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Impactos econômicos da pesquisa com a cultura da pupunheira no Estado de São Paulo

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Porto Alegre, 26 a 30 de julho de 2009,

Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural

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IMPACTOS ECONÔMICOS DA PESQUISA COM A CULTURA DA PUPUNHEIRA NO ESTADO DE SÃO PAULO

lcanefal@iac.sp.gov.br

Apresentação Oral-Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia

LILIAN CRISTINA ANEFALOS1; MARIA LUIZA SANT´ANNA TUCCI2;

VALÉRIA APARECIDA MODOLO3; SANDRA HEIDEN SPIERING4;

ARYEVERTON FORTES DE OLIVEIRA5.

1.INSTITUTO AGRONÔMICO - IAC, CAMPINAS - SP - BRASIL; 2,3,4.NSTITUTO AGRONÔMICO - IAC, CAMPINAS - SP - BRASIL; 5.EMBRAPA

MONITORAMENTO POR SATÉLITE, CAMPINAS - SP - BRASIL.

Impactos econômicos da pesquisa com a cultura da pupunheira no

Estado de São Paulo

Grupo de Pesquisa: Ciência, Pesquisa e Transferência de Tecnologia Resumo

Este trabalho teve por objetivo analisar os impactos econômicos na cadeia produtiva da pupunheira, a partir da evolução mais recente da pesquisa desenvolvida pelo Instituto Agronômico (IAC) e por seus parceiros, de 1995 a 2006. Verificou-se que ao longo dos anos houve grande investimento tecnológico na área de pesquisa, que repercutiu na implantação da cultura da pupunheira no Estado de São Paulo e disseminação do palmito pupunha, seu principal produto. Desta forma, avaliar os impactos da pesquisa pode ser útil para auxiliar a consolidação de programas de pesquisa mais abrangentes e para prover transferência mais efetiva do conhecimento científico para a sociedade como um todo, fortalecendo, assim, a importância da pesquisa para o planejamento e condução de políticas públicas.

Palavras-chaves: pupunha, avaliação econômica, pesquisa, investimento

Economic impacts of the research on peach palm production in São Paulo State Abstract

The objective of this paper was to analyze the economic impacts of the peach palm chain, from the evolution of the recent research developed by the Instituto Agronômico (IAC) and its partners, from 1995 to 2006. It was verified that throughout the years a great technological investment was made on the research area to improve the peach palm production in São Paulo State, reflecting in the implantation and the dissemination of the heart-of-palm, its main product. In this way, the evaluation of the research impacts can be an useful tool to help the consolidation of the research programs and to provide more

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effective transfer of the scientific knowledge to all society, so supporting the relevance of the research to the schedule and managements of the public policies.

Key Words: peach palm, economic evaluation, research, investment.

1. INTRODUÇÃO

O incentivo à preservação de espécies nativas tem ocorrido desde a década de 70, e ao longo dos anos tem havido busca crescente pelo consumo de alimentos produzidos sem imposição de dano ambiental. Essa tendência tem propiciado ganhos relevantes ao meio ambiente, evitando que muitas espécies sejam extintas e, também, possibilitando o surgimento de novas oportunidades de negócios, mais alicerçadas em boas práticas agrícolas e responsabilidade social.

No Brasil, no âmbito da produção e consumo de hortaliças, também estão ocorrendo mudanças. O caso do palmito, hortaliça não convencional, é um exemplo bem representativo dessa conscientização ambientalista na produção de alimentos. De acordo com IBGE (2007), ocorre no Brasil, desde a década de 90, uma migração ascendente do extrativismo vegetal da palmeira juçara, Euterpe edulis Mart. e do açaizeiro, Euterpe

oleracea Mart., para o cultivo permanente, predominantemente da pupunheira, Bactris gasipaes Kunth.. Especificamente no período de 2000 a 2005, houve aumento de

aproximadamente 157% da área plantada com palmeiras produtoras de palmito.

