno
TOSSE / CUSTO
Auto-medicação Antibióticos Consultas Faltas escolares/trabalho Absenteísmo de familiaresEUA 2 bilhões dólares/ano
Anne B. Chang, Pediatric Pulmonology 28:59-70 (1999)
TOSSE
Austrália 167 consultas para cada 1000
crianças
Salbutamol é a droga mais prescrita Tosse variante de asma com
incidência elevada
Anne B. Chang, Pediatric Pulmonology 28:59-70 (1999)
TOSSE
Receptores Mediadores Vias aferentes Nervo vago Fisiopatologia Centro da tosse Vias eferentes EfetoresTOSSE
VIA AFERENTE Trigêmio Glosso faríngeo Laríngeo superior Vago VIA EFERENTE Recurrente laríngeo Frênico EspinhalBethlem N. Pneumologia, 3aed. Livraria Atheneu - 1984
ESTÍMULOS DA TOSSE Mecânicos CE, pó, muco insuflação/desinsuflação Químicos Capsaícina Ácidos cítrico, acético, Nicotina, Antígenos, Osmóticos, Sol. Hipoclorito Inflamatórios Mediadores Histamina Prostaglandina
Receptor de adaptação rápida Fibras C pulmonares? Fibras C brônquicas? CÓRTEX Centro de Tosse Modulação RECEPTORES DA TOSSE NERVOS SENSITIVOS Nervo vago Taquicininas Neurocinina A Substância P? CGRP? Reflexo axônico? MEDIADORES Sens ibiliza ção? EFETORES Glote Músculos expiratórios Pelve TOSSE
Anne B. Chang, Pediatric Pulmonology 28:59-70 (1999) MECANISMOS DA TOSSE: RECEPTORES, MEDIADORES SENSORIAIS E VIAS EFERENTES
Anne B. Chang, Pediatric Pulmonology 28:59-70 (1999)
Diafragma Laringe Fibras A-delta mielinizadas Mais mecano-sensíveis Mais quimio-sensíveis Fibras C brônquicas Fibras C pulmonares
Localização dos receptores da tosse Reflexo
esofago-traqueal? Ouvido
Vísceras intra-abdominais
Tosse Crônica
TOSSE CRÔNICA
Tosse com duração igual
ou superior a oito semanas
Tosse
Aguda – 3 semanas
TOSSE CRÔNICA
Principais Causas
Irwin R. S. Curley F. J. French C. L. Am Rev. Respir. Dis. 123:413-17 , 1990
Drenagem nasal posterior
41%
Asma
24%
Refluxo gastroesofágico
21%
Bronquite crônica
5%
n = 71
TOSSE CRÔNICA
TRÍADE PATOGÊNICA (85% dos casos)
Gotejamento nasal posterior - GNP
(sinusite)
Hiperreatividade brônquica - HBR
(asma)
Refluxo gastroesofágico - RGE
Bruno C. Palombini et cols. Rev. Bras. Med. 55 – 197-208, 1998
Tosse Crônica/
Gotejamento Nasal
TOSSE / GNP
História
Exame físico
Rx de seios da face
T.C. de seios da face
Rinofibroscopia
DiagnósticoTOSSE / GNP
Sensação de gotejamento (aspiração
faríngea)
“Limpar a garganta”
Tosse noturna 1-2 horas após deitar
Tosse matinal após o café
Secreção mucóide ou purulenta
orofaringe/cornetos
Radiologia alterada
Aspectos Diagnósticos
Pereira, E. A., Palombini B. C. Chest, 106 (2): 163S, Aug. 1994
TOSSE / GNP
Aspiração
Reflexo
Mediadores químicos
TOSSE/GNP
62% HRB
36% RGE
26% HRB+RGE
n = 78
Carlos Antonio C. Villanova – Tese de Doutorado – UFRGS - 1996
Tosse Crônica/
Doença do Refluxo
Gastroesofágico
(DRGE)
TOSSE - REFLUXO
Sintomas Digestivos AusentesING, 1991 n = 54 24%
Irwin, 1989 n = 71 28%
RESULTADOS DA ENDOSCOPIA DIGESTIVA EM PACIENTES COM
TOSSE CRÔNICA – n = 26 Normal: 11,53% Gastrite: 65,22% Esofagite: 17,39% Antrite: 21,73% Úlcera péptica: 13,04% Duodenite: 26,09% Barrett: 4,35% Hérnia de hiato: 26,09%
Fiss E. Guazzelli, A. C.; Carvalho Pinto, R. M. Lombagrdi S.G. – CHEST – 44S, 1998
TOSSE - REFLUXO
História Cintilografia (pediatria) Endoscopia digestiva Ph-metria esofágica de 24 hs Impedanciometria Métodos diagnósticosTOSSE - REFLUXO
Ph-metria 24h distal proximal ambasGastal, O L tosse crônica
refluxo distal Métodos diagnósticos
TOSSE - REFLUXO
Microaspiração
Reflexo
Mecanismo de Ação
Villanova CAC, Gastal OL, Palombini BC Am. J. Respir. Crit Care Med. 1996; 153:A693
VARIAÇÃO DE VEF 1 PÓS - INFUSÃO HCL NO ESÔFAGO EM ASMÁTICOS
Fiss E. Tese de Doutorado FMUSP - 1993
( L ) 4 ( L ) 4 3 2 1 0 BASAL TEMPO (min) 5 30 60 90 * ** *p = 0.0160 **p = 0.0007 n = 20
VARIAÇÃO DE % VEF 1 PÓS - INFUSÃO HCL NO ESÔFAGO EM ASMÁTICOS
Fiss E. Tese de Doutorado FMUSP - 1993
30 10 -10 -30 TEMPO (min) 5 30 60 90 * ** *** *p = 0.0442 **p = 0.0435 ***p = 0.0332 n = 20 0
CAUSAS DE TOSSE EM
PACIENTES EM DIÁLISE
PERITONEAL 22% com tosse 67% por RGE HEMODIÁLISE 7% com tosse sem
associação com RGE
Min F et al. Adv Perit Dial; 16:129-33, 2000
Tosse Crônica/
Asma Brônquica
TOSSE - ASMA
A tosse é parcela da broncoconstrição ? Há correlação entre a intensidade da
tosse e o calibre das vias aéreas ?