No Estado de São Paulo esse comportamento foi mais acentuado, uma vez que de 2000 a 2005, em média, 98% de toda produção de palmito originou-se de cultivos e não de extrativismo vegetal (Anefalos et al. 2007). Vale ressaltar que nas últimas décadas todo palmito produzido no Estado era proveniente de extrativismo do palmiteiro juçara. Esse crescimento diferenciado está atrelado aos efeitos concomitantes da introdução da pupunheira no Estado de São Paulo na década de 70, como opção ao extrativismo da palmeira juçara, nativa da Mata Atlântica, e dos esforços contínuos da pesquisa ao longo dos anos para prover incremento positivo na produtividade e na qualidade do produto final. Por volta de 1940, foram introduzidas no Instituto Agronômico (IAC) sementes de pupunha, conforme Germeck (1978). Os estudos direcionados para a produção comercial de palmito, a partir da pupunheira, tiveram início entre 1975 e 1977, por Emílio Bruno Germeck, pesquisador do IAC. A partir de melhores perspectivas da utilização dessa palmeira para a produção de palmito, houve avanços significativos das pesquisas no IAC na década de 70, lideradas pela pesquisadora Marilene Bovi (Ciência da Terra, 2008). Para isso foram instalados lotes experimentais em cinco localidades, com diversidade edáfica e climática, no Estado de São Paulo, visando formação, conservação e manutenção de coleções de germoplasmas, e seleção de genótipos apropriados à produção de palmito de qualidade e do desenvolvimento da tecnologia de cultivo. Esses fatores elevaram a viabilidade econômica da produção e comercialização de palmitos de boa qualidade e aumentaram o interesse de produtores e empresários no seu cultivo.

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O principal objetivo deste trabalho foi analisar a evolução mais recente da pesquisa desenvolvida pelo Instituto Agronômico e por seus parceiros, de 1995 a 2006. Especificamente, pretendeu-se: caracterizar os principais atores envolvidos e beneficiários do processo de introdução e desenvolvimento dessa cultura, para entender como ocorreu a sua implementação a partir da década de 90; avaliar os impactos econômicos no complexo agroindustrial da pupunheira provenientes dos investimentos em desenvolvimento tecnológico para a sua introdução e disseminação no Estado de São Paulo.

2. MATERIAL E MÉTODOS

Neste estudo serão inseridos dois tipos de informações: primárias e secundárias, a fim de realizar a consolidação dos conhecimentos tecnológicos gerados e os efetivamente transferidos aos diversos agentes da cadeia produtiva de palmito.

Para a obtenção de dados primários foram realizadas entrevistas pessoais com os principais atores envolvidos no processo de introdução e implementação da pupunheira no Estado de São Paulo, a partir da década de 90, a saber: pesquisadores científicos, professores, assistentes agropecuários e técnicos de apoio, diretamente envolvidos com essa tecnologia ao longo desses anos, locados nas diversas instituições parceiras do Instituto Agronômico (IAC) no Estado de São Paulo - Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), APTAs Regionais do Centro Norte, do Sudoeste Paulista e do Vale do Ribeira, faculdades estaduais - principais produtores de palmito pupunha, cooperativas e associações. Esses atores estão localizados principalmente nos Vales do Ribeira e do Paraíba e em alguns municípios do Planalto Paulista.

Os dados secundários foram obtidos a partir de consultas a bases de dados de séries históricas de estatísticas de preço, área e produção, relatórios técnicos, artigos científicos, livros, boletins publicados no período estudado e acervos administrativos do IAC, de 1995 a 2006.

Apesar de todos os esforços empreendidos para medir a importância da agricultura paulista ao longo dos anos, ainda não existem métodos consolidados para a sua avaliação, pois a avaliação ex-ante e ex-post de pesquisas tecnológicas agrícolas ainda representa uma área de estudos carente de informações.

Em relação à componente econômica há métodos consagrados para avaliar projetos, a fim auxiliar na alocação de recursos, destacando-se: taxa interna de retorno, valor presente e análise de custo/benefício.

Tradicionalmente, há cinco indicadores financeiros principais para a seleção de projetos: payback (apresenta o número de períodos necessários para que haja retorno do capital investido no projeto), valor líquido presente (corresponde à soma algébrica dos valores do fluxo de um projeto, estimado a uma taxa de desconto correspondente ao custo de oportunidade do capital), taxa interna de retorno (é uma demonstração da rentabilidade do projeto, ou seja, é a taxa de desconto que iguala o valor presente dos benefícios de um projeto ao valor presente dos seus custos) e relação custo-benefício (consiste na relação entre o valor presente dos custos e o valor presente dos benefícios).

Dentre esses métodos, o valor líquido presente é considerado como o mais rigoroso e sem falhas técnicas, desde que devidamente especificado e quantificado nos projetos; a

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relação custo-benefício, apesar de apresentar os maiores problemas, é ainda muito utilizada, principalmente em investimentos para atender às necessidades sociais (Contador, 1981; Buarque, 1991; Woiler & Mathias, 1992).

Custódio (1983) enfatizou que um ou mais métodos podem ser adotados na avaliação de sistemas, dependendo das suas características e da finalidade da análise. Ele relacionou quatro métodos: valor econômico da informação, custo-benefício, custo-eficácia e percepção de valor.

Hares & Royle (1994) ressaltam que a análise de custo/benefício (CBA) se constitui num modelo microeconômico que se limita apenas à análise de projetos de curta duração, com a presença de poucos intangíveis e de baixo risco e, portanto, não é adequada para avaliar, por exemplo, os investimentos em TI, cujo desenvolvimento não pode ser considerado como outro investimento de capital, devido à sua interação com toda a estrutura organizacional das empresas.

Para calcular os custos da pesquisa foram utilizados os critérios propostos por Martins (2006), expressos pela eq.(1). Esse componente é composto por custos relativos ao tipo de fonte utilizada (recursos próprios, provenientes do Tesouro do Estado de São Paulo, e de fomento) e divididos em: custo com pessoal, calculado a partir do tempo de dedicação da equipe e da remuneração total anual; custeio, a partir de gastos com diárias, combustíveis e materiais de consumo; e investimento, em equipamentos e para manutenção da infra-estrutura necessária para andamento das

(

P C I

)

(

d R

) (

D A M

) ( )

I F t , ,..., T IPA t t t t t t t t t t t t + + = + + + + , = 12 =

(1) onde:

IPA: total de investimentos em pesquisa acumulados em T; Pt: remuneração de pessoal em t;

Dt: percentual de dedicação dos membros da equipe em t; Rt: remuneração de cada membro da equipe em t;

Ct: valor total de custeio em t; Dt: valor total de diárias em t;

At: valor total utilizado em combustíveis em t; Mt: valor gasto com materiais de consumo em t;

It: valor total gasto com investimentos em equipamentos e para manutenção da infra-estrutura em t.

Os acréscimos no valor da produção podem ser calculados conforme a eq. (2). Esse mesmo conceito pode ser aplicado para acréscimos na área ou na produtividade.

(

VP VP

)

IC VPA= tt−1

∆ (2)

onde:

∆VPA : acréscimos no valor da produção entre t e t-1;

VPt: valor da produção em t; VPt-1: valor da produção em t-1;

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5 IC: estimativa do incremento percentual no valor da produção atribuída à

tecnologia gerada.

Os benefícios da pesquisa são difíceis de serem mensurados. De acordo com a tecnologia a ser avaliada, há necessidade de se utilizar variáveis auxiliares para que se possa quantificar seus impactos com maior nível de confiabilidade. No estudo em questão houve alteração na estrutura produtiva do setor agrícola, com a proposta de novo sistema de cultivo, como alternativa a sistema extrativista já existente. Desta forma, além dos ganhos de produtividade do cultivo da pupunheira, o aumento de área plantada deve ser considerado, mostrando a elevação do nível de aceitabilidade e de sucesso dessa cultura no Estado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir das diversas formas de divulgação da pesquisa pode-se visualizar o escopo das pesquisas com pupunheira conduzidas desde a década de 70, a partir da iniciativa do Instituto Agronômico, no Estado de São Paulo.