Tosse e broncoespasmo podem ser
inibidos separadamente
Em crianças não há limite clínico
definido
TOSSE – ASMA
Diagnóstico
Provas de função pulmonar
Teste de broncoprovocação
Prova terapêutica
Irwin, RS; Curley, F; Chest, 99; 1477-1484, 1991 Consenso Brasileiro sobre Tosse – 1997 Fiss, E; Terra Filho, M; Cukier, A; Teixeira, LR; Croce, M; Carvalho Pinto,
RM; Vargas, FS; J Pneumologia, 16; (Supl. 1): 34, 1990
Tosse
Pós-gripal Pós-infecciosa Neoplasia Tuberculose DPOC BronquectasiasAlgaritmo para Diagnóstico e Tratamento da Tosse Crônica em Adultos Imunocompetentes
Tabagismo e outros irritantes
Tratamento ou fibrobroncoscopia, TCAR, etc
Anormal
Inibidores da ECA
Avaliação Clínica
RX de tórax e de seios paranasais
Suspender
Pós-infecção Corticóide, +B2
•Endoscopia e/ou •TCAR de seios paranasais
•Esofagograma •Endoscopia + biópsia •pH metria 24hs • Espirometria com resposta ao broncodilatador • Teste de broncoprovocação • Teste de faringoprovocação
Psicogênica ? Tratamento
específico
Sem causa aparente ou sem resposta
Corticóide, antibiótico, anti-histamínico GPN Corticóide, B2 HRB Dieta, procinéticos antagonistas H2, inibidores da bomba de próton RGE Normal
Ajustar tratamento inicial: Associação de condições como “tríade patogênica da tosse” e/ou outras doenças (TCAR, fibrobronscopia , etc.
Tosse Crônica
Com exames disponíveis. Prováveis
componentes da tríade patogênica da tosse componentes da tríade patogênica da tosseSem exames disponíveis. Prováveis
TOSSE CRÔNICA
TratamentoTratamento específico da(s)
causa(s)
Tratamento empírico
Sinusite Asma DRGE
Consenso Brasileiro sobre Tosse – 2007
TOSSE
Estudo de 472 casos
Disciplina de Pneumologia
Fac. Medicina ABC
TOSSE – 472 CASOS
História
Exame físico
Algoritmo do Consenso
Brasileiro de Tosse Crônica
DIAGNÓSTICO POR IDADE Tbc < 10 (114) 10-20 (49) 82(33,6%) 17(34,6%) 20-30 (56) 28(50%) 30-40 (60) 26(43,3%) 40-50 (56) 21(375%) 50-60 (52) 27(51,9%) 60-70 (47) 23(48,9%) > 70 (38) 20(52,6%) 5(10%) 8(13,3%) 5(3,9%) 15(29,3%) 11(23,4%)
DIAGNÓSTICO POR TEMPO DE DURAÇÃO DA TOSSE
Tbc < 3 semanas
TOSSE – 472 CASOS
0 10 20 30 40 50 60Irwin Palombini Fiss
GNP DRGE HRB
CASO CLÍNICO 1
Paciente masculino 60 anos
Febre e tosse há 10 dias
Todos os exames do algoritmo
normais
CASO CLÍNICO 1
Diagnóstico
Salmonella typhi
CASO CLÍNICO 2
Paciente masculino 43 anos
Febre e tosse há mais de
60 dias
CASO CLÍNICO 2
Diagnóstico
Endocardite bacteriana
CASO CLÍNICO 3
Paciente feminina 30 anos
Tosse há 5 dias com leve dor
em flanco esquerdo
Todos exames habituais
normais
CASO CLÍNICO 3
Diagnóstico
OBJETIVOS A SEREM PESQUISADOS
1.Determinar o papel do refluxo não
ácido na tosse causada pela DRGE
2.Desenvolver métodos objetivos e
subjetivos para auxiliar a eficácia da terapêutica
Irwin, RS; Madison JM – Ann Intern Med; 134: 809-14 2001
QUESTÕES CLÍNICAS
1.Qual o papel da terapia empírica
2.Terapia empírica ou exames
laboratoriais
3.Qual a freqüência da poluição,
alergia e tabagismo como causas de tosse crônica
Irwin, RS; Madison JM – Ann Intern Med; 134: 809-14 2001
TOSSE CONSIDERAÇÕES FINAIS
A tosse é um sintoma e não deve ser tratada.
Obrigatoriamente, deve ser investigada
A tosse é um sintoma geral
Fiss, E; Palombini, BC; Irwin RS; Rev. Bras Med – 55; 185-192, 1998 Fiss, E; Borelli, A; Lopes, PP; Carvalho Pinto, RM; Rev Bras Med 49; 598-611, 1992 Miyake, M; Fiss E., Pediatria Moderna , 31 456-466, 1995 Fiss, E; Pneumologia Atualização e Reciclagem 2a ed. Editora Ateneu, 71-76, 1997 Carvalho Pinto, RM; Rev. Bras Med – 55; 248-250, 1998 Fiss, E; Terra Filho, M; Cukier, A; Teixeira, LR; Croce, M; Carvalho Pinto, RM;