De acordo com resultados da pesquisa, a partir de 1978, o escopo das pesquisas com pupunheira, conduzidas pelo Instituto Agronômico (IAC), evoluiu da seguinte maneira:

 1978-1985: comparações entre gêneros Euterpe e Bactris;

 1986-1990: comparações entre gêneros Euterpe e Bactris; efeito dos insetos nocivos (Ceratocystis); composição química do palmito;

 1991-1995: atividade dos nutrientes (fosfatase ácida); diversidade genética (caracterização, correlações fenotípicas, banco de germoplasma); germinação, multiplicação, seleção (inermes);

 1996-2000: marcadores moleculares; crescimento, relações alométricas; doenças; irrigação; tratamento químico; fungos micorrízicos; efeito do boro, alumínio;

 2001-2005: efeito da deficiência hídrica/irrigação; entomofauna; fotossíntese (irradiância, assimilação CO2, efeitos do déficit hídrico do solo); adubação (lodo de

esgoto, NPK); caracterização bioquímica do palmito;

 2006: variabilidade de caracteres vegetativos, fenotípica, espacial – caracterização do banco de germoplasma; validação de equações e caracterização para avaliação não destrutiva das plantas; compactação do solo.

A participação do IAC ocorreu desde o início da introdução das primeiras sementes de pupunha, provenientes do Peru, para que fossem avaliadas, pesquisadas e disseminadas no Estado. Constatou-se, ao longo de cada qüinqüênio, avanços significativos no manejo dessa cultura, no âmbito fitotécnico, e no melhoramento genético. Esses resultados foram obtidos principalmente por meio da instalação e avaliação de coleções de germoplasma e pela implantação de experimentos nos Pólos de Alta Paulista, Leste Paulista, Centro Norte, Vale do Ribeira, Vale do Paraíba (UPD de Ubatuba), Centro Sul e também em propriedades rurais, em sistema de parceria com os produtores, divulgados em diversas publicações, conforme mostra a Figura 1. A propósito, o IAC tem participado ativamente, de parcerias relevantes com outras instituições de pesquisa bem como com universidades.

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O grande esforço para se intensificar a cultura da pupunheira no Estado de São Paulo teve também como motivação a superioridade das características de cultivo em relação à palmeira juçara, que é extraída de forma predatória e ilegal em florestas remanescentes. 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 anos % d e p u b li c a ç õ e s e d e a u to re s

% publicações % autores (co-autores)

Figura 1 – Percentual anual de publicações sobre a pupunheira, envolvendo IAC e parceiros, e percentual anual de autores, em relação ao total durante o período estudado. Campinas, IAC, 1995-2006.

De 1995 a 2006 foram publicados trabalhos técnicos e científicos envolvendo como autores e/ou co-autores cerca de 98 profissionais, entre pesquisadores, professores, graduandos, graduados e pós-graduandos. Destes, por volta de 30% eram pertencentes aos Institutos de Pesquisa do Estado de São Paulo - IAC1 (28%) e Instituto de Tecnologia de Alimentos – ITAL (2%) - e 70% faziam parte de instituições parceiras, localizadas no Estado de São Paulo e também em outras regiões do Brasil e exterior. Vale ressaltar que em todos os trabalhos houve participação da pesquisadora do IAC Marilene Bovi. É importante enfatizar que a duração de cada trabalho não inclui período de manutenção do experimento ou da coleção de germoplasma, que pode levar 15, 20 ou 30 anos para propiciar os primeiros dados para pesquisa, com a necessidade de acompanhamento contínuo de técnicos e pesquisadores, para garantir a boa condução dessa cultura no campo.

1 Após janeiro de 2002, com criação da Agência Paulista dos Agronegócios (APTA), houve a implantação de

Pólos Regionais. Cerca de 6% dos pesquisadores do IAC, que integraram as pesquisas nesse período com a cultura da pupunheira, passaram a fazer parte dos Pólos.

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Para a condução das pesquisas no IAC, de 1995 a 2006, foram utilizados recursos do Tesouro do Estado de São Paulo e de órgãos de fomento para viabilizar o andamento dessas pesquisas. Houve participação significativa de instituições financiadoras para auxiliar nas despesas de custeio e de investimento, e por outro lado do Tesouro do Estado, que arcou principalmente com as despesas de pessoal, conforme mostra a Tabela 1.

Tabela 1 – Recursos utilizados para Investimento em Pesquisa da Cultura da Pupunheira, IAC, 1995-2006

Item Recurso próprio (%) Recurso de fomento (%)

Pessoal1 91,1 8,9

Custeio 41,7 58,3

Investimento2 31,7 68,3

1

Considerou-se que 1% do total de gastos com pessoal, a partir de recursos próprios da instituição, está ligado a atividades de apoio administrativo.

2

Como as instalações prediais possuem valores residuais muito pequenos, não foram consideradas as suas depreciações. Apenas foram calculados os valores de arrendamento das terras, utilizadas na experimentação agrícola, pertencentes ao IAC, e as depreciações dos equipamentos adquiridos (5% aa).

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação aos dados de área e de produção de palmito o Estado de São Paulo conta com duas fontes: IBGE, que divulga dados de palmito sem especificar a espécie de palmeira que o originou, e IEA/CATI, que mais recentemente disponibilizam dados de palmito pupunha. Com relação ao cultivo, no Estado predomina a cultura da pupunheira, que pela característica de perfilhamento da espécie é cultivada como planta perene. Pela Figura 2 observa-se que, segundo dados do IBGE, no período entre 1995 e 2006 houve incremento crescente na área de palmito; dados IEA/CATI para o palmito pupunha no período entre 2002 e 2006 também indicaram essa elevação.

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8 0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 anos Á re a ( h a ) e q u a n ti d a d e p ro d u z id a ( to n )

quantidade produzida (ton) - IBGE área colhida (ha) - IBGE área em produção (ha) - IEA/CATI área plantada (ha) - IBGE

Figura 2 – Área colhida, quantidade produzida de palmito cultivado (IBGE) e área em produção de pupunha (IEA/CATI) no Estado de São Paulo. IBGE, IEA/CATI, 1995-2006.

Ao se analisar a quantidade de palmito produzida, a partir de dados do IBGE, nota-se que houve tendência de aumento no período de 1995 a 2006, que nota-se acentuou de 2005 para 2006, porém significativa queda na produção em 2004. Ao se confrontar esses dados com a linha de pesquisa conduzida entre os anos de 1996 a 2000, observa-se que houve intensificação dos estudos relacionados a parâmetros fitotécnicos e manejo da cultura, podendo indicar que existiam problemas que demandavam pesquisa mais intensa nesses âmbitos. No entanto, ainda que a pesquisa tenha avançado nesses tópicos, o aumento da área e a dispersão geográfica do cultivo apresentaram novas dificuldades para produção, que podem explicar a queda observada em 2004. Como se trata de uma cultura perene e pouco conhecida há necessidade de busca contínua de informações e adequação do manejo da pupunheira à região em que se intenciona iniciar o plantio, conforme ressaltado por Bovi (2003). A queda verificada na produção refletiu diretamente no valor da produção de palmito no Estado de São Paulo, porém nos últimos anos houve rápida recuperação em função da reação dos preços e da área plantada. Ao se analisar os preços no varejo da cidade de São Paulo, a redução na produção de palmito em 2004 foi percebida em 2005. Neste ano foi constatada elevação mais acentuada em relação à tendência de aumento gradual nos preços observada a partir de 1999, conforme mostra a Figura 3.

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9 0.00 200.00 400.00 600.00 800.00 1000.00 1200.00 1400.00 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 anos V a lo r d a p ro d u ç ã o ( R $ /m il h ã o ) 0 5 10 15 20 25 30 P re ç o m é d io n o v a re jo ( R $ /l a ta 4 0 0 g )

Valor da produção (R$/milhão) Preço médio anual no varejo (R$/lata 400g)

Figura 3 – Valor da produção (R$/milhão, IBGE) e preço médio anual no varejo na cidade de São Paulo (R$/lata 400g, IEA/CATI), IBGE, IEA/CATI, 1995-2006, deflacionado pelo IGP-DI/FGV.

A partir de informações de especialistas do setor, verificou-se que a participação do Instituto Agronômico na introdução e disseminação da cultura da pupunheira no Estado de São Paulo ao longo dos anos foi bastante representativa, em torno de 70-80%, com envolvimento direto na geração e transferência de tecnologia ou por meio de agentes, que procuraram difundir o conhecimento científico ao meio produtivo. Esse esforço refletiu diretamente no crescente aumento de área e, consequentemente, no melhor desempenho dessa cultura no Estado. Nos últimos anos, verificou-se que houve, em média, elevação de 34% na área plantada de pupunha no Estado de São Paulo. Utilizou-se, desta forma, essas variáveis como principais componentes para o cálculo dos benefícios advindos da pesquisa com a cultura da pupunheira no IAC, que representaram em torno de 24 a 27% do valor da produção, conforme mostra a Tabela 2.

Tabela 2 – Principais Indicadores da Pesquisa com a Cultura da Pupunheira, 1995-2006

% valor produção atribuído à pesquisa Taxa interna de retorno (%) – 12 anos Valor presente líquido (5 anos) – R$ Valor presente líquido (12 anos) – R$ relação benefício/custo 24% 41,49 -1153842,16 1.7884.719,84 21,29 27% 46,88 -945776,87 20.949.323,56 26,01 1

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Fonte: Dados da pesquisa

No período estudado, de 1995 a 2006, pode-se verificar que essa alternativa propiciou elevada taxa de retorno, principalmente devido aos elevados benefícios obtidos em relação aos gastos aplicados na pesquisa, ou seja, a cada R$ 1,00 investido houve retorno de R$ 21,00 a R$ 26,00 para a sociedade.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As instituições de pesquisa, notadamente no meio agrícola, têm buscado alicerçar seus conhecimentos científicos com maior proximidade ao setor produtivo. Abrem-se, assim, novas fronteiras tecnológicas, com respeito às leis ambientais e sociais. A introdução da cultura da pupunheira no Estado de São Paulo mostra que a ciência pode estar contribuindo de maneira bastante efetiva para que novas alternativas sejam desenvolvidas e sejam devidamente aplicadas junto aos produtores.

Por outro lado, há necessidade de esforço contínuo em dimensionar os impactos da pesquisa. Dada a gama bastante ampla de tecnologias geradas no meio científico, o uso de métodos adequados, não apenas no âmbito econômico, mas também com enfoque sócio-ambiental, poderão garantir maior abrangência dos resultados da pesquisa junto aos seus diversos beneficiários.

Espera-se que a avaliação dos impactos da pesquisa sirva de base para a elaboração de novos projetos em áreas potencialmente inexploradas. Essa iniciativa pode ser útil para auxiliar na consolidação e ampliação de programas de pesquisas, como, por exemplo, na cultura da pupunheira. A avaliação pode também contribuir para aumentar a transferência mais efetiva do conhecimento científico produzido para a sociedade, ressaltando a importância da pesquisa tecnológica para o planejamento e condução de políticas públicas.

AGRADECIMENTO

Ao CNPq pelo auxílio financeiro.

BIBLIOGRAFIA

ANEFALOS, L.C., MODOLO, V.A., TUCCI, M.L.S. Uma visão sobre a pupunheira no contexto do mercado de palmito. Análises e indicadores do agronegócio, v. 2, p.1-6, 2007.

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